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1 Aline David – ATM 2025/B PATOLOGIA II – AULA 06 CONCEITOS INICIAIS ❖ Função principal: troca de gases na corrente sanguínea. ❖ Rede de capilares (paredes muito finas – troca de substâncias) adjacente a alvéolos, bem estruturada. ❖ Estrutura da parede alveolar: endotélio, membrana basal (fina), tecido intersticial (fino), epitélio alveolar (pneumócitos tipo I e II), macrófagos alveolares (células inflamatórias). - A parede alveolar precisa ser fina para permitir a troca de gases entre a circulação sanguínea e o espaço alveolar. - As ramificações dos brônquios são sempre duas → nunca vai ter mais do que isso. - Bronquíolos respiratórios: compostos por vários alvéolos. - À medida que vai se dividindo, a nomenclatura se modifica e as paredes também. - A parede da traqueia e dos brônquios proximais vai ser mais espessa – impedir que coisas além de O2 entrem → filtro. Camada de endotélio com células em padrão pseudoestratificado (uma camada só), células caliciformes (produção de muco – aderem poluentes que não devem chegas nos alvéolos), células ciliadas, parede mais espessa, com interstício maior e cartilagem, além de glândulas submucosas responsáveis pela produção de muco. - Na parte mais distais a gente tem os bronquíolos, em que as células vão ficando mais cuboides e perdendo os cílios. Os capilares que antes estavam mais longes por causa da parede espessa, vão ficando cada vez mais próximas do endotélio. - Cada bolinha é um alvéolo e vários alvéolos formam um saco alveolar com os bronquíolos respiratórios. - Pneumócitos do tipo I revestem os alvéolos (interno e externo) com filamentos finos e compridos. - Pneumócitos tipo II: ficam no meio dos pneumócitos tipo I, e tem funções específicas. - Estrutura normal: paredes finas com espaço aéreo e com alguns pneumócitos tipo II no meio dos alvéolos. 2 Aline David – ATM 2025/B - Os macrófagos geralmente não ficam perdidos no espaço alveolar, eles ficam no interstício, que vão ser liberados quando tiver estímulo. - Septos pulmonares finos. EDEMA PULMONAR ❖ Acúmulo de líquido no interstício. ❖ Fluido intersticial que se acumula nos espaços alveolares. ❖ Alterações hemodinâmicas (cardiogênico) – aumento de pressão hidrostática. - Extravasamento de líquido intersticial → apenas líquido. Se for muito intenso pode chegar até o espaço alveolar. ❖ Aumento de permeabilidade vascular (lesão microvascular) – extravasamento de líquido intersticial → exsudato inflamatório para o espaço intersticial (perda de substâncias junto com o líquido – eletrólitos e substâncias inflamatórias) e, em casos mais graves, para o espaço alveolar. - Doença que faz inflamação, aumento de permeabilidade vascular, o conteúdo do derrame pleural vai ser mais inflamatório. LESÃO PULMONAR AGUDA ❖ Edema não cardiogênico. ❖ Início abrupto de hipoxemia significativa e infiltrados pulmonares bilaterais. - Aumenta a permeabilidade vascular, não é só líquido, difícil de controlar a saída, atrai mais líquidos ainda. Isso pode se espalhar rapidamente e se chegar um nível mais grave pode ter a SDRA. ❖ Síndrome da angústia respiratória aguda (SDRA – síndrome do desconforto respiratório agudo) é manifestação de LPA grave → se demorar muito tempo pode levar à óbito. - Pulmão fica cheio de líquido, endurecido e muito difícil de ventilar. Tem que usar pressão muito alta para tentar empurrar o O2 dentro dos alvéolos → o alvéolo não consegue abrir porque tem líquido ao redor. ❖ Manifestação histológica: dano alveolar difuso (DAD). ❖ Início com lesão de pneumócitos tipo I e endotélio → inflamação → lesão alveolar. - Ativação endotelial é fator importante inicial → ocasionada por liberação de TNF por macrófagos (atrai mais células inflamatórias para o local – acumula mais líquido → ciclo vicioso), após lesão de pneumócitos. ❖ Manifestações: dispneia, taquipneia, esforço respiratório com uso de musculatura acessória (principalmente na fúrcula), cianose, hipoxemia (diminuição da pressão parcial de O2 no sangue arterial), podendo chegar à insuficiência respiratória. - Raio X de tórax com infiltrado pulmonar bilateral difuso. Dificilmente vai ter um derrame pleural importante, geralmente, o edema é perialveolar (em todo o raio X) e pode fazer uns focos de consolidação esparsos. ❖ Macroscopia: pulmões pesados, firmes, vermelhos, encharcados ❖ Microscopia: DAD com perda de estrutura e formação de membranas hialinas. - O interstício fica cheio de núcleo de células inflamatórias e no espaço alveolar também ocorre o acúmulo de substâncias. - Rosinhas do meio: quando o processo começa a ficar mais prolongado a gente terá ativação de fibroblastos e depósito de colágeno → começa o processo cicatricial → fibrose (depende do tempo de insulto). Essa é outra característica da covid-19. - Parede alveolar bem espessa. - Acúmulo de substâncias no citoplasma dos pneumócitos tipo I que fica bem rosado → membranas hialinas. DOENÇAS OBSTRUTIVAS PULMONARES CARACTERÍSTICAS GERAIS ❖ Asma: paciente mais jovem ou paciente adulto que teve uma história de asma na infância. 3 Aline David – ATM 2025/B ❖ DPOC: muito relacionado com histórico de tabagismo. ❖ Aumento na resistência ao fluxo aéreo por obstrução parcial ou completa em qualquer nível das vias aéreas. - A obstrução que acontece é mais relevante na saída do oxigênio do que na entrada porque na entrada a gente tem um processo mais ativo (pressão negativa faz com que o ar entre dentro do pulmão). Quando a musculatura da caixa torácica e do diafragma relaxam ocorre a respiração, que é um processo passivo (aumenta a pressão da caixa torácica e a pressão do ambiente está normal, logo o ar vai sair). Obstrução faz com que a saída fique dificultada → sair por um espaço menor com uma pressão menor do que entrou. - Paciente com DPOC ou asma tem sibilo expiratório → na hora de sair o ar acontece o assobio dentro do pulmão. Hipoxemia, falta de ar, tosse. ❖ Testes de função pulmonar: espirometria → redução do fluxo aéreo máximo durante a expiração forçada (1º segundo –VEF1 → em um minuto quanto de ar foi expirado forçadamente), em comparação com a capacidade vital forçada (CVF) → quantidade total de ar que saiu do pulmão na expiração. - Índice de Tiffeneau: VEF1/CVF se <0,7 indica obstrução de vias aéreas. • Quanto menor o paciente consegue expirar no 1º segundo, mais sugestivo é que ele tem uma obstrução pulmonar. A capacidade total do pulmão está boa, ele só precisa de mais tempo para jogar o ar para fora. - Pico expiratório: paciente assopra e em caso de asma terá dificuldade de abaixar o êmbolo (dificuldade de expulsar o ar). - Existe um ponto onde as doenças se parecem muito e é muito difícil de distinguí-las. Na asma, a obstrução é parcialmente reversível (o volume respiratório pode ser perto do normal) e a broncoconstrição é reversível (com uso de broncodilatador) → hiperresponsividade brônquica. - No enfisema e na bronquite, o mecanismo é diferente, é um mecanismo mais crônico, mais fixa, a gente não consegue reverter completamente a obstrução do DPOC (obstrução irreversível). - Não é regra que asma consegue reverter a obstrução e que o DPOC não consegue, mas é mais comum. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) ❖ Bronquite crônica, enfisema pulmonar. ❖ Relação estreita com tabagismo (não precisa ser ativo, pode ser passivo também). - Mais de 80% dos pacientes com DPOC tem história de tabagismo. - Carga tabágica varia para cada indivíduo. ❖ Exposição ao tabagismo aumenta muito a chance de DPOC, mas não é o suficiente. Precisa de características do indivíduo associados para desenvolver a doença. ❖ 4ª causa de morte nos EUA, afeta mais de 5% da população. ❖ A maioria dos pacientes vai ter um misto entre enfisema e bronquite. ENFISEMA ❖ Dilatação irreversível dos espaços aéreos distalmente (depois) ao bronquíoloterminal, acompanhada por destruição de suas paredes, sem fibrose evidente. - Pulmão dilata tanto que não consegue mais contrair para expulsar o ar → forma bolhas de ar dentro do pulmão. ❖ Centroacinar (mais comum); pan-acinar; parasseptal; irregular ❖ Centroacinar: afeta inicialmente porções centrais dos ácinos (bronquíolos respiratórios), alvéolos distais são poupados (nas lesões iniciais). - Mais de 95% dos enfisemas clinicamente significativos. - Mais comum e mais grave nos lobos superiores, segmentos apicais. - Em casos mais severos, pode acometer ácino distal também. - Pacientes tabagistas, associado a bronquite crônica. ❖ Pan-acinar (panlobular): ácinos acometidos em toda sua extensão → todo o alvéolo e todo o ducto alveolar → acomete primeiro alvéolo distal e depois passa pelas duas estruturas. - Acomete mais frequentemente bases pulmonares e margens anteriores. - Mais associado à deficiência de α1-antitripsina (o alvéolo se torna menos elástico → menor capacidade de contração) e não tanto ao 4 Aline David – ATM 2025/B tabagismo. pode ter acometimento misto se o paciente fuma. - As manifestações dependem muito mais de quão difusa é a doença do que do mecanismo. - Enfisema centrolobular. As bolinhas maiores indicam as dilatações no meio. - Enfisema panlobular → tudo está bastante dilatado. ❖ Parasseptal (acinardistal): predomínio de acometimento de porção distal, com preservação da porção proximal dos bronquíolos respiratórios. - Acomete mais regiões adjacentes à pleura (periferias) → bem incomum na prática. ❖ Irregular (aumento do espaço aéreo com fibrose): envolvimento irregular do ácino, associado a processo de cicatrização. - Geralmente é clinicamente insignificativo. O paciente tem enfisema, mas não manifesta sintomas por conta disso. - Elastases que fazem degradação de elastina. ❖ Obstrução de vias aéreas ocorre por diversos mecanismos, dentre eles: - Perda de tecido elástico nas vias aéreas pequenas. - Inflamação de vias aéreas pequenas com hiperplasia de células caliciformes (muco), infiltrados inflamatórios nas paredes brônquicas, hipertrofia de músculo liso na parede bronquiolar e fibrose peribrônquica (em grau menor). ❖ Enfisema avançado ocasiona pulmões volumosos, hiperinsuflados (bolhas com aprisionamento de ar), com maior acometimen), em geral. ❖ Microscopicamente: alvéolos grandes são separados por septos delgados com fibrose centroacinar focal; poros de Kohn grandes (buraquinhos que ligam um espaço alveolar ao outro); redução da área do leito capilar; espaços aéreos anormais, com formação de bolhas que comprimem estruturas adjacentes (bronquíolos e vasos). - Pode ter fibrose, mas é uma fibrose irregular e não muito relevante. - Rx de Tórax normal → normoinsulflado. - Rx de tórax de um paciente enfisematoso → hiperinsulflação pulmonar → diafragma muito mais baixo e retificado na posição em perfil. Perde o degradê em perfil. Geralmente tem um acúmulo de ar anterior ao coração e o diâmetro anteroposterior fica aumentado → tórax em tonel/barril. Coração fica mais retilíneo. - Rx de paciente com de alfa1-antitripsina. Acomete mais os lobos inferiores. Redução da trama vascular por bolhas. 5 Aline David – ATM 2025/B Não é pneumotórax porque está na base e seria mais linear (Seria no espaço pleural). - TC normal: trama vascular até o final, espaço mais acinzentado no parênquima. - Espaços pretos: bolhas de enfisema. - Enfisema centrolobular em ápice → tabagismo. - Paciente com DPOC muito avançado. O pulmão quase não ventila mais. Indicado transplante de pulmão ou fazer uma lobectomia da parte do pulmão que é acometida pela bolha. - Perda da arquitetura completa. Paredes comprometidas por edema e destruição dos alvéolos. Forma como se fosse um alvéolo gigante → bolhas. ❖ Quadro clínico: dispneia, tosse, sibilos (pode ser confundido inicialmente com asma). - Expectoração e tosse dependem da extensão do componente de bronquite associado. - Perda de peso é comum. - À medida que a doença avança, aperecem: tórax em tonel/barril, bolhas, baqueteamento/ hipocratismo digital, aumento importante do tempo expiratório. - “Posição em tripé”, respiração com lábios franzidos (mais fechados para expirar → aumenta o tempo expiratório → consegue expulsar melhor o ar). A coloração da pele deles é mais avermelhada → aumento da produção de hemoglobina na tentativa de compensar a falta de O2. - Enfisema severo: tosse discreta, hiperdistensão severa; capacidade de hiperventilação mantém boa oxigenação – “sopradores rosa” - Aumento progressivo da pressão da artéria pulmonar – hipertensão pulmonar desenvolvimento de cor pulmonale e insuficiência cardíaca direita (prognóstico pior) → é raro, mas pode acontecer. Quando o paciente desenvolve hipertensão pulmonar e cor pulmonale a perspectiva de vida diminui muito → transplante pulmonar. - Pode ocorrer pneumotórax maciço por ruptura de bolhas extensas → extravasamento de ar para o espaço pleural. BRONQUITE CRÔNICA ❖ Definição clínica: tosse produtiva persistente por no mínimo 3 meses, em pelo menos 2 anos consecutivos, sem outra causa identificável. - Dx diferencial: tuberculose (tosse persistente por 3 meses). ❖ Comumente fumantes (90% dos pacientes) e moradores de cidades muito poluídas. ❖ Um dos extremos da DPOC, com o enfisema na outra ponta (maioria dos doentes se encontra no meio). Um pouco mais de um ou um pouco mais de outro, mas com características dos dois. ❖ Patogenia da obstrução: 6 Aline David – ATM 2025/B - Hipersecreção de muco nas grandes vias aéreas é a característica mais precoce a surgir. • Acredita-se que os pacientes com exposição à tabaco tem aumento de células caliciformes e aumento de glândulas fazendo com que ele tenha produção excessiva de muco e toda a questão obstrutiva que vem depois. - Inflamação, dano celular, ativação de neutrófilos, linfócitos e macrófagos; após longo período, ocorre fibrose de vias aéreas pequenas. • Parede alveolar e parede brônquica mais espessa por aumento de células caliciformes → depósito de colágeno e processo de fibrose mais para frente. - Infecção não é fator iniciante de bronquite, mas perpetua seu curso e é contribuinte importante em exacerbações → piora a bronquite do paciente (tem crise de bronquites por causa das infecções). Um dos principais motivos de hospitalização dos pacientes com DPOC. - Possuem germes específicos que causam as exacerbações da asma e do DPOC. Infecção bem característica que talvez não causasse infecção em quem não tem bronquite. ❖ Macroscopicamente: hiperemia, edema, aumento de secreção mucopurulenta em vias aéreas. ❖ Microscopicamente: inflamação crônica leve das vias aéreas (infiltrado de linfócitos), aumento das glândulas secretoras de muco da traqueia e dos brônquios (vias aéreas grandes), hiperplasia de células caliciformes, metaplasia e displasia do epitélio brônquico (pode ocorrer). - Inflamação crônica é um fator muito contribuinte para carcinogênese. Um epitélio que é exposto repetidamente a processos inflamatórios, vai sofrendo metaplasia e displasia e depois acaba tornando-se um tumor mais para frente. ❖ Quadro clínico: tosse persistente com expectoração intermitente, dispneia aos esforços com progressão da doença. - Continuidade do tabagismo faz com que a doença evolua, podendo manifestar hipercapnia (aumento da pCO2), hipoxemia e cianose – “pletórico azul” – “blue bloater”. Geralmente o paciente é edemaciado, por isso é pletórico. Não tem um aumento tão grande de hemoglobina. - Bronquite crônica severa leva a cor pulmonale (menos comum) e insuficiência cardíaca direita. - Baqueteamento digital; perda de peso não é tão característica. ASMA ❖ Doença crônica mais comum em crianças no mundo em países desenvolvidos. ❖ Hiper-reatividade quando o paciente é exposto a determinadosalérgenos: poluição, pólen, pós, frio, aspirina, higiene. ❖ O paciente tem uma hiper-reatividade que produz uma resposta alérgica exacerbada produzindo uma broncoconstrição ao mesmo tempo em que tem aumento de secreção nas vias aéreas. ❖ Doença crônica das vias aéreas de condução, geralmente relacionada a reações imunológicas com broncoconstrição episódica e inflamação das paredes brônquicas com aumento de secreção mucosa. - Broncoconstrição episódica ocasiona restrição de fluxo e é reversível, ao menos parcialmente, espontaneamente ou com tratamento. ❖ Aumento de eosinófilos, tanto na via aérea quanto na periferia. ❖ Começa na infância, mas o diagnóstico só pode ser dado após os dois anos de idade. Antes o paciente é lactente sibilante. Não pode ser considerada porque a via aérea ainda é imatura antes dos 2 anos de idade. Se isso progredir após os dois anos é considerado asma. - Os lactentes sibilantes têm mais chance de desencadear asma depois. ❖ Classificação em atópica/não atópica: de acordo com sensibilização ou não a alérgenos, presença de outras manifestações de atopia (rinite, eczema, dermatite). - Mais usada clinicamente é a classificação de acordo com a severidade e o controle da doença. ❖ Atópica é a mais comum → reação de hipersensibilidade mediada por IgE (tipo 1 → ativação de linfócitos). - Começa na infância, é desencadeada por fatores ambientais (poeira, pólen, etc.) - História familiar positiva é comum → muito comum que irmãos e pais tenham asma/dermatite atópica/eczema. ❖ Não atópica: menos comum. - Não é desencadeada por fatores alérgenos, mas sim por infecções respiratórias virais. - História familiar positiva é menos comum. ❖ Patogenia: - Resposta celular linfocitária mediada por IgE aos alérgenos ambientais. • Paciente com aumento de eosinófilos se beneficia do uso de anti-inflamatórios potentes que é o corticoide. - Inflamação tem papel central → hipertrofia de glândulas mucosas, proliferação de músculo liso, angiogênese, fibrose. - Broncoconstrição, aumento da produção de muco. - Tratamento com anti-inflamatórios esteroidais e broncodilatadores tem papel relevante. • Técnica inalatória correta para que a medicação chegue no pulmão para fazer o 7 Aline David – ATM 2025/B efeito inalatório localizado e não sistêmico. - A parede da via aérea normal é bem mais fina do que a parede aérea da asma (proliferação de células caliciformes). Invasão de células inflamatórias. Camada de musculo liso maior do que na via aérea normal que é responsável pela broncoconstrição. Proliferação de glândulas que favorece a secreção de muco. ❖ Estado de mal asmático: crise grave que não alivia com medicações, muitas vezes fatal. É uma condição muito grave em crises muito avançadas. Essa condição pode durar de dias ou semanas. - A asma em si tem chance de ir a óbito, mas aqui é muito maior. - Macroscopicamente: pulmões hiperinsuflados com pequenas áreas de atelectasia (pulmão colaba e não é mais possível expandir ele), brônquios e bronquíolos ocluídos por tampões mucosos espessos (paciente não consegue expectorar o muco e obstrui por hiperprodução), que contém epitélio descamado. - Microscopicamente: hiperplasia de células caliciformes, fibrose abaixo da membrana basal, inflamação eosinofílica, hipertrofia da camada muscular, aumento da vascularização. ❖ Obstrução aguda: broncoconstrição muscular, edema, muco → corticoides, broncodilatadores inalatórios. ❖ Obstrução crônica: remodelamento das vias aéreas (irreversível) → fibrose em graus mais avançados. - Brônquio de um paciente asmático. É brônquio porque tem células caliciformes e lâmina basal. Têm eosinófilos e linfócitos abaixo da membrana basal. Camada muscular espessada. Tem várias células caliciformes com um epitélio ciliar prejudicado (sem cílios por tudo). A membrana basal está bem espessada. - Azul: células caliciformes. Muito muco no meio (tampão de muco de um paciente que entrou em estadi de mal asmático). A parede muscular e a membrana basal estão mais aumentadas do que deveriam. ❖ Quadro clínico: episódios de sibilância, dispneia e tosse, recorrentes, que ocorrem principalmente à noite ou no início da manhã (bem característico da asma). - Reversíveis com o uso de medicações adequadas. ❖ Melhora com broncodilatadores e corticoides. ❖ Na espirometria tem um teste com broncodilatadores que possibilita diferenciação entre asma e DPOC. - DPOC não responde a broncodilatação. - Paciente com asma, obstrução reversível ou parcialmente reversível, aumenta a capacidade espiratória. Dependendo do nível de aumento a gente fala se é sensível ou não ao broncodilatador e se tem mais chance de ser asma ou DPOC. ❖ Crises podem durar até várias horas; estado de mal asmático pode levar a paroxismo durante dias a semanas, podendo resultas em cianose e óbito. ❖ Diagnóstico se baseia na evidência de obstrução do fluxo, com dificuldade de expiração (sibilância) e reversibilidade (ao menos parcial) com o uso de broncodilatadores. ❖ Tratamento se baseia na gravidade da doença. - Steps de tratamento da asma de acordo com o controle da doença ou não. BRONQUIECTASIAS ❖ Destruição do músculo liso de da camada elástica por infecções necrotizantes crônicas leva à dilatação permanente de brônquios e bronquíolos. ❖ Geralmente acomete brônquios e bronquíolos distais de lobos inferiores. ❖ Mais localizado e acomete porções menores do que no enfisema. ❖ Quadro clínico: tosse severa, persistente, escarro fétido, dispneia em casos graves. 8 Aline David – ATM 2025/B - Dilatação permanente de brônquios e bronquíolos terminais. - Marquinhas de bronquiectasias → dilatações menores do que no enfisema. QUESTÃO DOENÇAS PULMONARES RESTRITIVAS CARACTERÍSTICAS GERAIS ❖ Doenças restritivas ocorrem em dois amplos tipos de condições: - Disfunções da parede torácica (p. ex., obesidade severa, doenças pleurais, cifoescoliose e doenças neuromusculares, como poliomielite) –não abordadas aqui. - Doenças infiltrativas e intersticiais crônicas, como pneumoconiose e fibrose intersticial. ❖ Redução da expansão do parênquima pulmonar, com redução da capacidade total pulmonar → principal diferença com as doenças obstrutivas. ❖ Queda proporcional entre VEF1 e CVF → Índice de Tiffeneau normal → se a gente tem redução tanto do VEF1 quanto do CVF, redução total do volume expirado → valor vai ser normal porque os dois parâmetros estarão reduzidos. ❖ Doenças intersticiais crônicas são caracterizadas por inflamação e fibrose do interstício pulmonar. ❖ Clínica: dispneia, taquipneia, crepitações no final da inspiração e eventual cianose, sem sibilos ou outros sinais de obstrução de vias aéreas → tem mais sinais de estertores crepitantes na ausculta (alteração de parênquima). ❖ Redução da capacidade de difusão, volume pulmonar e complacência pulmonar. ❖ Pode ocorrer hipertensão pulmonar e cor pulmonale, em estágios avançados da doença. ❖ Difícil distinguir etiologia em fases avançadas da doença, pulmão assume aspecto semelhante independente da causa: cicatrização e destruição macroscópica → pulmão em “estágio terminal” ou pulmão em “favo de mel” na tomografia. - Quando mais cedo na evolução da doença pegar o paciente, mais é possível de determinar o que causou, podendo alterar o tratamento. Mas no estágio final, não faz diferença e geralmente é indicado o transplante. - Pulmão em “favo de mel”. FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA (FPI) ❖ É o protótipo das fibroses. ❖ Síndrome clínico patológica marcada por fibrose intersticial progressiva e insuficiência respiratória. - É uma doença que progride e que no final leva a insuficiência respiratória por restrição pulmonar. ❖ Padrão histológico é chamado de pneumonia intersticial usual (PIU) – geralmente identificado por imagens de TC características. - Pode ser encontrado em outras doenças comoasbestose, por exemplo. - Diagnóstico diferencial se dá por quadro clínico, histologia, alterações laboratoriais. ❖ Causa desconhecida, parece haver predisposição genética a reparos anormais das lesões recorrentes do epitélio alveolar (ao asbesto ou a silicose). 9 Aline David – ATM 2025/B - Fatores ambientais fazem lesão epitelial nos alvéolos (influenciados por fatores genéticos e de idade do paciente que aumentam a chance de resposta anormal). Essa lesão, ocasiona uma resposta imunológica exacerbada fazendo com que o paciente tenha maior produção de colágeno e maior fibrose. ❖ Macroscopicamente: superfície pleural com aspecto de “pedras de calçamento”, devido à retração dos septos interlobulares pela cicatrização (perdem a capacidade de expansão e ficam com esse aspecto); áreas brancas, borrachosas ou firmes de fibrose (lobos inferiores, regiões sub pleurais e ao longo do septo interlobular). ❖ Microscopicamente: fibrose intersticial focal, com proliferação de fibroblastos exuberante precoce e depósito de colágeno com redução de celularidade posteriormente. - Tipicamente há lesões precoces e tardias coexistindo. - Fibrose densa causa destruição da arquitetura alveolar e formação de espaços císticos revestidos por pneumócitos tipo 2 hiperplásicos ou epitélio bronquiolar (fibrose em favo de mel). - Parede alveolar com muito colágeno, extremamente espessada → fibrose. - Espaço alveolar também fica preenchido por células inflamatórias. ❖ Quadro clínico insidioso, com dispneia aos esforços gradual e progressiva, tosse seca. ❖ Maioria dos pacientes tem entre55-75 anos na apresentação. ❖ Hipoxemia, cianose e baqueteamento digital podem ocorrer tardiamente. ❖ Progressão da doença varia conforme cada paciente. - Nunca vai reverter a área fibrosada → nunca vai voltar a composição normal. ❖ Transplante pulmonar é a única terapia definitiva. NEOPLASIAS PULMONARES CARCINOMAS ❖ 90-95% dos tumores de pulmão; 5% carcinoides brônquicos, 2-5% neoplasias mesenquimais e outros. ❖ Neoplasia de pulmão é a principal causa de morte por câncer (homens e mulheres). - Muito letal ❖ Pico de incidência entre 50-60 anos. ❖ Maioria associada ao tabagismo (80%). - Correlação quase linear entre carga tabágica e frequência do câncer de pulmão. Quanto maior é a carga tabágica, maior é a frequência/incidência de CA de pulmão. - Entre tabagistas pesados, 11% desenvolvem a doença –outros fatores relacionados. ❖ Entre os tabagistas, é mais prevalente em mulheres do que homens. ❖ Fumantes passivos também tem risco aumentado em relação à população não tabagista. ❖ Outro fator de risco importante é a exposição ocupacional a asbesto, arsênico, níquel, gás mostarda, cloreto de vinila, radiação ionizante em altas doses. ❖ Fatores genéticos também estão envolvidos (mutações carcinogênicas). ❖ 25% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em pacientes não tabagistas (estimativa mundial). 10 Aline David – ATM 2025/B - Mais comuns em mulheres, subtipo adenocarcinoma. - Mutações genéticas associadas (podem ser mutações hereditárias). ❖ Podem causar alterações locais por compressão: enfisema focal por obstrução parcial, atelectasia por obstrução completa. - SVCS por compressão de cava. ❖ Tumores muito próximos aos brônquios podem levar obstrução bronquiolar e fazer atelectasias. Se a obstrução for parcial, pode similar uma asma. ❖ Podem invadir pleura, pericárdio e metastatizar para linfonodos e à distância (via linfática e hematogênica). Podem invadir as estruturas nobres do mediastino: aorta, coração. Como é muito vascularizado, favorece a disseminação de células neoplásicas via hematogênica à distância → metástases. - Carcinoma de células escamosas é menos comum metastatizar (é mais associado ao tabagismo, mais invasivo local → faz mais destruição local, mas não dissemina tanto); demais, podem se disseminar precocemente (primeira manifestação). ❖ Sítios mais comuns à distância: adrenal (>50%), fígado (30-50%), cérebro (20%), ossos (20%). ❖ É muito comum que o paciente se apresente com os sintomas de metástases, do que do próprio tumor do pulmão, pois o tumor de pulmão mesmo sendo pequeno já pode ocasionar metástases. ❖ Quadro clínico geralmente insidioso, com tosse, perda de peso, dor torácica, dispneia, hemoptise. - Quadro bem parecido com enfisema. ❖ Classificação é importante para guiar tratamento: adenocarcinoma (38%), carcinoma de células escamosas (20%), carcinoma de grandes células (3%), outros (25%) → tumores “não pequenas células” (precisa saber qual é principalmente quando a doença é mais avançada, o tratamento é mais específico dependendo do tipo de tumor). - Carcinoma de pequenas células (14% de todos os tumores). A imensa maioria necessita de quimioterapia, sendo mais agressivo tanto local quanto à distância. - 10% têm mais de um subtipo (partes do tumor são de pequenas células, parte de adenocarcinoma, parte de grandes células → desafio no tratamento do tumor). - A classificação em pequenas células e não pequenas células é essencial para o tratamento. ❖ Prognóstico depende da classificação e disseminação (estadiamento) no momento do diagnóstico. - O tumor de pequenas células, é disparado o pior prognóstico. Sobrevida não disseminado é menos de 20% a chance de sobrevida. ❖ Lesões precursoras: são lesões pré-carcinogênicas → hiperplasia adenomatosa atípica (< ou = 5mm), adenocarcinoma in situ (<3cm, células displásicas), displasia escamosa e carcinoma in situ, hiperplasia de células neuroendócrinas pulmonares idiopática difusa. - Cada vez mais tem se usado tomografias de rastreio em pacientes tabagistas pesados, para diagnosticar lesões menores e ter uma maior chance de cura. - Paciente com nódulo indeterminado na TC → biópsia. Dependendo de qual for a lesão, o nódulo é tirado, pois pode progredir para um CA através das lesões precursoras. - Hiperplasia células caliciformes no meio do parênquima pulmonar. ❖ Macroscopicamente semelhantes: branco- acinzentado, endurecido, pontos hemorrágicos e de necrose no meio (podem cavitar) - Não tem com distinguir olhando o pulmão. Tumor de células escamosas pode fazer cavitações. O tumor de pequenas células como ele é muito agressivo e cresce muito rápido é mais fácil de necrosar (vasos não acompanham o crescimento). ADENOCARCINOMA ❖ Tumor epitelial maligno invasivo com diferenciação glandular ou produção de mucina. ❖ Maioria expressa fator de transcrição da tireoide 1 (TTF-1) → relevante para tratamento. - Se corar para TTF-1 é muito sugestivo de tumor de pulmão → serve para rastrear de onde é a metástase → esses marcadores direcionam a investigação. ❖ Mais periféricos - Proliferação glandular e alvéolos bem preenchidos. 11 Aline David – ATM 2025/B - As células não têm um formato igual → displasias. Septos bem aumentados e espaços alveolares muito reduzidos. - Hiperplasia de células caliciformes e hiperplasia glandular. CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS ❖ Mais central, peri hilar → mais comum de ocorrer obstrução de brônquios e atelectasias. ❖ O epitélio de revestimento irá proliferar. ❖ Mais comum em homens, tabagistas. ❖ Pode crescer dentro da luz brônquica, causando obstrução e atelectasia quando maior. - Pode obstruir pelo crescimento intraluminal ou pela compressão extrínseca. ❖ Microscopicamente: queratinização e pontes intercelulares (quando bem diferenciados). - Quando esse tumor é bem diferenciado, ele vai ter essas características. Isso vai acontecer em todos os tumores de células escamosas. - Acúmulo de queratina. - Como esses tumores estão associados à inflamação crônica, existe uma progressão de lesão celular até chegar no tumor em si. 1- hiperplasia de células caliciformes (sofrem por resposta inflamatória). 2- Hiperplasia de células basais (várias camadas em vez de uma). 1- Metaplasia escamosa2- Displasia escamosa (cada vez mais numerosas e com formatos diferentes e aglomeradas). 3- Carcinoma in situ (tumor localizado, que não invade estruturas adjacentes). 4- Carcinoma invasivo (características de malignidade do tumor). - Muito difícil identificar nas fases pré-tumor. - Por lavado pré-alveolar é possível identificar uma lesão precursora em fase inicial de carcinogênese. CARCINOMA DE PEQUENAS CÉLULAS ❖ Tumores altamente malignos, forte relação com tabagismo (99%). - Isso não quer dizer que os pacientes tabagistas vão ter tumores de pequenas células. ❖ Pode ser central ou periférico. ❖ Mais agressivos, metastatizam com facilidade, crescimento rápido (necrose é comum). ❖ Características clínicas sugerem que tenha origem em células neuroendócrinas (característica relevante para o tratamento); mais frequentemente associado a produção hormonal ectópica (síndromes paraneoplásicas) → podem produzir hormônios e manifestações por conta dessa produção. ❖ Microscopicamente: células pequenas, citoplasma escasso, bordas celulares pouco definidas, padrão nuclear “sal e pimenta” com cromatina finamente granular; células ovais ou fusiformes, numerosas, em grupamentos que não são glandulares e nem escamosos - Várias células com núcleos bem pequenos e não definidos (meio pontilhado → padrão “sal e pimenta”). A cromatina está em grânulos → semi condensada gerando esse aspecto. - A seta aponta uma região de necrose. CARCINOMA DE GRANDES CÉLULAS ❖ Tumor epitelial maligno indiferenciado (nem por isso é mais agressivo que o tumor de pequenas células). ❖ Microscopia: células com núcleos grandes, nucléolos proeminentes e citoplasma moderado. ❖ É diagnóstico de exclusão, quando não expressa marcadores de adenocarcinoma ou de células escamosas. 12 Aline David – ATM 2025/B ❖ Variante: carcinoma neuroendócrino de células grandes → núcleo maior que o tumor de pequenas células. TUMORES METASTÁTICOS ❖ Pulmão é o local mais comum de neoplasias metastáticas (carcinomas e sarcomas). - Cérebro, pulmão e fígado são sítios muito frequentes de metástases. ❖ Padrão de crescimento variável, geralmente com diversos nódulos de diferentes tamanhos à apresentação. - Lesões com vários tamanhos diferentes e localizações diversas. - Crianças: sarcomas metastatizam muito. - Adultos: tumor de mama e tumor de rim. ❖ Síndromes paraneoplásicas - Hormônio antidiurético (ADH) –hiponatremia por síndrome de secreção inapropriada de ADH (SIADH) → O pulmão, secreta muito ADH e vai ter uma hiponatremia absoluta pelo SIADH. - Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) –síndrome de Cushing. - Paratormônio (PTH) – hipercalcemia. - Calcitonina –hipocalcemia. ❖ Carcinoma de pequenas células são os que mais produzem ACTH e ADH; CEC é mais associado a hipercalcemia. QUESTÕES
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