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MARIANA MARQUES – T29 INTRODUÇÃO • Parasitas são seres eucarióticos que vivem em função de seu hospedeiro, podendo não interferir no ciclo de vida do hospedeiro ou causar doenças e serem extremamente prejudiciais para esses organismos. • Os antiparasitários são fármacos utilizados para o combate aos parasitas (protozoários e helmintos). Este grupo de fármacos pode ser utilizado internamente para o combate aos parasitas internos (endoparasitas) que se alojam no intestino, ou externamente para o combate aos parasitas externos (ectoparasitas). PROTOZOÁRIOS CARACTERÍSTICAS GERAIS: • Os protozoários são microrganismos unicelulares eucarióticos móveis capazes de colonizar todos os habitats e nichos ecológicos, podem ser classificados em quatro grupos principais de acordo com seu modo de locomoção: amebas, flagelados, esporozoários e ciliados. • Esses parasitas possuem uma estratégia parasitária em que se alojam no interior de células do hospedeiro (hemácias, macrófagos), local onde os anticorpos não são capazes de o atingir DOENÇAS E PROTOZOÁRIOS DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA: ORGANISMO DOENÇA AMEBAS Entamoeba histolytica Disenteria amebiana FLAGELADOS Trypanossoma rhodesiense Doença do sono Trypanossoma cruzi Doença de chagas Leishmania tropica Leishmania donovani Leishmania mexicana Leishmania braziliensis Calazar Úlcera de Chiclero Espúndia Ferida oriental Trichomonas vaginalis Vaginite Giardia lamblia Diarreia e esteatorreia ESPOROZOÁ- RIOS Plasmodium falciparum, vivax, ovale e malariae Malária Toxoplasma gondii Encefalite, malformações congênitas e doença ocular CILIADOS Pneumocystis carinii Pneumonia MORFOLOGIA: • Cisto: é a forma de resistência do protozoário (resiste ao meio ambiente) e a forma infectante (causa transmissão da doença). • Trofozoíto: forma ativa da doença em que o protozoário pode se reproduzir através de fissão binária (reprodução assexuada), sendo responsável pelas manifestações clínicas da doença. FÁRMACOS ANTIPROTOZOÁRIOS AMEBÍASE, GIARDÍASE E TRICOMANÍASE CARACTERÍSTICAS DAS DOENÇAS: AMEBÍASE: • Causada pelo protozoário Entamoeba histolytica, sendo a maioria das infecções assintomática. Pode causar desde diarreia leve até uma disenteria grave e colite amebiana fulminante. GIARDÍASE: • Infecção pelo protozoário flagelado Giardia lamblia, resulta da ingestão da forma clássica do parasito, encontrada na água ou em alimentos com contaminação fecal (via fecal-oral). A infecção assintomática é a mais comum, mas pode causar diarreia aguda autolimitada (fezes aquosas e mal-cheirosas) ou uma diarreia crônica (esteatorreia). TRICOMONÍASE: • É uma doença sexualmente transmissível causada pelo protozoário flagelado Trichomonas vaginalis. Esse organismo habita o trato genitourinário do hospedeiro humano, onde causa vaginite nas mulheres podendo causar corrimento vaginal, abundante, amarelo ou amarelo-esverdeado, malcheiroso e bolhoso e, incomumente, uretrite nos homens. Antiprotozoários MARIANA MARQUES – T29 FARMACOLOGIA DAS DOENÇAS: METRONIDAZOL (1ª G.), TINIDAZOL E SECNIDAZOL (2ª G.): • Informações gerais: podem ser administrados via oral ou de forma tópica (creme, gel intravaginal). • Mecanismo de ação: age ligando-se ao DNA, resultando em inibição da síntese de proteínas, do DNA e da divisão celular e morte celular; também age inibindo a função respiratória dos trofozoítos. • Usos clínicos: usadas no tratamento de amebíase, giardíase e tricomoníase. • Efeitos adversos: podem causar cefaléia, diarréia, náuseas, vômitos, boca seca, alterações do paladar (gosto metálico), anorexia e ataxia. Os efeitos são menores com tinidazol e secnidazol. • Contraindicações: é contraindicado o uso na gestação, no período de amamentação e com o uso concomitante com a ingestão de álcool (produz acetaldeído), podendo causar cãibras abdominais, náuseas, vômitos e cefaléia. NITAZOXANIDA: • Informações gerais: administrada por via oral. • Mecanismo de ação: age inibindo a piruvato-ferredoxina óxido redutase (converte piruvato em acetil CoA), interferindo na transferência de elétrons, alterando a polimerização da tubulina e inibindo a divisão celular, citoesqueleto e formação de cílios e flagelos. • Usos clínicos: tratamento de amebíase e giardíase. • Efeitos adversos: náusea, vômito, dor abdominal, cefaleia e urina esverdeada. • Contraindicações: é contraindicado o uso em pacientes com hipersensibilidade à nitazoxanida ou qualquer componente da formulação ou em crianças menores de 1 ano. Pode ser usada na gestação após o primeiro trimestre. • FÁRMACOS ANTIPROTOZOÁRIOS DOENÇA DE CHAGAS OU TRIPANOSSOMÍASE CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA: • É causada pelo Trypanosoma cruzi, sendo transmitida principalmente por triatomíneos infectados. O protozoário pode entrar no organismo humano pela da picada do barbeiro através das fezes do inseto ou via conjuntiva intacta ou membranas mucosas. • A infecção pelo T. cruzi é caracterizada por duas fases: ▪ Fase aguda: dura 8 a 12 semanas e é caracterizada por tripomastigotas circulantes detectáveis no sangue, causando sintomas inespecíficos como mal- estar, febre e anorexia ou é assintomática. ▪ Fase crônica: pode cursar com cardiopatia, megacólon e megaesôfago. FARMACOLOGIA DA DOENÇA: NIFURTIMOX: • Informações gerais: administrado por via oral. • Mecanismo de ação: o fármaco sofre uma reação de redução gerando radicais livres (EROS) intracelulares, como superóxido e H2O2, esses radicais altamente reativos são tóxicos ao T. cruzi, inativando-o. • Usos clínicos: usado no tratamento da doença de chagas. • Efeitos adversos: pode causar náusea, vômito, dor abdominal, insônia, cefaléia, tontura, reações de hipersensibilidade, artralgia, mialgia e neuropatia periférica. • Contraindicações: é contraindicado nos casos de hipersensibilidade à droga e, durante a gravidez, só deve ser usado caso o tratamento seja considerado vital para a gestante. BENZONIDAZOL: • Informações gerais: é um derivado nifurtimox (possui menor toxicidade), eficaz contra as formas tripomastigotas e amastigotas do T cruzi (fármaco de primeira escolha na fase aguda e crônica – maior eficácia e segurança), é administrado pela via oral. • Mecanismo de ação: o fármaco quando ativado pelo • tripanossoma produz EROS que é citotóxico e mutagênico para o parasita, danificando o DNA e inibindo a síntese de proteínas e de RNA. • Usos clínicos: usado no tratamento da doença de chagas. • Efeitos adversos: em caso de uso por longo período pode causar anorexia, perda de peso, vômitos, erupções cutâneas, cefaléia, ataxia, insônia e convulsões (revertidos pela interrupção do uso ou redução de dose). • Contraindicações: é contraindicado nos casos de hipersensibilidade à droga ou outros derivados nitroimidazolicos. MARIANA MARQUES – T29 FÁRMACOS ANTIPROTOZOÁRIOS TOXOPLASMOSE CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA: • É uma infecção zoonótica causada pelo protozoário intracelular obrigatório Toxoplasma gondii, possui o ser humano como hospedeiro intermediário e o gato como hospedeiro definitivo, o qual elimina cistos infecciosos nas fazes. • O ser humano pode se tornar hospedeiros intermediários através da: ▪ Ingestão de carne mal-cozida contendo cistos; ▪ Ingestão de matéria vegetal contaminada com solo contendo oocistos infectantes; ▪ Contato oral direto com fezes de gatos com oocistos; ▪ Infecção fetal transplacentária provenientes da mãe com infecção aguda. • A doença é geralmente assintomática, mas, pode causar infecção sistêmica ou doença ocular. Na fase aguda da doença pode aparecer febre, calafrios, cefaleia, mialgia hepatoesplenomegalia,linfadenopatia cervical bilateral e erupção cutânea. • Os casos que evoluem com sintomas graves ou prolongados devem ser tratados, assim como os imunossuprimidos e gestantes. FARMACOLOGIA DA DOENÇA: PIRIMETAMINA + SULFADIAZINA + ÁCIDO FÓLICO: • Informações gerais: é administrado pela via oral, associando o antiparasitário (pirimetamina) à um antibiótico (sulfadiazina) e ao ácido fólico (protege contra a deficiência de folato – principalmente em gestantes). • Mecanismo de ação: os fármacos são inibidores metabólicos, ou seja, inibem a síntese de folato. A sulfas inibem a diidropteroato sintase e a pirimetamina inibe a diidrofolato redutase. • Usos clínicos: usados no tratamento da toxoplasmose. • Efeitos adversos: pode causar náusea, diarréia, cristalúria, febre, cefaléia, dor epigástrica, cólicas, tremores, flebite, anafilaxia (suspender) e fotossensibilidade. • Contraindicações: deve ser evitada em pacientes com história de granulocitopenia, deficiência de G6PD e em gestantes. Observação: A Toxoplasmose deve ser investigada através da sorologia (IgG e IgM) durante o pré-natal devido ao risco de Toxoplasmose congênita. No caso da infecção congênita os recém-nascidos podem apresentar coriorretinite, calcificações intracranianas, hidrocefalia, icterícia e anemia, e devem ser tratados com a associação pirimetamina + Sulfadiazina + Ácido folíco até o fim do primeiro ano de vida. FÁRMACOS ANTIPROTOZOÁRIOS MALÁRIA CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA: • É uma doença infeciosa adquirida através da picada da fêmea de mosquitos do gênero Anopheles infectados por protozoários do gênero Plasmodium. • A doença pode ser causada por quatro espécies diferentes de Plasmodium: P. vivax, P. falciparum (principal causador de complicações graves e óbitos), P. ovale e P. malariae. • A maioria das infecções torna-se clinicamente aparente cerca de um mês após a infecção. • Os sintomas incluem febre (quando ocorre muitos episódios causa ruptura de hemácias e liberação de merozoítos e resíduos celulares), calafrios, dores nas articulações, cefaleia, vômito repetitivo, convulsões generalizadas, anemia, esplenomegalia e icterícia. • Nenhum fármaco é capaz de matar os esporozoítos, assim, não é possível prevenir a infecção. Os fármacos servem para evitar o desenvolvimento da malária sintomática causada pelas formas eritrocíticas assexuadas. FARMACOLOGIA DA DOENÇA: AGENTES SANGUÍNEOS (FASE AGUDA) HIDROXICLOROQUINA, CLOROQUINA, MEFLOQUINA, QUININA, LUMEFRANTRINA • Informações gerais: a cloroquina foi o primeiro fármaco produzido em larga escala para tratamento e prevenção da infecção por malária, são administrado por via oral e não são ativos contra os parasitas do estágio hepático (ativa apenas sobre as formas eritrocitárias). É escolha para tratamento e profilaxia de plasmódio não resistente. • Mecanismo de ação: agem impedindo a polimerização do heme da hemoglobina (hemozoína) nos vacúolos digestórios do plasmódio, sendo assim, a quantidade de heme circulante fica elevada, sendo toxico e causando a morte do parasita. • Usos clínicos: usados no tratamento da malária. • Efeitos adversos: pode causar cefaléia, vômito, visão turva, tontura, fadiga e confusão mental, cardiotoxicidade, hepatotoxicidade e nefrotoxicidade (em caso de toxicidade deve-se administrar junto às refeições ou reduzir de dose). - Quinina: gosto amargo, pode causar hipoglicemia. - Mefloquina: pode causar alterações psiquiátricas. • Contraindicações: é contraindicado o uso em pacientes com hipersensibilidade à droga, naqueles com alterações na retina ou no campo visual e por pacientes com psoríase ou porfiria (pode precipitar crises agudas dessas doenças). MARIANA MARQUES – T29 ARTESUNATO E ARTEMÉTER • Informações gerais: são administrados por via oral, intramuscular, endovenosa e retal e usados no tratamento do P. falciparum resistentes (não devem ser usados sozinhos), são realizadas associações entre Artesunato + mefloquina e Arteméter + lumefantrina. • Mecanismo de ação: são ativados pelo ferro do parasita que ativa endoperóxidos (EROS) e inibe a enzima Ca2+ ATPase que bombeia Ca2+ para as organelas do parasita, assim, há inibição da síntese proteica e de ácido nucléico. • Usos clínicos: usados principalmente no tratamento da malária grave. • Efeitos adversos: costumam ser bem tolerados, mas, pode causar febre, náusea, vômitos, diarreia e neutropenia. • Contraindicações: é contraindicado o uso em pacientes com hipersensibilidade à droga. ATOVAQUONA: • Informações gerais: foi desenvolvida inicialmente como antimalárico, mas atualmente é usada principalmente no tratamento da pneumonia por P. jirovecii leve a moderada. O uso em associação com proguanil é eficaz e de baixa toxicidade. • Mecanismo de ação: atua inibindo a cadeia de transporte mitocondrial de elétrons do parasita. • Usos clínicos: usados nos casos de malária resistentes e como forma de profilaxia. • Efeitos adversos: pode causar dor abdominal, náusea, vômitos, cefaleia, exantema e febre. • Contraindicações: é contraindicado o uso em pacientes com hipersensibilidade à droga. SULFADOXINA + PIRIMETAMINA, PROGUANIL: • Informações gerais: usada no tratamento e evitar transmissão, o uso é associado ao artesunato e a administração é feita por via oral. • Mecanismo de ação: atuam como inibidores metabólicos (inibem a síntese de folato), impedindo a síntese de DNA do parasita. • Usos clínicos: usados no tratamento e profilaxia da malária. • Efeitos adversos: pode causar náuseas, êmese, dor abdominal, cefaleia, diarreia, anorexia e tonturas. • Contraindicações: é contraindicado o uso em pacientes com hipersensibilidade à droga e na anemia megaloblástica secundária à deficiência de folato, podem ser usados na gravidez, mas deve-se fazer suplementação de folato. AGENTES TECIDUAIS (CURA RADICAL): PRIMAQUINA E TAFENOQUINA: • Informações gerais: usada na prevenção da recidiva da malária por P. vivax e P. ovale, são administradas por via oral. É usada em associação com a cloroquina, sendo ativa contra as formas teciduais, sexuadas (gametocíticas) e latentes hepáticas (hipnozoítos) • Mecanismo de ação: os fármacos são convertidos em mediadores oxirredutores, gerando EROS que causam citotoxicidade e afetam a enzima glicose-6-fosfato desidrogenase que faz hemólise pela metemoglobinemia, causando toxicidade. • Usos clínicos: usadas no tratamento e para evitar transmissão (destroem os gametócitos evitando a transmissão pelo mosquito). • Efeitos adversos: pode causar cefaléia, náusea e cólicas (atenuados por administração junto às refeições ou redução de dose). • Contraindicações: é contraindicado o uso para gestantes menores de 6 meses.
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