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JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 1 Farmacologia Fármacos Quimioterápicos FÁRMACOS ANTI-HELMÍNTICOS # RESUMO • 3 principais grupos de helmintos (vermes) que infectam o humano → nematódeos, trematódeos e cestódeos. • Atuam contra alvos metabólicos presentes nos parasitas, mas ausentes ou com características diferentes nos hospedeiros. • Objetivo → eliminar os parasitas do organismo, bem como controlar a propagação da infecção. ➔ SINAIS CLÍNICOS • TREMATÓDEOS → variam de acordo com a espécie. Os sinais estão correlacionados com a região do corpo infectada (intestino, fígado, pulmão ou sangue). Outros sintomas incluem eosinofilia, reações tóxicas ou de hipersensibilidade, danos teciduais, icterícia e diarreia. • CESTÓDEOS → inúmeros são assintomáticos / desconforto gastrintestinal indefinido, diarreia e dor abdominal. Também podem apresentar náusea, tontura, cefaleia e perda de peso. Obstrução intestinal e anemia macrocítica induzida pela deficiência de vitamina B12 podem ocorrer em pessoas infectadas por Diphyllobotrium latum. • NEMATÓDEOS → infecção por um pequeno número de vermes em um indivíduo relativamente saudável pode permanecer assintomática ou causar alterações mínimas. Entretanto, pacientes que apresentam altas cargas parasitárias são mais propensos a apresentar sinais clínicos severos e/ou complicações = dor abdominal, diarreia, náusea, vômito, febre e eosinofilia. Dependendo da espécie, também podem ocorrer irritação cutânea com formação de vesículas na pele e envolvimento muscular. FÁRMACO USADOS CONTRA OS NEMATÓDEOS ➔ MEBENDAZOL • 1ª ESCOLHA → Trichuris trichiura (tricuro), Enterobius vermicularis, Necator americanus, Ancylostoma duodenale e Ascaris lumbricoides (lombriga). • Mecanismo de ação → inibe a montagem dos MICROTÚBULOS no parasita e também bloqueia a captação de DEXTROSE de modo irreversível. Os parasitas atingidos são expelidos nas fezes. • Efeitos adversos → dor abdominal e diarreia. • NÃO deve ser usado em gestantes. o Obs.: Em programas de PREVENÇÃO ou TRATAMENTO EM MASSA, certos fármacos, como o MEBENDAZOL e o ALBENDAZOL, podem ser usados no 2º e 3º trimestres. JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 2 Farmacologia Fármacos Quimioterápicos ➔ PAMOATO DE PIRANTEL • A. lumbricoides, E. vermicularis, N. americanus e A. duodenale. • Pouco absorvido por VIA ORAL e exerce seus efeitos no TRATO INTESTINAL. • Mecanismo de ação → atua como fármaco despolarizante e bloqueador neuromuscular, causando liberação de ACETILCOLINA e inibição da COLINESTERASE = paralisia dos vermes. O verme paralisado se solta de sua fixação no trato intestinal e é expelido. • Experiência com o fármaco em mulheres grávidas e em crianças com < 2 anos é limitada. • Efeitos adversos → leves e incluem náuseas, êmese e diarreia. ➔ TIABENDAZOL • Potente e de Amplo espectro. • Tóxico → uso atual limitado ao tratamento tópico da larva migrans cutânea (bicho geográfico). • Mecanismo de ação → provável inibição da síntese dos microtúbulos. ➔ IVERMECTINA • 1ª ESCOLHA → larva migrans cutânea, a estrongiloidíase e a oncocercose (cegueira dos rios), esta causada pelo Onchocerca volvulus (ela mata as microfilárias, mas não atua contra vermes adultos). o Útil também no tratamento de pediculose [piolhos] e sarna. • Mecanismo de ação → atua nos receptores de canais de cloro disparados por glutamato e GABA. O influxo de cloreto aumenta e ocorre hiperpolarização, resultando em paralisia e morte do helminto. o Nos mamíferos, os canais iônicos mediados pelo GABA estão presentes no cérebro e a ivermectina não atravessa a barreira hematoencefálica em situações normais; além disso, os nervos e as células musculares dos mamíferos não apresentam canais de Cl- controlados por glutamato. • Administrada por VIA ORAL e não atravessa facilmente a barreira hematencefálica. • NÃO deve ser usada durante a gestação / segurança em crianças com < 5 anos não foi estabelecida. • Efeitos adversos → A morte das microfilárias na oncocercose pode causar a perigosa reação de Mazzotti (febre, cefaleia, tontura, sonolência e hipotensão). A gravidade dessa reação está relacionada à carga parasitária. Anti-histamínicos ou esteroides podem ser administrados para diminuir os sintomas. ➔ DIETILCARBAMAZINA • 1ª ESCOLHA → filariose, causada pela infecção por Wuchereria bancrofti e Brugia malayi. • Mecanismo de ação → microfilárias = imobiliza e altera sua estrutura de superfície, deslocando-as dos tecidos e tornando-as mais suscetíveis à destruição pelos mecanismos de defesa do hospedeiro / vermes adultos = ação desconhecida. • Rapidamente absorvida após administração oral junto com alimentos e é excretada principalmente na urina. • Efeitos colaterais → febre, náusea, êmese, artralgia e cefaleia / pode acelerar a cegueira e causar reação de Mazzotti grave em pacientes com oncocercose. # FÁRMACO USADOS CONTRA OS TREMATÓDEOS ➔ PRAZIQUANTEL • 1ª ESCOLHA → todas as formas de esquistossomose, outras infecções por trematódeos e infecções por cestóideos, como a teníase. • Usado extrabula no tratamento da cisticercose, causada por larvas de Taenia solium. • Mecanismo de ação → a permeabilidade da membrana celular ao cálcio aumenta, causando contratura e paralisia do parasita. • Farmacocinética → deve ser ingerido com algum ALIMENTO e não deve ser mastigado, devido ao gosto AMARGO. É rapidamente absorvido após administração ORAL e distribuído pelo líquido cerebrospinal (LCS). É extensamente biotransformado, e os metabólitos inativos são excretados primariamente na urina. o Dexametasona, fenitoína, rifampicina e carbamazepina podem aumentar a biotransformação do praziquantel. A cimetidina causa aumento dos níveis de praziquantel. JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 3 Farmacologia Fármacos Quimioterápicos • Efeitos adversos → tontura, mal-estar e anorexia, bem como distúrbios gastrintestinais. • OBS.: contraindicado para o tratamento da CISTICERCOSE OCULAR, pois a destruição do parasita no olho pode causar lesão irreversível. # FÁRMACO USADOS CONTRA OS CESTÓDEOS ➔ NICLOSAMIDA • Alternativa ao praziquantel para o tratamento de teníase, difilobotríase e outras infecções por cestóideos. • Mecanismo de ação → inibe a fosforilação mitocondrial do difosfato de adenosina (ADP) no parasita ou estimula a atividade da ATPase, tornando-se letal para o escólece do cestódeo e para os segmentos, mas não para os ovos. O metabolismo anaeróbio também pode ser inibido. • LAXANTE é administrado antes da administração oral da niclosamida para eliminar do intestino todos os segmentos mortos e aumentar a digestão e a eliminação dos ovos. • O consumo de ÁLCOOL deve ser evitado um dia antes e um dia depois. • Segurança NÃO estabelecida na gravidez ou para crianças com < 2 anos. • Efeitos adversos → infrequentes, leves e transitórios: náuseas, vômitos, diarreia e desconforto abdominal. ➔ ALBENDAZOL • Via ORAL e de AMPLO espectro. • Mecanismo de ação → inibe a síntese de microtúbulos e a captação de glicose em nematódeos (eficaz contra a maioria dos nematódeos conhecidos). o Sua aplicação terapêutica primária, contudo, é o tratamento contra infestações por cestódeos, como CISTICERCOSE e HIDATIDOSE. o Também é muito eficaz no tratamento da MICROSPORIDIOSE, uma infecção fúngica. • Farmacocinética → absorção errática após administração ORAL, mas aumenta com alimentação rica em GORDURAS. Distribui-se amplamente, incluindo o LCS. Sofre extensa biotransformação de 1ª passagem. O albendazol e seus metabólitos são excretados primariamente na urina. o Obs.: deve ser administrado em JEJUM quando empregado contra parasitas intraluminais, mas com uma REFEIÇÃO GORDUROSA quando usado contra parasitas teciduais. • Efeitos adversos → tratamentos curtos (1-3 dias) contra infestações por nematódeos= efeitos leves e transitórios (cefaleia e náusea) / tratamento da hidatidose (por 3 meses) = risco de hepatotoxicidade e, raramente, agranulocitose ou pancitopenia / tratamento médico da neurocisticercose = respostas inflamatórias decorrentes dos parasitas que morrem no sistema nervoso central (SNC), incluindo cefaleia, êmese, hipertermia e convulsão. REFERÊNCIAS Farmacologia básica - Katzung e Trevor – 13. Ed. 2017. Farmacologia ilustrada - Karen Whalen, Richard Finkel, Thomas A. Panavelil – 6. Ed. 2016. Parasitologia clínica - Elizabeth A. Zeibig – 2. Ed.
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