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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSÓRCIO PRÓ-FORMAR AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA MANE GREICE DAVANCO NOGUEIRA SÔNIA DA CUNHA URT .--,-- 7,--- 00#4""Xk. _ ,-,- 4,.;•/ ,. 4 ,,11', ::,0 . . .g,,,;;'... - À's 1 à , ----k,,,r__,:- .• _7- ,p ,. .., 3e4, 4p -e:-.----i , rff.----M .4 ,..-.:..,:.;.i . . Y ...,,.. _ ._. ..i.. ,.., , ___ i , .'..... .:....." , • _ , , . ,es -I ...., 'U.• j , • , !1411.0?" j e ei ,,„ •:.. .4. . i _ 1 e inio a ei CONSORCIO PRÓ-FORMAR - REITORES João Luiz Martins Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP Paulo Speller Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT Taisir Mahmudo Karim Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Manoel Catarino Paes Pero Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS Helvécio Luiz Reis Universidade Federal de São João Dei Rei - UFSJ Antonio Nazareno Guimarães Mendes Universidade Federal de Lavras - UFLA Rubens Sérgio Rassell Universidade Federal do Espírito Santo - UFES CONSÓRCIO PRÓ-FORMAR COMITÉ GESTOR José Alvaro Tadeu Ferreira (Coordenador) Ida Berenice Heuser do Prado Universidade Federal de Ouro Preto UFOP Sandra Regina Geiss Lorensini Kátia Morosov Alonso Universidade Federal de Mato Grosso Ordália Alves Almeida ( Vice-coordenadora) Regina Aparecida Marques de Souza Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Dimas José de Resende Maria Lúcia Guimarães Universidade Federal da São João Del-Rei Claudia Maria Ribeiro lia Maria Silva de Souza Universidade Federal de Lavras Jociane Rosa de Macedo Costa Regisnei Aparecido de Oliveira Silva Universidade do Estado de Mato Grosso Garcia Negrão Claudia Pereira do Carmo Murta Universidade Federal do Espirito Santo MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSÓRCIO PRO-FORMAR AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA MANE GREICE DAVANCO NOGUEIRA SÔNIA DA CUNHA URT E d [NIT 1,0") MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSÓRCIO PRÓ-FORMAR Conselho Editorial. Profa. Sandra Regina Geiss Lorensini UFMT Profa. Maria de lourdes Bandeira De Lamonica Freire - UFMT Profa. lociane Rosa de Macedo Costa UNEMAT Prof. Regisnei Aparecido de Oliveira Silva - UNEMAT Profa. Ordália Alves Almeida - UFMS Piof. Antônio Uno Rodrigues de Sá - UFMS Prof. Heber Eustáquio de Paula - UFOP Profa. Elizabeth Antonini UFOP Profa. Cláudia Maria Ribeiro - UFLA Profa Ila Maria Silvo de Souza - UFLA Profa. Maria Lúcia Monteiro Guimarães - UFSJ Profa. Marise Maria Santana do Rocha - UFSJ Coordenação Editorial EdUFMT Capa: Sandra Nehme Ilustração Capa: Cerâmica Antígua Indústria e Comercio Ltda. Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Gráfica e Editora Centro América Itcla. Revisão: Germano Aleixo Filho Ficha Catalográfico N7780 Nogueira, nane Greice Davanco Avaliação do desenvolvimento da cxionça / Elione Greice Davanco Nogueira, Sônia sei Cunho Urt Cuiabá' Edufmt, 2007. v. 1 . il. color. Conteúdo. v 1 - Avaliarão: contextualizacão: Concepções de avaliação.: Avaliando o desenvolvimento ,nfannl. Bibliografia: p. 71-72 CDU - 371.26 Índice paro Catálogo Sistemático 1 Avaliação 2. Avaliação e Desenvolvimento Infantil REPRESENTANTE DO CONSÓRCIO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Centro de Educação Aberto e a Distância Morro do Cruzeiro - Compus Universitário 35.400-000 - Ouro Preto - MG www.cead.ulop.br Tel.: (31) 3559-1448 Fax: (31) 3559-1454 MANE GREICE DAVANCO NOGUEIRA SÔNIA DA CUNHA URT AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA Licenciatura em Pedagogia para Educação Infantil Cuiabá, 2007 Eliane Greice Sou uma mineira cujo coração está completamente entregue a Mato Grosso do Sul, a seus tuiuiús, à sua gente morena, a seus poetas, a seus ritmos e sabores. Sou do signo de touro e, dentre as principais características desses nativos, tenho a determinação como a mais forte delas. A Psicologia me acompanha, ou eu me faço sua companheira há mais de 20 anos, e a Educação, bem, esta se faz presente em minha vida desde o primeiro dia que entrei na escola, foi paixão à primeira visto, ao primeiro toque, ao primeiro encontro .. De lá para cá, não parei mais de estudar e até hoje me encontro matriculada no programa de doutorado na UNICAMP. Dar aulas é meu vício, não resisto a uma turma de 20, 30 e até mais alunos. Sinto que esse vício se fortalece a cada dia, pois em cada umo das turmas que trabalho, estabeleço novos vínculos, não vejo o tempo passar e me envolvo completamente com meus alunos na aventura do conhecimento. Com vocês não será diferente! Um grande abraço!!! Eliane Sonia da Cunha Urt Esta foto foi tirada em 2005, no lançamento do segundo livro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicologia e Educação (GEPPE) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), revelando que é dessa forma que percebo o crescimento e desenvolvimento: como algo processual que não se circunscreve ao espaço da infância, mas que nos acompanha durante todo nossa vida. Essa formação que vocês estão realizando irá representar, tenho certeza, a reafirmação de que nossa trajetória na educação implica estudo, aprendizagem e reflexão constantes. Esse livro significou, para mim e poro o grupo que coordeno, essa idéia de crescimento e desenvolvimento no sentido mais amplo do termo. Eu me iniciei em educação, há muitos anos, corno professora de pré-escola (como se chamava na época, e atuei durante 10 anos). Sou Psicólogo, Pedagoga, tenho Mestrado em Psicologia da Educação e Doutorado em Educação, mas o mais importante para registrar aqui para vocês é que sempre valorizei o estudo, a troca. No Universidade, há mais de 20 anos, tenho trabalhado com temáticos relacionadas com a Psicologia da Educação, Constituição do Professor, Como aprendem os professores e questões da Identidade. Aprendi, nesta trajetória, que ainda tenho muito que aprender, com meus estudos, minhas pesquisas, meus colegas, meus alunos... Você está Fazendo parte desse processo neste momento. Estou escrevendo para você, tentando contribuir para sua formação e, nessa hora, tenho que refletir sobre meus conceitos, revê-los, e até abandonar posições para que meu conhecimento, expresso em um texto, talvez possa traduzir possibilidades para sua prática docente. Obrigado por permitir essa entrada no espaço de seus estudos e reflexões! Um abração. Sônia SUMÁRIO Contextualizando o fascículo 11 Capítulo 1 - Contextualizando a Avaliação 13 Capitulo 2 - Conversas sobre Concepções de Avaliação 23 Capítulo 3 - A Criança: Avaliando seu Desenvolvimento 33 Capítulo 4 - Procedimentos de Avaliação do Desenvolvimento Infantil. algumas possibilidades 41 4.1 - Observação 43 4.2 - Exames Piagetianos 47 4.3 - A Perspectiva de Vigotsky 53 Capítulo 5 - Atividades Reflexivas da Avaliação com o uso de Portfálio 63 Referências Bibliográficas 69 CONTEXTUALIZANDO O FASCÍCULO r Contextualizando o Fascículo Por trotar-se do primeiro Fascículo que traz, ate mesmo no titulo, o palavra avaliação, fará parte dele uma discussão de ordem mais geral em torno das principais questões presentes nos mecanismos avaliativos a que professores e outros profissionais estão submetidas. Esta discussão inicial, que se localiza na primeira parte do fascículo, deverá ser entendida como auxiliar na compreensão da análise sobre o desenvolvimento infantil Considero-se que, para a compreensão de um universo específico como o desenvolvimento infantil, se torno imprescindível romper com urna visão estreita e reducionista do desenvolvimento humano e de sua avaliação. Neste fascículo, a discussão será orientada pela afirmação da importância dos aspectos subjetivos presentes no prática da avaliação, sem negar a objetividade desse processo. Esta reflexão se estende a partir das ideio norteadoros da concepção de avaliação de ensinoe aprendizagem e da avaliução do desenvolvimento do criança. Os processos metodológicos que envolvem a avaliação serão discutidos e orientados por uma concepção de homem e sociedade que são constituídos historicamente e por uma concepção de educação que credito ao aluno uma postura autônoma, mediado pelo outro, em seu processo de desenvolvimento e de aprendizagem Sendo assim, este fascículo não deverá ser usado como manual de aplicação direta, mas ponto de partida para uma reflexão em torno da temática da avaliação, do desenvolvimento e da infância. AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 11 C Jc R, 111 G AVALIAÇÃO DO Cl DESENVOLVIMENTO Ui DA CRIANCA 12 CAPÍTULO 1 CONTEXTUALIZANDO A AVALIAÇÃO ir, .. .r.....'ii,, ,.\ ...,`. „•-•:s . . . - . i 10 ' ï 1V 7 --) ... ■--"""P ir.; j•-_____Ii \ .. (7.17)1J 42EC (■:'—',":::: 4' -..--1\-I.:A .• - -. ."---, ftl - ."'. :,*.*,1 "NI' . `-:•;::•:::' .1 1 - -1. w - • '.— k'' 1 - ' „ _ —. I I I • x• —. 1 - Contextualizando a avaliação No principio, Deus criou o céu e a terra e, ao observar o que havia feito. disse: Vejam só como é bom o que fizi E esta foi à manhã e à noite do sexto dia. No sétimo dia Deus descansou. Foi então que o seu arcanjo veio e lhe perguntou: Senhor, como sobe se o que criou é bom? Quais os critérios? Em que dados baseia o seu luizo? Que resultados, mais precisamente, o Senhor estava esperando? O Senhor por acaso não está envolvido demais em suo criação para fazer uma avaliação desinteressada? Deus passou o dia pensando sobre essas perguntas e à noite teve um sono bastante agitado. No oitavo dia, Deus falo u : Lócifenvó poro o inferno! E assim nasceu, iluminada de glória. a Avaliação. (PATTON, 19971 Patton (1997) se refere à origem da avaliação sugerindo que ela coincide com a própria criação do mundo, ao que acrescentamos, que de maneira explicita ou sutil, ela vem se perpetuando no cotidiano do ser humano desde sua existência. Por essa razão, antes de focalizar o avaliação do desenvolvimento infantil, este fascículo faz uma discussão de natureza mais geral sobre a temática, evidenciando a avaliação do ensino-aprendizagem e a avaliação como parte inerente ao processo educacional. O propósito desta discussão inicial é destacar os mecanismos avaliativos o que estamos submetidos, tanto dentro como fora do contexto escolar, de forma que provoque uma reflexão no estudante acerca dos julgamentos que vamos construindo, cotidianamente, e que influenciam de forma intensa o processo da avaliação escolar. Dias Sobrinho (2002) assinalava que, já no ano de 400 a.C., os gregos usavam a prática avuliativa para realizar a escolha das pessoas para o serviço público ateniense. Como se pode notar, esta prática não é recente... Segundo Firme (1993), Avaliai pode ser um empreendimento de sucesso, mas tombem de Fracasso; pode conduzir a resultados significativos ou a respostas sem sentido; pode defender ou omeacar. Ou avançamos na mudança de séeulo„ ou tropeçamos. [...J Nesse perspectiva, o questão crucial é descobrir o que é preciso fazer para criar e desenvolver avaliações que sejam realmente utilizadas para reduzir incertezas, melhorar a efetividade e tomar decisões relevantes Por isso mesmo, a grande meto da avaliação é a ação (p 68 ) AVALIAÇÃO DO Vivemos um momento de muitas contradições, de incertezas, de DESENVOLVIMENTO buscas, em que há um acúmulo de informações e uma falta de condições para construir um juízo sobre as informações adquiridas. Há uma falto de DA CRIANÇA 1 5 H A ti R C C espaço e tempo para a construção de processos subjetivos e, quando eles ocorrem, a reflexão não se dá, impossibilitando, assim, que se percebam o: preconceitos embutidos nas juízos formados Em relação à temática proposta da avaliação, acreditamos que os maiores envolvidos no assunto - os professores - ficam à mercê de quem, no momento, está responsável por "pensar" a avaliação; mais precisamente responsável por adequar a avaliação ao controle que se quer exercer com esta prática. Além de re-visitarmos um pouco a história para compreender o percurso que a avaliação vem fazendo, tentaremos desvendar as lógicas q envolvem a avaliação e, para isso, vamos analisar algumas definições mais gerais até chegarmos à especificidade da Educação Infantil. Uma primeira e mais simples definição do termo se encontra no dicionário da língua portuguesa (FERRE!RA, 1985): 1 - Determinar a valia ou o valor de. 2. apreciar ou estimar o merecimento de. 3 calcular, medir, estimar, computar. 4. fazer ideio de; apreciar, estimar. Podemos perceber diferentes concepções de avaliação retratadas através de algumas décadas de suas produções. G Cl AVALIAÇÃO DO Ui DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 16 o A Consiste em gerar e/ou mudar padrões de comportamento TYLER, 1950 É a coleto de informações com vista à tomada de decisões. CRONBACH, 1963 A A avaliação e o processo por meio de qual se determina o mérito, a importância ou o valor das coisas. SCRIVEN, 1991 Avaliar é um ato humano, carregado e influenciado pela estrutura macrossociaL SOBIERAISKI , 1992 E privilegiar um modo de estar em aula e no mundo, valorizar formas e normas de excelência, definir um aluno modelo, aplicado e dócil para uns, imaginativo e autônomo para outros... PERRENOUD. 1999 ... tem que ver com ações, atitudes e valores dos indivíduos em dimensões que se inter -relacionam DIAS SOBRINHO, 2002 AVALIACÁO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 17 Essa diversidade de definições encontradas nos dicionários, e a diversidade de conceitos desenvolvidos por autores, em períodos diferentes da história da educação, reforçam a idéia do amplitude do campo do avaliação, valendo lembrar que cada um desses conceitos gera processos avaliativos com diferentes carocteristicas, com consequências e influéncias decisivas, principalmente no processo de aprendizagem das crianças. Portanto, durante a infância, considerar a criança dentro de uma visão mais global (potencialidades), e menos cenilado no que ela não sabe (limites), poderá auxiliar na escolha das estratégias presentes no processo avaliativo sem nos distanciarmos das finalidades básicas da avaliação Com base nesta breve contextualizaçõo, reforçamos a idéia de amplitude deste campo e ressaltamos que pretendemos abordar a avaliação através do seguinte recorte: • Avaliação no âmbito geral, significado do termo na educação e sua interface com as momentos históricos. • Concepções de avaliação • Tipos de avaliação quanto aos momentos e aos conteúdos trabalhados • Avaliação em sala de aula e os procedimentos utilizados. AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANCA 18 Significado e evolução do conceito de avaliação. Além de estar inserida na educação, a avaliação é procedimento constante na atuação de diferentes profissionais, que fazem uso desse recurso paro obter sucesso em seus projetos. - Já fiz uma avaliação do caso, e a cirurgia será, mesmo, necessária. - Depois da avaliação destes dados, tenho certeza que faremos um bom negócio. - Acabou o bimestre e ClgOr0 está na hora de fazer uma avaliação. AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 19 (`' Avaliação: uma açião comum a esses profissionais. Mas, em _ que será que eles diferem? Geralmente, o medico usa a avaliação como forma de certificar-se da conduta mais adequada em relação a seus pacientes. Os homens de negócio e empresários a utilizam para certificar-se de que não estão correndo riscos indesejáveis, ou seja, para checar todas as possibilidades a fim de que seus negócios tenham sucesso. Tanto num caso como no outro, a avaliação tem a finalidade de orientar as ações a serem realizadas. Ao contrário do que ocorre em outras áreas, em que avaliar é um procedimento inicial, a escola tradicionalmente tem tratadoa avaliação como um procedimento final no processo de ensino e aprendizagem. Portanto, enquanto outros profissionais lançam mão da avaliação como estratégia para obter diagnósticos que possam orientar suas ações, os professores em geral a utilizam muito mais como instrumento para medir o que sabem ou não seus alunos no fim de um período de ensino. Se tomarmos como referência as duas áreas de atuação utilizadas como exemplo, poderíamos dizer que, se fizessem como no educação, algumas situações seriam observadas. Os médicos utilizariam a avaliação como instrumento para verificar a quantidade de pacientes que conseguiram se curar e quantos continuam doentes, após determinado tempo, e os empresários e executivos para checar quantos negócios foram, ou não, efetivados com sucesso. Quando olhamos para nosso história de alunos„ provavelmente nos lembramos do "dia da prova" corno aquele dia tenso, dos mais difíceis de nossa vida de estudantes. E qual era a função desse tipo de avaliação2 A função era controlar o que sabiam os alunos, ou melhor, conferir o que não sabiam, dado que passavam por uma verificação de conhecimento dos conteúdos ensinados pelo professor. Alicerçado nesta verificação, o professor poderia dizer quem tinha condições de prosseguir os estudos e quem necessitava rever os conteúdos ensinados. E assim, com a criação desse instrumento de controle, a escola pôde criar hierarquias de excelência. Ou seja, os alunos passaram a ser comparados e depois classificados em virtude deste padrão estabelecido pelo professor, com base nos resultados das provas dos melhores alunos. Assim, ao fim do ano, cada vez mais se viam, entre os reprovados, alunos que se evadiam da escola, sentindo-se responsáveis por seu próprio fracasso. A avoliocão era também ótimo instrumento de contenção dos alunos, usado AVALIAÇAO DO como ameaça para manter a disciplina. DESENVOLVIMENTO Portanto, esse tipo de uso da avaliação fez com que ela se DA CRIANÇA distanciasse cada vez mais de sua real e verdadeira finalidade. A avali ação 20 deve possibilitar que o conhecimento vivenciado pelos alunos no cotidiano da escola expresse a aprendizagem alcançado e o sentido o ela atribuído, permitindo ainda a regulação das ações o serem desenvolvidas. André e Passos (2001) falam sobre esse conflito, lembrando de uma lenda antiga que conta a história do galo que trazia consigo a certeza de que o Sol nascia porque ele cantava. Tal certeza, nunca questionada, vai solidificando dentro dele a idéia de que era seu cantar diário que definia o nascimento do Sol. Num certo dia, porém, o galo perdeu a hora de se levantar e, para seu desencanto e total desilusão, o Sol já brilhava feliz, mesmo sem seu canto, A descoberto de que ele não tinfla o poder de fazer o Sol nascer e o dia clarear provoca nele uma crise e uma sensação de perda muito grande. Ainda segundo as autoras: Assim corno o galo acreditava que o Sol só existia porque ele cantava, muitos professores crêem que a avaliação é que define a existência do escola e, portanto, se o professor não vai ITICIIS decidir sozinho e atroves de provas e de medidas 'objetivas' o destino escolar do aluno, ele experimenta um sentimento de perda, vazio e desencanto, como o galo do tenda. (ANDRÉ E PASSOS, 2001, p. 192). Geralmente, na formação recebida pelos professores há urna preponderância nos aspectos mais voltados aos instrumentos presentes na avaliação, como: conteúdos, procedimentos, estratégias, atividades, resultados parciais, totais, etc., como se ela fosse uma prática de natureza apenas técnica e neutra, livre de contradições. Desconsiderando, dessa Forma, o enfoque sociológico presente no processo avaliativo, no limitar o tratamento dado a essa questão às disciplinas de Didática e de Avaliação Educacional, é que muitas vezes acaba ela sendo enfocado de forma reducionisto e equivocada. Na visão de Sobrinho (2002, p. 15) A avaliação é pilin-referencial Então, é complexo, polissernica tem múltiplas e hereiogèneas referências Não é uma simples disciplina, com conteúdos lá delimitados e modelos independentes, É um campo cujo domMio é disputado por diversas disciplinas e práticas sociais de distintos lugares acadêrnicos, politicos c sociais. Não sendo uma disciplina autônoma e bastante em si mesma, necessita de uma pluralidade de enfoques e o cooperação ou a concon-ência de diversos ramos de conhecimentos e metodologios de valias áreas, não somente para que seja minimamente entendida ou reconhecida intelectualmente, mos também para poder ela própria se exercitar concretamente de modo fundamentado. Nau sendo monortelerenciol, expressando-se de diferentes modos e constitui distintos modelos. ludke (1992) sugere que se lance esse olhar sociológico sobre a avaliação, para que, mediante a conhecimento adequado desse fenômeno, sejam desmontadas as pecas reunidas nesse intrincado mecanismo. Isso permitirá a busca de caminhos mais livres para o educação que julgamos necessária, especialmente para aqueles a quem justamente (ou melhor, injustamente!) por meio de avaliação ela tem sido negada E que apenas o AVALIAÇAO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 21 conhecimento de sua função controladora não é suficiente paro neutralizar seus efeitos Vejamos, então, a reconshução de evolução conceituai de avaliação na Educação, classificada em quatro focos, segundo Guba e Lincoln (1989) • O primeiro foco está associado à mensuracão, por isso foi época pródigo na elaboração de testes, durante as décadas de 20 30. A Função do avaliador era de erigem técnica, já que classificava o aluno para determinar :..eu avanço, seu progresso Nenhuma relação de diálogo se estabelecia entre avoliodores e avaliados. Interessa aqui a utilização de instrumentos fidedignos e resultados quanti-ficáveis. O foco do ação evaliativa se mantinha apenas no desempenho do aluna, para efeito de comparação, classificação e seleção., desconsiderando qualquer possibilidade de reflexão e questiore.mente sobre a cultura educativo. • Quanto ao segundo foco, surgiu nos décadas de 30 e 40 buscando melhor entendimento do objeto de avaliação, cujo objetivo foi provocado pelas falhas detectadas na geração anterior. Nesse foco, que se chamou descritivc, o papel do avaliador não se concentrava apenas no desempenho e classificação do aluno, mas -estava voltado para o descricao de padrões e critérios relativos a uma avaliacao educacional, que envolvia currículos e objetivos a serem revistas. Nesta perspectiva, e avoliação era vista entre uma situação real e outra projetada, elaborada sob a forma de objetivos a serem alcançados. • O lerceiro -fr.)co eclodiu vários modelos de avaliação, na tentativa de chegar ao julgamento de valor, de forma sistemático e esclarecedora. No Brasil, a partir da década de 70, a avaliação passou a ser tema recorrente no âmbito do ensino superior. • O quarta foco se deu no ingressar na década de 90, sendo sua principal característica a negociação. Logo, a avaliação neste foco é considerado processo interativo, negociado, que se fundamenta num paradigma construtivista. Nesta concepção de avaliação, o processo se inicia pela identificação de interessados e de suas preocupações ; valoriza e acolhe a pluralidade de valores e a liberdade de manifestação. Neste recorte apresentado através dos quatro focos pudemos perceber uma dinâmica de idéias que se transformaram em experiências bem e malsucedidos no prático, evidenciando algumas das influências que a avaliação vem sofrendo ao longo do tempo AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO PA nRIANÇA 22 CAPÍTULO II CONVERSAS SOBRE CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO 2 • Conversas sobre concepções de avaliação Conversar com os dados abaixo apresentados é, sem dúvida, uma tentativa de explicitar as relações entre as concepções de avaliação e os ''olhares' lançados aos alunos pelos professores. A percepção e o expectativa que se têm dos alunospodem levar à profecia auto-realizadora por parte dos professores, estigmatizando e impedindo o desenvolvimento pleno do aluno Principalmente na rede pública de ensino, a expectativa de '0 pressuposta basica no qual se apoia este, e-enca qiiree que o aluno pobre é portador de distúrbios cognitivos e afetivos constitui um dos determinantes do fracassa, um dos exemplos da influência que a crença populares se deve ao de'irit ou e o percepção dos professores exercem no processo de aprendizagem dos ti privação cultural decorrentes de St1115 precários condições de alunos'. edo A estos idéias deu-se o nome de Teoria da Corêncio Tem uns alunos que a gente sente no inicio do ano, tem outras que Cultural, muito difundida nos anos 70 nos surpreendem. Há alguns que a gente sente que, se passar, vai se arrostar (professora Leda. Escola Sabiá) As professoras percebem se o aluno vai ou não passar, no segundo bimestre só com os muito bons A maioria Fica até o final sem ter muito certeza. (diretora, Escola Sabiá) Desde os primeiros dias você vê quem tem ou não futuro. A partir dai, você começa o seu trabalho, dando mais atenção, ou mesmo uma atenção especial o esses alunos : poro que possam ter futuro. (profesoro Leo, Escola Soba) Eu não vou dizer no meio do ano- este aqui não vai passar. NãoI Ele tem muita dificuldade, vai ter que crescer muito, mas pode passar, por que não? (professora Célia, Escola Cotovia) Esse não vai. Não entra nada na cabeça dele. (professora Ana, Escola Cotovia) No primeiro bimestre dar A? Será que ele vai ter A o ano inteiro? Ou será que dou A neste bimestre e depois, quando ele piorar, dou um conceito mais baixo? (professora Ledo, Escalo Sabia). Eu sempre me pergunto por que é que eu lenho o livre arbdrio para dar uma noto, quando outras muitas pessoas observam o criança, tem contato com elo, etc. Acho que a avaliação do aluno por porte do Professor pode mudar se houver reuniões prévias com a supervisora, com a orientadora Acho isso importante, pae elas podem nos auxiliar muito na avaliação do cluno (professora Andreia, Escola Andorinha) Esta a compreensão de Bassedas, Huguet e Sole(1999) 'Depoimentos de professoras colhidos para o pesquisa 0 Processo de Mediação dentro da Escola", desenvolvido por professores e alunos do pás- qradueção e do graduação do PUC/RJ nos anos de 1988 e 1989, coordenada peeis professoras Menao Ludke e Zelia Mediano (1997, p 8586) . lé necessário evitar rótulos Fr definições dos meninos e das meninas AVALIAÇÃO DO que possam condicionar o seu futuro escolar e pessoal E preciso deixar DESENVOLVIMENTO sempre uma porto aberto e mostrar confiança nas suas possibilidades. DA CRIANÇA colorando era funcionamento pautas adequarias à atuacào: "Agora 25 não está sendo zapaz de fazer isso, mas a que pudemos lazer paro que consign2' en., 'Mesmo qde siõu baia dreno, aprende/Cl isso nin.s adidnie. (p. 1 74) A iivaliação, portanto, reflete uma concepção de homem, de educação e de sociedade. Concepções de avaliação se relacionam com concepções de ensino e aprendizagem, e com concepções de mundo e sociedade. Por isso, convém pensar na avaliação infantil como um determinado momento que as crianças se mostram de uma determinada forma, tendo corna pressuposto tratar-se de um processo dinâmico, em que nos cabe questionar o que podemos fazer, no qualidade de educadores, para leniu! melhorar ou modificar sua atuação, sua performance, Desse Forma, a concepção que se tem de criança, de desenvolvimento humano e desenvolvimento infantil em particular, vai determinar o maneira e o olhar para a avaliação desse desenvolvimento. Minhas representações de mundo, homem, criança, desenvolvimento, aprendizagem, inteligência vão determinar e dirigir meu olhar e minhas ações nas práticas avaliar:vos. Par exemplo, se acredito que a inteligência é inata, provavelmente minha avaliação do desenvolvimento infantil pode ser dirigida para urna postura classificatária, estigrnatizante, que não considera as possibilidades de a criança superar limites e "ir além". ouuct,e= baseado em ZABAIA. O quadro o seguir tenra sintetizar duas visões de avaliar-1'm', pura que Arstani tií A prática educativa inicialmente possamos estabelecer e formalizar os conceitos subjacentes o - ccrr.o ensinar Porto Alegre: avaliacão. Artes Medice, 1988 Quadro 1: Visão de Avaliação e suas categorias Função Saciei e Ensino Objeto 1 Sujeito Referencial Finalidade Avolie :cdri I kiii.),- rr visão tradicional do Avo:inciso Seletrva Uniformizadora e troasmissora R esuliados Alunos i Discirilinas Negativas um Emitir piza j I e i , 1 . ançac _ x's'éuanlitati i 1 i I NScritivo Dia.une.tttiGra I nierpreta 1 V..s'ao o!ual d a A„T,„6.., • Visão global do criança • Atendimento a diversidade • Htstérica-sacial tu:5 5:: Alunos,/ professores CaNtrdur.le e Potencialidades Iniervente Tomadas d.e ouráces , educctlivas Ao olharmos este quadro, é preciso por nele toda a atenção observa- i°, cuidadosamente, pois ele traduz valores básicos vivenciados no processo AVALIAÇÃO DO avaliativo, portanto deveria ser tomado como eixo vertebral neste processo DESENVOLVIMENTO que, como tal, revela e sintetiza crencas e convicções acerca do ensino DA CRIANÇA 26 VCI No quadro acima, na primeira visão de avaliação temos um modelo que se preocupe mais com a objetividade dos resultados, os aspectos quantitativos, os resultados alcançados pelo aluno ou os produtos de sua aprendizagem, bem como com o aprovação ou reprovação do aluno. Na segunda visão de avaliação, mais presente nos discursos pedagógicos do que nos solos de aula ; encontramos preocupações com os .aspectos qualitativos do avaliação, a avaliação de todo o processo da aprendizagem, a avaliação de todos os que se acham envolvidos nesse processo. Portanto, a função da avaliação se er.contra estreitamente ligada ao significado que se atribui a todo processo de ensinar e aprender :, assim como o conteúdo que queremos que os alunos aprendam, ou mesmo aqueles que gostaríamos que eles tivessem aprendido. É preciso saber corno a .avaliação se traduz rio dia-a-dia das ações e das relações escolares. Por igual, conhecer seus mecanismos de poder tanto no planejamento curriculor - pela divisão em séries e turmas, fragmentando saberes e colocando limites no processo continuo de aprendizagem - quanto no distribuição dos tempos escolares - pela hierarquização das disciplinas escolares, dedicando. mais tempo e os melhores horários para certas disciplinas consideradas mais nobres. No mesma linho, saber corno se dão os relações da escola com os pais e o comunidade - falto de diálogo - e conhecendo-lhe o sistema de arribuição de notas e conceitos aos alunos - volorizocão excessivo dos provas Por último, devemos ter claro que, na sala de aula e no escola, nós avaliamos muito mais do que pensamos, mais do que temos consciência. Além de todas as práticas avoliativas formais - correção das licões de casa ou de classe no caderno, realização de provas com as alunos, trabalhos individuais ou em grupo, preenchimento de fichas descritivas sobre os alunos, pai ticipoção deles nas c.iulas, etc. - , avaliamos de maneiro informal. considerações orais sobre o caderno do aluno ou até mesmo de suas atividades, elogios, reprimendas, gritos, sitêncios, olhares, gestos negativos com o cabeça, sorrisos, caretas, etc. Afinal, corno deve ser a avaliação escolar nos dias de hoje? Para que ele ocorra, não seria necessária o avaliação do desenvolvimento dos alunos? Como definir os momentos adequados para avaliar? Quais são esses momentos e os contextos o serem percebidos? Tendo em conta que. o papel da escola e garantir educação de qualidade para rodos, que, poro tanto, é preciso ajustar as propostas de ensino as necessidades de aprendizagem dos alunos, e que estes, porsua vez, trazem muitos conhecimentos que devem ser consideradas, a função diagnóstico da avaliação se impõe como prioridade. Neste texto, o referencial cie susientctção teoria está pautado nos seguintes autores: Zabala (1998). Perrenoud 1999), Bassecias, Huguet e Sole ( 1999) Em se tratando da construção e do planejamento dos conhecimentos dos alunos, hoje se defende que é fundamental utilizar três tipos de avaliação, conforme sintetizado o seguir no quadro', intitulado Momentos da Avaliações 'Quodto retirado do ooru dos autores Bossedas.riuç:uer e ( 1999. p. I /SI AVALIACAO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 27 ANTES I I INICIAL Conl,ementos e experiências - previas DURANTE FORMATIVA Estratégias, erros, dificuldades de aprendizagem. habilidades. Resultados , aprendizagens AO FINAL SOMATIVA realizadas Em relação à avaliação que tem sido chamada de inicial ou diagnostica, constituem argumentos incontestáveis o seu favor o importánc,a atribuído aos conhecimentos trazidos pelos alunos e sua capacidade de formular suposições e hipóteses sobre tudo o que se possa converter em conteúdo escolar. Ressaltando o fato de que tais conhecimentos e capaeidades só se transformarão em conhecimento próprio se puderem apoiar-se naquilo que já sabem e pensam sobre o conteúdo trabalhado. Dessa primeira aproximação dos saberes dos alunos depende a possibilidade de planejar propostas de ensino ajustadas às suas necessidades de aprendizagem. A avaliação, nesse caso, serve para nortear o trabalho do professor em sala de aula, portanto não deverá ser realizado de Forma intuitiva, já que possui papel Indispensável no processo de ensino- aprendizagem. Esta avaliação normalmente se faz quando o aluno chego à escola, em geral no início do ano, podendo e devendo ser refeita em qualquer momento que o professor ou a escola detectarem necessidade. Identificar o conhecimento relevante e as características do aluno e da turma tem como objetivo permitir ao professor fazer planes para que cada aluno alcance sucesso na escola. Segundo Bassedas,Huguet e Sole, essa primeira avaliação serve ainda, " para relacionar o que se ensino no escola e o que se aprende fora dela, com a intenção de favorecer aprendizagens o mais significativas possível". (1999, p.175) Mas isso não é tudo. Não basta aos professores conhecer o que seus alunos sabem e ainda precisam saber para continuarem se desenvolvendo. Realizar esse levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos e ter uma prática pedagógica pautada na transmissão de informações de AVALIACAO DO forma expositiva, sem ter de modo claro onde se pretende chegar e DESENVOLVIMENTO desconsiderando os reais pontos de partida dos alunos sobre o conteúdo a DA CRIANÇA ser trabalhado, não é suficiente para que o professor alcance diferentes níveis de atividades que contribuam para o avanço de seus diferentes alunos. 28 Para favorecer o sucesso da aprendizagem de seus alunos, é importante que o professor acompanhe a evolução do processo de desenvolvimento e aprendizagem, por meio de registros que lhe respondam algumas perguntas. Por exemplo: "eles estão de Fato aprendendo?", "de que forma posso ajudá-los a avançar em seus conhecimentos?". Manter os registros, as reflexões sobre eles e a troca de informações entre seus pares poderá gerar recursos úteis à organização de uma prática estimuladora das possibilidades das crianças. Esse tipo de avaliação é chamado de avaliação continua ou formativa. Pressupõe uma análise da produção e do desempenho dos alunos. que ocorre progressiva e paralelamente ao trabalho cotidiano. A avaliação formativa é realizada pelo professor, podendo ser diária, ocasional ou periódica, com o propósito de fazer o que for necessário paro que o aluno atinja os resultados previstos, de forma que se adapte o planejamento às necessidades dos alunos, Ocorre, por exemplo, ancorada na escuta e na observação dos alunos ao tempo em que realizam as tarefas, nas perguntas para a classe ou poro os alunos individualmente, nas propostas de atividade que revelem seu nível de assimilação dos conteúdos. Ou seja, a avaliação formativa serve poro corrigir rumos, rever, melhorar, reformar, adequar o ensino, de sorte que o aluno atinja os objetivos de aprendizagem. Nesse sentido, ela não avalia apenas o aluno, mas usa o desempenho do aluno para avaliar os resultados do aprendizagem realizada. Em situações assim, o professor pode avaliar não só o que os alunos já são capazes de fazer sozinhos,, mas também o que conseguem fazer com ajuda de outras pessoas. A esse processo Vigotsky deu o nome Zona de Desenvolvimento Pro.ximal (ZDP), conceito já explicado nos fascículos da Psicologia e que será retomado na discussão sobre instrumentos de avaliação. Na verdade, é esse tipo de avaliação o que tem mais sentido e importância para o trabalho pedagógico, pois possibilita ao professor modificar suas propostas e intervenções. Segundo Perrenoud (1999): E formativa toda ovulioção que ajuda o aluno a aprender e a se desenvolver, ou melhor, que participa do regulccão das aprendizagens e do desenvolvimento no sentido de um projeto educativo. (p 103) Por Fim, no processo de ensino e aprendizagem, não se pode prescindir da avaliação final ou somativa, cujo função é conhecer e expressar indicativos sobre o que os alunos aprenderam em relação ao conteúdo que foi trabalhado. A avaliação somativo considera a soma de um ou mais resultados, que podem ser baseados em testes e outros instrumentos e resultados de avaliação formativa, Refere-se a um resultado final, corno um informe global AVALIAÇÃO DO do processo que permita, com base neste conhecimento, elaborar previsões DESENVOLVIMENTO sobre o que é necessário continuar Fazendo ou o que é necessário fazer de DA CRIANÇA novo tendente ao resultado final de todo o processo. 29 Nas situações escolares, esta avaliação tem por objetivo responder o que o aluno aprendeu em relação a resultados e processos. Deve examinar, de modo particular, a capacidade de o aluno integrar esses conhecimentos, e não apenas acumulá-los de forma estanque. Nesse caso, a avaliação ocorre por meio de atividades preparadas especificamente para conhecer os resultados obtidos em relação à aprendizagem. E basicamente uma avaliação para emitir um juízo de valor a respeito do aluno e de seu progresso em determinado momento Este tipo de avaliação possui uma função reguladora, pois permite replariejar o proposta de ensino e estabelecer o nível de alcance dos objetivos estabelecidos em outra passagem. Quando se adotam enfoques de avaliação mais abrangentes, que consideram o conjunto indicador fundamental do desenvolvimento e do aprendizagem, os ires tipos de avaliação atuam como uma função reguladora da aprendizagem das crianças, especialmente na educação infantil. Acerca do conteúdo da avaliação, Zobalo (1998) nos oferece algumas contribuições ao apresentar a avaliação dos conteúdos de acordo com suas especificidades. É pieciso ter presente que o conteúdo de aprendizagem, sobretudo no próprio processo de ensino/ aprendizagem, e concretamente em cada uma das atividades ou tarefas que configuram, é o referencial funcional para avaliar e acompanhar os avanços dos meninos e meninas. Corno podemos saber o que os alunos conhecem, ou não? Em outras palavras, qual o tipo de aprendizagem que os alunos possuem em relação aos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais? Podemos nos fazer esta pergunta em qualquer das diferentes fases do processo de avaliação. Por este motivo, faz-se necessário explicitar cada um desses conceitos. Aos olhos de Zobala (1998), são eles: AVALIA() DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 30 Conteúdos factuais, conhecimentos de fatos, acontecimentos, situações, dados: nomes, datas, fotos históricos, localização, etc. Considera-se que o aluno aprendeu o conteúdo factuol quando ele é capaz de reproduzi-lo Essa natureza reprodutiva deste conhecimento comporta exercícios de repetição. Conteúdos procedimentais são aqueles que incluem as regras, as técnicas, as destrezas ou estratégias, dirigidas para a realização de um objetivo. São conteúdos procedimentais: ler, desenhar, observar, traduzir, recortar, saltar, etc. A aprendizagem de um procedimento requer: a realização das ações, ou seja, aprende-se a desenhar, desenhando: a falar, falando; a exercitação múltipla, pois não basta realizar uma único vez as ações dos conteúdos procedimentais; a reflexão sobre a própria atividade, pois, para melhorar uma ação, devemos ser capazes de refletir sobre a maneira de realizá-la; a aplicação em contextos diferenciados se baseia no fato de que será de utilidade quando podemos aplicar o que aprendemos em situações nem sempre previsíveis. » Conteúdos atitudinais englobam uma série de conteúdos que agrupam valores (solidariedade, respeito aos outros, responsabilidade, liberdade, etc), atitudes (ajudar os colegas, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas escolares, etc) e normas (não roubar, não matar, respeitar as leis de transito, etc). Uma escola centrado quase que exclusivamente nos conteúdos conceituais, especialmente nos factuais, de conhecimento enciclopédico, limita os instrumentos avaliativos habitualmente utilizados às provas de papel e lápis. Esta forma de conhecer os resultados obtidos pode ser bastante adequada no caso dos conteúdos factuais, mas não é tanto quando se trata de conteúdos conceituais ou procedimentais. Podemos afirmar que não o é, em absoluto, quando os conteúdos a serem avaliados são de caráter atitudinal. Portanto, quando no processo de avaliação consideramos o que avaliar, é preciso estar atento a esses conteúdos. Essas idéias acerca da avaliação, do seu espaço e de sua presença no nossa vida, no nosso cotidiano e na escola podem colaborar para o acompanhamento do desenvolvimento humano. Adotamos um ponto de vista sobre a avaliação que pudesse evidenciar as articulações presentes no processo avaliativo e que fosse sustentada por uma concepção de homem histórico, concreto, que se constitui e é constituído nas relações que estabelece ao longo de sua vida. Iniciaremos nossas reflexões sobre a avaliação do desenvolvimento infantil considerando, fundamentalmente, que o desenvolvimento humano e o desenvolvimento infantil são processos construídos social e culturalmente e que, portanto, não podem ser fragmentados. -,:",N 41, - • ,,.. SI ----71 d AUL AVALIAÇA0 DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 31 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 32 I 1 - ( --- , r r .) ... .. _.„.• CAPÍTULO 10 A CRIANÇA: AVALIANDO SEU DESENVOLVIMENTO t" ' ----.D __,. . , L...,_, _,, itinik. ,, . \Ir 1:- fs,“1-=':, *, , ----, —/ e•à4. 7v O •••?" rlr's, 141r, ç' " .• • • •••%*è '`ii.i? :Xl— ',)• .,,--,.,' • ' .• :•‘•:""f) — • , N:itp.i? ••• ••'" ■,. :'»- 4 - A criança: avaliando seu desenvolvimento Pensar na avaliação do desenvolvimento infantil corno processo implica considerar o cenário, o contexto. Para tonto vamos refletir, antes de tudo, sobre o significado que damos ao desenvolvimento humano. O que significo desenvolver-se? Ninguém tem dúvida de que se trato de. algo que implica evolução, continuidade, movimento, processo. Por que, então ,muitas vezes nosso olhar para uma criança, um jovem, um adulto, um idoso parece não considerar a existência de ritos de passagens inerentes a todas as fases da vida? Por que ainda se considera que só há desenvolvimento até a adolescência? Será que ainda acreditamos na tese de que só nos desenvolvemos até a fase da adolescência e que, na idade adulto, iniciamos um processo de decadência, de perda de possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem? Como adultos, não podemos aprender novas línguas e novas habilidades? Pense um pouquinho sobre todo um repertório de conhecimento que, com certeza, você aprendeu já nessa fase da vida e, com isso, foi se desenvolvendo nesse estágio de sua vida. O desenvolvimento humano é constituído na história e pela história. A constituição do homem se dá por meio da filogênese e da ontogênese, ou seja, tonto ocorre o desenvolvimento da espécie humana como do ser (sujeito) humano. Desenvolvimento implica considerar a construção do homem, desde seu nascimento até a morte, um processo, que nunca está pronto. Durante suo vida, o homem vai se fabricando, vai se constituindo e, alicerçado em condições reais de vida, cria e recria a si mesmo e sua própria espécie. Desenvolver pressupõe considerar o movimento, a contradição, já que estão presentes tanto aspectos de ruptura como de continuidade. Para desenvolver é preciso que haja rompimentos, mudanças, términos. Entretanto, aspectos desse processo continuam presentes, garantindo a continuidade, a permanência. Para desenvolver, é preciso perder e ganhar. Perdemos quando rompemos com determinadas formas de pensamento e adquirimos outro olhar e percepção do mundo, do sociedade, do outro e de nós mesmos. Ganhamos quando há crescimento emocional, afetivo e psicológico, secundado pelo cognitivo. Há ainda uma questão importante para ser sublinhado: o desenvolvimento se baseia no critério do igualdade e da diferença. Vejamos um depoimento de uma professora, em uma conversa sobre crianças, desenvolvimento, diferenças: Sobre a questão de minimizar as diferenças entre as crianças de classes antagônicas, eu não sei se colocaria minimizar as diferenças... Eu tenho muito medo dessas coisas, na medido em que elos acabam caindo num espontaneismo terrível "a beleza da criança pobre" • "o raciocínio da criança pobre - de repente isso acabo desembocando juslemente numa Educarão diferenciada que é o que a historia vem demonstrando. Penso que isso passo par compreender o origem das diferenças o maneira como essas diferenças se dão para tentar justamente ter AVALIAÇÃO DO urna Educação homogêneo. Quer dizer, eu posso partir de realidade DESENVOLVIMENTO diferentes. mas o meu objetivo é que a Educação as leve ao mesmo DA CRIANÇA ponto. Eu não quero urna Orientação diferente, eu quero a mesma 35 Educação pora rodos e que ser° uma Educação de boa qualidade. A critidciade da teoria passa por esse aluno ler o mesma oportunidade de acesso a cultura que os crianças de outra classe tem O dita 'tenho que respeitar o linguagem da criança' penso que renl de ser uma forma instrumental operacional, nos primeiros anos de escolaridade Deve ser respeitada o expressão da crionça para que voce não rompo com er possibilidade dela se expressar verbalmente. Sé que é preciso aprender ortografia, concordância rem que saber dominar a língua do formo eiaboracla padrão Falar em desenvolvimento implica considerar diferenças. Diferenças que não são apenas individuais, mas que expressam diferenças culturais. SOCiC115. Um exemplo disso ficou evidenciado nos estudos de Corroher ei al. (1988) que, nos anos de 1980, realizaram suas pesquisas, a partir do referencial piagetiano, com crianças de classe desfavorecida de Recife-PE, e demonstraram que essas crianças, embora não tivessem atingido determinado estágio cognitivo e não frequentassem a escola, possuiam raciocínio lógico e coerente ao lidar com situações do cotidiano. Mirando ( 1987), partindo da concepção da Psicologia do Desenvolvimento como estudo da construção do homem no condição de ser individual aponto poro alguns aspectos por ela considerados fundamentais para o compreensão do desenvolvimento humano: as relações indivíduo e sociedade, a integralidade dos processos de desenvolvimento, o desenvolvimento e o trabalho, os fatores determinantes do desenvolvimento e as fases do desenvolvimento A subjetividade do indivíduo é construída e reconstruido no jogo das relações sociais, constituindo, assim, indivíduo e sociedade uma mesma realidade.Miranda afirma ser possível a compreensão do desenvolvimento humano somente se tivermos em conta que "individuo e sociedade são dimensões de urna mesmo realidade, tomada no seu aspecto mais particular ou mais geral" (MIRANDA, 1987, p. 3 4) O homem é um ser essencialmente ativo que age sobre a natureza. Ironsformando-a e transformando a si mesmo., estando sempre em movimento e crescimento durante toda a sua vida. Para sobreviver e desenvolver-se, encontra-se sempre realizando algo - trabalhando, em constante processo de desenvolvimento. O desenvolvimento humano pode ser compreendido, não somente pela revisão da história do indivíduo em particular, mas também como espécie e através da história do indivíduo socialmente determinado por sua condição de classe Portanto, ao pensarmos em desenvolvimento humano, é necessário considerar a distinção entre fatores naturais e sociaisjculturais. Quanto às fases do desenvolvimento humano, não se pode fragmentá-los como se o indivíduo fosse um somatório de aspectos: físico (ou motor), afetivo (ou emocional), intelectual (ou cognitivo) e social O homem é um ser que deve ser estudado em sua totalidade: histórico, emocional, cultural, social, biológico, concreto. As várias áreas do desenvolvimento AVALIAÇÃO DO têm relações de proximidade e de interface entre elas, e se influenciam DESENVOLVIMENTO mutuamente. DA CRIANÇA 36 Atividades como empurrar um carro ler um livro ou brigar com a namorado põem em desteme dimensões diferentes do indivíduo: motora, no cosa da primeiro, cogni!iva, no cosa da segunda_ e afetivo no terceiro coso. Mos, se analisarmos bem esses exemplos, veremos que cada um deles implica o presença de todas as áreas. Empurrar um carro, pai exemplo, é um grande exercício motor, que também implica a presença de componentes intelectuais, afetivos e socias. Ninguém, "em seu perfeito juizo", empurro um corro só por empurrar, é preciso ter urna ;nteiição, urna finalidade lógica, ume ratão, um método, por mais simples que seja: isto é habilidade intelectual. Por outro lodo, ninguém empurra um carro se estiver profundamente deprimido ou se não tiver motivação efetive e social, como chegar ao trabalho, agradar a namorada, testar sua força, ser solidário com um estranho e tantas outros. Um simples ge.sto como o sorriso de um bebé para soa mãe contém todas essas dimensões: eletivo, par expressar uma sensação ou emoção; motora. por colocarem ação músculos e nervos; cognitiva, por revelar o capacidade adquirido de reconhecer a mãe; e social, por expressar uma comunicacão. O desenvalviinento do individuo é um processo integral de urna totalidade em permanente movimento. É claro que. poro esrar em movimento, esta moralidade não pode ser uni' bloco rgido, compacta monolítico, pesado. Ao contrário, estar em movimento significa um constante ir e vir, colocando em jogo lodos as suas dimensões. umas mais . outros menos, para depois trocar tudo novamente, em um processo feito de rupturas e continuidade. desequilíbrios eqiiilibrios e novos deserpillibrios, de maneira que o indiviatio esteja sempre em movimento. (MIRANDA, 1987, p. 3/ Nos estudos e investigoções, comi Fins didáticos, distinguimos e separamos areeis e habilidades apenas para melhor compreensão do Fenômeno focalizado: "Assim, afirmamos que andar é, por exemplo, uma habilidade motoro_ Podemos fazer esta distinção poro facilitar o comunicação e o entendimento, mas sem perder de vista que andar implica sempre e necessariamente todas as demais áreas do desenvolvimento do indivíduo". (MIRANDA. 1987, p. 38) Retomando, considerar o indivíduo um ser histórico é levar em conta a unidade indivíduo-sociedade por meio do noção de um processo de interação reciproca entre o homem, com suas potencialidades, e o ambiente Físico e social. Nos clássicos manuais de Psicologia da Educação, o Desenvolvimento tem sido definido de forma fragmentada e abstrata, sem vinculação com a realidade social das crianças e adolescentes. Desenvolvimento é todo o conjunto de variações que se manifestam em um indivíduo por força de disposições interiores e da ação do ambiente. Também pode ser descrito como a serie de mudanças ocorridas no organismo tomo resultado de aprendizagem e cios influêncics ambientais. (RODRIGLES, 1976, p. 16) AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO As diversas teorias psicológicas do Desenvolvimento e suas ênfoses DA CRIANÇA nos diversos aspectos do desenvolvimento - cognitivo, afetivo,, psicomotor e 37 social. acabam por fragmentar a compreensão do sujeito em sua totalidade. A Psicologia "tradicional" concebe a infância de forma fragmentada, abstrata, única e universal, não considerando que ela deve ser definida socialmente, vinculada à suo realidade social. Cada criança, como ser singular, possui características e ritmos próprios de desenvolvimento, embora existam padrões universais inerentes ao desenvolvimento infantil que são inegáveis, ainda que o universo cultural seja diferenciado, que é o que nos torna humano. O que revela a possibilidade da avaliação é exatamente aquilo que durante muito tempo serviu para justificar as diferenças, o fracasso e as dificuldades escolares: a questão do erro, mas não o erro que 'sublinha em vermelho" e evidencia incapacidade, e sim o que revela e indica caminhos. Galeano (1994) assim expressa o sentido do erro na vida, no crescimento: 'Pato relembfar A Psicologia histórico-cultural é a denominação da teoria construido por Vigotsk y que teve início o partir das décadas de 20 e 30 e pressupõe a interação ativa suieito-objeia O se concretizo na fi;osafio marxista. É caracterizada pelo létodo dialética, que subentende a luta dos contrários que implico imo concepção de homem como ajeito concreto considerando sua especificidade e singularidade. Nos trabalhos das psicólogos soviéticos Vigotski, Leantiev, luria. Rubinstem e outras ó que encontramos os origens da abordagem histórico-cultural do Psicalogm. AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 38 Ocorreu no tempo dos noites longas e dos ventos de gelo: certa manha floresceu o jasmim do Cabo, e no jardim da minha casa, o ar frio impregnou.se de seu aroma, e nesse dia também o ameixeira floresceu e os tartarugas despertaram. Foi engano, e durou pouco Mas graças a este erro. o jasmim, a ameixeira e as tartarugas puderam acrec.ttor que alguma vez o inverno terminará. Eu também (GALEANO, E ,1994, p.35), Mas, afinal, o que sente uma criança quando é avaliada? O que sente um adulto? Sentimos que aprendemos? Que nos desenvolvemos? Ou sentimos a violenta arbitrariedade daqueles que avaliam nosso desenvolvimento e aprendizagem? Ou quem sabe podemos dizer como Manoel de Barros (2003) que gente descobre que o tamanho dos coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas" e não com a metragem da quantidade que sacramento o que foi acumulado, que classifica, seleciona e exclui. Então vejamos como podemos articular avaliação e desenvolvimento. A Psicologia histórico-cultural,' ao abordar a questão da periodização do desenvolvimento define que o estudo do desenvolvimento psicológico deve partir da análise do desenvolvimento da atividade da criança tal como ela se processa nas condições concretas de sua vida. Como já vimos, de acordo com as idéias de Vigotsky, o estudo do desenvolvimento psicológico deve partir da análise do desenvolvimento da atividade da criança tal como ela se processa nas condições concretas de sua vida. Na concepção vigoiskyana, qualquer periodização deve levar em conta as mudanças na atividade integral da criança, considerando que o desenvolvimento psicológico é marcado por conflitos e pela alternância entre períodos estáveis e críticos. Ora, dessa formo, podemos então afirmar que a avaliação do desenvolvimento infantil deve partir primeiramente da consideração do contexto social e das condições concretas de vidodo criança. O olhar de quem avalia também precisa ser despido de preconceitos e prejulgomentos. Há que desconstruir representações que denunciam o caráter estigmatizanie da avaliação, que ainda se baseio em um modelo psicamétrico. É preciso romper com os clássicos modelos de avaliação do desenvolvimento infantil baseado, por exemplo, em exclusivas fichas de acompanhamento, que muitas vezes, se tornavam meras formalidades das quais os professores "querem logo se livrar". Acreditamos que, se investirmos na observação como urna das grandes aliadas nesse processo, podemos, de fato, acompanhar o desenvolvimento da criança. Os exames piagetianos também constituem em referência para situações de avaliação do desenvolvimento cognitivo e para outros aspectos do desenvolvimento também explorados por Piaget e nem sempre relevados, a exemplo do desenvolvimento moral, social. A perspectiva de Vigotsky também traz possibilidades de olhar para o desenvolvimento infantil em sua totalidade, não mais fragmentando seus aspectos para serem submetidos à avaliação e, ainda, considerando a inevitável relação do desenvolvimento com a aprendizagem. No análise dos procedimentos de avaliação, que serão apresentados a seguir, é que a materialização do como avaliar se constitui. AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 39 AVALIAÇA0 DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 40 CAPÍTULO IV PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL: ALGUMAS POSSIBILIDADES - - --, ) r- - ri N ••r -• .. , .t?" 1?1U'i\''' f( !1 ?4 , iiill 00 .. ,,,t. " 'V 'r "'- -; .5). e, • , 47 • • , ,',.. • .--- i ,-..v,. • • ,-'' r t ■,5,. .. --, i .P .-- 4_7%t•-i'—' \lir '" ....- . .., ... • 1W . . 11 ( 1 ... —.4.,— .• .. a , ,. 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Examinar atenta, minuciosamente, a(s) pessoa(s) e/ou o ambiente que o cerca(m) Não há dúvida de que a observação é o caminho mais adequado para nos aproximarmos dos fatos, quando queremos examiná-los em seu contexto natural. Dessa Forma, indivíduos, situações, grupos de outras sociedades e culturas soam mais familiares do que pessoas e situações de nosso próprio meio, sociedade. O familiar com as relativizações necessárias é cada vez mais objeto relevante de investigação para uma Antropologia preocupada em perceber a mudança social não apenas na instância das grandes transformações históricas, mas como resultado acumulado e progressivo de decisões e interações cotidianas. AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 43 Educação do olhar da observação É preciso aprender a olhar A prática do uso da observação implica o ato de olhar para si e paro o outro. Só posso observar o outro, seu comportamento, suas atitudes e seu desenvolvimento se percebo meu próprio movimento, minhas dificuldades, meus saltos, minhas possibilidades. Oportuno trazer à tona o que diz o historiador Eduardo Galeano sobre o sentido do olhar, já que o faz de formo tão especial: Diego não conhecia a mar... O pai, Santiago Kovadloff, levou.° paro que descobrisse o mar. Viajaram paro o sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altos, esperando. Quando o menino e o pai finalmente alcançaram aquelas alturas de areia depois de muito caminhar, o mor estava no frente de seus olhos. E foi tonta a imensidão do mor, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:. papai, me ajuda a olhar... E o intervenção do observador que vai fazer emergir uma análise que vai além da mera reprodução da imagem. Como nos diz Barthes (1984), ao fazer uma discussão sobre fotografia, é preciso uma correlação entre a câmara clara, em que o imagem é copiada pelo mão do homem, e a câmara escura, em que ela é reproduzida mecanicamente sem a interferência humana. A observacão não poce ser apenas um registro documental„ urna espécie de arquivo morto que nada mais alterará naquele cenário ou naqueles atores. Parece ser esse o chamamento de Bergson: ONDE HOUVER UMA CONTRADIÇÃO, FAÇA UMA REDESCRICÃO! MUDE A PERSPECTIVA DE OBSERVAÇÃO, TROQUE AS PREMISSAS DOS RACIOCÍNIOS, EXPLICITE OS ACORDOS TÁCITOS QUE FUNDAM AS CONCLUSÕES CONSENSUAIS E, POR FIM, SUBMETA SUA OPINIÃO À DOS OUTROS NO MÍNIMO, O QUE PARECE SEM SENTIDO GANHA UM NOVO SENTIDO: NO MÁXIMO, RECUPERAMOS O TONUS DA VONTADE DE SENTIR, PENSAR, JULGAR E AGIR EM LIBERDADE. (BERGSON) Como sabemos, a constituição da ciência pressupõe método. O AVALIAÇÃO DO método cientifico pressupõe padronizações, controle, sistematização, DESENVOLVIMENTO acompanhamento e avaliações. As teorias do desenvolvimento humano em DA CRIANÇA especial se utilizaram sobremaneira da observação. Sem ela, não se teoriza a realidade, não se explicam os fatos nem se estabelecem os relações. 44 É. portanro, por meio da observação que as teorias psicológicas Foram construídas, que o conhecimento científico se constitui Vale dizer: o observação deve ser urna aliada no processo de avaliação do desenvolvimento infantil. Segundo Zabala (1998, p.149), "não há ação educativa que possa ser mais adequada do que aquela que tenha na observação da criança a base para o seu planejamento". A observação também é de suma importância para o planejamento dos atividades, tendo como sustentação o interesse e as necessidades ia:latis. As noções de observação e avaliação se articulam, já que avaliar é comparar o que se observa com outra coisa ou outra criança. Vayer, P. Coelhos, M.H.(1989) apontaram que o observação é aspecto importante do papel do edFcador, pois ela é que permite compreender o que se passa com a criança. a observação e a avaliação que permitem ao educador ajustar- se a urna situação e a urna relação educativa, em permanente movimento e evolução." (VAYER, P. COELHOS, M.H.,1989, p. 13) Os modelos de fichas de registro de dados de observação da criança podem trazer limitações e interferir no processo de avaliação se não forem cuidadosamente elaborados, mas são necessários para o acompanhamento do desenvolvimento infantil. Observar já não e uma tarefa fácil e o registro dos dados precisa ser anatado para que cumpram sua função na avaliação Na medida em que o tempo posse'', até mesmo os (=tareies do pasta excederam o limite no qual minha merriáiia pudesse auxiliar me o localizar qualquer informação rapidamente Deste modo invente. um sistema de índexoção rudimentar: urna página com três colunas, contendo para cada entrevista ou observação: a data, a pessoa ou grupo entrevistado ou observado, e um resumo da entrevista ou observação, Este indice tomava de três a oito pagines. Quando foi necessário revisai as anotações ou redigi' a pedir delc.is, cinco ou dez minutos de manuseio eram suficientes para danme um quadro razoavelmente completo do que eu linho, e onde qualquer irem podia sei localizada. (VELHO, Gilberto. to. Berremon, Boitennou, 19801 As fichas de registro das observações podem seguir um modelo padrão, mas o que se sugereé seja feita uma adaptação ao contexto estudado. Um modelo de protocolo de observação indicado por Danilo e Matos (2006) abrange os seguintes indicadores de análise: objetivo da observação; data e horário da observação; diagrama da situação; relato do ambiente físico; descrição do sujeito observado; relato do ambiente social e o registro propriamente dito Um quadro, com os aspectos a serem observados nas crianças de educação infantil, foi apresentado por Vieira (1978) OMEP; Brasil (1978), p.47 Vale o pena ler e pensar um pouco sobre os aspectos apresentados nesse quadro, com quase 30 anos de publicação. AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 45 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 46 Aspectos a serem observados no comportamento da Manta na Pre-Eicols Com o Professor No Rotinas Nas Ativi• Na grupo de dades Cria- Interpores dome Na vida Fe• miliar Aceita: E dependente; Demonstra in. I E aceita no E encoraiado com reservas, sem reservas. E independen- te; teresse nas tarefas; grupo; Participa es- N408 pais nas suas inicia- Inibe-se; Toma ini- Inicia e com , ponteneamen- tivss: Recusa: inativas: pleta as treta" te; DeRIOTIEta in Desafia: Atende e propostas: Exige grande teresse, a !- Trabalha in. executa ordens; Planeja mas estimulo para siduidade es• dependente do professor; E pontual, as. não executa as tarefas pia- participar; Participa mai colar, Cede seus Responde sidue; nejadas; pequeno es • direita aos ir- prontamente Demonstra Omite-se a timulo; mácê; quando so - habilidade execução de Efetua ami- Reparte brin. licitada; segura em: qualquer ledes Caril- quedas: Demonstra. por manifestMes, se nt i In e n t os t I is Lar a' habilidades onstatattas tarefa: Apresenta crescimento mente, Assume res• ponsabilidades: Aceita a am• bivaléncio afetiva dos afetivos para É lenta na continuo do Suporta de. pais para com com o profas. execução das vocabulário: ftapontamentes os outros fi . sor. mtinas: Interessa-se sem exageros lhos: É completa- por noves ex- emocionais; Atende- se mente insbil perièncias A judo aos razoavelmente na execução de criativas; companheiros em suas nects qualquer Resiste e em tarefas; sidttdes: habilidade. t:08 4; expe. Aceite leves Sai e retorna riéncia.s, com cri tle85 dos paru o lar nor- as quais não tem habili• companheints, Cede vez. oh- malmente, Propõe-se dade, Realiza as tarefas em tempo ra- jato, lugar corri fFinliciude. ajudar em pequenas tarefas f. miriares. 7PaVel. E ordenada opile e durante a execução da tarefa. É importante o registro das situações. dos comportamentos, do desenvolvimento em geral da criança. O que é preciso é não perder o foco ; considerar o desenvolvimento humano em sua totalidade. evitando análises frogmenlocias e descontextualizados. 4.2 - Dos exames piagetianos No final da década de 60, as idéias de Jean Piage.t sobre desenvolvimento intelectuol comecarnm a ser conhecidas e discutidas. Possa assim o ter papel central no processo de ensino-aprendizagem da ciência, numa perspectivo cognitivista. Como observa Rappoporr (1981, p.56), os exames piogetianos avaliam como o indivíduo elabora e assimila suas interações com o meio, isso porque a visada conquista do equilibração do organismo reflete as elaborações possibilitadas pelos níveis de desenvolvimento cognitivo que o organismo detém nos diversos estágios da sua vida. As provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição de (Algumas noções chave do desenvolvimento cognitivo, destacando-se c nivel operatório do pensamento da criança, ou seja, o nível da estrutura cognoscitiva com que opera. Essas provas se propõem avaliar diversos tipos de conhecimento Existem conjuntos de provas descritas, visando analisar o conhecimento lógico-matemático na criança, a construção da noção de tempo. de velocidocle, do espaço, da relação todo-parte, entre outros Á medida que a influência cognirivista foi se ampliando na base dos estudos piagetianos, considerando fases de operações lógicas pelas quais o aluno passa em uma ordem que vai do sensório-motor (18 meses), pré- operacional (até 7 anos), concreta operacional (dos 7 aos 11 anos) até o formal operacional (dos 11 até os 15 anos), passa-se então essas fases a -serem aferidas por meio dos exames piagetionos„ obtendo uma leitura do estágio de desenvolvimento do aluno e de ativação do progresso ao longo desses estágios e do ciclo de aprendizado. Em todos os estágios, a construção da inteligência se dá pela atividade, e essa construção é entendida em termos de significação. A inteligência constrói significações, dá significado ao mundo. A significação é dada na interação do sujeito com o meio (Físico, social e simbólico) quando coloca em ação seu sistema de significações. Por essa ação. o sujeito transforma o meio e mediante as transformações que efetua, transforma-se si mesmo, ou seja, há um continuo processo .de construção, auto-regulação e auto-equilibração. No desenvolvimento das estruturas de conhecimento, a criança possa de um nível de interação sensório-motora poro um nível de representações operatórias. O nível de interação sensório-motora é marcado pelos limites da percepção e pela ação imediato, ou seja, a ação ocorre na presença do objeto Conhecer o estágio cognitivo em que a criança se encontra significa saber como essa criança imagino ou representa o objeto; como conhece e age sobre esse objeto paro transforma lo e para descobrir os leis que regem suas transformações. As provas piageticmas oportunizam a avaliação de como essa crianço interage com o objeto, não sendo possível treinar a AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANCA 47 criança para responder a ela, mas, sim, verificar qual o tipo de resposta apresentada, não sendo essa considerada certa nem errada, mas o representação interna de cada um. Por exemplo, de posse de um ramalhete de flores, com rosas, margaridas e cravos. o indivíduo com o grupamento lógico-matemático já amadurecido, é capaz de identificar as características de cada urna dessas flores, o que lhe capacita a dizer que um cravo pertence à classe dos cravos. Pode dizer, com base na relação entre as rosas, que existem rosas mais e menos abertas, perfumadas; que o ramalhete comporta mais flores do que margaridas, visto que apenas algumas flores são margaridas. Enfim, pode efetuar inserções, substituições, separações, comparações, etc, Além disso, pode concluir que, se existem mais rosas do que cravos, obviamente existem menos cravos do que rosas (reciprocidade), que se foram incluídas duas rosas e em seguida retiradas duas rosas, continua o existir a mesma quantidade original de rosas (anulação); que, se a soma das margaridas com os cravos resulta em um total de dez flores e. em seguida, deste total são retiradas todas as margaridas, serão obtidos todos os cravos (inversão). Enfim, se forem realizadas várias operações e, em seguida, uma a uma forem desfeitas, se volta ao estado inicial (identidade). Do mesmo modo, em se tratando das interações sujeito-sujeito, pode- se dizer que, quando alguém diz que "ajuda outro alguém", significa que ele não ajuda todo mundo, ou seja, antes há um processo de classificação; do conjunto da classe "todo mundo' ela distinguiu a classe "alguém". Implicitamente, nesta frase, há admissão de que se "ajuda mais a esse alguém" do que a outras pessoas, portanto há um processo de seriação. Esses exemplos ilustram a natureza operatório da estrutura cognitivo e, em particular, quando emprega o grupamento lógico-matemático. A construção desse grupamento vai aos poucos sendo organizada em sistemas que dão conta de domínios específicos, mas que operam de maneira similar e visam a manter o equilíbrio da estrutura como tal, além de ampliá-la e enriquecê-la, conservando-a. Assim, vistos as operações,elas tanto são resultado da estrutura dos grupamentos operatórios, como sua composição também gera uma estrutura com as características dos grupamentos. Neste sentido, Piaget conceitua um grupamento como um sistema de operações tal que o produto de duos operações da sistema seja ainda uma operação do sistema; tal que cada operação comporta um inverso; tal que o produto de uma operação direto e seu inverso eqüivale a uma operação nula ou identica; tal que os operações elementares estejam associadas e tal que, enfim, uma operação composta com elo mesmo não seja modificada por esta composição IPIAGET 1973 p. 97) Um grupamento é, então, uma estrutura intermediária entre o grupo AVALIAÇÃO DO e o reticulado (que até hoje nunca foi completamente formalizado sem DESENVOLVIMENTO penalizar a idéia original de Piaget). DA CRIANÇA No que tange aos aspectos matemáticos, a estrutura utilizada para realizar as operações é a de grupos; no que tange a aspectos lógicos, é a 48 de grupamentos Então, o mais correto é dizer que a estruturo operatória do indivíduo já amadurecido é composta pelos grupamentos e pelos grupos. São cinco as normas operatórias, contudo apenas as quatro primeiras se referem aos aspectos matemáticos, e todas as cinco se referem el lógica [Piaget 1977], 1. A Operação Direto ou Composição : dois elementos de um grupamento podem ser compostos entre si, dando origem a um novo elemento do mesmo grupamento duas classes diferentes podem ser reunidas numa classe de conjunto que as contenha; duos relações A<B e B<C podem ser juntadas numa relação A<C que as contenha Têm- se x + x = y; y 4- y = z; etc. Esta primeira condiçõo, do ponto de vista psicológico, exprime a coordenação possível das operações e o possibilidade de construir; 2, A Operação Inversa ou Reversibilidade : todo transformação é reversível, ou seja, duas operações reunidas podem ser dissociadas. As provas consistem em apresentar um material previamente organizado para o sujeito e propor atividades em que pode ser observada sua estrutura cognitiva em ação O material necessário para a aplicação das provas piagetianas em crianças, com o objetivo de avaliação cognitiva: 1-dez bastonetes de madeira, em tamanho distinto, para a prova de sedação; 2- dois fios de cores diferentes, para a prova de conservação do comprimento; 3- um ramo de flores, de dois tipos, um em maior quantidade que o outro, (para a prova de inclusão de classes) 4- dois vidros de igual tamanho e diâmetro, um vidro mais alto, com diâmetro menor do que os anteriores ; quatro vidros mais baixos com diâmetro menor que o dois primeiros. (todos serão utilizados nas provas conservação de líquido e volume); 5- um vidro de anilina em pó paro colorir a água das provas de conservação de quantidade de líquido e volume); 6- uma caixa de massa plástica (paro a prova de conservação de quantidade de matéria, peso e dissociação peso /volume); 7- um pote com tampa, para acondicionar a massa plástica depois de usada; 8- um conjunto de vinte fichas de emborrachado, sendo dez de uma cor e dez: de outra, para os provas de conservação de quantidade descontínua e combinatório; 9- um conjunto de fichas de material emborrachado ( círculos e quadrados em tamanhos e cores distintas ) para a prova de dicotomias; 10- um conjunto de fichas de material emborrachado ( quadrados e círculos de mesmo tamanho e cores diferentes )para a prova de intersecção; 11- uma placa emborrachado para a prova de intersecção, que também pode ser usada na prova de sedação, como anteparo. AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 49 Esse material conhecido como "não estruturado'', alem de servir a essas provas piagetianas, também é consumido num maior tempo cognitivo pelas crianças, que podem utilizá-lo de forma criativa em virtude de sua plasticidade, ou seja, não tem forma definida ; serve a vários construções. Um exemplo das provas operatórias: PROVA DAS 'FICHAS (ou conservação das quantidades descontinuas, ou conservação de pequenos conjuntos discretos) TÉCNICA Material: dez fichas vermelhas e dez fichas azuis, confeccionadas em papel comum, formato 2x2 cm (as fichas podem ser substituídas por quaisquer objetos que sejam familiares à criança„ tampinhas de garrafa, balas em forma de cubo, etc., observando que cada coleção deve possuir cor diferente, mas forma e tamanho iguais). Desenrolar da prova: Primeira situação: o entrevistador apresenta o material e solicita que a criança escolha para si um dos grupos (azuis ou vermelhas) de fichas. A seguir, dispõe sobre a mesa sete de suas fichas enfileiradas e pede à criança que ela componha uma coleção numericamente equivalente com as fichas que possui: "Ponha a mesma coisa com as tuas fichas... o mesmo tanto... igual... nem mais nem menos. Para cada uma das minhas fichas, ponha uma das tuas. Vamos fazer-de-conta que essas fichas são balas. Se fôssemos comer, eu e você teríamos que ter o mesmo tanto; igual". Observe que se evita empregar a palavra "número", de forma que não induza a criança a contar as fichas. Anotar a conduta da criança. Se a criança não conseguir colocar suas fichas em correspondência termo-a-termo (biunivoca), colocando, por exemplo, seis ou oito fichas, o entrevistador deve compor ele próprio a coleção e assegurar-se de que a criança aceita a igualdade, para somente depois prosseguir. E dada aqui uma formo de interrogatório. Fique claro que este deve adaptar-se a cada caso individual, especialmente no que se refere à compreensão pela criança das palavras empregados para se referir às quantidades. Insistimos no fato de que as idades assinaladas não têm senão um valor indicativo e que, conforme as populações e o sistema escolar, há variações no que se refere às idades em que as condutas aparecem. A análise irá apresentar o nível operatório do sujeito e sua correlação com uma faixa etária. Os resultados são obtidos por meio da análise das respostas que podem ser agrupadas da seguinte forma: Nível 1, indica ausência total da noção, ou seja, não atingiu o nível operatório neste domínio; AVALIAÇÃO DO Nível 2, indica que as respostas expressam instabilidade em relação ao DESENVOLVIMENTO tipo de operação apresentado; DA CRIANÇA Nível 3, indica a aquisição do nível operatório no domínio testado. 50 As provas de conservação implicam conservação da quantidade da matéria, são realizadas com massa de modelar. A princípio se apresento urna igualdade inicial seguida de madificoção de elemento (acliatornento ou alargamento). Também são realizados provas de conservação da quantidade de líquidos com recipiente mais fino, mais largo, baixo, alto. As provas de conservação de superfície são reolizz.id(s (rei-ri cartões e provcreados par modifrcacão espacial. A conservação de peso é•aveliada mediante massa de modelar, de c-ores diferentes cada uma, cujo tamanho posse fazer duas bolas de aproximadamente 4 cm n de diâmetro, urna balanço com dois pratos cujo leitura seja pela posicão dos braços. Já a conservação de comprimento é feita por mero de barbontes ou de corrente, um de aproximadamente 10cm, e outro de aproximadamente 15crre Nos provas de classificação. a criança é convidada a organizar coleções, separando seus elementos segundo alguns critérios ou atributos (cor, tamanho,. posição, forma), estabelecendo, nesse conjunto, I elocaes de equivalê:nein, propriedades de simetria, reflexividade e transitividade. A ação mental, que implica a classificação de coleções em classes de conjuntos, serve de base para a construção do conceito de número. Na atividade que comporta sedação, ao organizar uma coleção de abjetos, estabelece,se urna relação de ordem no conjunto, dotada de plopriedodes de onli -sirnetrio t-ore,.itividade A criança, ao orgorii7ar urna fila pela tamanho, estará coordenando todos os elementos segundo a ordem predeterminada, em que cada um é menor Iou maior) de que aquele que
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