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Disciplina Parasitologia Apresentação Parasitologia é a ciência que estuda os parasitos de interesse em medicina humana, com ênfase naqueles que têm importância epidemiológica no Brasil. Nesta disciplina, conheceremos os helmintos, protozoários e seus vetores, ectoparasitos artrópodes. Entenderemos a relação parasito-hospedeiro, bem como seus mecanismos de agressão e defesa. Analisaremos também os aspectos epidemiológicos das infecções parasitárias e compreenderemos os métodos atuais de diagnóstico laboratorial parasitológico e imunoparasitológico. Por �m, compreenderemos a patologia, o tratamento e a pro�laxia para cada doença parasitária. Objetivo Identi�car os mecanismos imunopatogênicos desencadeados pelo hospedeiro; Descrever os fatores envolvidos na epidemiologia das infecções e infestações parasitárias; Analisar a �siopatologia, o diagnóstico e o tratamento das parasitoses, bem como o mecanismo de transmissão e sua pro�laxia. Conteudista Zumira Aparecida Carneiro Currículo Lattes Validador: Mildred Ferreira Medeiros javascript:void(0); Parasitologia Aula 1: Relação parasito-hospedeiro Apresentação Nesta aula, estudaremos a relação entre os parasitos e os hospedeiros e o conceito de parasitismo e doença. Veremos também importância do sistema imunológico e do estado nutricional do hospedeiro, a necessidade dos estudos epidemiológicos nas doenças parasitárias e conceitos como ciclos biológicos dos parasitos. Além disso, analisaremos parasitos facultativos e obrigatórios, parasitos monóxenos e heteróxenos, hospedeiro de�nitivo e intermediário, vetor e tipos de ciclos biológicos. Por �m, compreenderemos a patologia, o tratamento e a pro�laxia para cada doença parasitária. Objetivo Reconhecer a importância do estudo de parasitologia; Descrever a classi�cação dos parasitos; Identi�car as formas de transmissão dos parasitas. Introdução à parasitologia A parasitologia é uma ciência que estuda as relações entre o hospedeiro (aquele que abriga) e os parasitos. Os parasitos são aqueles que dependem do hospedeiro para viver, causando-lhe injúrias e prejuízos que podem afetar seu desempenho orgânico, físico e mental e até levar à morte. Podem viver no interior ou exterior do seu hospedeiro e podem, ou não, ter mais de um hospedeiro para completar o seu ciclo de vida. Qual a importância de estudar parasitologia? Clique no botão acima. Qual a importância de estudar parasitologia? As doenças parasitárias evoluíram com os humanos e continuam em constante evolução. Podem impactar a vida de uma comunidade inteira, assim como a malária fez na África, mudando o per�l sanguíneo da população que precisava sobreviver às recorrentes infecções. Atualmente, o estudo da parasitologia vem ganhando destaque, principalmente devido ao movimento de globalização, pois doenças que antes não ocorriam em determinada região passaram a fazer vítimas. Dessa maneira, novas fronteiras epidemiológicas estão se abrindo e o estudo da parasitologia humana se faz cada vez mais necessário para o diagnóstico e tratamento adequado dessas parasitoses. Mesmo os países desenvolvidos que apresentam grande avanço tecnológico, alto padrão educacional, boa nutrição e boas condições sanitárias, estão sujeitos a doenças parasitárias. E é claro que países onde a população tem condições precárias de higienização e de nutrição estão mais propensos à contaminação por parasitoses. Em geral, esses países encontram-se em zonas tropicais, que possuem elementos ambientais, como a temperatura, que ajudam na propagação de muitas parasitoses. Exemplo A Doença de Chagas é um bom exemplo, pois, por 9.000 anos, �cou restrita às populações da América do Sul, mas hoje ganhou regiões como o norte dos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Formas de transmissão dos parasitas O parasita é capaz de se reproduzir disseminando seus ovos, e estes costumam infectar outros hospedeiros, dos quais eles retirarão seus meios de sobrevivência por meio do parasitismo. Veja as formas como são transmitidos: Entre os seres humanos, através do contato pessoal ou do uso de objetos pessoais e pelas mãos sem a devida higienização; Por meio da água e alimentos contaminados com ovos ou cistos; Pela poeira; Pelo solo e água contaminados por larvas. Classi�cação dos parasitas A parasitologia abrange o estudo de parasitos de importância médica e veterinária que são classi�cados em grandes grupos. Os principais são: PROTOZOÁRIOS HELMINTOS ARTRÓPODES Exemplos de protozoário (Giardia lamblia), helminto (Enterobius Vermicularis) e artrópodes (Piolho) | Fonte: shutterstock Classi�cação das relações Independentemente do hospedeiro a ser contaminado, o parasito tem como objetivo sobreviver, se multiplicar e se propagar para outros hospedeiros, garantindo a manutenção da sua própria espécie. Portanto, um parasito ideal é aquele que está em constante evolução com o seu hospedeiro, que não causa danos letais ou provoque doenças severas, evitando, assim, colocar a vida do hospedeiro em risco, já que isso levaria à extinção do próprio parasito, que não teria tempo hábil para se multiplicar e se expandir. Podemos classi�car as relações entre os seres vivos inicialmente em dois grupos: Relações harmônicas ou positivas Ocorrem entre organismos de espécies diferentes. São elas: 1 Mutualismo Íntima associação, benefício mútuo e associação de protozoários e bactérias no rúmen dos bovinos. 2 Comensalismo Uma das espécies obtém vantagens sem prejudicar a outra (hospedeiro), como, por exemplo, Entamoeba coli no intestino grosso do homem. 3 Simbiose Associação entre seres vivos, na qual há troca de vantagens em tal nível que esses seres são incapazes de viver isoladamente. 1 Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Relações desarmônicas ou negativas Clique nos botões para ver as informações. http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0139/aula1.html Trata-se de uma relação desarmônica em que exemplares da mesma espécie (competição intraespecí�ca) ou de espécies diferentes (competição interespecí�ca) lutam pelo mesmo alimento ou abrigo. A competição é um importante fator de regulação do nível ou número populacional de certas espécies, como, por exemplo, moscas Calliphoridae e Sarcophagidae. Competição Quando um animal mais ativo ou mais forte se alimenta de outro menor ou mais fraco da mesma espécie ou da mesma família. É uma associação desarmônica que quase sempre ocorre devido à superpopulação e à de�ciência alimentar no criadouro. Canibalismo Quando uma espécie se alimenta de outra espécie, de forma que a sobrevivência de uma dependa da morte da outra (cadeia alimentar). Predatismo Trata-se da relação ecológica desenvolvida entre indivíduos de espécies diferentes em que se observa uma associação íntima e duradoura, uma dependência metabólica de grau variável, em que o hospedeiro é espoliado pelo parasito, fornecendo alimento e abrigo para este. É o caso, da Entamoeba histolytica, no intestino grosso humano. Parasitismo Critérios de classi�cação Os parasitas podem ser classi�cados segundo vários critérios: Clique nos botões para ver as informações. Monóxenos ou monogenéticos Realizam os seus ciclos evolutivos em um único hospedeiro. Exemplos: Ascaris lumbricoides (lombriga) e Enterobius vermicularis (oxiúrio). Heteróxenos ou digenéticos Só completam os seus ciclos evolutivos passando pelo menos em dois hospedeiros. Exemplos: Schistossoma sp e o Trypanosoma cruzi. Quanto ao número de hospedeiros Ectoparasitas Localiza-se nas partes externas dos hospedeiros. Exemplos: sanguessuga, piolho, pulga etc. Endoparasitas Localizam-se nas partes internas dos hospedeiros. Exemplos: tênia (solitária), lombriga, esquistossomo etc. Quanto à localização nos hospedeiros Unicelulares Possuem uma única célula que apresenta o núcleo organizado, ou seja, está separado do citoplasma pela membrana nuclear. São, portanto,organismos eucariontes. Exemplos: protozoários. Pluricelulares Organismos formados por conjuntos de células semelhantes e interdependentes que desempenham uma ou mais funções. São, portanto, também, organismos eucariontes. Exemplos: helmintos. Quanto ao número de células Características biológicas Veja as principais características biológicas dos parasitos: 1 Capacidade reprodutiva Produção de grandes quantidades de ovos, cistos ou outras formas infectantes. 2 Tipos de reprodução Reprodução mais fácil ou mais segura: hermafroditismo, partenogênese, esquizogonia, entre outros. 3 Tropismos Para facilitar a propagação, reprodução ou sobrevivência. Modalidades de parasitismo O parasitismo pode ser: Acidental Normalmente tem vida livre. Exemplo: Larvas de moscas. Facultativo Pode haver vida livre. Exemplo: Strongyloides stercoralis. Obrigatório Para completar seu ciclo, necessita ser parasita. Exemplo: Toxoplasma gondii. Habitat É o ecossistema, local ou órgão, onde determinada espécie ou população vive. Nesses locais, esses animais têm abrigo e alimento. O Giardia lamblia tem por hábitat o intestino delgado humano. | Fonte: shutterstock Principais tipos de habitat dos parasitos Aparelho digestório principalmente luz e órgãos anexos; Sistema vascular sanguíneo, temporário ou permanente; Sistema linfático; Pele; Aparelho respiratório; Aparelho geniturinário; Diferentes tecidos - Sistema Fagocítico Mononuclear (SFM). 2 Tipos de hospedeiros http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0139/aula1.html Clique nos botões para ver as informações. Hospedeiros intermediários Alberga formas imaturas ou assexuadas do parasito. Exemplo: Homem para o Plasmodium. Hospedeiros de�nitivos Alberga formas mais maduras, desenvolvidas ou sexuadas do parasito. Exemplo: Anopheles para o Plasmodium. Formas do parasito que o hospedeiro alberga Reservatório Garante a sobrevivência do parasito na natureza. Exemplo: roedores para o T. cruzi. Transmissão Vetores mecânicos Participa ativamente na transferência do parasito de um reservatório para outro. Exemplo: Moscas, baratas para cisto de protozoários. Vetores biológicos Participam ativamente na evolução do ciclo de vida do parasito. Exemplo: Triatomíneo para o T. cruzi. Função do hospedeiro Relação parasito-hospedeiro Existem diversos tipos de interação entre os parasitos e seus hospedeiros. Mas, com frequência, provocam uma resposta do sistema imunológico com diferentes resultados, como 1 Destruição do próprio parasito e cura da infecção; 2 Limitação da população parasitária, levando ao equilíbrio da relação; 3 Hipersensibilidade ou in�amação, podem levar à necrose do tecido em torno. Nem sempre a presença de um parasito em um hospedeiro indica que está havendo ação patogênica do mesmo. Em geral, os distúrbios que ocorrem são de pequena monta, pois há uma tendência de haver um equilíbrio entre a ação do parasito e a capacidade de resistência do hospedeiro. Dessa forma, vê-se que a ação patogênica dos parasitos é muito variável, podendo ser dos seguintes tipos: Ações Patogênicas Clique no botão acima. Ações Patogênicas Ação espoliativa Parasito absorve nutriente ou sangue do hospedeiro, podendo, inclusive, deixar pontos hemorrágicos na mucosa após a sucção. Exemplo: Ancilostomíase. Ação tóxica Algumas espécies são capazes de produzir enzimas ou metabólicos que podem causar lesões no hospedeiro. Exemplo: Ascaridíase. Ação mecânica Algumas espécies são capazes de impedir o �uxo de alimento, bile ou absorção alimentar. Exemplo: Giardíase. Ação traumática Provocada, principalmente, por formas larvárias de helmintos, embora vermes adultos e protozoários também sejam capazes de fazê-lo. Exemplos: Migração cutânea e pulmonar pelas larvas de Ancylostomatidae; Úlceras intestinais provocadas pelos Ancylostomatidae e Trichiura; Rompimento das hemácias pelos Plasmodium. Ação irriativa Alguns parasitos têm a propriedade de sensibilizar o organismo humano, causando fenômenos alérgicos. Neste caso, a ação irritiva ocorre quando há a presença constante do parasito que, sem produzir lesões traumáticas, irrita o local parasitado. Exemplo: Ação das ventosas dos Cestoda ou dos lábios dos A. lumbricoides na mucosa intestinal. Ação enzimática Acontece quando cercárias de S. Mansoni penetram na pele para obter alimentos assimiláveis ou quando há ação da E. histolytica ou do Ancylostomatidae para lesar o epitélio intestinal. Exemplos: Como vimos na de�nição, cercárias de S. Mansoni na pele ou a E. histolytica ou Ancylostomatidae no intestino. Anóxia Falta de oxigênio ou estado de oxigenação insu�ciente dos tecidos. Qualquer parasito que consuma o O2 da hemoglobina, ou produza anemia, é capaz de provocar uma anóxia generalizada. Exemplo: Plasmodium ou infecções maciças causadas pelo Ancylostomatidae. Mecanismo de defesa do hospedeiro Há dois tipos de barreiras que protegem o hospedeiro contra os parasitas: Clique nos botões para ver as informações. Anatômicas ou �siológicas - pele, pH cutâneo; secreção mucoide; movimentos ciliares; secreção lacrimal; suco digestivo. In�amação – fagocitose; secreção de citocinas inespecí�ca; Interferon (IFN). Sistema complemento - efetuador da resposta imune especí�ca. Barreiras inespecí�cas Imunidade - resposta humoral/anticorpos; resposta celular/citocinas. Barreiras especí�cas Epidemiologia Trata-se da ciência que estuda a distribuição de doenças ou enfermidades e de seus determinantes (fatores de risco) em uma população. E quais são os objetivos dos estudos epidemiológicos na parasitologia? Explicar as causas das parasitoses; Estudar a história natural das enfermidades; Descrever o estado de saúde da população; Avaliar intervenções ou programas de saúde. Relação epidemiológica Clique no botão acima. Relação epidemiológica Vamos analisar cada um deles por meio de esquemas. 1) Determinantes físicos O clima tropical favorece o ciclo de vida dos parasitos e seus vetores. 2) Determinantes biológicos Os fatores físicos, biológicos e sociais são fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou coletiva. Os hábitos sociais estão diretamente relacionados às parasitoses e não ao sexo. As crianças são mais susceptíveis às doenças parasitárias, devido ao seu sistema imunológico ainda em formação. Algumas características genéticas in�uenciam no mecanismo de defesa e as condições biológicas de cada indivíduo estão diretamente relacionadas à gravidade da doença causada por parasitos. 3) Determinantes sociais O saneamento básico precário cria um ambiente propício a muitas doenças parasitárias. A educação sanitária deve ser individual e coletiva, e esta deve ser trabalhada desde a primeira infância. Pro�laxia Trata-se da parte da medicina que tem por objeto propor medidas adequadas para prevenir ou evitar doenças Neste caso, os procedimentos de pro�laxia envolvem: Combate ao parasitismo; Tratamentos do doente (sintomático e assintomático); Saneamento básico; Educação sanitária. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Parasitologia Aula 2: Nematoides intestinais de importância médica Apresentação Os helmintos constituem um grupo numeroso de animais, incluindo espécies de vida livre e de vida parasitária. As ocorrências de helmintos no homem são muito comuns. Cerca de 20% da população humana do mundo está parasitada por ancilostomídeos, o que equivale a mais de 1 bilhão de pessoas. A situação é equivalente em relação ao Ascaris lumbricoides. Estas infecções, em geral, resultam, para o hospedeiro, em danos que se manifestam de formas variadas. Nesta aula, trataremos dos nematoides intestinais de importância médica: Enterobius vermicularis; Trichuris trichiura; Ascaris lumbricoide, Ancylostoma duodenale, Necator americanus, Strongyloides stercoralis. Vamos lá? Objetivos Descrever o ciclo biológico e as formas morfológicas doparasito, bem como os mecanismos de transmissão; Diferenciar aspectos �siopatológicos e os principais métodos parasitológicos para o diagnóstico laboratorial da parasitose; Explicar os tratamentos farmacológicos e a pro�laxia para as patologias causadas por nematoides. Você sabe o que são helmintos? Os helmintos ou vermes são ordenados em dois grandes grupos, apresentados em �los: Nematelmintos - vermes redondos; e Platelmintos - vermes achatados. Vamos focar nesta aula nos nematoides de importância médica, que são vermes com simetria bilateral, cilíndricos e alongados que apresentam aparelho digestório completo e não possuem aparelho circulatório. O desenvolvimento deles passa pelos seguintes estágios: ESTÁGIO EMBRIONÁRIO (OVO) ESTÁGIO LARVAL1 VERMES ADULTOS Os vermes deste �lo apresentam tamanho variável, de poucos milímetros a dezenas de centímetros, e dimor�smo sexual bem acentuado (fêmea e macho), sendo o macho menor do que a fêmea. Os machos podem apresentar a extremidade posterior recurvada ou uma bolsa copuladora, já as fêmeas apresentam a extremidade posterior retilínea. Morfologia da extremidade posterior do Ancylostoma duodenale, macho apresenta bolsa copuladora e a fêmea com extremidade posterior afilada. Fonte: Shutterstock Enterobius vermicularis. | Fonte: Shutterstock Enterobius vermicularis (oxiúros) - oxiuríase ou enterobiose http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0139/aula2.html O Enterobius vermiclaris é um parasito cosmopolita. Aproximadamente 209 milhões de pessoas se encontram infectadas em todo o mundo. A enterobiose tem maior prevalência em países temperados e alta prevalência em crianças com idade escolar. No Brasil, a distribuição geográ�ca do Enterobius vermicularis pode ser observada na �gura. Formas morfológicas Formas morfológicas A) Macho - Mede cerca de 5mm de comprimento por 0,2mm de diâmetro. Cauda fortemente recurvada em sentido ventral; B) Fêmea - Mede cerca de 1cm de comprimento por 0,4mm de diâmetro. Cauda pontiaguda e; C) Ovo - Mede cerca de 50mm de comprimento por 20mm de largura. Apresenta o aspecto grosseiro de um D. Enterobius vermicularis. Fonte: NEVES, 2011. Ciclo de vida Ciclo de vida O ciclo é monóxeno, onde o hospedeiro se infecta ingerindo ovo embrionado através de água ou alimentos contaminados ou, ainda, levando os ovos da região perianal à boca. O ovo depois de ingerido passa pelo suco gástrico e se desestrutura liberando a larva que tem como habitat o intestino grosso. Nele, as larvas passam para vermes adultos (macho e fêmeas). Após a cópula, o macho sai nas fezes e morre, as fêmeas repletas de ovos migram para a região anal para fazer a ovoposição (principalmente à noite). Ciclo de vida e forma de transmissão do Enterobius vermiculares. Fonte: NEVES, 2011. Patogenia e Profilaxia Clique nos botões acima. Patogenia e Pro�laxia Os sintomas são: O exame laboratorial indicado é o Método da �ta adesiva ou de GRAHAM: Tratamento Veja as medidas preventivas neste caso: Saneamento básico; Método da fita adesiva ou de GRAHAM. Fonte: Adaptado de NEVES, 2011. Educação sanitária; Lavar roupa e roupa de cama; Manter unhas cortadas. O medicamento utilizado para enterobiose é o Albendazol 400mg em dose única e é 100% e�caz. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Trichuris trichiura.| Fonte: Shutterstock Trichuris trichiura – Tricuríase A tricuríase também é um parasito cosmopolita e aproximadamente 604 milhões de pessoas se encontram infectada em todo o mundo. A tricuríase tem maior prevalência em regiões tropicais e subtropicais e alta prevalência em crianças com idade escolar. Acomete principalmente pessoas desfavoráveis socioeconomicamente. Formas morfológicas Formas morfológicas Vermes adultos Medem de 3 cm a 5 cm, possuem bocas sem lábios na extremidade anterior. O esôfago mede dois terços do corpo sendo �no e delgado e os órgãos reprodutores ocupam um terço é a porção alargada, terminando no intestino e ânus, conforma mostra a imagem. Vermes adultos de Trichuris trichiura. Fonte: SILVA et al., 2009. Ovo Apresenta um formato elíptico característico, com poros salientes e transparentes em ambas as extremidades, preenchidos por material lipídico. O habitat é o intestino grosso (ceco e colón) e podem sobreviver de 2 a 3 anos. Ovo do Trichuris trichiura. Fonte: Adaptado de NEVES, 2011. Ciclo de vida Ciclo de vida O Ciclo de vida do Trichuris trichiura é monóxeno (em um único hospedeiro) . Fêmeas e Machos realizam a cópula no ceco e a fêmea elimina os ovos nas fezes. Os ovos no meio ambiente tornam-se embrionados, passando de L1 para a L3 que é infectante. O Trichuris trichiura é considerado um geo-helminto, pois precisa do meio ambiente para desenvolver uma parte do seu ciclo biológico. O hospedeiro pode se infectar ingerindo água ou alimentos contaminados com ovos de Trichuris trichiura contendo a larva L3 do tipo �larioide. Os ovos são semidigeridos no estômago e eclodem no duodeno e migram para o ceco. Ciclo de vida e forma de transmissão do Trichuris trichiura. Fonte: Wikipedia. javascript:void(0); Patogenia e Profilaxia Clique nos botões acima. Patogenia e Pro�laxia Como não existe migração sistêmica das larvas Trichuris trichiura, as lesões provocadas pelo verme estão con�nadas ao intestino e os sintomas são gastrointestinais: O diagnóstico laboratório para tricuríase é por EPF (Exame Parasitológico de Fezes), onde se faz a buscar por ovos. Pode ainda se fazer uma colonoscopia para observar a presença de vermes na mucosa intestinal. Tratamento para tricuríase Veja como evitar a tricuríase: Destinação adequada aos dejetos humanos; Educação sanitária; Higiene das mãos e alimentos; Água Filtrada; 1. Infecção leve (até 1000 ovos), geralmente assintomática; 2. Infecção moderada (1000 a 9999 ovos), que causa dor de cabeça, dor epigástrica, diarreia e vômitos; 3. Infecção intensa (acima de 10000 ovos), que causa reação in�amatória, ulcerações na mucosa intestinal e sangramento (colite e apendicite); 4. Quadros de diarreia intermitente com presença abundante de muco e, algumas vezes, sangue; 5. Dor abdominal com tenesmo; 6. Anemia; 7. Desnutrição grave caracterizada por peso e altura abaixo do nível aceitável para a idade e; 8. Prolapso retal, algumas vezes. Prolapso retal causado por alta infecção na tricuríase. Fonte: NEVES, 2011. Exame Parasitológico de Fezes (EPF). Fonte: Adaptado de Do Nano ao Macro. javascript:void(0); Tratamento dos doentes e assintomáticos. O tratamento para tricuríase é o Albendazol 400mg em dose única. Pode ser administrado também Mebendazol 100mg em duas doses diárias por 3 dias consecutivos. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online A. lumbricoides enovelados. Fonte: SILVA et al., 2009. Ascaris lumbricoides - Ascaridíase Ascaridíase é uma parasitose de ocorrência mundial e há em torno de 1,5 milhões de pessoas infectadas. Por ser um geo-helminto, assim como Trichuris trichiura, necessita de condições climáticas e ambientais (embriogênese 27 - 30oC e 70% oxigênio). Formas morfológicas Formas morfológicas As formas morfológicas para Ascaris lumbricoides incluem: Vermes adultos Macho e fêmeas apresentam cor leitosa, vestíbulo bucal com três lábios e dentículos. A fêmea apresenta extremidade posterior retilínea e o macho apresenta a extremidade posterior recurvado com dois espículos. Ovos São brancos, medem cerca de 50mm de diâmetro, ovais e com cápsula espessa, em razão da membrana externa mamilonada (Figura 9C). Ponta, ferrão, aguilhão. (A) Verme macho (extremidade posterior recurvada); (B) Verme fêmea (Extremidade posterior retilínea); (C) Ovo fértil não embrionado, membrana; (D) Ovo fértil embrionado; e (E) ovo infértil. Fonte: NEVES, 2011. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Ciclo de vida Ciclo de vida O ciclo de vida do Ascaris lumbricoides é monóxeno e seu habitaté o intestino delgado. A fêmea, após ser fecundada, libera os ovos ainda no intestino delgado. Os ovos não embrionados saem pelas fezes. No solo, sob ação da temperatura ambiente, umidade e oxigênio o ovo sofre embriogênese. Dentro do ovo, forma-se a larva L1 do tipo rabditoide, ou seja, possui esôfago com duas dilatações, uma em cada extremidade e uma constrição no meio. A larva L1 muda para larva L2 ainda do tipo rabditoide. Após sofrer outra muda, a larva L2 rabditoide passa para larva L3 do tipo �larioide, ou seja, que possui esôfago retilíneo. O ovo tem a larva L3 infectante para o homem. Após a ingestão, os ovos contendo a L3, atravessam todo o trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado. As larvas, uma vez liberadas, atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e nas veias e invadem o fígado, depois a parte direita do coração e, por �m, chegam ao pulmão, trajeto conhecido como Ciclo de Loss. No pulmão, as larvas L3 sofrem mudança para L4, chegando à faringe, podendo ser expelidas ou deglutidas. Quando deglutidas, atravessam o estômago e se �xam no intestino delgado. Transformam-se em adultos jovens 20 a 30 dias após a infecção. O mecanismo de transmissão ocorre por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a L3. Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente ovo de A. lumbricoides. Ciclo de vida do verme Ascaris lumbricoides. Fonte: Shutterstock. Patogenia e Profilaxia Clique nos botões acima. Patogenia e Pro�laxia As larvas, após atravessarem a parede intestinal, podem invadir o fígado causando lesões hepáticas com pequeno foco hemorrágico e necrose. Ao passarem pelos alvéolos pulmonares, sofrem a mudança de L3 para L4, causando pontos hemorrágicos e ativando o sistema imunológico. Dependendo do número de formas presentes, pode-se ter um quadro pneumônico com febre, tosse, disporia e eosino�lia. Há edemaciação dos alvéolos com in�ltrado parenquimatoso eosino�lico, manifestações alérgicas, febre, bronquite e pneumonia (a este conjunto de sinais denomina-se síndrome de Loe�er). Os vermes adultos causam os problemas gastrointestinais por meio da ação: Tóxica - antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do hospedeiro levam a quadros de edema, urticária e convulsão. Espoliadoras - consumo de proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas A e C, causando quadros de desnutrição que levam a debilidades física e mental. A espoliação de vitaminas A e C podem causar manchas brancas na pele conhecida como “pano”. Mecânica - irritação na parede intestinal e enovelamento na luz intestinal (Figura 10), podendo causar obstrução. Como vimos na aula 1, lúmen (em latim: lūmen, abertura ou luz) é um espaço interno ou cavidade dentro de uma estrutura com formato de tubo em um corpo, como as artérias e o intestino. O diagnóstico para ascaridíase é feito por EPF, onde faz se a busca de ovos mamilonados nas fezes. Os EPF qualitativos que podem ser realizados por sedimentação espontânea, Centrifugação e o EPF quantitativo o feito pelo Kato-Katz permite a quanti�cação de ovos e estimativa do grau de parasitismo. Tratamento para ascaridíase Veja as principais medidas para prevenir a ascaridíase: Educação sanitária; Destinação adequada aos dejetos humanos; Higiene das mãos antes da alimentação; Tratamento dos doentes; Proteção dos alimentos contra insetos (vetor mecânico). O Tratamento para tricuríase é o Albendazol 400mg em dose única. Pode ser administrado também Mebendazol 500mg dose única. Ancylostoma duodenale. Fonte: Shutterstock Ancylostoma duodenale – Ancilostomose/Ancilostomíase e Necator americanus – Necatorose/ Necatoríase Ancilosmoses humanas é causada por Ancylostoma duodenale e Necator americanos e, geralmente, são negligenciadas. Já foi estimado que cerca de 900 milhões de pessoas no mundo são parasitadas por A. duodenale e N. americanus e que, desta população, 60 mil morrem, anualmente. O A. duodenale é mais presente no velho mundo. Predomina em regiões temperadas, embora ocorra também em regiões tropicais. Já o N. americanus é conhecido como ancilóstomo do novo mundo e ocorre em regiões tropicais, onde predominam as altas temperaturas, já que também são geo-helmintos. Formas morfológicas Formas morfológicas Vermes adultos São cilindriformes e cor róseo-avermelhada. O macho apresenta na extremidade posterior a bolsa copuladora e a fêmea apresenta a extremidade posterior a�lada. Há dois tipos: Cápsula bucal: (A) A. duodenale dentes cortantes (B) N. americanus laminas cortantes. Fonte: SILVA et al., 2009. A. duodenale Extremidade anterior curvada dorsalmente; Cápsula bucal profunda, com dois pares de dentes ventrais na margem interna da boca; e Um par de lancetas ou dentes triangulares subventrais no fundo da cápsula bucal. N. americanus Extremidade cefálica bem recurvada dorsalmente; Cápsula bucal profunda, com duas lâminas cortantes, seminulares, na margem interna da boca, de situação subventral; e duas outras lâminas cortantes na margem interna, subdorsal; Fundo da cápsula bucal com um dente longo, ou cone dorsal, sustentado por uma placa subdorsal e duas lancetas (dentículos), triangulares, subventrais. Ovos Apresentam casca �na, em formato oval. Quando liberados, não são segmentados, sofrendo posterior clivagem no meio ambiente, onde requerem um ambiente propício, principalmente com boa oxigenação, alta umidade (> 90%) e temperatura elevada, para que ocorra a embrionia. O ovo de A. duodenale dentes cortantes e N. americanus são idênticos. Ovo de Ancilostomídeos não embrionado. Fonte: SILVA et al., 2009 Ciclo de vida Ciclo de vida Os ancilostomídeos apresentam um ciclo biológico direto, não necessitando de hospedeiros intermediários. Durante o desenvolvimento, duas fases são bem de�nidas: 1- desenvolve no meio exterior, é de vida livre; 2- desenvolve no hospedeiro de�nitivo, é, obrigatoriamente, de vida parasitária. Os ovos dos ancilostomídeos depositados pelas fêmeas (após a cópula), no intestino delgado do hospedeiro, são eliminados para o meio exterior através das fezes. No meio exterior, os ovos necessitam de um ambiente propício, principalmente com boa oxigenação, alta umidade (> 90%) e temperatura elevada (são condições indispensáveis para que ocorra a embrionia, formando a larva de primeiro estádio (L1), do tipo rabditoide, e sua eclosão). No ambiente, a L1 recém-eclodida apresenta movimentos serpentiformes e se alimenta de matéria orgânica e microrganismos (por via oral), devendo, em seguida, perder a cutícula externa, após ganhar uma nova, transformando-se em larva de segundo estádio (L2), que é também do tipo rabditoide. Depois, a L2, que também tem movimentos serpentiformes e se alimenta de matéria orgânica e microrganismos, começa a produzir uma nova cutícula, internamente, que passa a ser coberta pela cutícula velha (agora cutícula externa), passando, então, para a larva de terceiro estádio (L3), do tipo �larioide, denominada larva infectante. A infecção pelos ancilostomídeos no homem só ocorre quando a L3 (larva �larioide ou infectante) penetra, ativamente, na pele, conjuntiva e mucosa, ou, passivamente, por via oral. Da pele, as larvas alcançam a circulação sanguínea e/ou linfática e chegam ao coração, indo pelas artérias pulmonares. Nos pulmões, atingem os alvéolos (L3 muda para L4), dos brônquios atingem a faringe e são ingeridas, alcançando o seu habitat (intestino delgado). Nele, a larva começa a exercer o parasitismo, por meio da cápsula bucal maceram tecidos e realizam o hematofagismo. Ainda no intestino delgado, a L4 muda para L5, atingindo a fase adulta e iniciando a cópula. A fêmea, assim, começa a eliminar os ovos pelas fezes. Ciclo de vida dos Ancilostomídeos (1) ovo recém-eliminado com as fezes; (2) eclosão de larva de primeiro estádio; (3) larva desenvolvida; (4) larva infectante. Fonte: Adaptado de NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 12a. ed., São Paulo, Editora Atheneu,2011. Patogenia e Profilaxia Clique nos botões acima. Patogenia e Pro�laxia Local da penetração das larvas Lesões traumáticas que levam a problemas vasculares, hiperemia, prurido e edema, devido ao processo in�amatório loca. A intensidade das lesões depende do número de larvas que penetram e da sensibilidade do hospedeiro. Ciclo pulmonar Síndrome de Loe�er (tosse, febre, eosino�lia). Período de parasitismo intestinal Fase que caracteriza a ancilostomíase, com dor epigástrica, diminuição de apetite, indigestão, cólica, indisposição, náuseas, vômitos, diarreia sanguinolenta e constipação. Os exames laboratoriais para ancilostomíase são empregados para analisar nas fezes a presença de ovos usando: Métodos qualitativos - sedimentação espontânea (Hoffman, Pons e Janner); Sedimentação e centrifugação; Flutuação (Wills). A diferenciação dos ovos de A. duodenale e N. americanos é impossível. Tratamento para ancilostomíase Veja os possíveis procedimentos para prevenir a doença: Engenharia e educação sanitária; Suplementação alimentar de Fe em zonas endêmicas; Diagnóstico e tratamento precoce do indivíduo parasitado; Uso de calçados; O tratamento para ancilostomíase aplica o Mebendazol e Albendazol. Já o tratamento do quadro de anemia faz uso de suplementação de ferro (alimentação e sulfato ferroso). Fase crônica da ancilostomíase Presença do verme + espoliação sanguínea + de�ciência nutricional (Esquema 1) � fase de anemia ; Anemia ferropriva - espoliativa; Depende da carga parasitária e estado geral do indivíduo. 2 Esquema 1: Quando a dieta alimentar de Fe é insuficiente para suprir as perdas deste microelemento, causadas pelo hematofagismo, ocorre o quadro de anemia ferropriva. Fonte: A autora (2019). http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0139/aula2.html Strongyloides stercoralis. Fonte: Shutterstock Strongyloides stercoralis – estrongiloidose/estrongiloidíase A estrongiloidíase está presente no mundo todo, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais. Temos, aproximadamente, 100 milhões de infectados no mundo. Há possibilidade de reagudização em pacientes imunodeprimidos. Formas morfológicas Formas morfológicas As larvas L1 e L2 possuem esôfago rabditoide, vestíbulo bucal curto, primórdio genital nítido e cauda pontiaguda. Já as larvas L3 possuem esôfago �larioide, vestíbulo bucal curto, cauda entalhada, e é a forma infectante, penetrando na pele ou mucosa. O Strongyloides stercoralis apresenta várias formas evolutivas: Fêmea partenogenética; Fêmea de vida livre ; Macho de vida livre ; Ovos; Larvas rabditoides; e Larvas �larioides. 3 4 A fêmea partenogenética possui extremidade anterior arredondada e posterior afilada, boca com 3 lábios, esôfago filarioide e elimina na mucosa intestinal o ovo já larvado. Fonte: SILVA et al., 2009. Atenção Os ovos da fêmea de vida livre e da fêmea partenogenética são idênticos aos ovos dos ancilostomídeos. Ciclo de vida http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0139/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0139/aula2.html Ciclo de vida Vamos ver a constituição genética das fêmeas partenogenéticas. Ciclo direto As larvas rabditoides no solo ou sobre a pele da região perineal, depois de 24 a 72 horas, transformam-se em larvas �larioides infectantes. Ciclo indireto As larvas rabditoides sofrem 4 transformações no solo, produzindo fêmeas e machos de vida livre. Os ovos originados do acasalamento das formas adultas de vida livre serão triploides, e as larvas rabditoides evoluem para larvas �larioides (3n) infectantes. Os ciclos direto e indireto se completam pela penetração ativa das larvas L3 na pele ou mucosa oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. Algumas larvas, ao penetrarem a pele, morrem no local, mas o ciclo continua pelas larvas que atingem a circulação venosa e linfática e através destes vasos seguem para o coração e pulmões. Chegam aos capilares pulmonares, onde se transformam em L4, atravessam a membrana alveolar e, por meio da migração pela árvore brônquica, chegam à faringe. Podem ser deglutidas, atingindo o intestino delgado, onde se transformam em fêmeas partenogenéticas. Os ovos são depositados na mucosa intestinal e as larvas alcançam a luz intestinal. Esses parasitos são considerados geo-helmintos e as fases dos ciclos que se passam no solo exigem condições semelhantes as do ancilostomídeos: Solo arenoso; São parasitas triploides (3n) e podem produzir, simultaneamente, três tipos de ovos, dando origem a três tipos de larvas rabditoides: 1) Larvas rabditoides triploides (3n), que se transformam em larvas �larioides triploides infectantes, completando o ciclo direto; 2) Larvas rabditoides diploides (2n), que originam as fêmeas de vida livre; e 3) Larvas rabditoides haploides (1n) que evoluem para macho de vida livre. Diploides e haploides completam um ciclo indireto. Ciclo de vida Strongyloides stercoralis. Fonte: Adaptado de NEVES, 2011. Umidade alta; Temperatura entre 25 e 30°C; e Ausência de luz solar direta. Patogenia e Profilaxia Clique nos botões acima. Patogenia e Pro�laxia A estrongiloidíase pode ser assintomática (portadora de pequenos números de parasitos) e ou sintomática. Podem ocorrer formas graves, às vezes fatais, dependendo da carga parasitária e da imunidade do hospedeiro. Podem ser: Cutânea (local de penetração), com reação celular ao redor das larvas mortas, edema, prurido, pápulas hemorrágicas e urticárias; Pulmonar, com tosse, febre e crises asmatiformes, hemorragia, in�ltrado in�amatório, broncopneumonia, síndrome de Löe�er, edema e insu�ciência respiratória; Intestinal, causando enterite catarral com a presença de uma reação in�amatória. Na enterite edematosa, pode-se observar parasitos nas túnicas da parede intestinal com reação in�amatória e quadros de má absorção intestinal. A enterite ulcerosa apresenta in�amação, ulcerações e invasão bacteriana. Nas formas disseminadas, pode haver o acometimento dos rins (hematúria e proteinúria), fígado, vesícula biliar, coração, cérebro (LCR), pâncreas, tireoide, adrenais, próstata e glândulas mamárias. O quadro clínico pode-se complicar com infecções bacterianas secundárias, onde bactérias intestinais podem ser transportadas por meio das larvas para a circulação ou pela presença de ulcerações da mucosa intestinal. O diagnóstico laboratorial é feito para pesquisa de larvas, através de Baerman-Moraes e Rugai, que tem como princípio o hidro e termotropismo das larvas. Podem ainda ser utilizados os métodos de diagnósticos imunológicos como Elisa e Imuno�uorescência Indireta. Uma endoscopia digestiva pode ser solicitada para a visualização do aspecto da mucosa intestinal e a realização de biópsia. Tratamento para estrongiloidíase O que pode ser feito para evitá-la: Programa de controle; Tratamento aos doentes; Destinação adequada dos dejetos humanos; Higiene das mãos e alimentos; Uso de calçados. Há suas opções de tratamento para estrongiloidíase: Albendazol 400mg/dia por 3 dias consecutivos; Invermectina dose única oral de 200µm/kg. Atividade 1. Na ascaridíase, pode ocorrer a edemaciação dos alvéolos com in�ltrado parenquimatoso eosinó�lo, manifestações alérgicas, febre, bronquite e pneumonia. Qual o nome dessa síndrome? a) Loss b) Asper c) Irritativa d) Pulmonar e) Loeffler 2. Qual a forma infectante no ciclo indireto do Strongyloides stercoralis? a) Ovo b) Larva L3 c) Verme macho de vida livre d) Verme fêmea de vida livre e) Larva rabditoide Parasitologia Aula 3: Cestoides de importância médica Apresentação Parasitos da classe cestoda são endoparasitos desprovidos de epiderme, de cavidade geral e de sistema digestivo. Os órgãos de �xação estão localizados na extremidade anterior. O corpo é, em geral, alongado e construído por segmentos. Veremos nesta aula que um cestódeo típico apresenta-se com três regiões distintas: a mais anterior constituída pelo escólice, no qual se encontram os órgãos de �xação, a segunda porção, com o colo ouo pescoço, que suporta o escólice e é o elemento de ligação com a terceira região, que é o estróbilo, nitidamente segmentado nas formas polizóicas. Além disso, estudaremos a importância dos cestoides de importância médica: Taenia solium e Taenia saginata; Echinococcus granulosos e Echinococcus vogeli e Hymenolepis nana. Objetivos Descrever o ciclo biológico do parasito, mecanismos de transmissão do agente etiológico e os diferentes aspectos �siopatológicos; Identi�car os principais métodos parasitológicos para o diagnóstico laboratorial da parasitose, além de exames laboratoriais complementares; Reconhecer os tratamentos farmacológicos e a pro�laxia para as patologias causadas por cestoides. Já ouvir falar em Platyhelminthes? São os vermes chatos, que possuem simetria bilateral, extremidade anterior com órgão sensitivo e de �xação e uma extremidade posterior. Não apresentam tubo digestório, ânus e aparelho respiratório. Os Platyhelminthes possuem uma divisão em classes cestodas e trematodas de importância médica. Os aspectos gerais dos cestódeos serão discutidos nesta aula, e os aspectos dos trematódeos serão o assunto da nossa aula 4. Vamos começar? Aspectos gerais dos cestódeos A classe cestoda compreende um interessante grupo de parasitos, hermafroditas (protandria), de tamanhos variados, encontrados em animais vertebrados. Veja suas características: Os parasitos dessa classe possuem corpo composto por vários segmentos, desprovidos de tubo digestório; A alimentação ocorre através da superfície do tegumento especializado para ingestão de nutrientes (microtríquias); A excreção é feita por células-�amas (selenócitos), que eliminam as excretas para a superfície corpórea; Não se movem muito, entretanto são capazes de ondulações musculares do corpo; Possuem ganchos para �xação e vivem por vários anos. Morfologia geral dos cestoides. Fonte: USP Formas morfológicas Clique no botão acima. Formas morfológicas As formas morfológicas dos cestódeos são: ovos, larvas e vermes adultos. OVOS Formam pequenos embriões esféricos com 3 pares de acúleos, daí o nome de embrião hexacanto. LARVAS javascript:void(0); Este embrião pode ser de 3 tipos de larvas: CISTICERCO (Taenia) Apresenta um único escólex em uma grande vesícula cheia de líquido. CISTICERCOIDE (Echinococcus) Tem forma piriforme, escólex único e vesícula rudimentar. HIDÁTIDE (Hymenolepis) Esícula mãe, tendo no seu interior vesículas �lhas, cada uma contendo vários escóleces. Vermes adultos Os vermes adultos possuem o corpo dividido em 3 partes: Escólex ou cabeça - pequena dilatação situada em uma das extremidades, provida de ventosas e acúleos servindo de sustentação para o animal. Colo ou pescoço - porção delgada que apresenta em sua porção distal células com grande poder de regeneração. Estróbilo ou corpo do verme - constituído por anéis (contendo as proglotes jovens, maduras e grávidas). Morfologia geral dos cestoides. Fonte: Uff Vamos conhecer os principais cestoides que parasitam o homem no Brasil. Taenia solium. Fonte: Shutterstock javascript:void(0); Taenia solium, Taenia saginata – Teníase e cisticercose Os cestódeos mais frequentemente encontrados parasitando os humanos pertencem à família Taenidae, na qual são destacadas Taenia solium e Taenia saginata. Essas espécies, popularmente conhecidas como solitárias, são responsáveis pelo complexo teníase-cisticercose, que pode ser de�nido como um conjunto de alterações patológicas causadas pelas formas adultas e larvares nos hospedeiros. Formas morfológicas Formas morfológicas A Taenia solium e Taenia saginata apresentam corpo achatado, dorsoventralmente em forma de �ta, dividido em escólex ou cabeça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo. Escólex Taenia solium - Pequena dilatação, medindo de 0,6 a 1mm. possui o escólex globuloso com um rostelo ou rostro situado em posição central, entre as ventosas, armado com dupla �leira de acúleos, 25 a 50, em formato de foice.; Taenia saginata - 1 a 2mm. Apresenta 4 ventosas formadas de tecido muscular, arredondadas e proeminentes. Tem o escólex, sem rostelo e acúleos. Forma morfológica da Taenia solium e Taenia saginata. Fonte: Só Biologia Colo Porção mais delgada do corpo onde as células do parênquima estão em intensa atividade de multiplicação. É a zona de crescimento do parasito ou de formação das proglotes. Estróbilo É o restante do corpo do parasito. Inicia-se logo após o colo, observando-se diferenciação tissular que permite o reconhecimento de órgãos internos, ou da segmentação do estróbilo. Cada segmento formado denomina-se proglote ou anel, podendo ter de 800 a 1.000 e atingir 3 metros na T. solium, ou mais de 1.000, atingindo até 8 metros na Taenia saginata. javascript:void(0); A estrobilização é progressiva, ou seja, a medida que cresce o colo, vai ocorrendo a delimitação das proglotes e cada uma delas inicia a formação dos seus órgãos. Assim, quanto mais afastado do escólex, mais evoluídas são as proglotes. Após �xação e coloração, podem ser visualizados os órgãos genitais masculinos e femininos, demonstrando ser a tênia hermafrodita. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE TAENIA SOLIUM E TAENIA SAGINATA T. SOLIUM T. SAGINATA Escolex • Globoso • Com rostro • Com dupla �leira de acúleos • Quadrangular • Sem rostro • Sem acúleos Proglotes • Rami�cações uterinas pouco numerosas, de tipo dentrítico. • Saem passivamente com as fezes • Rami�cações uterinas muito numerosas, de tipo dicotômico. • Saem ativamente no intervalo das defecações Cysticercus • Cysticercus cellulosae • Apresenta acúleos • Cysticercus bovis • Sem acúleos Capacidade de levar a cisticercose em humano Possível Não foi comprovada Ovos Indistinguíveis Indistinguíveis Tamanho 1.5m a 8 m 4 -12 m Quantidade de proglotes 700-900 1000-2000 Longevidade Até 25 anos Até 30 anos Fonte: Adaptado de NEVES, 2011. Ciclo de vida Ciclo de vida Os ciclos de vida da Taenia solium e Taenia saginata são heteroxenos, ou seja, precisam de um hospedeiro intermediário e um hospedeiro de�nitivo. Hospedeiros intermediários Taenia solium – suínos (causa a cisticercose ou “canjiquinha”); Taenia saginata - bovinos. Para ambas as Taenias, o hospedeiro de�nitivo é o homem. Em seu ciclo, o homem ingere carne de porco ou de vaca mal cozida contendo a forma larval. A forma larval da Taenia sp. é o cisticerco (Ci), que é constituído de uma vesícula translúcida, com líquido claro contendo invaginado no seu interior um escólex com quatro ventosas. Forma larval da Taenia sp em uma carne crua. Fonte: Adaptado de NEVES, 2011. No intestino delgado, o cisticerco, através das ventosas, adere na mucosa intestinal. O colo começa a produzir as proglotes jovens, que se tornam maduras com presença dos órgãos sexuais masculinos e femininos. Após a fecundação, os sexuais regridem e dão lugar aos ovos, originando as proglotes grávidas, que saem nas fezes para o meio ambiente, desenvolvendo no hospedeiro a teníase. Os bovinos (Taenia saginata) e ou suínos (Taenia solium) se infectam ingerindo os ovos ou as proglotes grávidas. Os bovinos ou suínos desenvolvem a cisticercose animal, quando a oncosfera sai de dentro do ovo e ganha a circulação se instalando nas musculaturas (Figura 3). O homem pode ingerir acidentalmente o ovo e desenvolver a cisticercose humana. Ciclo de vida da Taenia solium e Taenia saginata. Fonte: Só Biologia Patogenia Patogenia Veja os detalhes da ação patogênica da teníase: • Podem ocorrer fenômenos tóxicos alérgicos devido ao longo período de parasitismo no homem; • Quadro de hemorragia devido à �xação do verme na mucosa, destruindo o epitélio e produzindo in�amação com in�ltrado in�amatório e secreção de muco; • Competição nutricional com o hospedeiro devido ao tamanho do verme. Os sintomas clínicos da teníase são: • Tonturas; • Astenia; • Apetite excessivo; • Vômitos; • Dores abdominais (“dor de fome”); • Perda de peso; javascript:void(0); Cisticercose humanaNa patogenia, a cisticercose humana é um problema realmente sério, que provoca lesões graves no paciente • Náuseas; • Constipação/diarreia. Cisticercose muscular (3,5%) provoca pouca alteração e, em geral, é uma forma assintomática. Os cisticercos instalados desenvolvem reação local, formando uma membrana adventícia �brosa. Com a morte do parasito, há tendência à calci�cação. Quando numerosos cisticercos instalam-se em músculos esqueléticos, podem provocar dor, fadiga e cãibras (quer estejam calci�cados ou não), especialmente quando localizados nas pernas, região lombar e nuca. Cisticercose tecido subcutâneo É palpável, em geral indolor e algumas vezes confundido com cisto sebáceo. Cisticercose cardíaca (3 2%) pode resultar em palpitações e ruídos anormais ou Cisticercose no sistema nervoso central ou neurociticercose (3,2%) pode resultar em palpitações e ruídos anormais ou dispneia, quando os cisticercos se instalam nas válvulas. Cisticercose ocular (40%), sabe-se que o cisticerco alcança o globo ocular através dos vasos da coroide, instalando-se na retina. Ali cresce, provocando o descolamento desta ou sua perfuração, atingindo o humor vítreo. As consequências da cisticercose ocular são: • Reações in�amatórias exsudativas que promoverão opaci�cação do humor vítreo; • Sinéquias posteriores da íris, uveítes ou até pantoftalmias. Essas alterações, dependendo da extensão, promovem a perda parcial ou total da visão e, às vezes, até desorganização intraocular e perda do olho. (41%) pode acometer o paciente por 3 processos: • Presença do cisticerco no parênquima cerebral; • Processo in�amatório decorrente; • Formação de �broses, granulomas e calci�cações. Veja as localizações mais frequentes: • Meninge; • Córtex cerebral; • Ventrículos; • Espaço subaracnoide (LCR). Os principais sintomas na neurocisticercose são: • Meningite; • Vertigens; • Desordem mental com formas de delírio; • Prostração; • Crises epiléticas; • Hipertensão craniana; • Alucinação. Diagnósticos Diagnósticos Diagnóstico por imagem para Cisticercose Veja as opções: • Raios-X; Diagnóstico laboratorial para teníase EPF – Tamisação As fezes são “lavadas” em água corrente com uma peneira para observar presença de proglotes. Ovos são semelhantes entre T. solium e T. saginata, por isso o diagnóstico será apenas de Taenia spp. O exame laboratorial por meio do método da �ta adesiva ou de GRAHAM também pode ser indicado .Este deve ser feito de manhã antes do banho. Método da fita adesiva ou de GRAHAM. Fonte: Adaptado de NEVES, 2011. • Tomogra�a computadorizada; • Ressonância magnética para visualização dos cisticercos no cérebro; • Pesquisa de anticorpo anticisticerco no soro, líquido cefalorraquidiano (LCR) e humor aquoso; • Fixação de complemento; • Imuno�uorescência indireta; • Hemaglutinação indireta, ELISA; • Western Blot; • Imunoeletroforese. Profilaxia e tratamento para enterobiose Clique nos botões acima. Pro�laxia e tratamento para enterobiose Veja como evitá-la: • Construção de locais adequados para criação de porcos; • Orientar população a não comer carne mal cozida ou crua; • Inspeção o�cial das carcaças nos matadouros; • Proibição de abatedouros clandestinos; • Melhoramento do saneamento básico, como uso de latrinas ligadas às redes de esgoto ou fossa asséptica; • Promoção do desenvolvimento de hábitos higiênicos (lavar mãos antes de comer, lavar verduras). Tratamento para teníase • Niclosamida (Atenase) Medicamento de escolha, dose de 1 a 2g em dose única. Ingerir leite de magnésia 1 hora após para facilitar a eliminação do verme íntegro (e impedir a autoinfecção no caso de T. solium). • Praziquantel (Cestox) 4 comprimidos de 150mg em dose única (até 100% de cura). Não usar quando houver infecção concomitante por cisticercose. • Mebendazole (Pantelmin) Indicado quando o paciente tem teníase e cisticercose, pois não atua sobre o cisticerco, dose de 200 a 300mg 2x/dia, por 3-4 dias. Tratamento para cisticercose Apenas para cisticercos localizados no córtex, há o Albendazol — usado recentemente contra neurocisticercose — 15mg/Kg por 8 dias. Há destruição de 75-90% cisticercos. Deve-se associar com corticosteroides (predinisolona/dexametasona) para atenuar resposta in�amatória. Indicado o uso de anticonvulsivantes preventivamente. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Saiba mais Dados epidemiológicos - cisticercose Teníase Estima-se, no mundo: • 77 milhões de pessoas com T. saginata; • 2,5 milhões de pessoas com T. solium. Cisticercose: • No mundo, estima-se 50 milhões de pessoas com 50 mil mortes por ano. • No Brasil, a prevalência da cisticercose não é bem conhecida. Trichuris trichiura. Fonte: Shutterstock Echinococcus granulosus / Echinococcus vogeli - Hidatidose O Echinococcus é um cestódeo muito pequeno, medindo cerca de 4-6mm. O escólex é globoso ou piriforme, com quatro ventosas e um rostro armado com 30-40 acúleos ou ganchos dispostos em �leiras. O colo, região de crescimento, é curto, seguindo-se pelo estróbilo, constituído por 3 a 4 proglotes. A primeira proglote é imatura, com órgãos genitais ainda não totalmente desenvolvidos. A seguir há uma proglote madura, com órgãos reprodutores masculinos e femininos. As demais são representadas por proglotes grávidas. Echinococcus sp.: Escólex, colo, proglotes imatura, madura e grávidas. Fonte: Shutterstock Existem três espécies do gênero Echinococcus que podem infectar humanos: • Echinococcus granulosus; • Echinococcus vogeli; • Echinococcus multilocularis (hemisfério norte). Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Habitat e transmissão Habitat e transmissão • Presença de cães nas propriedades rurais; • Hábito dos camponeses de alimentar cães com vísceras cruas; • Ouvinos e bovinos (Echinococcus granulosus); • Caça de pacas e cutias (Echinococcus vogeli); • Regiões com tradição na criação de ovinos. Exemplo No Brasil, a região Sul tem tradição na criação de ovinos. Figura 6: Distribuição geográfica de Hidatidose no Brasil. Fonte: Adaptado de NEVES, 2011. Formas morfológicas Formas morfológicas Verme adulto Mede cerca de 5mm, muito pequeno. Possui escólex globoso com 4 ventosas e rostro armado com acúleos. Colo curto e corpo formado por 3 a 4 proglotes (1 ou 2 jovens, 1 maduro e 1 grávido). Ovo Subesférico medindo cerca de 30 m de diâmetro. Embrióforo (revestimento externo) espesso. No interior, presença de embrião hexacanto ou oncosfera. Forma lavar Apresenta-se de forma arredondada, com dimensões variadas, dependendo da idade do cisto e do tecido onde este está localizado. Em infecções recentes, mede cerca de 1mm. Porém, meses depois, pode medir vários centímetros. Cisto hidático ou hidátide apresentando: (A) membrana adventícia (produzida pelo órgão parasitado); (B) membrana anista: (C) membrana prolígera: (F) vesícula prolígea, (D) excolex (protoescóleces), (F) areia hidática. Fonte: Adaptado de NEVES, 2011. Ciclo de vida Ciclo de vida Os ciclos de vida do Echinococcus granulosus e Echinococcus vogeli são heteroxenos. Os cães são os hospedeiros de�nitivos para o Echinococcus granulosus e Echinococcus vogeli, os ovos ou proglotes grávidas são eliminados nas fezes contaminando o meio ambiente (pastagens peridomicílio e o domicílio). Os ovos já são infectantes quando eliminados, permanecendo viáveis por meses em locais úmidos e sombrios. A infecção ocorre com a ingestão dos ovos junto com alimento e, no estômago, o embrióforo é semidigerido pela ação do suco gástrico. No duodeno, em contato com a bile, liberam a oncosfera ou embrião hexacanto, que, por meio de seus ganchos, penetra na mucosa intestinal, alcançando a circulação sanguínea venosa, chegando ao fígado e aos pulmões e, mais raramente, a outros órgãos. Após 6 meses da ingestão do ovo, o cisto hidático estará maduro, permanecendo viável por vários anos no hospedeiro intermediário e neledesenvolve a hidatidose. Nos hospedeiros de�nitivos, a infecção ocorre através da ingestão de vísceras, principalmente de ovinos e bovinos (Echinococcus granulosus) e pacas e cutias (Echinococcus vogeli) com cisto hidático fértil, ou seja, cistos contendo protoescóleces. Estes, ao chegarem ao intestino, com a ação principalmente da bile, evaginam e �xam-se na mucosa, atingindo a maturidade em 2 meses, quando proglotes grávidas e ovos começam a aparecer nas fezes. No hospedeiro de�nitivo desenvolve a Equinococose. Ciclo do Echinococcus granulosus. Fonte: Adaptado de CDC,2013 Patogenia Patogenia Na maioria das infecções os pacientes são assintomáticos. Essas infecções ocorrem geralmente na infância, e os sintomas só aparecem na fase adulta (10-15 anos após infecção). A patogenia está diretamente relacionada ao número de cistos e à localização. Se for só um cisto, atinge: Fígado e pulmão - podendo ser assintomático; Cérebro, ossos e medula - é raro, porém trata-se- de um quadro grave. Veja como ocorre a ação mecânica do cisto: A pressão é exercida pelo cisto no órgão parasitado, sendo mais comum no fígado e pulmões. • Fígado – compressão do sistema porta → estase → hipertensão hepática → ascite; • Pulmões - atelactasia (compressão dos alvéolos pelos cistos) → di�culdades respiratórias. Complicação Quando há complicação do quadro, ocorre o rompimento do cisto (naturalmente, por punção ou ato cirúrgico). Há também liberação de grande quantidade de antígenos (areia hidática), causando choque ana�lático e morte. A liberação de protoescóleces poderão: • Gerar novos cistos (hidátides �lhas-hidatidose secundária); • Causar embolia pulmonar; • Alojar-se nos ossos (1-2% casos), causando fraturas, compressão da medula e paraplegia. Diagnósticos Diagnósticos Clínico Pode-se ter suspeita, em área endêmica, quando o paciente apresenta quadro clínico hepático ou pulmonar. Diferenciar de tumores hepáticos ou pulmonares. Laboratorial • Na equinococose - pesquisa de ovos nas fezes do cão (hospedeiro de�nitivo) • Na hidatidose humana Métodos de detecção de imagens - raios X; • Tomogra�a; • Ultrassonogra�a (podem ser confundidas com tumores); • Exame microscópico (só pode ser usado no caso de ruptura e eliminação de seus elementos através da urina ou expectoração brônquica). Os testes mais usados para identi�cação da hidatidose são: • ELISA; • Imuno�uorescência; • Imunoeletroforese. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Profilaxia e tratamento - E. Granulosus e E. Vogeli Clique nos botões acima. Pro�laxia e tratamento - E. Granulosus e E. Vogeli Baseia-se na interrupção do ciclo evolutivo do parasita. O que se deve fazer? Realizar tratamento obrigatório em massa de todos os cães da região; • Melhorar as condições de criações de ovinos cercando as pastagens e abolindo o uso de cães pastores; • Proibir a alimentação de cães com vísceras cruas do HI abatidos; • Fazer controle dos matadouros incinerando as vísceras que contém cisto hidático; • Eliminar cães errantes. Tratamento • Cirurgia É o único tratamento efetivo. É difícil de realizá-la devido à quantidade e à acessibilidade dos cistos nos órgãos. • Medicamentos Albendazol 400mg/dia (cura em 30% casos). 2 comprimidos por dia por 3-6 meses ou 3 a 6 ciclos de 28 dias, com intervalo de 14 dias sem medicação. • PAIR - signi�ca punção, aspiração, injeção e reaspiração do cisto. Este tratamento consiste na punção do líquido hidático por meio de aspiração e inoculação de uma substância protoescolicida (salina hitertônica, etanol, citrinidina ou sulfoxido de albendazol) e reaspiração após 10 minutos. Este tratamento é recomendado nos casos de cistos simples e múltiplos com tamanho entre 5 a 15cm de diâmetro. A utilização da PAIR no tratamento da hidadidose requer maiores estudos, sendo contra indicada em cistos pulmonares e cerebrais. Ovo de Hymenolepis nana. Fonte: SILVA et al., 2009. Hymenolepis nana - Himenolepíase No Brasil, não se considera o rato e o camundongo como fonte de infecção. O homem é considerado o maior reservatório para Hymenolepis. Há distribuição cosmopolita, porém mais frequente em países de clima quente. Principais fatores que determinam a distribuição e incidência de H. nana: • Resistência curta do ovo no meio externo (até 10 dias); • Promiscuidade e maus hábitos higiênicos; • Presença de HI próprios no ambiente; • Transmissão direta (criança – fezes). Formas morfológicas Formas morfológicas Ovo Quase esféricos, com cerca de 40μm de diâmetro, transparentes e incolores. Da membrana interna partem dois mamelões claros em posições opostas com alguns �lamentos longos. Ovo de H. nana quase esférico, transparente e incolor. Fonte: SILVA, et al., 2009. Larva cisticercoide Pequena, formada por um escólex invaginado e envolvido por uma membrana. Contém pequena quantidade de líquido. Mede cerca de 500μm de diâmetro. Verme adulto Mede 3 a 5cm. O escólex possui 4 ventosas, é pequeno e globoso, o rostro é retrátil com �leira de acúleos (Figura 10). Proglotes estreitas (100-200). O escólex apresenta 4 ventosas (V) e um rostro (R) retrátil armado de ganchos. Fonte: SILVA et al., 2009. Habitat e transmissão Habitat e transmissão • Verme adulto encontrado no intestino delgado, principalmente íleo e jejuno do homem. Ovos encontrados nas fezes; • Larva cisticercoide nas vilosidades intestinais do próprio homem ou na cavidade geral do inseto hospedeiro intermediário; • Ingestão de ovos presentes nas mãos ou em alimentos contaminados e ingestão acidental de insetos (pulga); • Pode ocorrer autoinfecção interna através de retro peristaltismo de forma que os ovos são semidigeridos pelo suco gástrico e após voltarem ao íleo ocorre a eclosão das larvas. Patogenia Patogenia A estrongiloidíase pode ser assintomática (portadora de pequenos números de parasitos) e ou sintomática. Podem ocorrer formas graves, às vezes fatais, dependendo da carga parasitária e da imunidade do hospedeiro. Podem ser: • Cutânea (local de penetração), com reação celular ao redor das larvas mortas, edema, prurido, pápulas hemorrágicas e urticárias; • Pulmonar, com tosse, febre e crises asmatiformes, hemorragia, in�ltrado in�amatório, broncopneumonia, síndrome de Löe�er, edema e insu�ciência respiratória; • Intestinal, causando enterite catarral com a presença de uma reação in�amatória. Na enterite edematosa, pode- se observar parasitos nas túnicas da parede intestinal com reação in�amatória e quadros de má absorção intestinal. A enterite ulcerosa apresenta in�amação, ulcerações e invasão bacteriana. Nas formas disseminadas, pode haver o acometimento dos rins (hematúria e proteinúria), fígado, vesícula biliar, coração, cérebro (LCR), pâncreas, tireoide, adrenais, próstata e glândulas mamárias. O quadro clínico pode-se complicar com infecções bacterianas secundárias, onde bactérias intestinais podem ser transportadas por meio das larvas para a circulação ou pela presença de ulcerações da mucosa intestinal. O diagnóstico laboratorial é feito para pesquisa de larvas, através de Baerman-Moraes e Rugai, que tem como princípio o hidro e termotropismo das larvas. Podem ainda ser utilizados os métodos de diagnósticos imunológicos como Elisa e Imuno�uorescência Indireta. Uma endoscopia digestiva pode ser solicitada para a visualização do aspecto da mucosa intestinal e a realização de biópsia. Ciclo de vida Ciclo de vida Apresenta 2 tipos de ciclo biológico: Monoxeno Como pode ser observado na imagem a seguir, os ovos são eliminados juntamente com as fezes e podem ser ingeridos por alguma criança. Ao passarem pelo estômago, os embrióforos são semidigeridos pelo suco gástrico, chegando ao intestino delgado onde ocorre a eclosão da oncosfera, que penetra nas vilosidades do jejuno ou íleo, dando, em quatro dias, uma larva cisticercoide. 10 dias depois, a larva está madura, sai da vilosidade, desenvagina-see �xa-se na mucosa intestinal através do escólex. Cerca de 20 dias depois, já são vermes adultos. Esses possuem uma vida curta, pois cerca de 14 dias depois morrem e são eliminados. Esse ciclo é o mais frequente e que as larvas cisticercóides, nas vilosidades intestinais, estimulam o sistema imune e conferem a imunidade ativa especi�ca. Heteroxeno Utiliza diferentes insetos como HI (pulgas: Xenopsylla cheopis, Ctenocephalides canis, Pulex irritans e coleópteros – Tenebrio molitor e Tenebrio obscurus) e HD (homem, símios e roedores de laboratório e selvagem). No ciclo heteroxênico, os ovos presentes no meio externo são ingeridos pelas larvas de algum dos insetos já citados. Ao chegarem ao intestino desses hospedeiros intermediários, liberam a oncosfera, que se transforma em larva cisticercoide. A criança pode acidentalmente ingerir um inseto contendo larvas cisticercoides que, ao chegarem ao intestino delgado, �xam-se na mucosa e 20 dias depois já são vermes adultos. Ciclo biológico do Hymenolepis nana: (1) criança; (2) ovos eliminados nas fezes e contaminando ambiente — ciclo monoxênico (sem hospedeiro intermediário); (3) larva de pulga ingerindo ovos do helminto; (4) pupa de pulga, com larva cisticercoide do helminto; (5) pulga adulta, com larva cisticercoide dentro, que será ingerida por outra criança (6), completando o ciclo heteroxênico (com hospedeiro intermediário). Fonte: Adaptado de NEVES, 2011. Patologia Patologia Alterações nervosas são decorrentes de excitação do córtex por ação re�exa ou liberação de toxina. Na superinfecção nota-se: • Mucosa congesta; • In�ltração linfocitária; • Pequenas úlceras; • Eosino�lia. Sintomas atribuídos às crianças: • Agitação; • Insônia; • Irritabilidade; • Diarreia; • Dor abdominal; • Raramente sintomas nervosos (ataques epilépticos incluindo cianose, perda de consciência e convulsões); • Perda de peso. Diagnóstico laboratorial ; Profilaxia e tratamento Clique nos botões acima. Diagnóstico laboratorial ; Pro�laxia e tratamento Pesquisa de ovos em exame de fezes através de métodos de rotina: • Método da sedimentação espontânea (LUTZ ou HOFFMAN, PONS E JANER – HPJ); • Método de centrífugo - sedimentação (MIFC); • Método da centrífugo - �utuação – sedimentação (FAUST); • Método da �utuação – espontânea (WILLIS). Pro�laxia e tratamento • Como podemos evitá-la? • Higiene individual; • Uso de privada ou fossas; • Uso de aspirador de pó; • Tratamento dos doentes; • Combate aos insetos de cereais e pulgas. Tratamento A droga de escolha é o Praziquantel, na dose oral de 25mg/kg, com intervalo de 10 dias. Esse intervalo é importante porque o medicamento só atua contra as formas adultas e não sobre as larvas cisticercoides. A Miclosamida, na dose de 2g para adultos e 1g para crianças, também é e�ciente. Como a anterior, recomenda- se dar o medicamento em duas vezes, com intervalo de 10 dias. Atividade 1. A teníase é causada por: a) Ingestão do ovo da Taenia b) Ingestão de larvas da Taenia c) Pela penetração de larvas da Taenia d) Ingestão das proglote da Taenia e) Ingestão de larva L3 Parasitologia Aula 4: Trematoides de importância médica Apresentação Os vermes da classe Trematoda são ecto ou endoparasitos. Os adultos não possuem epiderme e cílios externos, o corpo é não segmentado e recoberto por uma cutícula; com uma ou mais ventosas, há presença de tubo digestivo, ânus geralmente ausente, podem ser hermafroditas e sua evolução é simples ou com hospedeiro intermediário. Veremos nesta aula que as cercárias ou metacercárias, resultantes de um único ovo, são numerosas, aumentando a possibilidade da infecção do hospedeiro de�nitivo, no qual se completa o desenvolvimento e ocorre a formação de novos ovos. Estudaremos aqui os trematoides de importância médica: Schistosoma mansoni e Fasciola hepatica. Vamos lá? Objetivos Diferenciar aspectos �siopatológicos por meio dos mecanismos da ação parasitária que in�uenciam as respostas do hospedeiro; Identi�car os principais métodos parasitológicos para o diagnóstico laboratorial da parasitose, além de exames laboratoriais complementares; Descrever os tratamentos farmacológicos e pro�laxia para as patologias causadas por trematódeos. Lembra da descrição dos Platyhelminthes? Vimos na aula passada que os Platyhelminthes são os vermes chatos com simetria bilateral, extremidade anterior com órgão sensitivo e de �xação e uma extremidade posterior. Além disso, não apresentam tubo digestório, ânus e aparelho respiratório. Veri�camos também que possuem uma divisão em classes cestodas e trematodas de importância médica. Já discutimos na aula 3 os aspectos gerais dos cestódeos. Agora, estudaremos os dos trematódeos. Aspectos gerais dos trematódeos? Na classe Trematoda, encontramos a família Schistosomatide, onde estão inseridos os gêneros Schistosoma e Fasciola. Tratam-se parasitos de vasos sanguíneos de algum mamífero, incluindo o homem. São vermes achatados dorsoventralmente em diversos formatos: alongados, em forma de folha, piriformes; e diversos tamanho (de < 1mm a vários centímetros). Possuem órgãos de �xação: Ventosas oral e ventral; Simetria bilateral; e Corpo recoberto de cutícula, podendo apresentar espinhos, cerdas ou escamas. Os trematódeos são hermafroditas com exceção do Schistosoma mansonim, que possui sexos separados (macho e fêmea). Principais Trematodas que parasitam o homem Clique no botão acima. Principais Trematodas que parasitam o homem NO BRASIL Os principais trematódeos de importância médica no Brasil são o e a Fasciola hepática. Estima-se que há em torno de 4 a 6 milhões de infectados no Brasil pelo Schistosoma mansoni. • Origem da doença aqui é atribuída ao trá�co de escravos e imigração. Schistosoma mansoni e a Fasciola hepática. Fonte: SILVA et al., 2009. NO MUNDO Há de 150 a 200 milhões pessoas infectadas no mundo com esquistossomoses. Veja principais espécies de importância médica no mundo: Schistosoma haematobium - Oriente Médio; África. Schistosoma japonicum - China; Japão; Filipinas. Schistosoma mekongi – Camboja. Schistosoma intercalatum - África Central. Schistosoma mansoni- África, Antilhas e América do Sul. Única espécie de interesse médico nas Américas é o Schistosoma mansoni, causadora da doença Esquistossomose. Fonte: Shutterstock Schistosoma mansoni – Esquistossomose Suas principais características são: Filo Platyhelminthes; Classe Trematoda; Subclasse Digenea; Ordem Strigeatida; Família Schistosomatidae. Os ambientes onde são mais comumente encontrados são: açudes, córregos e locais de irrigação. Epidemiologia Veja os detalhes da epidemiologia do Schistosoma sp.: Endêmico na África e América do Sul; 200 milhões de infecção/mundo; 200.000 mortes por ano; 80% dos infectados estão na África e no Brasil; O Brasil tem a maior transmissão de Esquistossomose mansônica do mundo; É um indicativo socioeconômico importante, estando relacionado à pobreza; Os mais jovens são mais suscetíveis (5-20 anos). Formas morfológicas Veja no esquema abaixo a morfologia e os estágios evolutivos do Schistosoma mansoni. Clique nos botões para ver as informações. Ovo Formato oval com espículo lateral saliente voltado para trás. A superfície dos ovos é coberta de microespinhos. Medem de 150µm de comprimento por 60µm de largura. Os ovos maduros possuem no seu interior os miracídios. Figura 2: Ovo de Schistosoma mansoni. Fonte: SILVA et al., 2009. Miracídeo Os miracídios apresentam cílios para movimentação e é a forma morfológica que penetrará o molusco (Hospedeiro Intermediário - HI). Possuem 180µm de comprimento por 64µm de largura. Na extremidade anterior, há o terebratorium — que é um conjunto de cílios maiores e espículos importantes para o processo de penetração no molusco. Há também as células germinativas, em número de 50 a 100, que formarão as cercárias. O miracídio é a forma evolutiva do molusco. Células germinativas em constante atividade, ou seja,poliembrionia: 1 miracídio gera milhares de cercárias (100-300 mil). Miracídio; Tb – terebratorium; Gp - glândulas de penetração; Ga - glândulas adesivas; Cf - células flama; Te - túbulos excretores; Pe - poro excretor. Fonte: Adaptado de NEVES, 2011. XXX Esporocisto Cercária As cercárias possuem o tamanho 500µm de comprimento, com cauda bifurcada e duas ventosas que auxiliarão a penetração na pele ou mucosa intacta. A cauda bifurcada permite que a cercária nade até encontrar o seu hospedeiro de�nitivo — HD (Homem). Após a penetração da cercária, ela perderá a cauda, que serve apenas para a movimentação. Depois dessa perda, a cercária, já no interior do HD, passará a sua fase morfológica: Esquistossômulo. Cercária forma de penetração no homem. Fonte: Shutterstock XXX Esquistossômulo Verme Adulto Macho Tem 1 cm, com corpo dividido em duas porções: Extremidade anterior - ventosa oral e ventosa ventral; e Extremidade posterior - canal ginecóforo. Fêmea Tem 1,5 cm de comprimento, dividido em: Extremidade anterior - ventosa oral e ventosa ventral; e Extremidade posterior - glândulas vitelinas. A Fêmea dentro do canal ginecóforo do macho. Fonte: SILVA et al., 2009. A fêmea normalmente vive dentro do canal ginecóforo do macho. Após a cópula, a fêmea coloca por dia aproximadamente 400 ovos. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Ciclo de vida Ciclo de vida Ciclo heteróxeno Homem é o hospedeiro de�nitivo e o caramujo Biomphalaria é o hospedeiro intermediário. Ciclo de vida do esquistossomo. Fonte: Wikipédia. javascript:void(0); Ciclo de vida do Schistosoma mansoni no Caramujo Biomphalaria Os miracídios são atraídos pela presença dos caramujos independente do gênero, mas somente se desenvolverá no gênero Biomphalaria. Os caramujos independentes do gênero podem liberar uma substância chamada “Miraxone” que atraem os miracídios para perto, que penetram nos caramujos pelo terebratorium. Os miracídios no interior do HI perdem suas estruturas, transformando-se em um saco de células germinativas ou reprodutivas, que são os esporocistos. Os esporocistos passam por esporocisto I, II, III, IV e assim sucessivamente, até a formação das cercárias. As cercárias saem do caramujo e na água começam a nadar para encontrarem o HD, tendo em média 8 horas para isso. Nadam ativamente na água até encontrar seu HD. Ao alcançarem a pele humana, as cercárias se �xam na pele com o auxílio das ventosas e liberam substâncias que possuem ação lítica. Com as glândulas de penetração e os movimentos mecânicos da cercária, estas atravessam a pele, perdendo a sua cauda. Ciclode vida do Schistosoma mansoni no Homem A cercária, ao penetrar pele ou mucosa, perde sua cauda e passa para a forma morfológica “esquistossômulo”, que se dirige para o sistema porta, passando pela pequena circulação (via coração direito chega ao pulmão). Depois da grande circulação do pulmão, passa pelo coração esquerdo até chegar no sistema porta. Uma vez no sistema porta intra-hepático, os esquistossômulos passam para a fase adulta, dando origem aos vermes machos e fêmeas. Esses vermes migram acasalados para a veia mesentérica inferior, onde, após 42 dias de infeção, as fêmeas começam a oviposição. Os ovos saem pelas fezes e precisam alcançar a água para liberarem os miracídios. Esse processo é estimulado pela luz, oxigenação e temperaturas altas. Os miracídios precisam encontrar novos hospedeiros intermediários para que o ciclo continue. Os vermes adultos vivem no sistema porta hepático, nos ramos terminais da veia mesentérica inferior. Patogenia Patogenia A patologia variará dependendo de: Cepa do parasito; Carga parasitária adquirida ao longo dos anos (número de ovos); Idade; Estado nutricional; Resposta imune da pessoa. Veja as 2 variações abaixo: Esquistossomose aguda Cercária Com a penetração das cercárias, no local, ocorrerá �ltração de células Polimorfonucleares (PMN) ao redor dos parasitas, levando a uma reação urticariforme local (dermatite cercariana). Cerca de 50% das cercarias morrem, causando uma reação in�amatória, com duração de aproximadamente 2 ou 3 dias, que depois regride. Esquistossômulos Trata-se da “forma toxêmica da esquistossomose”. Ocorre entre o 15º e 25º dia após a infecção. Essa forma ocorre antes da oviposição, causada pela migração dos esquistossômulos. A forma toxêmica tem início súbito e é provocada por imunocomplexos. As lesões não têm relação topográ�ca com a presença de vermes. Vermes adultos Veja as alterações gerais causadas pelos vermes adultos: Ação mecânica e processos in�amatórios (Figura 6); Ação espoliadora, absorvendo Fe (2,5mg/dia) e glicose (1/5 do peso do verme adulto). Os vermes adultos no sistema porta hepático. Fonte: SILVA et al., 2009. Esquistossomose crônica Doença que decorre principalmente da resposta in�amatória granulomatosa em torno dos ovos vivos do parasito. Ovo Principal agente patogênico da esquistossomose, responsável por eliminar um antígeno solúvel extremamente in�amatório. Dos 400 ovos que a fêmea coloca por dia, 50% saem nas fezes e os outros 50% �cam perdidos no interior do HD. Esses ovos perdidos no interior do HD, formaram os “granulomas” (Figura 7), que são respostas in�amatórias que ocorrem em volta dos ovos, por eles liberarem antígenos solúveis. Há, em volta do ovo, o acúmulo de macrófagos dispersos em camadas concêntricas, podendo também haver, principalmente na periferia, a presença de linfócitos e plasmócitos. Além das células in�amatórias, há a formação de �bras em camadas que aumentam a espessura do granuloma: a �brose. Granuloma hepático por ovo de Schistosoma mansoni. Fonte: SILVA et al., 2009. Veja o que a esquistossomose crônica pode acometer: Hipertensão portal Causado pelos granulomas hepáticos no fígado e no sistema. Isso ocorre porque a formação de granulomas ao redor dos ovos leva à �brose do fígado e do sistema periportal, com aumento do fígado (células in�amatórias, granulomas). Há presença de tecido �brose que diminui o �uxo da veia porta. Com o surgimento da hipertensão portal, pode ocorrer: esplenomegalia, ascite e varizes. Esplenomegalia - Ocorre devido à congestão do órgão (baço) e à hiperplasia das células do sistema fagocitário. Ascite - É o extravasamento do plasma sanguíneo para o interior da cavidade abdominal. Oocorre devido ao derrame cavitário causado pela hipertensão dos vasos sanguíneos. Varizes - Ocorrem devido ao desenvolvimento da circulação colateral anormal intra-hepática (Shunts) e de anastomoses do plexo hemorroidário, umbigo, região inguinal e esôfago, em uma tentativa de compensar a circulação portal obstruída ou diminuir a hipertensão portal. A circulação colateral do esôfago leva à formação das “varizes esofagianas” que podem romper e provocar hemorragia. Lesão cardiopulmonar Os ovos atingem pulmões diretamente através de circulação colateral (anastomoses). Pode ocorrer a formação de granulomas por presença dos ovos, evoluindo para trombos intravasculares, necrose de vasos, arterites, oclusões vasculares, “hipertensão pulmonar” que aumentará o esforço cardíaco (insu�ciência cardíaca). Lesões intestinais Os granulomas nodulares, devido a passagens simultâneas de ovos, podem causar hemorragias. No início, pode haver um quadro de diarreia mucosanguinolenta. Com o tempo, a �brose da alça retossigmoide evolui para diminuição do peristaltismo, levando à constipação constante. Principais sintomas da esquistossomose crônica Diagnósticos Diagnósticos Diagnóstico clínico: Anamnese: hábitos que envolvem água, como pescaria, banhos, esportes aquáticos. Diagnóstico laboratorial: Exame Parasitológico de Fezes (EPF) - pesquisa de ovos. Biópsia ou raspagem da mucosa retal - coletam-se fragmentos da mucosa intestinal e observa-se se há ovos maduros e imaturos (sem miracídio). É indicada quando exame de fezes dá negativo. Métodos imunológicos: Reação intradérmica; Fixação de
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