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Ágora Estudos em Teoria Psicanalítica - Do trauma ao fenômeno psicossomático (FPS) lidar com o sem-sentido_php


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Ágora: 
Estudos em Teoria Psicanalítica
Print version ISSN 1516-1498
Ágora (Rio J.) vol.10 no.2 Rio de 
Janeiro July/Dec. 2007
	 http://dx.doi.org/10.1590/S1516-14982007000200006 
						
 
ARTIGOS
 
Do trauma ao fenômeno psicossomático 
(FPS) – lidar com o sem-sentido? 
 
 
Maria Carolina Bellico 
Fonseca
Psicanalista, membro do Círculo Psicanalítico 
 de Minas Gerais; mestre em Psicologia pela UFMG. cbellico@terra.com.br
 
 
 
RESUMO
 Trabalha-se com a hipótese de que o trauma 
provoca uma invasão de real que pode ser contida pelo FPS que, ao fazê-lo, 
torna-se ele mesmo um ponto de condensação de gozo. Para isso, elabora-se o 
corpo e o adoecer a partir da Psicanálise. Faz-se, em seguida, uma breve 
revisão da teoria do trauma dentro das teorias freudiana e lacaniana, 
marcando sua importância para a ocorrência da lesão. Na seqüência, aborda-se 
o FPS na vertente do significante e do gozo. Por fim, considera-se a hipótese 
de o FPS ser um remendo no furo causado pelo trauma na tela da fantasia ou no 
delírio.
Palavras-chave: Psicanálise, trauma, 
Fenômeno Psicossomático (FPS), fantasia, delírio.
 
ABSTRACT
From the trauma to the psychosomatic phenomenon 
 (PSP) — dealing with the meaningless? The hypothesis of the author is that 
trauma provokes an invasion of the Real that can be stopped by the PSP. 
Because of that, it becomes the condensation point of jouissance. The text 
starts taking a look about the body and the diseases in a psychoanalytical 
approach. It gives a short revision of the trauma’s theory in Freud and Lacan 
Works, emphasizing its importance for the occurrence of the lesion. An 
articulation of the PSP with the theory of the significant and the jouissance 
is proposed. At last, the author considers the hypothesis that PSP can be a 
patch in the puncture caused by trauma on the fantasy screen or in the 
delirium.
Keywords: Psychoanalysis, trauma, 
psychosomatic phenomenon, fantasy, delirium.
 
 
 
O CORPO E AS DIFERENTES FORMAS DO ADOECER 
HUMANO 
O homem nunca se conformou com a fatalidade da 
 doença; ao contrário, combativo, ele vem buscando meios para enfrentá-la e 
vencê-la desde o início da civilização — rituais religiosos, magias, ervas 
terapêuticas, sugestões, xamãs e muitos outros recursos foram e ainda são 
buscados numa tentativa de escapar de um desfecho às vezes inevitável. Nesse 
contexto, surge a Medicina que vem, desde Hipócrates, se aperfeiçoando em dar 
 respostas e criar terapêuticas que promovam curas, aliviem dores e adiem a 
morte, mitigando o sofrimento humano. Contudo, há algo numa forma de adoecer 
que lhe escapa por extrapolar os limites do organismo, por se relacionar ao 
sujeito e não a vírus e bactérias, por estar além do discurso cientificista. 
E é aqui que entra a abordagem psicanalítica.
 Ao contrário do que ocorre com a Medicina, 
em Psicanálise, a abordagem que é feita do sujeito é diferente — na primeira, 
ele é falado, enquanto que, na segunda, ele é escutado e desnudado no mais 
íntimo de seu ser; aqui o desejo se esboça para além de uma demanda de 
tratamento. A Medicina opera, pois, com o saber lógico e formal da ciência, 
enquanto a psicanálise opera com a escuta do Inconsciente. Saberes 
diferentes, porém operações que podem se somar. 
Se para a Medicina o corpo é uma máquina, um 
organismo que pode ser abordado, manipulado, dissecado pelo olhar da ciência, 
para a Psicanálise ele é um organismo erogeneizado, marcado pela pulsão e 
pela linguagem, ambas inseparáveis, como numa banda de Moebius. Mesmo antes 
do nascimento, quando um ser vivente é desejado e sonhado, ele já existe no 
imaginário dos pais, que lhe atribuem significantes e significados que 
interferirão em sua constituição futura. Nos primeiros anos, esse corpo é 
marcado libidinalmente pelos cuidados maternos e pelo desejo parental; só aos 
poucos o indivíduo vai dele se apropriando. Dessa forma, o adoecer aos olhos 
da Psicanálise é diferente de aos olhos da Medicina por manifestar-se não 
apenas num organismo, mas num corpo marcado pela linguagem e pela pulsão. 
Podemos dizer que esta diferença já pode ser observada em seus primórdios, 
desde a época em que Freud consegue escutar no sofrimento das histéricas o 
murmúrio de desejos advindos de uma instância desconhecida do eu — o 
Inconsciente — enquanto a Medicina só ouvia o piti e o desconsiderava. 
Por outro lado, é no campo da Medicina que 
algo diferente no adoecer do corpo foi se destacando, não apenas a partir de 
Freud, como muitos gostariam de acreditar, mas desde os primórdios desta 
ciência quando se pensava na interferência da "alma" no sujeito. Porém, 
apenas em meados do século XIX, antes do advento da Psicanálise é que surge 
Heinrotz, um psiquiatra alemão, que reconheceu a influência das "paixões" em 
algumas doenças. Ele foi o primeiro a utilizar o termo Psicossomática, 
sendo considerado por muitos o pioneiro nesse campo. Outros vieram depois dele 
 sustentando a importância dos afetos no adoecer. 
 Com o surgimento da Psicanálise, essas 
idéias foram reforçadas e várias escolas psicanalíticas se dedicaram a 
estudar as manifestações psicossomáticas. Freud não se dedicou à pesquisa 
desse campo, mas pode-se dizer que a abordagem psicanalítica dessa disciplina 
não deixa de ser herança de seus estudos sobre as neuroses atuais (neurose de 
angústia, neurastenia e hipocondria). Ribeiro e Santana (2003) chegam a 
afirmar que Freud deixa, por meio das neuroses atuais, um grande legado para 
o estudo dos fenômenos psicossomáticos: "teorizar o sintoma somático como o 
produto da angústia — sem a mediação da repressão —, o caráter atual da 
etiologia e o sintoma como conseqüência da não satisfação da libido" (RIBEIRO 
& SANTANA, 2003, p.140-141). A importância da angústia nesses estudos é 
inegável; ela irromperia mediante a impossibilidade da formação de um 
sintoma, trazendo desamparo ao eu.
 Analistas de diferentes escolas se 
interessaram pelo tema, todavia, alguns entre estes cederam à tentação de 
tratar toda forma de adoecimento psicossomático como formação sintomática com 
raiz inconsciente, com um sentido psíquico, algo próximo à formação de 
sintoma nas neuroses. Em algumas formas de adoecimento, pode-se fazer tal 
correlação, mas há um tipo específico de adoecer, cuja essência está sempre 
 alhures, impossível de ser alcançada intelectualmente, que é tratado como um 
fenômeno — o FPS (fenômeno psicossomático). Ele difere do sintoma por não ter 
estrutura metafórica. São 
 "fenômenos estruturados de modo bem 
 diferente do que se passa nas neuroses, a saber, onde há não sei que 
 impressão ou inscrição direta de uma característica, e mesmo, em certos 
 casos, de um conflito, no que se pode chamar o quadro material que 
 apresenta o sujeito enquanto ser corpóreo". (LACAN, 2002, p.352) 
 
 
 Alguns seguidores de Lacan colheram estas e 
outras poucas idéias que esse autor deixou sobre a psicossomática e, a partir 
delas, desenvolveram uma teorização própria. Tais idéias norteiam o presente 
artigo. 
O FPS é aqui trabalhado como uma das 
manifestações do real. Diferente do sintoma, que inscrito no registro 
simbólico revela o desejo inconsciente, o FPS é uma mostração não passível 
de ser decifrada pelo significante,
ponto de angústia sobre o qual o 
indivíduo não possui um saber. Enquanto o sintoma se inscreve na dimensão da 
metáfora, dentro da cadeia de significantes que desliza de acordo com a 
significação fálica e se endereça a alguém, o FPS inscreve-se, como será 
visto adiante, na dimensão da holófrase, fora de qualquer significação, sem 
nenhum endereçamento. Ele também se diferencia de somatizações já que, ao 
contrário destas, acarreta lesões com as quais o sujeito não se vê implicado 
e às quais não atribui sentido ou qualquer tipo de interpretação, como ocorre 
com as somatizações: "minha dor de cabeça é esse casamento"... "aquilo que 
não consegui dizer me embrulhou o estômago", etc. No FPS ocorre assim um 
contornamento do simbólico e algo do real faz incidência direta sobre o 
corpo. 
Trata-se, pois, de um fenômeno de difícil 
abordagem teórica e que comporta uma contradição: se por um lado ele não é 
apreensível pelo significante, por outro é acionado por um significante que 
tem efeito traumático sobre o sujeito e é passível de tratamento pelo 
simbólico, ou seja, é possível a nós, como analistas, tratá-lo como nos é 
indicado pelo próprio Lacan em sua "Conferência em Genebra" (1998b). 
 Mas o que poderia levar à ocorrência de um 
FPS? É possível falar em gênese de uma manifestação do real? Gênese supõe 
relação de causa e efeito, na qual um elemento dá sentido ao outro, o que não 
se aplica nesse caso. Mas, por outro lado, autores como Miller e Valas 
estabelecem de forma interessante uma relação entre o surgimento do FPS e o 
trauma de modo semelhante à neurose, mas com a diferença de não ocorrer a 
intermediação do simbólico: "no que concerne ao psicossomático precisamente, 
tentamos dar valor ao efeito traumático de algum acontecimento que não foi 
traduzido quanto ao simbólico, mas que, em curto-circuito, marca o corpo" 
(MILLER, 1999, p.23); ou ainda "tudo se passaria de certo modo como se o 
sujeito sentisse a imposição sobre si das significações confusas do discurso 
do Outro que, à força de se repetir, causaria trauma" (VALAS, 1990, p.83). 
Acredito que esta seja uma maneira interessante 
 de se pensar o FPS — algo do real do trauma, escapando às leis da linguagem, 
 não sendo traduzido em palavras e se manifestando como uma mostração no 
corpo. Isto é ao mesmo tempo interessante e perigoso, pois se corre o risco 
de se cair nas malhas do conceito de sintoma, de se estabelecer uma relação 
de substituição numa cadeia na qual os significantes deslizam, e entre os 
seus intervalos surge o sujeito do inconsciente e o desejo pode ser pinçado. 
Nada mais avesso ao FPS... Trauma, ponto duro de real... Aceito, como esses 
autores, esse desafio e tentarei, a partir deles, desenvolver estas idéias. 
 
DO TRAUMA AO FPS
Trauma, este conceito tão caro à Psicanálise 
desde seus primórdios, época em que o sexual era proibido e velado, continua 
em voga ainda hoje quando o sexo é banalizado, veiculado pela mídia, vendido 
como mais um gadget do discurso capitalista. Todos falam de 
ocorrências ditas traumáticas, querendo dizer com isso que algo marcou 
profundamente um sujeito levando-o a sentimentos e comportamentos inusitados; 
algo que é sempre externo e que por isso mesmo desresponsabiliza o sujeito 
tornando-o sempre vítima do infortúnio. Grandes mudanças se operaram na 
sociedade, nos costumes, mas o ser humano, ou melhor, o ser falante segue 
traumatizado e, apesar de toda a badalada liberação sexual da era 
contemporânea, pode-se dizer que segue recalcado, forcluído ou 
denegado.
 Nem tudo o que se passa no psiquismo pode 
receber tratamento simbólico, pois existem horrores da ordem do trauma que 
não têm como ser ditos, tais como as vivências de castração, do não-ser, 
do ser dividido. Vivências de um real inexorável, que não podem ser evitadas 
ou antecipadas, nas quais está implicado certamente o Outro e seu desejo 
indecifrável que exclui o sujeito. Quer seja por eventos psíquicos, quer seja 
por catástrofes naturais, são sempre "desgraças" que lhe caem na cabeça, 
como nos lembra Soler (2004). Além de excluído, continua a autora, cabe ao 
sujeito carregar as marcas deixadas por um trauma ao qual não pôde reagir, 
contra o qual não teve como lutar. Essa noção de exclusão do sujeito trazida 
por Soler indica que ele sai de cena quando é tomado de assalto por uma 
vivência de trauma. Aliás, a noção de exclusão é importante no 
desenvolvimento do presente artigo porque defendo a idéia desenvolvida por 
autores lacanianos de que, diferentemente do sintoma, o FPS encontra-se fora 
de subjetivação, ou seja, o sujeito não pode dele se apropriar, permanecendo 
alheio, ou melhor, não implicado em sua ocorrência. 
Em Freud o conceito de trauma perpassa todo o 
 seu percurso teórico. Nos primeiros textos, essa concepção é abordada como 
"um incremento da excitação no sistema nervoso" (FREUD, 1892/1975, p.197), 
mediante o qual não se tem ação ou palavras que permitam sua dissipação; ele 
é, a princípio, ligado ao factual, mas logo esse autor se dá conta de que, 
por trás das histórias contadas por seus pacientes, há muito de fantasia e 
passa a se interessar mais pelo texto que lhe é trazido do que pelo contexto 
real pretendido. Por outro lado, ele já havia descoberto que a temporalidade 
do trauma é a do só-depois ou do a posteriori na qual ocorre a 
validação de uma impressão que não pôde ser significada no momento de sua 
percepção, mas que foi fixada, retornando posteriormente em outros eventos. 
Mais tarde, em 1920, ao utilizar em sua 
concepção do aparelho psíquico a metáfora extraída da Embriologia de 
"vesícula viva", cuja camada mais externa se transforma em um escudo 
protetor, Freud dirá que são traumáticos aqueles estímulos que atravessam 
esta camada, este escudo protetor, o que ocorreria devido à falta de preparo 
do eu e aos fatores de surpresa e susto. Posteriormente, em 1925, ele 
associará o trauma à idéia da angústia como um sinal e reação a este, que 
traria ao ego uma experiência de desamparo. 
Contudo, é no texto de 1934 que é possível 
encontrar uma descrição mais pormenorizada do trabalho do trauma. Os traumas 
são definidos como impressões primitivas da infância, da época em que a 
criança está começando a falar, cujo conteúdo se relaciona "a impressões de 
natureza sexual e agressiva..., e, indubitavelmente, também a danos precoces 
ao ego (mortificações narcísicas)" (FREUD, 1934/1975, p.93). Eles são "ou 
experiências sobre o próprio corpo do indivíduo, ou percepções sensórias, 
principalmente de algo visto e ouvido" (idem, p.93), que promovem "alterações 
 do ego, comparáveis a cicatrizes" (idem, p.96). 
Destaco, aqui, o fato de Freud articular o 
trauma com a época em que a criança está começando a falar, pois, como a 
linguagem ainda não fez sua entrada, não ficam lembranças no inconsciente, 
mas traços. Também gostaria de chamar a atenção para a descrição do trauma 
como "experiências no corpo do indivíduo" — corpo que tomará nota, que 
registrará o que aconteceu; corpo que ficará marcado, mas, como na referência 
 ao "Bloco Mágico" (1925[1924]), nada será percebido na superfície, esses 
traços ficarão registrados numa camada mais profunda.
Freud, no "Esboço de Psicanálise" 
(1940[1938])), ainda conclui a respeito da universalidade do trauma e sobre 
as repressões que tais experiências originam. A teoria lacaniana reafirma 
essa universalidade, mas, de maneira diferente: traumática é a própria 
entrada na linguagem que ocasionará a ordenação de gozo, a regulamentação do 
gozo remanescente e a impossibilidade de acesso à Coisa. Dessa forma, todo 
ser falante é traumatizado, isso é fato de estrutura.
No Seminário 11, o trauma é 
conceituado por Lacan como aquilo que há de inassimilável no real da 
realidade sexual. Em minha opinião, esse inassimilável é correlativo ao 
"umbigo do sonho" descrito por Freud no capítulo VII da "Interpretação dos 
sonhos" (1900): "trecho que tem que ser deixado na obscuridade" [...] 
"emaranhado de pensamentos oníricos que não se deixa desenredar" [...] "ponto 
onde ele mergulha no desconhecido". (FREUD, edição eletrônica). Mas, por 
outro lado, esse inassimilável pode produzir efeitos e afetos, plenos 
de angústia, que desorientam o sujeito, arrancando-o da cena simbólica ao 
tirar-lhe as palavras da boca. Resta ao sujeito criar, construir um saber 
possível que, ao mesmo tempo que bordeja o horror dessa vivência, dando 
alguma vazão ao afeto aprisionado, aponta para ela. A fantasia, tida por 
Lacan como "janela para o real" por estar entre o real e o simbólico, é uma 
possibilidade de pôr fim à vivência de ‘não-ser’, de ‘não-ter’ desejo, 
trazida pelo trauma. Mas existem outras possibilidades menos saudáveis e o 
adoecer está entre elas.
 Aquilo do traumatismo que não é assimilado 
pelo psiquismo deixa traços fixados (Fixierung) que mais tarde, por 
associação, são assimilados a outras experiências, encontros com o real que 
são ressignificados enquanto trauma a posteriori. É a vivificação do 
velho se dando por meio da repetição significante, e isso ocorre de maneiras 
diferentes com cada sujeito, em momentos diferentes de sua vida, daí a 
contingência de sua ocorrência. Mas como traços eles têm também um ponto de 
não-assimilação, de não-significação, pontos enigmáticos que afetam o 
indivíduo podendo levá-lo ao padecimento e à doença.
 É dessa forma que entendo tanto a relação 
do trauma com a lesão orgânica causada pelo FPS quanto as formulações, 
citadas antes, de Valas (1990) sobre as significações confusas do discurso do 
Outro que à força de tanto se repetirem causam trauma, e de Miller (1999) 
sobre o efeito traumático de acontecimentos não traduzidos pelo simbólico que 
engendram a lesão. Essa lesão é provocada, induzida, por um significante 
(indução significante) que vem do Outro, por algo obscuro no discurso do 
Outro que é traumático por não ser assimilado. A lesão é, pois, uma 
construção não simbólica escrita no corpo, resposta do sujeito emudecido ao 
trauma. 
Considero que essas inscrições do trauma que 
têm como um possível efeito o FPS, são anteriores ao registro inconsciente, 
como se, também aqui, fosse possível se falar de um "umbigo" da mesma forma 
como Freud o fez com relação ao sonho — de um ponto duro inassimilável, até 
mesmo pela ausência de um representante psíquico para ele e pela exclusão do 
sujeito do inconsciente implícita nessas inscrições. Algo que traz 
vivências da ordem do necessário, por trazerem indícios de invasão de real; 
experiências cujas dimensões ultrapassam os limites do simbólico, apagando o 
sujeito, ou, numa linguagem mais freudiana, trazendo o desamparo e a angústia 
mortífera que tocam o corpo, ponto último de ancoragem antes da dissolução 
psíquica. Vivências nas quais faltam palavras e, algumas vezes, sobram 
passagens ao ato, ou, como no caso do FPS, passagens ao corpo. 
 
UMA CORRELAÇÃO POSSÍVEL ENTRE FPS, TRAUMA 
E LETRA
Para Lacan, a letra é o significante descolado 
 de qualquer significado, litoral entre saber e gozo (Seminário 20). 
Ao que parece, algo é inscrito no psiquismo do ser falante, pela linguagem do 
Outro, num momento tão primitivo que se apaga; algo que não tem representação 
psíquica, como nos diria Freud, mas que risca, ficando ilegível, mas ainda 
assim inscrito em sulco, marcando e produzindo efeitos; inscrição que, de 
certa forma, traça uma borda, circunscrevendo o irrepresentável. Ora, em 
minha opinião, isso se aproxima da teorização freudiana sobre as "cicatrizes 
 do ego" deixadas por "impressões de traumas primitivos", e as correlaciono 
ao FPS como questões das quais ele é a resposta. O FPS pode, dessa forma, ser 
considerado como o efeito traumático da letra no corpo, um tipo de escrita, 
ou melhor, de rasura, um ponto duro, um osso, sem explicação, um hieróglifo, 
um texto escrito pelo corpo e no corpo, de maneira ilegível, produzindo seus 
efeitos, entre eles o de condensação de gozo, de barra à pulsão; saída 
plausível perante a ameaça de ruptura do psiquismo trazida pela vivência do 
trauma. Uma resposta possível, contingencial por fatores genéticos e da vida 
dos sujeitos. Uma possível saída para o insuportável trazido pelo 
trauma.
 Até agora, nesta breve teorização, pode-se 
dizer que estive operando no campo do significante, mas é sabido que o FPS 
envolve grandes quantidades de gozo, como foi apontado por Lacan em sua 
Conferência em Genebra. Miller (1999), partindo dos enunciados de Lacan, 
propõe a abordagem do FPS não apenas por meio da vertente do significante 
como também por meio da vertente do objeto a e do gozo; vertentes que 
não se excluem mas que se completam. 
 
O FPS NA VERTENTE SIGNIFICANTE E NA VERTENTE 
 DO GOZO
Para sustentar a idéia desenvolvida por 
alguns autores lacanianos do FPS como uma escrita sem sentido, como venho 
fazendo até então, faz-se necessário trabalhar dentro da vertente do 
significante o conceito de holófrase, uma vez que é ela a responsável pela 
falha de significação nesses fenômenos.
 Holófrase, esse termo obscuro, em 
Lingüística, refere-se a um enunciado que condensa uma sentença que carrega 
um sentido ou uma intenção do emissor. Em Psicanálise, o termo é introduzido 
por Lacan (Seminário 11) para se referir à condensação do primeiro par 
da cadeia de significantes (S1 – S2) que passa a formar 
um gel, uma massa. Sabemos que é o espaço entre os significantes que 
possibilita o surgimento do sujeito e do objeto a, causa de desejo; 
havendo holófrase, a representação do sujeito por um significante ao 
significante seguinte não ocorre e as operações de alienação e separação 
não se realizam. De acordo com Lacan, tais operações são responsáveis pela 
realização do sujeito no lugar do Outro; elas se repetem ao longo da vida dos 
indivíduos, em suas relações, como numa pulsação, nas operações de 
interseção e separação de dois campos — do sujeito e do Outro.
 Inseparáveis, a alienação e a separação 
ocorrem quase que instantaneamente, e através delas se faz possível a 
instauração do sujeito do inconsciente, ou sujeito do desejo. Este cai do 
espaço entre os dois primeiros significantes da cadeia, dividido e desejante, 
mas para que isso ocorra é necessário que haja espaço entre S1 e 
S2, é necessário que não haja holófrase, pois, caso contrário, ele 
não cai ficando colado ao significante holofrásico. Na presença de 
holófrase ocorre a suspensão da função significante como tal (ausência da 
dimensão metafórica), com grande prejuízo para o registro simbólico. 
Stevens (1987) chama a atenção para o fato 
de a holófrase ser algo "informulável para o sujeito" que deixa não 
interrogável o desejo do Outro (p.71), Outro que se apresenta como não 
barrado, não desejante. A impossibilidade de capturar o desejo do Outro 
implica a impossibilidade de surgir como um ser desejante; assim o sujeito 
não se afaniza, não se separa, ficando alienado nesse Outro não barrado. Isso 
remete à ausência da Metáfora Paterna e do Nome-do-Pai, operadores teóricos 
que Lacan introduz para abordar esse tempo do Édipo, no qual o Pai, ou alguém 
 em sua função, barra a mãe e o filho.
 Lacan, ao falar da holófrase, coloca assim 
o FPS em série com a psicose e com a debilidade. Mas é necessário marcar que, 
no caso do primeiro, não há foraclusão do significante fálico do discurso, 
como
ocorre na psicose, uma vez que o FPS pode estar presente em outras 
estruturas nas quais outros mecanismos estejam operando, tais como o 
recalcamento e a denegação. Trata-se de um ponto de petrificação na cadeia 
significante, de uma Fixierung local que, à semelhança do sintoma, 
pode ser reativada posteriormente por um significante, como tenho dito. Para 
Guir (1997), o que ocorre no FPS é que a "metáfora paterna funciona em certos 
sítios do discurso e não em outros" (p.48), posicionamento este que se 
assemelha ao de Nasio (1993) que vai se referir nesses casos à "foraclusão 
como mecanismo local" (p.60). 
Lacan, em sua Conferência em Genebra 
(1975/1998b), refere-se à psicossomática como algo da ordem do 
escrito, do hieróglifo, o qual, em muitos casos, não sabemos ler, o que 
pode ser compreendido como um escrito para não ler (pas-à-lire). 
Trata-se de um registro que não se dirige a ninguém, apenas uma notação, num 
determinado ponto do discurso ou, como acho mais interessante dizer, uma 
mostração.
 Seguindo estas e outras idéias lacanianas a 
respeito da psicossomática, principalmente nessa Conferência e no 
Seminário 11, o FPS é comparado, por diversos autores, ao traço 
unário, signatura, nome próprio, hieróglifo, cartucho. A referência ao 
traço unário se justifica, uma vez que o FPS aponta para aquilo que tem de 
ranhura, marca do Outro no ser de sujeito na qual as lesões seriam uma forma 
de apresentação desse Outro. A referência a signatura rerum 
(assinatura que traz a essência de todas as coisas) é feita por Lacan em 
1975, numa clara alusão ao FPS como um enigma do real comparável ao 
hieróglifo ou cartucho (moldura na escrita hieroglífica que continha o nome 
de um soberano) — o corpo funcionaria como a moldura (cartucho) dessa forma 
de nome próprio, de nome do sujeito, que é o FPS. Para Laurent (1990), no 
FPS o nome próprio é feito com o gozo, nome composto com um ciframento 
particular de gozo. 
Acredito que é importante ressaltar aqui 
esta comparação com o hieróglifo, uma vez que ele é uma escrita que, por 
muito tempo, permaneceu para os estudiosos como enigma impossível de ser 
compreendido pois não havia referenciais para decifrá-la. Isso, até a 
descoberta da pedra de Roseta, onde estava gravado um texto escrito em duas 
línguas conhecidas e em hieróglifo. Por meio do estudo comparativo entre as 
línguas foi possível a Champollion efetuar sua decifração. Ou seja, como o 
hieróglifo, o FPS se dá a ler numa escritura desconhecida do simbólico, numa 
 escrita do real, daí a dificuldade da decifração habitual que se faz com o 
auxílio de significantes. Escrita que, para Lacan, se faz em números, que 
cifram o gozo, numa contagem absoluta que marca suas irrupções no corpo do 
sujeito em surtos inesperados e sucessivos, como numa pulsação de morte. O 
sujeito, sem compreender o desejo do Outro que lhe é enigmático, se submete a 
um imperativo de seu gozo, gozo que faz retorno naquilo que deveria ser o 
deserto do corpo. Esse autor nos adverte, como veremos no final deste texto, 
que é pela via do gozo que é preciso abordá-lo.
 Penso que ocorre um transbordamento pulsional 
 nas vivências traumáticas que rompem o semblante significante e até a 
própria fantasia, pois como não têm registro e nem memória, não têm marcação 
significante, o excesso não tem como ser amarrado, flutua como energia livre, 
como pura angústia. O FPS seria uma forma de laço, de amarração dessa 
energia. Mediante a ruptura do semblante pelo efeito de trauma, ele seria uma 
possibilidade de enlaçamento desse gozo real no corpo, texto escrito no 
corpo, pelo corpo, de maneira ilegível, escrita de real, que produz entre os 
seus efeitos o de condensação de gozo, de barra à pulsão; uma saída plausível 
perante a ameaça de ruptura do psiquismo. Saída possível à desorganização 
que esta invasão traz ao ser de sujeito, pois, ao promover uma condensação de 
gozo, o FPS impede que este se alastre no organismo, como ocorre na psicose, 
por funcionar como um tipo de laço, de amarração com a realidade. 
No FPS, esse gozo se mostra por intermédio 
das lesões, da carne marcada — uma "libra de carne" para pagar pela falha 
significante. Mediante um encontro traumático, contingente, com o real, 
ocorre um retorno de gozo no corpo que é circunscrito pelas lesões que 
provocam, assim, o "enlouquecimento" do organismo. Com isso, acredito que o 
FPS promova o enlaçamento com a realidade, permitindo uma nomeação, ou 
melhor, um apelido para o sujeito por meio da doença (já que tal nomeação não 
se faz por meio da lei), mediante essa vivência impossível do não-ser, do 
"estar sem chão", trazida pelo trauma. Isso pode ser percebido em caso de 
psicose, no qual o indivíduo alterna surtos de delírio ou alucinações com 
lesões psicossomáticas, mas também pode ser percebido, em alguns casos de 
neurose, no arrefecimento dos sintomas quando ocorre o adoecimento do corpo, 
uma vez que este provoca um investimento narcísico no órgão. Isso não quer 
dizer que não ocorra horror e até mesmo pânico mediante as manifestações 
somáticas. Aqui, o arrebatamento pelo gozo se dá também pelo sofrimento, 
sofrimento mostrado no corpo.
 Como já disse, no FPS o sujeito se submete 
a um imperativo de gozo sendo esta a sua especificidade. Específico em sua 
fixação fora do simbólico, freqüência de número (que não faz série) em lugar 
de repetição significante, ele apenas sinaliza algo da ordem de uma pulsação 
 sem sentido no corpo. Gozo sem sentido e, acima de tudo, de muita angústia. 
Aqui, o corpo é injungido como objeto, objeto dejeto, impossível de ser causa 
devido à presença da holófrase; dejeto no corpo, proximidade de real que 
causa angústia. Angústia que muitas vezes extrapola os limites do corpo e 
contamina as relações do sujeito, o ambiente familiar e até mesmo a equipe 
médica. Angústia que, ao não ser escutada, pode ser negada — "você não tem 
nada" — ou que, por outro lado, pode ser pressentida e evitada com 
tratamentos placebos e peregrinações por consultórios médicos. Angústia que 
encontrou uma ancoragem no corpo e que necessita ser nomeada, falada e 
escutada em lugar de ser mostrada nas lesões. Como me disse uma vez um 
paciente: "Foi a Dra. Fulana quem me descobriu!", aliviado e agradecido por 
ter, por fim, encontrado alguém que lhe nomeasse o mal "físico"; por ter 
encontrado alguém que atestasse sua identificação pela doença, tal qual a mãe 
com uma criança pequena diante do espelho. Sua angústia continuou, mas 
agora já tinha um nome e ele, enfim escutado por alguém, pôde por fim aceitar 
a indicação de uma análise. 
 
UMA PROPOSTA DE COMPREENSÃO DIFERENTE DO 
FPS
Este estudo me levou a algumas articulações 
que não encontrei em nenhuma referência bibliográfica. Trata-se de uma 
maneira pessoal de pensar o FPS, tema de difícil abordagem, relacionando-o 
aos efeitos do trauma e a uma possível função na estabilização do sistema 
psíquico. Vimos que os autores que teorizam a esse respeito fazem uso de 
analogias diversas para explicar o FPS: traço unário, hieróglifo, cartucho, 
nome próprio. Gostaria de acrescentar a analogia de um ‘remendo de tela’ da 
fantasia ou do delírio os quais podem romper após um encontro (que como vimos 
é sempre um reencontro) com o real. Escolhi o remendo e não a sutura pelo 
fato de o primeiro dar a idéia de algo postiço, que não encaixa 
completamente, que salta aos olhos e não tampona. Com isso, quero dizer que o 
real não pode ser de todo contido, a fantasia e o delírio não podem fazê-lo, 
 e o FPS também não.
 Tanto a fantasia quanto o delírio podem ser 
pensados como incidências do real no simbólico, pertencendo, porém, a 
estruturas
diferentes. Podemos ponderar que eles têm em comum o fato de 
serem, ao mesmo tempo, tela de proteção do simbólico e janela para o real e 
serem responsáveis por certa homeostase no funcionamento psíquico. Sei que 
pode causar estranheza essa afirmação do delírio como tela de proteção do 
real, mas estou operando com a idéia freudiana de ele ser uma tentativa de 
cura para a psicose, uma reconstrução possível da realidade após o 
desmoronamento, o desenlaçamento do sujeito trazido por mais um surto de 
real. Mas se por um lado a fantasia se constrói sob a égide da significação 
 fálica, o delírio, por outro lado, lhe escapa por não ter o falo como 
referente.
 A fantasia é herdeira do recalque originário 
 que apaga o S1, que por sua vez recobre a Coisa. Ela poderia ser 
articulada como o resquício da insistência da percepção que, ao tentar 
atravessar todos os neurônios protetores do sistema psíquico em formação, vai 
se transmutando, se depurando, ficando em restos... coisa, S1, 
traço unário, recalque, fantasia... dela só temos flashes através das 
formações do Inconsciente. Confeccionada pelo tecido de linguagem, sob a 
égide do significante fálico, a fantasia barra o gozo, o real, mas permite 
que vestígios dessa pura vida cheguem por meio de si e animem o corpo morto 
 do ser falante. Daí a adequação da metáfora "janela para o real" que eu 
completaria com ‘janela para a vida’, pois com a entrada do simbólico, o 
corpo se torna corpo morto como nos lembra Miller (1999), e sua possibilidade 
de desfrutar da vida é por meio do gozo, restrito às zonas erógenas. Consolo 
do sujeito, a fantasia encobre e atenua os encontros com o real do trauma, ao 
fazer um enquadramento deste. 
Nesses maus encontros, o gozo pode se 
desregular e romper a tela da fantasia, ameaçando o sujeito do inconsciente 
com o apagamento, com o afogamento num tsunami de efeitos prolongados, 
se nele não puder intervir o escoamento pela via do significante. Mas nesta 
 vivência contingencial de "perda de chão", o que ocorre, entre outras 
coisas, é a impossibilidade de vazão da angústia pela linguagem, brecha 
aberta para o adoecimento do sujeito. E é aqui que entraria o FPS — como a 
possibilidade de ‘remendo’ dessa tela, para que ela não se esgarce, o que 
levaria à intrusão de um gozo completamente desregulado por estar fora da 
ordem fálica. De tecido diferente da fantasia, que é feita de significantes, 
o FPS se torna um remendo esdrúxulo, que salta aos olhos e denuncia a 
angústia que deveria encobrir; por intermédio das lesões ele condensa o gozo, 
se tornando uma forma possível de tratamento do real nesses sujeitos. Pode 
ser dito que ele funcionaria assim como um protetor da fantasia, como aquilo 
que impede sua ruptura ao conferir ao sujeito "desarvorado" pelo trauma a 
possibilidade de uma nova identidade, o que se relacionaria a um possível 
funcionamento do FPS como um dos nomes-do-pai que impede que o sujeito caia 
da cena.
 Gostaria de utilizar um fragmento clínico 
para discutir essa forma particular de teorização. Marina, 20 anos, busca 
análise em decorrência de sentimentos de fracasso causados por forte inibição 
intelectual que a deixa paralisada, "sem saber o que fazer", sempre que é 
convocada a dar mostras de algum saber no trabalho, mas sobretudo na 
faculdade. Sua mãe, perfeccionista, é percebida como impossível de ser 
satisfeita em suas eternas exigências; ela sempre compara a filha ao irmão, 
tido como "brilhante", e a uma tia, pouco mais velha que Marina, "toda 
certinha". As cobranças maternas são atualizadas pelas cobranças do patrão e 
de um professor "exigente"; frente a elas Marina, em pânico, é tomada por 
"brancos" e fica sem ter como responder. Sem "saber o que fazer", ela se coça 
reativando um eczema crônico, presente "desde sempre" em sua vida, resistente 
a todo tratamento médico (o curioso é que a tia também tem uma afecção de 
pele do mesmo tipo). 
Para Marina, a exigência materna repetida e 
atualizada é traumática; ela faz furo na fantasia consoladora de poder ter 
algum saber e "dar conta" de suas coisas lançando-a ao abismo do nada (nada 
poder dizer, nada entender, nada fazer) paralisando-a. O eczema tira-a desse 
abismo ao transferir a cena para o corpo — mediante a impossibilidade do 
recurso ao simbólico (ele falha, dá branco), o coçar é a única ação possível 
a essa moça, a angústia é dessa maneira corporificada nas lesões (tanto 
que na ocasião que buscou a análise ela havia interrompido o tratamento por 
não desejar "engordar"). 
 Pode-se pensar que, neste caso, a escritura 
da fantasia é alterada pela ameaça de dissolução do sinal de punção. O FPS 
entraria no centro do sinal, encobrindo o desejo, mas impedindo que o traçado 
deste se desvanecesse. Ao fazê-lo, no entanto, ele colaria os dois, sujeito e 
objeto, num monólito passado ao corpo. Ele entraria tanto como possibilidade 
de escoamento de certo gozo (as feridas incomodam, enfeiam e trazem 
sofrimento) quanto como um remendo desta tela pela via da identificação com a 
tia (a mãe queria que ela se parecesse com a tia e ela o faz, pela via da 
lesão). Como o entremetimento do significante se faz impossível devido à ação 
 da holófrase ("ter que fazer certo"), o FPS é uma possibilidade de 
circunscrição do gozo a "certos sítios" do corpo, impedindo a devastação pela 
angústia. Nesse sentido, ele é uma possibilidade de enlaçamento dos três 
registros, RSI, funcionando aqui como um dos nomes-do-pai. Ele sustentaria o 
sujeito que assim não delira, não desestrutura, apenas vive o sofrimento. 
Algo correlato aconteceria com o delírio na 
psicose. Como já disse, no início desta seção, o delírio em si é uma 
tentativa de cura da psicose (FREUD, 1911), com ele o sujeito faz uma 
tentativa de reconstrução, de organização da realidade externa. Ou seja, 
perante o desenlace do sujeito da realidade, diante da invasão do real no 
aparelho psíquico, ele funcionaria como a tentativa de um novo laço, só que 
delirante. Como nos lembra Jorge (2004), ele é uma tentativa de preencher a 
falha deixada pela não entronização da fantasia, uma tentativa de 
reconstituição da matriz simbólica por ela representada. Ele não deixa de ser 
 uma forma possível de tratamento do real na psicose, pois ao mesmo tempo 
em que barra o gozo ele permite que, através de suas formações delirantes, 
vestígios deste cheguem ao indivíduo. Dessa forma, acredito ser pertinente a 
postulação da mesma tese que foi feita para a relação do FPS com a fantasia, 
ou seja, o funcionamento deste como um remendo — mediante a possibilidade de 
desestabilização do delírio, que aqui está sendo tratado na metáfora de 
ruptura, devido a um recrudescimento de gozo, o FPS também funcionaria como 
um remendo lhe trazendo certa estabilização. Daí a ocorrência clínica já 
citada de sujeitos psicóticos alternarem surtos delirantes com ausência de 
lesões, e surtos psicossomáticos com alguma lucidez e certo 
apaziguamento.
 Portanto, penso o FPS como uma condensação 
de gozo, ato desesperado de um "assujeito" que adoece no corpo evitando assim 
uma catástrofe pior que seria o seu apagamento total. Ato enlouquecido, no 
qual, sem percebê-lo, o indivíduo volta-se contra si mesmo, que seria antes 
uma passagem ao ato, ou melhor, uma passagem ao corpo. Com a analogia da 
passagem ao corpo, pretendo marcar a ausência de sujeito nessa forma de 
adoecimento, devido ao apagamento do sujeito do inconsciente, e a 
impossibilidade de se referir ao FPS como um ato voluntário, implícito nas 
expressões usuais: "Fulano fez um câncer". Portanto, não se trata de um 
fazer consciente, mas de um não-saber-o-que-fazer uma vez que, num sítio do 
discurso, mediante
o acionamento de um significante traumático para o 
sujeito, este se apaga. Com ele apaga-se o que há de mais estruturado no 
psiquismo, a fantasia e o delírio — tratamentos simbólicos possíveis do 
real.
 Utilizando a mesma metáfora de Freud para o 
aparelho psíquico, a da vesícula viva, é possível pensar que, mediante o 
trauma, ocorre uma ruptura e uma invasão de real que é contida, de certa 
forma, pelo FPS. A lesão seria, assim, sua parte mais externa, sua ‘crosta 
inorgânica’ que, ao mesmo tempo que aponta para o real por meio da 
condensação de gozo, impede que ele invada o psiquismo. Audaciosamente, estou 
propondo que o FPS seria um dos tratamentos dados ao real do trauma. 
Vale a pena ressaltar que o estudo do FPS é 
um grande desafio devido à dificuldade de se ter uma teoria específica para 
este tema. Autores aqui citados e muitos outros vêm trabalhando na construção 
de algum saber que possa bordejar essa manifestação do real que se faz 
presente na clínica e que resiste à apreensão. Dessa forma, penso que tais 
trabalhos, da mesma forma que o presente artigo, não têm a pretensão de 
apresentar uma solução teórica para esse problema, seriam antes bordejos do 
mesmo. 
Enigma para os profissionais que dele tratam, 
 horror, desgraça ou consolo para os pacientes que o portam, é possível 
pensar que o FPS advém de uma conjuntura: o encontro do necessário — real do 
trauma representado pela indução significante (palavras venenosas) — com o 
contingente, representado por fatores genéticos, hábitos de vida, etc. Nesse 
caso, a contingência também seria evidente na forma como o real do trauma se 
faz presente para dado sujeito — ele ocorre para todos, é da ordem do 
necessário, mas a maneira como ocorre é contingente. 
Quanto à cura, gostaria de lembrar Lacan, em 
sua Conferência em Genebra: "é pela revelação do gozo específico que há na 
sua fixação, que sempre é preciso abordar o psicossomático" (LACAN, 
1975/1998b, p.14). Valas nos propõe que a saída desse ponto de fixação, de 
petrificação, é "deixar o sujeito dizer, deixar ir de maneira refletida o 
livre jogo de sua angústia, de modo que possa se produzir um distanciamento, 
uma flutuação [...]. Pouco a pouco, ela vai ganhar sentido para ele" (VALAS, 
2004, p.124). Não se trata aqui de remissão pela utilização de um 
significante causal ou das racionalizações do sujeito numa tentativa de 
compreender sua doença, mas de o sujeito falar de suas lesões nos mesmos 
termos que fala de sua angústia. Por outro lado, advirto com esse mesmo autor 
 que o FPS é sensível ao significante e o uso inadequado das palavras pode 
produzir estragos (aumento das lesões, fechamento do inconsciente, e até a 
morte). O FPS é enigmático em sua remissão, pois esta pode resultar tanto do 
êxito de uma simbolização bem feita, advinda do processo de subjetivação, 
quanto de uma "prótese imaginária", fortuita ou planejada.
 No caso relatado, o dito do Outro, "saber 
fazer certo", tinha estrutura holofrásica para Marina que, diante dele, 
apagava-se. Não havendo sujeito para um ato, só lhe restava se coçar... pois, 
na impossibilidade de ser como a mãe, ou de acordo com o desejo materno, ela 
tomava emprestado um traço de alguém que representava a mãe para ela (no caso 
a madrinha que também tinha eczema). Essa é uma forma de mimetismo 
freqüentemente evocada em caso de FPS e descrita por Guir (1997) como o 
funcionamento do sujeito como uma parte do corpo do outro. Isso se aproxima 
do conceito de identificação de Freud. Poder-se-ia pensar que, em caso de 
FPS, a identificação se faz no corpo?
 Por outro lado o eczema, ao mesmo tempo que 
trazia sofrimento e aplacava a angústia, a denunciava por meio da repetição e 
da impossibilidade de parar. Apenas quando essa angústia entrou no cenário da 
análise, é que foi possível pinçar o sujeito, sujeito que tem se fortalecido 
e lutado para, paulatinamente, escapar das garras do Outro. Marina assim vem 
se impondo, conquistando pequenas vitórias, confrontando, discutindo. Faz 
seis meses que ela não se coça (tempo recorde). Mais senhora de si, ela já 
pode alçar vôos mais altos, mudou de emprego e está estudando uma proposta 
para uma temporada fora. A coceira pode voltar, mas já encontrará alguém com 
 certo "saber fazer".
 Compreender o adoecer é algo que fascina e 
desafia o ser humano, como foi dito no início deste artigo. Cedo se descobriu 
que ele pode se relacionar ao além do visível numa atribuição ao Outro, seja 
ele Deus, Alma, Inconsciente, Real; um sentido é buscado alhures, para além 
do organismo e da natureza, na contramão da Medicina. O FPS nos coloca um 
desafio: como lidar com o sem-sentido? Como Champollion, os estudiosos se 
debruçam sobre esse enigma, acionado por um significante, mas não passível de 
leitura pelo mesmo, pois o texto por ele escrito se encontra em outra língua, 
uma língua viva, coabitada pelo gozo e não pelo significante mortificador. 
Escrito ou cifrado em número, o FPS segue desafiando o saber, esse 
S2 humilhado, mas que, como o inconsciente, não desiste, insiste. 
A nós, que por ele nos interessamos, cabe bordejar esse furo em nosso saber, 
auxiliados por nossa escuta na clínica desses pacientes e pelo difícil 
cotejamento teórico deste tema. 
 
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Recebido em 2/6/2006. Aprovado em 
14/3/2007.
 
 
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 * http://jquery.com/
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 * Copyright 2010, John Resig
 * Dual licensed under the MIT or GPL Version 2 licenses.
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 * http://sizzlejs.com/
 * Copyright 2010, The Dojo Foundation
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 * Date: Sat Feb 13 22:33:48 2010 -0500
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