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Biossintese de Cumarinas ➢ Formação do p-cumaroil CoA 1. Ácido chiquímico forma o ácido corísmico, que forma o ácido prefênico que forma a Fenilalanina (Biossíntese Maria Isabel); 2. Após a saída de amônio pela ação da PAL tem-se a formação da ligação dupla na estrutura do Cinamato; 3. O ácido cinâmico (cinamato) sofre ativação por SCoA, ativando o grupo carboxilico terminal, podendo ocorrer uma p-Hidroxilação. Forma o ácido p-Cumárico. 4. A partir da estrutura anterior se tem a formação das cumarinas ➢ Tipos de Cumarinas 1. C-preniladas: quando a inserção da unidade isoprênica acontece diretamente a um átomo de carbono. 2. O-preniladas: quando a unidade isoprênica se liga diretamente a uma unidade de oxigênio. Prenilação: quando há a adição de uma unidade isoprênica a uma estrutura fenólica, como por exemplo a cumarina, gerando um fenol prenilado. 3. Furano cumarinas: anel furano fundido ao anel furano. Podem ser classificadas de duas formas: - Lineares: quando o anel é fundido e a estrutura se dispõe linearmente; - Angulares: a fusão do anel furano ocorre de forma que a angulação da estrutura faça uma “ondulação”; 4. Pirano cumarinas: anel de 6 membros – pirano, que também podem ser lineares e angulares. LEMBRANDO: o que estabelece a linearidade ou angularidade da estrutura é onde a unidade isoprênica vai se ligar: se é no carbono 6 ou no carbono 8. 5. Cumarinas diméricas: exemplificada pelo dicumarol. É uma estrutura que serviu como protótipo para os anticoagulantes. Ex: síntese da varfarina. ➢ Ciclização e formação do núcleo cumarínico 1. Ácido cinâmico pode sofrer duas ações: sofre ação da cinamato 2-hidroxilase, em que a hidroxilação ocorre em posição orto à cadeia lateral, formando o ácido O- hidroxicinâmico, ou pode sofrer hidroxilação da cinamato 4-hidroxilase, em que a hidroxilação ocorre em posição para em referência a cadeia lateral, formando o ácido P- hidroxicinâmico. OBS: Independente das duas possíveis rotas, é importante ressaltar, que para ocorrer ao final a ciclização do esqueleto cumarínico, a hidroxilação em orto (posição 2 a cadeia lateral) ela é fundamental, porque é a participação dessa hidroxila que vai fazer com que no final haja o anel lactônico. * As hidroxilas estão destacadas para mostrar que ao final, as estruturas dos esqueletos cumarínicos conservarão os átomos de oxigênio do substituinte hidroxílico. 2. Na rota que sofre ação da cinamato 2-hidroxilase haverá a formação da Cumarina simples; Na rota que sofre ação da cinamato 4-hidroxilase haverá uma hidroxila adicional, mesmo tendo os mesmos mecanismos envolvidos, tendo a formação da Umbeliferona. Como ocorre a ciclização? 1. Ocorre uma isomerização trans-cis por fotocatálise UV ou por sistema enzimático, em que a carboxila, admitirá posição cis. 2. Formação do anel lactônico: Ocorre a lactonização, através de uma reação de esterificação intramolecular, formando uma cumarina simples. 3. Ácido cinâmico sofre ação da cinamato 4-hidroxilase, junto de O2 e NADPH, formando o ácido p-hidroxicinâmico. ➢ Glicosilação e ação da glicosidase 1. Antes da isomerização da dupla, ou seja, um pouco antes da ciclização, ocorre uma glicosilação na hidroxila. Esse processo é uma forma de defesa do vegetal. A Hidrólise enzimática sob stress biótico ou abiótico retira a glicose, através de uma glicosidase, que permite a formação da cumarina. 2. Normalmente, é encontrado o ácido em sua forma glicosilada armazenado no vacúolo (escopolina – cumarina glicosilada). Em um tecido saudável a cumarina ativa está armazenada na parte externa do citosol e por ação de uma glicosidase ela é glicosilada a forma escopolina e por ação de uma glicosil-transferase ela é transferida do exterior e armazenada no vacúolo. 3. Quando há um estresse que causa a ruptura do tecido, há a liberação dessa forma glicosilada que irá se encontrar com uma glicosidase, fazendo com que hidrolise a escopolina formando escopoletina, fazendo com que uma maior quantidade de escopoletina seja acumulada e forme as cumarinas livres (ação antimicrobiana, antioxidante, sequestradora de EROs), ou seja, uma planta com estresse acumula escopoletina como mecanismo de defesa e de se defender do ambiente inadequado. 4. Então, geralmente essas estruturas se encontram nessa forma e quando precisa do vegetal trazer alguma resposta a algum elicitor, essa glicose entra em contato com a glicosidase e ela é liberada, tendo então a lactonização acontecendo. Como ocorre a lactonização? O mecanismo clássico quando se tem uma hidroxila e uma carboxila ocorre da seguinte forma: 1. O par de elétrons da hidroxila promove um ataque nucleofílico ao centro eletrofílico do carbono da carbonila do grupo ácido, o par de elétrons da dupla vai em direção ao oxigênio, o qual fica com carga negativa, formando um intermediário. 2. Ocorre migração 1,2-dipróton. Neutralizando o heteroátomo, formando outro intermediário. 3. Par de elétrons do O- forma a dupla com o carbono e expulsa o H2O, formando a lactona. ➢ Mecanismo enzimático de ciclização e isomerização 1. Feruloil-CoA sofre ação de uma dioxigenase dependente de 2-oxoglutarato que, a partir de uma oxidação, adiciona uma hidroxila na posição orto no anel. 2. Ocorre uma nova etapa de oxidação, é feita uma abstração de próton dessa hidroxila, formando um O-. 3. Ocorre uma ressonância entre os elétrons do oxigênio e a dupla ligação do anel, o que resulta na formação de uma carbonila e a migração das ligações duplas, dentro e fora do anel. Isso gera um oxigênio fora do anel com carga negativa. 4. Quando ocorre esse sistema de ressonância, a ligação simples, que antes era dupla, consegue sofrer uma rotação, o que não era possível numa dupla, fazendo com que assuma uma posição cis. 5. Os elétrons da carbonila ligada ao anel vão para o oxigênio, que ataca a carbonila do grupamento ácido, o que resulta na expulsão do SCoA (bom grupo de saída), completando a lactonização. ➢ Biossíntese de furano e piranocumarinas Resumo: São sintetizadas a partir da via do Chiquimato, tendo como precursor o ácido Chiquímico que dá origem ao ácido aminado Fenilalanina que por ação da PAL, origina-se o ácido Cinâmico, que é convertido a ácido-p-hidroxi-cinâmico, que é pela ação da cinamato-4- hidroxilase. Posteriormente, a cumarato-2-hidroxilase catalisa a reação de formação do intermediário que possui a hidroxilação orto em relação a cadeia lateral. Em seguida, ocorre a fotoisomerização da ligação dupla com geometria trans, passando a geometria cis da forma E para a forma Z e posteriormente a lactonização, dando origem a Umbeliferona. A etapa seguinte é caracterizada pela adição de uma unidade isoprênica, denominada dimetilalildifosfato - DMAPP. A prenilação, que é a incorporação dessa unidade isoprênica no sistema bicíclico da cumarina, ela pode ocorrer em duas posições principais: ou no C6 ou no C8. Caso essa isoprenilação ocorra no C6 – haverá a formação de uma pirano ou furano cumarinas lineares, mas se a adição for no C8 – haverá a formação de pirano ou furano cumarinas angulares. OBS: independente da biossíntese ocorrer na forma linear ou angular, elas passam por uma etapa chave que é a etapa de epoxidação da dupla ligação dessa unidade isoprênica. Essa epoxidação da ligação dupla acontece mediada por uma enzima denominada mono-oxigenase dependente do CYP450; também é mediada pelo fator NADH e por um oxigênio molecular. 1. DMAPP tem a saída do OPP (bom grupo de saída) formando um carbocátion que é estabilizado por ressonância com a ligação dupla da unidade isoprênica. 2. A alquilação só é possível acontecer devido a presença de um grupo hidroxila no carbono 7 (fator determinante), que serve para ativar as posições 6 e 8. O par de elétrons do OH entra em ressonância com o anel, sendo deslocalizado, isso faz com que o par de elétrons da ligação dupla do anel faça um ataque nucleofílico sobre o carbocátion, assim ocorre uma alquilação, formandoa demetilsuberosina (processo de prenilação). 3. Mono-oxigenase realiza uma reação de epoxidação junto de O2 e NADPH. Isso irá formar um anel epóxido, que possui alta instabilidade, podendo se abrir facilmente. Além disso, o meio vegetal sendo levemente ácido a abertura desse anel também é facilitada. 4. O ataque pode ocorrer no carbono marcado em azul como no marcado em laranja. Primeiro o marcado em azul: quando ocorre o ataque desse par de elétrons, considerando a diferença de eletronegatividade entre o carbono e o oxigênio, o heteroátomo ser mais eletronegativo, a instabilidade do anel e o meio ácido, ocorre a abertura desse anel e consequentemente se tem a formação do anel furano. Como consequência, uma vez que ocorre a captura, abstração desse próton do meio reacional, o oxigênio vai ser visualizado na forma de um álcool na estrutura que a partir da saída de uma molécula de água ocorre a formação de uma ligação dupla no grupamento alquil ligado diretamente ao anel furano. Marcado em laranja: caso isso ocorra, haverá a abertura do anel do epóxido a partir da ligação com o oxigênio, que também fará com que o par de elétrons sobre o oxigênio facilmente consiga abstrair o próton do meio reacional e esse anel após a abertura haja uma nova ligação entre o oxigênio que se ligou e o carbono, levando a formação de um pirano. O oxigênio em laranja fica negativo, já a hidroxila forma uma nova ligação, em que o oxigênio fica na forma positiva, ficando na forma positiva facilitando o oxigênio em laranja em capturar prótons do meio reacional. Formação da ligação dupla a partir da saída de água marcado em azul. 5. Uma segunda mono-oxigenase, também dependente da CYP450 e que a partir da presença de O2 molecular e NADPH, vai agir sobre a marmegina. Através de uma oxidação e formação de radical, realiza a saída do grupo alquil com a hidroxila ligado ao anel furano. A enzima abstrai um hidrogênio na forma de radical, formando um radical no carbono do anel. 6. Ocorre a saída da cadeia lateral através da clivagem da sua ligação com o anel e formação de um novo radical e, a partir dos dois elétrons radicalares, ocorre a formação de uma ligação dupla no anel, formando o psoraleno. Caso o carbono que tivesse sofrido prenilação fosse o 8, formaria a angelicina. Clivagem da cadeia lateral para formação do psoraleno.
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