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Direitos Humanos em saúde e educação. Faculdade Integrada de Carajás Medicina Veterinária Direitos Humanos em Saúde Histórico • 1948 - O direito à saúde foi reconhecido internacionalmente na Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas (ONU). • ONU, 1966 - O Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Pidesc), O artigo 12 enfatiza a universalidade e a integralidade do direito humano à saúde “Toda pessoa deve desfrutar do mais alto padrão de saúde física e mental”. Saúde Pública e Direitos Humanos: três relações básicas 1) Refere-se aos meios pelos quais Políticas, Programas e Práticas de saúde podem violar os direitos humanos. • Remete ao conflito clássico entre Proteger a Saúde Pública e respeitar os Direitos Humanos. • Historicamente o trabalho da saúde tem implicado em restrições dos direitos individuais em favor do bem coletivo. • É imprescindível dimensionar em que medidas as intervenções em SP respeitam os DH. • Alguns avanços nas políticas/programas em curso.(participação consentida em testes vacinas; avaliação de custo - beneficio de biotecnologias etc.) O dilema da discriminação • De forma inadvertida ou intencional a “discriminação”é recorrente na Saúde Pública e se apresenta como uma questão importante de DH. • Pode-se afirmar que as políticas e programas de SP são discriminatórias. • A discriminação direta ou indireta, que implica na exclusão ou inclusão privilegiada de grupos na oferta/ distribuição de recursos/serviços é considerada condição de eficácia, mas também de respeito aos DHs. • Por outro lado: quando “os grupos de risco” fazem parte de um segmento já marginalizado (pobres, jovens negros das periferias, prostitutas etc.) aumenta- se as chances de ser negligenciado ou de não entrar na agenda de prioridades.. A lição da aids. Saúde Pública e Direitos Humanos: três relações básicas 2) A necessidade de identificar e avaliar os impactos da violação de direitos e dignidade humana. • Algumas iniciativas importantes visam documentar a existência e o alcance da violação de DH: Médicos pelos Direitos Humanos, Anistia Internacional Médicos sem Fronteiras • Os trabalhos se concentravam na violação de direitos relacionados com a saúde física (torturas, prisões desumanas). • Man (1995) apontava a importância de avançar na seguinte questão: como a violação de DH ou da dignidade tem impactos identificáveis e mensuráveis para a saúde Exemplos de violação • Marketing de cigarro ou bebidas alcoólicas que não informam danos associados ao uso... • Violação do direito de acesso à informação sobre saúde-doença: ex.:DST aids entre trabalhadores do sexo ou consumidores de drogas injetáveis • Direito reprodutivo; direito à privacidade etc. Ex.: Violência ou abusos contra crianças só constitui uma questão de saúde pública quando se apresentam como um problema de saúde identificável e registrado. A dificuldade de mensurar a violação da dignidade!! Saúde Pública e Direitos Humanos: três relações básicas 3) A terceira relação entre SP e DH é considerada a mais profunda: refere-se à premissa de que promoção e proteção a saúde está intrinsecamente ligada à promoção e proteção dos Direitos Humanos. • É preciso rever definição e missão da Saúde Pública [ e de saúde] • Saúde Pública: “Garantir as condições em que as pessoas possam ser saudáveis (IM, 1988)” O direito à saúde no Brasil • O direito à saúde recebeu pela primeira vez tratamento constitucional no Brasil→ fruto de grande participação popular. • A introdução da saúde no rol dos direitos sociais no Brasil foi resultado da força dos movimentos populares no momento da redemocratização política. • 1990 - Leis 8.080 e 8.142, que regulamentaram o Sistema Único de Saúde (SUS). • Fortaleceu o caráter universal e público do direito humano à saúde: Princípios éticos e doutrinários do SUS • Universalidade • Equidade • Integralidade, Outras diretrizes • Descentralização • Intersetorialidade • Participação social Universalidade - Equidade • A garantia do acesso universal no SUS depende da identificação de eventuais barreiras vinculadas a características e necessidades da população. • A heterogeneidade/diversidade de dita população remete necessariamente a outro princípio básico do SUS: a equidade. Equidade em Saúde • A equidade no acesso à saúde representa um dos maiores e mais complexos desafios contemporâneos em diversos países, • Diferentes definições de Equidade em saúde; • Em geral, o conceito remete à promoção da justiça social, para além de status econômico ou social, como o principal meio para determinar o acesso a uma boa saúde e bem-estar (Braveman, 2006). Acessibilidade em Saúde • “ (...) é mais abrangente do que a mera disponibilidade de recursos em um determinado momento e lugar. Refere-se às características dos serviços e dos recursos de saúde que facilitam ou limitam seu uso por potenciais usuários”. (Travassos e Martins, 2004) • Questões socioeconômicas, geográficas, culturais e políticas do contexto social e assistencial – que podem expressar-se como barreiras no atendimento das necessidades dos usuários (efetivos e/ou potenciais) do sistema de saúde. Iniquidades em Saúde • Barreiras econômicas e étnico-raciais destacam-se entre os elementos que indicam a produção de iniquidades e contribuem para a vulnerabilização de diferentes grupos sociais. • Classe social e pertença étnica são fatores importantes em processos de estigmatização social. A agenda de DH na saúde • Incluir a temática dos Direitos Humanos nos programas de formação e educação permanente. • Fomentar a pesquisa acerca da questão dos Direitos Humanos na saúde – ainda é bastante incipiente no Brasil. • Instigar a análise crítica entre gestores, profissionais de saúde, usuários, população em geral a respeito dos interesses conflitantes entre Mercado e Saúde – o complexo médico-industrial (que inclui a indústria farmacêutica), a indústria alimentícia, empresas de tabaco, bebidas alcoólicas etc. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS INTRODUÇÃO Bases da República Federativa do Brasil • Igualdade, Cidadania, Pluralismo, dignidade da pessoa humana. • Construir uma sociedade mais livre, justa e solidária; • Garantir o desenvolvimento nacional; • Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; • Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. DOCUMENTOS REFERENCIAIS • Declaração Universal dos Direitos Humanos (10/12/1948, artigo 26) • Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (artigo 13 e 14) • Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (artigo 29) • Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (artigo 10) • Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (artigo 7) • Diretrizes para a Formulação de Planos Nacionais de Ação para a Educação em Direitos Humanos (ONU, AG, A/52/469/Supl. 1, de 20/10/1997) • Projeto Revisado de Plano de Ação para a Primeira Etapa (2005-2007) do Programa Mundial para a Educação em Direitos Humanos (ONU, AG, A/59/525/Rev.1, de 02/03/2005) • Declaração do México sobre Educação em Direitos Humanos na América Latina e Caribe (UNESCO, 2001) CONCEPÇÃO DE EdDH A Educação em Direitos Humanos (EdDH) define-se como o conjunto de atividades de capacitação e de difusão de informação orientado para criar uma cultura universal dos direitos humanos – através da transmissão de conhecimentos, do ensino de técnicas e da formação de atitudes FINALIDADES DA EdDH a) Fortalecer o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais; b) Desenvolver plenamente a personalidade humana e o sentido da dignidade do ser humano; c) Promover a compreensão, a tolerância, a igualdade entre os sexos e a amizade entre todas as nações,povos indígenas e grupos raciais, nacionais, étnicos, religiosos e lingüísticos; d) Facilitar a participação efetiva de todas as pessoas numa sociedade livre e democrática na qual impere o Estado de Direito; e) Fomentar e manter a paz; f) Promover o desenvolvimento sustentável centrado nas pessoas e na justiça social. ABRANGÊNCIA DA EdDH a) Conhecimentos e Técnicas: aprender sobre os direitos humanos e os mecanismos para sua proteção, assim como adquirir a capacidade de aplicá-los na vida cotidiana; b) Valores, Atitudes e Comportamentos: promoção de valores e desenvolvimento de atitudes e comportamentos que respeitem os direitos humanos; c) Atuação, habilidades: fomentar a adoção de medidas práticas para defender e promover os direitos humanos. POR QUE A EdDH A EdDH é essencial e pode contribuir para: - a redução de violações dos direitos humanos - a prevenção das violações e a proteção dos direitos humanos - a promoção de ações de realização dos direitos humanos - a construção de sociedades livres e justas PRINCÍPIOS PARA PRÁTICAS EDUCATIVAS a) o respeito às diferenças e a oposição à discriminação baseada em motivos de raça, origem nacional ou étnica, gênero, religião, idade, condição social, física ou mental, língua, orientação sexual, etc.; b) a linguagem e a conduta não discriminatórias; c) o respeito à diversidade de opinião; d) o ensino e a aprendizagem participativos; e) a transformação das normas dos direitos humanos em atitude cotidiana; f) a capacitação profissional dos educadores; g) o desenvolvimento e fortalecimento de capacidades e da perícia (“expertise”) para a implementação efetiva do plano. EdDH NOS SISTEMAS DE ENSINO Os sistemas de ensino devem ter em conta: a) “Os direitos humanos no contexto educativo”: assegurar que todos os componentes e procesos de aprendizagem, inclusive os planos de estudo, os materiais didáticos, os métodos pedagógicos e a capacitação, conduzam à aprendizagem dos direitos humanos; b) “A realização dos direitos humanos na educação”: assegurar o respeito aos direitos humanos de todos os atores, a prática dos direitos dentro do sistema de ensino e o sistema de ensino como realização do direito humano à educação. EXIGÊNCIAS DA EdDH PARA SISTEMAS DE ENSINO a) Políticas Elaborar de forma participativa e aprovar, políticas, leis e estratégias de educação coerentes e baseadas nos direitos humanos que incluam o aperfeiçoamento dos planos de estudo e as políticas de capacitação de docentes e outros profissionais da educação; b) Execução das Políticas Planejar a aplicação das políticas de educação em direitos humanos mediante a adoção de medidas apropriadas de organização e facilitando a participação de todos os interessados; c) Contexto da Aprendizagem o contexto escolar deve respeitar e promover os direitos humanos e as liberdades fundamentais. Deve oferecer a oportunidade para que todos os atores do sistema escolar (estudantes, docentes, profissionais de apoio, administradores, pais) pratiquem os direitos humanos em seu cotidiano. Deve proporcionar a possibilidade para que as crianças expressem suas opiniões com liberdade e possam participar da vida escolar; d) Ensino e Aprendizagem • todos os processos e instrumentos de ensino e aprendizagem devem basear-se no direitos humanos por exemplo: – o conteúdo e os objetivos dos Planos de Ensino, – as práticas e os métodos democráticos e participativos, – os materiais apropriados – que incluem a revisão de livros didáticos e outros subsídios; e) Formação dos Profissionais da Educação • dotar o pessoal docente, os profissionais da educação e a as autoridades escolares de conhecimentos, compreensão, técnicas e competências necessários para facilitar a aprendizagem e a prática dos direitos humanos nas escolas, – mediante cursos de capacitação prévios e simultâneos à prestação de serviços, assim como assegurar condições de trabalho e reconhecimento profissional apropiados. SISTEMA NACIONAL/RES CNE Nº 1, DE 30/05/2012 • Art. 3º A Educação em Direitos Humanos, com a finalidade de promover a educação para a mudança e a transformação social, fundamenta-se nos seguintes princípios: I - dignidade humana; II - igualdade de direitos; III - reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades; IV - laicidade V - democracia na educação; VI - transversalidade, vivência e globalidade; e VII - sustentabilidade sócio-ambiental Art. 4º A Educação em Direitos Humanos como processo sistemático e multidimensional, orientador da formação integral dos sujeitos de direitos, articula-se às seguintes dimensões: I - apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre direitos humanos e a sua relação com os contextos internacional, nacional e local; II - afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos direitos humanos em todos os espaços da sociedade; SISTEMA NACIONAL/RES CNE Nº 1, DE 30/05/2012 III - formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente em níveis cognitivo, social, cultural e político; IV - desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados; e V - fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos. SISTEMA NACIONAL/RES CNE Nº 1, DE 30/05/2012 Obrigada!