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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 INTRODUÇÃO: - É uma doença ou artropatia por depósito de cristais de pirofosfato de cálcio diidratados (CPPD) CONDROCALCINOSE: - Significa o achado radiológico ou histológico de calcificações na cartilagem articular hialina e estruturas fibrocartilaginosas, dentre elas, principalmente os meniscos ARTROPATIA POR PIROFOSFATO DE CÁLCIO: - Ocorre quando há uma anormalidade estrutural da cartilagem e dos ossos pela deposição dos cristais de pirofosfato e artrite consequente PSEUDOGOTA: - Traduz-se clinicamente por 3 expressões mais comuns: 1. Semelhante à artrite reumatoide, denominada pseudoreumatoide 2. Semelhante à osteoartrite, denominada pseudodegenerativa 3. Semelhante à junta neuropática, denominada psudoneurotrófica - Na pseudogota há um processo caracterizado por inflamação da articulação com dor importante e acúmulo de líquido intra-articular, podendo acometer uma ou mais articulações. Geralmente é autolimitada, com surgimento agudo ou subagudo que pode ser confundido com a gota - O diagnóstico diferencial deve ser feito através da identificação dos cristais no líquido sinovial - Sintomas sistêmicos podem acompanhar a artrite, e alterações laboratoriais, como leucocitose e desvio à esquerda, podem ser detectadas nas fases agudas - As articulações mais acometidas na pseudogota são os joelhos, o que ajuda no diferencial com a gota, onde a mais acometida é a primeira metatarsofalangeana. Em sequência, punhos, tornozelos, cotovelos, metatarsofalangeanas, ombro e quadril são as mais acometidas, nesta ordem - Pode também ocorrer no pós-operatório de paratireoidectomia devido à queda abrupta dos níveis séricos de cálcio pela ausência do PTH - Trauma, cirurgias e doenças debilitantes também podem precipitar ataques de pseudogota - Possivelmente a CPPD pode ser a maior causa de monoartrite em idosos - Há relatos de que os bisfosfonatos e injeções intra-articulares repetidas de hialuronatos podem causar ataques de pseudogota - Na pseudo-osteoartrite, ou forma degenerativa, o diagnóstico diferencial com a osteoartrite (OA) é difícil, havendo aqueles que até a considerem um subtipo de osteoartrite, porém a associação das 2 patologias permanece incerta. Uma pista para o diagnóstico a favor da CPPD são as articulações mais acometidas, que diferem NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 daquelas da osteoartrite. Na deposição de cristais, as articulações mais envolvidas são os joelhos, quadris, punhos, 2ª e 3ª metacarpo falangeanas e cotovelos, podendo haver dor e rigidez dessas articulações. Outros dados que ajudam no diagnóstico diferencial são a deformidade em valgo dos joelhos e a presença de contraturas em flexão de cotovelos e punhos, mais comuns na CPPD - Na forma pseudorreumatoide, os pacientes com CPPD podem desenvolver acometimento de múltipas articulações, com envolvimento simétrico, graus variados de inflamação, rigidez matinal e espessamento sinovial, o que torna o diagnóstico diferencial com a artrite reumatoide importante e difícil. Essencialmente, o fator que ajudará nessa diferenciação, falando a favor de artrite reumatoide são os altos títulos de fator reumatoide (lembrando, entretanto, que este também pode estar elevado em idosos por si só), alterações radiográficas, como erosões ósseas e a presença do anti-CCP (anticorpos contra o peptídeo anticitrulinado cíclico), específico da artrite reumatoide - A forma pseudoneuropática cursa com destruição articular grave em pacientes sem nenhuma evidência de doença neurológica subjacente, simulando aquela encontrada nas neuroartropatias (junta de Charcot). Existem manifestações atípicas do depósito de CPPD onde ocorre compressão nervosa e até mesmo acometimento medular QUADRO LABORATORIAL: - A análise do líquido sinovial é o recurso mais importante para o diagnóstico da deposição de CPPD e também para o diagnóstico diferencial com patologias causadas por outros cristais e doenças infecciosas - Na pseudogota podem ser visualizados cristais fagocitados por neutrófilos, sendo o líquido turvo ou com aspecto sanguinolento, apresentando diminuição da viscosidade e ampla variação da contagem celular, porém geralmente com predomínio de neutrófilos (>90%) - Nas formas assintomáticas os cristais podem ser vistos livres no líquido sinovial QUADRO RADIOLÓGICO: - As calcificações têm o aspecto de densidades lineares ou pontilhadas localizadas nas cartilagens hialinas ou em tecidos fibrocartilaginosos - Os locais mais acometidos são a cartilagem dos joelhos e meniscos, acetábulo, sínfise púbica, ligamento triangular do carpo e o ânulo fibroso dos discos intervertebrais - É geralmente monoarticular, mas pode acometer diversas articulações simultaneamente - A tomografia computadorizada e a ressonância magnética não apresentam boa acurácia para a detecção dos cristais, sendo a primeira melhor quando comparada à segunda. Porém, depósitos em lugares pouco comuns, como o processo odontoide, necessitam de imagem por tomografia para seu diagnóstico DIAGNÓSTICO: - Deve ser feito baseado na suspeita clínica com o quadro laboratorial e radiológico, principalmente em indivíduos idosos. Neles, quadros de artrite de grandes articulações com início súbito e autolimitados com duração aproximada de uma a três semanas devem levantar a suspeita de CPPD CRITÉRIOS CLÍNICOS PARA DIAGNÓSTICO DE CPPD: 1. Demonstração dos cristais CPPD no tecido ou fluido sinovial por métodos definitivos (difração raios-X ou análise química) 2. (A) Identificação de cristais monocíclicos ou tricíclicos com birrefringência negativa ou NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 fracamente positiva a microscopia por luz polarizada compensada (B) Presença de calcificação radiográfica típica 3. (A) Artrite aguda, principalmente joelhos ou outras grandes articulações (B) Artrite crônica, principalmente de joelhos, quadril, punho, carpo, cotovelo, ombro ou metacarpo falangeana, especialmente se acompanhada por exacerbações agudas. As seguintes características ajudam a diferenciar a artrite crônica da osteoartrite: 1. Local incomum – punho, metacarpo falangeanas, cotovelo e ombro 2. Aparência radiográfica – estreitamento do espaço articular radiocarpal ou patelofemoral, especialmente se isolado 3. Cistos subcondrais 4. Gravidade da degeneração – progressiva, com colapso do osso subcondral e fragmentação com formação de corpos intra-articulares radiodensos 5. Formação de osteófitos – variável e inconstante 6. Calcificações de tendões, especialmente tríceps, aquileu e obturadores CATEGORIAS: A. Doença definida: critérios 1 ou 2A + 2B preenchidos B. Doença provável: critérios 2A ou 2B preenchidos C. Doença possível: critérios 3A ou 3B devem alertar o médico para a possibilidade de CPPD TRIAGEM PARA DOENÇAS METABÓLICAS: - Algumas alterações metabólicas podem levar a deposição de cristais, portanto a triagem deve ser feita em casos de pacientes com depósito de CPPD que apresentem outras pistas para suspeita de diagnósticos diferenciais - Devem ser solicitadas, então, as dosagens séricas de cálcio, fosfatase alcalina, magnésio, ferritina, função hepática, PTH etc DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - Deve ser feito com os quadros que podem ser mimetizados pelo depósito de CPPD, como na artrite reumatoide, osteoartrite, gota, artropatia neuropática e, principalmente, a artrite séptica nos casos de pseudogota - O gram e a cultura do líquido sinovial aspirado sempre devem ser realizados a fim de se identificar possíveis causas infecciosas - O diagnóstico de outras enfermidades que podem causar artropatia secundária por cristais levando apseudogota, como hemocromatose, hiperparatireoidismo, hipomagnesemia, hipofosfatasia e insuficiência renal crônica é muito importante e deve ser pensado e investigado quando da suspeita clínica - A hemocromatose é causada pelo acúmulo excessivo de ferro em diferentes órgãos, principalmente no fígado, e está associada com o depósito de cristais de cálcio diidratados, sendo que as calcificações radiológicas podem preceder em anos o seu diagnóstico - A artralgia é muito comum e importante na hemocromatose, sendo um dos principais fatores limitantes da doença. O mecanismo pelo qual a hemocromatose provoca suas manifestações articulares ainda não está bem esclarecido, mas postula-se que o depósito de ferro na membrana sinovial e nos condrócitos NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 possa levar a uma ativação de enzimas que promoveriam a degradação articular. O acometimento se dá principalmente em segunda e terceiras metacarpofalangeanas, punhos, joelhos, coxofemorais e ombros, sendo a evolução lenta e podendo levar a achados como osteófitos, cistos subcondrais e osteopenia - Sinais, sintomas e achados laboratoriais como hepatoesplenomegalia, dores ósseas mal definidas, diabetes e altos títulos de ferro sérico associados com condrocalcinose ou pseudogota devem conduzir à suspeita clínica de hemocromatose - A Síndrome de Gitelman, uma variante da síndrome de Barter, pode estar associada à acidose tubular renal e hipomagnesemia. Os pacientes podem apresentar um quadro de pseudogota secundário ao depósito de cristais. Em pacientes com hipomagnesemia secundária à síndrome do intestino curto também foi relatado depósito de cristais levando a quadros de pseudogota TRATAMENTO: - Se não houver como remover os cristais de pirofosfato da articulação, só resta, o tratamento sintomático, dado que estudos mostram que o tratamento das condições metabólicas associadas não resultará na exclusão dos cristais das articulações - Os sintomas da artrite aguda podem ser tratados com AINES, lembrando que a maioria dos pacientes é idosa, requerendo o uso cauteloso dessas medicações devido aos conhecidos riscos cardiovasculares e renais nessa população - Os analgésicos comuns também estão indicados para controle da dor, sendo o paracetamol o de primeira escolha - Outros analgésicos e também os opioides podem ser necessários, porém devem ser usados com cautela, principalmente em idosos - Sempre que possível, a artrocentese de alívio e para a colheita de líquido sinovial deve ser realizada. Quando o acometimento é monoarticular, a punção para retirada de líquido e de cristais associada com injeção intra-articular de corticoides como o hexacetonido de triancinolona também podem ser usados. Porém, quando o acometimento é de diversas articulações, essa abordagem torna-se impraticável, obviamente dando preferência ao uso de medicamentos por via oral - Colchicina pode ser usada com eficácia provavelmente menor do que na gota. Quando o paciente sofre 3 ou mais episódios de pseudogota ao ano, a colchicina pode ser indicada também na profilaxia de novos surtos, sendo prescrita na dose de 0,5 mg 2x/dia - Os principais efeitos colaterais dos fármacos são os gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreia. A redução da dose do medicamento pode controlar esses efeitos indesejados, porém com provável diminuição de sua eficácia - Quando não há resposta com os analgésicos anteriormente citados pode ser usado o corticoide por via oral em baixas doses. A probenecida tem sido estudada para o tratamento do depósito de cristais devido a sua ação na elaboração extracelular do pirofosfato, porém ainda não está formalmente indicada - O uso de suplementação de magnésio também tem sido estudado e demonstrou-se melhora sintomática dos pacientes e diminuição da calcificação dos meniscos, porém melhora nas alterações radiológicas não foram observadas - Todos os pacientes devem receber orientações quanto à realização de exercícios NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 físicos regulares, uso de calçados adequados e diminuição do peso GOTA: - É uma doença crônica caracterizada por crises agudas e recidivantes e de depósitos de uratos de sódio nos tecidos - É consequência do excesso de ácido úrico no sangue (hiperucemia) e se manifesta somente depois de anos - Na maioria das vezes é primária e provém de uma hiperucemia de etiopatogenia complexa e mal elucidada, relativamente mais frequente no sexo masculino - A hiperuricemia pode ser devido a alterações metabólicas ou fatores genéticos e vem comumente associada a obesidade, ingestão de bebidas alcoólicas, hipertensão, doenças renais e uso de diuréticos - Atinge sobretudo articulações do 1º metatarso, joelhos e coxofemorais EPIDEMIOLOGIA: - A doença é mais comum no sexo masculino, no adulto jovem, e é rara a gota primária na mulher jovem Na mulher é mais comum na menopausa, e caso ocorra antes, deve- se pensar em gota secundária 1. Uso de diuréticos 2. Insuficiência renal 3. Policitemia vera 4. Etc - É uma das principais doenças articulares inflamatórias mundialmente distribuídas - Em crianças há uma forma rara, síndrome de Lesch-Nyhan, que é caracterizada por hiperuricemia, crises de artrite aguda, coxoartrose, distúrbios neurológicos de autofagia e retardo físico e mental graves METABOLISMO DO ÁCIDO ÚRICO: - A formação do ácido úrico resulta primariamente da desaminação e oxidação das frações purínicas dos ácidos nucleicos - O ácido úrico não tem outra função bioquímica no corpo a não ser de um produto final do metabolismo da purina e é derivado em pequena parte de purinas ingeridas e em maior parte de purinas sintetizadas pelo próprio organismo - As nucleoproteínas ingeridas no alimento são decompostas pelas enzimas digestivas em ribosídeo e nucleosídeo das purinas. As purinas formadas e que excedem as necessidades orgânicas são transformadas em ácido úrico por meio de uma oxidação irreversível - Endogenamente, há duas fontes produtoras de ácido úrico: 1. Síntese “de novo” da glicina, grupos formil, CO2, aspartato e glutamina, que contribuem para a formação de ribotídeos e nucleotídeos purínicos. Estes podem ser convertidos em nucleoproteínas ou oxidados e decompostos em ácido úrico A taxa de “biossíntese de novo” dos ácidos nucleicos essenciais e dos nucleotídeos e nucleosídeos livres e combinados dos precursores não purínicos é suficiente para atender a todas as necessidades biológicas, podendo o homem manter-se com dietas desprovidas de purinas sem NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 6 prejuízos do crescimento e da sobrevivência Há também evidências sugerindo que, no homem e, sobretudo em certos indivíduos gotosos, a glicina dietética possa ser convertida diretamente em ácido úrico, sem a formação de ácidos nucleicos. Acredita-se que a biossíntese da purina possa estar sob o controle de um mecanismo alimentador que regula a taxa de produção, e que a excessiva “biossíntese de novo” da purina seja responsável pela hiperuricemia em uma parte dos pacientes gotosos 2. A 2ª fonte de ácido úrico endógeno é o catabolismo da nucleoproteína celular que pode ser decomposta em ribosídeos de purina e depois ser oxidada em ácido úrico. Tal fato é compatível com os níveis elevados de ácido úrico no sangue e na urina observados em pacientes portadores de certas condições neoplásicas, como resultado da decomposição acelerada de nucleoproteína que compõe todas as células - O 1º passo no metabolismo das purinas é a hidrólise enzimática dos ácidos nucleicos em nucleotídeos (ácidos adenílico e guanílico) - Os nucleotídeos são decompostos, tanto pela fosfatase específica quanto pelanão específica, produzindo o ortofosfato e o nucleotídeo correspondente. Os nucleosídeos são decompostos pela fosforilase para produzir bases de purina livre e fosfatoribose. Essa reação é reversível - As bases de purina livre que resultam do desmembramento dos nucleosídeos são: adenina, guanina, hipoxantina e xantina, que podem ser reconvertidas em seus respectivos nucleotídeos ou convertidas por desaminação e oxidação em ácido úrico - A adenina não origina diretamente a hipoxantina nos mamíferos mas a adenosina é desaminisada em inosina que então é decomposta em hipoxantina - A guanina é desaminisada por uma enzima denominada guanase, produzindo xantina. A única reação conhecida que produz ácido úrico é a oxidação da xantina pela xantina- oxidase EXCREÇÃO DO ÁCIDO ÚRICO: - É excretado quase que totalmente na urina - Uma destruição limitada do ácido úrico é efetuada pela flora bacteriana intestinal, produzindo a ureia, dióxido de carbono e amônia como produtos finais - Redução acentuada nessa degradação do ácido úrico tem lugar durante a bacterostase intestinal normal, indicando que o trato gastrointestinal é o principal local da uricólise - A excreção extrarrenal de ácido úrico pode estar aumentada em alguns pacientes com gota primária, e nos pacientes com insuficiência renal pode constituir o principal meio de eliminação - Cerca de 250 mg diários de ácido úrico são excretados, normalmente, no TGI, onde é prontamente degrado pelas bactérias intestinais, de modo que o ácido úrico não aparece, como tal, nas fezes - O ácido úrico é excretado na urina em quantidade de 300 a 600 mg diários nos indivíduos normais, mesmo com baixa ingestão de purina. Desse total, 1/3 é derivado de dieta alimentar e os restantes 2/3, de síntese endógena - Em adição, 30 mg ou mais de derivados purínicos, que não o ácido úrico, são excretados diariamente, inclusive hipoxantina, xantina, adenina e guanina que parecem não ser de origem dietética NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 7 - As únicas bases purínicas, que não o ácido úrico, detectadas no plasma são xantina e hipoxantina, que juntas perfazem cerca de 0,2 mg%, predominando a hipoxantina - Alguns indivíduos gotosos excretam, diariamente, 200 a 300 mg de ácido úrico a mais do que os indivíduos normais, perfazendo 800 a 1.000 mg, mesmo com dieta pobre em substâncias purínicas. Poucos pacientes gotosos excretam mais de 1.000 mg por dia - Os indivíduos gotosos, quando sintomáticos, têm maior clearance de ácido úrico e valores mais elevados de excreção do que quando assintomáticos. Isso é atribuído em parte à produção aumentada de ácido úrico, associada a leucocitose e, em parte, à uricosuria induzida pela secreção aumentada de esteroides adrenais GOTA X ESTADO HIPERURICÊMICO: - O termo hiperuricemia assintomática (estado hiperucêmico) é aplicado ao estado no qual as concentrações séricas de urato estão anormalmente altas sem desencadear sintomatologia - Em cerca de 10% dos portadores de artrite gotosa, os níveis séricos de ácido úrico estão dentro da faixa de normalidade - A literatura recomenda acompanhamento naqueles pacientes nos quais seus níveis séricos de ácido úrico ultrapassam 9mg%, pois a partir desse limite os riscos de nefrolitíase, ataques agudos de gota e doença cardíaca isquêmica aumentam muito - Fatores como perda de peso excessiva, exercícios físicos desgastantes, insuficiência renal, ingestão de substâncias como álcool, diuréticos ou salicilatos (em dose maior de 2g/dia) podem causar hiperucemia QUADRO CLÍNICO: - Se manifesta de maneias distintas e a forma mais dramática e comum é a artrite gotosa aguda, podendo se manifestar sob a forma crônica tofácea e como nefrolitíase - O quadro clínico da gota pode ser dividido em: 1. Hiperuricemia assintomática 2. Artrite gotosa aguda 3. Período intercrítico 4. Gota tofácea crônica 5. Gota renal e urolitíase HIPERURICEMIA ASSINTOMÁTICA: - Caracteriza-se por indivíduos com níveis elevados de ácido úrico sérico, mas sem qualquer manifestação de doenças - Indivíduos hiperuricêmicos tem mais chance de desenvolver gota que normouricêmicos - A maioria permanece assintomático o resto da vida e nenhuma medida terapêutica é necessária ARTRITE GOTOSA AGUDA: - O ataque agudo de gota se caracteriza por ser mono ou oligoarticular, de aparecimento súbito, com preferência das articulações do hálux (podagra), demais pododáctilos, as tarsometatarsianas, tibiotársicas, joelhos, punhos, mãos e cotovelos NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 8 - A dor é de forte intensidade, obrigando o paciente a evitar contatos com qualquer objeto (o simples contato com o lençol produz dor insuportável) - A duração da crise varia de horas a poucos dias, e na maioria das vezes é curta - Tem seu pico de acometimento na 4ª década de vida - Entre uma crise e outra, o paciente pode apresentar o chamado período intercrítico, em que ele permanece por meses ou até anos absolutamente assintomático sob o ponto de vista clínico - Quanto mais efetivo for o tratamento inicial da crise aguda, melhor será o prognóstico em relação a futuras crises FATORES DESENCADEANTES DA CRISE AGUDA: Ingestão de bebida alcoólica Uso de fármacos como diuréticos, tuberculostáticos e salicilatos Trauma Infecção cirúrgica Estresse emocional Excessos dietéticos Fase inicial ou interrupção de terapêutica uricorredutora GOTA INTERCRÍTICA E ATAQUES RECORRENTES: - Os pacientes ficam assintomáticos após os primeiros ataques agudos, inclusive, na maioria das vezes, sem nenhuma sequela articular - Muitos apresentam apenas uma única crise durante a vida inteira, enquanto outros apresentam mais 2 ou 3 crises, porém a evolução mais característica é dos que apresentam vários ataques que tendem a se tornarem mais longos e a envolverem mais articulações - Em alguns casos, o indivíduo entra numa fase poliarticular crônica, com dor nos períodos intercríticos e alterações persistentes ao exame físico e cardiológico articular GOTA TOFÁCEA CRÔNICA: - Caracterizada pelo achado de tofos (depósito de urato) em vários tecidos, sobretudo subcutâneo periarticular e articular em pacientes com doença de longa evolução após muitos surtos de artrite - O intervalo entre o 1º surto e o surgimento de tofos é variável. Porém, em média é de 11 anos - Locais mais afetados: Bursa olecraneana do cotovelo Tendão de Aquiles ãos e pés, sobretudo na região dorsal Joelhos Tornozelos Superfície ulnar de antebraço Punhos Pavilhões auriculares - Podem atingir grandes dimensões em pacientes não tratados NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 9 GOTA RENAL E UROLITÍASE: - O rim é o local extra-articular mais comumente afetado na gota e na hiperucicemia - Manifesta-se sob 2 formas principais: a urolitíase e a nefropatia úrica Urolitíase formação de cálculos constituídos por ácido úrico ou mistos no trato urinário. Decorre de fatores como excreção elevada de ácido pelo rim e do baixo ph verificado na urina desses pacientes, o que diminui a solubilidade do ácido úrico. Ocorre também em hiperuricêmicos sem manifestação articular, mas nesses casos não se define o paciente como portador de gota Nefropatia úrica Ainda é objeto de discussão. Decorre do acúmulo de cristais no interstício renal. As alterações anatomopatológicas são semelhantes às encontradas na HAS, doença muito frequente entre os portadores de gota Doenças associadas HAS, diabetes, insuficiência coronariana, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia, e o médico deve investiga-las mesmo sem manifestação clínica aparente NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 10DIAGNÓSTICO: HISTÓRIA SUGESTIVA: - Elementos que sugerem o diagnóstico: Episódio de monoartrites sucessivas Podagra Sexo masculino > 40 anos História familiar de gota Urolitíase Hiperuricemia Achado de cristais de monourato de sódio em tofos, líquido sinovial e sinóvia (em especial se intracelulares) é o dado patognomônico para diagnóstico Quadro radiológico sugestivo: sobretudo em saca-bocado CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: - Paciente típico: Com excesso de peso Sexo masculino Meia idade - Hábitos de vida: Bebidas alcoólicas, em especial de fermentação Alimentos ricos em purinas vísceras sardinhas, bacalhau Alimentos com excesso de gordura Exposição ao sol Uso de medicamentos uricogênicos diuréticos, vitaminas Bl, corticoides, etc História de ataques anteriores História familiar de gota - Ataque: Inicio rápido a inflamação aguda ocorre da noite para o dia, em geral no grande artelho; pouca duração (3 a 11 ou mais dias) 1º ataque, em geral, monoarticular; a doença pode ser poliarticular (cerca de 5% dos casos) Local: quase sempre nas articulações dos pés, mas, às vezes, nos joelhos, nos ombros e em outras grandes articulações Pode ocorrer durante a 1ª semana após uma operação, nos indivíduos gotosos - Graves lesões renais em baixa porcentagem de pacientes ou certo grau de disfunção renal (alta porcentagem): Nefrolitíase por ácido úrico (chegando a 22% dos pacientes) Confirma-se o diagnóstico pela resposta clássica e rápida à colchicina - Diagnóstico de laboratório Elevação do nível sérico ou plasmático de uratos Método enzimático (uricase): > 7,0 mg/100 mL Método autoanalisador: > 8,0 mg/100 mL Uricosúria > 800 mg/24 horas Cristais de monourato de sódio em tofos do pavilhão auricular Cristais de urato, sobretudo os fagocitados pelo PMN no líquido aspirado da articulação inflamada Cristais de urato no espécime de biópsia ou aspirados dos nódulos dos cotovelos NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 11 SINAIS RADIOLÓGICOS: - O exame radiológico pode revelar as mudanças cistíticas características na porção epifisária do osso, tanto quanto a destruição da cartilagem e articulação - Essas mudanças são o resultado da reposição dos sais de cálcio com urato de sódio. Elas ocorrem somente depois de muitos estágios de artrite gotosa aguda, de modo que a radiologia não é medida útil no diagnóstico precoce da artrite gotosa aguda - Grande percentual de pacientes não mostra anormalidades entre os ataques - Áreas de rarefação em apenas 1/3 dos casos, ainda mesmo nas fases tardias - Lesões em saca-bocado com destruição da estrutura óssea e desvios - Tofos externos podem por ser grande volume ser visualizados na radiografia ARTROSCOPIA: - Recomendada para diagnóstico diferencial sobretudo nos joelhos - Depósitos de uratos monossódicos podem ser vistos e confirmados após exame anatomo-histopatológicos DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA GOTA TRATAMENTO DA GOTA: - Tem como objetivo: Controlar as crises agudas Prevenir novos episódios de crise Dissolver os tofos existentes Prevenir a formação de novos tofos Colaborar no controle de outros problemas de saúde que o paciente possa ter - Consiste principalmente em tomar medicamentos e controlar a dieta MEDIDAS GERAIS: Repouso da articulação Dieta rígida pobre em purinas – 30 dias Gelo local de 2-2h, 3-5 dias NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 12 MEDICAÇÃO: - O tratamento deve ser adaptado para cada pessoa e pode necessitar de alterações de tempos em tempos - As pessoas que tem hiperuricemia, mas sem outros problemas, em geral, não necessitam de medicação - Usa-se medicações para: Aliviar a dor e a tumefação do episódio agudo Prevenir episódios futuros Prevenir ou tratar tofos Evitar cálculos de ácido úrico nos rins MEDICAÇÕES PARA EPISÓDIOS AGUDOS: COLCHICINA: - Pode ser tratado com 0,5mg de colchicina a cada hora até que a dor seja aliviada, ou surjam náuseas, diarreia, ou até que tenham sido tomados 12-15 comprimidos. A melhora significativa deve ocorrer dentro de 24 horas após o início da série de colchicina - Dentro de 24 horas após a conclusão da série completa, a dor aguda deverá se dissipar, ocorrendo e proporcionado a melhora das funções articulares afetadas - Reações sérias à colchicina são raras, interrompendo-se a administração se aparecerem distúrbios gastrointestinais - Uma nova série de colchicina poderá ser repetida em 48 horas se as dores articulares persistirem - Se a terapia com colchicina for iniciada logo do aparecimento dos sintomas de artrite gotosa, somente cerca de 5% dos ataques severos não cederá à 1ª série - Entretanto, se a evidência de crise for aguardada, a remissão das dores poderá tardar ou ser incompleta. A administração deverá ser reiniciada com doses de 0,5 mg, 2- 3X/dia, entre 12 e 24 horas depois que a náusea e a diarreia regredirem, e deve ser mantida por alguns dias, prevenindo recidivas - O mecanismo de ação da colchicina no ataque agudo permanece obscuro, uma vez que nenhuma ação farmacológica pode ser relacionada com seu efeito na artrite gotosa aguda. O medicamento parece não ter efeito algum sobre a concentração de urato sérico, a excreção urinária do ácido úrico ou a solubilidade do urato no plasma. É provável que a colchicina atue diretamente sobre a resposta inflamatória, sobretudo nos leucócitos polimorfonucleares - A granulocitopenia é um efeito colateral pronunciado quando a colchicina é usada em altas doses devido à sua atividade antimitótica. O medicamento, também interfere com a motilidade ameboide dos leucócitos - Acredita-se que o medicamento iniba a atividade metabólica leucocítica e a degradação do lisossoma durante a fagocitose dos cristais de urato, mas não prejudique a fagocitose física - Deve ser usado com cautela em pacientes com disfunção renal acentuada - A colchicina também pode ser usada profilaticamente para reduzir a frequência de ataques, numa dose de 0,5 mg, 2-4x/dia NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 13 AINES: - São usados para aliviar a dor e a tumefação do episódio agudo de gota - São tão eficazes quanto a colchicina - Podem, contudo, decorrer do uso de AINEs, efeitos colaterais como irritação do estômago, dor na cabeça, erupções na pele, retenção de líquidos ou problemas nos rins e às vezes úlceras do estômago - Os inibidores seletivos da COX-2, como o celecoxib, o rofecoxib e, no Brasil, o etoricoxib constituem uma subcategoria de AINEs que podem ser mais seguros para o estômago - Todos os AINEs atuam bloqueando a produção de substâncias denominadas prostaglandinas. Os AINEs tradicionais, entretanto, não somente bloqueiam as prostaglandinas na articulação afetada pela gota como também no estômago, onde as prostaglandinas conferem proteção contra a irritação estomacal. Os inibidores da COX-2 bloqueiam as prostaglandinas somente na articulação afetada pela gota. - Toda gama de AINES pode ser usada com efeitos anti-inflamatórios e analgésicos satisfatórios CORTICOIDES: - Não são recomendados para uso rotineiro - Infiltração articular ou periarticular de 2 a 4 mg de dexametasona associada a xilocaina 2% sem vasoconstritor pode ser utilizado para alívio rápido e imediato - Boa resposta também com predinisona oral 20 a 40 mg/ dia por 3 a 7 dias - Alguns casos respondem ao ACTH – 40 UI ou triancinolona 60 mg - Em determinados casos, corticosteroides podem ser injetados diretamente numa articulação inflamada para aliviar a dor e a tumefação de um episódio agudo de gota como por exemplo a triancinolona PERÍODO INTERCRÍTICO: - A importânciade um regime profilático rigoroso no período entre ataques (intercríticos) deve ser acentuada, com a esperança de que os ataques sejam menos frequentes, menos severos e que os efeitos dos depósitos de urato existentes no esqueleto e vísceras vitais do corpo possam reverter MEDICAÇÕES PARA O CONTROLE DOS NÍVEIS DE ÁCIDO ÚRICO - Uma vez que a hiperuricemia é associada à falha metabólica na gota, uma tentativa deve ser feita para reduzir o nível de ácido úrico no soro, o que pode ser conseguido por várias maneiras - São usadas no tto, na prevenção dos tofos e na prevenção de futuros episódios de gota, mas não aliviam a dor e a inflamação de um episódio agudo - Começam agir lentamente e podem provocar mais episódios de gota quando se começa a toma-las durante um episódio agudo ou pela 1ª vez - No início pode ser necessário tomar ao mesmo tempo colchicina ou um AINE por vários meses a fim de evitar tais episódios NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 14 BLOQUEADORES XANTINO-OXIDASE: - O alopurinol reduz a quantidade de ácido úrico no sangue e na urina diminuindo a velocidade com que o organismo produz ácido úrico. É o melhor remédio para a maior parte das pessoas com gota que precisam controlar o ácido úrico através de medicamentos. São efeitos colaterais ocasionais do alopurinol as erupções na pele e a irritação do estômago. Os problemas de estômago em geral desaparecem à medida que o organismo se adapta à droga. Em casos raros, o alopurinol pode provocar reação alérgica grave. Caso tenha erupções na pele juntamente com urticária, coceira, febre, náuseas ou dor muscular, entre imediatamente em contato com seu médico. Essa droga pode também deixar as pessoas sonolentas - Dose diária de Alopurinol 300mg por tempo indeterminado - Utilizam-se ocasionalmente o probenecida, a sulfinpirazona e no Brasil a benzobromarona, para reduzir os níveis de ácido úrico no sangue através do aumento da quantidade de ácido úrico que passa para a urina. Eles ajudam a dissolver os tofos e a prevenir os depósitos de ácido úrico nas articulações. Essas drogas são contraindicadas nas pessoas com história ou portadoras de cálculos renais ou quando têm baixo volume urinário - Em geral essas drogas tomam-se por VO diariamente, são iniciadas em doses baixas. Recomenda-se, muitas vezes, dosagem de uricosúria nas 24 horas, manutenção de volume urinário maior que 1500ml/dia e alcalinização da urina. O médico ajustará a quantidade de medicação a ser tomada com base nos níveis de ácido úrico no sangue. Uma vez que os níveis de ácido úrico no organismo estejam normais, não haverá mais depósitos de cristais nas articulações. Os cristais já presentes começarão a dissolver-se - São efeitos colaterais comuns do probenecida e da sulfinpirazona as náuseas, erupções na pele, irritações do estômago e dores de cabeça DIETA: - A obesidade pode estar ligada a altos níveis de ácido úrico no sangue. Se você estiver acima do peso, estabeleça com seu médico um programa de perda de peso. Não permaneça em jejum, nem tente fazer dieta muito restritiva, pois isso pode aumentar seus níveis de ácido úrico e piorar a gota. Se não estiver acima do peso, monitore cuidadosamente sua dieta a fim de evitar ganho de peso - Em geral você pode comer o que quiser com moderação. Se tiver cálculos renais devido ao ácido úrico, pode ser necessário evitar ou limitar alimentos que aumentem os níveis de ácido úrico - Você pode tomar café e chá, mas deve limitar a quantidade de álcool que ingere. O álcool em excesso, especialmente a cerveja, o vinho e outros podem aumentar seus níveis de ácido úrico e desencadear um episódio de gota - Tome pelo menos 10 a 12 copos de 250 mililitros de líquido não-alcoólico por dia, especialmente se tiver cálculos renais. Isso vai ajudar a eliminar os cristais de ácido úrico do seu organismo ALIMENTOS A SEREM EVITADOS: - Pode ser necessário reduzir as quantidades ingeridas dos seguintes alimentos: Sardinhas, anchovas e frutos do mar Aves domésticas e carnes Miúdos (rim, fígado) Legumes (feijão, soja e ervilha) NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 15 PROGNÓSTICO: - Não há regra satisfatória para o prognóstico da gota - A determinação do nível do ácido úrico informará sobre a evolução da doença e talvez seja um dado importante para o prognóstico da fase crônica da doença e da insuficiência renal - O prognóstico é desfavorável quando a enfermidade inicia no adulto jovem. Quando se inicia em idade mais avançada, a artrite gotosa e a insuficiência renal são menos frequentes ou raramente ocorrem - A evolução renal é de prognóstico difícil. O grau da lesão renal depende de múltiplos fatores: hereditariedade, obesidade, infecções intercorrentes e outras doenças correlatas, como diabetes, arteroesclerose e outras
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