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Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 1 PROJEÇÕES DO RAIO-X - A projeção em PA ereto ou reto é a forma correta de realizar o raio-X de tórax, pois nessa posição é possível evitar alguns erros de interpretação comuns. A técnica consiste em posicionar o paciente ereto e solicitar que o mesmo realize uma inspiração profunda para que preencha todos os espaços do pulmão com ar inalado. - A posição em PA é indicada devido a diferença do tamanho do coração, mediastino e escápulas. Isso porque durante o exame quanto mais próximo da chapa essas estruturas estiverem mais fidedignas é o seu tamanho. Além disso, temos a impressão adenomegalia brônquica e presença de insuficiência cardíaca (aumento do calibre dos vasos). Cabe destacar que infelizmente nem todos os pacientes conseguem fazer o exame de forma correta, sendo necessário realiza-lo em AP. Desse modo, devemos sempre ter ciência dessas de algumas diferenças, são elas: o aumento do mediastino, aumento da silhueta cardíaca e dos vasos pulmonares dos lobos superiores. Sobre a área cardíaca existe um macete importante para evitar cálculos. O cálculo consiste na razão entre na área cardíaca e a maior distância entre o tórax, sendo que o resultado deve dar menor que 0,5. Desse modo, uma vez que você traça a medida da área cardíaca podemos comprar com um hemitórax. Caso a medida caiba nesse hemitórax a área cardíaca está no tamanho normal. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 2 - Outro erro de interpretação que podemos observar quando não se aplica a técnica correta é quanto ao posicionamento das escápulas. O correto é solicitar ao paciente que ele retire as escápulas do campo (colocando os punhos sobre o quadril, na posição de super-herói). Desse modo, as escápulas saem do capo e permite a penetração dos raios para visualização do pulmão. Uma vez que o paciente se posiciona de forma incorreta temos uma opacidade no lobo superior o que pode se confundido como uma infiltração. - Ainda sobre o posicionamento correto do paciente frente ao raio-X, devemos sempre preferir a posição ereta para radiografar. Isso porque tal posição exerce um efeito gravitacional importante o que facilita a distinção entre o que é gás e líquido. Por efeito da gravidade temos que ter em mente que o gás vai se encontrar na cúpula, tanto no ápice do pulmão, quanto abaixo da cúpula diafragmática de forma laminar. Tais alterações no raio-X permite a gente identificar um pneumoperitônio e um pneumotórax. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 3 - A distribuição de conteúdo líquido em um raio-X difere quando o paciente está ereto ou em decúbito. Ereto temos a formação de uma parábola na qual o líquido se dispõe de acordo com o lobo inferior, enquanto em um paciente em decúbito temos a disposição difusa. - Ainda sobre a posição ereta temos a diferença do calibre dos vasos pulmonares dos lobos superiores, sendo que na posição ereta há uma discreta amostragem, enquanto na posição de decúbito eles tornam-se evidentes com sinais sugestivos de insuficiência cardíaca. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 4 - Devemos sempre ter em mente que além da projeção em PA no raio-X devemos sempre que possível solicitar a radiografia em perfil. Tal posição permite a visualização de algumas estruturas não visualizadas em PA, sobretudo as estruturas mais posteriores. SISTEMATIZAÇÃO E QUALIDADE - Ao se deparar com um raio-X de algum paciente devemos sempre seguir um passo a passo para que possamos realizar uma boa análise desse exame. Para tanto, dispomos do mnemônico dos 04 Qs (1) Que? – raio-X em PA ou AP ou Perfil. (2) Quem? – nome do paciente. (3) Quando? – data a qual o exame foi realizado. (4) Qualidade – se a radiografia está rodada, se estar bem inspirado e se está penetrado adequadamente. - O primeiro item para análise da qualidade da radiografia é avaliar o grau de rotação. Para tanto, devemos traçar uma linha média entre nos corpos vertebrais e comparar a sua distância com as duas clavículas. Tal distância desse ser equivalente em ambos os lados. Caso contrário, estamos diante de uma radiografia rodada. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 5 - O segundo item para análise da qualidade é o grau de inspiração feito na hora do exame. Devemos sempre solicitar que o paciente inspire o máximo possível de ar. Desse modo, devemos visualizar entre 05 a 06 costelas anteriores para classificar a radiografia como uma boa inspiração. - Por fim, o último item para análise da qualidade é o grau de penetração. Tal grau consiste na visualização dos corpos vertebrais até o nível do seio aórtico (segundo espaço intercostal). Qualquer radiografia que difere desse padrão ou terá um grau elevado ou terá um grau reduzido. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 6 ANATOMIA DO TÓRAX LATERALIDADE - O conhecimento da anatomia do tórax na radiografia se faz fundamental para que possamos realizar uma boa interpretação desse exame. Para tanto, devemos ter em mente sempre da lateralidade ao olhar o exame. Geralmente, no próprio raio-X há uma letra a qual denomina qual lado estamos observando. Mesmo assim, devemos sempre imaginar que o paciente está olhando para nós, sendo que a imagem que estamos observando é enantiomorfa (ou contrária ao nosso lado correspondente). Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 7 LOBOS PULMONARES - Além de identificar o pulmão observado devemos ter noção da disposição dos lobos pulmonares em uma radiografia. Sabemos que o único pulmão que possui o lobo médio é o pulmão direito, tendo como análogo no pulmão esquerdo a língula. Desse modo, devemos ter em mente qual a sua topografia para que possamos laudar de forma correta um raio-X. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 8 MEDIASTINO - Outra porção importante que devemos distinguir quando estamos avaliando uma radiografia ou uma tomografia é a região mediastinal. Devemos ter em mente que a mesma se localiza no centro, entre os dois hemitórax, sendo compostas por os grandes vasos, vasos supra aórticos e coração. As estruturas que atravessam essa estrutura são: traqueia, esôfago, nervo frênico, nervo vago, cadeia simpática, timo, ducto torácico, coração e grandes vasos. - Como qualquer outra estrutura devemos sempre a priori analisar o seu tamanho a fim de detectar se há alguma anormalidade. Para tanto, podemos traçar uma linha acima da veia ázigos. Tal linha vai do corpo vertebral até a delimitação do mediastino. Seu tamanho normal deve ser menor que 04 mm. Outra forma de avaliar o tamanho é traçando uma linha acima do arco da aorta, região denominamos de pedículo vascular. Tal traçado não deve ultrapassar 07 cm. - Ainda analisando o mediastino quando encontramos alguma massa ou anomalia devemos descrever em qual porção do mediastino essa massa se encontra. Para tanto, a priori olhamos a radiografia em PA. Uma vez que a massa foi identificada localizaremos a mesma em uma topografia de perfil. Segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia o mediastino pode ser divido em anterior, médio/posterior e região paravertebral. A região anterior compreende da linha da traqueia e posterior do coração até o esterno. A região paravertebral corresponde a uma linha traçada a 01 cm do corpo vertebral e se estende até a parede posterior do tórax. Por fim, a região médio/posterior se localiza entre as duas descritas acima. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 9 TRAQUEIA AR. CARÓTIDA COMUM ESQUERDA AR. SUBCLÁVIA ESQUERDA ESÔFAGO AR. CARÓTIDA COMUMDIREITA AR. SUBCLÁVIA DIREITA AR. SUBCLÁVIA ESQUERDA AR. CARÓTIDA COMUM ESQUERDA TRONCO ARTERIAL BRAQUIOCEFÁLICO TRONCO VENOSO BRAQUIOCEFÁLICO ARCO DA AORTA VEIA CAVA SUPERIOR Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 10 VASOS NO TÓRAX - A disposição dos vasos na radiografia de tórax sofre influência da gravidade. Desse modo, os vasos lobos médios e inferiores se apresentam com um maior calibre quando comparado com os vasos dos lobos superiores, devido ao gradiente de gravidade criado na posição ortostática. Entretanto, quando observamos uma radiografia em AP os vasos superiores se mostram mais calibrosos, simulando uma hipertensão pulmonar. Por tanto, é importante reconhecer qual foi a técnica realizada na radiografia para que não possamos passar interpretações errôneas. MARCAS VASCULARES - Ainda sobre a vasculatura devemos observar a disposição dos vasos em todos campos do tórax, mesmo os lobos superiores. Para tanto, podemos dividir o pulmão em uma projeção em PA em três terços (região hilar, medular e cortical). Nas regiões hilar e medular mais facilmente observamos as marcas vasculares, enquanto que na região cortical observa-se vasos delgados, mas é possível notar sua presença. A ausência de marcas vasculares em alguma dessas regiões pode ser interpretada como um pneumotórax. TRAQUEIA/ ESÔFAGO - A traqueia é observada facilmente em um raio-X, devido a sua topografia anterior. Devemos observá-la em todo seu percurso, sobretudo na bifurcação que denominamos de carina. A carina é a região onde observamos a origem dos dois brônquios fontes (direito e esquerdo). Nesta bifurcação temos a formação de um ângulo, denominado de ângulo carinal, o qual normalmente deve ser inferior a 90°. Sobreposta à carina temos o esôfago. Devido sua topografia ser mais posterior dificilmente o observamos em uma projeção PA. Entretanto, na projeção em perfil podemos observar de forma melhor. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 11 DIAFRAGMA - O diafragma é o músculo que se localiza entre as cavidades torácica e abdominal. Ele apresenta um formato de cúpulas, tendo a cúpula direita e esquerda. Como sabemos da anatomia, entre o diafragma e a pleura parietal há a formação de um espaço virtual o qual denominamos de recesso. Dessa forma, temos os recessos costofrênico e o cardiofrênico os quais, em situação de derrame pleural, podemos observar a presença de líquido. Além disso, podemos medir a altura das cúpulas diafragmáticas. Para tanto, traçamos uma linha na cúpula direita e na cúpula esquerda, sendo que a distância entre ambas não deve ultrapassar 1,5 cm. Qualquer anormalidade nesse tamanho pode ser devido a presença de alguma mobilização cirúrgica ou paralisia do nervo frênico. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 12 ABCDE DO TÓRAX – ANÁLISE DO RAIO-X - Primeiramente o ABCDE do tórax segue como um complemento de toda a sistematização que está contida dentro desse resumo. Sendo assim, após realizar os “4Qs”, podemos avançar para o ABCDE do raio-X de tórax. - As letras que compõe esse mnemônico significam: (A) aéreas; (B) bordas; (C) coração; (D) diafragma; (E) esqueleto. LETRA A - Na letra A devemos avaliar as vias aéreas do paciente, seguindo todo o percurso da traqueia para que possamos identificar qualquer desvio dessa estrutura. LETRA B - Na letra B vamos percorrer o olhar todo para as bordas dos pulmões a fim de identificar a simetria da transparência pulmonar. LETRA C - Na letra C focaremos no coração e nas estruturas mediastinais (hilos pulmonares e vasos da base). Podemos utilizar daquele artifício para calcular o índice cardíaco tentando encaixar o coração em um hemitórax. Quanto as demais estruturas do mediastino avaliaremos se há alguma alteração como presença de nódulos de linfonodos. LETRA D - Na letra D olhamos para o diafragma em busca de identifica possíveis derrames no recesso costofrênico anterior (PA) ou posterior (PERFIL). A presença de hérnias diafragmáticas segue o percurso posterior do esôfago se assemelhando como um abcesso. Neste caso o paciente não se apresenta toxemiado o que sugere que o estômago é a estrutura da imagem. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Curso de Radiologia) 13 LETRA E - Neste último item vamos observar o esqueleto do paciente e áreas esquecidas (corpos estranhos, verificar se há pneumoperitônio, enfisema subcutâneo e outras).
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