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Geovanna Carvalho - UFCA - T30 1 ANALGÉSICO E ANTI-INFLAMATÓRIOS Divisão geral 1. O acetaminofeno (paracetamol) possui um mecanismo similar aos anti-inflamatórios, mas na verdade é um medicamento antipirético e analgésico. Efeito anti-inflamatório muito fraco. 2. Anti-inflamatórios → Não esteroides (AINES) e Esteróide (4 anéis e derivados do colesterol - ex.: glicocorticóides) 3. Modificadores de doença → cloroquina, sulfassalazina, ciclosporina, metotrexato e anticorpos-monoclonais AINES Aspirina ou ácido acetilsalicílico Bloqueio irreversível de COX AINES não seletivos Bloqueio reversível da COX Seletivos COX-2 (coxibes) Cascata inflamatória - Estimulação → ativação intracelular que vai fazer a fosfolipase A2 quebrar fosfolipídios de membrana para gerar ácido aracdônico → ele vai ser clivado pela cicloxigenase (COX-1 ou COX-2) → produzindo os mediadores inflamatórios prostaglandinas (PGI2, PGFE alfa, PGE2, TXA2) → tais substâncias gera processo inflamatório (broncoconstrição, aumento das secreções, rubor, aumento da permeabilidade vascular) + febre + hiperalgesia (aumento da percepção de dor) - Ações benéficas das PG - gastroproteção (aumento da proteção de muco e bicarbonato + redução de ácido clorídrico), ação nefroprotetora (vasodilatadora renal) Geovanna Carvalho - UFCA - T30 2 - Anti-inflamatórios são bloqueadores de COX (mecanismo primário) → a maioria é não seletivo, bloqueando COX-1 e COX-2 - COX-1 = COX fisiológica → PG produzida em situações não inflamatórias - COX-2 = COX indutível/patológica → PG produzida pelo processo inflamatório - Coxibes → fármacos seletivos que bloqueiam apenas a COX-2, agredindo menos estômago e rim → menos efeitos adversos - Via alternativa: LOX (Lipoxigenase) quebra ácido aracdônico em leucotrienos → Processo inflamatório da asma - Anti-inflamatório não esteroidal não bloqueia LOX - Bloqueadores muito potentes de COX, como a aspirina que destrói a COX, deslocam o ácido aracdônico para a LOX que produz uma quantidade excessiva de leucotrienos → asma induzida por aspirina Propriedades farmacológicas Analagésicos (leve a moderado) Bloqueio da hiperalgesia gerada pela PG Antipiréticos (dipirona, ibuprofeno e paracetamol) Bloqueio da febre gerada pela PG Antiinflamatórios Bloqueio das PG Reações adversas → Efeitos são potencializados em uso crônico - Ulceração e intolerância gastrointestinal → paciente com úlcera gástrica é indicado uso de AINES seletivo (coxibes) + Ibp - Bloqueio da agregação plaquetária (Aspirina) → a plaqueta tem uma enzima COX que produz o tromboxano (TXA2) que é responsável pela agregação plaquetária e vasoconstrição. Como a plaqueta não tem núcleo, ela não pode produzir mais COX, logo quando a aspirina bloqueia irreversivelmente a COX presente na plaqueta, essa enzima é destruída → é um efeito antiplaquetário que o AAS possui e é muito usado na cardiologia. - Redução da motilidade uterina → no feto o efeito adverso é a nefrotoxicidade e alteram a produção do líquido amniótico. Para grávida não se indica AINES, exceto o paracetamol - Redução da função renal/nefropatia → retém líquido, aumento da pressão arterial e sobrecarga cardíaca (uso crônico) - Reações de hipersensibilidade → alergia cruzada é muito comum, quem tem alergia a dipirona é muito possível ser alérgico ao ibuprofeno - Alterações cardiovasculares → causadas pela inibição da agregação plaquetária, pela retenção hídrica da nefrotoxicidade e cardiotoxicidade dos coxibes ● Nos vasos cardíacos a COX-2 produz a PGI2 (prostaciclina) que é um vasodilatador e antiagregante plaquetário. ● PGI2 e TXA2 (vasoconstritor) são antagonistas e estão em equilíbrio → quando há uso de AINES não seletivos os dois PG são bloqueados, mas no caso dos coxibes existe o bloqueio da PGI2 e o TXA2 predomina gerando vasoconstrição de artérias coronarianas → aumenta a RVP, aumenta a agregação plaquetária e em pacientes com predisposição pode gerar Geovanna Carvalho - UFCA - T30 3 trombos e infarto. Obs.: dipirona injetada deve ser feita lentamente, pois sua administração rápido gera uma liberação transitória de citocinas que reduzem a pressão arterial (uso agudo) Salicilatos Mecanismo - Bloqueio irreversível da COX - Preferência pela COX-1, mas bloqueia as duas Representantes Ácido salicílico Uso tópico Ácido acetilsalicílico (AAS ou aspirina) + usado Sulfassalazina Antibiótico que em contato com o TGI se quebra em um composto anti inflamatório (salicilato) e outro antibiótico Aspirina Particularidades - Derivado do ácido salicílico - Inibidor irreversível da COX1 e COX2 - Analgésico caseiro → uso pela população geral - MIP → medicamento isento de prescrição - Intoxicações fatais Farmacocinética - Aumento do pH - maior solubilização e maior absorção da aspirina → apresentação tamponadas (comprimido com um alcalinizador o que agride menos o estômago e também é menor absorvidos) - Ácido salicílico - absorvido rapidamente pela pele - Metabolização hepática e excreção renal Ações farmacológicas → Essas alterações são potencializadas em uso crônico ou altas doses - Aumento do consumo de O2 e produção de CO2 → altera a fosforilação oxidativa, mais utilização de glicose pelo tecido → pode evoluir para uma alteração respiratória → aumento da FR obs: Na intoxicação a aspirina gera uma depressão respiratória no centro respiratório. obs.: Cuidado com o uso de aspirina em paciente asmático e com DPOC - Estímulo direto do centro respiratório do bulbo com hiperventilação acentuada - Após exposição prolongada ou altas doses, ocorre efeito depressor no bulbo (acidose respiratória) Ações hepáticas e renais - Hepatotoxicidade - Encefalopatia hepática (Síndrome de Reye) - lesão hepática importante → acúmulo de substratos tóxicos que deveriam ser metabolizados no fígado → neurotoxicidade - Retenção de Na+ e H2O e redução da função renal → ocorre com os AINES em Geovanna Carvalho - UFCA - T30 4 geral devido ao bloqueio das PG que fazem vasodilatação renal Obs.: Síndrome de Reye: mais prevalente em paciente pediátrica com infecção viral que faz uso de aspirina Padrões de dose (aspirina) - Efeito anti-inflamatório - 500mg a cada 6 h - Efeito antiplaquetário - 100 mg por dia Propriedades ● Efeito uricosúrico → aspirina é contra indicado para tratar crise gotosa - doses baixas (1-2g dia) - reduz excreção do ácido úrico - doses intermediárias (2-3g dia) - não há alteração - doses maiores - aumenta a excreção ● Sangue - Ação antiagregante plaquetária ● Desacoplamento da fosforilação oxidativa ● Hiperglicemia e glicosúria ● Podem promover ototoxicidade e neurotoxicidade Usos terapêuticos - Antipirese (não é primeira escolha) - Analgesia - Artrite reumatóide → devido ao efeito imunossupressor (leve) - Doença intestinal inflamatória → sulfassalazina - doença coronariana → efeito antiagregante plaquetário (menor dose) Derivados do Para-aminofenol Representantes Acetaminofeno (paracetamol) Particularidades - Alternativa eficaz para a aspirina - Atividade anti-inflamatória fraca - Bloqueio preferencial de COX central, a qual está muito relacionada à febre e dor. - Compromete muito pouco o estômago - Não é nefrotóxico e não compromete o feto ou o RN - Hepatotóxico dependendo da dose Obs.: COX periférica está mais relacionada a processo inflamatório e ações fisiológicas - Agente antipirético (3º melhor, atrás apenas da dipirona e do ibuprofeno) e analgésico - Ação inibida pela presença de peróxido (produto da inflamação na periferia) - Poucos efeitos em plaquetas, TGI, sistema cardiovascular e respiratório Toxicidade - O acetaminofeno quando metabolizado no fígado é gerado o N-acetil-benzoquinonaimina (tóxico) → reage com as proteínas hepáticas e gera lesão - Hepatotoxicidade dose dependente, pode ser cronificado contanto que a dose diária não ultrapasse o teto - Dose teto diária de 4 - 6 g - Glutationa hepática é a enzima que neutraliza o metabólito tóxico → em doses menores que a dose teto essa enzima consegue neutralizar todo o metabólito. Geovanna Carvalho- UFCA - T30 5 → Acetilcisteína: é a reposição de glutationa que neutraliza o metabólito em caso de intoxicação com lesão hepática. Derivados do indol Representantes Indometacina Particularidades - Maior potência/toxicidade em relação aos salicilatos - Hipersensibilidade cruzada com salicilatos - Perfil mais agudo de uso → o uso crônico não é muito tolerado - Fetos possuem na vida intrauterina uma fístula arteriovenosa que é mantida aberta pelas prostaglandinas → ao nascer essa fístula deve ser fechada, mas em alguns casos não é o fechamento (prematuros) → uso de indometacina para bloquear a PG e induzir o fechamento do ducto arteriovenoso. Fenamatos Representantes Ácido mefenâmico. Ácido tolfenâmico Particularidades - Mecanismo: bloqueia a COX e o receptor da PG já formada - Perfil de ação mais imediato - Muito bem empregado em dismenorréia primária - Tratamento não pode exceder 7 dias → não é bem tolerado no uso crônico → diarreia - Possui toxicidade hematológica Efeitos tóxicos - Efeitos colaterais gastrointestinais - 25% - Diarreia - Anemia hemolítica → interagem com a membrana das hemácias gerando lise –. efeito maior em paciente com deficiên de glicose-6-fosfato desidrogenase - Contra indicado em crianças e grávidas Ácidos heteroaril acéticos Representantes Diclofenaco - Apresentação pomada, oral, spray, injetável - Função anti-inflamatória mais evidente Cetorolaco (toragesic) - Potente analgésico/ anti-inflamatório moderado - Maior toxicidade, pouco tolerado em uso crônico (+ de 10 dias) Particularidades (diclofenaco) - Mais potente que a indometacina - Mecanismo: bloqueia a COX e a fosfolipase A2 (enzima que converte fosfolipídeos de membrana em ácido aracdônico) - Reduz araquidonato intracelular → redução da produção do ácido aracdônico - Inibição preferencial COX-2 Farmacocinética - Bem absorvido via oral Geovanna Carvalho - UFCA - T30 6 - Grande metabolismo de primeira passagem - biodisponibilidade de 50% - Acumula-se no líquido sinovial Efeitos tóxicos - Cefaleia, náusea, vômitos, aumento de transaminases, rash cutâneo, palpitação, dor no peito, inchaço nos pés ou pernas (retenção hídrica - Insuf. cardíaca) - Reações alérgicas - > 30 semanas de gestação - categoria D Derivados do ácido propiônico Representantes Ibuprofeno - Menos efeitos colaterais - Antipirético + seguro - Bloqueia COX + reduz a produção de citocinas pró-inflamatórias - Possui um efeito imunossupressor Naproxeno - Maior meia-vida - Ações inibitórias sobre a atividade leucocitária Cetoprofeno - Potente anti-inflamatório - Mecanismo: estabiliza membranas lisossômicas, antagoniza - Muito usado em pós-cirúrgico (parenteral) Ácidos enólicos (Oxicans) Representantes Piroxicam Tenoxicam Meloxicam (+ usado) Particularidades - Comodidade posológica → dose única diária - Maior tolerabilidade - Preferencial COX-2 (não é seletivo) - Alergia cruzada com salicilatos - Contra-indicados: cirurgia de revascularização do coração, menores de 12 anos, grávidas, sangramento GI ativo. Obs.: Medicação potente e para uso agudo: - Cetoprofeno como anti-inflamatório - Cetorolaco como analgésico Obs.: quanto mais seletivo ou preferencial para COX-2 → pior para o paciente cardíaco Derivados pirazolônicos Representantes Fenilbutazona - Muito semelhantes Geovanna Carvalho - UFCA - T30 7 Dipirona - Fazem alergia cruzada Usos terapêuticos - Artrite reumatoide - Gota aguda - Febre (melhor antipirético) Particularidades - Dipirona não deve ser a primeira escolha - não se deve cronificar o uso ou prescrever altas doses - Dipirona é usada em associação como analgésico → ex.: buscopan composto - Pouco indicada como anti-inflamatório Reações adversas → É mais comum o aparecimento de efeitos adversos em uso crônico - Ulceração grave - Leucopenia - Agranulocitose (imunoalérgica) - Trombocitopenia - Choques anafilático - Reações hipotensivas → adm parenteral, aplicação deve ser lenta Contra indicação - Doenças do sistema hematopoiético - Alergia à salicilatos, diclofenaco, indometacina - Deficiência de G6PD - Gravidez - Amamentação - Pacientes hipotensos (parenteral) Obs.: estudos mostraram que o uso crônico em altas doses de dipirona geram alterações hematológicas - agranulocitose - Por isso muitos países retiraram a dipirona do mercado (europa e EUA) Nimesulida - Seletividade COX-2 similar à do celecoxibe - Inibição da ativação de neutrófilos (efeito imunomodulador em paralelo) - Diminuição da produção de citocinas → efeito semelhante ao ibuprofeno - Ativação de receptores glicocorticóides → propriedade anti-inflamatória maior por bloquear a COX, mas também ativa receptores glicocorticóide - Uso máximo - 15 dias (risco de hepatotoxicidade tempo dependente) Obs.: medicamentos que não se deve cronificar: cetorolaco, cetoprofeno, dipirona e nimesulida Obs.: medicamentos + seguros para uso crônico: paracetamol, ibuprofeno e coxibes Coxibes Representantes - Celecoxibes (v.o) + usado → indicado para pacientes com úlceras gástricas ativas - Parecoxibe (i.m/e.v) - Etoricoxibe (maior analgesia) Particularidades - Inibidor seletivo COX-2 Geovanna Carvalho - UFCA - T30 8 - Diminuição dos efeitos colaterais gastrointestinais - Possuem efeito imunossupressor Reações adversas → Em uso crônico: - Infecção de trato respiratório, Infecção urinária, hipertensão, flatulência, reações de hipersensibilidade, trombocitopenia, cardiotoxicidade Contra indicações - Deficiência de CYP2C9 - Grávidas → insuficiência renal fetal - Doença hepática/renal grave - Alergia → cruzada com os salicilatos Obs.: todos os medicamentos imunomodulador por imunossupressão pode acarretar maior risco de infecções respiratórias ou urinárias Obs.: AINES indicado para uso em grávidas apenas paracetamol.
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