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1 2 ➔ LEI PENAL NO TEMPO - Para aplicação da lei penal é preciso verificar o tempo do crime, ou seja, o momento em que a conduta foi efetivamente praticada, existindo, acerca desta matéria três teorias. a) teoria da atividade ou ação: adotada pelo art. 4º do CP – o crime é praticado no cometimento da ação ou omissão, ainda que seja outro o momento do resultado. b) teoria do resultado: considera-se praticado o crime no momento da produção do resultado; c) teoria mista ou da ubiquidade: considera-se cometido o crime no momento da prática da ação ou omissão ou no momento da produção do resultado. - Como dito, o CPB adotou a teoria da ATIVIDADE, posto que é no momento da ação ou da omissão que o indivíduo exterioriza a sua vontade, violando o preceito proibitivo: Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Obs.: não confundir com o que o Código de Processo Penal fala em seu dispositivo sobre a competência que diz que será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. - De acordo com o princípio tempus regit actum, a lei rege, em geral, os fatos praticados durante a sua vigência. Entretanto, por expressa disposição constitucional e também do Código Penal, é possível a ocorrência da retroatividade e da ultratividade da lei penal (art. 5º, XL da CF). A esta capacidade da lei penal de movimentar-se no tempo dá-se o nome de extratividade. - Denomina-se retroatividade o fenômeno pelo qual uma norma jurídica é aplicada a fato ocorrido antes do início de sua vigência e ultratividade à aplicação dela após a sua revogação, que é o que pode vir a acontecer com leis temporárias, por exemplo. - Assim, em resumo, a lei penal incriminadora, em regra, não retroage. Excepcionalmente, porém, nas hipóteses previstas em lei, poderá a lei alcançar fatos passados, ou seja, retroatividade. Passaremos as analisar a seguintes situações: > Abolitio criminis - Lei nova que revoga um tipo penal. Previsto no art. 2º do CP é causa extintiva de punibilidade, evidenciando que “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime". Esta Lei nova, que tornou atípica a conduta, retroage para alcançar fatos pretéritos. > Novatio legis incriminadora - Quando da prática da conduta o fato era atípico. A nova lei incrimina uma conduta considerada anteriormente irrelevante. Neste caso, aplicar-se-á a irretroatividade conforme nos ensina o art. 1º do CP, não podendo a lei nova retroagir para alcançar fatos ocorridos antes do início de sua vigência. 3 > Novatio legis in pejus - Lei posterior, ainda prevendo o fato como delituoso, agravou a disposição contida no seu preceito secundário. Neste caso, aplicar-se-á a irretroatividade conforme nos ensina o art. 1º do CP. Poderá ocorrer, também, quando a lei nova acrescentar elementos ao tipo penal que o torne mais abrangente, ampliando as possibilidades de punição. > Novatio legis in mellius - Lei posterior, sem efetuar a descriminalização, passa a prever para o tipo uma pena mais branda. A lei nova, por beneficiar o agente, seguirá a regra do art. 2º do CP, retroagindo para beneficiar o acusado, mesmo que haja coisa julgada, conforme determina o art. 5º, XL da CF. Em resumo, para os casos de conflitos de Leis Penais no Tempo, dois princípios regem a matéria, que são: Princípio da Irretroatividade da Lei Penal mais severa Princípio da Retroatividade da Lei Penal mais benéfica > Leis Excepcionais e Leis Temporárias - São leis que existem por um tempo determinado, a primeira enquanto duram circunstâncias excepcionais, a segunda que vem em situações transitórias, mas delimitadas no tempo. - Diz o art. 3º do CP que “A lei excepcional ou temporária, embora tenha decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência". - Isso quer dizer que a lei excepcional ou temporária ultra-agirá, mesmo que a lei nova seja mais benéfica ao acusado. > Combinação de leis penais - A doutrina majoritária entende não ser possível a combinação de leis, entendendo que em caso de conflito de leis penais no tempo não poderá o juiz mesclar as duas leis quando da sua aplicação, aproveitando de ambas apenas os aspectos favoráveis ao acusado, posto que neste caso estaria o Juiz criando uma 3º lei. > Sucessão de leis penais no tempo em relação aos crimes permanentes e aos crimes continuados. - Súmula 711 STF: A lei pena mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. ⁕ Atenção! Diferença do Crime habitual para o crime continuado: No crime habitual cada um dos episódios agrupados não é punível em si mesmo, vez que pertencem a uma pluralidade de condutas requeridas no tipo para que configure um fato punível. Por outro lado, nos delitos continuados cada um dos atos agrupados, individualmente, reúne, por si só, todas as características do fato punível.
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