Conceitos, histórico e escopo da Epidemiologia

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Conceitos, histórico e escopo da epidemiologia 1
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Conceitos, histórico e escopo da 
epidemiologia
 Introdução
Epidemiologia, etimologicamente, significa o estudo do que ocorre com o povo;
Conceitos, aplicações e ferramentas metodológicas qualitativas e quantitativas, que orientam busca, 
obtenção e análises de dados epidemiológicos, que permitam avaliar os níveis de saúde 
populacional de forma descritiva, exploratória, comparativa, inferencial ou causal;
O conceito epidemiológico relaciona-se com as outras disciplinas prévias e futuras no curso médico, 
com ênfase na Medicna de Família e Comunidade (MFC).
É o estudo da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos 
relacionados à saúde (incluindo doença) e a aplicação deste estudo ao controle 
de doenças e outros problemas de saúde.
— WHO
Epidemiologia é o estudo da distribuição e determinantes de estados ou eventos 
relacionados à saúde em populações específicas e a aplicação deste estudo no 
controle de problemas de saúde.
— Dictionary of epidemiology
Objetivo geral: capacitar a realização do raciocínio epidemiológico que possibilite a identificação e 
interpretação de problemas da saúde populacional e promover possíveis soluções.
 Objetivos específicos
Compreender conceitos sobre a causalidade das doenças e as teorias explicativas do processo 
saúde-doença ao longo da história;
Compreender os conceitos de risco epidemiológico e vulnerabilidade populacional/individual;
Desenvolver competências de busca de dados em sistemas de informação em saúde, busca, 
construção e aplicação de indicadores;
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Desenvolver competências em pesquisa científica, ética em pesquisa e tipos de estudos 
epidemiológicos na elaboração de hipóteses e execução de experimentos;
Desenvolver competências de liderança e trabalho em equipe;
Desenvolver motivação intrínseca ao estudo da epidemiologia.
❓ Qual a diferença entre pandemia, endemia e epidemia?
Endêmico é esperado na região, epidemia não é esperado na região, pandemia é a disseminação 
mundial de uma epidemia.
 Principais fatos na história da epidemiologia até o século XIX
Hipócrates — V a. C.
Procurou explicar a ocorrência da doença de um modo mais racional do que um ponto de vida 
sobrenatural;
Em seu ensaio Tratado das águas, ares e lugares sugeriu que fatores ambientais e do hospedeiro, 
como comportamentos, podem influenciar o desenvolvimento da doença.
John Graunt — 1662
Quantificou padrões de nascimento, morte e ocorrência de doenças, observando disparidades entre 
homens e mulheres, alta mortalidade infantil, diferenças urbano/rural e variações sazonais em 
Londres;
Considerado um dos precursores da demografia, estatística médica e epidemiologia;
Rudimento de tábua de vida — Tábua de Mortalidade;
Willian Farr — 1800
Aperfeiçoou o trabalho de Graunt coletando sistematicamente e analisando as estatísticas de 
mortalidade da Grã-Bretanha;
É considerando o pai da moderna estatística vital e vigilância;
Desenvolveu muito das práticas ainda utilizadas em esta´tisticas vitais e classificação de doenças;
Lei de Farr → lei das epidemias (doenças de ascenção rápida, elevação mais lenta até o ápice e 
queda).
Semmelweis — 1818 - 1865
Médico húngaro, precursor da lavagem de mãos e das ações de controle de infecção hospitalar 
(febre puerperal);
1849 → expulso de Viena, muda-se para Budapeste;
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1861 → lança livro sobre febre puerperal.
Florence Nightingale
Estudou a mortalidade pós cirúrgica e confirmou os estudos teóricos de Semmelweis;
Fundadora da enfermagem.
John Snow — 1854
Pioneiro na procura dos determinantes das epidemias;
Memorável estudo a respeito de duas epidemias de cólera ocorridas em Londres em 1849 e 1854;
Fez anotações sistemáticas sobre os casos e desenvolveu a ideia de que a epidemia da cólera era 
ocasionada por parasitas invisíveis e não por miasmas;
📌 Miasma é a emanação a que se atribuía, antes das descobertas da microbiologia, a 
contaminação das doenas infecciosas e epidêmicas. Exalação pútrida que emana de animais 
ou vegetais em decomposição.
Elaborou hipóteses sobre a qualidade da água como meio principal de contágio;
Identificou o local de moradia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres entre 1848 - 1849 e 
1853 - 1854 e comparou o número de óbitos em áreas abastecidas por diferentes companhias de 
abastecimento de água.
Adolfo Lutz — 1892
Em 1892 voltou ao Brasil para dirigir o Instituto de Bacteriologia (hoje o Instituto Adolfo Lutz);
Primeiro cientista latino-americano a estudar e confirmar os mecanismos de transmissão da febre 
amarela pelo Aedes aegypti;
Sua dedicação à saúde pública fez com que lutasse e pesquisasse sobre várias epidemias de 
diversas regiões do Brasil, como cólera, peste bubônica, esquistossomose e leishmaniose.
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Emílio Ribas — 1898
Diretor do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, após combate da Febre Amarela em cidades 
do interior paulista;
Sofreu forte oposição dos que acreditavam que a doença era transmitida por contágio entre pessoas 
e para provar que esta tese estava errada, deixou-se picar pelo inseto contaminado, junto com os 
colegas Adolfo Lutz e Oscar Moreira;
Foi a partir da contaminação de Ribas que Oswaldo Cruz empreendeu a eliminação dos focos de 
mosquito no Rio de Janeiro;
Em 1902 trabalhou na terceira epidemia de Febre Amarela no interior de SP, instituindo limpea das 
margens dos rios e medidas para melhoria do saneamento básico;
Em sua homenagem o nome de Emílio Ribas batiza o principal centro de estudos de pesquisa de 
doenças infecto-contagiosas e um hospital a ele ligado, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Oswaldo Cruz — 1903
Médico egresso do Instituto Pasteur;
Em 1903 recebeu a tarefa de sanear o RJ: febre amarela, peste bubônica, varíola;
Instituiu medidas como a notificação compulsória e vacinação;
Autoritarismo: revolta da vacina → 1904.
Carlos Chagas — 1905
Médico sanitarista, atuante na saúde pública;
1905 → controle do surto de malária em Itatinga (SP);
Tornou-se referência para o combate da malária no mundo;
Em 1920, assume o comando do Departamento Nacional de Saúde, inovando o modelo de Oswaldo 
Cruz — propaganda e educação sanitária da população para prevenção de doenças;
Primeiro cientista da história da Medicina a descrever completamente uma doença infecciosa: o 
patógeno, o vetor (Triatominae), os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia;
Destacou-se ao descobrir o protozoário Trypanosoma cruzi (homenagem a Oswaldo Cruz) e a 
tripanossomíase americana, conhecida como Doença de Chagas.
 Principais fatos na história da epidemiologia a partir do século XX
Abordagem epidemiológica que compara coeficientes (ou taxas) de doenças infecciosas em 
subgrupos populacionais tornou-se prática comum;
Segunda metade do século XX → transição epidemiológica;
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1952 → Richard Doll e Bradford Hill;
Thomas Dawber — 1948
Coorte que iniciou em 1948 nos habitantes da cidade norte-americana de Framingham (EUA);
Amostra inicial de 5209 indivíduos adultos e encontra-se na terceira geração de participantes;
Grande parte do conhecimento geral das DCVs, como a influência da dieta, exercício físico e de 
medicamentos como a aspirina teve por base este estudo;
Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes dos estados ou 
eventos relacionados à saúde (incluindo doença) e a aplicação deste estudo ao 
controle de doenças e outros problemas de saúde.
 Termos chave
Termo Explicação
Distribuição Refere-se à análise quanto ao tempo, pessoas, lugares e grupos de indivíduos afetados.
Determinantes
Inclui fatores que afetam o estado de saúde, dentre os quais, os fatores biológicos, químcos,
físicos, sociais, culturais, econômicos, genéticos e comportamentais.
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Termo ExplicaçãoEstados ou
eventos
relacionados à
saúde
Referem-se a doenças, causas de óbito, hábitos comportamentais (por exemplo: tabagismo),
aspectos positivos em saúde (por exemplo: bem-estar, felicidade, etc), reações a medidas
preventivas, utilização e oferta de serviços de saúde entre outros.
População
Inlui indivíduos com características específicas como, por exemplo, crianças menores de cinco
anos.
 Objetivos principais
1. Descobrir o agente, o hospedeiro e os fatores ambientais que afetam a saúde;
2. Determinar a importância relativa das caussas de doença, incapacidade e morte;
3. Identificar os segmentos da população que apresentam maior risco;
4. Avaliar a eficácia dos programas e serviços de saúde na melhoria da saúde da população.
 Escopo
Epidemiologistas estudam pessoas doentes e pessoas saúdáveis:
Para determinar a diferença cricial entre aquees que ficam doentes dos que não ficam;
Epidemiologistas estudam pessoas expostas e não expostas:
Para determinar o efeito crucial da exposição.
 Epidemiologia atual
Usa métodos quantitativos para estudar a ocorrência de doenças nas populações humanas e definir 
estratégias de promoção à saúde, prevenção e controle de doenças.
Questão Aplicação da epidemiologia
Qual é a frequência da enfermidade?
Descrição do estado de saúde dos grupos
populacionais/população
Qual é a causa da enfermidade? Relação de causalidade
O que acontecerá com quem adoeceu? Determinação da história natural da doença
Qual é a efetividade do tratamento e dos serviços de
saúde?
Avaliação das intervenções
 Método epidemiológico
Vários métodos podem ser usados para realizar investigações epidemiológicas: a vigilância e 
estudos descritivos podem ser usados para estudar a distribuição, estudos analíticos são usados 
para estudar determinantes;
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A epidemiologia é uma ciência fundamental para a saúde pública;
A epidemiologia é essencial no processo de identificação e mapeamento de doenças emergentes;
A epidemiologia tem dado grande contribuição à melhoria da saúde das populações.
Desafios
Medida dos indicadores de saúde deficiente em muitas partes do mundo, ocasionando lacunas nas 
informações;
Há atrasos entre as descobertas epidemiológicas e a sua aplicação na população;
Articulação entre medicina clínica, epidemiologia e planejamento/gestão dos serviços de saúde.
 Por que a epidemiologia é uma abordagem de saúde pública
Descreve a história natural da doença;
Descreve magnitude e tendências de enfermidades;
Identifica grupos mais vulneráveis;
Identifica etiologia e os fatores de risco;
Identifica e explica mecanismos de transmissão e disseminação;
Identifica a forma de controle dos agravos à saúde;
Avalia intervenções terapêuticas e o uso da tecnologia médica.