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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI FISIOLOGIA VEGETAL GUARULHOS – SP SUMÁRIO 1 PROPRIEDADES E ABSORÇÃO DA ÁGUA........................................................ 3 2 TRANSPIRAÇÃO ................................................................................................. 5 3 RADIAÇÃO SOLAR .............................................................................................. 8 Como os tipos de radiações influenciam as moléculas? .................................. 9 4 PIGMENTOS FOTOSSINTETIZANTES ............................................................. 10 5 APARELHO FOTOSSINTÉTICO ........................................................................ 12 Mas o que acontece quando os pigmentos absorvem a energia solar? ......... 13 6 FOTOSSÍNTESE I .............................................................................................. 13 Fase Fotoquímica da fotossíntese .................................................................. 14 7 FOTOSSÍNTESE II ............................................................................................. 16 Fase Bioquímica da Fotossíntese .................................................................. 16 O Ciclo C3 (ciclo de Calvin-Benson) .............................................................. 17 8 FOTOSSÍNTESE III ............................................................................................ 18 9 FATORES QUE AFETAM A FOTOSSÍNTESE ................................................... 21 10 AULA 10 - PLANTAS DE SOL E PLANTAS DE SOMBRA ................................. 24 Mas por que as plantas C4 fazem mais Fotossíntese em alta irradiância? .... 26 11 RESPIRAÇÃO .................................................................................................... 26 12 ABSORÇÃO DE NUTRIENTES INORGÂNICOS ............................................... 29 13 TRANSPORTE DE NUTRIENTES INORGÂNICOS ........................................... 32 14 NUTRIENTES ESSENCIAIS: MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES . 35 15 TRANSPORTE NO FLOEMA ............................................................................. 38 A partição de nutrientes é feita no sentido da fonte para o dreno. ................. 39 16 MICORRIZAS ARBUSCULARES E A ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELAS PLANTAS .................................................................................................................. 40 17 METABOLISMO DO NITROGÊNIO ................................................................... 42 18 HORMÔNIOS VEGETAIS I ................................................................................ 44 19 HORMÔNIOS VEGETAIS II ............................................................................... 46 20 HORMÔNIOS VEGETAIS III .............................................................................. 49 21 HORMÔNIOS VEGETAIS IV .............................................................................. 50 22 OUTROS REGULADORES DO CRESCIMENTO .............................................. 53 23 MOVIMENTOS EM PLANTAS ............................................................................ 54 24 TOMORFOGÊNESE E FITOCROMO ................................................................ 57 25 FOTOPERIODISMO ........................................................................................... 60 26 RITMOS CIRCADIANOS NAS PLANTAS .......................................................... 62 27 TUBERIZAÇÃO .................................................................................................. 64 28 FLORAÇÃO I ...................................................................................................... 67 29 FLORAÇÃO II ..................................................................................................... 70 30 POLINIZAÇÃO E FRUTIFICAÇÃO ..................................................................... 71 31 DISPERSÃO ....................................................................................................... 74 32 GERMINAÇÃO ................................................................................................... 76 33 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ..................................................................................... 80 3 1 PROPRIEDADES E ABSORÇÃO DA ÁGUA. A Fisiologia Vegetal é uma área da Botânica que estuda os processos fisiológicos das plantas, ou seja, os processos vitais que estão relacionados ao crescimento e desenvolvimento do vegetal. A água é uma das substâncias mais importantes do planeta e sem água não há vida. A conquista do ambiente terrestre pelas plantas se deu pelo desenvolvimento de raízes para mantê-las eretas no solo, um sistema vascular avançado para absorver e transportar a água e uma epiderme e estruturas especializadas (estômatos) para conservá-la. A água constitui cerca de 80 a 90% do corpo de um vegetal metabolicamente ativo. Boa parte da água absorvida é perdida para a atmosfera em forma de vapor – TRANSPIRAÇÃO. Devemos saber que a água é um dos itens mais importantes e mais abundantes, porém é um fator limitante com relação à diversidade e distribuição de espécies. A absorção de água pelas células gera, interiormente, uma força denominada TURGOR sendo extremamente necessária em vários processos fisiológicos, como alongamento celular, trocas gasosas nas folhas e transporte de solutos pelo floema. A falta de água pode ser denominada como déficit hídrico, ou estresse hídrico e desencadeia na planta vários processos para que ela continue com suas funções vitais, como o fechamento estomático, a redução da fotossíntese e da respiração e interfere em outros processos básicos. A importância da água se deve ao fato das características químicas da molécula, que conferem propriedades físico-químicas, sendo considerada como o solvente universal. A água é composta por três moléculas, sendo uma o oxigênio (O) ligado covalentemente às duas outras moléculas que são de hidrogênio (H). Cada molécula da água possui cargas: o oxigênio, mais eletronegativo que o hidrogênio, tende a atrair elétrons para si, resultando em uma carga negativa parcial na extremidade da molécula de oxigênio e uma carga positiva parcial em cada molécula de hidrogênio. A molécula de água não possui carga líquida. A fraca atração eletrostática da molécula é denominada de ponte de hidrogênio. Essas duas moléculas quando 4 separadas podem interagir com muitas outras moléculas formando outras substâncias. A água possui propriedades físicas - Propriedade Solvente, Propriedade de Coesão e Adesão e Propriedade Térmica – fazendo com que as moléculas de Hidrogênio e Oxigênio, se movimentem através de três processos: fluxo de massa, difusão e osmose. Fluxo de massa: quando uma força externa é aplicada, as moléculas tendem a se mover na mesma direção em massa. Ex.: água e soluto movem- se através do xilema por fluxo em massa; Difusão: movimento espontâneo (ao acaso) de partículas, pela sua própria energia. Ex.: um sistema em contínua movimentação; Osmose: movimento da água entre membranas semipermeáveis no sentido do equilíbrio de concentrações entre dois meios. Mas por onde as plantas absorvem água? As plantas absorvem água do solo através das raízes. A zona de maior absorção é conhecida como Zona Pilífera (como estudamos na disciplina de Morfologia e Sistemática Vegetal), que contém tricomas (pelos) finos que estão em contato íntimo com as partículas do solo. Além da importante função de absorção de água as raízes desempenham a função de sustentação, armazenamento de reservas, síntese de substâncias e absorção de nutrientes. Após ser absorvida pelas raízes, a água pode se movimentar por meio de três vias dentro do xilema: Via Apoplasto:caminho contínuo da água pelas paredes e espaços celulares, isto é, água não atravessa membrana. O movimento é extracelular; Via Transmembrana: caminho da água através de várias membranas. O movimento é intracelular; Via Simplasto: caminho da água de uma célula a outra por meio de plasmodesmos. A água atravessa a membrana, porém não o protoplasto. 5 Para relembrarmos, o xilema, sistema de vasos condutores de água e substâncias inorgânicas, é composto por dois tipos de células: traqueídes e elementos de vaso. A ascensão da água pelo xilema é um processo que requer uma força motriz bastante elevada (quanto mais alta for a planta, maior deverá ser a força que permite a chegada da seiva xilemática até o ápice caulinar). A Teoria de Dixon (1914) – Teoria da Coesão, Tensão e Adesão - é a mais aceita universalmente para explicar como ocorre a ascensão da água e substâncias inorgânicas. É “regida, basicamente, por um gradiente de potencial hídrico (entre a atmosfera, a planta e o solo), pelas propriedades de coesão e adesão das moléculas de água e pela força de tensão nos vasos xilemáticos”. Essa Teoria é chamada de COESÃO-TENSÃO porque requer que as propriedades coesivas da água sejam capazes de suportar a tensão da coluna de água do xilema. A propriedade de adesão das moléculas da água às paredes dos traqueídes e elementos de vaso é também importante para a ascensão da seiva. 2 TRANSPIRAÇÃO Transpiração é a perda de água pelas plantas na forma de vapor d’água. Cerca de 95% da água é perdida pela transpiração, sendo o restante usado no metabolismo e no crescimento vegetal. A transpiração ocorre em qualquer parte do organismo vegetal acima do solo. Pouca quantidade pode ser perdida através de lenticelas (pequenas aberturas da casca de caules e ramos jovens); porém, a maior proporção ocorre nas folhas. Vamos relembrar um pouco a anatomia foliar: há duas epidermes (adaxial ou superior e abaxial ou inferior); acima da epiderme adaxial pode existir ainda uma camada de cutícula que é uma barreira contra a perda de água. No mesófilo das folhas, as células do parênquima paliçádico e lacunoso conectam os espaços intercelulares, além de realizarem fotossíntese. Ocorrem nas epidermes os estômatos, que têm função primordial das trocas gasosas. 6 Figura 1 – anatomia foliar Legenda: 1) cutícula 2) epiderme adaxial 3) parênquima paliçádico 4) parênquima lacunoso 5) epiderme abaxial 6) estômato 7) células guardas 8) xilema 9) floema 10) tecidos condutores do sistema vascular. Na figura 2, podemos observar que os estômatos são compostos por uma abertura, denominada ostíolo. Esta abertura é circundada por duas células- guarda repletas de cloroplastos. Podem ocorrer, na maioria das plantas, células- subsidiárias ao lado de cada uma das células-guarda e uma câmara subestomática. Figura 2 – Estômato Fonte: ciagri.usp.br 7 A Teoria mais aceita de como funciona a abertura e o fechamento estomático foi proposta por Iamamura, em 1943, que relata a existência de um fluxo de potássio (K+) no interior das células-guarda, gerando um gradiente de potencial hídrico. É um processo com gasto de energia, isto é, para que ocorra o fluxo de K+ para o interior das células-guarda, ocorre ativação das bombas de prótons (H+) localizadas nas membranas plasmáticas das células. Quando o conteúdo de K+ aumenta nas células- guarda, os estômatos abrem e, quando diminui a quantidade de K+ nas células-guarda, os estômatos fecham. Para que o balanço de íons e prótons não seja prejudicado, já que ocorre uma intensa entrada de potássio, que tem carga positiva, os ânions cloro (Cl) e malato2- contribuem para a neutralidade elétrica das células-guarda. A concentração desses ânions aumenta na abertura dos estômatos e diminui quando o estômato se fecha. Recentemente os estudos sobre o papel da sacarose na os morregulação das células-guarda foram retomados. Esses estudos mostram que a abertura dos estômatos pela manhã está relacionada com o aumento na concentração de K+ nas células-guarda e, no período da tarde, quando os estômatos se fecham, há um declínio no conteúdo de sacarose. Porém, a existência de fases distintas controladas pelo potássio e pela sacarose ainda não é bem entendida, necessitando de maiores estudos. Fatores ambientais como a disponibilidade hídrica, temperatura, qualidade e intensidade luminosa e concentração intracelular de CO2 também controlam a abertura e o fechamento estomático. O estresse por falta de água nas folhas leva à síntese de ácido abscísico (ABA) que, chegando às células-guarda, sinaliza a ocorrência de estresse e induz o fechamento dos estômatos. O mecanismo pelo qual o CO2 regula o movimento dos estômatos não é bem entendido. MANSFIEL et al. (1990) obtiveram resultados opostos: - As células-guarda podem ficar mais túrgidas com o aumento da concentração do gás, favorecendo a formação de malato; - As células-guarda podem diminuir o turgor com o aumento da concentração do CO2. Na maioria das espécies vegetais, o estômato se abre na presença de luz e fecha no escuro. Porém, a luz azul (comprimento de onda em 460 nanômetros) estimula a abertura estomática, independentemente da concentração do CO2; a luz 8 vermelha (comprimento de onda em 700 nanômetros) estimula a abertura estomática nos cloroplastos das células-guarda. 3 RADIAÇÃO SOLAR O Sol é a fonte universal de energia. Toda a vida em nosso planeta é direta ou indiretamente dependente da fotossíntese dos organismos clorofilados (exceto bactérias quimioautotróficas). O oxigênio tornou-se necessário para a respiração como fonte de energia para o metabolismo e os carboidratos tornaram-se substratos para a respiração e o ponto de partida para diferentes rotas biossintéticas. Cerca de 5% da energia solar que alcança a Terra pode ser convertida em carboidratos através da fotossíntese. Aproximadamente 44% das radiações que chegam à Terra são as radiações visíveis utilizadas na fotossíntese. Aqui nos trópicos, a radiação solar é máxima no verão (dezembro-janeiro) e mínima no inverno (junho- julho). Podemos separar a luz em diferentes cores, isto é, em comprimentos de ondas, como sua passagem através de um prisma, como visualizamos no espectro magnético abaixo: Fonte: MAJEROWICZ,2004, p. 114. 9 Como os tipos de radiações influenciam as moléculas? A Radiação Ultravioleta promove a ionização de moléculas, ou seja, tem o comprimento de onda muito curto e o quantum (um fóton carregado de energia) é muito elevado e consegue comprometer a estrutura de uma molécula orgânica. Já a Radiação Infravermelha é composta por fótons de comprimento de onda mais longos, com quantum baixo; ao serem absorvidos alteram a cinética das moléculas, elevando a temperatura, por exemplo. A Radiação Visível possui nível energético o suficiente para excitar elétrons entre os orbitais eletrônicos das moléculas causando reações químicas. Esses três tipos de radiação são as mais importantes para a fotossíntese. Mas o que acontece com a radiação quando incide em uma folha? A radiação, nas folhas, pode ter três destinos: Reflexão: parte da radiação incidente retorna da folha; a capacidade de reflexão da folha depende de a natureza da superfície foliar, como por exemplo, uma folha repleta de tricomas aumenta a reflexão. A radiação visível tem reflexão entre 6 e 10%; a radiação ultravioleta é fracamente refletida (não mais que 3%) e a radiação infravermelha reflete cerca de 70% da radiação. Absorção: cerca de 70% da radiação é absorvida no interior da folha e diminui sua intensidade ao atravessar as camadas celulares do mesófilo foliar. A absorção da radiação visível depende dos pigmentos fotossintetizantes (que veremos na próxima aula). A radiação UV é barradapela cutícula e pela parede externa suberizada da epiderme e menos de 1% dessa radiação alcança camadas mais interiores da folha. O mesmo ocorre com a radiação infravermelha. Transmitância: depende da estrutura e espessura da folha. Por exemplo, folhas flexíveis transmitem (ou seja, “deixam passar”) entre 10 e 20% da radiação solar; folhas finas transmitem até 40%; folhas espessas e duras 10 transmitem abaixo de 3% da radiação. Os comprimentos de onda mais transmitidos são o verde e o vermelho. 4 PIGMENTOS FOTOSSINTETIZANTES Qualquer substância que absorve luz visível é um pigmento. Quando absorvem luz, os elétrons dos pigmentos são impulsionados a um nível de energia mais elevado. Quando os elétrons retornam, a energia pode ser dissipada como calor; pode ser reemitida como energia luminosa, fenômeno conhecido como fluorescência e a energia pode ser capturada para a formação de ligações químicas. Os pigmentos fotossintetizantes, isto é, que participam da fotossíntese, são as clorofilas e os carotenoides. A Clorofila a presente em todos os organismos eucariontes fotossintetizantes e nas cianobactérias, é constituída por um anel de porfirina e um hidrocarboneto de 20 carbonos chamado fitol. A Clorofila b é considerada como um pigmento acessório, encontrada nas plantas, algas verdes e euglenófitas. A clorofila b difere da clorofila a pela substituição do grupo metila (-CH3) ligado ao anel da porfirina, pelo grupo formila (-CHO), como mostra a figura abaixo. Outras clorofilas, como as do tipo c, d e e também atuam como pigmentos acessórios. Os carotenoides são o segundo grupo de pigmentos mais abundantes nas plantas. Sua estrutura básica é um esqueleto com 40 átomos de carbono com ligações duplas alternadas, mostradas na figura abaixo, como exemplos o a e o b-carotenos. Atuam na absorção de luz, como pigmentos acessórios e na foto proteção do aparato fotossintético, pois canalizam a energia em excesso para fora das clorofilas e desativam os radicais livres. As xantofilas, também na figura abaixo, contêm grupos hidroxilas ligados à cadeia carbônica constituída de 40 carbonos, atuando também como pigmentos acessórios. Exemplos de xantofilas são a zeaxantina e a luteína (Figura 1). 11 Figura 1 – Estrutura molecular de pigmentos fotossintetizantes. Fonte: MAJEROWICZ, 2004, p. 128. 12 5 APARELHO FOTOSSINTÉTICO Já vimos que a energia é absorvida pelos pigmentos fotossintetizantes. Mas o que é fotossíntese? De maneira geral, é o processo através do qual as plantas verdes transformam a energia radiante (energia eletromagnética) em energia química nos cloroplastos das células eucarióticas. Os estudos sobre fotossíntese se deram no início de 1776 com K. Priestley. Na figura 1, visualizaremos as estruturas de um cloroplasto. Podemos observar que o cloroplasto é composto por uma Membrana externa ou envelope que define os limites do cloroplasto. É constituída por uma dupla camada que circunda o sistema interno de membranas e a matriz fluida gelatinosa que preenche os espaços internos dos cloroplastos, denominada estroma. No estroma há enzimas, DNA, ribossomos e amido para a manutenção do metabolismo celular. Figura 1 – Estrutura de um cloroplasto. Fonte: LOPES, www.editorasaraiva.com.br As Tilacoides são membranas duplas com formato de vesículas achatadas e empilhadas que contêm as clorofilas. As clorofilas agrupadas formam estruturas denominas de complexos de antena; local onde ocorrem as reações de luz da fotossíntese. O Granum são tilacoides associadas entre si, formando “pilhas de moedas” (devido ao formato achatado). http://www.editorasaraiva.com.br/ 13 Mas o que acontece quando os pigmentos absorvem a energia solar? Primeiramente, os elétrons são absorvidos pelas clorofilas no complexo antena. As demais clorofilas e os carotenoides auxiliam na absorção luminosa. Em seguida, ocorre excitação do elétron, levando-o de um estado de baixa energia (não excitado) para um estado de alta energia, como podemos ver na figura 2. O elétron excitado relaxa e volta ao primeiro nível do estado excitado. Quando ele retorna ao estado fundamental, podem ocorrer três processos: perda de calor; emissão de um fóton (fluorescência) e transferência de energia a uma molécula adjacente, onde outro elétron é excitado. Figura 2 – Estados de excitação do elétron após ser absorvido pela clorofila. Fonte: MAJEROWICZ, 2004, p. 127 6 FOTOSSÍNTESE I Nas aulas anteriores vimos que a luz solar é absorvida dentro dos cloroplastos pelas clorofilas. Hoje vamos iniciar nossos estudos sobre como a luz é absorvida por 14 essas moléculas. Para entendermos melhor como ocorre a fotossíntese, vamos dividi- la em duas etapas. Fase Fotoquímica da fotossíntese Primeiramente, a luz solar é capturada pelas clorofilas e convertida em energia química, por uma série de passos chamados de reações de luz ou reações luminosas ou ainda fase clara ou fotoquímica. O objetivo dessa fase é a transformação da energia luminosa em ATP e NADPH. Essas reações ocorrem nas membranas internas do cloroplasto (tilacoides). Nessas reações fotoquímicas, agem simultaneamente dois Fotos sistemas, o I e o II. Os Fotos sistemas são organizações das clorofilas e outros pigmentos dentro das tilacoides dos cloroplastos. Embora todos os pigmentos sejam capazes de absorver a energia luminosa, somente um par de clorofilas absorve luz e está localizada em um centro de reação, que é onde ocorre a reação fotoquímica. As outras moléculas de pigmentos são denominadas pigmentos antena e vão atuar como uma rede de antenas para a captação de luz e estão localizadas no complexo antena. No Fotos sistema I (FSI) as moléculas de clorofila dos centros de reação têm pico de absorção em 700 nm. Também pode ser chamado de P700 (P de pigmento; 700 = absorção em nanômetros). No Fotos sistema II (FSII) as moléculas de clorofila dos centros de reação têm pico de absorção em 680 nm. Também pode ser chamado de P680 (P= pigmento; 680= absorção em nanômetros). A conexão entre os dois fotos sistemas se dá pelo Complexo Citocromo b6f e pelos carreadores móveis de elétrons que são capturados: plastoquinona (PQ) e feofitina (Feo) no interior da matriz fluida do FSII; a plastocianina (PC) no interior das tilacóides do FSI e a ferrodoxina (Fd) localizada no estroma dos cloroplastos (figura 1). 15 Figura 1 - Organização do FSI, FSII, Citocromo b6f e Carreadores Móveis. Fonte: MAJEROWICZ, 2004, p. 130, modificado. Já vimos até agora que os pigmentos capturam a energia luminosa e transformam em elétrons (que são carregados pelos carreadores móveis) para formar ATP e NAPH. Ainda nesta Fase Fotoquímica da fotossíntese, ocorre a fotoxidação da água, isto é, a quebra das moléculas da água pela luz, no FSII. Como ganho, temos a formação e liberação de oxigênio. Devido a fotoxidação da água, há um fluxo contínuo de elétrons da água para o outro Fotos sistema, o FSI. Este fluxo unidirecional de elétrons da água chamado fluxo não-cíclico de elétrons e a produção de ATP que ocorre durante o fluxo não-cíclico é denominada foto fotofosforilação não cíclica. O FSI pode transportar elétrons, independente do FSII, num processo conhecido como fluxo cíclico de elétrons. A produção de ATP acoplada a esse fluxo 16 cíclico de elétrons é conhecida como foto fotofosforilação cíclica. Porém, não ocorre fotólise da água e liberação de O2 e nenhum NADPH é formado. A energia gerada pelo fluxo fotossintético de elétrons é utilizada pelo Complexo ATP sintase para a formação de ATP, a partir de ADP e P i (fosfato inorgânico). O ATP sintetizado na fase fotoquímica sustenta a fixação do CO2 (fase bioquímica) e várias vias metabólicasno interior dos cloroplastos. 7 FOTOSSÍNTESE II Fase Bioquímica da Fotossíntese A formação de moléculas orgânicas tem início com a reação de fixação do CO2, por uma série de passos chamados de reações no escuro ou fixação de CO2 ou ainda fase escura ou bioquímica. Esse processo ocorre na matriz fluida do cloroplasto(estroma). A reação de fixação do CO2 é catalisada por uma enzima denominada Ribulose Bifosfato carboxilase/oxidade ou apenas Rubisco. Segundo MANN (1999), a Rubisco é a enzima central para a fixação de carbono pelas plantas. MAJEROWICZ (2004), afirma que a Rubisco existe em quantidade elevada nos tecidos fotossintéticos das plantas, sendo provavelmente a proteína mais abundante na superfície do nosso planeta. A fixação do CO2 atmosférico desencadeia uma série de reações bioquímicas que vão gerar as macromoléculas (carboidratos, proteínas e lipídeos) que constituem o metabolismo primário das plantas. A Rubisco é uma enzima bifuncional, isto é, apresenta simultaneamente duas funções. Ao reagir com o CO2 promove a carboxilação do seu substrato, a pentose ribulose-1,5-bifosfato (RuBP). E ao reagir com O2 promove a oxigenação da RuBP. Acarboxilação resulta na formação de duas moléculas com 3 carbonos – o 3- fosfoglicerato. A oxigenação resulta na formação de uma molécula de 3- fosfoglicerato e uma de 2-fosfoglicolato. Tanto o CO2 como o O2 competem entre si 17 pelo mesmo sítio ativo da rubisco, reagindo com o mesmo substrato da rubisco, o RuBP. Podemos observar a bifuncionalidade da rubisco na figura 1. Figura 1 – Bifuncionalidade da enzima Rubisco. Fonte: MAJEROWICZ, 2004, p. 141. Podemos encontrar três tipos de ciclos de fixação de Carbono (CO2). Esses ciclos são conhecidos como C3, C4 e CAM e são encontrados em grupos específicos de plantas. Na aula de hoje vamos estudar um pouco sobre o ciclo C3. O Ciclo C3 (ciclo de Calvin-Benson) Segundo MAJEROWICZ (2004), partindo do composto formado pela carboxilação, o 3-fosfoglicerato, tem início um ciclo de reações bioquímicas que gera vários carboidratos e que, simultaneamente regenera o substrato da rubisco, o RuBP. Conhecemos esse Ciclo como C3 ou Ciclo de Calvin-Benson. Clavin, Benson e sua equipe foram os cientistas que estabeleceram a rota que conduz à síntese de carboidratos a partir do CO2. O Ciclo C3 pode ser dividido em três etapas: a carboxilativa, a redutiva e a regenerativa, como podemos visualizar no esquema 1. 18 Esquema 1 – Ciclo de Calvin. Fonte: MAJEROWICZ, 2004, p. 144. As plantas C3 compreendem cerca de 85% das angiospermas, maioria das gimnospermas e pteridófitas, todas as briófitas e algas. 8 FOTOSSÍNTESE III Segundo MAJEROWICZ (2004), o mecanismo concentrador de CO2 das plantas C4 baseia-se num ciclo de carboxilação e descarboxilação que se distribui entre dois tipos diferenciados de células fotossintéticas: as células da bainha do mesófiloe as células da bainha perivascular. A bioquímica da via C4 é fortemente integrada a adaptações anatômicas especiais, conhecidas em seu conjunto como anatomia do tipo Kranz (termo alemão que significa coroa) e podemos visualizar no corte transversal de uma folha de milho, baixo. 19 Figura 1 – Corte transversal de uma folha de milho (Zea mays). Fonte: MAJEROWICZ, 2004, p. 154. O CO2 pode ser concentrado nas células da bainha vascular reduzindo sua perda. As células do mesófilo conectam-se com as células da bainha vascular plasmodesmas, aumentando a eficiência entre essas duas células. Nas plantas C4, além da rubisco nas células da bainha Kranz, é encontrada nas células do mesófilo foliar a fosfoenolpirúvico carboxilase ou PEPcase, uma enzima com afinidade muito maior pelo CO2 do que a rubisco. A PEP case realiza a carboxilaçãodo seu substrato, o ácido fosfoenolpiruvato. O Ciclo C4 possui quatro etapas: 1. A PEPcase catalisa a carboxilação do ácido fosfoenolpiruvato (seu substrato), tendo como produto imediato o ácido oxalacético (com 4 carbonos) nas células do mesófilo; 2. Transporte do ácido oxalacético para as células da bainha vascular; 3. Ocorre a descarboxilação do ácido oxalacético em malato ou aspartato, entra no Ciclo C3, gerando CO2 e uma molécula de 3 carbonos; 4. Transporte da molécula de 3-fosfoglicerato de volta às células do mesófilo e regeneração do substrato da PEPcase, o fosfoenolpiruvato. Ciclo CAM A terceira via, chamada de CAM (do inglês Crassulacean acid metabolism) é um mecanismo fotossintético concentrador de CO2 selecionado em resposta à aridez 20 de ambientes terrestres e à limitação na disponibilidade de CO2 em ambientes aquáticos (KEELY, 1998). Até o momento, a via CAM foi encontrada em 26 famílias de angiospermas, em 38 de pteridófitas aquáticas, em 2 espécies de pteridófitas terrestres e 1 família de gimnosperma (MAJEROWICZ, 2004). Provavelmente todas as espécies de Crassulaceae e Cactaceae possuem metabolismo CAM obrigatório. Nas outras famílias, são encontradas espécies C3, CAM obrigatórias e facultativas. As plantas CAM são caracterizadas pela fixação maciça de CO2 no período noturno. O mecanismo CAM fundamenta-se num processo de carboxilação (noturna) seguido de uma etapa de descarboxilação (diurna), esta última responsável pelo suprimento de CO2 para o ciclo C3. As plantas CAM terrestres abrem os estômatos durante a noite e os mantêm fechados durante o dia, contrariamente ao que ocorre com a maioria das plantas terrestres (MAJEROWICZ, 2004). A fixação noturna do CO2 também é catalisada pela PEPcase. O CO2 fixado é acumulado nos vacúolos na forma de malato. Durante o dia, os estômatos se fecham, mas o CO2 para o Ciclo C3 passa a ser fornecido pela descarboxilação do malato. À noite, o amido é hidrolisado para a geração da PEP, acumulando-se durante o dia como produto da fotossíntese e da descarboxilação do malato (esquema 1). Esquema 1 – Fixação do CO2 pelas plantas com metabolismo CAM. Fonte: MAJEROWICZ, 2004, p. 159. 21 Segundo MAJEROWICZ (2004), o mecanismo bioquímico de carboxilação das plantas C4 e CAM é o mesmo. Nas plantas C4, há uma separação espacial (anatômica) entre a carboxilação pela PEPcase e o Ciclo C3, processos que ocorrem simultaneamente. Já nas plantas CAM, a separação desses eventos é apenas temporal, ocorrendo na mesma célula fotossintética. A fixação do CO2 atmosférico pela PEPcase se processa à noite, enquanto a fixação de CO2 pelo Ciclo C3 ocorre durante o dia. 9 FATORES QUE AFETAM A FOTOSSÍNTESE As plantas que habitam em um mesmo ambiente competem entre si, principalmente por água, luz e nutrientes minerais. Por isso precisam otimizar, melhorar o uso dos recursos disponíveis, muitas vezes limitados. Porém, o excesso de luz pode inibir a fotossíntese. Chamamos esses processos de Foto inibição e Fotoxidação. A Foto inibição envolve danos aos centros de reação, especialmente ao Fotos sistema II, quando eles são superexcitados. Ocorre a perda da proteína que transfere elétrons entre o centro de reação P680 e a plastoquinona. Já, a Fotoxidação é um processo irreversível e envolve os pigmentos receptores de luz. Quando os pigmentos absorvem muita luz, ficam muito tempo excitados e interagem com o CO2 produzindo os radicais livres, como por exemplo, o superóxido (O2-), o qual pode destruir os pigmentos. A enzima superóxido dismutase (SOD) destrói radicais livres, mas é insuficiente se a exposição dá à alta luminosidade é prolongada. Esses processos podem ocorrer em todas as plantas. Os mecanismos fotossintéticos C3, C4 e CAM são associados a características fisiológicas que foram selecionadas ao longo do tempo e possibilitaram vantagens adaptativas das plantas em condições ambientais adversas, isto é, situações que não ocorrem sempre. As plantas C3 têm centrode origem nas zonas temperadas do planeta; são mais abundantes e dominantes em locais frios e em comunidades com auto sombreamento (ex. florestas tropicais). Já, as plantas C4 têm o centro de origem na zona tropical; são mais abundantes em locais quentes, secos e bem iluminados. 22 Devemos lembrar que a fotossíntese realizada pelas plantas depende do suprimento de CO2 ao sítio ativo da rubisco; da síntese de NADPH e ATP (que é função das reações fotoquímicas e da disponibilidade de luz) e da carboxilação da RuBP (que depende das atividades carboxilase e oxigenasse da rubisco). A variação da concentração do CO2 produz respostas fotossintéticas diferentes em plantas C3 e C4. Podemos ver na figura 1 a Variação da fotossíntese líquida, em função da concentração de CO2 intrafoliar, em plantas C3 e C4. Figura 1 – O gráfico mostra a variação da fotossíntese em função da disponibilidade de CO2. Fonte: MAJEROWICZ, 2004, p. 169. A Eficiência do Uso da Água (EUA) está relacionada ao funcionamento diferenciado dos estômatos. As plantas C4 são capazes de realizar fotossíntese com baixa concentração intercelular de CO2 com mínimo de perda de água. Já nas plantas C3 a fotossíntese é limitada, isto é, a perda de água por transpiração tende a ser maior que nas plantas C4. Com a abertura estomática no período noturno, as plantas CAM conseguem diminuir as perdas de água por transpiração. No geral, as plantas CAM e C4 são mais adaptadas a ambientes que apresentam limitações na disponibilidade de água, controlando a abertura estomática. 23 A temperatura da folha também pode alterar a resposta fotossintética das plantas C3 e C4 (figura 2). Podemos observar na figura abaixo que as plantas C4 apresentam temperaturas ótimas para a fotossíntese mais elevadas que as C3, por isso que plantas C4 suportam temperaturas de até 45-50°C sem que ocorram danos à fotossíntese. Em temperaturas inferiores a 30ºC, a fotossíntese das plantas C3 é superior ao das plantas C4. O gráfico mostra a variação da fotossíntese em função da disponibilidade de CO2. Fonte: Kerbauy, 2004, p. 170. 24 10 AULA 10 - PLANTAS DE SOL E PLANTAS DE SOMBRA Morfologia interna de folhas de sol (a) e sombra (b). Fonte: PERES, ciagri.usp.br, 2005, As plantas de sombra quase sempre crescem à sombra, onde a luz é o recurso mais limitante para a fotossíntese. As plantas de sombra diferem das plantas de sol, em dois aspectos: 1) Em baixa luz, a planta de sombra faz mais fotossíntese que a planta de sol. Esta é a principal razão porque as plantas sombreadas podem sobreviver e crescer sob estas condições. 2) Em alta luz, plantas de sombra têm menor taxa fotossintética do que plantas de sol. O nível de luz em que as plantas de sombra habitam é muito baixo e isso pode resultar em baixíssimas taxas respiratórias, além de possuírem menor quantidade de células por folha e menor concentração de proteínas do que plantas de sol, com baixo custo para o funcionamento celular. 25 Nível da taxa de luz em plantas de sol e sombra. Fonte: PERES, www.ciagri.usp.br, 2005 Em baixas irradiâncias, as plantas de sombra absorvem a luz com maior eficiência, mesmo com poucas células nas folhas, poucos fótons são desperdiçados e a fotossíntese aumenta. As plantas de sombra são ineficientes em altos níveis de irradiância. Tornam- se rapidamente saturadas de luz, isto é, atingem rapidamente o ponto de saturação de luz e após atingirem este ponto de saturação, a fotossíntese é inibida totalmente, como podemos ver na figura 3. O fenômeno da foto inibição ocorre em todas as plantas que crescem em locais com pouca luz e são subitamente expostas a elevados níveis de luz. Nível da taxa de luz em plantas de sol e sombra. Fonte: PERES, www.ciagri.usp.br, 2005. 26 Algumas plantas são espécies de sombra obrigatórias, ou seja, nunca são encontradas em locais ensolarados, não conseguem se adaptar às altas irradiâncias e morrem. Outras plantas que crescem bem em locais abertos podem adaptar-se à sombra. Esse mecanismo é chamado de aclimatação. O curioso é que folhas de uma mesma árvore podem apresentar aclimatação em diferentes níveis de luz. As folhas internas e inferiores se comportam como folhas de sombra e as folhas mais externas são folhas de sol. As plantas de sol utilizam melhor altos níveis de luz do que plantas sombreadas, mas mesmo entre as plantas de sol, algumas são mais eficientes que outras. As folhas de muitas espécies de sol não mostram saturação de luz, mesmo em luz solar plena. Essas plantas apresentam taxa de fotossíntese elevada em altas irradiâncias e geralmente são plantas C4. Mas por que as plantas C4 fazem mais Fotossíntese em alta irradiância? Porque a fotorrespiração é um processo quase ausente nestas plantas, ou seja, a Fotossíntese não é inibida pela alta concentração de O2 em altas temperaturas e irradiâncias. As plantas C4 apresentam melhor performance em altas temperaturas e altas irradiâncias devido à menor perda de carbono pela fotorrespiração. Espero que vocês tenham compreendido nesta unidade o mais complexo e mais importante processo fisiológico das plantas: a fotossíntese. Na próxima aula estudaremos outro processo fisiológico vegetal que é a respiração. 11 RESPIRAÇÃO A fotossíntese e a respiração são dois processos fundamentais para a vida no nosso planeta. Vamos aprender um pouco sobre respiração na aula de hoje. A respiração ocorre em todas as células vivas das plantas que possuem mitocôndrias, que processam e produzem compostos energéticos. Um composto de carbono é inicialmente quebrado no citoplasma celular e seus produtos de degradação penetram nas mitocôndrias, se transformam para produzir 27 o ATP (adenosina trifosfato). Esse ATP é utilizado por todas as células nos processos de construção de moléculas. O processo respiratório é normalmente dividido com base na localização intracelular. A primeira etapa é a Glicólise que ocorre no citosol; a segunda etapa é o Ciclo de Krebs que ocorre na matriz mitocondrial e, a terceira etapa é a Cadeia Respiratória, que ocorre nas cristas mitocondriais. A Glicólise inicia-se com a fosforilação de uma molécula de glicose no citosol, que é parcialmente degradada em duas moléculas de piruvato. O objetivo dessa etapa é formar moléculas de ATP para gerar energia. O Ciclo de Krebs (figura 1), o piruvato formado da glicólise, é importado pela mitocôndria que o metaboliza. Então, o piruvato se descarboxila (perde CO2), gerando Acetil-CoA (acetil coenzima A). O acetil Co-A se une a uma molécula de oxalacetato, formando citrato. Ao passar pelo Ciclo de Krebs, dois carbonos são perdidos na forma de CO2, regenerando o oxalacetato, fechando o ciclo. O Ciclo de Krebs é importante por produzir energia e/ou compostos redutores para a cadeia de transporte de elétrons e também por produzir esqueletos de carbono para o metabolismo celular em geral (BUCKERIDGE et al. 2004). 28 Ciclo de Krebs A energia armazenada em moléculas de NAD e FAD produzidas nas etapas anteriores (glicólise e Ciclo de Krebs) será utilizada para a produção de ATP na Cadeia Respiratória. Os elétrons são transferidos para complexos proteicos com baixo potencial de óxido-redução, possuindo ainda um fluxo de prótons (H+) da matriz para o espaço entre as membranas da mitocôndria. A Cadeia Respiratória é a principal fonte de ATP das células. No final, o rendimento geral de produção de ATP pela mitocôndria é de 12 a 17 ATPs por molécula de piruvato (ou 24 a 34 ATPs por molécula de glicose). O fluxo respiratório varia com o estado fisiológico da célula, podendo produzir maior ou menor quantidade de ATP. Essa flexibilidade de resposta aosambientes 29 interno e externo é fundamental para a sobrevivência da planta. A taxa respiratória é variável de acordo com o tipo de órgão, idade, ambiente, estação do ano, etc. Mas por que a respiração nas plantas é importante? Tudo o é produzido pelas plantas durante o dia é consumido pelas mesmas no período noturno. Parte do carbono assimilado na fotossíntese é transformada em carboidratos e irá servir como substrato para a respiração, mas isso varia, por exemplo, com a capacidade máxima de crescimento de cada espécie. As plantas que crescem mais rapidamente assimilam mais carbono do que consomem na respiração, enquanto as plantas de crescimento lento é o oposto. A função principal do processo respiratório é a capacitação das plantas em obter energia, seja para a produção de ATP, seja para a produção de calor. 12 ABSORÇÃO DE NUTRIENTES INORGÂNICOS Do que as plantas se alimentam? Antes, vamos ver como foi o início dos estudos sobre a nutrição das plantas! Aristóteles, no ano 350 a.C., criou a Teoria Humística, que dizia que as plantas se alimentavam dos húmus e após a morte, retornavam aos húmus. Em 1962, o holandês van Helmont já possuía a ideia que as plantas absorvem água e sintetizam substâncias a partir dela. Mas não levou em consideração o local onde a planta estava fixada. O inglês Woodward, em 1766, foi o primeiro pesquisador a encontrar uma evidência experimental que a terra era o constituinte principal das plantas. Cerca de 30 décadas depois, o pesquisador alemão Ingenhousz (1796) demonstrou ter noção da essencialidade de nutrientes e, que sem eles, as plantas não conseguiriam sobreviver. Em 1804, o pesquisador suíço Saussure demonstrou que as plantas fixavam o carbono a partir do gás carbônico, que o aumento da matéria seca das plantas era devido ao Carbono, Hidrogênio e Oxigênio absorvidos e que, o solo era o fornecedor de minerais indispensáveis à vida da planta. 30 O alemão von Liebig (1840) compilou as informações sobre a importância dos minerais para as plantas e escreveu sobre “A química agrícola e sua aplicação na agricultura e fisiologia”, de acordo com FURLANI (2004). Von Liebig em conjunto com o pesquisador Sprengel, divulgaram a Lei do mínimo de Sprengel-Liebig (PLOEG et al. 1999): a produção da planta é limitada quando pelo menos um dos elementos necessários está disponível em quantidade inferior à requerida pela planta. O solo é considerado como o principal fornecedor de nutrientes para as plantas. O material nutritivo no solo pode estar 98% ligado a serapilheira, ao material inorgânico e mineralizados. Pode estar solubilizado (0,2%), na solução do solo e também pode estar adsorvido (2%) nos coloides do solo. As raízes no solo retiram (ou seja, absorvem) os nutrientes minerais que necessitam. Os mecanismos responsáveis pelo movimento de íons do solo para as raízes são três: 1) Fluxo de massa: o elemento é carregado do local de maior potencial hídrico para o de menor, próximo da raiz. 2) Difusão: movimento ao acaso de partículas, da maior para a menor concentração. 3) Interceptação celular: o contato se dá quando a raiz cresce e encontra o elemento. Na figura 1, podemos observar esses mecanismos de movimentação dos íons do solo para as raízes. 31 Esquema da morfologia interna de uma raiz hipotética. Fonte: PERES, www.ciagri.usp.br, 2005. Podemos verificar também, na figura acima, que o caminho dos íons do meio exterior (solo) para o meio interno das raízes, pode ser feito tanto Apoplasto, como Simplasto. O caminho Apoplasto é feito entre as células vegetais, ou seja, caminho extracelular. Íons, ácidos orgânicos, aminoácidos e açúcares se movimentam entre as células, representa um processo não-metabólico, passivo (sem gasto de energia – ATP) e dirigido por difusão ou fluxo de massa. Já o caminho Simplasto é feito através da membrana plasmática, por meio de plasmodesmas. É um processo que ocasiona um gasto de energia para transportar cátions e ânions entre as membranas celulares. A velocidade de absorção de nutrientes pelas raízes diminui com a distância do nutriente. Por esse motivo, a plantas necessita que suas raízes cresçam continuamente durante toda sua vida. Esse crescimento radicular é controlado geneticamente. Alguns fatores, tais como, estímulo hormonal, disponibilidade de foto assimilados e condições do solo (textura, estrutura, umidade, pH e nutrientes) podem interferir no crescimento das raízes. De acordo com Furlani (2004), as plantas terrestres têm absorção restrita de nutrientes pelas folhas. Isso se deve ao fato de as plantas possuírem paredes externas 32 de células da epiderme, uma camada de cutícula (para aumentar a proteção). Além dessas camadas, muitas plantas ainda possuem uma camada extra de cera, para evitar a perda d’água. O favorecimento da entrada de íons se dá pelos tricomas, pelos ectodesmas (protuberâncias da epiderme) e pelos estômatos. As folhas novas e recém-maduras conseguem absorver maiores quantidades de nutrientes, pois têm intensa atividade metabólica, cutículas mais finas e maior velocidade de absorção. Embora as plantas absorvam nutrientes pelas folhas, esta absorção é lenta (entrada restrita de nutrientes devido aos poros e estômatos das epidermes das folhas). 13 TRANSPORTE DE NUTRIENTES INORGÂNICOS O xilema transporta, em menor proporção, os nutrientes absorvidos do solo. Esse transporte, conforme Furlani (2004), pode possuir dois componentes: um metabólico e outro não-metabólico. Através da via metabólica, os nutrientes absorvidos pela raiz são imediatamente incorporados a substâncias orgânicas (açúcares ou ácidos) e transportados. A maioria dos nutrientes é transportada para a parte aérea via xilema na forma iônica (inorgânica ou não metabólico). A redistribuição ou remobilização de nutrientes ocorre via floema, iniciando-se nos vacúolos dos tecidos de reserva para os meristemas apicais em crescimento, juntamente com os foto assimiladas da fotossíntese. Quando há falta de nutriente na folha, inicia-se a redistribuição do nutriente em questão no sentido das folhas mais velhas para as folhas mais novas. Essa redistribuição faz com que alguns nutrientes sejam mais móveis que outros, isto é, alguns nutrientes são transportados mais rapidamente que outros. É sabido que a mobilidade dos nutrientes varia com a espécie. Chamamos de Nutrientes móveis aqueles cujo sintoma de deficiência aparece na folha velha (é transportado mais rapidamente das folhas mais velhas para as mais novas). Nutrientes com mobilidade restrita são aqueles cujo sintoma de deficiência se dá na folha nova (pois demoram mais para serem transportados). Veja na tabela abaixo a mobilidade de alguns nutrientes selecionados. 33 O transporte de nutrientes através das membranas vai depender ainda do tamanho e polaridade do nutriente. Substâncias apolares ou pequenas passam livremente pela membrana celular, como é o caso do oxigênio, gás carbônico e água. Moléculas polares, como os açúcares, aminoácidos e íons, o transporte é feito por proteínas transportadoras denominadas canais, carreadores e bombas. Os canais fazem o transporte passivo, isto é, não gastam ATP para transportar íons e água pela abertura de um poro. Nesse tipo de transporte, o canal é específico, bem como o tamanho do poro e o conteúdo interior. A região do canal que determina a especificidade é chamada de filtro de seletividade. Esse filtro de seletividade dos canais é regulado pelos aminoácidos básicos (lisina, arginina e histidina, que têm carga positiva). A presença de cargas nos aminoácidos confere repulsão, abrindo o canal, como podemos ver na figura 1. Transporte de substâncias. Fonte: PERES, www.ciagri.usp.br, 2005.34 Os carreadores fazem o transporte ativo e passivo. A ligação do nutriente com o soluto causa uma mudança conformacional na proteína (carreador) que está na membrana celular. Essa nova conformação da proteína expõe a substância no outro lado da membrana. O transporte pelos carreadores se completa quando a substância se solta do sítio de ligação com o carreador. A taxa de transporte por um carreador é mais lenta que um canal. Veja como ocorre esse transporte no esquema 1. Transporte por carreadores. Fonte: PERES, www.ciagri.usp.br, 2005. As bombas fazem o transporte ativo, ou seja, com gasto de energia. As proteínas que gastam ATP para transportar os nutrientes podem ser chamadas também de ATPases. As plantas possuem dois tipos de bombas: 1) cálcio: retira Ca2+ do citoplasma celular, o transporta no apoplasto celular e um carreador de cálcio o joga no vacúolo. 2) prótons: gastam ATP para jogar prótons fora da célula (bomba da plasmalema) ou dentro do vacúolo (bomba do tonoplasto). A direção do fluxo dos nutrientes pode ser simporte, isto é, o íon e o próton são transportados no mesmo sentido. Já na direção antiporte, o íon e o próton são transportados em sentido contrário. 35 Os nutrientes inorgânicos são muito importantes para a planta e fazem um caminho específico para serem utilizados em todo o vegetal. Espero que tenham compreendido estes conteúdos! 14 NUTRIENTES ESSENCIAIS: MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES Os elementos C (carbono), N (nitrogênio) e H (hidrogênio) são adquiridos da fixação do CO2 atmosférico para a fotossíntese e a H2O absorvida do solo pelas raízes. Esses elementos são incorporados através da fotossíntese e fazem parte de moléculas orgânicas. Constituem 94-97% da massa de matéria seca das plantas; de 6-3% restantes são provenientes do solo e, em sua maioria, mineralizados no solo. Quando esses nutrientes são absorvidos pelas plantas, chamamos de nutrição mineral. Mas, de que são feitas as plantas? São constituídas por alguns dos 89 elementos químicos existentes na natureza. De acordo com as pesquisas mais recentes, mais de 60 elementos já foram encontrados nos vegetais, mas somente 17 elementos químicos são considerados essenciais. O que torna um elemento químico essencial para os vegetais? Ele deve obedecer a 3 regras: 1) O elemento tem função específica e não pode ser substituído; 2) O vegetal não consegue completar seu ciclo de vida na ausência desse elemento; 3) O elemento deve estar envolvido no metabolismo da planta, fazendo parte de um constituinte essencial (ex. enzimas, reação enzimática). Os nutrientes são divididos em Macronutrientes (exigidos em grandes quantidades pelas plantas) e micronutrientes (exigidos em pequenas quantidades pelas plantas). Veja na tabela abaixo os elementos químicos, sua classificação (macro ou micronutriente) e suas principais funções. 36 Elemento Classificação Principais funções Carbono (C) macronutriente fotossíntese e função estrutural Oxigênio (O) - fotossíntese e função estrutural Hidrogênio (H) - fotossíntese e função estrutural Nitrogênio (N) - equilíbrio de cargas; absorção de cátions e ânions; estrutura de proteínas; regulador de reações de síntese. Potássio (K) - regulador osmótico no balanço de cátions/ânions e das relações hídricas; estabilizador de pH; ativador de enzimas; síntese de proteínas; transporte de açúcares no floema. Cálcio (Ca) - estrutura da parede celular; equilibra a relação de cátions/ânions e regulação osmótica; divisor e extensor de células. Magnésio (Mg) - centro da molécula de clorofila; estabiliza as conformações das proteínas; ativação de enzimas e da fosforilação. Fósforo (P) - estrutura de ácidos nucléicos; transferidor de energia; regulador de vias sintéticas. Enxofre (S) - reações metabólicas; desintoxicação por radicais livres e metais pesados; tolerância à salinidade. Cloro (Cl) micronutriente regulação osmótica; compensação de cargas; fotólise da água no FSII; co-fator de enzimas. Ferro (Fe) - biossíntese dos citocromos, co-enzimas e clorofilas. Manganês (Mn) - envolvimento na fotossíntese relativo ao oxigênio; reações de oxirredução. 37 Boro (B) - formação e estabilização da parede celular; lignificação e diferenciação do xilema. Zinco (Zn) - acoplamento de enzimas aos seus substratos; co-fator de enzimas. Cobre (Cu) - estrutura de enzimas; catalisador de reações; constituinte de proteínas. Molibdênio (Mo) - reações de transferência de elétrons; co-fator de enzimas. Níquel (Ni) - envolvimento na germinação e crescimento de plantas; co-fator de enzimas. Podemos dizer que a função básica dos Macronutrientes é estrutural, pois necessitam ser absorvidos em grandes quantidades e a dos Micronutrientes, a função é regulatória, pois são exigidos em poucas quantidades. Tanto macro e micronutrientes são essenciais; o que varia entre essas classificações, são as quantidades. Outros nutrientes não são considerados essenciais, mas são ditos como benéficos. Vejamos quais são eles na tabela abaixo, bem como suas funções: 38 15 TRANSPORTE NO FLOEMA Agora que já conhecemos quais são os elementos químicos essenciais para as plantas, vamos ver como esses elementos são transportados no floema. Evidências experimentais demonstraram que o floema transporta substâncias importantes para o crescimento das plantas. Marcelo Malpighi (1686) foi o descobridor dessa importante função na planta. O floema é a ponte que permite a passagem de suprimentos da parte aérea (produtos da fotossíntese) para as raízes. O floema é composto por: 1) Tubos crivados (TC) 2) Células companheiras (CC) 3) Células parenquimáticas (CP) 4) Fibras e esclereides. Os Tubos Crivados possuem células vivas, porém são células anucleadas; cada tubo crivado possui uma ou duas células companheiras. As células companheiras, por sua vez, são interligadas por plasmodesmas. Os tubos crivados são supridos de ATP pelas células companheiras. Vamos lembrar que existem três tipos de células companheiras: 1. Células companheiras Comuns: possuem cloroplastos com tilacoides e parede celular e estão conectadas às outras células com poucos plasmodesmas. 2. Células companheiras de Transferência: têm invaginações do lado que está conectada ao Tubo Crivado para facilitar troca de solutos. 3. Células companheiras Intermediárias: possuem numerosos plasmodesmas, pequenos vacúolos, tilacoides pouco desenvolvidas e ausência de cloroplastos. Outros componentes também podem aparecer no floema. A Proteína P (sintetizada nas células companheiras com função de selar os poros dos tubos crivados que são danificados) e Calose (sintetizada no tubo crivado em resposta a um dano, início de 39 dormência ou à elevação da temperatura). Quando os tubos crivados se regeneram, a calose desaparece. A função principal é selar o tubo crivado (solução a longo prazo). Muito do que sabe sobre transporte no floema é graças ao estudo dos afídeos (pulgões e cochonilhas). Esses insetos introduzem o aparelho bucal, chamado rostro, diretamente no tubo crivado. O que é transportado no Floema? Nitrogênio, na forma de aminoácidos (glutamato e aspartato) e na forma de aminas (glutamina e asparagina), Proteínas celulares, Nutrientes minerais, Substâncias sinalizadoras, como os fitormônios e RNA mensageiro, Peptídeos e até pode transportar Partículas virais. Os nutrientes se acumulam nos órgãos que transpiram mais, como por exemplo, as folhas maduras. Em consequência, os brotos novos e frutos carecem de nutrientes. Inicia-se então a redistribuição de nutrientes através do floema. Esse fenômeno é conhecido como partição.A partição de nutrientes é feita no sentido da fonte para o dreno. As fontes são órgãos desenvolvidos que absorvem água e nutrientes pela corrente transpiratória e são autotróficos. Folhas expandidas e órgãos de reserva na fase em que estão exportando nutrientes (período de inverno) são órgãos-fonte. Já os drenos, são órgãos que não fazem fotossíntese, isto é, os tecidos vegetativos em crescimento (ápices), tecidos de armazenamento (raízes e caules) na fase em que estão importando e unidades de reprodução e dispersão (frutos e sementes). O transporte no floema é feito por dois tipos principais, já conhecidos por nós: 1) Simplasto: feito através de plasmodesmas das células intermediárias; 2) Apoplasto: feito por entre as membranas celulares de células companheiras Comuns ou de Transferência. Vejamos na figura 1 como ocorrem os dois tipos de transporte de nutrientes no floema. 40 Transporte no floema.. Fonte: PERES, www.ciagri.usp.br, 2005 16 MICORRIZAS ARBUSCULARES E A ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELAS PLANTAS A maioria das plantas fixas no solo possui raízes micorrizadas. Furlani (2004) relata que, de maneira geral, 83% das dicotiledôneas, 79% das monocotiledôneas e todas as gimnospermas são micorrizadas. Em alguns tipos de solos, como secos, salinos, inundados, altamente férteis ou destruídos pela exploração mineral não possuem micorrizas. Para Furlani (2004), o fungo é totalmente dependente da planta superior, mas a planta pode ou não ser beneficiada. Como um exemplo, as orquídeas são dependentes das micorrizas para o início do desenvolvimento das plântulas recém- germinadas. As associações entre plantas e micorrizas podem ser mútuas, neutras ou parasitas. Em geral, a planta hospedeira tem controle limitado sobre o grau de infecção radicular, o crescimento e a composição do fungo por carboidratos. 41 Existem dois grandes grupos de micorrizas definidos pelo modo como o micélio do fungo se relaciona com a estrutura das raízes: as endomicorrizas e as ectomicorrizas (FURLANI, 2004). Nas endomicorrizas o fungo vive dentro das células corticais e cresce também entre as células. As endomicorrizas mais conhecidas são as micorrizas vesículo- arbusculares, as micorrizas ericóides (que ocorrem nas plantas da Ordem Ericales) e asmicorrizas orquidáceas (que ocorrem nas orquídeas). As micorrizas vesículo-arbusculares se caracterizam pela formação de arbúsculos dentro das células do córtex e por um micélio que se estende bem para fora no solo em torno do sistema radicular. O ponto de troca de solutos entre a planta e o fungo ocorre nos arbúsculos. Os fungos que mais ocorrem nesse tipo de micorrizas são os dos gêneros Acaulaspora, Gigaspora, Glomus e Sclerocystis. Nas ectomicorrizas há formação de uma manta de hifas em volta da superfície externa das raízes e hifas que penetram os espaços intercelulares do córtex, formando uma rede de micélio que envolve totalmente as células do córtex, aumentando consideravelmente a área de contato entre o fungo e a planta. A ocorrência das ectomicorrizas se dá principalmente nas raízes das espécies florestais e pode também ocorrer em espécies de plantas herbáceas ou de gramíneas perenes. Os Basidiomicetos e os Ascomicetos foram as ectomicorrizas. Mas como as micorrizas ajudam as plantas na nutrição mineral? O suprimento de nutrientes minerais das micorrizas para as plantas é adicional e é feito principalmente, pelos nutrientes que possuem baixa mobilidade na solução do solo, como por exemplo, o fósforo. Os fungos conseguem capturar fósforo do solo para a planta hospedeira de distâncias bem maiores do que a área das raízes da planta. Os efeitos da infecção micorrízica no desenvolvimento do hospedeiro podem ser mínimos ou nulos, quando sob elevados níveis de adubação. 42 17 METABOLISMO DO NITROGÊNIO O Nitrogênio Inorgânico (não produzido pelas plantas), é um elemento limitante para o crescimento das plantas, ou seja, na falta dele, a planta não se desenvolve muito bem. As plantas então devem assimilar o nitrogênio para a síntese dos aminoácidos básicos. O nitrogênio inorgânico está disponível na atmosfera e no solo, como mineral. O nitrogênio inorgânico no solo está disponível na forma de íon amônio (NH4+). Quando a concentração de amônio no meio externo está baixa, as raízes das plantas absorvem a amônia em um processo ativo (com gasto de energia) por meio de carreadores. Já quando a concentração de amônio está elevada no meio externo, a amônia é absorvida de maneira passiva pelas plantas, por meio dos canais. O excesso de amônia na planta pode levá-la à morte. Por isso, ao ser absorvida pelas células das raízes, a amônia se une a uma molécula de ácido glutâmico, formando uma molécula de glutamina. A união da amônia com o ácido glutâmico é catalisada pela enzima glutamina sintetase (GS). A molécula de glutamina formada sofre ação da enzima glutamato sintetase e forma duas moléculas de glutamato. No solo, o nitrogênio inorgânico ainda está disponível na forma de nitrato (NO3-). Esse nitrato é absorvido pelas células das raízes somente por meio de processo ativo pelos carreadores, independente da sua concentração no solo. Com a ajuda daenzima nitrato redutase (NR), ocorre redução do nitrato que é rapidamente incorporado às celulas das raízes e transportado para as folhas. O nitrogênio pode ser transportado tanto pelo xilema como pelo floema. O excesso de nitrato é transportado exclusivamente pelo xilema. O floema faz a partição do nitrogênio, no sentido fonte-dreno. Glutamina, asparagina e ureídes são as formas de transporte principais do nitrogênio pelo floema. Os frutos em desenvolvimento são receptores de nitrogênio, pois necessitam sintetizar as proteínas de reservas para as sementes. A incorporação do nitrogênio molecular (N2) encontrado na atmosfera é feito com ajuda de microrganismos. Esses microrganismos são procariontes de vida livre ou em 43 associações com organismos eucariontes estabelecendo relações simbióticas. Podem ser bactérias, cianobactérias e actinomicetos. As bactérias são organismos de vida livre e fazem associações benéficas com as plantas (mutualismo). As bactérias podem ser aeróbicas, com as do gênero Azotobacter; podem ser anaeróbicas, como as do gênero Clostridium e também podem seranaeróbicas facultativas, com as espécies do gênero Escherichia. As cianobactérias são espécies filamentosas dos gêneros Nostoc e Anabaena. Os actinomicetos são espécies associadas às folhas e às raízes. O principal gênero de actinomicetos que fixam o nitrogênio atmosférico é o gênero Beijerinckya. As características comuns dos organismos fixadores de nitrogênio atmosférico é que o microrganismo permanece confinado nas células do hospedeiro, formando um tecido infectado e também a utilização da enzima nitrogenase. A formação do nódulo radicular tem início com a infecção da raiz pelo microrganismo. Metabolismos entre o simbionte e a planta são complementares para que ocorra o estímulo para produção de substâncias. São três as etapas para a formação do nódulo radicular. A primeira etapa compreende a multiplicação do microrganismo na rizosfera e adesão às raízes. A raiz tem que sensível e compatível com o microrganismo. Quando há reconhecimento positivo entre ambas as partes, há início de produção de substâncias pelas raízes que estimulam multiplicação do microrganismo. Com o aumento da população de microrganismo, ele se adere à superfície da raiz e degrada parte da parede celular das raízes, formando invaginações. A segunda etapa tem início com a penetração do microrganismo na raiz e formação da corrente de infecção. Os microrganismos podem adentrar nas células radiculares através do tricoma radicular, onde um tubo de infecção conduz os microrganismos às células queserão infectadas. Rupturas da epiderme e do córtex devido a emergência de raízes laterais e células epidérmicas, são outros meios dos microrganismos infectarem as células. A última etapa se dá pela liberação do microrganismo e desenvolvimento dos nódulos. Os microrganismos podem ser libertos em células corticais recém-divididas ou a corrente de infecção libera os microrganismos em células corticais jovens. 44 Após a liberação, os microrganismos sofrem transformações morfológicas e fisiológicas, passando a se chamar bacterioides e são envolvidos por uma membrana denominada simbiossomo. São os bacterioides que fixam o nitrogênio atmosférico. Após ocorrer sucessivas divisões celulares do tecido infectado, ocorre o desenvolvimento do nódulo. A equação da fixação biológica do nitrogênio, segundo CORDEIRO (2004) é: onde, o N2 é proveniente da atmosfera, o H+ e os e- são oriundos dos carboidratos da fotossíntese e o ATP vem do metabolismo geral da célula. 18 HORMÔNIOS VEGETAIS I Os fatores externos que influenciam o crescimento das plantas são a luz, a temperatura, o fotoperíodo e a gravidade. Os fatores internos que mais influenciam o crescimento das plantas são conhecidos como reguladores de crescimento, ou comumente conhecidos como fitormônios. Fitormônios são substâncias orgânicas, de ocorrência natural nas plantas, que em baixa concentração promove, inibe ou modifica processos morfológicos e fisiológicos, segundo RAVEN et al. (2007). As características gerais dos fitormônios são: biossíntese em um tecido e transporte para outro tecido; atuam dentro do mesmo tecido onde são produzidos e são ativos em quantidades muito pequenas. Até o momento, são conhecidos cinco tipos de fitormônios: Auxinas (AIA), Giberelinas (GB), Citocininas (CK), Ácido Abscísico (ABA) e o Etileno (C2H4). A auxina foi o primeiro fitormônio descoberto. Em 1881, Charles Darwin, em observações sobre a inclinação ou encurvamento de coleóptilos de alpiste em direção à luz (experimentos fototrópicos), concluiu que um estímulo para o crescimento era produzido no ápice do coleóptilo, sendo transmitido para a zona de crescimento. Quando o ápice era removido ou coberto, não havia curvatura. Veja na figura 1. 45 Em 1926, o pesquisador Frits W. Went isolou uma substância ativa na promoção do crescimento, na qual denominou de Auxina (do grego auxein = crescer ou alongar). Experimento de coleóptilos de alpiste de Darwin. Fonte: MERCIER (2004), p. 218. A primeira auxina natural isolada foi o ácido indol-3-acético (AIA), a mais importante e abundante que ocorre nas plantas (figura 2). Estrutura química do ácido indol-3-acético (AIA). Fonte: MERCIER (2004), p. 219. Alguns experimentos demonstraram que o aminoácido triptofano é o precursor da síntese do AIA, através de várias rotas de conversão. A sua biossíntese está intimamente ligada a locais de rápida divisão celular, como no meristema apical caulinar, folhas jovens, frutos em desenvolvimento e em sementes. As auxinas são transportadas polarmente, isto é, unidirecional, ocorrendo do ápice para a base, célula a célula. O transporte também pode ser feito através do floema. 46 O transporte polar das auxinas pode ser explicado pela Hipótese Quimiosmótica. De acordo com esta hipótese, a entrada e saída de AIA das células se dão por processos passivos (sem gasto de energia), dependentes de um gradiente eletroquímico favorável entre o apoplasto e o citoplasma da célula. Com técnicas recentes de biologia molecular foram descobertos transportadores de AIA (bombas de prótons – ATPases) na membrana plasmática. Esses transportadores previnem o acúmulo de íons H+ no citoplasma. A sensibilidade das células à auxina varia nas diferentes partes da planta. O caule é pouco sensível à auxina, isto é, necessita de grande quantidade de auxina suficiente para induzir crescimento do caule. A raiz, por sua vez, é extremamente sensível à auxina, necessitando de pequenas doses. Principais efeitos fisiológicos da auxina são divisão, expansão, crescimento e diferenciação celular. A Hipótese do Crescimento Ácido, proposta em 1970, postula que o alongamento da parede celular é devido a uma acidificação da parede celular. Essa acidificação é feita devido o estímulo do AIA às bombas de prótons em um compartimento da parede celular. Após a acidificação, ocorre ativação de enzimas causadoras do afrouxamento da parede celular, o que possibilitaria expansão celular no interior da célula. Um outro efeito fisiológico da auxina é a dominância apical. A gema apical exerce um efeito inibidor sobre o desenvolvimento das gemas laterais. Com a eliminação do ápice de um caule, as gemas laterais passam a ser desenvolver, produzindo ramos. É o princípio da antiga técnica de jardinagem chamada poda. O crescimento dos frutos é estimulado pela auxina liberada pelas sementes em formação, sendo considerado um outro importante efeito fisiológico das auxinas. 19 HORMÔNIOS VEGETAIS II Alguns agricultores japoneses, na década de 20, perceberam que uma doença causava o crescimento anormal de algumas plantas de arroz, prejudicando a produção de sementes. Essa doença ficou conhecida com a doença das plantinhas loucas. Os fitopatalogistas detectaram que o crescimento anormal das plantas de arroz 47 era provocado por uma substância liberada pelo fungo Gibberella fujikuroi, que produzia plantas anormais e com coloração pálida. Essa substância foi isolada e denominada Giberelina (GB). Na década de 30 os pesquisadores japoneses elucidaram a estrutura química, denominando-a de ácido giberélico. De acordo com Peres & Kerbauy (2004), até hoje, já foram identificadas mais de 100 giberelinas, de diferentes formas, onde o ácido giberélico é o principal componente. A característica comum das giberelinas é o fato de que são derivadas da estrutura do anel ent-kaurênico, tendo como precursor o ácido mevalônico. A biossíntese das giberelinas é feita em tecidos jovens do sistema caulinar e em sementes em desenvolvimento. O transporte das giberelinas, em plântulas, é feito através do floema e através do xilema quando é transportado a partir das raízes. Os principais efeitos fisiológicos provocados pelas giberelinas são o alongamento do sistema caulinar e divisão celular em células jovens. A giberelina é usada para aumentar o tamanho de algumas plantas que não se desenvolvem normalmente, sendo chamadas de plantas-anãs. O efeito da giberelina nessas plantas é o alongamento dos entrenós, aumentando a altura das plantas. A indução da germinação de sementes é um outro importante efeito fisiológico. Algumas sementes necessitam de um pré-tratamento para poder germinar (seja exposição das sementes à luz ou ao frio). A aplicação de giberelinas substitui esses pré-tratamentos, interrompendo a dormência, promovendo o crescimento do embrião e a posterior emergência da plântula. Plantas em rosetas (folhas se desenvolvem sem alongamento dos entrenós), como por exemplo, as bromélias necessitam de indução pela exposição a dias longos ou ao frio, para poderem florescer. A aplicação de giberelinas substitui a exposição das plantas em rosetas a dias longos ou ao frio, sendo o estímulo à floração, outro efeito fisiológico. Veremos agora outro fitormônio. Em 1941 o pesquisador Johannes van Oberbeek estudando endorperma líquido de coco (Cocos nucifera), observou que nesse endorperma havia um acelerador de desenvolvimento, que promovia divisão celular. Em 1955, os pesquisadores Carlos Miller e Folke Shoog isolaram a cinetina da água de coco (MILLER et al. 1955). Essa cinetina tem atuação sobre o processo de 48 citocinese, ou seja, a divisão do citoplasma celular após a divisão do núcleo. SHOOG et al. (1965) propuseram o termo Citocinina para todos os compostos comatividade biológica capazes de promover citocinese em células vegetais A primeira citocinina natural foi isolada 20 anos mais tarde, em extrato de milho verde (Zea mays), sendo chamada de zeatina. Todas as citocininas naturais são derivadas da adenina. Sendo derivadas das adeninas, a biossíntese da citocinina é feita primariamente no ápice radicular, mas também pode ocorrer em ápices caulinares. O transporte da citocinina é realizado da raiz para a parte aérea através do xilema, mas também foram encontradas citocininas no floema, durante a translocação de assimilados de folhas senescentes (órgãos-fontes) para partes jovens (órgãos- drenos). Os principais efeitos fisiológicos das citocininas são divisão celular, promoção de formação de sistemas caulinares e atraso na senescência foliar. De maneira experimental, quando uma folha senescente de tabaco foi tratada com uma solução de citocinina em áreas limitadas, observou-se uma inibição localizada no local da folha tratada. Podemos visualizar esse experimento na figura abaixo, observando duas áreas que se mantiveram verdes, enquanto a área restante da folha, continuava senescente (figura 1). Efeitos fisiológicos das citocininas em folhas. Fonte: PERES & KERBAUY (2004), p. 266. 49 20 HORMÔNIOS VEGETAIS III Já conhecemos os fitormônios Auxina, Giberelina e Citocinina. Vamos aprender nessa aula, um pouco sobre o Ácido Abscísico. O ácido abscísico (ABA) é um fitormônio que regula vários processos no ciclo de vida das plantas. Por isso, vamos dar uma atenção especial a ele. Mas como foi a descoberta desse fitormônio? Na década de 40, já se conhecia algum efeito dos extratos vegetais na promoção da dormência em gemas e em sementes. Em 1949, o pesquisador Wareing e colaboradores, ao estudar gemas dormentes de batata, perceberam uma grande quantidade de um inibidor de crescimento. Os autores denominaram essa substância de dormina. Algum tempo depois Addicott, em 1960, descobriu, em folhas e frutos de algodão, uma substância capaz de acelerar a abscisão e a chamou de abscisina. Esses pesquisadores tomaram conhecimento das substâncias dormina e abscisina e constataram que abscisina e dormina eram quimicamente idênticas, porém com efeitos diferentes. Na 6ª Conferência Internacional de Substâncias de Crescimento Vegetal, em 1967, estabeleceu-se o nome de Ácido Abscísico com sigla de abreviação ABA. Veja a estrutura química desse fitormônio na figura 1. Estrutura química do ácido abscísico (ABA). Fonte: RAVEN et al. (1998), p. 518. O ácido abscísico está presente em todas as plantas vasculares, ocorrendo também em alguns musgos, algas verdes e fungos. Segundo Stacciarini-Seraphin (2004), esse fitormônio foi identificado em alguns mamíferos, tendo sido atribuído à alimentação dos animais e não à síntese nesses organismos. 50 O precursor do ácido abscísico é o ácido mevalônico. Esse fitormônio é biossintetizado em folhas maduras, em resposta ao estresse hídrico e em sementes. Pode ser transportado pelo floema, xilema e também através das células parenquimáticas. Proteção ao estresse hídrico é um dos principais efeitos fisiológicos do ABA nas plantas. Algumas raízes são capazes de perceber a redução na disponibilidade de água no solo. As células radiculares fazem o envio de sinais químicos (positivo ou negativo), através de moléculas sinalizadoras que vão atuar sobre o mecanismo estomático, regulando as trocas gasosas. O desenvolvimento das sementes é dependente do ABA. Sabe-se que a quantidade de ABA aumenta na fase inicial do desenvolvimento das sementes. Este aumento estimula a produção de proteínas de reservas na semente. Além disso, o ABA é o responsável por inibir a germinação prematura das sementes. A quebra de dormência em muitas sementes é atribuída ao declínio do nível do ABA. As folhas das plantas são órgãos capazes de perceber os estímulos ambientais. Caso esse sinal seja negativo, ocorre sinalização química que desencadeia a síntese do ABA que é imediatamente transportado para as gemas, onde provoca a dormência, isto é, provoca parada no desenvolvimento dessas gemas. Por tanto, um outro efeito fisiológico do ABA é a dormência de gemas. Até o momento, não se sabe porque as plantas envelhecem, ou seja, senescem. Embora essa condição de envelhecimento não esteja bem elucidada cientificamente, sabe-se que a senescência é um balanço entre substâncias promotoras e inibitórias que provocam envelhecimento nos tecidos, sendo variáveis. Além disso, ferimentos causados por herbívora ou injúria mecânica desencadeiam a síntese de ABA que auxiliará no processo de cicatrização. 21 HORMÔNIOS VEGETAIS IV O etileno é um gás que representa uma das moléculas orgânicas mais simples com atividade biológica. O pesquisador Girardin, em 1864, verificou que algumas plantas expostas ao gás de iluminação pública senesciam e perdiam as folhas. Após 51 alguns anos, Girardin identificou o etileno com um dos componentes do gás da iluminação pública. Em 1893, na Ilha de Açores, foi observado que plantas de abacaxi cultivadas em casa de vegetação floresciam após serem expostas à fumaça da queima da serragem de madeira. Após 40 anos, em Porto Rico, os agricultores passaram a induzir a floração de plantas de abacaxi com fumaça por 12 horas. A fumaça ajuda a iniciar e sincronizar a floração destas plantas. A primeira indicação de que o etileno era um produto natural dos tecidos vegetais foi registrada em 1910, pelo pesquisador Cousin. O autor dizia que o amadurecimento prematuro de bananas poderia ser evitado se essas frutas não fossem armazenadas com laranjas. Entre os anos de 1917 e 1913 foram realizados vários experimentos sobre o efeito do etileno no amadurecimento de frutos. O etileno pode ser produzido por vários organismos, desde bactérias, fungos, algas, musgos e até plantas vasculares, como as samambaias, gimnospermas e angiospermas. O etileno pode ser produzido por todas as partes das plantas superiores. Os tecidos meristemáticos e nodais geralmente apresentam produção elevada do gás, sendo observada sua produção também durante a abscisão de folhas, senescência de flores e durante o amadurecimento de frutos. Por ser um gás, move-se por difusão do seu local de síntese. Um dos principais efeitos fisiológicos do etileno é o amadurecimento de frutos, como já vimos no início da aula. Os frutos carnosos são divididos em dois grandes grupos distintos: Frutos climatérios e Frutos não-climatérios. Os Frutos climatérios têm elevada taxa de respiração e produção de altos teores de etileno durante o amadurecimento dos frutos. São exemplos de frutos climatérios: maçã, banana, tomate, figo, abacate, pêssego, ameixa e manga. Já os Frutos não-climatérios são aqueles que possuem baixas taxas respiratórias e produção de baixos teores de etileno. Exemplos de frutos não- climatérios são: laranja, limão, morango, cereja, abacaxi e uva. Durante o amadurecimento dos frutos, ocorre alteração da cor, amolecimento das paredes celulares, que se tornam mais hidratadas, além de causar alterações no sabor, sendo atribuídas ao aumento de compostos voláteis específicos e alterações nas relações entre ácidos e açúcares. 52 Outro efeito fisiológico importante provocado pelo etileno é a abscisão das folhas e frutos. A abscisão ocorre na camada ou zona de abscisão, que é um conjunto de células diferenciadas morfo e fisiologicamente. As células mais externas da zona de abscisão continuam a crescer; quando esse processo se encerra, elas são suberificadas e morrem, contribuindo para a formação de uma camada de proteção externa e, a folha cai. Veja como esse processo ocorre na figura 1. Processo de abscisão foliar. Fonte: COLLI (2004), p. 328. A senescência não deve ser interpretada como um processo de deterioração,
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