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HEMOSTASIA E COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS

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HEMOSTASIA E COAGULOPATIAS 
HEREDITÁRIAS
HEMOSTASIA NORMAL 
o A resposta hemostática normal ao dano vascular depende da 
interação íntima entre a parede vascular, as plaquetas circulantes e os 
fatores de coagulação do sangue. 
o O sistema hemostático é um equilíbrio entre mecanismos pró-
coagulantes e anticoagulantes, aliado a um processo de fìbrinólise. Os 
cinco principais componentes envolvidos são plaquetas, fatores de 
coagulação, inibidores da coagulação, componentes do mecanismo 
fìbrinolítico e vasos sanguíneos. 
COMPONENTES DA RESPOSTA HEMOSTÁTICA 
PLAQUETAS 
PRODUÇÃO 
o As plaquetas são produzidas na medula óssea por fragmentação 
do citoplasma dos megacariócitos, uma das maiores células do 
organismo. 
o O precursor do megacariócito - o megacaríoblasto - surge por um 
processo de diferenciação da célula-tronco hematopoética. O 
megacariócito amadurece por replicação endomitótica sincrônica 
(i.e., replicação do DNA sem haver divisão nuclear ou 
citoplasmática), aumentando o volume do citoplasma à medida 
que o número de lobos nucleares aumenta em múltiplos de dois 
 
o Megacariócitos maduros são enormes, com um único núcleo lobulado 
excêntrico e baixa relação núcleo-citoplasmática. 
o Plaquetas formam-se pela fragmentação das extremidades das 
extensões do citoplasma do megacariócito, cada megacariócito 
dando origem a l.000 a 5.000 plaquetas. O intervalo entre a 
diferenciação da célula-tronco humana e a produção de plaquetas é 
de 10 dias, em média. 
o O principal regulador da produção de plaquetas é a trombopoietina, 
constitucionalmente produzida pelo fígado e pelos rins. A 
trombopoietina aumenta o número e o ritmo de maturação dos 
megacariócitos via receptor c-MPL. Embora a própria trombopoietina 
não esteja ainda disponível para uso clínico, há agentes 
trombomiméticos que se ligam à c-MLP e que são usados clinicamente 
para aumentar a contagem de plaquetas. A contagem de plaquetas 
começa a subir 6 dias depois do início do tratamento e permanece 
elevada durante 7 a 10 dias. 
o As plaquetas também têm receptores para c-MPL para trombopoietina 
e removem-na da circulação; por esse motivo, o nível de 
trombopoietína mostra-se elevado quando há trombocitopenia por 
falta de produção de plaquetas - como na aplasia da medula- mas 
diminuído em pacientes com trombocitose. 
o O valor de referência para a contagem de plaquetas é de 250.000/µ,L 
(limites 150 a 400.000/µ,L) e a sobrevida plaquetária média é de 7 a 10 
dias. Até um terço das plaquetas produzidas pela medula podem ser 
retidas no baço normal, mas a retenção pode chegar a 90% em casos 
de esplenomegalia maciça. 
ESTRUTURA 
o As glicoproteínas do revestimento da superfície são particularmente 
importantes nas reações de adesão e agregação de plaquetas, que 
são os eventos iniciais que levam à formação do tampão plaquetário 
durante a hemostasia. 
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o A adesão ao colágeno é facilitada pela glicoproteína la (GPla). As 
glicoproteínas lb (defeiruosas na síndrome de Bernard-Soulier), e IIb/lIIa - 
são importantes na ligação de plaquetas ao fator von Willebrand (VWF) 
e, em seguida, ao subendotélío vascular, no qual ocorrem interações de 
sinalização. O sítio de ligação de Ilb/Illa também é o receptor de 
fibrinogênio, importante na agregação plaqueta-plaqueta. 
o A membrana plasmática invagina-se na plaqueta para formar um 
sistema de membrana aberto (canalicular) que constitui uma grande 
superfície reativa, na qual podem ser seletivamente absorvidas as 
proteínas plasmáticas da coagulação. 
o As plaquetas contêm três tipos de grânulos de armazenamento: densos, 
alfa e lisossomos. Os grânulos específicos alfa, mais numerosos, contêm 
fatores de coagulação, VWF, fator de crescimento derivado das 
plaquetas (PDGF), ß-tromboglobulina, fibrinogênio e outras proteínas. Os 
grânulos densos, menos numerosos, contêm difosfato de adenosina 
(ADP), trifosfato de adenosina (ATP), serotonina e cálcio. Lisossomos 
contêm enzimas hidrolíticas. 
o Durante a reação de liberação, o conteúdo dos grânulos é liberado 
dentro do sistema canalicular aberto. 
ANTÍGENOS PLAQUETÁRIOS 
o Várias proteínas da superfície das plaquetas são antígenos importantes 
na autoimunidade plaqueta-específica - costumam ser designados 
antígenos plaquetárlos humanos (HPA). 
FUNÇÃO DAS PLAQUETAS 
o A principal função das plaquetas é a formação do tampão mecânico 
durante a resposta hemostática normal à lesão vascular. Na ausência 
de plaquetas, pode ocorrer vazamento espontâneo de sangue de 
pequenos vasos. 
o A função plaquetária pode dividir-se em reações de adesão, 
agregação e liberação. Também há a amplificação. A imobilização das 
plaquetas nos sítios de lesão vascular requer interações especificas 
plaqueta-parede vascular (adesão) e plaqueta -plaqueta 
(agregação), ambas parcialmente mediadas pelo VWF discutido a 
seguir. 
FATOR VON WILLEBRAND (VWF) 
o O VWF está envolvido na adesão dependente das condições de fluxo 
das plaquetas à parede vascular e a outras plaquetas (agregação). Ele 
também transporta fator VIII. 
o O VWF é codificado por um gene no cromossomo 12, sintetizado por 
células endoteliais e megacariócitos, e armazenado nos corpúsculos de 
Weibel-Palade das células endoteliais e nos grânulos específicos a das 
plaquetas, respectivamente. 
o O VWF plasmático é quase inteiramente derivado das células 
endoteliais, com duas vias diferentes de secreção. A maioria é 
continuamente secretada, e uma minoria é armazenada nos 
corpúsculos de Weibel-Palade. O VWF armazenado pode aumentar o 
nível plasmático e ser liberado sob a influência de vários secrecagogos, 
como estresse, exercício, adrenalina e infusão de desmopressina (l-
diamino-8-o-arginina vasopressina; DDAVP). 
AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA 
o Caracteriza-se por ligação cruzada das plaquetas por meio de 
receptores ativos de GPIIb/IIIa com pontes de fìbrinogênio. 
o A estimulação de uma plaqueta leva a um aumento de moléculas de 
GPIIb/IIIa, permitindo a ligação cruzada da plaqueta com pontes de 
fìbrinogênio. 
REAÇÃO DE LIBERAÇÃO E AMPLIFICAÇÃO DAS PLAQUETAS 
o A ativação primária por vários agonistas induz sinalização intracelular, 
levando à liberação do conteúdo dos grânulos alfa. Este desempenha 
papel importante na formação e estabilização de agregados 
plaquetários e, além disso, o ADP liberado dos grânulos densos 
desempenha importante papel de realimentação (feedback) do 
estímulo à ativação plaquetária. 
o O tromboxano A2 (TXA2) é o pivô do segundo mais importante ciclo de 
realimentação da amplificação secundária da ativação plaquetária, 
necessária à firmeza e à estabilidade do agregado plaquetário. TXA2 é 
uma substância que diminui os níveis plaquetários de monofosfato de 
adenosina cíclico (cAMP) e inicia a reação de liberação. Além disso, o 
TXA2 tem intensa atividade vasoconstritora. A reação de liberação é 
inibida por substâncias que aumentam o nível de cAMP nas plaquetas. 
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Uma dessas substâncias é a prostaciclina (PGI2), sintetizada pelas 
células endoteliais vasculares. 
ATIVIDADE PRÓ-COAGULANTE DAS PLAQUETAS 
o Depois da agregação e da liberação das plaquetas, o fosfolipídio da 
membrana exposto (fator plaquetário 3) fica disponível para duas 
reações na cascata da coagulação. Ambas as reações mediadas pelo 
fosfolipídio são dependentes do íon cálcio. 
1. A primeira envolve os fatores IXa, VIIIa e X na formação do fator Xa. 
2. A segunda (protrombinase) resulta na formação de trombina a 
partir da interação dos fatores Xa, Va e protrombina (II). 
FATOR DE CRESCIMENTO 
o O PDGF encontrado nos grânulos alfa das plaquetas estimula a 
multiplicação das células musculares lisas dos vasos, o que acelera a 
cicatrização da lesão vascular. 
INIBIDORES NATURAIS DA FUNÇÃO PLAQUETÁRIA 
o O óxido nítrico (NO) é liberado constitucionalmente das células 
endoteliais, dos macrófagos e das plaquetas e ele inibe a ativação 
plaquetária e promove vasodilatação.o A prostaciclina, sintetizada pelas células endoteliais, também inibe a 
função plaquetária e causa vasodilatação por aumentar os níveis de 
guanosina-monofosfato cíclico (GMP). Uma ectonucleotidase (CD39) 
age como uma ADPase e ajuda a prevenir a agregação plaquetária 
nas paredes vasculares íntegras. 
CASCATA DA COAGULAÇÃO 
o A coagulação do sangue envolve um sistema biológico de 
amplificação, no qual relativamente poucas substâncias de iniciação 
ativam em sequência, por proteólise, uma cascata de proteínas 
precursoras circulantes (os fatores enzimáticos da coagulação), 
culminando na geração de trombina. Esta, por sua vez, converte o 
fibrinogênio solúvel do plasma em fibrina. A fibrina infiltra os agregados 
de plaquetas nos locais de lesão vascular e converte os tampões 
primários e instáveis de plaquetas em tampões hemostáticos firmes, 
definitivos e estáveis. 
o O funcionamento dessa cascata de enzimas necessita de uma 
concentração localizada dos fatores de coagulação circulantes nos 
sítios de lesão. 
o As reações mediadas por superfície ocorrem no colágeno exposto, no 
fosfolipídio plaquetário e no fator tecidual. 
o Com exceção do fìbrinogênio, que é a subunidade do coágulo de 
fibrina, os fatores de coagulação são precursores de enzimas ou 
cofatores. Todas as enzimas, exceto o fator XIII, são serina-proteases, isto 
é, sua capacidade de hidrolisar ligações peptídicas depende do 
aminoácido serina como centro ativo. 
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INICIAÇÃO 
o A coagulação inicia-se pela interação do fator tecidual (TF), ligado à 
membrana, exposto após lesão vascular e ativado por uma proteína 
enzimática dissulfeto-isomerase, com fator VIIa. O fator tecidual é o 
único iniciador da geração de trombina e formação de fibrina. Ele está 
expresso em fibroblastos da adventícia e nos pequenos músculos da 
parede vascular, em microparticulas na corrente sanguínea, e em 
outras células não vasculares. 
o O complexo fator VIIa-TF (Xase extrínseca) ativa tanto o fator IX quanto 
o X. O fator Xa, na ausência de seu cofator, transforma pequenas 
quantidades de protrombina em trombina. Isso é insuficiente para iniciar 
significativa polimerização de fibrina; há necessidade de amplificação. 
AMPLIFICAÇÃO 
o A via inicial, ou Xase extrínseca, é rapidamente inativada pelo inibidor 
da via do fator tecidual (TFPI), que forma um complexo quaternário com 
Vlla, TF e Xa. 
o A geração de trombina passa a ser dependente da tradicional via 
intrínseca. 
o Fatores VIII e V são convertidos em VIIIa e Va pelas pequenas 
quantidades de trombina geradas durante a iniciação. 
o Nesta fase de amplificação, a Xase intrínseca, formada por IXa e VIIIa 
na superfície de fosfolipídio e na presença de Ca2+, ativa Xa suficiente 
que, em combinação com Va, PL, e Ca2+, forma o complexo 
protrombinase e resulta na geração 
explosiva de trombina. Esta age no 
fibrinogênio para formar o coágulo 
de fibrina. 
o A trombina hidrolisa o fibrinogênio, 
liberando fìbrinopeptídios A e B para 
formar monômeros de fibrina. Os 
monômeros de fibrina unem-se 
espontaneamente por meio de 
pontes de hidrogênio para formar 
um polímero frouxo e insolúvel de 
fibrina. 
o O fator XIII também é ativado por 
trombina e cálcio. Uma vez ativado, estabiliza os polímeros de fibrina 
com a formação de ligações covalentes cruzadas. 
o A atividade dos fatores II, VII, IX e X depende da vitamina K, responsável 
pela carboxilação de vários resíduos terminais de ácido glutâmico em 
cada uma de suas moléculas. 
o Embora não sejam enzimas proteases, os cofarores VIII e V circulam na 
forma de precursores que necessitam de clivagem limitada pela 
trombina para expressão total da sua atividade de cofatores. 
CÉLULAS ENDOTELIAIS 
o Tem papel de manutenção da integridade vascular. Fornecem 
membrana basal que separa o colágeno, a elastina e a fibronectina do 
tecido conectivo subendoteliais do sangue circulante. Perda ou dano 
ao endotélio resulta e ativação do mecanismo hemostático. A célula 
endotelial produz prostaglandinas, NO, e a extonucleotidade CD39 que 
possuem ação vasodiltadoras e inibem agregação plaquetária. 
RESPOSTA HEMOSTÁTICA 
VASOCONSTRIÇÃO 
o Uma constrição imediata do vaso lesado e a constrição reflexa das 
artérias e arteríolas adjacentes são responsáveis por uma diminuição 
inicial do fluxo sanguíneo na região da lesão. Quando há lesão extensa, 
essa reação vascular evita a exsanguinação. 
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o A diminuição do fluxo sanguíneo permite ativação de contato de 
plaquetas e fatores de coagulação. As aminas vasoativas e o 
tromboxano A2 (TXA2) liberados das plaquetas, além dos 
fìbrinopeptidios liberados durante a formação de fibrina, também têm 
atividade vasoconstritora. 
REAÇÕES PLAQUETÁRIAS E FORMAÇÃO DO TAMPÃO HEMOSTÁTICO 
PRIMÁRIO 
o Depois da ruptura do revestimento endotelial há aderência inicial de 
plaquetas (via receptores GP1a e GP1b) ao tecido conectivo exposto, 
mediada pelo VWF. 
o Em condições de fluxo sob pressão (p. ex., nas arteríolas), a matriz 
subendotelial exposta reveste-se inicialmente de VWF. A exposição de 
colágeno e a geração e trombina pela ativação do fator tecidual 
produzida no sitio da lesão fazem as plaquetas aderentes liberarem o 
conteúdo dos grânulos e ativarem a síntese de prostaglandina, levando 
à formação de TXA2. 
o O ADP liberado provoca ingurgitamento e agregação das plaquetas. 
Plaquetas rolando no sentido do fluxo sobre VWF exposto, com ativação 
dos receptores de GPIIb/Illa, aderem de modo ainda mais firme. 
Plaquetas adicionais do sangue circulante são atraídas para a região 
da lesão. 
o Essa agregação contínua de plaquetas promove crescimento do 
tampão hemostático, o qual logo cobre o tecido conectivo exposto. O 
tampão hemostático primário instável, produzido por essas reações das 
plaquetas já ao fim do primeiro minuto depois da lesão, costuma ser 
suficiente para controle temporário do sangramento. 
o É provável que a prostaciclina, seja importante na limitação da 
extensão do tampão inicial de plaquetas. 
ESTABILIZAÇÃO DO TAMPÃO PLAQUETÁRIO PELA FIBRINA 
o A hemostasia definitiva é obtida quando a fibrina, formada pela 
coagulação do sangue, é acrescentada à massa de plaquetas e pela 
retração/ compactação do coágulo induzida pelas plaquetas. 
o Depois da lesão vascular, a formação de Xase (Vlla, TF, PL e Ca2+) inicia 
a cascata da coagulação. A agregação de plaquetas e as reações de 
liberação aceleram o processo de coagulação pelo fornecimento 
abundante de fosfolipídio de membrana. A trombina gerada no sítio da 
lesão converte o fibrinogênio solúvel do plasma em fibrina, potencializa 
a agregação e as secreções das plaquetas, e ativa os fatores XI e XIII e 
os cofatores V e VIII. 
o A fibrina, como componente do tampão hemostático, aumenta à 
medida que as plaquetas fundidas se lisam. Depois de algumas horas, 
todo o tampão hemostático é transformado em uma massa sólida de 
fibrina com ligações cruzadas. 
o Há retração do coágulo, mediada por receptores de GPIlb/llIa, que 
ligam filamentos de actina citoplasmática com polímeros de fibrina 
ligados à superfície. No entanto, devido à incorporação de 
plasminogênio e TPA, o tampão já começa a autodigestão. 
LIMITAÇÕES FISIOLÓGICAS DA COAGULAÇÃO: 
A coagulação descontrolada do sangue causaria oclusão perigosa dos 
vasos (trombose). 
INIBIDORES DOS FATORES DE COAGULAÇÃO: 
o Inibidor do Fator tecidual: é sintetizado pelas células endoteliais e 
acumula-se no sitio da lesão pela ativação local das plaquetas. Inibe os 
fatores Xa, VIIa e o fator tecidual. 
o Antitrombina: inativação de trombina e derina- proteases. É 
potencializado pela heparina. 
o Cofator II de heparina: inibe trombina. 
PROTEÍNA C E S: 
o São inibidores dos cofatores de coagulação V e VIII. A trombina liga-se 
ao receptor trombomodulina da superfície da célula endotelial, e o 
complexo resultante ativa a serina- protease proteína C (vitamina K 
dependente) capaz de destruir fatoresV e VIII, evitando assim a 
ativação da trombina. 
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o A ação da proteína C é intensificada pela proteína S, que liga a proteína 
C na superfície da plaqueta. Além disso, a proteína C estimula a 
fibrinólise. 
FIBRINÓLISE 
o A fibrinólise faz parte da hemostasia normal. O plasminogênio, uma 
proteína pró-enzima B- globulina no sangue, é convertida na serina-
protease plasmina por ativadores da parede vascular (ativação 
intrínseca) ou dos tecidos (ativação extrínseca). 
o A via mais importante é a do ativador tecidual do plasminogênio (TPA) 
das células endoteliais, ele é uma serina-protease que se liga a fibrina, 
aumentando a sua capacidade de converter o plasminogênio ligado 
ao trombo em plasmina. 
o A proteína C estimula a fibrinólise por destruir inibidores plasmáticos de 
TPA. A geração de plasmina na lesão limita a extensão do trombo. 
o A plasmina digere fibrinogênio, fibrina e fatores V e VIII. 
PRINCÍPIOS DOS TESTES DE COAGULAÇÃO (TP, TTPA E TS) 
o Hemostasia defeituosa com sangramento anormal pode resultar de: 
Distúrbio vascular; Trombocitopenia ou distúrbio de função plaquetária; 
ou Defeito da coagulação do sangue. 
o Vários testes simples são usados para avaliar os componentes da 
hemostasia: plaquetas, parede vascular e coagulação. 
HEMOGRAMA COMPLETO 
o Como a trombocitopenia é uma causa comum de sangramento 
anormal, pacientes com suspeita de doença hemorrágica inicialmente 
de vem fazer hemograma, incluindo contagem de plaquetas e exame 
microscópico da distensão de sangue. Além de estabelecer a presença 
de trombocitopenìa, a causa pode ser óbvia (p. ex., leucemia aguda). 
TESTES DE TRIAGEM DA COAGULAÇÃO DO SANGUE 
o Os testes de triagem fornecem avaliação dos sistemas "extrínseco" e 
"intrínseco" da coagulação do sangue e da conversão central de 
fibrinogênio em fibrina. 
o Tempo de protrombina (TP): avalia os fatores VII, X, V, protrombina (II) e 
fìbrinogênio. O tempo normal para coagulação é de 10 a 14 segundos. 
Ele pode ser expresso como International Normalized Ratio (INR). 
o Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) avalia os fatores VIII, IX, 
XI e XII, além dos fatores X, V, protrombina e fìbrinogênio. O tempo 
normal para coagulação é de 30 a 40 segundos. 
o O prolongamento no tempo de coagulação no TP e no TTPA, quando 
causado por deficiência de fator, é corrigido pela adição de plasma 
normal ao plasma em exame (mistura 50:50). Se não houver correção, 
ou se for incompleta com plasma normal, suspeita-se da presença de 
um inibidor da coagulação. 
o Tempo (de coagulação) de trombina (TT) é sensível à deficiência de 
fìbrinogênio ou à inibição da trombina. O tempo de coagulação é de 
14 a 16 segundos em plasmas normais. 
DISTÚRBIOS HEREDITÁRIOS DA COAGULAÇÃO 
HEMOFILIA A 
o A hemofilia A é a mais comum das deficiências hereditárias de fatores 
da coagulação. A herança é ligada ao sexo (cromossomo X), mas até 
um terço dos pacientes não tem história familiar, e a doença resulta de 
mutação recente. 
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GENÉTICA MOLECULAR 
o O gene do fator VIII está situado 
próximo à ponta do braço longo do 
cromossomo X (região Xq2.8). A proteína 
fator VIII é sintetizada no fígado e nas 
células endoteliais. O defeito é a 
ausência ou um baixo nível plasmático 
de fator VIII. 
 
 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
o Lactentes podem 
ter hemorragia profusa 
depois de circuncisão, 
hemorragia em 
articulações e tecidos 
moles e suscetibilidade a 
equimoses quando 
começam a ficar ativos. 
o Hemartroses 
dolorosas recidivantes e 
hematomas musculares 
dominam a evolução 
clínica de pacientes 
severamente afetados. Se os episódios forem tratados de maneira 
incorreta, causam deformidades articulares progressivas e invalidez 
o Pressão local do hematoma em torno de nervo pode causar neuropatia 
ou necrose isquêmica. 
o Há sangramento prolongado após extrações dentárias. Hematúria e 
sangramento gastrintestinal espontâneos também podem acontecer, 
às vezes com obstrução resultante de sangramento dentro da mucosa 
parietal. 
o A gravidade clínica da doença correlaciona-se inversamente com o 
nível de fator VIII. 
o Hemorragias cirúrgica ou por traumatismo levam a risco de morte em 
pacientes com doença severa e, inclusive, leve. 
ACHADOS LABORATORIAIS 
Os seguintes exames são anormais: 
1. Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA ou K-TTP). 
2. Dosagem coagulométrica do fator VIII. 
O teste PFA-100 (e o tempo de sangramento) e o tempo de protrombina (TP) 
são normais. 
 
DEFICIÊNCIA DE FATOR IX (HEMOFILIA B, DOENÇA DE CHRISTMAS) 
o A herança e os aspectos clínicos da deficiência de fator IX são idênticos 
aos da hemofilia A. De fato, as duas doenças somente podem ser 
diferenciadas pelos testes específicos de coagulação. 
o O fator IX é codificado por um gene junto ao do fator VIII, próximo à 
ponta do braço longo do cromossomo X, em Xq2.6. A síntese é vitamina 
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K-dependente, como a da protrombina, dos fatores VII e X, e da 
proteína C. 
ACHADOS LABORATORIAIS 
Os seguintes exames são anormais: 
1. TTPA (ou K-TTP); 
2. Dosagem coagulométrica de fator IX. 
Como na hemofilia A, o PFA-100 (e o tempo de sangramento) e o TP são 
normais 
DOENÇA DE VON WILLEBRAND (VWD) 
o Nessa doença, há diminuição do nível plasmático ou função anormal 
do VWF por causa de mutação de sentido ou mutação nula. O VWF é 
produzido em células endoteliais e megacariócitos. 
o É uma proteína que promove adesão de plaquetas ao subendotélio em 
condições de fluxo tumultuado e é a molécula portadora do fator VIII, 
protegendo-o de destruição prematura. Esta última propriedade explica 
a diminuição ocasional de fator VIII encontrado na VWD. 
o Elevação crônica do VWF é parte da resposta de fase aguda às lesões, 
inflamação, neoplasia ou gravidez. 
o Foram descritos três tipos de doença de von Willebrand. O tipo 2 é 
dividido em quatro subtipos, dependendo do defeito funcional. O tipo 1 
corresponde a 75% dos casos. 
o A VWD é o distúrbio hemorrágico hereditário mais comum. De modo 
geral, a herança é autossômica dominante com expressão variável. A 
gravidade do sangramento é muito variável, dependendo do tipo de 
mutação e de efeitos genéticos epistáticos, como o grupo sanguíneo 
ABO. 
ASPECTOS CLÍNICOS 
o Em geral, há sangramento de mucosas (p. ex., epistaxe, menorragia), 
perda sanguínea excessiva depois de cortes e escoriações superficiais, 
e hemorragia pós-traumática e pós-operatória. A gravidade é variável 
nos diferentes tipos. 
o Hemartrose e hematomas musculares são raros, exceto na doença tipo 
3. 
ACHADOS LABORATORIAIS 
1. O teste PFA-100 é anormal. Este teste substituiu o teste de tempo de 
sangramento. 
2. Os níveis de fator VIII muitas vezes estão baixos. Se isso ocorrer, fazer 
dosagem da ligação VIII/VWF. 
3. O TIPA (ou K-TTP) pode estar prolongado. 
4. Os níveis de VWF em geral são baixos. 
5. A agregação de plaquetas pelo plasma do paciente com ristocetina 
(VWF: Rco) é defeituosa. A agregação com outros agentes (ADP, 
trombina e adrenalina), via de regra, é normal. 
6. A função de ligação ao colágeno (VWF: CB) geralmente está reduzida. 
7. Análise dos multímeros é útil para o diagnóstico dos diferentes subtipos 
8. A contagem de plaquetas é normal, exceto na doença tipo 2B (na qual 
é baixa). 
HEMOCOMPONENTES E HEMODERIVADOS 
o Hemocomponentes e hemoderivados são preparados a partir de 
sangue colhido de doação de sangue total, ou doação de aférese. 
o Os componentes do sangue total ou hemocomponentes (hemácias, 
plaquetas e plasma) são separados por método de centrifugação 
diferencial e, com exceção do Citomegalovírus (CMV) e do vírus 
linfotrópico de célula T humano tipo I (HTLV-1), esses hemocomponentes 
usualmente apresentam o mesmo risco de transmissão de doenças do 
sangue total que os originou. Atualmente, várias metodologias têm sido 
testadas no sentido de tratar esses hemocomponentes, objetivando a@resumosdamed_ 
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inativação de patógenos e diminuição do risco de transmissão de 
algumas doenças. 
o Em contraste, os hemoderivados (soluções de albumina, 
imunoglobulinas e concentrados e fatores da coagulação) são 
preparados a partir de processos mais complexos (industrialização), 
utilizando-se pools de plasma. Dependendo do método e 
processamento, apresentam diminuição significante dos riscos de 
transmissão de doenças. 
o Ou seja, os produtos gerados um a um nos serviços de hemoterapia, a 
partir do sangue total, por meio de processos físicos (centrifugação, 
congelamento) são denominados hemocomponentes. Já os produtos 
obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma por 
processos físico-químicos são denominados hemoderivados. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
1. Fundamentos em hematologia. 6a.ed. Porto Alegre: Artmed, 2018 
2. Tratado de Hematologia. 1ª.ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2013 
3. Doenças que alteram os exames hematológicos. 2ª.ed. Rio de Janeiro: 
Atheneu, 2017

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