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CÓDIGOS DACÓDIGOS DACÓDIGOS DA
FUZILARIAFUZILARIAFUZILARIA
O que a Fuzilaria Naval Americana
me ensinou sobre resiliência
CÓDIGOS DACÓDIGOS DACÓDIGOS DA
FUZILARIAFUZILARIAFUZILARIA
O que a Fuzilaria Naval Americana
me ensinou sobre resiliência
Escrito por: Alice Fuzileira 
Este livro é dedicado a:
Meu mentor e General do Reino Pablo Marçal, Carol
Marçal e Nezio Monteiro. E a todas as staffs que se
arriscaram em fazer meu desbloqueio no MIP120.
Também dedico a:
SGT Lopez
SSGT Dickens
SGT Billingsley
Amo demais essas mulheres! Elas mudaram a
minha vida.
Paula Ward 
Sgt Mac Ward 
Sgt Connor LCpl
 Tamar McKinney
 Cpl Ward 
CWO3 Zapata 
e todos os Fuzileiros que perderam a guerra
para o suicídio.
Por fim, dedico a todos de minha família brasileira,
principalmente às minhas irmãs Tati e Thaís.
⫸ Quando você atinge 100% (da dor) você ainda
tem 40% pra continuar.
⫸ A dor é a fraqueza saindo do corpo.
⫸ Percepção é realidade
⫸ Você é tão forte quanto a pessoa mais fraca
do seu time
⫸ Família é só um acidente de nascimento
⫸ Toda preocupação é uma falta de fé
⫸ Você pode mudar o mundo dando
esperança às pessoas ao seu redor.
Esses são os 7 primeiros códigos da Fuzilaria Naval
Americana. 
Além de representarem muito bem a forma
como os anos de Fuzileira moldaram a minha
atitude, eles simbolizam a minha filosofia de
trabalho e de vida. 
Neste livro, irei contar algumas histórias que
ilustram esse impacto que a Fuzilaria teve em mim.
A primeira delas é um breve relato do processo
seletivo de entrada nas Forças Armadas, já a
segunda história fala de um momento impactante
da minha carreira durante uma missão no Iraque,
há mais de 8 anos.
Seja bem vindo.
A Primeira Semana 
Para entrar na Fuzilaria Naval, eu tive primeiro que
passar por um processo seletivo em Boston. Se
trata de uma prova chamada ASVAB que, dentre
outras coisas, envolve um teste físico simples onde
você precisa correr por uma milha e meia, segurar
na barra por alguns segundos e fazer alguns
abdominais. Até aí, fácil.
Após essa prova, fui colocada em um ônibus com
outras candidatas à Fuzilaria Naval (apenas
mulheres, naquela época as turmas não eram
mistas) e fomos levadas a uma ilha chamada Parris
Island, na Carolina do Sul. É lá que começa
realmente a seleção.
A partir do momento que vc sai do ônibus e pisa
nas “Yellow Footprints” (um adesivo no chão no
formato de dois pézinhos) assume a sua posição,
os instrutores chegam, te recebem e
simplesmente...
acabam com a sua raça!
Eles gritam, brigam, humilham, testam a sua
condição mental do início ao fim. Os treinadores
usam a gritaria, o susto e a desavença para gerar o
conflito. Ensinam que esse choque inicial já faz
parte da seleção.
Se torna uma adversidade apenas estar ali naquele
4
lugar, e já nessa parte do processo várias pessoas
quebram. Desistem. 
Se você sobrevive a isso, eles levam para um lugar
que costumava ser a antiga base de Treinamento
da Fuzilaria Naval. Lá, te deixam muitas horas sem
dormir, te colocam para escrever, preencher
papelada, memorizar ensinamentos da Fuzilaria
Naval, memorizar as ordens do sentinela...
Tudo isso acontece na primeira semana, que é
coroada com o “Momento da Verdade”. 
É o ponto mais alto dessa primeira fase, nesse
momento somos chamados a uma sala e somos
questionados pelos oficiais sobre qualquer
mentira que podemos ter contado durante o
processo de recrutamento. Questionam sobre o
uso de drogas, sobre doenças, sobre registros
criminais.
Nesse momento, eles já fizeram todo o seu
“background check” (e não duvide da inteligência da
Fuzilaria Naval), já sabem de tudo que você pode
ter omitido, e inclusive deixam bem claro para você
que sabem.
É nesse processo, que mistura medo, fadiga,
irritação e tédio que você se vê obrigado a
desenvolver o controle total da sua mente à
maneira da Fuzilaria Naval Americana.
“Mind over Matter” é o princípio que dá nome a 
5
este livro, e não é a toa. Já nos meus primeiros 7
dias na Fuzilaria Naval percebi que para sobreviver
às situações extremas que eu iria enfrentar a partir
de então, a primeira coisa que eu deveria fortalecer
era a minha mente.
6
A Missão no Iraque
Escolhi contar essa história, entre todas as
inúmeras que vivi na Fuzilaria Naval Americana, por
alguns motivos simples.
Primeiro, por que é uma história importante para
mim, que me marcou e me aproximou de uma
pessoa muito querida.
Segundo, por que ela ilustra tudo o que um
Fuzileiro Naval deve representar: generosidade,
força, decisão, coragem. 
Qualidades que não são necessárias apenas aos
Fuzileiros Navais, mas a toda pessoa resiliente.
Essa é a história de uma Iraquiana que eu não vou
revelar o nome. Eu a conheci em uma base no
Iraque, quando estava fazendo um trabalho de
voluntariado para um campo de refugiados. Ela era
do meu time e estava ajudando a traduzir
iraquiano para crianças e para soldados, quando
descobri que ela foi violentada por um soldado
americano.
Nessa época eu trabalhava na inteligência da USMC
(sigla para a Fuzilaria Naval), e já estava há algum
tempo no Iraque. Lá, quando uma mulher que é
muçulmana perde a virgindade para qualquer
pessoa, independente da religião, a unica maneira
de restaurar a honra da família é casando com essa
pessoa que tirou a virgindade, mesmo que o sexo
7
não tenha sido consensual.
Nós tínhamos virado amigas há algumas semanas,
e certa vez a encontrei e ela estava chorando,
sentada no chão. Eu estava caminhando para casa
(eu trabalhava no palácio do Saddam Hussein, e lá
nós não tínhamos carro) quando a encontrei nesse
estado.
Eu perguntei por que ela estava chorando e ela me
respondeu entre as lágrimas que havia perdido o
emprego e não tinha para onde ir.
Naquela época, para você frequentar a maioria dos
locais no Iraque, era necessário dispor de um
crachá. O que eles chamavam de ”Colored Badge
System”, que como o nome sugere, era um sistema
por cores, que determinava os níveis de acesso às
bases, aos refeitórios. Nessa época se você não
tinha uma determinada cor, não tinha acesso nem
à comida. Ela havia perdido tudo.
Fiquei comovida com a situação. Naquela época eu
ainda estava muito nova na fuzilaria naval e levei
ela para ficar comigo até eu decidir o que fazer. No
outro dia avisei pro meu comando a situação dessa
iraquiana, conversei com outra fuzileira que estava
lá e tinha mais patente que eu, e ela se ofereceu
para me ajudar.
Conseguimos uma entrevista de trabalho para ela,
e voltei para casa pra avisá-la. Quando chegou a
hora da entrevista, entreguei a ela umas roupas
mais apropriadas e pedi que ela experimentasse. 
8
Quando ela tirou a roupa foi que eu percebi. Estava
grávida!
Grávida de 4 meses, escondendo a barriga todo
esse tempo em sua burca. Falei para ela se vestir
novamente e perguntei o que havia acontecido.
Lembro como se fosse ontem, estávamos
caminhando e paramos em uma ponte. “Você está
grávida, de quem é esse bebe?”, eu perguntei ao
ver aquela barriga. Foi aí que ela me disse o pior,
disse que havia sido violentada por um soldado
americano.
Eu não sabia o que fazer. Voltei para o meu
alojamento, e quando fui para o palácio do Saddam
Hussein no dia seguinte, falei pro comando que
tinha uma iraquiana grávida na base, e que poderia
ter sido o caso de um estupro de um soldado
americano. 
A situação era grave, pois estávamos em uma base
no meio do nada e sem estrutura alguma. Lá no
Iraque era totalmente proibido ter relacionamentos
sexuais no contexto militar. Óbvio que acontecia, e
mesmo assim se alguma mulher guerreira fuzileira
engravidasse, não teria nenhum apoio. Imagine
então se você fosse uma mulher local.
Falei para essa iraquiana ficar quietinha no
alojamento, que eu tentaria resolver a situação -
sem nem saber como faria isso. Passei o dia
conversando com pessoas, e quando voltei... ela
tinha ido embora. Pensei “ok... ela deve ter arruma-
9
-do alguma solução”. No Iraque não havia muito
tempo para pensar, eram 12h de trabalho por dia e
7 dias por semana, então apenas voltei a trabalhar.
Nesse mesmodia, cheguei no meu alojamento
exausta, caí na cama e dormi. 
1h da manhã. Alguém bate forte e repetidamente
na minha porta.
Levantei em um pulo. O que é que estava
acontecendo? Fui até a porta, abri e lá estava ela, a
iraquiana, acompanhada de um soldado. “Alice,
eles vão me matar, vão me matar!” Ela começou a
gritar desesperada. “Vão me tirar de base!”.
Naquele momento percebi que a situação estava
muito séria. Peguei ela com força pelo braço, a
sentei na cama e disse “fique sentada e não diga
mais uma palavra”. Eu estava muito irritada, tudo
isso estava acontecendo por causa dessa
desobediência. Ela já sabia o quão arriscado era
estar grávida nessa situação. 
“Eles vão me matar! Vão me jogar para fora da base
e eu vou morrer!” ela continuava, me ignorando.
Naquela época no Iraque haviam duas facções
religiosas em guerra civil, os Sunitas e os Shiita. A
minha amiga iraquiana era Sunni, e a nossa base
estava exatamente em um território Shiita . Soltá-la
ali no deserto, sozinha, ia realmente condená-la à
morte.
10
Conversei com o Cabo que a trouxe e falei “quero
conversar com o Comandante de vocês”. O Cabo
hesitou. Continuei “vocês não podem tomar essa
decisão assim. Me leva agora no Coronel que eu
não quero este sangue nas minhas mãos. Você
quer? Quer esse sangue inocente nas suas mãos?
De uma mulher e de um bebê?”.
O cabo enfim me levou até o seu Comandante.
Chegando lá, me mandaram tirar todas as armas,
meu fuzil, as munições, tudo. Isso me deixou
apreensiva, mas entrei para conversar com o
Coronel que estava no comando daquele turno. 
Expliquei a situação e ele veio com a velha resposta
evasiva “não tem nada que eu possa fazer”.
Eu, revoltada com aquilo tudo, disparei a falar “Se
isso acontecer, amanhã cedo eu pego o telefone de
todo mundo aqui vou perguntar para o cargo mais
alto e vou perguntar por que isso tá acontecendo.
Vou perguntar qual o protocolo em uma situação
como essa, e pode ter certeza absoluta que vou ter
clareza nessa situação. 
Por que se vocês jogarem uma mulher de 19 anos
de idade, grávida de 1 soldado americano acusado
de estupro para fora da base, vocês terão grandes
problemas. Problemas diplomáticos, inclusive.
Muitas pessoas podem morrer por isso, inclusive
essa Iraquiana e esse bebê.
Imaginem ela morre e a mídia tem algum tipo de 
11
acesso a essa informação. E eu não vim servir no
Iraque para isso, e muito menos para ver uma
mulher sendo violentada e jogada para a morte.
Não são as forças armadas que eu entrei, e nem o
país que eu decidi servir!”. 
Eu estava muito mal, e mal lembro do resto da
reunião. Saí de lá sem nem mesmo ter a
oportunidade de me despedir da iraquiana e fui
direto para a capela que estava montada na base.
Estava no fundo do poço da minha fé, e enquanto
eu chorava, duvidando da existência de Deus, o
Pastor colocou a mão em minha cabeça e orou por
mim. Eu contei o que estava acontecendo e ele me
disse que o Senhor tinha colocado essa
responsabilidade (ele chamou de “burden”, algo
que pode ser traduzido também como “fardo”,
“peso”) nos meus ombros por alguma razão, e se
Ele havia colocado, Ele também iria prover. Por fim,
olhou para mim, no fundo dos meus olhos e disse
“Não se preocupe. Antes de você dormir, você vai
ter uma resolução desse caso. Vai pra casa e fique
tranquila. Você fez o que pode para ajudar essa
pessoa, e não há mais nada que você pode fazer
nesse momento.”
Volto para o meu alojamento. Apenas caio de novo
na minha cama e durmo.
4h da manhã, as batidas violentas na porta
novamente. Respirei fundo, caminhei até lá e abri. 
Era o mesmo Cabo que tinha levado a Iraquiana! 
12
Ele estava sozinho, desta vez, e começou a falar
baixinho.
“Eu fiquei muito impressionado quando você disse
aquelas coisas para mim. Eu fiquei impressionado
com a sua coragem. Não é todo mundo com um
cargo tão baixo como o seu tem essa coragem de
confrontar o Coronel. Eu vim aqui te falar que eles
colocaram ela nesse endereço.” e me entregou um
papel “Amanhã vá e tente tirá-la de lá. De seu jeito.
Mas não fala pra ninguém que eu disse isso, se não
o problema vai cair em mim”. 
Ele foi embora, e eu fiquei ali, sozinha, pensando. 
Long story short...
Demorou 6 meses para ela sair do Iraque, enfim.
Tenho várias histórias com ela durante todo esse
tempo, algumas tocantes e outras muito
engraçadas; dariam um livro inteiro. 
Hoje, ela conseguiu status de refugiada de guerra e
adquiriu cidadania americana. Ela teve o filho, que
está hoje com 8 anos e teve também mais uma
filha chamada Amira que infelizmente teve câncer
estágio 4 e agora está sobrevivendo à
quimioterapia. Uma mini guerreira, assim como sua
mae. 
Essa Iraquiana virou soldada na inteligência do
exército e hoje está em missão…. de volta ao
oriente médio.
13
Às vezes a vida nos surpreende, e cobra
de nós ações rápidas, e ao mesmo
tempo, muito difíceis.
É nessas horas que eu entendo o valor da
resiliência e da coragem. 
Esses valores não só nos tornam mais
fortes, mas também nos tornam capazes
de fazer o bem, de agir com justiça.
Se você quer aprender a ter mais
resiliência, e descobrir como os
princípios da Fuzilaria Naval Americana
podem ajudar na sua vida e no seu
trabalho, aperte no botão abaixo e
conheça a minha página.
Conheça a minha
página
15
https://www.instagram.com/alicefuzileira/
"I, Alice do solemnly swear that I will support
and defend the Constitution of the United
States against all enemies, foreign and
domestic; that I will bear true faith and
allegiance to the same; and that I will obey
the orders of the president of the United
States and the orders of the officers
appointed over me, according to regulations
and the Uniform Code of Military Justice. So
help me God."

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