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*São doenças em que a dor é um sintoma da etiologia, essas incluem doenças neurológicas, sistêmicas e cranianas. *Essas doenças podem ser mais perigosas para a vida do paciente e, por isso, em um paciente com cefaleia o primeiro passo da anamnese e do exame físico é excluir essas causas. *Uma cefaleia secundária é considerada, principalmente, quando há red flags. Início da dor a partir dos 50 anos, pior cefaleia da vida, mudança no padrão da cefaleia, progressão ou alteração na frequência e severidade, provocada pela Manobra de Valsava, piora da cefaleia com a postura, papiledema, sintomas neurológicos ou achados anormais como confusão, alteração do nível de consciência, mudança no comportamento e personalidade, papiledema, diplopia, zumbido, sintomas neurológicos focais, meningismo e convulsões, sintomas sistêmicos, doença ou condição associada como febre, calafrios, mialgia, sudorese noturna, perda de peso, câncer, infecção, arterite de células gigantes, gravidez, puerpério, estado de imunossupressão, incluindo HIV. Arterite temporal ou de células gigantes *É um processo inflamatório visto principalmente em indivíduos idosos. *Cefaleia temporal nova é um dos sintomas mais comuns. *A sua incidência é de aproximadamente 12 por 100.000 e aumenta com a idade chegando a 51 por 100.000 em indivíduos com mais de 80 anos de idade. *Afeta mulheres com mais frequência do que os homens, 3:1, e é mais comum em indivíduos brancos, especialmente aqueles de descendência escandinava e britânica. *A doença está associada à polimialgia reumática. *A dor de cabeça não tem nenhum achado específico, mas a dor em geral é contínua, generalizada e ocasionalmente latejante. *Têmporas são geralmente dolorosas, e os pacientes se queixam de dor ao realizar certas atividades da vida diária, como mastigar alimentos ou pentear o cabelo. *Cegueira monocular transitória e diplopia podem ocorrer. *O hemograma pode mostrar leucocitose e neutrofilia, mas é a VHS que mais frequentemente se altera, que encontra-se acima de 40 mm na maioria dos casos, podendo ultrapassar os 100 mm. *A proteína C reativa é mais sensível tanto para o diagnóstico quanto para predizer recidiva. *A interleucina-6 é bom marcador da atividade da doença. *O diagnóstico de certeza pode ser feito pela biópsia da artéria temporal, embora, na prática clínica, nem sempre se faça este procedimento. *Exames de imagem podem auxiliar no diagnóstico. *A cintilografia e a ressonância magnética podem ajudar no diagnóstico de sinovite. *A USG de ombros pode demonstrar bursite subacromial ou subdeltoidiana em quase todos os pacientes com polimialgia reumática. *Caso exista suspeita de acometimento extracraniano da arterite temporal, pode ser realizada angiografia ou angiotomografia ou angiorressonância magnética, as quais podem demonstrar estenose ou oclusão bilateral de subclávia, axilar ou ramos da artéria braquial. *Biópsias falso-negativas podem ocorrer, mas biópsias permanecem positivas mesmo 2 semanas após a terapia com corticosteroide. *Um achado de infiltrado mononuclear pan- mural que pode formar granulomas na biópsia da artéria temporal confirma o diagnóstico. *Os corticosteroides geralmente previnem complicações da arterite temporal, inclusive a cegueira. *O transtorno pode ser de longa duração. Hipertensão intracraniana idiopática, ou pseudotumor cerebral *A hipertensão intracraniana idiopática pode ser primária e em mulheres obesas em idade fértil. *Hipertensão intracraniana secundária pode ser vista com: - trombose venosa cerebral; - processos expansivos intracranianos; - hidrocefalia; - outros processos intracranianos. *O aumento da pressão intracraniana idiopática ocorre em 20 por 100.000 indivíduos, entre 15 a 55 anos de idade, que são obesos. *Mulheres são acometidas mais frequentemente que homens. *O início é normalmente na idade adulta/jovem. *A causa do aumento da pressão intracraniana pode ser má absorção do LCR como pode ser problema na hipertensão intracraniana idiopática, hipertensão venosa, como é visto na trombose venosa ou uma massa expansiva intracraniana. *A hipertensão intracraniana idiopática é caracterizada por cefaleia em mais de 90% dos indivíduos, cerca de 90% dos quais são obesos. *Outros sintomas incluem: - zumbido pulsátil; - obscurecimentos visuais transitórios; - visão dupla. *No exame, papiledema pode ser encontrado. *O restante do exame geral e neurológico é geralmente normal em pacientes com hipertensão intracraniana idiopática, mas anormalidades no exame podem apontar para uma causa secundária subjacente, como a trombose de seio venoso, acidente vascular isquêmico, infecção do sistema nervoso central ou tumor cerebral. *Embora alguns indivíduos tenham hipertensão intracraniana idiopática por anos, a doença pode ser autolimitada. *Em cerca de um terço dos pacientes, sequelas visuais permanentes relacionadas ao efeito do papiledema se desenvolvem. *O diagnóstico da pressão intracraniana é feito pela presença de características clínicas, bem como por sinais, tais como papiledema. *A RM é necessária para excluir causas secundárias de aumento da pressão intracraniana. *A venografia por TC ou RM é muitas vezes necessária para excluir trombose de seio venoso. *A punção lombar deve ser realizada, a menos que os pacientes tenham contraindicação como uma lesão expansiva intracraniana e a pressão do LCR deve ser medida. *O diagnóstico pode ser feito se a pressão está elevada, com LCR > 250 mm H2O. *Campos visuais devem ser examinados formalmente porque a acuidade visual não é afetada até tardiamente na evolução do distúrbio. *A acetazolamida em doses de 500 a 1.000 mg/dia é útil para o tratamento. *Qualquer causa secundária subjacente deve ser tratada. *A perda de peso é benéfica em indivíduos obesos. *O prognóstico de pacientes com hipertensão intracraniana idiopática é bom com o tratamento, mas até um terço dos pacientes tratados de maneira inadequada podem apresentar perda permanente do campo visual ou acuidade visual. Hipotensão intracraniana *Causa dor de cabeça que fica caracteristicamente melhor quando o paciente está em decúbito dorsal e pior quando o paciente está em posição ereta. *Ela pode ser primária, espontânea, ou secundária a outra causa subjacente, mais comumente uma punção lombar. *As técnicas modernas de imagens sugerem uma incidência de cerca de cinco a cada 100.000 por ano. *A causa mais importante da hipotensão intracraniana é a perda liquórica geralmente por laceração da dura-máter, geralmente na região lombar em torno de estruturas císticas. *Qualquer fístula, em qualquer ponto dos envoltórios do sistema nervoso central, pode determinar a síndrome de hipotensão liquórica, sendo que a causa de hipotensão intracraniana pode não ser a própria fístula em si, mas baixa pressão venosa epidural, que auxilia no desenvolvimento da hipotensão liquórica e, portanto, da fístula. *A hipotensão intracraniana é caracterizada clinicamente por uma cefaleia de caráter postural, a localização da dor é variável e a característica mais frequente é a alteração ortostática da dor. *Visão dupla pode se desenvolver se a herniação do rombencéfalo ocorre. *Podem ocorrer também zumbidos, náuseas e vômitos. *O diagnóstico é feito por RM mostrando o realce dural com injeção do contraste gadolínio, com espessamento da dura-máter, além disso pode haver descida das tonsilas cerebelares. *A punção lombar também pode mostrar baixa pressão do LCR, < 50 mm H 20. *O diagnóstico diferencial inclui: - cefaleia crônica diária primária; - enxaqueca; - outras causas secundárias de dor de cabeça. *O diagnóstico é confirmado se fístula liquórica é demonstrada por ressonância magnética ou mielotomografia de TC. *O tratamento de vazamento de LCR inclui repouso no leito, cafeína e líquidos.*Para pacientes com cefaleia pós-punção um tampão sanguíneo melhora os sintomas. Neuralgia trigeminal *É uma condição distinta, terrivelmente dolorosa provocada por estímulos sensoriais na distribuição do nervo trigêmeo. *Ocorre em quatro por 100.000 indivíduos, mais comumente em pessoas entre 50 e 70 anos de idade e em mulheres levemente mais do que em homens, 1,5:1. *Nos indivíduos mais jovens, esclerose múltipla pode estar associada à condição. *Em indivíduos mais velhos, uma dobra vascular no sistema vertebrobasilar pode causar a síndrome, comprimindo o nervo trigêmeo, e a zona de entrada da raiz do nervo trigêmeo parece ser o local da patologia. *A dor da neuralgia do trigêmeo é caracteristicamente aguda, penetrante e semelhante a choque elétrico na distribuição do nervo trigêmeo: ao redor do olho e testa, bochecha, queixo ou dentes inferiores. V1. V2. V3. *Quando mais de um ramo é afetado, a associação de V2 e V3 é a mais comum. *Os paroxismos são curtos, com duração de segundos até dois minutos. *Alguns pacientes têm uma dor surda e contínua, porém na maioria das vezes a dor é exclusivamente paroxística. *A dor é geralmente desencadeada por estímulos como tocar a face, escovar os dentes, estimulação por corrente de ar sobre a face, ou mastigar alimentos. *Uma vez que um evento da dor é desencadeado, há um período refratário no qual a dor não irá ocorrer. *Os critérios de diagnóstico incluem crises paroxísticas de dor persistente por um segundo a dois minutos e afetam uma ou mais divisões do nervo trigêmeo. *Para fazer o diagnóstico, a dor precisa ser intensamente aguda, em punhaladas, ou precipitada por um evento desencadeador. *Cada ataque é estereotipado, e geralmente não existem outros defeitos neurológicos. *A neuralgia idiopática do trigêmeo por definição não tem nenhuma lesão causadora, enquanto a neuralgia trigeminal sintomática tem uma causa, tais como compressão vascular da zona de saída da raiz do nervo trigêmeo. *O diagnóstico diferencial inclui: - cefalalgia trigêmino-autonôrnica, que apresenta acompanhamentos autonômicos que não estão associados à neuralgia do trigêmeo. - dor facial atípica; - síndrome de Tolosa-Hunt, que é uma síndrome inflamatória do seio cavernoso anterior. *O tratamento é com medicamentos ou cirurgia. *Carbamazepina de 100 a 1.200 mg, é considerada o agente de primeira linha para a neuralgia. *Baclofeno de 40 a 80 mg; *Clonazepam de 2 a 6 mg; *Lamotrigina de 25 a 400 mg; *Gabapentina de 300 a 1.200 mg; *Oxcarbazepina de 600 a 1.800 mg; *Topiramato de 25 a 400 mg. *Tratamentos cirúrgicos incluem descompressão microvascular, que pode aliviar os sintomas e preservar função sensorial. *Outros tratamentos incluem destruição parcial do nervo trigêmeo com o calor por lesões de radiofrequência, ou com glicerol na destruição química. *Pacientes com neuralgia do trigêmeo podem ter remissão espontânea ou induzida por medicação. *A descompressão microvascular muitas vezes é curativa. Meningite *É uma cefaleia aguda e intensa com rigidez de nuca e febre. *Frequentemente há marcada acentuação da dor com os movimentos dos olhos. *É fácil confundir meningite com enxaqueca, pois os sintomas cardinais de cefaleia latejante, fotofobia, náuseas e vômitos frequentemente estão presentes, talvez refletindo a biologia subjacente de alguns pacientes. *A punção liquórica é importante para o diagnóstico. Hemorrágia subaracnoidea *É uma cefaleia aguda e intensa com rigidez de nuca, mas sem febre. *Um aneurisma roto, malformação arteriovenosa ou hemorragia intra parenquimatosa também podem apresentar-se apenas com cefaleia. *Raramente, se hemorragia for leve ou abaixo do forame magno, a TC de crânio pode ser normal. *A punção liquórica pode ser necessária para estabelecer o diagnóstico definitivo de hemorragia subaracnoidea. Tumor cerebral *Cerca de 30% dos pacientes com tumores cerebrais consideram a cefaleia como sua queixa principal. *A dor de cabeça costuma ser indescritível, sendo uma dor maçante, profunda, intermitente, de intensidade moderada, que pode piorar aos esforços ou por mudança de posição e pode ser acompanhada de náuseas e vômitos. *Esse padrão de sintomas resulta de enxaqueca com frequência muito maior do que a de tumor cerebral. *A cefaleia de um tumor cerebral perturba o sono em cerca de 10% dos pacientes. *Os vômitos que precedem o início da cefaleia em semanas são altamente típicos de tumores cerebrais da fossa posterior. *Uma história de amenorreia ou galactorreia deve levar à suspeita de adenoma hipofisário secretor de prolactina, como a origem da cefaleia. *A cefaleia que surge originalmente em paciente com câncer conhecido sugere metástase cerebral ou meningite carcinomatosa, ou ambas. *A dor de cabeça que surge abruptamente após a inclinação ou elevação do corpo ou tosse pode ser causada por uma massa na fossa posterior, malformação de Chiari ou baixo volume de líquido cerebrospinal (LCS).
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