Buscar

Cefaléias: Sintomas e Tratamentos

Prévia do material em texto

CEFALÉIAS 
- É o sintoma mais comum
- Um desafio para o médico: condição clínica benigna de morbidade temporária ou deterioriza-
ção permanente ou fatal -> etiologias variáveis
- Epidemiologia:
- 45%: severa ou incapacitante
- Idade: maior frequência dos 15 aos 50 anos
- 1% sintoma de uma patologia subjacente grave
- Cefaléia moderada: atrapalha o dia do indivíduo 
- Cefaléia grave: incapacitante
- Estruturas da cabeça e pescoço sensíveis a dor:
- Escalpe, musculatura do escalpe, musculatura do pescoço, den-
te, ATM, grandes seios da face (frontal e maxilar), grandes vasos 
(ex carótida externa e interna -> aneurisma pode dar dor de cabe-
ça), trigêmeo, VII, IX, X, grandes seios venosos (sagital, transver-
so, sigmóide), dura máter na base do crânio, etc.
- História da doença atual: 
- Quando começou
- Como começou 
- Tipo da dor
- Intensidade 
- Localização
- Frequência
- Fatores que precedem a crise
- Fatores concomitantes
- Fatores precipitantes
- Fatores agravantes
- Fatores atenuantes
- Evolução
- Tratamentos/resposta terapêutica
- Perfil emocional
- Antecedentes pessoais e familiares
- Impacto sobre a rotina diária
- Cefaléias primárias: 
- Normalmente não há lesão cerebral e é temporária
1. Enxaqueca/migrânea
2. Cefaléia em salvas
3. Cefaléia tensional
- Cefaléias secundárias 
- Secundária a alguma doença/condição, como tumor -> lesão estimulando estruturas sen-
síveis à dor
- Secundária a alguma lesão cerebral.
- Ex: cefaleia secundária presente em síndrome meníngea 
- Paralisia de III par: estrabismo divergente, ptose palpebral e midríase; + cefaléia = 
possível aneurisma em artéria comunicante posterior
- Cefaléia presente na síndrome de hipertensão intracraniana
CEFALÉIA TENSIONAL 
- Termos previamente usados: cefaléia de tensão; cefaléia de contração muscular; cefaléia co-
mum; cefaléia psicomiogênica; cefaléia do “stress”; cefaléia psicogência.
- Causa mais comum de cefaléia primária.
- Caracterizada por um desconforto bilateral, de caráter constritivo, em faixa (pressão sobre a 
região pode melhorar a dor)
- Lenta progressão, oscilando em intensidade
- Sem a presença de náuseas ou vômitos
- Embora ocasionalmente possa apresentar náusea
- Duração de 30 minutos a sete dias.
- Divididas de acordo com sua frequência em três grupos:
- Cefaléia tensional de baixa frequência
- Cefaléia tensional de alta frequência
- Cefaléia tensional crônica
- Tratamento: 
- Antidepressivos (amitriptilina -> acessível, barato)
- Utiliza-se subdose
- Se paciente apresenta depressão, dose não pode ser pequena, para evitar cro-
nificação do processo depressivo
- Clordiazepóxido
- Técnicas de relaxamento
- Psicoterapia
- Entre outras
• Cefaléia tensional de baixa frequência 
- Baixo impacto: menor interesse clinico
- Pelo menos 10 episódios, ocorrendo menos de uma vez ao mês. 
- Critérios:
- Duração ≥ 30 minutos a 7 dias.
- Apresentar no mínimo duas das características:
- Bilateral
- Em aperto
- Leve a moderada intensidade
- Não agrava com exercícios de rotina (subir escada)
- Não apresenta náuseas ou vômitos
- Pode ser acompanhada de fono ou fotofobia
• Cefaléia tensional de alta frequência 
- Grande impacto na vida
- Várias crises de cefaléia: maior incapacidade.
- Interfere na qualidade de vida (reduz).
- De acordo com a ICHD-3 é chamada de cefaléia tensional episódica de alta frequência.
- Caracterizada por mais de 1 episódio e menos do que 15 durante um mês.
• Cefaléia tensional crônica 
- Caráter incapacitante mais pronunciado
- Novamente a única diferença de critério é o número de crises.
- Para ser definida como crônica, a cefaléia tensional precisa ocorrer mais do que 15 vezes 
ao mês (> 180 dias por ano).
MIGRÂNEA/ENXAQUECA 
- Necessita de pelo menos 5 eventos.
- Divididas em: 
1. Migrânea sem aura
2. Migrânea com aura
• Migrânea sem aura: 
- Dor hemicraniana e pulsátil
• Migrânea com aura: 
- Aura típica com cefaléia migranosa
- Aura precede dor de cabeça
- Dor hemicraniana e pulsátil
- Aura típica com cefaléia não migranosa
- Aura precede dor de cabeça
- Dor em toda a cabeça
- Aura típica sem cefaléia
- Aura não é acompanhada de cefaléia 
- Mais frequente em pacientes no final do curso da enxaqueca (idades mais avança-
das)
- Migrânea hemiplégica familiar
- Rara
- Necessita de história autossômica dominante (pai e filho apresentando) 
- Migrânea hemiplégica esporádica
- Migrânea do tipo basilar 
- Relacionada à artéria basilar
- Sintomas de região posterior/fossa craniana posterior (ataxia, vertigem, etc)
- Sinais e sintomas: 
- Tratamento: 
- Não farmacológico
- Eliminar fator precipitante: chocolate (possui tiramina), queijo (com furo grande, pois 
tem tiramina), vinho (possui tiramina), shoyu, corante, banana, abacate, amendoim, 
etc
- Mudança comportamental: vida regular, evitar sedentarismo, IMC, “stress”, entre ou-
tras.
- Farmacológico: abortivo (interromper crise) ou profilático (para evitar crises; pelo menos 
uma vez no mês)
- Abortivo 
- Migrânea com incapacidade leve a moderada: analgésicos e anti-inflamatórios 
não hormonais
- Acetaminofen
- Aspirina
- AINH (anti-inflamatórios não hormonais)
- Drogas que contém cafeína -> efeito vasoconstritor 
- Atenção: uso abusivo transforma o tipo de cefaléia -> deixa de apresentar 
aspectos típicos de enxaqueca e passa a ser diária e crônica
- Migrânea com incapacidade moderada a grave:
- Triptanos: maioria responde bem a esse tratamento
- Alcalóides da ergotamina
- Fenotiazinas: antipsicótico; causa sono.
- Corticoesteróides excepcionalmente
- Profilático: baseado nas comorbidades do indivíduo
- Beta-bloqueadores: propranolol,atenolol
- Se paciente hipertenso, com tremor, hipotireoidismo, etc
- Evitar em pacientes diabéticos ou com depressão 
- Bloqueadores dos canais de cálcio: verapamil, flunarizina (não pode ser usada 
de forma contínua, pois gera parkinsonismo), nimodipina
- Específicos para pacientes com aura
- AINH: aspirina, fenoprofeno, naproxeno
- Antidepressivos
- Fármacos antiepilépticos: valproato, ácido valpróico,
- Ciproeptadina: usados em criança 
- Clonidina
- Inibidores da ECA
- Metisergida raramente
- Anticorpo monoclonal
- Observações: 
- Aura 
- A mais comum é a visual (luz piscando/prateada, na borda 
externa do campo visual, acompanha movimento da cabeça, 
pode ir aumentando de intensidade levando a perda de parte 
do campo visual/borramento de faces), embora possa estar 
relacionada a todos os sentidos (ex auditivo, sensitivo, etc)
- Alteração do campo visual ou no campo visual
- Instalação lenta e progressiva (cerca de 40 minutos para sua plenitude)
- Quando súbito: pensar em etiologia vascular
- Paciente que apresenta migrânea com aura, pode apresentar migrânea sem aura também.
- Fatores que precedem a crise: 
- Pródromos (até um dia antes): ex vontade de comer doce em dia anterior à enxaque-
ca, eufórico
- Aura 
CEFALÉIA EM SALVAS 
- Termos previamente usados: cluster headache, cefaléia histamínica, cefaléia de horton
- Paciente sálvico
- Predomínio em homens: 3x1
- Cefaléia vascular
- Em cacho ou penca: várias crises durante o dia
- Em série, seguida por remissão: após a crise, fica um tempo sem ocorrer 
- Unilateral
- Grande intensidade
- Periorbitária 
- Rubor facial
- Lacrimejamento. 
- Lágrima pode sair pela narina
- Breve duração: 15 min a 3h
- Paroxística
- Predomínio noturno
- Fator desencadeante: bebida alcoólica 
- Teste terapeutico: 8L de oxigênio -> respirar o oxigênio reduz a dor temporariamente
CEFALÉIA SECUNDÁRIA 
TUMORES 
- Tumor maligno: contorno irregular; infiltrativo
- Tumor benigno: bem definido
- Tumor cerebral primário: originário de tecido cerebral intracraniano
- Gliomas (incluindo astrocitomas, oligodendrogliomas e glioblastomas)
- Glioblastomas multiforme: mais grave
- Meduloblastomas
- Meningiomas
- Neuromas acústicos
- Tumor cerebral secundário: metástase- Metástases cerebrais são cerca de 10 vezes mais comuns do que os tumores primá-
rios
- Mais de 80% das pessoas com metástases cerebrais têm mais de uma metástase.
- Edema significativo: característico de tumor maligno.
- Atenção: tumor cerebral pode ser maligno pela histopatologia ou localização (as vezes é 
benigno do ponto de vista histológico, mas maligno pela localização) 
CISTICERCOSE 
- Cisticerco calcificado pode promover mecanismo de valva, obstruindo circulação liquórica
- Pode levar a meningite e possível obstrução liquórica
DILATAÇÃO VENTRICULAR 
- Limites perdidos, com ventrículo dilatado -> edema cerebral
- Imagem: branco -> sangue
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA 
- Síndrome da hipertensão intracraniana: cefaléia, vômitos (com ou sem jato), papiledema, 
paralisia do VI nervo (estrabismo convergente uni ou bilateral), alteração da consciência. 
Sinais de imagem: apagamento dos sulcos e dependendo da lesão comprimir/obstruir 
ventrículo gerando hidrocefalia a montante e desvio da linha média.
- Mais grave em jovens: idosos apresentam atrofia cerebral (maior espaço entre osso e 
tecido -> maior complacência)
- Paciente com AVC apresentando cefaleia e vômito: pensar em hemorragia ou lesão 
isquêmica extensa.
- Possíveis causas: neoplasia, infecção, doença vascular cerebral (ex trombose do seio ca-
vernoso, sigmóide ou sagital), trauma cranioencefálico, pseudotumorcerebral, obstrução 
da circulação liquórica
- No inicio, cefaléia é pior pela manhã, pois quando o individuo está em pé, melhora a dre-
nagem venosa. Quando descompensa, não há alteração de acordo com o horário do dia.
- Imagens:
- 1. Atenção, pois drenagem venosa da face 
segue para essa região, de modo a ser pos-
sível uma trombose do seio cavernoso. Evi-
tar espremer espinhas, por exemplo.
- 2. Infarto isquêmico extenso: colabamento 
de ventrículo e ausência de circunvolução 
(sinal de edema)
- 3. Hemorragia cerebral grave: sangramento 
invadindo ventrículo -> normalmente fatais. 
Evolui rapidamente para morte encefálica.
- 4. AVC isquêmico extenso/hemisférico
- 5. Hemorragia circunscrita em núcleo cau-
dado com frequência é por HAS mal tratada 
ou HAS maligna (picos hipertensivos mesmo com tratamento) -> gera microaneuris-
mas
- Observação: circulação líquor 
- Ventrículo lateral -> terceiro ventrículo -> quarto 
ventrículo -> forame de luschka -> convexidade 
e espaço subaracnóideo medular
- Qualquer ponto de obstrução da circulação irá 
gerar hidrocefalia a montante. É mais grave 
quando ocorre agudamente.
- Quando ocorre hidrocefalia antes de 1 ano e 8 
meses, a cabeça cresce 
OBSERVAÇÕES 
- Importância da anamnese: 
- Arterite temporal
- Ocorre > 50 anos
- Cefaleia em idosos: preocupar-se com arterite temporal
- Hipertermia (febre)
- Cefaleia intensa
- Acomete artéria temporal superficial (túrgida e dolorosa à palpação)
- Subito transtorno da visão/amaurose
- Diagnóstico: VHS elevado ou biópsia (diagnóstico definitivo)
- Biópsia feita por todo trajeto da artéria, pois essa arterite não é continua (tre-
chos alterados e outros normais) -> inflamação irregular
- Prognóstico: a perda da visão é irreversível -> é uma emergência 
- Tratamento: corticoterapia com doses imunossupressoras 
- Processo inflamatório ocorre mais na infância
- Neoplasias ocorre em crianças e adultos
- Hematoma subdural e extradural também podem gerar 
hipertensão intracraniana
- Hematoma subdural crônico observado em adultos 
e idosos com maior frequência 
- imagem (TC): sangue escuro -> parte ja foi ab-
sorvida e está sendo preenchida por líquor 
- Hematoma extradural: sangue no espaço extradural/
epidural
- Sangue arterial
- Artéria meningea média é a que mais sangra
- Pseudotumor: realiza a investigação e não acha tumor ou inflamação, mas o doente apre-
senta cefaleia e edema de papila. Predomina em mulheres.
- Sangue fora do leito vascular é extremamente irritativo para as estruturas
- Avaliar procedência
- Como começou:
- Gradual: processo expansivo
- Súbito: enxaqueca, glaucoma, hemorragia subaracnoidea (ruptura de aneurisma-> 
cefaleia súbita e intensa)
- Fatores concomitantes:
- Ex: vômito (enxaqueca, hipertensão intracraniana); fotofobia (hipertensão intracrania-
na, enxaqueca, glaucoma [aumenta pressão do globo ocular], meningite); rigidez de 
nuca em hemorragia subaracnoidea. 
- Oftalmoplegia do terceiro nervo (ptose palpebral, estrabismo divergente; lesão de artéria 
comunicante posterior fica ao lado, de modo que se houver sangramento, é afetada)
- Fatores agravantes:
- Tosse piora hipertensão intracraniana (pela manobra de vasalva -> diminui retorno 
venoso e aumenta pressão intracraniana), compressão da jugular e decúbito também 
pioram a HI.
- Flexão da cabeça e fotofobia agravam meningite
- História prévia: verificar se a cefaleia modificou (se apresenta mesmo aspecto ou não)
- Tratamento: verificar se houve melhora ou piora com a terapêutica empregada; não deixar 
de avaliar se foi realizado de maneira adequada
- Antecedentes pessoais e familiares
- Atenção para lesão em cerebelo ou fossa craniana posterior (gravidade; rápida evolução 
para óbito): lesão no centro do cerebelo -> atrás encontra-se o osso, na frente o quarto 
ventrículo e acima o tentório -> Assim, lesão acaba promovendo o colabamento do quarto 
ventrículo -> hidrocefalia a montante -> empurra tronco cerebral para frente -> tonsila ce-
rebelar começa a se insinuar no canal cervical -> afeta bulbo (centro respiratório) -> PCR -
> morte
- Exames complementares
- TC e ressonância pode auxiliar em cefaleia secundária
- Ressonância: mais adequada para avaliar isquemia 
- TC: boa para avaliar sangramento 
- Punção de liquor
- Em caso de suspeita de meningite
- Doppler de carótida em doença vascular
- Eletroencefalograma
- Em caso de suspeita de cefaleia associada a fenômeno epilético
- Avaliação cardiológica
- Comum embolia cardiogênica

Continue navegando