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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS — UFMG FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS — FACE CURSO DE RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS Mario Lucio Guimarães Junior BIPARTIDARISMO E MULTIPARTIDARISMO Belo Horizonte 2021 Uma das principais características das democracias modernas é a representação política, sendo sempre discutida como essa representação se dá. Uma dessas discussões acontece em torno do número de partidos e legendas predominantes num Estado e até que ponto um baixo número de partidos representa as diversidades de um povo. No geral, os modelos predominantes nos Estados existentes são o bipartidarismo e o multipartidarismo, onde o enfoque desta resenha se dará, comparando a perspectiva de diferentes autores na análise dos dois modelos. Primeiramente, é importante classificar outra característica dos sistemas eleitorais: a escolha entre um sistema majoritário e um sistema proporcional. No sistema majoritário, os votos são contados e aquele que obtiver a maioria, seja simples ou relativa, vence as eleições. Outro modo de sistema majoritário ocorre quando é realizado um segundo turno entre os mais votados caso nenhum dos candidatos alcance a maioria total dos votos (BONAVIDES, 2018). O sistema majoritário é mais simples, ainda que o escrutínio seja de dois turnos, o entendimento pelo público votante é maior, e esta é uma das características positivas deste modelo. Esse sistema acaba por beneficiar o bipartidarismo, já que em longo prazo, os principais partidos tendem a se tornar dominantes perante a outros menores pela influência tanto política quanto econômica que exercem (BONAVIDES, 2018). O principal efeito negativo do sistema bipartidário já é dado nessa característica, defeito também observado por Dahl (1998): [...] essa redução drástica das alternativas disponíveis debilita seriamente a liberdade de escolha dos eleitores. As eleições podem ser perfeitamente livres, [...] mas com certeza não são nada justas, porque negam às minorias a representação. (DAHL, (1998) p. 153) Porém, o mesmo atributo também é atribuído como um efeito positivo, tanto por Robert Dahl quanto por Arend Lijphart pelo mesmo motivo, segundo LIJPHART (1999) um dos benefícios do bipartidarismo é este sistema dar ao eleitor duas opções, de modo que o seu voto seja claro, já que ambas apresentam diretrizes distintas, a sua escolha é simplificada. Já o sistema proporcional leva em consideração os votos do partido para eleger os seus candidatos. A ideia desse sistema, é dividir o número de cadeiras proporcionalmente à representação ideológica da nação, o partido que receber a maioria dos votos elegerá mais representantes, porém partidos menores também conseguem eleger, ainda que não ocupem muitas cadeiras. Um dos efeitos negativos do sistema é a sua complexidade: é preciso um cálculo e muitas determinações constitucionais para determinar quantos candidatos cada partido elege a partir do número de votos que recebeu, e a compreensão do modelo pela população pode ser dificultada. Os primeiros a utilizarem este sistema foram os belgas, mas atualmente é utilizado no mundo todo. Muitos países também utilizam-no de forma híbrida, como no caso do Brasil, que concentra o sistema majoritário nas eleições do executivo dos senadores e o proporcional nas eleições dos demais cargos do legislativo (BONAVIDES, 2018). O principal fator positivo deste modelo é a representação de minorias, que conseguem eleger seus representantes ainda que estejam em partidos menores. Além disso, o próprio sistema incentiva a pluralidade de ideias, fomentando a criação de novos partidos (BONAVIDES, 2018), na tentativa de representar cada pensamento político e ideologia, portanto, favorece o multipartidarismo. O principal efeito positivo do multipartidarismo é o supracitado: a representação política de minorias. De acordo com Bonavides (2018): “oferece então um quadro político mais autêntico e mais compatível talvez com a realidade contida no pluralismo democrático da sociedade ocidental de nosso tempo.” Apesar disso, um dos problemas do multipartidarismo é justamente o número de partidos existentes, um grande número de partidos e legendas pode levar a uma complexidade muito grande e indesejada nas negociações parlamentares, além da criação de partidos apenas para se eleger. A fim de barrar a criação desenfreada de partidos, muitos países criam a Cláusula de Barreira em suas constituições, além de fortes burocracias para a criação destes, medidas que funcionam para diminuir as mazelas do multipartidarismo mas que podem impedir a ascensão política de minorias que estão em busca de representação. REFERÊNCIAS BONAVIDES, Paulo (2018). Ciência Política. 25a ed. São Paulo: Malheiros Editores. DAHL, Robert A. [1998]. Sobre a Democracia. Brasília: Editora UnB, 2001. LIJPHART, Arend [1999]. Modelos de democracia: Desempenho e padrões de governo em 36 países. Rio de Janeiro: Ed. Civilização brasileira, 2003.
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