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Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Produção TEP Ergonomia e Análise do Trabalho TEP00164 3ª e 5ª – 11 às 13h Profª Denise Alvarez ATIVIDADE 3 Segundo o artigo lido, de Nascimento & Messias (2018), a expansão da indústria de carnes no Brasil levanta importantes questões de saúde pública. Em 2017, o país exportou em carnes bovinas o equivalente a 6,2 bilhões de dólares, alcançando um faturamento 13% maior em relação a 2016; já em volumes do embarque foram 1.533 mil toneladas, correspondendo a um aumento de 9% no mesmo período do ano anterior. De acordo com órgãos fiscalizadores, essa expansão tem sido responsável pelo aumento de doenças musculo-esqueléticas e acidentes de trabalho sofridos pelos trabalhadores do setor de produção. Estudos realizados no Brasil, mas também na França, no Canadá e Suécia, apontam que os fatores de risco são inúmeros, tanto físicos quanto psicossociais. Considerando essa realidade apresentada no texto e no documentário do Ministério Público, a NR17, a NR36 e a tabela de riscos ocupacionais apresentada em aula, respondam as seguintes questões: 1)Identifiquem os riscos presentes na situação de trabalho apresentada no filme, segundo a tabela de riscos da legislação. Digam quais são e tragam exemplos de cada um na situação. (4,0) Na situação de trabalho observada no filme, pode-se identificar: ● Riscos físicos o Ruído e ou som muito alto: barulho das máquinas, com trabalhadores precisando usar fones (EPI’s); o Oscilações e vibrações mecânicas: provenientes das mais diversas máquinas e ferramentas utilizadas, como serras, máquinas de corte etc.; o Frio e ou calor: temperatura de 8ºC na indústria frigorífica de suínos, sendo que deveria ser por volta de 12º C. ● Riscos ergonômicos o Esforço físico intenso: trabalhadores no abatedouro bovino, por exemplo, onde o cansaço era visível; o Exigência de postura inadequada: pode ser observado pelos relatos de trabalhadores com problemas na coluna decorrentes desse tipo de trabalho, trabalhadores ficando em pé por várias horas seguidas gerando desconforto e postura inadequada; o Controle rígido de produtividade: pode ser observado quando é citado que se deve encher uma caixa de 20kg de peito de frango em 6,5 minutos; caso não encha, deverá encher duas nos próximos 6,5 minutos; o Imposição de ritmos excessivos: aceleração da esteira para aumento da produção (principalmente quando há exportação); o Trabalho em turno e noturno: trabalho em turno com longas jornadas de trabalho, de 5 da manhã até 4 da tarde, por exemplo; o Jornada de trabalho prolongado: é citado várias vezes a quantidade de horas extra que são feitas, e muita das vezes nem pagas; o Monotonia e repetitividade: movimentos extremamente repetitivos (corte de coxa de frango, por exemplo) e que ultrapassam o limite de número de movimentos seguros por minuto (sendo de cerca de 3x mais); posteriormente são mostradas diversas doenças causadas por tal repetitividade; o Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico: a própria cobrança de supervisores diretamente no trabalho, não tendo tempo nem de ir ao banheiro por exemplo; também o medo de informar sobre problemas físicos causados pelo trabalho, com medo de perder o emprego, resultando em ingestão de analgésicos diariamente por parte dos trabalhadores afetados. ● Riscos de acidentes o Arranjo físico inadequado: como por exemplo no abatedouro que possuía estrutura para funcionar abatendo 100 bois por dia; porém, operava abatendo o quádruplo, cerca de 400 bois, não respeitando assim regras de segurança etc.; o Máquinas e equipamentos sem proteção: máquinas de corte com a serra exposta, sendo passível de ocorrer um acidente por isto; o Outros fatores que podem contribuir para a ocorrência de acidentes: sangue no chão do abatedouro, por exemplo, podendo causar escorregamentos. 2) Listem 3 itens da NR36 que já estão presentes na situação apresentada no filme. (1,5) Item 36.8.5: Os equipamentos manuais, cujos pesos forem passíveis de comprometer a segurança e saúde dos trabalhadores, devem ser dotados de dispositivo de sustentação. Pode ser observado no manuseio de serras-elétricas, por exemplo; Item 36.10.1.3: As luvas devem ser: a)compatíveis com a natureza das tarefas, com as condições ambientais e o tamanho das mãos dos trabalhadores; b)substituídas, quando necessário, a fim de evitar o comprometimento de sua eficácia. No filme é observado o uso de luvas nos frigoríficos em todos os momentos, com diferentes tipos de luvas para diferentes atividades; Item 36.4.1.5: Caso a peça não seja de fácil manuseio, devem ser utilizados meios técnicos que facilitem o transporte da carga. Neste caso, pode ser uma esteira, a própria alça em que os animais são presos etc.. 3) Listem 3 itens da NR36 que não estão contemplados na situação apresentada no filme. (1,5) Item 36.13.9: As saídas dos postos de trabalho para satisfação das necessidades fisiológicas dos trabalhadores devem ser asseguradas a qualquer tempo, independentemente da fruição das pausas. No filme há o relato de um trabalhador que fala que a ida ao banheiro só é possível com a autorização do supervisor da área; Item 36.14.5: Na organização do processo e na velocidade da linha de produção deve ser considerada a variabilidade temporal requerida por diferentes demandas de produção e produtos, devendo ser computados, pelo menos, os tempos necessários para atender as seguintes tarefas: a)afiação/chairação das facas; b)limpeza das mesas; c)outras atividades complementares à tarefa, tais como mudança de posto de trabalho, troca de equipamentos e ajuste dos assentos. No filme, essa variabilidade temporal não é considerada, a velocidade da linha de produção é determinada somente pela meta produtiva e pela capacidade produtiva média para o trabalhador anteriormente estipulada; Item 36.9.5.1: Devem ser adotadas medidas preventivas individuais e coletivas - técnicas, organizacionais e administrativas, em razão da exposição em ambientes artificialmente refrigerados e ao calor excessivo, para propiciar conforto térmico aos trabalhadores. No filme, os trabalhadores ficam em um ambiente refrigerado somente com um moletom, não existindo conforto térmico. 4) Listem 2 itens da NR17 que são contemplados na situação de trabalho apresentada no artigo. (1,0) O item b) da seção 17.6.3. da NR 17 é descrito da seguinte maneira: Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte: devem ser incluídas pausas para descanso; (117.030-9 / I3). Isso não é observado no trabalho do frigorífico, uma vez que os trabalhadores descrevem não ter tempo para manter o protocolo de higiene, que exige trocar as facas para cada parte do boi. Além disso, também é dito que pausas “esfriam o sangue”, perdendo produtividade e assim, não o fazem. Já a seção 17.3.2 temos que “Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais. (117.009-0 / I2)”. Esse ponto parece de acordo quando citam o posto de trabalho com as facas com cabos de cores diferentes, apesar do uso adequado dessas não ser possível devido ao ritmo acelerado da nóira. 5) Quais as vantagens e desvantagens percebidas pelos operadores em relação a implantação do rodízio de funções, na situação de trabalho apresentada no artigo. (2,0) Onze dos dezesseis trabalhadores que se voluntariaram para contribuir com a pesquisa não se mostraram contrários ao rodízio de postos. Como vantagens, os trabalhadores citam a possibilidade de aprendizado e quebra da monotonia. O último ponto também é levantado quando tratam da velocidade da nória: veem comopositivo a alta velocidade da linha (120 m/h), atribuindo a ela um ritmo que não permite sentir sono e terminar o turno mais cedo. Isso se dá porque a jornada de trabalho imposta pelo frigorífico é medida por abates e não por horas. Já as desvantagens acusadas pelos trabalhadores dizem respeito ao trabalho coletivo, ritmo da linha, à remuneração e a pressão de fontes contraditórias. Durante as entrevistas coletivas, os trabalhadores citam como alguém sem a competência necessária pode não conseguir fazer os cortes a tempo, parando a nória para correção, ou fazendo cortes errados que prejudicam os próximos postos de trabalho. Além disso, também sofrem pressão de pecuaristas no corte para pesagem, incluindo ameaças de morte, e dos próprios colegas de trabalho para não danificar o couro, prejudicando a remuneração extra que o curtume oferece pela boa condição do couro.
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