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Raiva Humana

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[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
PROBLEMA 02 – RAIVA – ENFERMIDADES 
 RAIVA / ENCEFALITE RÁBICA / HIDROFOBIA 
- Antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus presente na saliva e secreções do animal infectado, a partir da mordedura, 
lambedura ou arranhadura; 
- Doença infecciosa aguda que cursa com encefalite progressiva, rápida, com letalidade de 100%; 
- Apenas mamíferos transmitem e adoecem pelo vírus da raiva; 
- A palavra raiva tem origem do latim de rabere, que significa fúria ou delírio, e rabhas do sânscrito, que significa tornar-se violento; 
1. EPIDEMIOLOGIA 
 
 
- A raiva apresentou ocorrência diminuída nos últimos anos, mas continua como um problema de saúde pública devido à alta gravidade do seu 
acometimento e ao alto custo na assistência, profilaxia e controle da doença; 
- A raiva ocorre em todos os continentes, com exceção da Oceania e da Antártida; 
- É uma doença endêmica nos países africanos e asiáticos; 
- Não apresenta distribuição uniforme, existindo áreas livres e outras de alta incidência; 
- Pode ocorrer de forma epizoótica, em que quase todos os casos morrem; 
- É uma doença endêmica no Brasil, com grandes variações entre as regiões do país; 
- Entre 1990 a 2009 foram registrados 574 casos de raiva humana, apresentando como principal espécie agressora o cão até 2003 e a partir de 
2004 o morcego – 82% dos casos ocorreram nas regiões Norte (Pará e Rondônia) e Nordeste (Maranhão, Bahia, Pernambuco, Ceará e Alagoas); 
- Entre 2000 e 2009, anualmente 425.400 pessoas procuraram atendimento médico por terem sido expostas ao vírus da raiva, dessas mais de 
64% receberam a profilaxia pós-exposição; 
- Na década de 1990 havia uma média de 875 casos de raiva canina ao ano, atingindo cerca de 64 casos entre 2005 e 2009, porém ainda com 
elevado número de casos do ciclo rural, com aumento da detecção de casos de raiva em morcegos e em animais de produção; 
- No Brasil, são vacinados cerca de 24 milhões de cães e gatos/ano contra raiva; 
- O número de casos de raiva no Brasil assume a casa de um dígito (< 10), alcançando em 2016 a meta de zero casos; 
2. ETIOLOGIA 
 
- Espécie Rabies vírus (RABV), da família Rhabdoviridae e do gênero Lyssavírus (inclui vírus da 
raiva e aparentados); 
- O gênero Lyssavirus apresenta 8 genótipos, mas apenas o genótipo 1 (Rabies vírus – RABV) 
é presente na América latina e no Brasil; 
- Rabies Vìrus (RABV) – apresenta 12 variantes antigênicas, conforme os hospedeiros naturais 
-> variantes 1 e 2 nos cães, variante 3 no morcego hematófago Desmodus rotundus e 
variantes 4 e 6 no morcego insetívoro Tadarida brasiliensis e Lasiurus cinereus; 
- Vírus Rábicos Clássicos – (vírus de rua) cepas isoladas de animais infectados em ciclos de transmissão natural da doença, com período de 
incubação variável; (vírus fixo) cepas utilizadas na produção de vacinas e nos testes laboratoriais, com período de incubação fixo de 4 a 7 dias; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
- Vírus de RNA de fita simples, não fragmentado, envolto por 2 capas de natureza lipídica, juntamente a nucleoproteína (associada ao RNA viral 
- protege das ribonucleases, regula a transcrição do RNA, participa da encapsidação de novos RNA sintetizados e do transporte intraneural), 
proteína L (RNA-polimerase, que realiza a transcrição e replicação do RNA viral) e proteína P (fosfoproteina – participa do transporte intraneural) 
– ribonucleocapsídeo; 
- Vírus rábico em forma de projétil, com uma exterminada plana e outra arredondada, envolto por envelope (glicoproteína + proteína matrix) e 
espículas; 
- Antígenos Principais: (de superfície) glicoproteína responsável pela formação de anticorpos neutralizantes, pela estimulação de células T, pela 
adsorção vírus-célula e pela fusão do envelope viral à membrana citoplasmática; (interno) nucleoproteína grupo específico, pois age na resposta 
imune celular; 
- Sensível aos solventes de lipídeos (sabão, éter, clorofórmio e acetona), a etanol a 45 a 70%, a preparados iodados e aos compostos de amônia 
quaternária; 
- Adsorção Vírus-Célula – é realizada pela glicoproteína em ligação receptor celular-antirreceptor viral, que permite que o vírus penetre na célula 
por endocitose; 
- Dentro da célula, o ribonucleocapsídeo do vírus é liberado no citoplasma, onde o RNA negativo se replica, originando o RNA mensageiro (ciclo 
de transcrição primária), que codifica 5 proteínas e novos genomas, sendo esses encapsulados e liberados nas membranas celulares por 
brotamento; 
3. CADEIA EPIDEMIOLÓGICA DE TRANSMISSÃO 
 
- Apenas os mamíferos transmitem e são acometidos pelo vírus da 
raiva -> todos os mamíferos são suscetíveis, pois a imunidade não 
ocorre de forma natural, sendo adquirida pelo uso da vacina ou por 
imunidade passiva; 
- Os principais reservatórios do vírus da raiva são os mamíferos das 
ordens Carnivora e Chiroptera; 
- Como o vírus da raiva apresenta alta capacidade de adaptação em 
diferentes espécies de mamíferos, define-se 4 ciclos de 
transmissão, com o ser humano como hospedeiro final em todos os 
ciclos; 
- Ciclos de Transmissão da Cadeia Epidemiológica: urbano, rural, 
silvestre aéreo e silvestre terrestre; 
a. CICLO URBANO 
- Principais fontes de infecção: cães e gatos; 
- Ciclo Primário - infecção causada pelas variantes 1 e 2 do vírus da raiva, quando a raiva permanece na população canina sem o efetivo controle 
por meio da vacinação sistemática; 
- Ciclo Secundário – infecção causada pelas variantes antigênicas dos morcegos hematófagos ou não hematófagos (ex.: gatos que capturam 
morcegos frugívoro contaminado) passadas para os cães e gatos, que também podem ser transmitidos para humanos – ciclo morcego-
gato/cachorro-homem; 
- O ciclo urbano é passível de eliminação, devido à existência de medidas eficientes de prevenção em relação ao homem e à fonte de infecção 
b. CICLO RURAL 
- O morcego hematófago (alimenta-se do sangue desses animais) ou cães raivosos (agridem esses animais) transmitem a raiva aos animais 
domésticos de interesse econômico do meio rural; 
- Fonte de infecção: animais de produção da zona rural, como bois, búfalos, cavalos, mulas, asnos, caprinos, ovinos e suínos; 
**os herbívoros não transmitem a doença ao outro, pois não são espécies agressoras** 
- Apresenta forte impacto econômico à agropecuária e representa risco à saúde pública, devido à possibilidade de transmissão aos humanos por 
manipulação de animais raivosos, sem o esquema pré-exposição; 
c. CICLO SILVESTRE AÉREO 
- Fonte de infecção: quirópteros/morcegos de todas as espécies; 
- Os morcegos mantêm o vírus rábico, transmitindo a doença de um a outro, hematófago ou não; 
- Não são portadores sãoes, pois transmitem a doença, apresentam sintomas e chegam à morte; 
- A presença de morcegos das diferentes espécies, infectados pela raiva, nos centros urbanos, representa riscos à saúde pública; 
 
- Morcegos Hematófagos (Desmodus rotundus) – morcegos que sugam sangue, 
apresentando como fonte alimentar principalmente os bovinos, porém podem agredir os 
seres humanos quando ocorre ausência de outras fontes alimentares ou alterações 
ambientais provocadas pela intervenção humana no meio ambiente, que modifica o 
ambiente de forma rápida, como as áreas de extração mineral ou vegetal e as hidroelétricas 
- existem na América Latina, do México até a metade da Argentina, apresentando como áreas 
de alto risco a região Amazônica do Brasil, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela – costumam 
morder os pés, lábios, orelhas, nariz, couro cabeludo, testa e locais descobertos durante a 
noite, provocando uma única lesão, de forma elíptica; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
- Morcegos Insetívoros (Lasiurus spp.) – apresentam inúmeras variantes do vírus da raiva, sendo os principais transmissores da raiva humana 
em países que não há raiva canina, nem morcegos hematófagos, mesmo sem histórico de contato ou agressão– o contato ou mordedura com 
esses ocorre de forma acidental ao serem manipulados ou pisoteados, ocorrendo mordedura defensiva, que gera lesões puntiformes e 
pequenas; 
d. CICLO SILVESTRE TERRESTRE 
- Fontes de infecção na cadeia silvestre: raposas vermelha e cinzenta, cachorro do mato, gatos do mato, jaritatacas, mão pelada, gambás, saruês, 
saguis, chacais, mangostas, raccon-dog, guaxinin raccon e sagui-do-tufo-branco – apresentam diferentes relações com a transmissão conforme 
o continente e a localidade; 
- Os carnívoros silvestres apresentam diversas variantes antigênicas e genéticas do vírus da raiva; 
4. PERÍODO DE INCUBAÇÃO E TRANSMISSIBILIDADE 
a. PERÍODO DE INCUBAÇÃO 
 
- Período entre o momento que o agente infeccioso penetra no organismo até o 
aparecimento dos sintomas da raiva; 
- Fatores que o determinam: (1) localização, extensão e profundidade da mordedura, 
arranhadura, lambedura ou contato com a saliva de animais infectados; (2) distância entre o 
local do ferimento, do cérebro e troncos nervosos; (3) concentração de partículas virais 
inoculadas e cepa viral; 
- O período de incubação longo favorece a manutenção da doença de forma enzoótica; 
- Para cada espécie animal o período de incubação é diferente, podendo variar de 15 dias a 4 meses, com exceção dos morcegos; 
- No homem o período de incubação pode variar de 4 dias a 6 meses, apresentando tempo médio de incubação no homem de 45 dias – devido 
à variabilidade do período de incubação, a profilaxia da raiva humana pós-exposição deve ser iniciada de imediato, mesmo com procura tardia 
de até 1 ano; 
- O tempo de incubação das crianças tende a ser menor que no indivíduo adulto; 
b. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE 
- Período em que existe a possibilidade de transmissão do agente infeccioso a um outro organismo; 
- Varia de espécie para espécie, mas inicia-se antes do aparecimento dos sintomas e perdura durante todo o quadro clínico, até a morte; 
- A presença do vírus rábico na saliva de forma intermitente é importante na transmissão; 
- Cães e Gatos – começam a eliminar o vírus pela saliva 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e continuam a eliminar durante toda 
a evolução da doença, até a morte – morrem 5 a 7 dias após a apresentação dos sintomas, podendo ainda infectar pessoas pela manipulação ou 
ingestão de órgãos, vísceras e secreções – fundamenta a observação do animal por 10 a 15 dias após os acidentes, para detecção da alteração 
de hábitos, comportamento, fuga ou morte; 
- Quirópteros – podem albergar o vírus e transmiti-lo por um longo período de tempo, sem sintomatologia aparente; 
5. TRANSMISSÃO 
a. PERCUTÂNEA - MORDEDURA, ARRANHADURA E LAMBEDURA 
- Introdução do vírus pela mordedura, pela arranhadura ou pela lambedura da pele com ferimento já existente ou da mucosa íntegra; 
- A mucosa da boca, narinas e olhos, são finas e friáveis, com propriedade absortiva, que pode propiciar a introdução do vírus da raiva, mesmo 
quando íntegra; 
- A arranhadura por unha de gato profunda pode introduzir o vírus, pois o gato apresenta o hábito de se lamber; 
- Forma de transmissão mais frequente, ocasionada pela deposição da saliva com o vírus rábico em pele ou mucosa, que apresentam os 
receptores do vírus; 
- O vírus ao penetrar no organismo se multiplica no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e o central, dissemina-se para 
vários órgãos e glândulas salivares, sendo eliminado pela saliva das pessoas ou animais enfermos; 
b. VIA RESPIRATÓRIA 
- Ocorre pela inalação de aerossóis contendo o vírus da raiva; 
- Associa-se à penetração do vírus pela mucosa da orofaringe ou das vias aéreas superiores; 
- Os casos comprovados dessa via associam-se a entrada em cavernas com morcegos infectados e a manipulação do vírus, em laboratório, sem 
EPI e sem o esquema pré-exposição; 
c. ZOOFILIA 
- Penetração do vírus pela pele e mucosa da região genital, devido à prática sexual com animais; 
- Existem relatos de 2 casos no Brasil por essa transmissão; 
d. INTER-HUMANA 
- Ocorre quando se desconhece que a primeira pessoa morreu de raiva (caso índice) e não se faz a suspeita do caso secundário, para quem 
transmitiu; 
- Existem relatos de 2 casos no mundo; 
- Diante de um caso de raiva humana, os comunicantes devem ser avaliados individualmente, podendo ser indicado a profilaxia da raiva humana 
pós-exposição; 
 
 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
e. TRANSPLANTE DE CÓRNEA 
- São descritos na literatura 8 casos de raiva em pessoas que receberam córnea de doadores mortos pela raiva, sem suspeita clínica da raiva 
como causa do óbito; 
f. TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS 
- Na literatura, existe o relato de casos comprovados de transmissão inter-humana, que ocorreram por meio de transplante de órgãos; 
- Torna necessário a avaliação do histórico dos doadores de órgãos e das circunstâncias do óbito, para que seus órgãos sejam transplantados 
para outras pessoas; 
g. VIA TRANSPLACENTÁRIA E TRANSMAMÁRIA 
- Transmissão Vertical – descrita em animais, mas sem casos cientificamente comprovados no ser humano; 
- Em caso de grávidas e puérperas com raiva, as crianças recebem esquemas com todas as doses de vacina contra raiva e soro antirrábico de 
origem humana; 
h. INGESTÃO DE CARNE, LEITE E DERIVADOS 
- Difícil, pois exige alta carga viral e/ou ferimentos em orofaringe para transmissão, pois o suco gástrico, devido à sua acidez, inativa o vírus da 
raiva; 
i. MANIPULAÇÃO DE CARCAÇAS E/OU INGESTÃO DE CARNE 
- Existem relatos de 2 casos no mundo, relacionados à manipulação ou ingestão de carne de animais portadores de raiva; 
6. FISIOPATOGENIA 
 
- É semelhante em todas as espécies de mamíferos; 
- O vírus é inoculado no tecido a partir da mordedura, arranhadura 
ou lambedura de mucosas e/ou pele lesionado; 
- Período de Replicação Extraneural - o vírus permanece latente no 
ponto de inoculação, multiplicando-se inicialmente nas células 
musculares das fibras musculares ou nas células do tecido 
subepitelial, até que atinja a concentração suficiente para alcançar 
as terminações nervosas – corresponde ao período de incubação 
longo da raiva; 
**a variante isolada dos morcegos insetívoros apresenta boa 
replicação nas células da derme, garantindo o sucesso dessa 
variante, pois a mordedura dessa espécie é superficial** 
**os vírus fixos não necessitam da replicação intensa nas células 
musculares, atingindo mais rapidamente os nervos periféricos** 
- Nas junções neuromusculares, o vírus rábico se liga especificamente ao receptor nicotínico da acetilcolina (nAchR) pela glicoproteína, à 
molécula de adesão da célula neuronal (NCAM) e ao neurorreceptor p75 (p75NTR); 
- A propagação do vírus é passiva, seguindo um trajeto centrípeto, em direção ao sistema nervoso central, a partir do fluxo axoplasmático 
retrógrado e do transporte célula a célula pelas junções sinápticas, protegido pela camada de mielina – o genoma viral se desloca até 100 mm/dia 
até alcançar o sistema nervoso central; 
- A distribuição do vírus rábico não é homogênea no SNC (varia conforme a espécie), apresentando como regiões mais atingidas: hipocampo, 
tronco cerebral, medula e células de Purkinje no cerebelo – os sintomas associam-se à localização anatômica no cérebro; 
- A partir da intensa replicação no SNC, o vírus da raiva segue em direção centrífuga, disseminando-se pelo sistema nervoso periférico e 
autônomo para vários órgãos (pulmões, coração, rins, bexiga, útero, testículos, folículos pilosos) e glândulas salivares, onde também se replica 
e é eliminado na saliva das pessoas ou animais infectados; 
- Em meio à disseminação periférica, o vírus atinge as terminações nervosas sensoriais do tecido cutâneo da cabeça e pescoço, podendo 
demonstrar a presença do antígeno viral nessa região – a biópsia do folículo piloso da região da nuca pode ser usada para diagnóstico in vivo 
por imunofluorescência direta ou PCR; 
- A viremia duranteo processo de disseminação viral é fugaz e temporária, não apresentando importância significativa; 
- Inclusões Intracitoplasmáticas de Negri – lesões histopatológicas patognomônicas para a raiva, porém sua ausência não invalida o diagnóstico 
da raiva, podendo estar ausente nos casos de evolução rápida (período de incubação curto e óbito precoce); 
- Formam-se vacúolos nas células do sistema nervoso, gerando aspecto esponfigorme; 
**as células neuroepiteliais olfativas são uma via alternativa de penetração viral, resultando em uma infecção com baixa eficiência** 
- A infecção pelo vírus da raiva não causa uma grande reação inflamatória, com destruição dos tecidos e alterações neuropatológicas, como a 
maioria das encefalites, assim a doença ocorre por disfunção neuronal e não pela morte celular; 
- Disfunção Neuronal na Raiva – deve-se às anormalidades na neurotransmissão, envolvendo o GABA (ácido gama aminobutírico); 
a. RESPOSTA IMUNE ESPECÍFICA 
- Ocorre de forma mediada por anticorpos e mediada por células; 
- Devido ao extremo neurotropismo do vírus da raiva, esse ultrapassa as defesas imunes do hospedeiro por um longo período de tempo; 
- Durante o período de replicação extraneural, o vírus da raiva é capaz de induzir a produção de interferons, que podem inibir diretamente a 
replicação viral e a sua disseminação ou indiretamente ao induzir as reações das células imunes – importantes no início da infecção; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
- As células apresentadoras de antígeno (macrófagos, células dendríticas e células de Langherans), ao entrarem em contato com o vírus da raiva, 
o fagocita e o processa para apresentação às células imunes, ativando os linfócitos T auxiliares, que produzem diferentes citocinas; 
- As citocinas produzidas pelos linfócitos T auxiliares ativam diferentes células que atuam sobre a eliminação direta do vírus ou das células 
infectadas e que auxiliam na produção de anticorpos pelos linfócitos B; 
- Ao penetrar nos neurônios, a bainha neural de Schwann protege o vírus da raiva da ação dos anticorpos, das células do sistema imune e da 
ação dos interferons -> permite que durante a propagação passiva do vírus rábico pelos nervos, não ocorra a produção de anticorpos antirrábicos, 
que poderiam bloquear seu trajeto centrípeto em direção ao sistema nervoso central; 
- A estimulação dos linfócitos B para produção de anticorpos, ou seja, a possibilidade de neutralização da capacidade infecciosa viral, ocorre 
apenas após a invasão do sistema nervoso central e o aparecimento dos sintomas clínicos, quando a doença já adquiriu uma forma irreversível; 
**o título de anticorpos neutralizantes permanece baixo até a fase terminal da doença e atinge seu pico máximo próximo a morte** 
- Resposta Imune Mediada por Anticorpos – os anticorpos antirrábicos bloqueiam o vírus extracelular antes que ele encontre o receptor das 
células musculares, de modo a impedir sua propagação no local de infecção e sua progressão para o sistema nervoso central; 
- Resposta Imune Celular – formas como os linfócitos T participam da proteção: (1) os linfócitos T auxiliares estimulam as células B a produzirem 
anticorpos; (2) as células T citotóxicas causam lise nas células infectadas, induzem a síntese de substâncias mediadoras da estimulação de 
diferentes células e agem como células de memória imunológica; 
- Apoptose – mecanismo do hospedeiro para limitar a disseminação viral, que gera alterações no núcleo celular, com aglomeração de cromatina 
e clivagem do DNA, fazendo com que a célula se encolha, até morrer ou até se fragmentar e ter seu material fagocitado – não gera inflamação; 
7. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
 
 
- A raiva ocorre em 32 a 62% das pessoas 
expostas ao vírus, que não receberam 
tratamento profilático, dependendo da 
espécie agressora, gravidade da 
exposição, local da lesão, carga viral, 
presença e espessura de roupa e da 
lavagem dos ferimentos; 
a. FASE PRODRÔMICA 
- Apresenta sinais clínicos inespecíficos, que perduram por 2 a 10 dias; 
**nem todas as manifestações clínicas fazem-se presentes em todo caso** 
- Sinais e Sintomas Gerais - mal-estar geral, febre moderada (pequeno aumento de temperatura), cefaleia, tonturas, dores vagas e/ou 
generalizadas pelo corpo, entorpecimento, irritabilidade, inquietude, sensação de angustia, alterações de comportamento e linfoadenopatia 
dolorosa à palpação; 
- Alterações Locais – prurido e/ou parestesia assimétrica (coceira com formigamento ou sensação de arrepio e queimação local), que se inicia 
ao redor do local da agressão e pode assumir o trajeto dos nervos periféricos próximos ao local de mordedura – a parestesia evolui para paresia 
e depois para paralisia flácida; 
- Sinais e Sintomas Relacionados com a Orofaringe, Garganta e Deglutição – dor de garganta, disfagia e/ou odinofagia (dificuldade ou dor ao 
deglutir – fundamente o quadro de desidratação, pois apesar da sede o paciente recusa a ingerir líquidos e a engolir a própria saliva, babando-
a), sialorreia, tosse seca, rouquidão, pigarro; 
- Sinais e Sintomas Gastroentéricos – anorexia, náuseas, vômitos, dor abdominal (vaga e difusa), obstipação intestinal, diarreia e/ou disenteria 
ou fezes sanguinolentas e hemorragia digestiva; 
- Alterações Relacionadas ao SNC – períodos de desorientação, diminuição auditiva ou surdez, diplopia (visão dupla), nistagmo, visão turva, 
estrabismo, retenção e incontinência urinária, priapismo (acompanhado ou não de aumento da libido ou do apetite sexual); 
**muitos desses sinais e sintomas podem perdurar durante a fase neurológica aguda da doença** 
b. FASE NEUROLÓGICA AGUDA 
- Sinais e sintomas provocados pela intensificação da proliferação do vírus da raiva nas estruturas do SNC; 
- Perdura por 2 a 7 dias, com recrudescimento dos sinais e sintomas durante o curso normal da doença, podendo se prolongar a depender da 
assistência hospitalar a que o paciente for submetido; 
- Nessa fase, as manifestações da fase prodrômica podem perdurar e se intensificar, com as alterações relacionadas ao SNC evoluindo para 
bexiga neurogênica (facilita a infecção do trato urinário), alterações gastrointestinais evoluindo para úlceras esofágicas, hematêmese, 
enterorragia, íleo paralítico e pancreatite, entre outros; 
- Pode ocorrer na forma furiosa ou na forma paralítica; 
- O paciente se mantém consciente, com períodos de alucinações, até que se instale o quadro comatoso e a evolução para o óbito; 
- Sem suporte cardiorrespiratório o paciente evolui para o óbito entre 5 e 7 dias na forma furiosa e em até 14 dias na forma paralítica; 
 
 
 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
 Forma Furiosa 
- A infecção progride com manifestações de ansiedade, nervosismo, insônia, apreensão, agitação, agressividade, depressão, alterações do 
comportamento e exacerbação das características próprias da personalidade (pessoas agressivas tornam-se mais irritadiças e as tímidas mais 
deprimidas); 
- Apresenta hiperexcitabilidade crescente, febre, delírios, espasmos musculares involuntários e/ou convulsões; 
- As crises convulsivas podem se alterar com o torpor; 
- Ocorre a manifestação das fobias, como a hidrofobia, aerofobia e fotofobia – esses estímulos, após provocarem “convulsões”, fazem com que 
o paciente tenha aversão diante da visão de um copo com água, do ruído de torneira aberta ou de chuveiro, da corrente de ar ao se abrir uma 
porta e da luz; 
- Hidrofobia - quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, ocorrem espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua, gerando sialorreia 
intensa; 
- O quadro se agrava com hiperacusia, hiperosmia (sons e odores exacerbados), espasmos faríngeos, confusão, delírio, alucinações, evidente 
presença de hiperatividade e espasmos (involuntários, podendo atingir a musculatura respiratória) ou convulsões locais ou generalizadas, 
desencadeados por estímulos; 
 Forma Paralítica 
- A parestesia evolui para aparesia (dormência, fraqueza ou cansaço em membro, com perda incompleta do tônus muscular, iniciada no local 
da agressão), que evolui para paralisia muscular flácida precoce (perda ou incapacidade da função muscular); 
- A sensibilidade é preservada; 
- Apresenta febre elevada (> 40°C) e intermitente, acompanhada de sudorese; 
- O quadro de paralisia leva a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal; 
- Observa-se os espasmos musculares da laringe e faringe, mas a hidrofobia não é percebida claramente; 
c. COMA 
- O torpor aumenta, fazendo com que o paciente entre em coma; 
- Pode ocorrer hipoventilação, apneia, pneumotórax, infecções secundárias, hipotensão arterial e arritmia cardíaca, sobrevivendo à insuficiência 
respiratória; 
- A duração pode ser prolongada com o coma induzido; 
d. ÓBITO 
- As principais causas de morte são a disautonomia (bradicardia, bradiarritmia, taquicardia, taquiarritmia, hipo ou hipertensão arterial) e a 
insuficiência respiratória – pode ocorrer tanto na forma furiosa, quanto na paralítica; 
- Comumente, com o curso normal da doença ocorre em cerca de 5 a 7 dias, mas com o tratamento pode ocorrer em até 133 dias; 
8. DIAGNÓSTICO 
- Deve ser considerado em pacientes que apresentam encefalopatia de causa desconhecida; 
a. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 
- Importância: (1) confirmação dos casos suspeitos; (2) diagnóstico diferencial de outras encefalites; (3) determina a conduta médica em relação 
à necessidade da profilaxia da raiva humana; (4) avaliação das medidas de controle em áreas de epizootia; (5) avaliação dos programas de 
vigilância epidemiológica para a raiva; 
- Diante de uma suspeita clínico-epidemiológica de raiva humana, deve-se comunicar diretamente à Secretaria Estadual de Saúde (SES), que 
propiciará as condições para coleta das amostras para o diagnóstico laboratorial; 
- Realiza-se coletas sucessivas, que são encaminhadas para o Laboratório de Diagnóstico do Estado, para confirmação diagnóstica e para 
acompanhamento do paciente em tratamento; 
- Os resultados laboratoriais são emitidos em até 72h após o recebimento das amostras; 
- O término da tentativa diagnóstica específica ocorre quando não há positividade das amostras examinadas no laboratório, retirando o paciente 
do protocolo para pesquisa de outro diagnóstico; 
 Em Vida 
- Nenhuma das técnicas isoladamente apresenta 100% de sensibilidade, mas o conjunto delas aumenta a probabilidade da confirmação 
laboratorial de uma suspeita clínico-epidemiológica de raiva humana; 
- O diagnóstico positivo é conclusivo, mas o diagnóstico negativo não exclui a possibilidade de raiva; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
 
- Imunofluorescência Direta (IFD) – examina amostras de tecido 
bulbar de folículos pilosos obtidos por biopsia de pele da região 
cervical (próximo ao couro cabeludo – usa-se bisturi descartável, 
que não deve ser reutilizado nem para coletar diferentes amostras 
de um mesmo paciente), raspado de mucosa lingual (swab), 
amostras de saliva (esfregaço – realizado antes da higienização 
bucal, da aspiração e dos procedimentos fisioterápicos) ou de 
tecidos de impressão de córnea (Cornea-test), realizando uma 
prova sorológica para detectar a reação antígeno-anticorpo sob 
análise microscópica – técnica rápida, sensível, específica, de custo 
não muito elevado - apresenta sensibilidade limitada em vida, de 
modo que quando negativa não se pode excluir a possibilidade de 
infecção; 
 
Prova Biológica (PB) – isolamento do vírus a partir da inoculação em camundongos ou cultura de células; 
Inoculação em Camundongos – manifesta-se com pelos arrepiados, falta de coordenação dos membros posteriores, paralisia e prostração, com 
posterior prova de imunofluorescência direta do tecido nervoso do animal - apresenta alto grau de especificidade, mas com resultados mais 
demorados, pois o tempo de incubação do vírus pode variar de 7 a 21 dias e a observação se prolonga por cerca de 30 dias; 
Cultivo do Vírus Rábico em Células – técnica com alta sensibilidade e especificidade, rápida (resultados em 72 a 96 horas) e menor custo; 
- Soroneutralização em Cultura Celular – detecta anticorpos específicos no soro ou líquido cefalorraquidiano (recolhido por punção lombar), em 
pacientes sem antecedentes de vacinação antirrábica – a sensibilidade dos testes depende da qualidade das amostras e do momento que foi 
coletada; 
**a presença de anticorpo no LCR, mesmo após vacinação, sinaliza infecção pelo vírus da raiva** 
- Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) – examina a saliva ou material de biópsia da pele da base do folículo piloso, da região da nuca - detecção 
e identificação de RNA do vírus da raiva; 
- Técnica Histológica (coloração de Sellers, Faraco, Giemsa e Mann) – detecta os corpúsculos de Negri (inclusões intracitoplasmáticas, acidófilas, 
com granulações basófilas, encontradas nos axônios e dendritos das células nervosas, formados por ribonucleoproteína das partículas virais em 
maturação - são patognomônicos para a raiva) – é rápido, prático e de baixo custo, mas com menor sensibilidade e especificidade de até 85%, o 
que limita sua utilização; 
 Após a Morte 
- Deve ser realizada caso o paciente antes ou depois do diagnóstico específico, a qualquer momento do tratamento, evolua a óbito; 
- Necrópsia – realizada com diversos fragmentos do sistema nervoso central (cérebro, tronco encefálico e cerebelo), que são conservados 
refrigerados (menos de 24h), congelados (mais de 24h) ou em solução salina com glicerina a 50% para a investigação laboratorial – realiza-se os 
testes de imunofluorescência direta, o isolamento viral em camundongos e o cultivo celular, tornando-se obrigatória a identificação da fonte de 
infecção em todos os casos a partir da tipificação antigênica- extrema importância para confirmação diagnóstica e para tipificação antigênica; 
b. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
- Para sua realização faz-se necessário uma boa anamnese, junto ao acompanhante, buscando destacar os sintomas prodrômicos, antecedentes 
epidemiológicos e vacinais; e um bom exame físico, buscando observar fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia, 
hidrofobia e alterações do comportamento; 
- 80% dos pacientes com raiva apresentaram quadro clínico com os sinais e sintomas característicos da raiva, precedidos por mordedura, 
arranhadura ou lambedura de mucosas provocadas por animal raivoso – não existe dificuldade diagnóstica; 
- Doenças Infecciosas: encefalites virais (causadas por outros rabdovírus, arbovírus, enterovírus, HIV, herpética), encefalite bacteriana, encefalite 
por parasitas, enteroviroses, pasteureloses por mordedura de gato e de cão, infecção por vírus B por mordedura de macaco, botulismo, febre 
por mordida de rato, febre por arranhadura de gato (linforretivulose beninga de inoculação), tularemia, tétano, poliomielite, malária cerebral, 
febre tifoide, bócio tireotóxico por vírus e infecção por campilobacter; 
- Doenças Não Infecciosas: síndrome de Guillain-Barré, encefalomielite difusa aguda (Adem), intoxicações (mercúrio, atropina, estricnina), 
encefalite pós-vacinal, reação à vacina contra raiva, AVE isquêmico, AVE hemorrágico, aneurisma cerebral, traumatismo craniano, acidente de 
trânsito, delirium tremens, uso de drogas ou abstinência; 
- Quadros Psiquiátricos: simulação ou reação histérica, intoxicação por piperazina ou prometazina e outras fenotiazinas, síndrome neuroléptica 
maligna – na maioria das vezes, já vem apresentando comportamento psiquiátrico alterado; 
 
 
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9. TRATAMENTO – PROTOCOLO DE RECIFE 
 
a. HISTÓRICO 
- A raiva é teoricamente incurável e fatal em paciente que não recebeu a vacina ou soro antirrábico, de 1970 a 2003 existe o histórico de 5 
sobreviventes, que foram contaminados pelo cão (3), morcego (1) e aerossol (1), e que iniciaram o esquema profilático com a vacina,mas sem 
receber o soro, desenvolvendo a raiva e sobrevivendo a essa; 
 - Em 2004 nos EUA conseguiu-se o 1º relato de tratamento da raiva humana, em um paciente exposto a um morcego, sendo replicado de forma 
adaptada no Brasil em 2008, na unidade de terapia intensiva do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da 
Universidade de Pernambuco, em Recife (PE), em um jovem de 15 anos de idade, mordido por um morcego hematófago, com eliminação viral 
e recuperação clínica; 
- Realizado pelo Protocolo de Milwaukee, que foi adaptado à realidade brasileira, pelo Ministério da Saúde, originando o Protocolo de Recife, 
que objetiva orientar a condução clínica de pacientes suspeitos de raiva, buscando reduzir a mortalidade da doença; 
b. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 
- Recomendado para todo paciente com suspeita clínica de raiva (quadro clínico já instalado), que tenha vínculo epidemiológico e profilaxia de 
raiva inadequada; 
- Paciente com manifestações sugestivas de raiva, com antecedentes de exposição de até um ano a uma provável fonte de infecção, ou 
procedente de regiões com comprovada circulação de vírus rábico; 
- Paciente que não recebeu esquema profilático de pós-exposição de raiva humana e que não venha a receber nenhuma dose de vacina contra 
a raiva ou aplicação do soro antirrábico; 
- Paciente que recebeu o esquema de pós-exposição incompleto, conforme as normas técnicas de profilaxia da raiva humana; 
- Paciente que não recebeu o esquema de pós-exposição em tempo oportuno; 
c. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 
- Pacientes sem história de febre; 
- Paciente com história de doença superior a 14 dias; 
- Paciente com doença que não tenha vínculo epidemiológico com a raiva; 
- Paciente com profilaxia de raiva humana pós-exposição completa e em tempo oportuno; 
- Confirmada outra doença; 
- Pacientes com doença associada grave ou incurável, ou com sequela neurológica prévia limitante, ou que o investimento terapêutico seja 
contraindicado; 
d. CONDUTA ANTES DE TER O DIAGNÓSTICO CONFIRMADO LABORATORIALMENTE 
- Todo paciente com suspeita clínico-epidemiológica de raiva humana deve ser conduzido em UTI, no serviço de referência do estado para 
tratamento de raiva; 
- O paciente deve ser colocado em isolamento de contato e a equipe hospitalar utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPI); 
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- Providencia-se precocemente acesso venoso central, sondagem vesical de demora e sondagem nasoenteral; 
- Dieta – inicia-se, o mais precocemente possível, dieta hipercalórica e hiperproteica, por via enteral, com acompanhamento nutricional para 
monitoração da provável perda ponderal significativa; 
- Mantêm-se paciente normovolêmico, usando soluções isotônicas; 
- Fornece suporte ventilatório, garantindo boa oxigenação, normoventilação e proteção pulmonar; 
- Caso o paciente apresente as indicações clássicas da intubação traqueal, deve-se realizá-la – exige vigilância quanto à possível hipersalivação; 
**para adaptação à ventilação mecânica realiza-se sedação com midazolam (0,03 a 0,6 mg/kg/h) associado a fentanil (1 a 2 mcg/kh/h)** 
- Administra-se nimodipina (60mg, via enteral, de 4/4h – medicamento que age diretamente nas células nervosas) e vitamina C (1g/dia, 
intravenosa); 
- Realiza-se profilaxia para trombose venosa profunda, para hemorragia digestiva alta e para úlcera de pressão; 
- Medidas para Redução do Risco de Lesão Neurológica Secundária: (1) cabeceira elevada a 30°, com cabeça centralizada em relação ao tronco, 
com mudança de decúbito a cada 3 horas; (2) PA média de 80 mmHg; (3) pressão venosa central entre 8 e 12 mmHg; (4) saturação periférica de 
oxigênio de 94%; (5) PaCo2 entre 35 e 40 mmHg; (6) pressão de platô das vias aéreas < 30 cm H2O; (7) hemoglobina 10g%; (8) natremia/ Na+ 
entre 140 e 150 mEq/L; (9) glicemia entre 70 e 110 mg%; (10) diurese > 0,5 ml/kg/h; (11) temperatura central entre 35 e 37°C; 
e. CONDUTA APÓS CONFIRMAÇÃO LABORATORIAL DA RAIVA 
- Mantém às medidas anteriores à confirmação do diagnóstico laboratorialmente; 
- Passos: indução do coma, uso de antivirais, reposição de enzimas e manutenção dos sinais vitais do paciente; 
- Sedação Profunda – indução do coma, com agentes antiexcitatórios - emprega-se midazolam (1mg/kg/h a 2 mg/kg/h – hipnótico, ansiolítico, 
anticonvulsivante e miorrelaxante) associado a ketamina (2 mg/kg/h – anestésico, com efeito hipnótico e características analgésicas); 
- Antivirais: amantadina (100 mg, via enteral, 12/12h – antiparkinsoniano, estimulante da liberação da dopamina, que age inibindo a liberação 
do ácido nucleico viral no citoplasma da célula) e biopterina (2mg/kg, via enteral, 8/8h); 
- Monitoração – (contínua) ECG, oximetria de pulso, capnografia, pressão arterial média, monitoração da escala de sedação (BIS ou EEG) e 
temperatura central; (intermitente) PA de 2/2h, pressão venosa central de 4/4h, glicemia capilar de 4/4h, balanço hídrico de 12/12h, 
temperatura central de 2/2h, densidade urinária de 4/4h e dosagem sérica de Na+ 2 vezes/dia; 
f. EXAMES E CONDUTAS CLÍNICAS SEQUENCIAIS 
 Exames Laboratoriais 
 
- Controles Necessários: sódio (2 vezes/dia), gasometria arterial, 
magnésio (diária), zinco (semanal) e hormônios tireoidianos 
(semanal); 
- LCR para Dosagem de Biopterina (Bh4) – em caso de deficiência 
de Bh4 realiza-se nova dosagem após 15 dias de reposição em dose 
máxima (5mg/kg/dia em duas tomadas por 2 dias + 10 mg/kg/dia 
em duas tomadas por 2 dias + 20 mg/kg/dia em duas tomadas, 
mantida por 4 a 6 meses); 
- LCR e Soro para Dosagem de Anticorpos Antirrábicos – a coleta de 
soro é realizada 2 vezes/semana e a de LCR 1 vez/semana – 
suspensão da realização: (1) nível de anticorpos entre 3 e 5 UI/ml 
no LCR, ou seja, aceitável para se retirar a sedação; (2) paciente fora 
do coma, após a suspensão da sedação, sem sinais de edema 
cerebral; (3) sem revelação rápida dos níveis de anticorpos ou seus 
títulos não sejam muito elevados; 
**em caso de altos títulos de anticorpos no LCR (> 10 UI/ml) ou elevação rápida, emprega-se para a imunomodulação, corticosteroides** 
**a suspensão da sedação é realizada de forma gradual com redução de 0,5 mg/kg/h de cada droga a cada 12h** 
- Saliva e Folículo Piloso e LCR para Realização de RT-PCR – coleta-se amostras de saliva 2 vezes/semana e do folículo piloso e do LCR 1 
vez/semana- suspensa após 3 amostras negativas, permitindo também em caso de 3 amostras de saliva negativa a suspensão do isolamento de 
contato; 
 Exames de Imagem 
- Doppler Transcraniano – 1 vez/dia, buscando realizar o diagnóstico precoce de vasoespasmo cerebral – suspenso após 15 dias de doença, se 
não houver alterações; 
- Ressonância Nuclear Magnética do Encéfalo – realiza-se com difusão, sem contraste, o mais precocemente possível, para o diagnóstico 
diferencial; 
- Tomografia Computadorizada – não é indicada rotineiramente, sendo realizada sem contraste em caso de complicações; 
g. COMPLICAÇÕES 
- Hipernatremia (Na + > 155 mEq/L) – causa: desidratação ou diabetes insipidus; 
- Hiponatremia (Na + < 140 mEq/L) – causa: síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SSIHAD), síndrome cerebral 
perdedora de sal (SCPS), disautonomia, hipertensão intracraniana (HIC), sinais de herniação; 
- Vasoespasmo cerebral; 
- Convulsões; 
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- Infecções; 
- Morte Encefálica; 
**a raiva pode mimetizar a morte encefálica, com arreflexia e supressão de EEG ou BIS, contraindicando a suspensão do protocolo e tornando 
necessário a suspensão da sedação para reavaliação neurológica e clínica após 48h, com avaliação do fluxo sanguíneo cerebral ou da atividade 
metabólica, pois se não for confirmada a morte encefálica, mantém-se o protocolo, sem reiniciar a sedação, com reavaliação periódica do fluxo 
e/ou metabolismo cerebral** 
h. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
 
 
- Para utilizaçãodeste protocolo o paciente ou responsável deve 
assinar o termo de consentimento livre e esclarecido; 
10. MEDIDAS PREVENÇÃO E DE CONTROLE DA RAIVA HUMANA 
 
 
- Indicação: pessoas que se expuseram a 
animais suspeitos de raiva e profissões 
que favorecem a exposição; 
- A profilaxia contra a raiva deve ser 
iniciada o mais precocemente possível, 
exceto nos casos suspeitos de raiva 
humana que serão submetidos ao 
Protocolo do Recife; 
- A indicação da profilaxia pós-exposição 
depende da natureza da exposição e do 
animal agressor; 
- Adquirida pela vacinação, acompanhada 
ou não de soro; 
- Como a raiva é fatal, caso seja indicado 
a profilaxia pós-exposição essa não deve 
ser interrompida; 
**em caso de suspeita clínico-
epidemiológica de raiva humana a vacina 
antirrábica e o soro antirrábico não 
devem ser administrados** 
a. VACINA ANTIRRÁBICA HUMANA / VACINA RAIVA INATIVADA 
 
- Vacina de cultivo celular (produzidas em cultura de células 
diploides), inativada, formada por uma suspensão de proteínas do 
vírus da raiva morto (estimula a produção de anticorpos 
antirrábicos no organismo), sob a forma liofilizada, acompanhada 
do diluente, em ampolas contendo dose única de 0,5 mL ou 1 mL, 
com potência mínima de 2,5 UI/dose; 
- Indicação: profilaxia da raiva humana em indivíduos expostos ao 
vírus da doença (após mordedura, lambedura de mucosa ou 
arranhadura provocada por animais transmissores) ou em 
indivíduos que estão permanentemente expostos ao risco de 
infecção pelo vírus devido às suas atividades ocupacionais; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
- Vacina segura e praticamente isenta de risco, sem associação com eventos adversos neurológicos; 
- Conservada em geladeira, fora do congelador, na temperatura entre 2 e 8°C, até sua aplicação; 
**após a abertura do frasco, o conteúdo deve ser utilizado em no máximo 8 horas, conservado entre 2 e 8°C** 
- Emprega-se o esquema de 4 doses; 
- A utilização da vacina deve ser anotada no cartão de vacina com a data de aplicação, lote da vacina e data das próximas doses a serem aplicadas; 
 Via de Aplicação 
- Via Intramuscular – dose de 1 mL aplicada na região do deltoide ou vasto lateral da coxa (indicado em crianças de até 2 anos de idade), com 
dose indicada pelo fabricante, independentemente da idade, sexo ou peso do paciente – esquema com doses nos dias 0, 3, 7 e 14; 
**nunca deve ser aplicada no glúteo** 
- Via Intradérmica – dose de 0,2 mL, aplicada em locais de drenagem linfática, como os braços na inserção do músculo deltoide, certificando-se 
que foi aplicada corretamente ao observar a formação da pápula na pele, já que caso aplicada de forma errada deve ser repetida para garantir 
a aplicação via intradérmica – contraindicada em pessoas em tratamento com drogas que diminuam a resposta imunológica, como a 
cloroquinina- esquema com 2 doses de 0,1 mL da vacina, em 2 sítios diferentes, nos dias 0, 3, 7 e 14, alternando o local nas doses seguintes; 
 Precauções Gerais 
- Caso haja história prévia de reação adversa grave a algum dos componentes da vacina, essa deve ser substituída; 
- Pacientes imunodeprimidos ou em uso de cloroquina – recebem a vacina por via intramuscular e apresentam indicação de realização da 
sorologia para analisar o título de anticorpos neutralizantes, já que a resposta pode não ser adequada; 
- A profilaxia sobreexposição deve ser adiada em casa de doença febril ou infecção aguda; 
- Recomenda-se a interrupção do esquema do tratamento com corticoides e/ou imunossupressores ao ser iniciado o esquema de vacinação, 
com retorno do tratamento logo após terminar o esquema vacinal; 
 Contraindicações 
- As vacinas da raiva produzidas em cultura de células ou em ovos embrionados são seguras e bem toleradas em lactentes, crianças, gestantes, 
pacientes com doenças intercorrentes e em imunocomprometidos; 
- Devido à gravidade e à evolução fatal não existem contraindicações específicas para a profilaxia pós-exposição; 
 Eventos Adversos 
- As vacinas da raiva produzidas em meio de cultura são seguras, causando poucos eventos adversos e em geral de pouca gravidade; 
- Manifestações Locais: dor, prurido (deve-se a liberação de substâncias vasoativas, como histamina e serotonina), edema, eritema (deve-se à 
vasodilatação reativa), hiperestesia (produzida pela irritação dos terminais nervosos), enfartamento ganglionar (deve-se a atividade das células 
reticuloendoteliais e dos macrófagos para eliminar os restos da vacina), enduração, pápulas urticariformes(deve-se a liberação de substâncias 
vasoativas, como histamina e serotonina), abscesso (ocorre quando há contaminação no local de inoculação) e linfadenoparia regional – são 
consequência da introdução da agulha e do conteúdo vacinal no tecido muscular - ocorrem em 3 a 25% dos casos, devendo passar por avaliação 
clínica, receitar analgésico e compressas frias, não devendo ser notificadas e não contraindicando as doses subsequentes – somente casos graves 
de manifestações locais e surtos devem ser investigados; 
- Manifestações Gerais Leves: febre, mal-estar, cefaleia, náuseas, dor abdominal, dores musculares e tonturas – ocorrem em 10 a 30% dos casos 
durante ou após a administração do esquema vacinal, devendo receber tratamento sintomático, não devendo ser notificada e não 
contraindicando as doses subsequentes - somente casos graves de manifestações locais e surtos devem ser investigados; 
- Manifestações de Hipersensibilidade: exantema pruriginoso generalizado, urticária, artralgia, artrites, angioedema e anafilaxia – associam-se à 
vacina produzida em células diploides humanas, com incidência de 11 casos para cada 10.000 vacinados na primeira dose, com aumento para 
6% dos casos em dose de reforço para profilaxia da pré-exposição e reexposição, associando as manifestações alérgicas à presença de albumina 
humana, alterada pela Beta-propiolactona (usada para inativação do vírus), porém esta não se encontra disponível no Brasil – esses casos devem 
ser notificados e tratados com anti-histamínicos (na maioria das vezes suficiente para reverter os casos), corticoides e adrenalina, sendo que 
caso a reação seja grave o paciente deve ser internado para tratamento e observação; 
- Reações adversas leves, locais ou sistêmicas – manejadas com anti-inflamatórios não esteroides ou antipiréticos; 
- Reações adversas moderadas a graves – são raras, mas caso ocorram deve-se substituir a vacinas, administrando as novas doses em ambiente 
hospitalar, com recursos para atendimento em caso de reações graves; 
- Em caso de reações adversas graves pós-exposição, para decidir sobre a interrupção da profilaxia deve-se confrontar o risco das reações com 
o risco da doença; 
- Eventos adversos neurológicos ou de hipersensibilidade grave – após a reavaliação da necessidade de manutenção do esquema profilático, a 
vacina deve ser substituída por uma que não apresente albumina humana ou em caso de impossibilidade de troca administrá-la sob tratamento 
específico prévio; 
- Em caso de reações adversas moderada ou grave pré-exposição, deve-se avaliar com ele a continuidade da profilaxia; 
b. SORO ANTIRRÁBICO (SAR) / SORO HETERÓLOGO 
- Solução concentrada e purificada de anticorpos obtidos a partir do soro de equinos imunizados com antígenos rábicos; 
- Empregado para profilaxia da raiva humana após a exposição ao vírus rábico, a depender da natureza da exposição e das condições do animal 
agressor; 
- Seu uso não é necessário quando o paciente recebeu anteriormente o esquema profilático completo, exceto em imunodeprimidos; 
- Indicação: pacientes imunodeprimidos independentemente da gravidade (portadores de HIV, uso de corticoide em dose imunossupressora, 
uso de imunossupressores), agressão por morcegos (independente da gravidade), acidentes graves (cão ou gato sem suspeita de raiva no 
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momento da agressão mas que morreu, desapareceuou se tornou raivoso em 10 dias, cão ou gato suspeito de raiva no momento da agressão, 
animais silvestres e animais domésticos de interesse econômico ou de produção); 
- Apresenta-se em forma líquida, em ampolas de 5mL (1000 UI), que serão mantidas entre 2 e 8°C; 
**não pode ser congelado, pois perde sua potência, forma agregados e aumenta o risco de reações** 
- A utilização do soro deve ser anotada no cartão de vacina com a quantidade de UI/kg ou mL e o lote das ampolas utilizadas; 
 Administração 
- Aplicada de forma intradérmica; 
- Dose: 40 UI/kg de peso, em dose única, sem dose máxima; 
- A dose pode ser dividida e administrada em diferentes músculos simultaneamente; 
- Deve ser aplicado no máximo em até 7 dias após a aplicação da 1ª dose da vacina de cultivo celular, ou seja, antes da aplicação da 3ª dose da 
vacina – após esse prazo o soro não é mais necessário; 
- Infiltra-se na borda (2 mm de distanciamento em lesões pequenas e 1 cm em lesões maiores) e dentro da lesão a maior quantidade possível 
da dose do soro que a região anatômica permita; 
- A infiltração no local do ferimento proporciona neutralização local do vírus rábico, pois diminui sua replicação local, impedindo a disseminação 
e neutralizando as toxinas produzidas pelo vírus rábico para as terminações nervosas, de modo a evitar falhas da terapêutica; 
- Quando a lesão for muito extensa ou múltipla, a dose pode ser diluída em uma quantidade mínima de soro fisiológico, para que toda as lesões 
sejam infiltradas – emprega-se no máximo 3 vezes da quantidade indicada; 
- Quando a região anatômica não permitir a infiltração de toda a dose, a menor quantidade restante possível deve ser aplicada por via 
intramuscular no quadrante superior externo da região glútea ou, nas crianças menores de 2 anos, na face lateral da coxa; 
**o soro não deve ser aplicado na mesma região de aplicação da vacina** 
- Quando não se dispuser do soro ou de sua dose total, aplica a parte disponível, inicia imediatamente a vacinação e administra o restante do 
soro recomendado antes da aplicação da 3ª dose da vacina de cultivo celular, pois após esse prazo o soro não é mais necessário; 
 Precauções Gerais 
- Deve ser aplicado em local com infraestrutura para atendimento de choque anafilático; 
- Fatores a serem investigados antes da administração: (1) ocorrência e gravidade de quadros anteriores de hipersensibilidade; (2) uso prévio de 
imunoglobulina de origem equídea (como os antipeçonhentos); (3) existência de contatos frequentes com animais, como equídeos – em caso 
de 1 ou mais item positivo, o paciente deve ser classificado como de risco, devendo ser considerado a substituição do SAR pela imunoglobulina 
humana antirrábica (IGHAR) ou a administração do GAR em ambiente de atendimento de urgência/emergência, com pré-medicação antes da 
aplicação do soro heterólogo; 
**o teste de sensibilidade ao SAR não é indicado, pois apresenta valor preditivo baixo** 
- Rotina antes da administração do SAR: (1) garantir bom acesso venoso, mantendo soro fisiológico a 0,9% em gotejamento lento; (2) deixar 
preparados os materiais para intubação (laringoscópico com lâminas e tubos traqueais adequados para o peso e idade, frasco de soro fisiológico 
e/ou ringer lactato e adrenalina); 
- Após a aplicação, o paciente deve ficar em observação em serviço de saúde com condições para atendimento de urgência, por até 2 horas, 
sendo esse o período de ocorrência das reações anafiláticas graves; 
 Pré-Medicação 
- Medicações aplicadas por via parenteral, antes da aplicação do soro antirrábico, que buscam prevenir ou atenuar possíveis reações adversas 
imediatas em pacientes de risco; 
- Esquema Via Parenteral: (antagonista dos receptores H1 da histamina) maleato de dextroclorfeniramina em dose de 0,08 mg/kg para crianças 
e 5 mg para adultos ou prometazina em aplicação intramuscular de 0,5 mg/kg/dose para crianças e 25 mg/dose de adultos; (antagonistas dos 
receptores H2 da histamina) cimetidina em dose de 10 mg/kg para crianças e 300 mg para adultos ou ranitidina por aplicação intravenosa de 1,5 
mg/kg em crianças e 50 mg em adultos; (corticosteroide) hidrocortisona em dose de 2 mg/kg/dose em crianças e 500 mg/dose em adultos – 
aplicado 20 a 30 minutos antes do soro antirrábico – esquema mais conhecido e realizado; 
- Esquema Via Oral: (antagonistas dos receptores H1) maleato de dextroclorfeniramina na dose de 0,2 mg/kg de peso, com dose máxima de 5 
mg; (antagonista dos receptores H2) cimetidina na dose de 20 a 30 mg/kg, com dose máxima de 400 mg ou ranitidina na dose de 1 a 2 mg/kg, 
com dose máxima de 300mg; (corticosteroide) hidrocortisona por via venosa, 20 mg/kg, com dose máxima de 1000mg, ou dexametasona por 
via intramuscular, 2 ou 4 mg – aplicado 2 horas antes do soro antirrábico; 
- Esquema Misto – (Via Oral) administra-se o antagonista dos receptores H1 maleato de destroclorfeniramina, 0,2 mg/kg, com dose máxima de 
5 mg, 60 minutos antes da soroterapia + (Via Parenteral) administra-se o antagonista dos receptores H2, sendo a cimetidina 10 mg/kg, com dose 
máxima de 300 mg, ou a ranitidina, por via venosa, na dose de 3 mg/kg, com dose máxima de 100 mg, 20 a 30 minutos antes da soroterapia + 
(Via Parenteral) corticosteroide hidrocortisona, por via venosa, 10 mg/kg, com dose máxima de 1000mg, ou dexametasona, por via 
intramuscular, 2 ou 4 mg, 20 a 30 minutos antes da soroterapia; 
 Contraindicação 
- Pessoas em situação de reexposição ao vírus da raiva; 
- Pessoas que já utilizaram o soro antirrábico anteriormente; 
 
 
 
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 Eventos Adversos 
 
- Os soros são seguros, mas como qualquer evento imunobiológico 
existe a possibilidade de causar eventos adversos, não 
contraindicando sua prescrição; 
- Suas reações mais comuns são benignas, fáceis de tratar e 
apresentam boa evolução; 
 
- Manifestações Locais: dor, edema, hiperemia e abscesso – são as 
mais comuns, apresentando caráter benigno; 
- Manifestações Gerais: urticária, tremores, tosse, náuseas, dor 
abdominal, prurido e rubor facial; 
- Manifestações Imediatas: choque anafilático, manifestando-se 
com formigamento nos lábios, palidez, dispneia, edemas, 
exantemas, hipotensão e perda da consciência – raro, mas pode 
ocorrer nas primeiras 2 horas após a aplicação; 
- Manifestações Tardias: (doença do soro) edema e eritema no local 
de aplicação do soro, febre, mioartralgia (poliarterite serosa), 
astenia, cefaleia, sudorese, desidratação, exantema com máculas e 
pápulas pruriginosas, infartamento, inflamações ganglionares, 
vasculite e nefrite; (reação de Arthus) reação muito rara, 
caracterizada por vasculite local, necrose, dor, tumefação, rubor e 
úlceras profundas – ocorrem com mais frequência até a 2ª semana 
após a aplicação do soro; 
- A pessoa deve ser alertada para procurar a um serviço de saúde 
caso surjam reações, como cefaleia, febre, urticária, dores 
musculares, aumento dos gânglios, dores intensas no local de 
administração, entre outros – surgem principalmente entre 7 e 12 
dias após a administração do SAR; 
c. IMUNOGLOBULINA ANTIRRÁBICA HUMANA (IGHAR) / SORO HOMÓLOGO 
- Solução concentrada e purificada de anticorpos específicos contra o vírus da raiva, preparada a partir de hemoderivados de indivíduos 
imunizados recentemente com antígeno rábico; 
- É mais seguro que o soro antirrábico de origem animal, porém de baixa disponibilidade e alto custo; 
- Indicação para Substituição do SAR: (1) hipersensibilidade ao SAR: (2) história pregressa de utilização de outros heterólogos de origem equídea; 
(3) contatos frequentes com animais equídeos; 
- Apresentado de forma liofilizada ou líquida na concentração de 150 UI/mL, em ampola de 150 UI (1mL) até 1500 UI (10 mL), que deve ser 
conservada entre 2 e 8°C, sem ser congelada; 
 Administração 
 
- Dose única de 20 UI/kg de peso ou 0,13 ml/kg; 
**a lesão deve ser rigorosamente lavada com água esabão** 
- A maior quantidade possível da dose de IGHAR deve ser infiltrada na lesão – proporciona 
neutralização local do vírus rábico; 
- Quando necessário o IGHAR pode ser diluído em soro fisiológico, no máximo até dobrar o 
volume; 
- Local de Administração do Excesso: face lateral da coxa em que não foi aplicada a vacina em 
crianças com idade inferior a 2 anos e em outro local que não o músculo deltoide em crianças 
maiores e adultos, para que esse fique livre para administração da vacina; 
 Eventos Adversos 
- Manifestações Locais: dor, edema, eritema e abscesso – reações de caráter benigno; 
- Manifestações Sistêmicas: leve estado febril, reação anafilactóide em presença de agamablobulinemia ou hipogamaglobulinemia e reação de 
hipersensibilidade; 
d. PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO 
- Vantagens: (1) simplifica a terapia pós-exposição, eliminando a necessidade de imunização passiva com SAR ou IGHAR, e diminuir o número de 
doses da vacina; (2) desencadear resposta imune secundária mais rápida (booster) após a exposição; (3) protege contra a exposição inaparente; 
 
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 Indicação 
- Pessoas com risco de exposição permanente ao vírus da raiva; 
- Profissionais e auxiliares de laboratórios de virologia e anatomopatologia para a raiva; 
- Profissionais que atuam na captura de quirópteros; 
- Médicos veterinários e outros profissionais que atuam sob risco de exposição ao vírus rábico, como zootecnistas, agrônomos, biólogos, 
funcionários de zoológicos e espeleólogos; 
- Estudantes de medicina veterinária e estudantes que atuem em captura e manejo de mamíferos silvestres potencialmente transmissores da 
raiva; 
- Profissionais que atuem na captura, contenção, manejo, coleta de amostras e vacinação de cães, em área epidêmica para raiva canina de 
variantes 1 e 2, com registro de casos nos últimos 5 anos; 
- Avaliação individual em caso de pessoas com risco de exposição ocasional ao vírus, como guias e/ou turistas que viajam para áreas endêmicas 
ou epidêmicas para risco de transmissão da raiva – recebem a profilaxia pré-exposição a depender do risco que estarão expostos durante a 
viagem; 
 Esquema 
 
- 3 doses, aplicadas no dia 0, 7 e 28; 
- Via Intramuscular - administrado 0,5 mL no músculo deltoide ou vasto lateral da coxa – não 
deve ser administrado no glúteo – esquema nos dias 0, 7 e 28; 
- Via Intradérmica – administrado 0,1 mL na inserção do músculo deltoide em pessoas acima 
de 2 anos – esquema nos dias 0, 7 e 28 – usada preferencialmente na pré-exposição, exceto 
em imunodeprimidos ou em tratamento com cloroquina; 
 Controle Sorológico 
 
- Realiza-se a titulação dos anticorpos a partir do 14º dia após a 
última dose do esquema, sendo exigência indispensável para a 
correta avaliação do esquema de pré-exposição; 
- Coleta-se 5 mL de sangue em tubo seco (sem anticoagulante), que deve ser centrifugado no mesmo dia para preparar o soro, enviando-os no 
mínimo 2mL de soro para o laboratório – deve ser conservado a 4°C, por no máximo 5 dias e após esse período deve ser congelado a -20°C; 
- Resultado satisfatório – título de anticorpos maior ou igual a 0,5 UI/mL; 
- Conduta de título insatisfatório – aplicar uma dose completa de reforço, por via intramuscular e reavaliar a partir do 14º dia após a aplicação; 
- Periodicidade - deve ser repetido com periodicidade, conforme o risco a que o indivíduo está exposto – (alto risco) os que atuam em laboratórios 
de virologia e anatomopatologia para raiva e os que trabalham com a captura de morcegos devem repetir a sorologia a cada 6 meses; (baixo 
risco) os funcionários de pet shops e os veterinários que trabalham em área de raiva controlada, não apresentam indicação da repetição da 
sorologia; 
 Conduta em Caso de Exposição em Pacientes que Receberam o Esquema de Pré-Exposição 
 
- Em caso de indicação do esquema 
profilático pós-exposição, devem receber 
doses de reforço nos dias 0 e 3 para 
estimular a resposta imunológica; 
- Não indicar soro; 
e. PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO 
- Utiliza-se a ficha de atendimento antirrábico humano para auxiliar na condução da anamnese; 
- A profilaxia contra a raiva humana deve ser iniciada o mais precocemente possível, porém caso houver indicação o paciente deve ser tratado 
em qualquer momento, independentemente do tempo transcorrido entre a exposição e o acesso à unidade de saúde – a profilaxia é indicada 
para acidentes ocorridos até 1 ano antes; 
- Os pacientes devem evitar esforços físicos excessivos e bebidas alcoólicas durante e após a profilaxia da raiva humana; 
 Características do Ferimento 
- A avaliação do local, profundidade, extensão e número das lesões permite classifica-las como leves ou graves; 
- Local – (1) ferimentos que ocorrem em regiões próximas do SNC (cabeça, face ou pescoço) ou em locais muito inervados (mãos, polpas digitais 
e planta dos pés) facilitam a exposição do sistema nervoso ao vírus; (2) as mucosas são permeáveis ao vírus, mesmo quando intactas, assim a 
lambedura de mucosa é grave; (3) a lambedura da pele íntegra não oferece risco; 
- Profundidade – (superficiais) sem presença de sangramento; (profundo) com presença de sangramento que ultrapassa a derme ou ferimentos 
puntiformes (mesmo sem sangramento), aumentando o risco de exposição ao sistema nervoso e dificultando a assepsia; 
- Extensão e Número de Lesões – tamanho da lesão e se existem uma ou mais portas de entrada, sendo cada perfuração uma porta de entrada; 
 Classificação dos Acidentes 
- Acidentes que Não Apresentam Risco: contatos indiretos, como a manipulação de utensílios potencialmente contaminados, a lambedura na 
pele íntegra e acidentes com agulhas durante a aplicação da vacina animal – não exigem esquema profilático; 
- Acidentes Leves: (local) tronco e membros, com exceção das mãos, polpas digitais e plantas dos pés; (profundidade) ferimentos superficiais; 
(extensão) pouco extensos, geralmente únicos - ocorrem devido às mordeduras ou arranhaduras por unha ou dente, mas pode se associar a 
lambedura de pele com lesões superficiais -> indicação de vacina, exceto em acidentes por cães e gatos observáveis; 
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- Acidentes Graves: (local) próximos ao 
SNC (cabeça, face ou pescoço), locais 
muito inervados (mãos, polpas digitais e 
planta dos pés), lambedura de mucosas; 
(profundidade) profundos ou ferimentos 
puntiformes; (extensão) múltiplos ou 
extensos em qualquer região do corpo – 
ocorre devido às mordeduras ou 
arranhaduras por unha ou dente e 
ferimentos profundos causados por 
arranhadura de animal, mas pode se 
associar a lambedura de pele com lesão 
grave e a qualquer ferimento provocado 
por morcego; 
 Medidas Iniciais com o Ferimento 
**são importantes principalmente para os indivíduos imunocomprometidos** 
- Deve-se realizar uma limpeza o mais rápido possível após a agressão e ser repetida na unidade de saúde, independentemente do tempo 
transcorrido; 
- Limpeza cuidadosa do ferimento com água corrente abundante e sabão ou outro detergente que diminua o risco de infecção, por pelo menos 
15 minutos, visando eliminar as sujidades sem agravar o ferimento; 
- Após a limpeza aplica-se antissépticos (polivinilpirrolidona-iodo, livinilpirrolidona-iodo, povidine, digluconato de clorexidina ou álcool-iodado), 
para inativar o vírus da raiva – empregados apenas na primeira consulta, uma única vez; 
- As lavagens posteriores devem ser realizadas com solução fisiológica; 
- Contaminação da mucosa ocular por lambedura – a mucosa deve ser lavada com solução fisiológica ou água corrente; 
- Contato indireto (por objetos ou utensílios contaminados com secreções de animais suspeitos) – lavar bem o local com água corrente e sabão; 
- Lambedura em pele íntegra de animal suspeito – lavar o local com água e sabão; 
- Sutura – não é recomendada, mas caso for necessário pode-se realizar pontos isolados para aproximaras bordas – quando a sutura for 
necessária, faz-se indicado a infiltração de soro antirrábico 30 a 60 minutos antes da sutura; 
- Conforme a avaliação médica pode-se fazer necessário a prescrição de antibióticos e a profilaxia do tétano, caso o paciente não seja vacinado 
ou tenha o esquema vacinal incompleto; 
 Esquema 
 
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- Quando o diagnóstico laboratorial do 
animal agressor for negativo pela técnica 
IFD, o esquema para raiva profilático do 
paciente pode ser suspenso, aguardando 
o resultado da PB – exceção: acidentes 
com equídeos (cavalos, burros e 
jumentos), uma vez que o único exame 
diagnóstico válido é com o SNC; 
- Mudar de Esquema: (1) ao mudar da via 
intradérmica para a intramuscular segue-
se os dias 0, 3, 7 e 14 por via 
intramuscular; (2) ao mudar da via 
intramuscular para a intradérmica segue-
se os dias 0, 3, 7 e 28 por via intradérmica; 
- As agressões por morcegos são 
indicadoras da conduta com soro-
vacinação ou conduta de reexposição; 
 Esquema de Aplicação 
Intramuscular 
- 4 doses de 0,5 mL, aplicadas nos dias 0, 
3, 7 e 14, por via intramuscular profunda 
no músculo deltoide ou vasto lateral da 
coxa; 
**não deve ser aplicada no glúteo** 
 Esquema de Aplicação 
Intradérmica 
- Fraciona-se o frasco para 0,1 ml/dose e 
utilizando as seringas de insulina ou 
tuberculina aplica-se somente no 
músculo deltoide; 
- Doses: (dia 0) 02 doses/02 locais 
distintos; (dia 3) 02 doses/02 locais 
distintos; (dia 7) 02 doses/02 locais 
distintos; (dia 14) 02 doses/02 locais 
distintos; 
- Para ser adotado o sistema de saúde 
deve atender pelo menos 2 pacientes 
acidentados/dia e ter equipe técnica 
qualificada para aplicação intradérmica; 
- Contraindicação: imunodeprimidos e 
pessoas que utilizam cloroquina contra 
malária; 
 Observação do Animal 
 Cão e Gato 
- Estado de Saúde do Animal no Momento da Agressão – avalia-se se o animal estava sadio ou se apresentava sinais sugestivos de raiva, a partir 
do modo como aconteceu o acidente – ex.: (acidente provocado) animal que reage em defesa própria a estímulos dolorosos ou a outras 
provocações, indicando reação normal do animal; (agressão espontânea) não apresenta causa aparente, podendo indicar alteração do 
comportamento que sugere que o animal tenha raiva; (índole ou adestramento); 
- Procedência do Animal – se procede de área de raiva controlada, endêmica ou silenciosa - se o animal for procedente de área de raiva 
controlada não é necessário iniciar o esquema profilático; 
- Hábitos de Vida do Animal – classificar como domiciliado ou não – (baixo risco em relação à transmissão da raiva) cães e gatos que não 
apresentam risco de contrair a infecção rábica, como animais que vivem dentro de casa exclusivamente, animais que não tenham contato com 
outros animais desconhecidos, animais que só saem à rua acompanhados dos seus donos e animais que não circulam em área com presença de 
morcegos, quando agridem uma pessoa pode ser dispensado o esquema profilático, iniciado apenas em caso de alterações durante os 10 dias 
de observação; (alto risco) cães e gatos que passam longos períodos fora do domicílio, sem controle, mesmo que tenha proprietário ou tenham 
recebido vacinas; 
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- Observação do Animal – mesmo o animal sadio no momento do acidente, deve ser observado durante 10 dias após a exposição, devendo 
notificar a unidade de saúde caso o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso – o animal só excreta o vírus pela saliva 2 a 5 dias antes do 
aparecimento dos sinais clínicos e até sua morte; 
- A história vacinal do animal agressor não é suficiente para a dispensa do esquema profilático da raiva humana; 
- Se o animal permanecer sadio no período de observação encerra-se o caso; 
- Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, realiza-se o esquema completo até 5 doses (uma entre os dias 7 e 10 e outra entre os 
dias 14 e 28) e administra o soro em caso de acidente grave; 
- Em caso de agressão em que o cão ou o gato evoluiu para morte por causa natural e o diagnóstico laboratorial do animal agressor por 
imunofluorescência for negativo, o esquema profilático da raiva humana pode ser suspenso, aguardando o resultado da prova biológica; 
 Animais Silvestres 
 
 
- Inclui: morcego de qualquer espécie, mico, macaco, raposa, 
guaxinin, quati, gambá, roedores silvestres, cachorro do mato, 
felídeos selvagens; 
- São animais de alto risco para raiva mesmo quando domiciliados 
e/ou domesticados, pois não apresentam patogenia da raiva bem 
conhecida, assim independentemente da espécie e da gravidade do 
ferimento os acidentes são considerados graves e determinam a 
indicação de sorovacina; 
- Morcego - o risco de transmissão do vírus pelo morcego é sempre 
elevado, independentemente da espécie e da gravidade do 
ferimento, assim todo acidente com morcego é classificado como 
grave – a profilaxia da raiva com soro e vacina é indicada nos casos 
de contato com morcego e nos casos duvidosos em que não se 
pode descartar o contato, como quando existe morcego dentro de 
casa (adentramento); 
**as pessoas devem ser orientadas a não matar ou manipular 
diretamente o morcego, mas apenas captura-lo usando proteção 
para as mãos, isolando-a com panos, caixas de papel, balde ou 
mantê-los em ambiente fechado para posterior captura por 
pessoas capacitadas** 
 Animais Domésticos de Interesse Econômico ou de Produção 
- Inclui: bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos, ovinos, suínos, entre outros; 
- Avalia-se as características da lesão, se leve ou grave para determinação da profilaxia; 
- Para avaliar a indicação da profilaxia de pré ou pós-exposição deve-se conhecer o tipo, frequência e grau do contato ou exposição que os 
tratadores e outros profissionais têm com esses animais, levando também em consideração o risco epidemiológico da doença na área; 
 Animais de Baixo Risco – Roedores e Lagomorfos 
- Inclui: ratazana de esgoto, rato de telhado, camundongo, porquinho da índia, hamster e coelho; 
- São considerados de baixo risco para a transmissão da raiva, não sendo necessário indicar profilaxia; 
 Possível Reexposição ao Vírus da Raiva 
 
- Pessoas que já haviam recebido a profilaxia de pós-exposição anteriormente e que foram 
reexpostas ao vírus da raiva devem ser submetidas a um novo esquema profilático, caso 
houver mais de 90 dias após a profilaxia, com 2 doses, nos dias 0 e 3, para estimular a 
memória imunológica; 
- Em caso de reexposição, com histórico de esquema profilático anterior completo e com 
animal agressor (cão ou gato) passível de observação, pode-se somente observar o animal 
por 10 dias, sem iniciar o esquema profilático; 
- Indicação de Soro – não é necessário caso o paciente tenha esquema completo, sendo indicado apenas em caso de dúvidas e em pacientes 
imunodeprimidos ou em uso de cloroquina – realiza-se a avaliação sorológica após 14 dias da aplicação da última dose; 
- O risco de reações adversas às vacinas aumenta com o número de doses aplicadas, assim caso o paciente já tenha recebido muitas doses de 
vacina com vários esquemas de reexposição, faz-se indicado realizar a avaliação sorológica do paciente, pois se o título de anticorpos 
neutralizantes for maior ou igual a 0,5 UI/mL não é necessário a profilaxia ou essa pode ser suspensa; 
 Abandono do Esquema Profilático 
- O atendimento do esquema profilático antirrábico deve ser garantido todos os dias, até no fim de semana e feriado; 
- Os pacientes faltosos não precisam reiniciar a profilaxia, podendo aplicar a vacina no dia que o paciente comparecer à unidade e continuar o 
esquema mantendo os intervalos das doses seguintes, conforme o esquema original; 
- O serviço de saúde deve realizar busca ativa dos que não compareceram nas datas agendadas para aplicação das doses da vacina prescrita; 
- As doses de vacinas agendadasem caso de não comparecimento devem ser aplicadas em datas posteriores às agendadas e não adiantadas; 
- A interrupção do esquema profilático pode ser indicada pela unidade de saúde, mas não é considerado abandono da profilaxia; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
 Conduta para Paciente que Não Compareceu na Data Agendada 
 
- Faltar a 2ª Dose – aplicar no dia em que comparecer e agendar a 
3ª dose com intervalo mínimo de 2 dias; 
- Faltar a 3ª Dose – aplicar no dia em que comparecer e agendar a 
4ª dose com intervalo mínimo de 4 dias; 
- Faltar a 4ª Dose – aplicar no dia que comparecer; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
f. AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE 
- Tem como ferramenta básica a participação da sociedade e a comunicação social, a partir de serviços intersetoriais e multidisciplinares, com 
profissionais de saúde, agricultura e meio ambiente; 
- Devem ser organizadas ações de esclarecimento à população, utilizando meios de comunicação de massa, visitas domiciliares e palestras; 
- Estimula-se a posse responsável de animais, com processo educativo continuado para vacinação contra raiva e para identificação de sintomas 
suspeitos e comunicação dos serviços de vigilância epidemiológica; 
- A população deve ser informada sobre o ciclo de transmissão da doença urbana, rural, silvestre aéreo e silvestre terrestre e sua gravidade; 
- A população deve reconhecer a necessidade de atendimento imediato, as medidas auxiliares que devem ser tomadas em caso de exposição e 
a importância de não abandonar o esquema profilático; 
11. RAIVA ANIMAL 
a. RAIVA CANINA 
- Os animais mais jovens são mais suscetíveis à infecção; 
- Período de Incubação - varia de dias a anos, mas perdura em média por 60 dias (2 meses); 
- Fase Prodrômica – sintomas inaparentes que podem se assemelhar aos de qualquer infecção viral - sinais: animal apresenta alterações sutis de 
comportamento, anorexia, esconde-se em locais escuros, parece desatento (não atendendo ao próprio dono), ligeiro aumento da temperatura, 
agitação inusitada, dilatação de pupilas e reflexos corneais lentos – persiste por cerca de 3 dias; 
- Fase Neurológica - Forma Furiosa - excitação do sistema nervoso central e a preservação da consciência - após 3 dias os sintomas de excitação 
se acentuam, o cão se torna agressivo, com tendência de morder objetos, outros animais, o homem (até seu proprietário) e a si mesmo, 
provocando graves ferimentos; a salivação se torna abundante (a paralisia dos músculos da deglutição o impede de deglutir a saliva); alteração 
do latido, que se torna rouco ou bitonal, devido à paralisia parcial das cordas vocais; propensão de abandonar a casa e percorrer longas 
distâncias, podendo disseminar a raiva; na fase final apresenta convulsões generalizadas, falta de coordenação motora e paralisia do tronco e 
dos membros, coma e morte; 
- Fase Neurológica – Forma Paralítica - manifesta-se de forma leve, sem a excitação do sistema nervoso central e as manifestações de 
agressividade, a paralisia começa pela musculatura da cabeça e do pescoço, com sinais de paralisia que comprometem o centro respiratório, 
ocasionando a morte – é frequente quando a raiva é transmitida por morcegos; 
**os sinais e sintomas das formas da raiva são variáveis, podendo não se apresentar de forma total, ocorrer em sequências aleatórias ou de 
forma parcial** 
- O curso da doença é de 5 a 7 dias, até a morte do animal; 
- O vírus é excretado pela saliva e pode ser transmitido 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos até sua morte; 
- Diagnóstico Diferencial: cinomose, doença de Aujezky, eclampsia, encefalites de diversas etiologias, traumas, infestação por helmintos (larvas 
no cérebro), intoxicação por estricnina, atropina, medicamentos ou plantas tóxicas, ingestão de corpos estranhos, tétano, traumas, reações 
adversas e vacinas; 
b. RAIVA FELINA 
- Manifesta-se mais frequentemente como a forma de raiva furiosa, com sinais semelhantes aos dos cães; 
**a forma paralítica é frequente quando transmitida por morcegos** 
- A mudança de comportamento não é usualmente referida, pois os gatos apresentam comportamento natural de sair às ruas sem controle de 
supervisão e mobilidade; 
- Realizam o primeiro ataque com as garras e depois com a mordida, sendo que essas podem causar dilacerações mais intensas e profundas do 
que as mordeduras – as lesões provocadas pela arranhadura dos gatos são classificadas como graves, devendo ser considerada as infecções 
oportunisticas decorrentes; 
- Diagnóstico Diferencial: encefalites, intoxicações, relações adversas a vacinas e traumatismos cranioencefálicos; 
 
 Profilaxia em Montes Claros 
- As Estratégias de Saúde da Família (ESF) são responsáveis pelo atendimento de urgência para pacientes vítimas de mordeduras, com adequada avaliação, prescrição 
do número de doses de vacina e do soro, caso necessário, e notificação do caso; 
- O paciente deve ser encaminhado com a notificação e a prescrição da primeira dose da vacina antirrábica profilática, que deve ser aplicada na ESF Morrinhos de 
segunda a sexta feira, das 14 às 17h, ou aos sábados, domingos e feriados, nas 24h, no pronto atendimento do hospital Alpheu de Quadros; 
- As demais doses do esquema profilático são administradas na ESF Morrinhos, de segunda a sexta-feira, das 14 as 17h; 
- O HUCF atende apenas os pacientes com indicação de administração do soro antirrábico ou caso seja necessário a sutura para reaproximação das bordas da lesão, 
assim esses pacientes devem ser encaminhados ao HUCF com a prescrição do soro, especificando a dosagem indicada; 
- O paciente deve ser mantido em observação pela clínica média, por 2 horas após a administração do soro, para controle de possíveis intercorrências; 
- Em caso de necessidade da reaproximação das bordas da lesão dos ferimentos extensos, o cirurgião torna-se responsável; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
c. RAIVA EM BOVINOS 
- Ocorre predominantemente pela transmissão por morcegos hematófagos, com sintomas predominantes da forma paralítica; 
- Período de Incubação – varia de 30 a 90 dias; 
- Período de Transmissibilidade – não está bem definido, mas ocorre durante a presença dos sintomas; 
- Sinais da Raiva em Bovinos: incoordenação motora, paralisias ascendentes dos membros pélvicos, posicionamento em decúbito esternal, atonia 
do rúmen, tremores musculares, salivação, movimentos de pedalagem, opistótono, paralisia da cauda, tenesmo, nistagmo, diminuição dos 
reflexos palpebrais e linguais, isolação do rebanho, sinais de engasgo, incapacidade de se locomover (encontrados atolados em poças de água), 
ataxia e morte; 
- Diagnóstico Diferencial: babesiose, botulismo, doenças metabólicas, encefalopatia espongiforme bovina, febre catarral maligna, herpes-vírus, 
intoxicações por plantas tóxicas, listeiose, rinotraqueite infecciosa, tétano e encefalites infecciosas e bacterianas; 
d. RAIVA EM OUTROS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
- Os equídeos, ovinos, caprinos e suínos apresentam sintomatologia semelhante a dos bovinos; 
- Após o período de excitação com duração e intensidade variáveis, apresentam sintomas paralíticos que impedem a deglutição e provocam 
incoordenação nos membros pélvicos; 
- Os animais apresentam alteração de comportamento e ingestão de corpos estranhos; 
- Ruminantes – parada da ruminação e tenesmo; 
- Equinos – o prurido intenso no local da infecção pode ocasionar automutilação; 
- Diagnósticos Diferenciais: clotridiose, encefalites virais de equinos, encefalites bacterianas, encefalomalácia, herpes vírus, intoxicações por 
plantas tóxicas, picaduras por cobras e aranhas, pseudorraiva e scrapie; 
e. RAIVA EM ANIMAIS SILVESTRES 
- Animais mais suscetíveis: lobos, raposas, coiotes e chacais; 
- Os guaxinins e mangustos também podem apresentar raiva, mas apresentam menor suscetibilidade; 
- Os canídeos silvestres apresentam sintomatologia da raiva furiosa, semelhante à dos cães; 
f. RAIVA EM

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