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UNIV RSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Departamento de Geotecnia de Fluxo Gene Stanca ti São Carlos, 1984 REDES DE FLUXO 1. INTRODUÇAO At~ cerca de 50 anos atrâs o projeto de barragens e diques com solos se baseava, quase exclusivamente em regras empirl cas que os construtores se transmitiam por tradição; adota- vam-se seções de obras que haviam resistido satisfatoriamente ãs intempéries e aos problemas com ãgua, independente dos ma- teriais de construção e caracteristicas do terreno de funda- çao. Com a Mecânica dos Solos e o conhecimento desses mate- riais, que com ela se adquiriu foi possivel analisar sob uma nova luz, o comportamento das barragens e estruturas afins, ex traindo generalizações, especialmente dos maciços rompidos. As bases para uma analise racional dos problemas prâticos, que tratam de infiltração de agua através dos solos foram es- tabelecidos por Darcy e datam de mais de um s~culo. Poste- riormente ã Darcy, o passo seguinte, fundamental no avanço do conhecimento do assunto foi dado por Forchheimer, que demons- trou que a função carga hidráulica que qoverna um fluxo em um meio poroso e uma função harmônica, ou seja, satisfaz a equa- ção de Laplace. u prÕprio Forchheimer desenvolveu os principias bâsicos p~ ra o método grafico que hoje se conhece como Método das Re- des de Fluxo, que e a arma sensivel e poderosa que o engenhe! ro dispõe para a resolução pratica dos problemas de fluxo de âgua em solos. Esse método foi popularizado por Casagrande ~ 1937. Desde então a so.lução grâfica de Laplace que constitue o método das Redes de Fluxo, se transformou em procedimento normal para os engenheiros. Antes de começar com uma exposição mais ou menos detalha- da das bases teóricas atuais que se dispõe para resolver pro- blemas de fluxo de agua, convêm estabelecer as razões pelas quais esse problema ~ importante para o engenheiro. Ao resol ver um problema pratico de fluxo de agua tal como a anãlisede infiltrações através do maciço e do terreno de fundação da barragem, o engenheiro obt~m informações furidamentais a res- -2- peito de tr~s questões importantes: 1) a vazão perdida atrav~s da zona de fluxo 2) a influ~ncia do fluxo de âgua sobre a estabilidade geral da massa de solo, atrav~s da qual ela ocorre 3) ~s pos$ibilidades da ãgua de infiltração produzir carreamen tos, erosões, piping, etc. A primeira questão ~ importante porque toda perda de agua que ocorrer atrav~s do maciço ou de suas fundações deve serqua~ tificada e posteriormente controlada. A segunda questão ~ a mais importante com relação aos probl! mas de fluxo de ãgua atrav~s dos solos, pelo menos do ponto de vista prãtico. Quando a âgua flue, a pressão a que estã sujei- ta ~ hidrodinâMica e isso produz vãrios efeitos como: em pri- meiro lugar, r pendendo da direção do fluxo, a pressão hidrodi- nâmica pode alterar o peso especffico submerso do solo; por exemplo, se a ãgua flue verticalmente para baixo, ao peso espe- clfico submerso haverã o acrêscimo de um valor devido i pressão hidrodinâmica; se o fluxo ocorre verticalmente para cima hã efeito flutuante sobre as particulas do solo que equivale a uma diminuição do peso especffico. Em segundo lugar o aumento da pressão da ãgua produz a correspondente diminuição da pre~ são efetiva e portanto a resist~ncia ao cisalhamento do solo de modo que uma estrutura que se revelou estãvel em condição isenta de fluxo, deverã ser reanalisada quando sujeita a fluxo, sempre que esta condição seja susceptlvel de apresentar-se. A terceira questão ~ tamb~m de grande importância prãticapois a agua ao infiltrar~se atrav~s do solo pode produzir, partitu1ar- mente em certas zonas, carreamentos de particulas, que se nao receberam a devida atenção, e podem por em perigo a estabilida- de da obra, ao deix~-la sulcada por tGneis e galerias forma- das por erosão. A agua do solo pode classificar-se em tr~s categorias: a agua absorvida, ligada ~s partlculas por forças el~tricas, e que não se move no interior da massa porosa, e nao partic! pa dos problemas de fluxo; a agua capilar cujo fluxo apresenta grande importincia em de terminados problemas dE~ solo, tais como o umidecimento de um -3- pavimento por fluxo ascendente. Sem duvida, na maioria dos problemas de percolação o efeito do fluxo na zona capilar e pequeno, e e desprezado em função das complicações que acar retaria ao ser tomada teoricamente a sua influência; a agua livre ou gravitacional que sob o efeito da gravidade terrestre pode mover-se no interior da massa sem outro obst~ culo que não seja sua viscosidade e a estrutura do solo. A teoria de percolação estuda o movimento dessa ãgua livre. No solo, a agua livre está separada da agua capilar por uma superficie denominada Nivel Freático ou Nivel de Agua (NA). Nem sempre e facil definir e localizar o NA; em solos finos, nas escavações, o espelho de água que se estabelece com o tempo,d~ fine o NA, porém tal superficie distinta não existe no solo adjacente ~ escavação ja que acima deste nivel o solo pode es- tar saturado por capilaridade e portanto nesse solo o NA nao tem existência fisica ou real. Não ha tampouco acordo total entre os autores com relação a uma definição do conceito de NA, que como se disse, muitas ve zes se refere a uma superflcie sem existência cl.ara e concreta. Para os fins de estudo se conside~rara Nivel de Agua ou Nível Freatico ~ superfície que constitui o lugar geométrico dos pon tos em que agua possui uma pressão igual ã atmosférica, que em questões de fluxo em que se trabalha normalmente, com pressões manométricas, se considera igual a zero. Assim no espelho de agua da escavação aberta, todos os pontos tem essa pressao, e no solo adjacente ao poço, podera falar-se de uma superficie que une pontos a essa mesma pressão. Em condições estáticas ~a agua num solo, o NA, seria uma su perficie horizontal. Se se admite que a agua percole dentro do solo, jâ não hã razao para que o NA siga a horizontal. 2. LEI DE DARCY PARA O FLUXO DE AGUA ATRAVtS DOS SOLOS A lei de Darcy demonstra a existência de uma relação linear entre o gradiente hidráulico e a velocidade de descarga atra- ves de um meio poroso. Essa lei é aplicável somente na resolu ção de problemas em que ~fluxo seja laminar. A natureza do fluxo d~ende da velocidade, segundo Reynolds. -4- r>a r a um meio poroso como o s o 1 o' o numero de Reynolds e expresso por: R v o p = 1.1 onde v = velocidade de descarga o = diâmetro médio das parti cu las do solo, em cm p = densidade do fluido, em g/cm 3 1.1 = coeficiente de viscosidade do fluido em g.seg/cm 2 Vãrios investigadores concluíram que o valor limite de R para um fluxo mudar de laminar para turbulento oscila entre l e 12. Substituindo-se na fÕrmula de R os valores de v = 0,25 cm/seg, que é uma velocidade considerada alta para o fluxo de ~gua em so lo, se tem R < 1 contando que O nao ultrapasse o valor de 0,4 mm, que corresponde ao diâmetro da areia grossa. Isso garante o fluxo laminar e a validez da Lei ·de Darcy na grande maioria dos problemas. Cabe notar também que a natureza laminar do fluxo de ãgua através do solo representa um dos pou- cos casos em que realmente aparece este tipo de fluxo em toda en genharia hidrãulica. A lei de Oarcy estabelece que a quantidade de fluxo é direta- mente proporcional ao gradiente hidrãulico. Essa lei, pode ser expressa da forma: Q = K i A v = K i i hl h2 = Q, Q = vazao K = coeficiente de permeab i 1 .:!_ da de v = velocidade de percolação i = gradiente hidrãulico A = are a da amostra Fiqura -5- A lei de Darcy e as vezes acusada de incorreta. Em geral isso ~ devido ou a interpretações erradas ou ticnicas imprõ- prias de ensaio. Em muitos casos, tamb~m devido a perda da estabilidade interna do solo sob a ação do fluxo de igua. 3. EQUAÇOES DIFERENCIAIS GERAIS QUE REGEM O FLUXO ATRAVtS DO SOLO Para a igua percolando atrav~s dosolo e admitindo-se que: lQ) o regime esti estabelecido 2Q) o solo esti saturado 39) a agua e as partfculas sõlidas sao incompresslveis 4Q) o fluxo não modifica a estrutura do solo de forma nenhuma A quantidade de igua entrando de uma ou virias direções de um pequeno volume de solo, deverã ser igual ã que sai nas ou- tras faces desse elemento durante um dado intervalo de tempo. z ?fiz v,.Tz. dz ·tubos piezométricos Figura 2 - Fluxo bidimensional em um meio homogêneo e isõtro po. Considerar largura de 1 m normal ao papel. .. 6- Nos problemas prãticos de Mecânica dos Solos principalmente nos problemas de fluxo em solos permeãveis em maciços ou esca- vações, onde uma das dimensões, o eixo longitudinal, e muito maior que as dimensões da seção transversal, o estudo da perco lação passa a ter maior importância em apenas duas direções. Isto e, a vazão qy = O, e a vazão total através de um elemento de dimensões x, 1, z, serã q = qx + qz. Porisso, o estudo do fluxo e feito quase sempre consideran- do-se a situação bidimensional e o comprimento (em metros) do elemento no 39 eixo (y). Podemos estabelecer a Equação da Continuidade (Ver figura 2), nessas condições como: dq = Vx dy d.z + 'V dq (Vx + a x = a x Ou então: + a z Pela Lei de Darcy A Equação da K X = = a h a x a h a z Continuidade a2h + K;z 2 ax Vz dx dy aVz dx) dy dz + (Vz + dz) dx dy a z = o então torna-se a2h o = az 2 Se o solo em que ocorre o fluxo em estudo, e considerado isõ tropo com relação a permeabilidade tem-se: = = -7- Então: + = v2 h = O, Equação de Laplace Essa equaçao diferencial é conhecida e estudada, por descr~ ver matematicamente muitos fenômenos fisicos de grande impor- tância prãtica, como por exemplo, o fluxo de agua através dos solos. Dada e estudada a equação de Laplace, suas soluções g~ rais e particulares, acaba sendo muito bom que ela seja pre- cisamente a equação que descreve os problemas de fluxo d•ãgua (Forchheimer). Nesse caso hã algumas particularizações, como solos isõtro- pos, e fluxo bidimensional (esta particularização se ajusta na maioria dos casos prãticos por seu carãter limitativo usualmen te depreciãvel). Quanto ã anisotropia, é frequente, por exemplo as constru- ções em camadas compactadas que conduz a Kh > Kv. Contudo pa- ra tal condição, usa-se o recurso da seção transformada (a ser vista), que permite estudar a Rede de Fluxo do solo como um meio isõtropo. A s o 1 u ç ã o gera 1 da e q u a ç a o de L a p 1 a c e é c o n s ti tu i da por do is grupos de funções que por sua vez, são susceptiveis de uma in- terpretação geométrica muito ütil segundo a qual ambas podem ser representadas dentro da zona de fluxo em estudo, como duas familias de curvas, ortogonais entre si. A solução geral que satisfaça as condições de fronteira de uma região de fluxo es- pecifica, constituirã a solução particular da Equação de Lapla ce para essa região especifica. 4. SOLUÇOES DA EQUAÇ!O DE LAPLACE (BI-DIMENSIONAL) Dadas as funções <P e ljJ ta 1 que <P = -Kh+c v = X vz = -8- 5ão duas funções que satisfazem a Equação de Laplace. Ou seja, + = o e + d 2 'I' o --·- = az 2 A função <t> (x,z) = cte (representando a função carga hidrãu lica), é uma solução da equação de Laplace, e representa uma in finidade de funções, conforme o valor c que se adote: Pode se dar uma interpretação geométrica a essa solução, pois <t> (x,z) = cte pode representar uma familia de curvas que se de senvolvem na região plana onde ocorre o fluxo, obtendo-se uma curva especifica da familia a cada valor da constante c. A função ~(x,z) = cte, chamada função de fluxo, é uma solu- ção da equação de Laplace e pode-se dar a essa função uma in- terpretação geométrica, de maneira que seja representada por uma familia de curvas na região de fluxo. A familia de curvas l/J = c te é ortogona 1 ã famil i a de curva cp = c te de manei r a que a intersecção entre cada duas curvas da familia ocorra ã 90°. Demonstra-se (literatura especializada) que em um problema especifico em que haja condições de fronteiras fixas, a solução da Equação de Laplace, constituída pelas duas familias cp = cte e ~ = cte, mais as exigências que essas famílias satisfaçam as condições de fronteira existentes, dão um~ solução única ao problema considerado. Isso ~ essencial e deve-se ter em conta nas passagens seguintes! Sendo o problema de fluxo, de natureza fisica, é importante encontrar uma interpretação fisica para as duas fami1ias de cu_!:. vas consideradas (tP = cte e w = cte). Essa interpretação é necessãria para a compreensão dos problemas d~ fluxo atravesdo solo. Ou seja, sendo <t> definida de forma que: cp = - K h + c -9- Segue-se que se uma curva une pontos em que • ~ constante, nesses pontos, h também ~ constante. Ou seja, na curva • = cte, todos os pontos terão a mesma energia h. Assim o sentido fisico das curvas • = cte ê das curvas que unem atrav~s da região plana de fluxo, pontos de mesma energia. Essas curvas recebem o nome de Linhas Equipotenciais, figura 3. z ' _l ó.h 'constante Figura 3 - Linhas Equipotenciais num meio homogéneo e isõ- tropo, •i e •j constantes. Para as curvas ~ = cte, figura 4, considere-se a trajetõria da igua que passa por P(x,y); nesse ponto a igua possue uma ve locidade V, que seri naturalmente tangente ã trajetõria. z linho de fluxo z ~--------------------~x Figura 4 - Linhas de Fluxo num meio homogeneo e isõtropo; 2 linhas de fluxo constituem um canal de fluxo. -.,o- Trata-se de encontrar a equaçao matemática dessa trajetõria. Ao longo da curva temos: v d tg e z z = = ou v d X X Vzdx Vxdz = o Mas v = 2.L e v = d w então X d z z Ó X dx + dz = O ax Esta expressao e precisamente a diferencial total da função ~ , de forma que se comprova ao longo da trajetõria de âgua que d 1P = o ou w = cte Assim, a trajetõria da agua tem como equação precisamente a função w = cte, ou o que dâ no mesmo, a familia de curvas 1P = cte e constituída precisamente de trajetõrias fisicas e • reais da agua através da região de fluxo. Por isso, as cur- vas w = cte se denominam linhas de fluxo. As linhas de fluxo e equipotenciais em um plano podem se dispor geometricamente, com as seguintes propriedades: 1~ Propriedade: a vazão por unidade de comprimento entre duas linhas de fluxo e constante em qualquer seção que se tome entre as linhas. Esse espaço en- tre duas linhas de fluxo se chama canal de flu xo. 2~ Propriedade: as linhas de fluxo nao se cortam dentro da re- gião do fluxo. Com efeito, se as linhas de fluxo convergem em um ponto de· contacto não hâ -11- area para a passagem de ãgua e ai nao se respei ta a continuidade da vazão, o que é impossivel sob as hip5teses da teoria em estudo. 30 Propriedade: as linhas equipotenciais também não podem secor tar jamais, pois nesse ponto a agua teria duas cargas hidrãulicas diferentes. 4 ~ P r o p r i e da d e : a c a r g a to ta 1 do s p o n to s de um a 1 i n h a de f 1 u x o ê dada pela soma das parcelas de carga pi~ioniétrica e altimetrica. A carga cinética da equação de Ber nouilli e desprezada na percolação de ãgua atr! vês dos solos, em face a sua pequena grandeza quando comparada com as parcelas altimetricas (potencial)e piezometrica. Carga (H) = u + z y ú) As equipotenciais sao linhas que unem pontos de igual carga H. 5~ Propriedade: ao longo de uma linha de fluxo (laminar) atra- vés do solo, a carga e dissipada pela ocorriri - c i a d e a t r i to v i s c o s o d a ã g u a c o m à; pã r ti cu 1 a s de solo. Entre dois pontos de uma linha de fluxo hã perda de carga àh, em relação ao mesmo de referência R.N., dada por: u; (-Uj + zJ·) 6 h = (-- + z; ) - Yw gura 5). uma nivel (Fi- O gradiente hidrãulico i, ao longo de uma linha de fluxo e entre duas equipotenciais consecuti- vas entre as quais hã uma perda de carga àh,s~ rã mãximo quando a trajet5ria descritapela li- nha de percolação for normal is equipotenciais (Figura 5). O escoamento deve seguir caminhos de maior gradiente. Logo, as linhas de fluxo se rão perpendiculares as equipotenciais. - 1 2~- r 6h Ui q~ Tw ~· Uj I Y; Zj Zj __ ~_J_i Figura 5 - Elemento quadrado de uma Rede de Fluxo com vazão constante, q, e perda de carga constante, àh. 5. REDES DE FLUXO A equação de Laplace, i resolvida por duas famtlias de cur vas ortogonais entre si, as linhas de fluxo e as linhas equip~ tenciais; as familias de linhas que cumpram a ortogonalidade e condições de fronteira, da região de fluxo constituem uma so lução unica da equação de Laplace e do problema de fluxo des- crito pela equação. O conjunto das linhas de fluxo e equipotenciais e o que cha mamos de Rede de Fluxo. Os problemas prãticos de fluxo em solos são bastante complic~ dos em suas soluções matemiticas rigorosas e exigem bastante elaboração matemãtica, por esta razão foram desenvolvidos me- todos grãficos que utilizam as propriedades citadas de linha de fluxo e equipotenciais e que permitem resolver os proble- mas de percolação a duas dimensões. -13- O método das Redes de Fluxo trata de definir em cada caso pa! ticular as condições de fronteira, específicas do problema e tra çar cumprindo essas condições e as propriedades das linhas de fluxo e equipotenciais, as duas famílias ortogonais, obtendo uma imagem grâfica do problema. Ao se acomodar em um desenho feito i mão, as duas famílias res peitando as condições de fronteira E~ de ortogonalidade se terâ uma aproximação da solução Gnica do ~roblema, esta aproximação,se o desenho foi realizado com cuidado, e suficientemente boa pa- ra os fins de engenharia e para as soluções de problemas, com vantagens sobre as que se obtem por métodos matemáticos rigoro- sos, mais precisos, porem mais complicados. Ao traçar uma rede de fluxo, na pratica, os seguintes passos são fundamentais: 1) delimitação da zona de fluxo que se deseja estudar, analisan- do suas condições especificas de fronteira; 2) traçado das duas famílias de curvas ortogonais que satisfaçam as condições de fronteira e que constituam solução Gnica da Equação de Laplace. Não se pode dar muitas regras gerais para definir as frontei . ras, pdis cada caso, e um caso particular, mas pode-se analisar casos mais frequentes como guia de critério ou de aprendizagem. I 6. TRAÇADO DA REDE DE FLUXO - CALCULO DA VAZAO! Ao tentar traçar as familias de equipotenciais e de fluxo,su! ge o problema de que por c~da ponto da região de fluxo devera passar, em principio uma linha de fluxo e uma equipotencial, pois cada ponto da região de fluxo a agua tem uma v~locidade e uma carga hidráulica. Isto levaria, a traçar todas as linhas possf veis, e a uma solução que formaria uma mancha ~niforme em toda a região do fluxo; a este modo de proceder faltaria o valorpr~ tico, pois as soluções obtidas dos diferentes problemas serão ' uniformemente inGteis. Para aspirar a uma sol~ção descriminati va, que seja para diferenciar um problema de f'uxo do outro, S! ri preciso não traçar todas as linhas de fluxo;e equipotenciais passiveis, mas sim traçar somente algumas selecionadas com con veniência. -14- O problema nao e novo, e aqueles familiarizados com a repre- sentação grãfica de outros campos vetoriais de variãvel escalar, como o campo eletrico por exemplo, ou a representação de cur- vas de nlvel em topografia, o reconhecem de imediato. As so- luções que convem dar no caso dos problemas de fluxo e anãloga a dada nesses outros casos, fixar um rltmo para desenhar somen- te a 1 g um a s das i n f i n i ta s 1 i n h a s p o s s l v e i s . Para iniciar o traçado de uma Rede de Fluxo deverão ser con- sideradas as condições limites, isto é, deverão ser estabeleci- das as linhas particulares de fluxo e equipotenciais que limi- tam externamente a rede de percolação. Estabelecidas estas con dições somente uma rede poderã ser traçada que satisfaça as pr~ priedades das Redes de Percolação. Um problema clãssico para o traçado de Redn de Percolação e o ilustrado na Figura 6, onde uma parede de estacas e engastada num solo permeãvel. h anteparo equipotencial de cargo nulo R.N. l :·:··~r·. · equipot~ncia.l·. de:· ~orgo:h. areia. ~ rocha impermeável Figura 6 - Linhas de Fluxo e Equipotenciais limites, numa p~ rede de estaca prancha engastada em solo permeã - v e 1 . Estabelecido o Nlvel de Referência(R.N.) na superflcie do so lo, as condições limites serão duas linhas de fluxo e duas equl potenciais (essa situação limite apresenta raras excessões). As duas linhas de fluxo são: lados e base da estaca prancha que ê a linha de fluxo mais curta da rede a ser traçada e a linha da fronteira rocha-solo, a linha de fluxo mais longa. -15- Nem a estaca prancha, nem a rocha sao meios permeiveis, lo- go o fluxo ~ limitado por esses dois meios. As duas linhas equipotenciais limites são a superffcie do solo permeivel i es querda da cortina com carga total igual a h e i direita da cortina com carga total igual a zero. Consideremos agora um elemento isolado do meio permeãvel (Fi gura 7) formado por quatro linhas de fluxo distantes a entre si, no plano e de uma unidade de comprimento no sentido normal ao papel. linhos eQuipotenciois ::.--...~--.......- Figura 7 - Canal de Fluxo de uma rede com vazao q, constante e perda de carga 6h, constante entre suas equipo- tenciais. Considerar a largura de 1 m normal ao pape 1. Pela Lei de Darcy, a vazão por unidade de comprimento do elemento serã q = K i A = K (~) (a • 1) b Onde 6h representa a perda de carga entre equipotenciais e b a distincia entre elas ou seja àh = cte; se fizermos a re- lação a/b = cte, então a vazao q = cte. A melhor solução para tal problema ~ fazer a/b = 1 ou seja, considerando apenas a seçio plana da figura 8. -1 6- ~· I Figura 8 - Seção plana de um canal de fluxo numa Rede de Fluxo. Sendo ~i, ~j linhas equipotenciais e ~;, ~j linhas de fluxo, teremos um elemento da Rede de Fluxo constituído de duas linhas de fluxo e duas equi p o te n c i a i s o r to g o n a i s e n t r e s i , f o r ma n do o 11 q u a d r a do 11 d e um a rede. Completando a sequ~ncia no traçado da Rede de Fluxo no so- lo de fundação da estaca prancha, escolhe-se então, dentro o numero infinito de linhas de fluxo e linhas equipotenciais po~ s i v e i s a que 1 as q u e d e n t r e d a s 1 i m i te s f o r me m q u a d r a do s . A solução serâ a Rede de Fluxo ilustrada na Figura 9. -1 7- R.N. • "f c- k.h. ne imperm1aÓvel h t.h= na . Ah ·=-0 solo permeável Figura 9 - Problema clãssico (Forchheimer) do traçado de um a R e de d e F 1 u x o d e e 1 em e n to s q u a d r ado s , num me i o permeãvel. prancha. O anteparo ~ uma cortina de estaca Essa solução grãfica dada por Forchheimer, apresenta dois gr~ pos de linhas ortogonais entre si r-epresentando as linhas de fl~ xo e as linhas equipotenciais, ou r-espectivamente as funções ~ (x,z) e ~(x,z) de forma que entre duas linhas de fluxo con secutiva ter-se-ã um canal de fluxo com a vazão q = cte, por unidade de comprimento da fundação e entre duas equipotenciais consecutivas a perda de carga 6h = cte. Duas propriedades que podem ser imediatamente obtidas da Re- de de quadrados sao: 1) os quadrados 2 e 9 da figura 10, por exemplo, estão contidos dentro das mesmas linhas de fluxo onde: = = q = -18- q2 = K 6 h2 1 . --- a2 b2 qg = K 6 h9 ag 1 bg Mas, a2 ag então = - -· b2 bg 6h2 = 6hg = 6h Ou seja, as perdas de carga sao iguais entre os vãrios qua- drados da rede. 2) os quadrados II e IX. por exemplo, estão contidos entre as mesmas linhas equipotenciais onde: = c te qii = K 6hrr --· bii qrx K 6hiX = biX Mas, ali = ai X = então bii brx = = q = cte Ou seja, as vazoes sao iguais entre os vãrios canais de flu xo da rede. Para qualquer quadrado pode se escrever que: q= K . 6h -va zao por unidade de comprimento do elemento. Se nf for o numero de canais de fluxo, e ne o numero de quedas do potencial carga hidrãulica, de uma Rede de Fluxo tere -l 9- mos: Q = vazao to ta 1 perdida por percolação por unidade de com- primento da fundação Q = q nf h = perda de carga total h = t.h "e Então Q = K . h . = K • h . F A relação F = nf/ne e denominada Fator de Forma e depe~ de de cada rede traçada. O traçado de uma Rede de Percolação em um meio permeável e feita portanto desenhando-se elementos quadrados. Naturalmente esses quadrados são acomodados ã ca- da problema; mesmo assim, cada problema tem uma solução Õti ma. Para encontra-la deve se seguir algumas regras básicas: 1) usar todas as oportunidades passiveis para estudar a apa- rência de Redes de Fluxo bem feitas tratando depois de re- peti-las sem ter em mãos o modelo, at~ obter desenhos sa- tisfatõrios; 2) usualmente, e suficiente traçar a rede com um numero de canais de fluxo entre 4 e 5. O uso de muitos canais difi culta o traçado e desvia a atenção de aspectos essenciais; 3) deve-se observar sempre que a aparência da rede em conjun- to, sem tratar de corrigir detalhes antes que toda ela es- teja aproximadamente bem traçada; 4) frequentemente, ha partes das Rede de Fluxo em que as li- nhas de fluxo devem ser aproximadamente retas e paralelas, nestes casos os canais são mais ou menos do mesmo tamanho e os quadrados vão resultar muito parecidos. O traçado da rede pode ser facilitado se se começar por essa zona; 5) as Redes de Fluxo em áreas confinadas, limitadas por fron- teiras pa~alelas, (especialmente a superior e a inferior) são frequentemente simétricas e as linhas de fluxo e as equipotenciais são então de forma parecida ã eliptica; 6) um erro comum nos principiantes e de desenhar transições - muito bruscas entre as partes retas e as partes curvas das diferentes linhas. Deve-se ter presente, que as transi- -20- çoes devem ser sempre suaves e de forma parabÕlica ou eli~ tica; o tamanho dos diferentes quadrados deve ir mudando, também gradualmente; 7) em geral a primeira tentativa pode nao conduzir a uma rede de quadrados em toda a extensão da região do fluxo. A qu! da de potencial entre duas equipotenciais sucessivas cor- respondente a um certo nGmero de canais com que se prete~ deu a solução, não ser~ uma parte inteira exata da perda de carga total, de maneira que ao terminar a rede, resta- rã uma fileira de retingulos entre duas linhas equipoten - ciais (em que a perda de carga ê uma fração do 6h que,pr! valeceu no resto da rede). Geralmente, isso não ê preju- dicial e esta fileira pode ser tomada em conta para o cãl culo de ne' estimada a fração de perda de carga que resul ,tou. Se por razões de apresentação se deseja que todas as fileiras de quadrados tenham o mesmo 6h, pode-se corrigir a rede mudando o nGmero de canais de fluxo seja por inter polação ou começando novamente. Não se deve tentar conver gir a fileira incompleta em uma de quadrados através de correçoes locais puramente gr~ficas, a não ser que, o que falta ou sõbre de espaço na fileira incompleta, seja m~i to pouco; o mesmo tipo de raciocinio pode-se aplicar aos canais de fluxo onde se considera frações da vazão q. 8) as condições de fronteira podem introduzir singularidades na rede que serão discutidas na ocasião oportuna; 9) uma supcrficie de saida na rede em contacto com o ar, se não e horizontal' não ê nem linha de fluxo nem equipoten - cial, de forma que os quadrados limitados por essa superfl cie podem ser incompletos. Sem duvida, como se demonstra- r~ mais adiante estas superficies devem cumprir a condição de que se tenha perda de carga igual entre seus pontos,co~ tados por equipotenciais. Na figura 10, ilustram-se algumas redes de percolação em fundações permeãveis. 7. CONDIÇOES ESPECIAIS 7.1 - Quan~o uma linha de fluxo e uma equipotencial sao P! ralelas, por uma singularidade de rede, essa rede se r~ formada por quadra~os aproximadamente elipticos. ---------=::::=---:::::- impermeável (O) impermadvel teU ------..;::-:;;- impermeável ~ ~ (Q) --:::;: ......... ;;;r o impermeável ----- -:;;;;:~ 7t''eo"•' \t(\9et«' lO/! ~~F Un permeável impermeável (C) ~_:r'" imper- meável , I I permeave~· { ~\ ~~ çe $ impermeável (h) Figura 10 - Varios exemplos de redes de percolação em fundações permeaveis. (f) I N -2 2·· b3 b2 b1 irnpermeável Figura 11 - Elementos quadrado-ellpticos de uma Rede de Fluxo quando as linhas equipotenciais e de fluxo limi- tes são paralelas. 7.2 - Certas condições limites podem ocasionar a intersecção de uma linha de fluxo com uma equipotencial a ângulos maiores que 90° (180° i um caso particular como na fig~ ra 12), tem-se então uma condição particularmente critl ca onde a velocidade do fluxo pode provocar erosão e ar raste. Tais situações devem ser evitadas ou deve-se pr~ videnciar proteção para que tais erosões não ocorram. permeável '7777////m/m//W//7/////7//1 impermeável Figura 12 - Elementos de uma Rede de Fluxo quando as linhas equipotencial e de fluxo, limites, interseptam- se a 180°. 8. SUBPRESSOES Uma das aplicações mais úteis de uma Rede de Fluxo e aquela que permite calcular as Pressões Neutras em qualquer ponto da região onde ha percolação. Essas pressões que ocorrem nao s6 devido is condições estãti cas do N.A., ou pressões hidrostaticas como tambem devido ã di- -23- ferença de carga ou seja devido ao fluxo de agua, compoe as pressoes hidrodinâmicas e ocorrem tanto nos maciços permeãveis como nas fundações permeáveis. Especialmente sob as estruturas de concreto (por exemplo,os vertedouros)~ impermeâveis, construidas sobre fundações onde ocorre fluxo de agua, essas pressões neutras (cuja resultante atua como uma força de empuxo na base da estrutura) são deno- minadas Subpressões. , impe1meóvel Figura 13 - Pressões Neutras calculadas a partir da Rede de Fluxo traçada num meio permeãvel, sob um verte douro. Processo Grãfico de Calculo. Considere-se o caso ilustrado na figura 13, em que a agua se infiltra em uma região permeável sob o vertedouro de uma barragem (estrutura de concreto, impermeável). Determinadas as condições limites da Rede de Fluxo, esta se ra traçada constituindo-se de quadrados limitados por equipo- tenciais e linhas de fluxo. Essas linhas limites serão respectivamente as linhas AB e CD de fluxo limite respectivamente ao longo da base do verte douro e da zona impermeâvel da fundação; e as equipotenciai~ as horizontais que passam por A e por B, a esquerda e ã di- reita da barragem. Estabelecido o R.N .• na horizontal da superficie permeãvel, as cargas dessas equipotenciais são respectivamente a soma das cargas altimêtricas (z) e piezomêtricas ( u;Yw) dos pontos des ses limites. "A "A -24- Ou seja, esquerda: H o u h ' (zo o) carga total inicial = - = = -Yw direita: Hf = o ( z f o' Uf = o) - carga total final -· Yw A perda de carga por percolação sera = h (= desnivel de agua entre montante e jusante) Essa perda se dã em parcelas iguais âh = h/ne, em cada e q u i p o te n c i a 1 d a R e d e d e F 1 u x o . O f a to r n e , com o j ã f o i v i s to , depende da rede traçada. Para calcular as pressões de ãgua em qualquer ponto da rede (por exemplo os pontos 1, 2 e 4 ilustrados na figura) ou par- ticularmente as subpressões (ponto 3), deve-se considerar as perdas de carga que ocorrem at~ cada um desses pontos. Sendo assim, considere-se o ponto 1 na fundação. A carga t~ tal inicial ê h; o ponto l localiza-se na segunda equipoten- -cial da Rede. Logo, da equipotencial que passa por A a equi- potencial que passa por 1 houve uma perda de carga t:.h. Ou se j a ' = H o = + Considerando-se Yw = no ponto 1 serã âh ou = âh - z 1 3 - -t/m , a pressao de agua (h - 2 !:.h- z1). 1. t/m No caso do ponto 2, que estã numa posição qualquer dentroda massade solo permeável, as pressões neutras serão calculadas de modo anãlogo; ou seja, o ponto 2 localiza-se entre a 2a e a 3~ equipotenciais da rede, logo,) a perda de carga ate ele se- ra: t:.h + l/2tlh, em relação a inicial ou - 1 '5 !:.h = + = H - 1 5 !:.h - z o • 2 Yw Ou u 2 -25- = 2 t/m Nos pontos 3 (subpressão) e 4 as pressoes de agua seriam cal culadas de forma anãloga. Deve-se observar com atenção que as cargas a1timêtricas de- vem ser consideradas positivas acima do R.N. e negativas abai- xo do mesmo. Isso leva a um processo grifico pritico para o cãlculo das pressões de ãgua em qualquer ponto da Rede de Per- colação, a partir da perda total de carga H 0 - Hf = "e . t.h. Isto ~. sabéndo-se que a perda de carga entre 2 equipotenciais consecutivas ê constante e igual a t.h = (H - Hf)/n , essas per o e - das t,h podem ser transformadas em cotas se se dividir a diferen ça H 0 - Hf =h, em "e partes iguais, como na figura 13; a cada uma das divisões corresponderã uma perda t.h = h/ne, ocorrida em cada equipotencial. A carga total de Gada um dos pontos 1, 2, 3 ou 4 , sempre E:~m relação ao R.N. serã a carga total inicial H 0 menos as pE:~rdas que ocorreram atê o ponto em questão (Llh para o ponto 1, 1,5 t.h para o ponto 2; 6,3 t.h para o ponto 3 e 10,5 t.h para o po~to 4) . Para calcular a pressao neutra nos mesmos pontos, basta le- var em consideração a carga altimêtrica de cada um, uma vez que u; H o - n. 6h - z. sendo n. = perdas atê o = Yw 1 1 1 ponto ; Como os pontos estão abaixo do R. N. todas as cargas altimê tricas são negativas. Então, determinar a pr.essão neutra do po!!_ to i corresponde em cotas a subtrair de h o valor n; t.h e acrescentar as cotas z1 . As cotas u1 , u2 , u3 , u4 em metros, são respectivamente as pressões neutras em t/m 2 dos pontos 1, 2, 3 e 4. mostradas na figura 13. Na base da estrutura impermeãvel a distribuição das pressoes neutras ou as subpressões, formam um diagrama, cuja ãrea serão emouxo; o ponto de aplicação dessa força ê no centro geomêtri- -26 -· co do diagrama traçado com os valores u1. 9. CALCULO DE VELOCIDADES E GRADIENTES HIDRAULICOS NOS PONTOS DE UMA REDE DE FLUXO Nos pontos de uma região de fluxo na qual se traçou uma re- de, tamb~m ~ posslvel encontrar o gradiente hidriulico, assim como a velocidade da igua. Para isto, bastari traçar pelo po~ to um segmento da linha dE~ fluxo que passe por ele e que est~ ja contida dentro do quadrado em que haja caido o ponto. Então a perda de carga entre equipotenciais da rede, ~h. dividida, e~ tre a longitude da linha dE! fluxo em que ocorre esta perda, prQ_ porciona o gradiente hidriulico m~dio no tramo que inclue o po~ to. Maior aproximação do gradiente especifico no ponto, pode ser obtido subdividindo-se o quadrado em outros menores, cada vez mais em torno do ponto. Uma vez que se tem o gradiente em um ponto bastari multipll câ-lo pelo coeficiente de permeabilidade do solo, para ter a velocidade da igua em magnitude, segundo a Lei de Darcy; esta velocidade serâ tangente no ponto ã linha de fluxo que passe por ele e estari dirigida no sentido do fluxo. Pode-se e111·cadaquadrado determinar o gradiente hidrâulico i = ~h b a = b ) Onde b ~ a dimensão do quadrado em questão. O miximo gradiente hidriulico seri o correspondente ao me- nor valor de b. Na superflcie de descarga, a jusante, o gradiente hidriuli- co seri is = ~h/as onde as ~ o comprimento do menor qua- drado na superficie de jusante (geralmente localizado no pe da estrutura , ver figura 9 ). A pressão de igua exercida sobre esse elemento devido a pe! colação seri Onde a perda de carga úh ocorre pelo atrito viscoso entre a agua e as partlculas sõlidas. -27- Essa pressão produz um empuxo A força de percolação por unidade de volume desse elemento considerado será: = = 'Yw • is Esta força e proporcional ao gradiente hidrãulico tendo a direção do fluxo e não deve ultrapassar a resistência de atri to entre as particulas, caso contrário provocará o fenomeno de erosão ou arraste ou piping (erosão tubular). Para que sao de um combater esse fenômeno destrutivo existem os filtros estruturas porosas colocadas convenientemente dentro maciço com a finalidade de: a) recolher a ãgua que percola atrav~s do maciço orientando - sua saida e evitando assim a formação de gradientes hidrã~ licos elevados, com o aparecimento de forças de percolação de valores altos. Como visto anteriormente, estas forçasde percolação são as responsáveis pelas erosoes que se formam ~ jusante das fundações e/ou maciços permeãveis. b) evitar o carreamento de particulas do maciço para fora do mesmo diminuindo assim a possibilidade de erosão tubularou 11piping 11 • Outro recurso usado para diminuir o gradiente hidráulico, de uma maneira geral ao longo de uma fundação permeãvel (i=}) e construir um elemento de vedação que alongue o caminho per corrido pela ãgua (1). Estes elementos são os tapetes imper- meáveis e as cortinas (cut-off) ou trincheiras de vedação . . -Esses elementos,bem projetados,formam uma vedação 1egura a fuga de água pela fundação e permite uma maior estabilidadedo maciço. O aspecto da rede de fluxo pode se modificar bastante com a presença das cortinas de vedação ou dos tapetes permeãveis, c~ mo se pode perceber na figura 14. -:28- N.A. N.A. N.A. /' I I \ 1 I I I I , I I I I I I ' \ n»-»h7>mJm;h'"iH~>>J>;;;);;;;);>>»J>?»J))')»»>»>??? . Figura 14 - (c ) impermeável N.A. -=-=--~--=-==-=--=- impermeável N.A. Redes de Fluxo em meios permeaveis, sob verte- doures, com elementos de vedação sob a estrutu ra; a cortina a jusante; b - cortina a mon tante; c - filtro; montante. d - tapete impermeãvel a -29- 10. FLUXO OE AGUA ATRAVtS DE MACIÇOS DE TERRA o fluxo de agua através de maciços de terra constitue um dos casos de maior importância na aplicação da teoria de fluxo de agua nos problemas prãticos; isso se deve tanto ã importância que o maciço tem em si, como estrutura, como que, neste caso o pro- blema do fluxo apresenta caracteristicas especiais ãs quais, de- ve-se dedicar estudos cuidadosos para poder chegar a soluções apr~ priadas. O maciço de terra e em muitos sentidos uma região de fluxo co- mo outra qualquer; traçando sua rede de fluxo para as condições de fronteira que se tenham, poder-se-ã calcular a vazão perdida na percolação, os gradientes hidrãulicos, as velocidades da ãgua em qualquer ponto, as pressões hidrodinâmicas, etc. A particularid! de do problema de fluxo através de maciços estã nos métodos espe- ciais para a determinação das linhas limites da Rede. A razão disso ê simples: na região do fluxo que e o maciço de terra não se conhece apriori, as fronteiras, de modo que não se satisfaz o pré-requisito bãsico para resolver o problema, que e, como jã foi dito, o conhecimento das fronteiras para o traçado da rede. Com efeito seja o maciço de terra da Figura 15, suposto ma terial heteroqêneo e isõtropo. impermeável Figura 15 - Zona Saturada de um maciço permeãvel sobre funda ção impermeãvel. -30- A zona limitada pelos pontos 1, 2, 3 , 4 e a região satura da onde haverã uma perda gradual de carga do ponto 2 ao ponto 3, sendo assim a região onde ocorre o fluxo. As linhas de fronteira podem ser determinadas em primeira hl pótese, em sequência qualitativa. Tomando-se o R.N. ao longo da superftcie impermeâvel 1 - 3, e imediato que a linha 1 - 2 ~ uma equipotencial, uma vez que seus pontos tem todos a mesma soma energia altimêtrica (z;) +energia piezomêtrica (u;IYw ), igual a h. Essa equipotencial e limite nessa zona de fluxo. A finha 1 - 3 contacto entre as fronteiras permeãvel e im- permeâvel ê uma linha de fluxo, pois ni região impermeâvel nao hã penetração de fluxo. Essa linha de fluxo ê limite. A linha 2 - 4 que limita a zona de fluxo dentro do maciço, recebe o nome de Linha Freâtica, ê uma linha de fluxo com ca ractertsticas próprias,cuja determinação depende o traçado da Rede de Fluxo. As caractertsticas da linha freãtica e sua de- terminação teórico-prâtica~ serao vistas por partes no desen volvimento do texto, uma vez que a Rede de Fluxo e a Linha Freâtica são interdependentes. A linha freâtica ~uma linha de fluxo, acima da qual admit~ se que não hã saturação, isto ê, as pressões neutras são nulas, ao longo dessa linha. E~se conceito torna-se coerente se ra- ciocinarmos que se a âgua estivesse sob pressão diferente de zero, subiria acima desse limite, e a linha freãtica passaria a ser uma linha de fluxo comum da Rede, contra a hip5tese ini- cial de linha limite. A linha 4 - 3 e uma linha limite, com propriedades des - critas no ftem 9 da seção 6, isto ê, uma linha de salda não ho rizontal, com perdas de carga iguais entre os pontos da mesma, cortados por equipotenciais. A fronteira 2 - 4 - 3 da Rede de Fluxo, ~ considerada a Pressão Atmosférica e em tais superflcies existe a condição teórica que deve ser cumprida, traduzida de forma grãfica com preensivel na Figura 16. -31- freático A impermeável Figura 16 - Determinação das Equipotenciais na Linha Freiti ca dos maciços de terra. A superficie AB ê o limite do maciço de terra, e a linha freãtica indicada ê a linha de fluxo limite da Rede, com pre- sões neutras nulas. Dois pontos dessa linha freitica cortados Por duas equipotenciais sucessivas estarão seoarados na vprtical pela distância ~h que representa a perda de carga devido ap~ nas a perda de carga altimêtrica (z;) uma vez que as cargas- piezomêtricas (u;/Yw) são nulas nessa fronteira. Como as per- das de carga devem ser iguais, pode-se obter as equipotenciais, cortando a linha freãtica por horizontais equidistantes entre si . A figura 16 mostra o que seria um trecho de uma Rede de Flu xo no maciço. conhecidos alguns limites. Ou seja, uma Rede de Quadrados, fornecida por linhas equipotenciais e de fluxo. Para o traçado dessa rede torna-se fundamental a determina- ção da Linha Freãtica e suas particularidades que passaremos a expor nos próximos itens. - 3 2~- 11. CONDIÇOES GERAIS DE ENTRADA E SAlDA DA FREATICA NO MACIÇO DE TERRA 11. 1 - Condições de Entrada A freãtica ê uma linha de fluxo e a linha 1 - 2 (f~ gura 15) e uma equipotencial' então a linha freãti- ca deve e~trar no maciço formando 90° com a superf! cie 1 - 2. Então, para os diversos taludes de montante: Figura 17 - Condições de entrada da freãtica para talude de montante inclinado de um ângulo e< 90° freático Figura 18 - Condições de entrada da freãtica para o talude de montante inclinado de um ângulo e = 90° -33- Figura 19 - Condições de entrada da freitica para talude de montante inclinado de um ingulo e> 90° Naturalmente a ~ltima condição, com o talude inver- tido da figura 19, a freãtica formarã com o talude um ingulo menor que 90°, por~ue para ser perpendicular ao talude, a frei tica precisaria adquirir uma energia maior que a que tem, o que e um contra senso. 11.2- Condições de Saida Com considerações baseadas na.s propriedades de uma Rede de Percolaç_ãq (Forchheimer) as condições de saida da li- nha Frei ti ca (Anexo 1 ), são: Se o talude de jusante~ inclinado de um ingulo me- no r ou i g u a 1 a 9 O 0 , a 1 i n h a de per c o 1 a ç ã o de v e se r tange n te ao talude. Figura 20 - Condições de saida da freitica para talude de jusante inclinado de um inqulo w < 90° -34- f 't' 7' reo eco Figura 21 - Condições de saida da freãtica para talude de j~ sante inclinado de um ~ngulo w = 90° Se a face de salda, no talude jusante ~ inclinada de um ~ngulo maior que 90°, a linha freãtica, para manter as perdas 6h = cte (propriedade da rede), deverã ser tangente a vertical P! lo ponto de salda. , ~7 freático Figura 22 - Condições de salda da freãtica para talude de j~ sante inclinado de um ~ngulo w > 90° 12. TRAÇADO DA LINHA FRE~TICA O problema da determinação da posição da linha freãtica de um maciço, cuja solução agora se inicia, cai no grupo dos flu- xos denominados não confinados, porque a região de fluxo, nao estã completamente determinada a priori. a fronteira que fal ~a~ precisamente a linha freãttca, que corresponde a uma su- perficie submetida a pressão atmosf~rica. O outro tipo de pr~ blema de fluxo em que todas as fronteiras da região sao conhe- cidas a priori, se chama fluxo confinado. -35- Dupuit, em 1863, estabeleceu as primeiras bases para a so~ lução de fluxos não confinados e mais tarde, pesquisadores co- mo Schaffernack, Van Iterson (1916 e 1917) e Leo Casagrande ( 1932) estudaram o traçado da freática para pequenas inclinações dos taludes w<60°; Kozeny (1931), fez estudos rigorosos para w = 180°, ou seja, maciços com filtros ao pé de jusante. Ar- thur Casagrande, resumiu, em um artigo de 1937, todos esses es tudos e recomendou uma metodologia usada atê os dias de hoje. Desses métodos serão vistos aqui os resultados obtidos e suas aplicações. 12.1 - Solução de Kozeny para o traçado da freãtica com su perflcie horizontal de safda (w ~ 180°) O professor Kozeny, prop5s uma solução rigorosa pa- ra o problema bi-dimensional de fluxo sobre uma superficie ho- rizontal impermeável, que termina em uma superficie horizontal permeável, como ilustrado na figura 23. Figura 23 - Solução teõrica de Kozeny de uma Rede de Fluxo, para maciço com filtro horizontal a jusante. -36- Esse tipo de problema ~ por exemplo o caso de um maci ciço de terra com filtro horizontal a jusante. como ilustrado na figura 24. Figura 24 - Rede de Fluxo com linhas equipotenciais e de fluxo confocais no ponto F. A solução te6rica de Kozeny admite para as linhas de fluxo e as linhas equipotenciais, duas famllias de parãbolas confocais, com o ponto F, onde as seções permeãveis e impermeã- veis se encontram como foco. A equação para a linha freâtica pode ser conveniente mente expressa pela f6rmula: X = Z 2 2 - zo Onde x e z são as coordenadas com o foco como ori- gem e zn ~ a ordenada do ponto E, onde x =O, figura 23. Se a linha freãtica tem um ponto (M) conhecido de coar denadas d e h, então a distância focal a0 e a ordenada z0 podem ser calculadas pela equação -37- = 2 - d) Conhecidos os pontos M e F respectivamente, um po~ to da lin~a freãtica e o foco, essa linha limite fica determi- nada. r na verdade interessante que o problema de fluxo com uma superficie horizontal de saida tenha essa solução matemãtl ca viãvel. não s6 pelo fato de que os maciços tem esse sistema "' de drenagem bastante comum, mas também porque essa solução pe~ mitiu posteriormente soluções coerentes e seguras para taludes de jusante com saidas não horizontais. A parábola de Kozeny e frequentemente denominada Parábola Básica. 12.2 - Traçado da Parãbola Básica Como a solução de Kozeny foi posteriormente adapta- da a outros problemas, tendo como base a Parábola Básica, vej~ mos agora dois processos gráficos para traçar uma parábola, co nhecidos um ponto dela (M) e sPu foco F. A parábola e uma curva que define o lugar geométri- co dos pontos que equidistam de uma reta denominada diretriz e de um ponto denominado foco. Processo l São dados os 2 pontos da parábola, Me F, na figu- ra 25. A horizontal passando por F determina o eixo x. O ponto M e equidistante de N e F e se encontrana horizontal que passa por ~. A vertical por N ~ a diretriz, d, da parábola. A origem O da parábola, se encontra a meia distân - cia de F e d, no eixo x. Ao longo da reta MN, determinam-se arbitrariamente pontos o1 , o2 , 03 etc e por eles são traçadas verticais d1, d2, d3 , etc. Os pontos da parábola l, 2, 3, etc, sao determina - dos tomando-se as distâncias ND 1 , ND 2 , ND 3 , etc, e marcando- as respectivamente nas verticais d1 , d2 , d3 , etc a partirdo ponto F. -38- d ds dt Figura 25 - Processo para traçar uma parãbola conhecidos um ponto M e o foco F. Ou seja Fl = N D1 F2 = NOz F3 = ND3 etc Processo 2 A figura26 ilustra outro processo para traçar uma parãbola conhecidos o foco F, e um ponto M. Os pontos N e a reta d sao determinados pela me! origem ma maneira jã descritas no Processo 1. O ponto O, a da parãbola, idem. Por O pode-se traçar uma vertical at~ cortar a ho rizontal que contem M. -39- X d Figura 26 - Processo 2 para traçar uma parãbola conhecidos um ponto Me o foco F. O segmento OB se divide em um numero de partesiguais e o segmento MB se divide também no mesmo numero de partes iguais (4 na figura). Agora dever-se-ã traçar por O, retas que unam este ponto com as divisões feitas no segmento NIB. Pelas divisões traçadas sobre OB deve-se traçar horizontais que interceptam o feixe de retas que saem de O, precisamente com a correspondencia deduzida da figura 26. As intersecções dessas retas entre si, são pontos da parãbola,corre~pondente ao ponto M e ao foco F utilizados. As demonstrações desses dois métodos para traçado da paribola, baseiam-se em propriedades dessa curva e podem ser vis tos nos textos do assunto. 12.3 - Solução de Arthur Casagrande para o Traçado da Linha Freãtica Arthur Casagrande, em 1937, analisando nao sô resulta dos experimentais como soluções matemãticas, propôs um método prãtico para determinação da linha freãtica em maciços permeã veis, úteis para os casos onde o ângulo w , do elemento de sa1da estã compreendido entre 30° e 180°. Sua solução consiste em es- sência, em adotar como primeira aproximação para a forma da -40- freãtica, a parãbola bãsica de Kozeny, e corr1g1r numa etapa seguinte, a entrada e a salda, a fim de que a linha de fluxo limite da rede satisfaça condições teõrico-prãticas. Figura 27 - Correções de entrada e salda da linha freãti- ca a partir da parãbola bãsica para o ângulo desaida 30°<w<l80° Dado um maciço permeãve1, como o da figura 27, com o talude de jusante formando um ângulo w compreendido entre 30° e 180°, traça-se a parãbola bãsica por qualquer um dos processos vistos, tendo como foco o ponto limite de saida do fluxo que serã nesse caso~ o p~ do talude de jusante; o pon- to M da parãbola, ~obtido dividindo-se a distância m (fig~ ra 27), projeção horizontal da dist~ncia 1 - 2 do talude de montante, em três partes iguais. Uma vez determinada a parãbola bãsica, esta sera como se pode perceber uma linha guia para o traçado da freá- tica. A linha de fluxo limite da Rede de Percolação, co- mo jã se viu deverã entrar na zona permeãvel formando um ang~ lo reto com a equipotenciêtl limite 1- 2 (item 11.1). Sendo -41- assim a concordância da parãbola para a freãtica do ponto M P! ra o ponto 2 ~ feita a sentimento e por tentativas de traçado da Rede subsequente (note-se a interdependência) saindo a freã tica, normal ao talude montante, como na figura 27. A correção seguinte diz ~espeito ao talude de jusa! te, ou s~ja: deter~inar a posição do ponto 4. Comparando uma série de Redes de Fluxo com a solu- çao te6rica de Kozeny, Arthur Casagrande obteve uma correlaç~ entre a parábola básica e a freãtica, e o ângulo de inclinação w do talude de jusante. Sendo a a distância F4, figura 27, entre o foco e a intersecção do talude com a freática e !' a distância entre o foco F e a intersecção do talude com a Parábola Básica de forma que a 1 =a+ 6a, essas distâncias podem ser correlaci~ nadas com o ângulo w , no âbaco da figura 28. 0,4 ~ (),3 o o <1 <1 + 0,2 o 0,1 ~ ~' "' ~ ~ o 30° soO 90° 1200 IScO IScO ongulo w F i g u r a 2 8 - C o . .r r e 1 a ç ã o de A . C a s a g r a n de , p a r a o b te n ç ã o do ponto de saida da Linha Freãtica. De forma que, conhecida a parábola bãsica e o ân- gulo w, conhece-se a • e o ângulo w, pelo ãbaco determina-se 6a e no pr6prio desenho determina-se o ponto 4. Os ajustes finais são feitos a sentimento. observar que o valor 6a 6a = decresce quando a+6a a• Deve-se w cresce -42- ou seja 6a = O quando w = 180°. Algumas das diferentes condições de saida, isto e, de localização do foco F, e de valores do ângulo w são ilustradas a seguir na figura 29. (o l w: 60° f ( cll w = 180° (c) w: 135° Figura 29 - Diversas condições de saida da linha freatica e redes esquematicamente traçadas. Observar que essas condições limites estão condicio- nadas ao tipo de proteção ou filtro dada ao talude de jusante. Esse elemento, como ja foi dito, tem como finalidade dar fluxo -43- rãpido a agua de percolação aliviando as pressoes neutras. Localizada a linha de fluxo limite, o próximo passo serã traçar a Rede de Percolação com linhas equipotenciais e de fluxo~ obedecendo ãs mesmas leis e recomendações jâ vistas. As equipotenciais poderão ser facilmente localiza - das se as perdas de carga ao longo da freâtica forem determina das apenas como perdas de carga altim~tricas (seção 10 - fig~ r a 16). A figura 30a ilustra o traçado de uma rede e a 30b uma rede jã traçada. M---m--~ ----'1M a -------- b Figura 30 - a - Esquema de construção de uma rede b - Rede de Fluxo traçada. -44- Observar que o filtro horizontal funciona como uma equipotencial limite, de carga nula. Para calcular a vazão perdida através do maciço, o procedimento e o mesmo que para a vazão perdida em uma fundação permeãvel. Portanto, o = K . h. F A avaliação do fator de forma F, pode levantar duvi- das, pois o valor de "e pode ser diferente se as perdas de car ga forem contadas sobre a freãtica ou sobre a superficie imper - me~vel horizontal (fronteira inferior da região de fluxo). Essa aparente ambiguidade na realidadê não existe se se considerar que na fôrmula da vazão, h = Llh "e, e a perda de carga total, co_!! sequentemente "e sera sempre o mesmo se determinado pelo numero de vezes que t.h coube em h, ou seja, o numero de perdas altimé- tricas devem ser contadas na vertical, pois esses foram pontos usados efetivamente para o traçado da Rede e eventualmente camu- flados pela geometria do maciço. O cãlculo das pressoes piezometricas no maciço se faz de forma absolutamente anãloga ao das pressões em uma fundação permeãvel. Sendo assim seja a figura 31, onde se considera um ma ciço, cuja rede de fluxo aparece parcialmente desenhada onde po- de-se calcular as pressões neutras. Suponha-se que se deseja a carga piezometrica no po_!! to A (uA/Yw). Se por esse ponto se desenha a equipotencial que lhe corresponde, essa linha sai na freãtica (no caso coincidente com o talude) em B. Os pontos A e B, pertencem i mesma equipo- tencial e tem portanto a mesma carga total H; = u1/yw + z1 . Passando-se um R.N. em qualquer gas totais serão respectivamente: HA UA + 2:A = yw HB UB + 2: B = Yw h o ri zonta 1 essas car -45- = = + = + Yw Mas o ponto B pertence a freática, portanto Logo a pressão piezométrica de A serã: = Yw Yw Ou seja, a diferença de cotas entre os pontos A e B ou a diferença de cargas altimétricas entre os dois pontos, e a pressão piezométrica do ponto A. Figura 31 - Cálculo das pressoes neutras nos maciços per- meáveis, a partir da rede de fluxo traçada. Logo a pressao neutra em A pode ser calculada em 2 t/m , como se ve na figura 31, medindo-se a distância verti- cal entre A e B. 13. REDE DE PERCOLAÇAO fM MACIÇOS E FUNDAÇDES PERMEAVEIS Atê agora, as regras básicas para o traçado de uma Rede de Fluxo, permaneceram as mesmas tanto para fundações permeáveis como para maciços permeáveis, notando-se as modificações (como havia sido destacado desde o principio) nas condições limites -46- ou de borda. Tambêm tratou-se atê o momento de solos homogeneos e iso- trópicos. Antes de passarmos para o estudo das condições anisotrõpi- cas e heterogeneas,vejamos a condição de maciços e fundações - permeãveis simultaneamente. Confirmando ainda os conceitos iniciais, a dificuldade alem ê evidente do traçado da rede em si), serã encontrar as condições limites em cada caso. A partir das condições limites, o procedimento segue abso- lutamente semelhanteas regras jã vistas, isto ê, tentar cons- truir uma Rede de Quadrados constituidos por linhas equipoten- ciais e linhas de fluxo. A titulo de ilustração sejam os dois problemas apresentados na figura 32 a e b N.A. - == (a ) impermeável Figura 32 - -47- Figura 32 - a - Traçado de uma Rede de Fluxo em maciço e fundação homogeneos e isotropos; b - Tra çado de uma Rede de Percolação com lençol de igua a jusante. Na figura 32a tem-se um maciço sobre uma fundação perme~ vel de material com propriedades de homogeneidade e isotropia. A determinação da freãtica segue as regras básicas jã vis~ tas, e ê sobre elas que são determinadas as perdas de carga ~h. Outra linha de fluxo limite serã na fundação, limite entre o material permeável e impermeável. As equipotenciais limites serão o talude de montante e o filtro a jusante. O fator de forma F = nf/ne nao implica em maiores dificul dades se calcularmos as perdas de carga ao longo da vertical on de foram determinadas para o traçado da rede. No caso de existir um lençol de ãgua no talude de jusante, como na figura 32b, deve-se levar em conta que a parte submer- sa do talude ê uma linha equipotencial e portanto, as linhas de fluxo da rede sairão normais a ela. A linha freãtica, tan- gente ao talude, terã seu ponto de saida na linha AB, e as linhas de fluxo da rede sairão com inclinações variãveis de O a 90°. A linha AB, não ê nem de fluxo nem equipotencial; e uma superflcie livre onde seus pontos estão sob pressão atmos- -48- ferica e pressao neutra nula, igual~~de de perda de carga cumprir-se-ã assim a condição de 6h entre as equipote~ciais suces- seção 6). sivas que a cortam (item 9, Para o câlculo da vazão perdida, Q = K. h . f - tambémnes se caso, o valor "e (F = nf/ne) deve ser avaliado contando-se as quedas de potencial ao longo da fronteira impermeãvel que li mita inferiormente a região. 14. TEORIA DA SEÇAO TRANSFORMADA Todas as ideias expostas, até o momento sobre a forma da freâtica, supuseram mais ou menos implicitamente que a regiãode fluxo é homog~nea e is6tropa. Se a região é anis6tropa, isso implica que as permeabilidades nas direções horizontal e verti- cal são diferentes e a Equação de Laplace ou de Continuidade. + = o sera a representação matemâtica do fluxo dos meios permeãveis. Para resolver esse problema novamente de forma grãfica, lan ça-se mão da teoria da Seção Transformada que transforma uma das coordenadas do problema e modifica as dimensões da zona de fluxo, permitindo a solução de Rede formada por quadrados. A anisotropia é comum nao sõ nas fundações onde a estrutu- ra vertical ê diferente da horizontal, por causas naturais ou não, como nos maciços de solo compactado por mâquinas, onde a permeabilidade na direção horizontal ê maior do que ~a vertical. Tanto nos maciços como nas fundações a solução do problema como em toda teoria de fluxo é a mesma, sendo assim considere - mos as seções apresentadas na figura 34 onde Kx ~ K 2 • -49- impermeável Figura 33 - Maciço e fundação constituidos de materiais perme~veis anisõtropos. -50- A região de fluxo e submetida a uma transformação de coorde nadas na qual a ordenada z se transforma em outra z ~, tal que z1 ~ = ~~ z Então I"K' dz 1 = I~ dz ~ Kz ,-~ Clh Clh d 7 I ~ :: ,_ = = d z d Z I d ·r ,_ óh d Z I d 2 h K () 2h = X 8z2 Kz az2 A equaçao geral do fluxo a duas dimensões dada por: Kx d 2h + Kz d 2h o ou = ax2 Clz2 K d 2h d 2h X + o a7 -,~ = Kz d z ,_ Podera transformar-se em: K d 2h K d 2h X + X = o Kz ax2 Kz az•2 Ou d 2h + d 2h = o ax1 a z ·2 Então a tnansformação de coordenadas permite que a condição de anisotropia volte para () caso isotrõpico. -51- Essa transformação deve ser levada para a Seção em estudo, para que as leis que regem o traçado da Rede de Fluxo possam ser aplicadas. Apos o traçado da Rede de Quadrados deve-se voltar a situ~ ção real, transportando os pontos de intersecção equipotencial linha de fluxo ãs suas coordenadas reais. Na figura 34 e 35 são apresentados exemplos de redes tra- çadas em coordenadas transformadas e depois retornadas ã sua condição rea 1 . ( b ) imperm eavel (a ) ( b) (a ) ( b ) Figura 34 - ( a ) Figura 34 - Figura 35 - .. 52- ( b) Aspectos das Redes de Fluxo e da linha Freãti ca em meios anisótropos. a - Seções transfo~ madas para traçar a rede em elementos quadra- dos; b- Seções Reais -comportamento realdo fluxo. N.A. a ' a l<t~ • l<v t/Ui =2 -53- Figura 35 - Aspectos d~ Redes de Fluxo em meios anis5tropos. -54- O c ã l cu 1 o da vaza o perdi da nesses casos de v e s e r f e i ta c o n s i derando-se uma permeabilidade equivalente determinada em função das permeabilidades reais. Sendo assim, considerando-se o elemento da figura 36 l + dZ < IVz )( / / tubos piezométricos Figura 36 - Cãlculo da vazao para fluxo bidimensional. A vazao através do elemento sera dada por: dq = vx d d + v d d ou y z z X y d Kx a h dy d + K Clh dx dy = q Clx z z Cl z Para meios isõtropos Kx = Kz = K dq K (~ dy d + Clh d d y) = Clx z d z X ( I ) -55- Para meios anisótropos Kx ~ Kz' mas podemos fazer z' = z l Kx I ~Kz e portanto d K a h d dz' K ~ f. d d = + q X ax y~ z az' K X y z Kz Ou ~-Kx dq = K I (-ªb. dz 1 dy + a h d dy) (II) . y ()X J Z I X As equaçoes I e II se referem a mesma vazao, de uma seçao num meio transformado, por coordenadas, em isõtropo. Comparando as duas ver~se-ã que a permeabilidade equivalente ~o meio isõ- tropo resultante ~ uma combinação das permeabilidades diferen- tes do mei~ anisótropo. Isto ê K K I y Para calcular a vazao perdida através de uma Rede de Perco- lação traçada numa seçao transformada a equação Q = K.h.F deverã considerar K = ~ Kv Kh 1 e o fator de forma F = nf/ne serã determinado tanto na Rede de quadrados como na Rede real uma vez que o numero de perdas de carga "e' e o numero de ca- nais de fluxo nf' serao os mesmos em qualquer conáição. Observe-se que todo o raciocinio exposto ê vãlido para Ou seja, a transformação de escala, e um recurso util em qual quer dos eixos. -56- 15. FLUXO DE AGUA ATRAVES DE SEÇDES NAO HOMOGENEAS Quando se depara com fundações formadas por estratificações. ou o maciço ~ consituido por um nGcleo de material bastante dif~ rente dos taludes, onde os coeficientes de permeabilidade não são iguais, o problema do traçado da Rede de Fluxo toma aspectos es- peciais que devem ser considerados com cuidado. 15.1 -Condição Geral de Transferência das Linhas de Fluxo devido a Mudança de Coeficiente de Permeabilidade As linhas de fluxo sofrem uma deflexão na fronteira en tre dois solos de diferentes permeabilidades. Nessa mudança de curso entretanto devem ser mantidas as propriedades gerais de pe~ colação, isto ê, igualdade de vazão e perda de carga. Seja a figura 37, limite entre dois meios is6tropos e homogeneos, em si. Figura 37 - Condições de Transferência das linhas de Fluxo entre meios de diferentes permeabilidades K1 > K2. -57- A Rede de Fluxo foi desenhada em quadrados para o m~ terial ã esquerda,sendo q a vazao entre duas linhas de fluxo sucessivas e 6h a perda de carga entre duas equipotenciais su cessivas, teremos: q = Mas, a se na = 6h K1 . a . a . 1 = c d c e sens Ou seja, = ~ = c d tga = a cosa = d coss ou A deflexão das linhas de fluxo sao tais que as tan- gentes dos ângulos de intersecção com a fronteira são invers~en te proporcionais aos coeficientes de permeabilidade. Essa lei e semelhante ã lei de refração da luz. Também justifica-se o procedimento do traçado da re- de nos meios 1 (formada por quadrados) e 2 (formada por re- tângulos). Isto é, se se passa de um meio para outro, a razão entre os lados dos elementos serã igual ã razão entre os coefi- cientes de permeabilidade; assim, os canais de fluxo são mais largos no meio (2) onde o coeficiente de permeabilidadefor me- nor (K 1 > K2 ) como na figura 37. Ou os canais de fluxo se es treitam quando se passa de um meio menos permeãvel (l) para um meio mais permeãvel (2), (K 2 > K1 ) como na figura 38, onde p~ de-se demonstrar a mesma lei de transferência. -58·· Figura 38 - Condições de Transfer~ncia das Linhas de Fluxo entre meios de diferentes perm~abilidades K1 < K2. Q,m = a d = cosa coss mn = a c = sena sens = !9.ê_ = c d tga -59- 15.2 - Condições Particulares de Transferência das Linhas de Fluxo Fazendo uso das propriedades gerais das Redes de Fluxo e da condição geral de transferência das linhas de flu xo, Arthur Casagrande analisou (Anexo 2) os casos da figura 39. K, K, K2 K1 > Kz a·~·w a·~·o ~ frontesro ~· t."'fd"- e1 -w w ?////////;;; Figura 39 - Diversas condições de transfer~ncia na frontei ra de dois meios de permeabilidades diferentes. Cabe notar que essas condições devem ser observadas principalmente na Linha Fre~tica dos Maciços de Terra, uma vez que essa linha ê limite na zona de fluxo. -60- 15.3 - Redes de Fluxo em Seções Não Homogeneas O traçado de Redes de Fluxo i? um problema dificil qua~ do se trata de seções homogêneas; para seções não homogeneas o problema alem de dificil requer sensibilidade e vivência, al~~ de conhecimento dos principias de traçado, principalmente nas condições de transferência que foram vistas. A validade da Lei de Darcy deve ser aceita integral - mente e a relação entre permeabilidade na fronteira, tamb~m. Um problema de meios heterogeneos pode admitir mais de uma solução de Rede, como ver~mos nos diversos exemplos de traçado de redes, não sõ em fundações permeaveis, como maciços de terra, ou as duas situações simultâneas. Seja o problema da figura 40. )K -~ o 'J. •i. w ! I ! I ! D/4 "- I<"• IKt . ! ! D/4 ~<t , I 1mpermeavel "' Figura 40 - Rede de Fluxo numa fundação heterogênea. -61- A fundação da obra ê constituída de duas camadas de permeabilidade diferentes K1 e K2 tal que K1 = 3 K2 O problema deve ser resolvido traçando-se a Rede de Fluxo em ambas as camadas. A rede de quadrados traçada na ca- mada 2, apresentari por canal de fluxo, uma vazão tal que: = (a = b) A correspond~ncia da camada 1, para o traçado na ca mada 2 seri tal que = Mantendo a igualdade de vazao e a perda de carga te!:_ se-i a para 6 hl 6h2 3 então c ql = q2 ' = e Kl = K2 = d 3 Fazendo um dos lados do quadrado (o comprimento) d= a = b, na camada 1, a rede seri construida nessa zona por re- tãngulos cuja largura (c) seri ~ do comprimento d. Ao aumento da permeabilidade K1 > K2 , correspond~ rã uma redução de irea para manter as condições de igualdade de vazao e perdas de carga entre os dois meios. Cuidados es- peciais devem ser tomados nas condições de transferência das linhas de fluxo. Outro problema semelhante ê apresentado na figura 41. Nesse segundo caso, pode-se buscar uma primeira apr~ ximação considerando na camada 2, uma espessura igual a tres ve zes a que tem realmente; a rede traçada nessa zona de fluxo distorcida constitui um bom começo; depois deve-se reduzir de 1 para 3 toda a escala vertical na camada 2, obtendo-se uma re- de susceptivel de resolver o problema real. As condições de transferência, igualdade de vazão e perda de carga nos meios de vem ser observadas. O c ã 1 cu 1 o da vaza o perdi da a o 1 o n g o da fundação, n e~ ses dois problemas, requer apenas sistematização. -62- impermeável Figura 41 - Rede de Fluxo numa fundação heterogênea. Ou seja, nos dois exemplos, a vazao perdida total se- ra a soma das vazoes perdidas em cada um dos meios: Q = + Q e a vazao por metro de comprimento de fundação No exemplo da figura 40, = = 3 q1 = vazao perdida em cada canal do meio = 6h . 1 = h q2 = vazao perdida em cada canal do meio 2 = nQ de canais de fluxo do meio nf 2 = nQ de canais de fluxo do meio 2 = h = nQ de perdas de carga (a mesma nos dois meios)= 5 perda de carga total (desnlvel de ~gua entre montante e jusante). -63- Esse cilculo tamb~m pode ser feito: = 3 K2 . "e h Q = 1 3 = = q nf = nQ de canais de fluxo dos dois meios, ou da re de toda = 4 Sendo q a vazao calculada para o meio onde a rede e realmente de quadrados, isto e, a relação % = 1. No exemplo da figura 41, ter-se-i então: (ne = 7) Na figura 42, temos o exemplo de tr~s soluções de R! de de Fluxo para um mesmo maciço constituído essencialmente de dois materiais. No talude de montante ha uma zona de material infi- nitamente permeavel e portanto saturado; maciço com uma permeabilidade menor (K 1 ) meio2 ondeK2 = 5K1 . o me i o 1 e o nu c 1 e o do que o material do Na primeira Rede (figura 42a), a solução adotada e semelhante a vista anteriormente, isto ~. mantidas as perdas de carqa 6h e vazões q, iguais nos dois meios, um dos meios constituir-se-a de quadrados (meio 1) e a outra de retângulos cujos lados obedecerão a relação entre as permeabilidades. q Kl . 6h l K2 óh c 1 = . = .- . d c Kl = = d K2 5 Observar que as linhas tracejadas do meio 2 permitem o traçado mais fãcil dos retângulos finais, obedecendo a rela- ção d (comprimento) = 5c (largura). O calculo da vazão perdida nesse caso sera: = -64- nfl = nf2 = nQ de canais de fluxo da rede~ tanto no meio 1 como no meio 2 = 3. 5 ql = q2 = vaza o por canal de fluxo nos dois meios Kl h K2 h 8 ql = = n = ne ne 5 e Logo, ql q2 q Kl h (calculada Rede de Quadra = ·- = par a a ne dos) Figura 42 - Redes de Fluxo no mesmo maciço constituido de zonas de permeabilidades diferentes. -65- Na figura 42b~ a solução de Rede de Quadrados foi da - da ao meio 2. Sendo assim a transfi~1uração da rede em retângu- los , para que se cumpra as condições de rede, sera no meio 1 . ql = Kl 6h a 1 - b q2 = K2 6h l q l = . q 2 Kl b = = K2 a 5 Ou seja na rede do meio l !I os elementos terão sua largura (a) igual a 5 vezes o seu comprimento (b). A Rede traçada com linhas pontilhadas formando qua- drados de largura l/5 do real satisfaz as condições e facili ta o traçado. A vaza o perdida total e calculada como: Q = nfl ql = nf2 q2 "fl = l1f2 = 3,5 q 1 Kl 6h a Kl 6h 5 = - = . b q2 = K2 6h = ql 6h h 40 = n = n e e No exemplo 42c, a solução da Rede ê mais fãcil, con- tudo foge um pouco dos padrões até aqui adotados. Nesse caso o traçado cumpre-se a igualdade de vazoes totais de forma que Q = vazao total = ql nf·l = -66- A primeira etapa constitui-se em traçar a Rede de Qu~ drados do me i o 1, onde q1 = K1 . 6 h . 1 - vazao por canal de fluxo A segunda etapa, construir a Rede do meio 2, natural mente coerente com a do meio 1, e que poderâ ser de elementos qu~ drados ou nao. No exemplo 42c os elementos nao o sao, portanto: = !::,h d c • 1 Sabe-se que nfl f nf2 e portanto q1 sera dife rente de q2; uma vez que deve ser mantido ql nfl = q2 nf 2 . Adotando-se no meio 2, um numero de canais de fluxo, nf 2 , tal que n'f 2 = c nf 2 então podemos estabelecer a se-d guinte relação: n fl ql = n fl ( K 1 6h 1 ) nf2 q2 nf2 ( K2 !::,h c 1 ) nlf2 K2 !::,h 1 = - = d nfl ql = nf2 q2 Kl n'f2 - = K2 nfl - -Onde n•f 2 e um fator que representa o numero de ca- nais de fluxo no meio 2, diferente do nGmero de canais de fluxo no meio 1 (nfl) de maneira a manter as propriedades da Rede, com uma relação de forma estabelecida em função das permeabilidades. Rede Uma observação importante e que os elementos da no meio 2 podem ser quadrados, isto i, ~ = 1, e nf 2 = cumprindo-se a mesma finalidade Q = q1 nfl = q2 nf2· n'f2 • Exemplos desse tipo serão apresentados mais adiante. -67- No exemplo da figura 42c "fl ql Kl h 1 3 '5' 8 = n f 1 ' "fl = ne = ne I K2 h 1 "f2 q2 = "f2 "e I Kl Kl nf2 = nfl = -- 3, 5 = 0,7 K2 5 K1 "f2 n.f2 d l !> c 0,7 = = - = c d A figura 43 mostra exemplos de Redes de Percolação traçadas pelo ultimo processo descrito, isto é considerando a igualdadede vazões totais, para relacionar o Fator de Forma, e as Redes sendo construidas por elementos quadrados. Na figura 43a, a permeabilidade do maciço é K1 e da fundação K2 , estão relacionadas na vazao K1 = 0,1 K2 . Na figura 43b e 43c a permeabilidade do maciço e K1 e da fundação K2 , tal que K1 = '10 K2. Observar que nes- sas duas figuras os pontilhados indicam parcelas do~ canais de fluxo, de forma que = = 1 o ou seja, a cada canal de fluxo do meio 1 (nfl) corresponderã 10 canais de fluxo do meio 2 (nf 2); ou a cada canal de fluxo do meio 2 corresponderá 0,1 dos canais de fluxo d~ meio 1. -68- (o l I I I I I Figura 43 - Redes de Fluxo em Maciços de permeabilidade K1 diferente da fundação K2 -69- Na figura 44 estâ apresentada uma Rede de Fluxo bas tante complexa. e sõ com muita experiência e possivel resolv~-la. Observe-se que para construção dessa rede, entre a zona 1 e 2, foram mantidas a igualdade de vazões q1 = q 2 , mas, para construir as duas redes de quadrados somente se 6h1 F 6h 2 e consequentemente nel F ne 2 · = Entre as zonas 2 e 3 foram mantidos 6h 2 = 6h 3 n f .3 q 3< '· portanto n f 2 F n f 3 e q 2 F q 3 · Entre as zonas 1 e 3 o equilibrio foi obtido simul taneamente fazendo, nfl F nf 3 ' q1 F q3 , 6h 1 F 6h 3 e nel F ne 3 , e mantendo-se as igualdades nfl q1 = nf 3 q 3 e nel 6hl = ne 3 6h 3 , uma solução como pode-se ver, complexa. Figura 44 - Exemplo de uma Rede de Fluxo complexa. 15.3 - Redes de Fluxo em Seções nao Homogeneas e Anisõtro- pas Outra situação de complexidade no traçado das redes de fluxo ocorre quando os materiais não são homogeneos K1 F K 2 e alem disso são anisótropos Kh F Kv. E o caso apresenta- do na figura 45. -70- ( bl Figura 45 - Rede de Fluxo traçada para uma Seção nao homoge- nea e meios anisotrõpicos: a - seçao transforma da; b - seção real. Nesse caso para encaminhar a solução, a primeira etapa serã transformar uma das coordenadas da seção, numa segunda etapa, traçar a rede seguindo os princ{pios vistos ao longo da seção 15, e numa terceira etapa voltar as coordenadas reais, visualizando assim o aspecto verdadeiro da Rede de Percolação. 16. FLUXO TRANSIENTE Apôs o per{odo construtivo da barragem, o reservatório e cheio; essa elevação de ntvel de :ãgua pode ser instantânea. A saturação do meio p1ermeãvel serã gradativo, assim como o avan ço da linha de saturação 'limite, como pode ser visto na figura 46. h Figura 46 - Saturação progressiva nos maciços permeãveis,apõs o enchimento do reservatório. - 71 - As posições passam de 1 para 11, sendo esta ultima correspondente ao regime permanente do fluxo. Para o problema inverso, um rebaixamento instantâ- neo, o movimP~+o da freãtica pode ser acompanhado na figura47. N.A. N.A. '\iiidi#' P0$1ÇÃO 1 : ... , --L----1-----Ii---..... (c l PO&IÇÃO 4 , .. .. Figura 47 - Mudança gradativa da Rede de Fluxo com o re- baixamento do N.A. do reservatório. No final dessa segunda etapa, a linha freãtica se estabiliza numa posição de equillbrio, num novo regime perma- nente de fluxo, para a nova cota do reservatório. Esses dois casos, constituem-se em exemplos de flu xo transiente em um solo que passa de parcialmente saturadop~ ra saturado e vice-versa. Dentro da zona de saturação, a Equação da Continui dade ê vãlida, assim como a Lei de Darcy, daí poder-se cons- truir Redes de Fluxo como se o fluxo transiente fosse uma se- rie de fluxos permanentes que se sucedem no tempo. No exemplo do rebaixamento rãpido (figura47), as linhas de fluxo partem da freãtica, e no regime permanente hã um paralelismo entre elas. Um outro problema de fluxo transiente ocorre quan- do sobre o maciço hã uma chuva intensa e contlnua. Novamente os limites de saturação são modificados, agora para a crista da barragem, figura 48. -72- N.A. impermeável Figura 48 - Rede de Fruxo apos uma chuva intensa sobre o ma ciço permeãvel. -73- 17. ANEXOS 17. l - Anexo l Condições de Saida da Linha Freâtica Quando o talude de jusante do maciço ou as condições de saida a jusante (filtros e drenos) formam um ângulo w < 90°, com a zona saturada, a Linha Freâtica deve sair tangente i es- se talude. Figura 49 - Condições de saida da Linha Freâtica para o li mite de jusante com um ângulo w < 90° Considere-se a saida da freãtica na figura 49. Admi- tir-se-ã inicialmente que a freãtica não ~ tangente, mas sim faz um ângulo a com o talude. l!h 1 = a se n (w - a} 11h2 m4 cos (·90 - w ) a sen w = = --cosa m4 mn a = = cosa cos a Segundo as hipôteses iniciais = que Portanto: a sen(w - a) -74- = a cosa sen w Para qualquer valor de a > O tem-se evidentemente sen(w-a) < senw senw > senw cosa O que prova que sõ ocorrerá igualdade se a = O ou, a freãtica for tangente ao talude. Quando o ângulo w > 90°, a Linha Freãtica deve sair tangente ã vertical que passa pelo ponto de intersecção. linho freático horizontal --·----- Figura 50 - Condições de salda da Linha Freãtica para o Li mite de jusante com um ângulo w > 90° -75- Na figura 50 e mostrada a saida de uma rede amplia- da. O gradiente (~h/a) ê assumido arbitrariamente, então a r~ de e traçada, começando por uma série de linhas horizontaisequi distantes que representam as diversas equipotenciais. Como se pode ver pela figura 50,o gradiente assumido não pode estar cor reto, porque e impossivel desenhar quadrados na porção mais bai xa da rede a nao ser que se imponha que a = b. Projetando-se esses parâmetros, pode-se c~gar a se- guinte relação: b cosa Para se cumprir a condição de a = b, a solução so e possivel se a= 90° - w', isto significa que a Linha Freãtica deve ser vertical no talude. 17.2 - Anexo 2 Condições de Transferência das Linhas de Flu xo Se analisarã nos parãgrafos seguintes alguns dos diver - sos casos ilustrados na figura 39. Quando se passa de um meio de permeabilidade K1 ,para um meio de permeabilidade K2 ; sendo plana a fronteira entre eles, e suposta vãlida integralmente a condição que c = = d Onde a e B sao os ingulos de entrada e saida e c e d sao respectivamente a largura e o comprimento dos retingulos na rede do segundo meio, supostos elementos quadrados no primeiro me i o (a = b) . CASO l o w < 90 e K1 < K2 (figura 51) Considera-se neste caso que a fronteira entre dois meios, forma com a horizontal um ângulo menor que 90° e que K1 < K~, o fluxo se dando da esquerda para a direita. -76- FH111ra 51 - Transferência das linhas de fluxo entre meios de diferentes permeabilidades (K1 < K2) e a frontei ra formando um ângulo w < goo. D3s condições normais de transfer~ncia de qualquer li nha de fluxo segue-se que neste caso S < ae d > b = a (figura 38) portanto, - possivel so ser a = llh 2 quando a= B = O Com efeito óhl = b sen ( w -a óh2 = d sen ( w - s ) Mas, b d = cosa coss portanto para L'lh 1 = llh 2 , sen (w -a) cosa = sen(w-B) cosS Mas a< S, então sen( w- S) > sen(w -a), e por outro lado cosa< cos s. Não se pode, para· ci e S diferentes, chegar a valores de llh 1 = llh 2. Para se cumprir essa hipõtese e necessário que a = S; mas também tga tgS Como = Kl K 1 ~ K2 E~ntão so se atinge a igualdade paraa= B= O -77- Uma s o 1 u ç ã o e s p e c i a l p a r a e s s e c a s o o c o r r e q u a n d o a. = w , ou seja, a linha de fluxo entra horizontalmente. Neste caso aso lução serã a.= B = w CASO 2 e Neste caso resulta B >a e d < b =a (figura 37), sele- var em conta as condições de transferência de uma linha de fluxo qualquer. Com tratamento similar ao do caso 1 as únicas soluções possíveis serão: a = B = O e a. = B = w (quando a entrada for horizontal) CASO 3 e K1 > K2 (figura 52) Da mesma forma anterior, as hip5teses bãsicas sao que 8 >a e d < b =a, e as condições de permeabilidade (K 1 > K2 ) (fig~ ra 37). Figura 52 - Transfer~ncia das linhas de fluxo entre meios de diferentes permeabilidades (K1 > K2)
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