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ENSAIOS DE MATERIAIS CAPITULO 1 – INTRODUÇÃO AOS ENSAIOS Na aplicação da engenharia o estudo da ciência dos materiais e o dimensionamento dos materiais, são de grande importância muitos parâmetros obtidos por meio dos ensaios físicos. Podemos definir simploriamente ensaio como a observação do comportamento de um material quando submetido à ação de agentes externos como esforços ou outros. Os ensaios são executados sob condições padronizadas em geral definidas por normas, de forma que seus resultados sejam significativos para cada material e possam ser facilmente comparados e se necessário refeitos por outros. Os materiais podem ser classificados segundo ASHBY em cinco grupos distintos, apesar de que três grupos poderiam abranger todos os materiais: Metais – Cerâmicos – Polímeros. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior CAPÍTULO 2 – NORMATIZAÇÃO DOS ENSAIOS Normatização: “Constitui-se da classe de normas técnicas que é um conjunto metódico e preciso de preceitos destinados a estabelecer regras para execução de cálculos, projetos, fabricação, obras, serviços ou instalações, prescrever condições mínimas de segurança na execução ou utilização de obras, máquinas ou instalações, recomendar regras para elaboração de outras normas e demais documentos normativos”. De um modo específico as Vantagens da normatização são Qualitativa a) A utilização adequada dos recursos (equipamentos, materiais e mão-de- obra); b) A uniformização da produção; c) A facilitação do treinamento da mão de obra, melhorando seu nível técnico; d) A possibilidade de registro do conhecimento tecnológico; e) Melhorar o processo de contratação e venda de tecnologia. Quantitativa a) Redução do consumo de materiais e do desperdício. b) Padronização de equipamentos e componentes; c) Redução da variedade de produtos (melhorar); d) Fornecimento de procedimentos para cálculos e projetos; e) Aumento da produtividade; f) Melhoria da qualidade; g) Controle de processos. Normalização no Brasil ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas – criada em 1940, atualmente é parte do Conmetro ( Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) como membro representante de caráter privado. SINMETRO: Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, criado em 1973, lei número 5966, formula e executa a política nacional de metrologia. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, é órgão executante do sistema instituído. Classificação das Normas a) NBR 1: normas compulsórias, de uso obrigatório em todo o território nacional. b) NBR 2: normas referendadas, de uso obrigatório para Poder Público e serviços concedidos. c) NBR 3: normas registradas, normas voluntárias que venham a merecer registro do Inmetro. d) NBR 4: normas probatórias, em fase experimental com vigência limitada e registrada no Inmetro. Normalização Internacional a) ISO – Organização Internacional para Normalização. b) IEC – Comissão Internacional Eletrotécnica. c) CEN – Comitê Europeu de Normalização. d) ASAC – Comitê Asiático de Normas. e) ASMO – Organização Árabe para Normalização e Metrologia. f) OPANT – Comissão Pan – Americana de normas técnicas. PADRONIZAÇÃO Definição: “É a classe norma técnica que constitui um conjunto metódico e preciso de condições a ser satisfeitas, com o objetivo de uniformizar formatos dimensões, pesos ou outras de elementos de construção, materiais, aparelhos, objetos, produtos industriais acabados, ou ainda, de desenhos e projetos”. Objetivos da Padronização: a) Diminuir número de itens no estoque; b) Simplificação dos materiais; c) Permite a compra de lotes maiores; d) Diminui o trabalho de compras; e) Diminui os custos de estocagem; f) Maior rapidez na aquisição; g) Evita diversificação de materiais para a mesma aplicação; h) Obtenção de maior qualidade e uniformidade. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior LAUDO TÉCNICO Laudo de capacitação técnica é um documento expedido pelo Organismo de Inspeção, após homologação da empresa, comprobatório da capacitação para fabricação/transformação de bens ou serviços. CAPITULO 3 – ENSAIOS DE TRAÇÃO Introdução Ensaios de tração são ensaios destrutivos onde uma amostra do material é submetida a um esforço longitudinal. A amostra ou corpo de prova tem dimensões padronizadas que são definidas por normas. Poderíamos estudar apenas a relação F versus ∆L, mas isso seria dependente do material e das dimensões do corpo de prova. Para obter resultados dependentes do corpo de prova. Para obter resultados do corpo de prova. Para obter resultados dependentes apenas do material, são usadas grandezas relativas. No lugar da força, usamos a tensão de tração, σ, que é a relação entre força e área da seção transversal. No ensaio, consideramos apenas a área inicial do corpo: σ = F / S0 em lugar da deformação absoluta, é usada a deformação relativa ao comprimento inicial L0: € = ∆L /L0 Um material é dito ter comportamento elástico se, uma vez removido o esforço, as dimensões retornam àquelas antes da aplicação do mesmo, isto é, não há deformações permanentes. O material obedece à lei de Hooke: σ = E X €. Onde E é o módulo de elasticidade do material. Para aços, um valor típico de E é 2,06 x 105 MPa. Portanto, a tensão, σp é o limite de proporcionalidade do material. A partir do ponto L temos o início da região plástica ou escoamento do material, significando a existência de deformações residuais permanentes. É usual considerar início ou limite de escoamento σe a tensão que produz uma deformação residual € = o, oo2 ou 2% indicado no gráfico como ponto E. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior Após o limite de escoamento, há uma significativa redução da área da seção transversal e a tensão real segue algo como a curva tracejada. A ilustração a seguir está representando este fato. Mas convencionalmente usa-se a tensão aparente, em relação à área inicial. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior CAPITULO 4 – ENSAIOS DE COMPRESSÃO A obtenção do gráfico tensão-deformação num ensaio de compressão uniaxial é um tema ainda não completamente resolvido. Claramente, os resultados experimentais dependem de uma combinação de parâmetros do material e de teste. Como parâmetros do material podem ser referidos a forma do corpo de prova (provete) e como parâmetros de teste indicam-se a velocidade de carga, a rigidez da máquina de ensaio e as condições de contacto entre o prato e o corpo de prova. De fato, é extremamente difícil estabelecer um teste padrão fiável para ensaios de compressão uniaxial com a inclusão do comportamento pós-pico. Por exemplo, a norma NBR 5739 é usada para ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos de concreto: Existem três maneiras de se realizar o ensaio – triaxial: a) Ensaio não adensado e não drenado ou ensaio rápido (Q): Este ensaio é recomendado quando se deseja obter a coesão e ângulo de atrito de, por exemplo, um talude, logo após a sua execução. Neste ensaio o corpo de prova é submetido à pressão confiante e depois ao carregamento axial, sem se permitir a drenagem da água intersticial (sem conectar as buretas). O teor de umidade permanece constante e no caso da amostra estar saturada, não ocorre variação de volume. Quando colocada uma barra sobre a letra Q significa que o ensaio é feito com medidas de pressões neutras. O ensaio Q será o mesmo só que sem a medida dessas pressões.Este ensaio demora cerca de 1 a 2 horas. b) Ensaio adensado não drenado ou ensaio rápido pré-adensado (R): este ensaio é o que melhor representa as condições do solo para a análise da estabilidade de um aterro certo tempo após a sua construção, ou da estabilidade de uma barragem em virtude de um rebaixamento rápido do reservatório. Neste ensaio é aplicada a pressão confinante e deixa-se dissipar a pressão neutra correspondente, adensando o corpo de prova conectam-se as buretas para o pré-adensamento – cerca de um dia para adensar. Na seqüência aplica-se o carregamento axial, espera estabilizar e rompe sem drenagem. Este ensaio fornece a resistência não drenada em função da tensão de adensamento. Se as pressões neutras forem medidas, ter-se-á a resistência em termos de tensões efetivas, sendo por essa razão bastante empregado por permitir determinar a envoltória de resistência em termos de tensão efetiva em cerca de dois dias; Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior c) Ensaio adensado drenado, também chamado impropriamente de ensaio lento, devido à condição de ser um ensaio muito lento, levando no caso das argila, cerca de duas semanas:neste ensaio é permitida em todas as fases, a drenagem do corpo de prova, sendo que muitas vezes este chega ao laboratório já pré-adensado. É aplicada a tensão confinante e espera-se que a amostra adense, ou seja, que a pressão neutra (u) se dissipe. Aumenta-se, então, a tensão axial, de maneira a expulsar a água sob pressão, ocorrendo a dissipação total das pressões neutras durante todo o ensaio, ou seja, mantendo-se nulas durante todo o ensaio, de maneira que as pressões totais medidas sejam iguais às efetivas. O ensaio de compressão simples é um caso especial do triaxial. A coesão de um solo simplesmente coesivo é a metade da sua resistência à compressão. As areias têm coesão praticamente nula e ângulo entre 25º e 35º. CAPITULO 5 – ENSAIOS DE DUREZA Introdução Ensaios de dureza são ensaios não-destrutivos pois deixam apenas uma pequena marca na peça ensaiada quase que imperceptível. Esta marca na maioria das vezes não elimina a peça quanto a sua utilização. Dureza é definida como a resistência que um material oferece à penetração de outro em sua superfície. Essa característica faz dele um importante meio de controle da qualidade do produto. Existem vários tipos de escalas de dureza entre elas: Dureza Brinell: uma superfície submetida à ação de uma esfera de material duro de diâmetro D, comprimida por uma força F, isso produz uma cavidade no material de diâmetro d. A dureza Brinell (HB) do material é dada pela fórmula: HB = 2F / {п x D [D - √(D2 –d2)]} cuja unidade é a mesma da tensão. Dureza Rockwell: no caso de materiais duros o objeto penetrante utilizado é um cone de diamante com ângulo de vértice de 120º. Esta escala é chamada Rockwell C ou HRC. Com materiais semi-duros ou macios é usada uma esfera de aço temperado de diâmetro 1/16. É a escala Rockwell B ou HRB. Nos dois casos, é aplicada uma carga padrão definida em normas e a dureza é dada pela profundidade de penetração. Dureza Vickers: Neste tipo de escala é utilizada uma pirâmide de diamante com ângulo de diedro de 136º que é comprimida, com uma força arbitrária F, contra a superfície do material. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior A área 5 da superfície impressa é então calculada pela medição das suas diagonais. A dureza Vickers HV é dada por F/S. Existe uma proporcionalidade entre a força aplicada e a área e, portanto, o resultado não depende da força, o que é muito conveniente para medições em chapas finas, camadas finas (cementação). Dureza Janka: Este tipo de escala é uma variação do método Brinell, usada em geral para madeiras. É definida pela força necessária para penetrar, até a metade do diâmetro, uma esfera de aço de diâmetro 11,28 mm (0,444 in). O resultado é, portanto, uma força e não há um padrão de unidade. O ensaio de riscamento é utilizado para se avaliar a adesão de recobrimentos ao substrato. Um equipamento instrumentado com penetrador Rockwell C com abertura de 120º, aplica uma taxa de força (100 N/min.) com determinada velocidade. Os resultados são comparados com auxílio de microscopia óptica segundo a equação: HS = 8 Fn / п b 2, onde: HS - é a dureza ao risco do material (MPa). Fn - é a força normal no ensaio de riscamento (N). b - é a largura dos riscos (mm) relativa a essa força normal. Dureza por rebote Este ensaio de dureza se baseia na queda livre de um êmbolo com uma ponta padronizada de diamante. O valor da dureza está vinculado à deformação consumida no impacto. Dos ensaios de dureza por rebote se destacam o ensaio de dureza Shore. Este consiste em um cilindro de vidro graduado por uma escala calibrada por onde um êmbolo de ferro com ponta diamantada desliza. Para a realização do ensaio é necessário posicionar o cilindro perpendicularmente à superfície do material e soltar o êmbolo. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior CAPITULO 6 – ENSAIOS DE TORÇÃO O ensaio de torção é um dos testes utilizado para a simulação física. Este ensaio pode ser realizado a frio ou a quente. O estado de tensão atuante na superfície de uma amostra cilíndrica submetida a um esforço de torção está ilustrado a seguir. A tensão cisalhante máxima atua em dois planos mutuamente perpendicular e paralelamente ao eixo da amostra. As tensões principais s1 e s3 fazem ângulos de 45º com o eixo do corpo de prova e são iguais em magnitude às tensões cisalhantes máximas. S1 é a tensão de tração, s3 é a tensão de compressão de igual valor e s2, que é igual a zero, é a tensão intermediária. Este ensaio permite grandes taxas de deformação resultando em grandes deformações. O corpo de prova recebe o momento torçor que é aplicado por intermédio de um motor cuja velocidade pode ser controlada e variar com o tempo, simulando os processos produtivos. Os equipamentos permitem também realizar medidas de torque (tensão de escoamento plástico) de deslocamento angular (deformação e taxa de deformação) além da temperatura do ensaio. CAPITULO 7 – ENSAIOS DE FLEXÃO Uma força que provoca somente uma deformação elástica no material, dizemos que se trata de um esforço de flexão. Quando produz uma deformação plástica, temos um esforço de dobramento. Isso significa que, flexão e dobramento são etapas diferentes da aplicação de um mesmo esforço, sendo a flexão associada à fase elástica e o dobramento à fase plástica. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior Em algumas aplicações industriais, por exemplo, envolvendo materiais de alta resistência, é muito importante conhecer o comportamento do material quando submetido a esforços de flexão. Nesses casos, o ensaio é interrompido no final da fase elástica onde são avaliadas as propriedades mecânicas dessa fase. Quando se trata de materiais dúcteis, é mais importante conhecer como o material suporta o dobramento. Nesses casos, é feito diretamente o ensaio de dobramento, que fornece apenas dados qualitativos. Tanto o ensaio de flexão quanto o ensaio de dobramento utilizam praticamente a mesma montagem, adaptada à máquina universal de ensaios: Dois rolos, com diâmetros determinados em função do corpo de prova, que funcionam como apoios, afastados entre si a uma distância pré-estabelecida: um cutelo semicilíndrico, ajustado à parte superior da máquina de ensaios por onde é aplicada a força de ensaio. Esses ensaios podem ser feitos tanto em corpos de prova ou em produtos, respeitando evidentemente as normas técnicas específicas. Embora possam ser feitos no mesmo equipamento,na prática esses dois ensaios não costumam ser feitos juntos. CAPITULO 8 – ENSAIOS DE FLUÊNCIA Introdução Ensaios de fluência conhecidos do inglês como CREEP é um ensaio dependente principalmente do tempo (existem outras variáveis) e que consiste em aplicar uma força ou uma carga constante sobre o material a ser analisado e sua respectiva resposta ou comportamento ao longo do tempo. Este ensaio é muito utilizado para materiais metálicos. Fluência pode ser definida como: As deformações permanentes, dependentes do tempo e da temperatura quando o material é submetido à uma carga constante. Com aplicação de uma carga constante sobre um determinado corpo inicialmente este corpo reage apresentando a sua resposta elástica e posteriormente a sua plástica dependente da magnitude da força aplicada a ele. A fluência é a deformação plástica que progride com o tempo quando esta situação acontece, isto é, a força aplicada é constante. A velocidade da fluência é a relação que envolve a deformação plástica quando uma força constante é aplicada e o tempo. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior A velocidade da fluência é dependente e aumenta com a temperatura. O engenheiro deve estar atento para equipamentos que operam em temperaturas elevadas. Quando a temperatura de operação for superior ou igual a 40% da temperatura de fusão do material, deve-se estar atento para o fenômeno da fluência. FATORES QUE AFETAM A FLUENCIA (para os metais) Temperatura Módulo de elasticidade Tamanho de grão Em geral: a) Quanto maior o ponto de fusão maior a resistência a fluência (e maior o modulo de elasticidade) b) Quanto maior o tamanho de grão menor a resistência a fluência. O ensaio de fluência é conduzido pela aplicação de uma carga uniaxial e constante sobre um corpo de prova (da mesma geometria dos corpos de prova utilizados para os ensaios de tração), a uma dada temperatura (geralmente elevada) constante. O tempo de aplicação da carga é estabelecido em função da vida útil esperada do componente. O resultado é a deformação em função do tempo (€ x t). Resultado (€ x t): A curva (€ x t) apresenta três estágios: Estágio primário: ocorre uma diminuição contínua na taxa de fluência (€ = d€/dt), isto é, a inclinação da curva diminui em função do tempo. Isto ocorre devido o aumento da resistência por encruamento do metal. Estágio secundário: neste estagio a taxa de fluência (€ = d€/dt) é constante (comportamento linear). Este comportamento é devido a dois fenômenos que ocorrem simultaneamente: encruamento e recuperação do metal. O valor médio da taxa de fluência no estagio secundário é denominado de taxa mínima de fluência (€m). Este valor é muito importante para projetos de estruturas ou componentes, pois estabelece a vida útil do material. Estágio terciário: é o último estágio do ensaio do material. Neste período ocorre um aumento da taxa de fluência (€ = d€/dt) e que termina na ruptura do corpo de prova. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior O fenômeno da ruptura nos metais inicia pela separação dos contornos grãos, formação das trincas propagação e conlescência destas, diminuição da área do material, aumento da deformação e ruptura. O gráfico representa uma curva de deformação versus tempo (€ x t) de uma cerâmica submetida a um ensaio de fluência, e a curva da taxa de deformação versus deformação (d€/dt x €) em escala monologarítmica. CAPITULO 9 – ENSAIOS DE FADIGA Introdução Fadiga dos materiais é a forma de falha ou ruptura que acontece nos materiais que estão sujeitos a forças dinâmicas e cíclicas. Nestes casos o material apresenta uma resistência à ruptura mais baixa, isto é, rompe com uma tensão inferior a sua respectiva tensão de resistência a tração. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior É muito comum que a ruptura dos materiais sujeitos as tensões de fadiga rompa de modo frágil mesmo que os metais tenham comportamento dúctil. Mecanismo de fadiga A fratura por fadiga em metais geralmente ocorre pela iniciação e propagação de trincas. Elas iniciam onde há pontos de imperfeição interatômicas, estruturais ou pontos de concentração de tensão (superfície principalmente). Os resultados dos ensaios de fadiga são expressos através do gráfico de fadiga conhecido como curva σ – N ou curva WOHLER. A curva representa a tensão aplicada versus o número de ciclos necessários para ocorrer a fratura do material. Normalmente para o número de ciclos (N) utiliza-se uma escala logarítmica. LIMITE DE RESISTÊNCIA À FADIGA (σrf) É um valor de tensão abaixo do qual certos materiais (aços, titânio, ....) nunca sofrerão ruptura por fadiga. Para os aços este limite está entre 35 à 65% do limite de resistência à tração. LIMITE À FADIGA (σf) É um valor de tensão onde a ocorrência da falha decresce continuamente com o número de ciclos. É um valor limite de tensão onde o número de ciclos é importantíssimo para determinar a vida útil do material. Este valor é muito utilizado para ligas não ferrosas de alumínio, magnésio, cobre entre outras. VIDA EM FADIGA (Nf) É um valor correspondente a um determinado número de ciclos onde ocorrera a falha por fadiga a uma tensão determinada. “DICAS DE ENGENHARIA” Fatores que influenciam a vida útil de materiais sujeitos a solicitações por fadiga: Tensão média - Trabalhar a níveis de tensão abaixo da tensão média de fadiga aumenta a vida útil do material. Superfície – Defeitos como cantos agudos, rugosidades, descontinuidades... favorecem a tensão por fadiga. É aconselhável um bom polimento superficial, cantos arredondados, endurecimento superficial (cementação, nitretação, boratação, diminuição dos tamanhos de grãos...) Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior Externos – A fadiga térmica que é variação da temperatura (aquecimento- resfriamento) e a fadiga por corrosão (pites de corrosão) influenciam a ruptura por fadiga. CAPITULO 10 – ENSAIOS DE IMPACTO Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior CAPITULO 11 – ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS Introdução Ensaios não destrutivos são aqueles ensaios que uma vez realizados sobre peças acabadas ou semi-acabadas não deixam vestígios de sua utilização ou em uso, mostrando o momento de sua substituição antes mesmo de acontecer sua ruptura em serviço. Vantagens - O ensaio é realizado diretamente nas peças que serão utilizadas. - Podem ser realizados em todos ou partes ou parte dos elementos constituintes de uma dada estrutura. - Várias regiões de uma mesma peça podem ser examinadas simultaneamente ou sucessivamente. - Auxiliam a manutenção preventiva, permitindo repetições de ensaio em uma ou várias unidades. - Materiais e peças de alto custo de produção não são perdidos nos ensaios. - Ensaios não destrutivos requerem pouca ou nenhuma preparação das amostras. - Os ensaios podem ser portáteis. - São em geral baratos e rápidos. Desvantagens - O comportamento ou a resposta ao ensaio tem um significado indireto. - Seus resultados são qualitativos e poucas vezes quantitativos. - São necessárias pessoas com bastante experiência prévia para interpretação dos resultados. Tipos de análise Falhas ou defeitos produzidos > Podem ser de três tipos: - durante a produção inicial da matéria-prima. Ex.: trincas, fissuras, bolhas, contaminantes... Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior - durante o processamento. Ex.: falhas de continuidade, inclusões, penetração por solda... - durante o serviço ou utilização. Ex.: corrosão, fadiga, trincas.Ensaios por Líquidos Penetrantes Está baseado na penetração de um líquido, de características específicas em trincas superficiais pelo fenômeno da capilaridade. Sua aplicação é restrita à detecção de defeitos superficiais não visíveis a olho nu. Como se realiza: - limpeza e desengraxe do local; - secagem dos resíduos da limpeza; - aplicação do líquido penetrante; - limpeza do excesso de líquido penetrante. Não usar material absorvente (papel, pano...) para não retirar o líquido da possível fissura; - aplicação do pó revelador; - observação dos defeitos. Ensaios por Partículas Magnéticas Está baseado na magnetização de um corpo de prova espalhando sobre esta limalha de ferro ou óxido de ferro. As possíveis fissuras criarão um campo de fuga diferenciado que é evidenciado pela orientação da limalha ou óxido de ferro. Como se realiza: - limpeza e desengraxe do local; - magnetização do corpo de prova; - espalhamento da limalha ou óxido de ferro sobre a superfície; - observação; - desmagnetização. Ensaio por Ultra – som Este ensaio é realizado pela introdução de um feixe de ondas sonoras de elevada freqüência (1 – 25 MHz) num corpo sólido. As ondas se propagam mediante a transmissão de vibrações mecânicas das partículas constituintes do material do corpo. O transdutor é o gerador da vibração e transforma energia elétrica na forma de corrente alternada proveniente de um aparelho eletrônico, energia mecânica de vibração. O transdutor é justaposto ao corpo de prova com uma substância acoplante intermediária de natureza viscosa (vaselina) para poder transmitir a vibração mecânica. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior A detecção de descontinuidades internas ou superficiais decorre da verificação da intensidade do feixe que atinge a extremidade do corpo de prova oposta àquela em que se coloca o transdutor; as descontinuidades alteram o efeito da intensidade do feixe sônico que ocorre quando este se propaga através de um corpo. A detecção de descontinuidades pode ser realizada, ainda pela verificação de reflexões do feixe nas descontinuidades do mesmo. Os defeitos como trincas, cavidades de contração, sobreposição, poros, etc., criam uma interface gás-metal que provoca quase que uma completa reflexão do feixe sônico, enquanto que heterogeneidades do material como inclusões, segregações, etc., provocam uma reflexão parcial ou uma dispersão das ondas sônicas. As ondas ultrasônicas somente serão efetivamente refletidas por defeitos que tenham dimensões iguais ou maiores que o comprimento de onda da radiação. Este método apresenta alta sensibilidade, o que pode detectar defeitos muito pequenos. Além disto, pode ser utilizado em corpos de grande espessura, pois tem alto poder de penetração. A determinação do posicionamento da falha é muito preciso e possibilita uma resposta rápida, requerendo apenas acesso ao local de análise. Como se realiza: - aplicar o agente acoplante (vaselina) ao local do ensaio; - acoplar o transdutor neste local. Ensaio por Raios-X e Raios-Gama (y) Os raios-X são radiações eletromagnéticas idênticas à luz, apenas com comprimento de onda diferente (1 – 0,01 A). Eles são produzidos em tubos de raio-X onde os feixes de elétrons em alta velocidade colidem sobre um alvo metálico. Na colisão são emitidas radiações de diferentes comprimentos de onda (raios-X). As radiações gama (y) são também radiações eletromagnéticas mas de comprimento de onda menor que os raios-X (0,01 – 0,005 A), e são produzidas pelo processo de desintegração de materiais radioativos. Os ensaios por radiação, ou ensaios radiográficos, são métodos de ensaios não- destrutivos de peças e estruturas baseadas na absorção não igual de uma radiação penetrante. A absorção não igual ou heterogênea decorre da presença de defeitos ou de variações de composição ou dimensões. Uma radiografia consiste em fazer com que um feixe de raios-X atravesse a peça que se deseja radiografar, projetando uma imagem de sombras sobre um elemento sensível à radiação (filme radiográfico). A diferença de intensidade de radiação que atinge o detector permite verificar a presença de descontinuidades. Como se realiza: - acoplamento do emissor de radiação; - colocação da chapa radiográfica na parte oposta ao emissor. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior Diferença entre Raios-Gama e Raios-X Os raios-gama têm as seguintes vantagens: 1) O equipamento de raios-gama é de pequeno porte e de fácil transporte. É formado basicamente pelo isótopo, invólucro protetor e alguns suportes. 2) Devido ao menor comprimento de onda dos raios-gama, a penetração é maior, permitindo ensaiar objetos de espessuras maiores. 3) O custo do equipamento de raios-gama é relativamente baixo. 4) O ensaio com raios-gama independe do suprimento de energia elétrica e de água de refrigeração. Os raios-gama têm as seguintes desvantagens: 1) Os isótopos geralmente emitem raios de menor intensidade, exigindo maior tempo de exposição. 2) Algumas fontes radioativas têm meia-vida relativamente curta, requerendo freqüente substituição. 3) É necessária proteção especial para o pessoal de operação. Ensaios de Materiais Engenharia de Produção e Sistemas – UESC – Professor Celso Fornari Júnior
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