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1 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Fisiopatologia das dislipidemias Dislipidemia é uma doença em que o diagnóstico é muito baseado em alterações laboratoriais. A dislipidemia altera os níveis de lipídeos, colesterol. Entretanto, o colesterol é precursor de vários fatores importantes para o funcionamento do nosso organismo, é constituinte da membrana plasmática, é precursor de sais biliares, hormônios esteroides (aldosterona, testosterona, cortisol). Devemos pensar que em excesso é ruim, mas em falta também. O colesterol é produzido de maneira endógena no fígado, mas também temos a ingesta calórica (leite, quejo, carne). A síntese do colesterol ocorre no reticulo endoplasmático e no citosol de todos os tecidos, especialmente o fígado, intestino, além de adrenal e gônadas. Lipoproteínas As lipoproteínas as substâncias que iremos dar enfase, porque elas são responsáveis por carrear substâncias gordurosas, ou seja, lipídeos no meio aquoso. Definição: as lipoproteínas são moléculas responsáveis pelo transposte, no plasma, das gorduras, tornando esses lipídeos solúveis em meio aquoso. As lipoproteínas tem uma estrutura muito bem definida composta por apolipoproteína, colesterol live de membrana, fosfolipídeos, triglicerídeos e éster de colesterol (mais interno). Então, a estrutura da lipoproteína é “pensada” exatamente para o transporte de gordura em meio aquoso, plasmático. Classe de lipoproteínas Quilomícron é uma liporproteína proveniente da dietamais volumosa, rica em triglicerídeos e com pouco colesterol, absorvida no intestino. É transportada desde o intestino delgado até a circulação geral. VLDL é uma lipoproteína parecida com o quilomicron, tem menos TG porque ocorreu hidrólise de alguns, mas continua tendo mais triglicerídeos que colesterol. São produzidas no fígado, e removem o TG endógeno desse órgão, evitando a sua acumulação. IDL é a lipoproteína de transição, tem uma quantidade equilibrada de triglicerídeo e colesterol. LDL é uma lipoproteína oxidativa. Proteína de baixa densidade, transporta colesterol. Acumulam-se nas paredes dos vasos sanguíneos, levando a lesões endoteliais. Níveis normais: 160 mg/dL. Nível de não HDL corresponde a soma dos valores séricos de VLDL, IDL e LDL. O limite é de 190 mg/dL. HDL é a lipoproteína “super heroína” que tem alto poder antioxidante, tem pouco de TG e de Col. Excesso de HDL não tem problema, ele ajuda a carrear colesterol. O HDL é um fator de proteção aterogênico, já que eliminam o colesterol plasmático excedente. O HDL é rico em vários tipos de Apolipoproteínas, e o HDL tem a capacidade de doar essas apolipoproteínas para as outras lipoproteínas. O maior componente do HDL é o ApoA1, que é uma lipoproteína estrutural. As apoproteínas contituintes da estrutura da lipoproteína tem uma função muito importante, (1) papel estrutural, mantendo a integridade do complexo lipídeo/proteína; (2) faz a ligação com receptores de membrana de células extra- hepáticas (reconhecimento de receptores de superfície), permitindo que o colesterol entre nas células; e, (3) ativar enzimas que fazem parte do metabolismo lipídico – ApoC2 ativa a lipase lipoproteica que faz a hidrólise de triglicerídeos. Apoproteínas de reconhecimento, Apo B100/ Apo B48, mais presente em LDL, uma vez que o LDL Dislipidemia Legenda: Triglicerídeo (TG), colesterol (Col). 2 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 precisa entrar na célula através da ligação com receptores de membrana. ApoC2 (ativa a enzima) e ApoC3 (inativa a enzima) são lipoproteínas reguladoras da função da enzima lipase proteica. A síntese do colesterol corresponde a 26 reações químicas, entre essas reações vamos focar na etapa que é o alvo do tratamento da dislipidemia com as estatinas, classe de medicamentos que é primeira escolha. O alvo dessa classe de medicamentos é a enzima HMG-CoA redutase, que age inibindo a enzima que metaboliza o 3-hidroxi-3metilglutaril- CoA em mevalonato, impedindo a continuação da via sintética de colesterol. Metabolismo dos lipídeos O metabolismo dos lipídeos pode ser dividido em dois momentos, a via endógena e a via exógena. Na via exógena temos os lipídeos provenientes da ingesta calórica, que é absorvido no intestino na forma de quilomícron. Na via exógena do metabolismo dos lipídeos, o HDL doa a ApoC2, através de proteínas de transferência, para o quilomícron (proveniente da dieta e que já foi absorvido, já se encontra na grande circulação) conseguir ativar a lipase lipoproteíca. A lipase lipoproteíca é uma enzima que promove a hidrólise de triglicerídeos transformando-o em ácidos graxos livres (quilomícrons remanescentes) que serão absorvidos pelo tecido adiposo e músculo para servir com aporte energético de reserva. O quilomícron remanescente terá em sua composição também ApoE e ApoB48. A ApoE contribui para a absorção do quilomícron remanescente no fígado, ou seja, ela se liga a receptores de membrana que reconhecem a ApoE e permitem que os quilomícrons entrem no fígado. Então, o colesterol ingerido entra no fígado como quilomícron remanescente, e esse é hidrolisado, perde um pouco de TG, e forma o VLDL que vai ser liberado na circulação. O VLDL terá em sua composição ApoC2, ApoE e ApoB100. A ApoC2 ativa a lipase lipoproteíca que promove, novamente, a hidrólise de TG, formando ácidos graxos livres que serão absorvidos pelo tecido adiposo e músculo, e LDL. Só que no meio do caminho do processo de quebra há algumas substâncias que não são hidrolisadas completamente, formando o IDL, que é o produto intermediário da formação de VLDL em LDL. O LDL que foi formado a partir do VLDL, na grande circulação, será absorvido por estruturas extra-hepáticas e intra- hepáticas, através dos receptores específicos. Apenas a quantidade de LDL necessária para a reserva energética é absorvida, o excesso não consegue ser absorvido pelos tecidos e fica “sobrando”, circulante na grande circulação, e é esse LDL que é prejudicial, que vai acumular na parede dos vasos e gerar todo o processo de placa de ateroma. Mecanismo que o HDL utiliza para recrutar os lipídeos ainda é um pouco incompreendido, a gente sabe que existem proteína de transporte, mas o mecanismo exato ainda não é extremamente conhecido. O HDL tem um conteúdo proteico muito rico em Apo-a1 e Apo-a2, sintetizadas no fígado, predominantemente. Contém as mesmas estruturas das outras lipoproteínas. E, HDL tem a enzima lecitina-colesterol acil-transferase (LCAT) que esterifica o colesterol. Essa enzima é muito eficiente e sempre acompanha o HDL. Funções de HDL 1. Transferir as proteínas para outras lipoproteínas 2. Retirar os lipídeos de outras lipoproteínas 3. Retirar o colesterol das membranas celulares 4. Converter o colesterol em ésteres de colesterol através da LCAT 5. Transferir os ésteres de colesterol para outras lipoproteínas, os quais são transportados para o fígado 6. Transportar os ésteres de colesterol para o fígado A HDL pode trocar lipídeos com as outras lipoproteínas, dependendo da concentração destas na corrente sanguínea. 3 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Risco cardiovascular O principal problema da dislipidemia é a obstrução da artéria coronária pelo ateroma, pelo acumulo de lipídeo na parede de artérias ao longo de anos (delta T grande). Manifestações clínicas: doença silenciosa. O HDL pode ser um fator ajudante para a prevenção da formação do ateroma, uma vez que a antes que haja o processo fibrótico ele consegue capturar o lipídeo, ou seja, ele consegue agir até a fase de lesão intermediária. Como avaliar o risco do paciente com relação a doença para poderdefinir a escolha terapêutica? Quanto maior o risco, menor a faixa que se deve manter o LDL. Taxa de não HDL é tudo que não é HDL, ou seja, é a soma dos níveis de VLDL, IDL e LDL. Dislipidemia primária Corresponde a dislipidemias provocadas por causas genéticas. Essa é classificada de acordo com o exame laboratorial. A hiperquilomicronemia familiar é diagnosticada quando o paciente tem muito quilomícron, exatamente porque ele tem a deficiência na lipase lipoproteíca, fundamental para a promover a hidrólise do TG. E, além disso, tem-se também a deficiência da ApoC2, lipoproteína que ajuda na ativação da lipase lipoproteíca. Assim, observa-se na hipercolesterolemia família a elevação do valor de quilomícron no exame laboratorial. A hipercolesterolemia familiar é causada pelo déficit no número ou função dos receptores de LDL. Assim, há aumento de LDL, porque não tem numero de receptores suficientes para absorver o colesterol. A hiperdislipidemia mista familiar é uma doença poligênica, e corrobora no aumento do VLDL e do LDL. Dislipidemias associadas à baixa de HDL. Dislipidemia secundária Resumo... O triglicerídeo dá origem ao VLDL, que dá origem ao ILDL e que dá origem ao LDL. Caso ocorra um pequeno aumento do triglicerídeo não haverá impacto substancial nos valores dos não HDL. Mas, caso esse aumento seja substancial, isto é, 4 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 maior que 400mg/dL de triglicerídeos deve-se considerar todas as formas não HDL, hiperlipidemia mista. Manifestações clínicas Quanto maior os valores de HDL, menor risco de doença cardiovascular. Aterosclerose Fatores de risco da aterosclerose e doenças secundárias: hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes melito e tabagismo. Para avaliação do risco cardiovascular podemos usar várias calculadoras online, por exemplo. Calculadora online para avaliação do risco cardiovascular. O escore de Framingham é o escore para a avaliação do risco cardiovascular. Dependendo do risco encontrado na avaliação diagnóstica que se define o tratamento, mas para traçar o tratamento deve-se considerar o perfil do paciente e o comprometimento dele com o tratamento.
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