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Ergonomia e Desenho de Móveis

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Indaial – 2021
Ergonomia E DEsEnho 
DE móvEis
Prof.ª Samantha Jandrey
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.ª Samantha Jandrey
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
J33e
Jandrey, Samantha
 
 Ergonomia e desenho de móveis. / Samantha Jandrey. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
 
 214 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-534-7
 ISBN Digital 978-65-5663-535-4
 
 1. Ergonomia. – Brasil. 2. Design de interiores. – Brasil. II. 
Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 CDD 747
aprEsEntação
Prezado acadêmico! Estamos iniciando os estudos de Ergonomia 
e Desenho de Móveis. A disciplina tem, como objetivo, expor alguns con-
ceitos, além de conhecer a relevância e a aplicabilidade da ergonomia no 
design de interiores. 
As abrangentes áreas de atuação do profissional de design exigem 
conhecimentos técnicos para o projeto de móveis, em escala para ambientes 
internos ou voltados para a escala urbana. Desses conhecimentos, a 
ergonomia é de comprovada relevância, entre a interface usuário – design.
Para a consolidação de um bom projeto, os aspectos ergonômicos 
consolidam dimensionamentos mínimos, médios e, até mesmo, padronizados, 
para a execução de móveis que atendam aos quesitos de segurança e conforto 
dos usuários.
Através deste livro, que está estruturado em três unidades, 
pretendemos discutir os temas apresentados.
Nesta Unidade 1, abordaremos os aspectos históricos e os principais 
conceitos e objetivos da ergonomia aplicados ao design, apresentando as 
principais normas técnicas relativas ao mobiliário e à ergonomia, além de 
um panorama do desenho universal no design de móveis.
Na Unidade 2, você encontrará temas que abordam e apresentam o 
processo criativo e as metodologias no desenvolvimento do design, para que 
você, como profissional do design, consiga entender as decisões em cada 
etapa de um projeto, ou seja, em toda a organização estrutural.
A Unidade 3 contempla as fases de processo e fabricação dos móveis, 
desde as dimensões e as convenções, que compreendem a representação do 
desenho de móveis. 
Esperamos que esses estudos contribuam para a sua formação 
profissional, e que os conteúdos apresentados neste livro didático possibilitem 
a aprendizagem de conceitos de ergonomia que enriqueçam os projetos de 
interiores.
Vamos ao estudo do nosso livro?
Prof.ª Samantha Jandrey
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN ................................................ 1
TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E A EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA ...................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 CONCEITOS E OBJETIVOS DA ERGONOMIA ......................................................................... 4
3 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA ............................................................................. 7
3.1 A ERGONOMIA DA PRÉ-HISTÓRIA À SOCIEDADE INDUSTRIAL .................................. 7
3.2 ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA DA ERGONOMIA NO BRASIL ............................... 12
3.3 A ERGONOMIA E A ÁREA DE ATUAÇÃO ............................................................................ 14
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 — ERGONOMIA NO DESIGN E MOBILIÁRIO BRASILEIROS.......................... 21
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21
2 PRINCIPAIS CONCEITOS E METODOLOGIA DO DESIGN ERGONÔMICO ................ 21
3 ANTROPOMETRIA E SUA UTILIZAÇÃO NA ERGONOMIA .............................................. 26
3.1 MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS ............................................................................................ 29
4 CONCEITUAÇÃO E BREVE HISTÓRIA DO MOBILIÁRIO NO BRASIL .......................... 33
4.1 NORMAS TÉCNICAS PARA O MOBILIÁRIO ....................................................................... 39
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 41
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 42
TÓPICO 3 — NOÇÕES DE DESENHO UNIVERSAL NO DESIGN ......................................... 45
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 45
2 DESENHO UNIVERSAL E NORMATIVAS ................................................................................ 45
3 ACESSIBILIDADE E PRINCIPIOS TÉCNICOS NO DESIGN ................................................ 51
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 60
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 62
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 63
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 66
UNIDADE 2 — PROCESSO CRIATIVO E A METODOLOGIA APLICADA
 NO DESIGN .............................................................................................................71
TÓPICO 1 — ETAPAS E PROCESSOS METODOLÓGICOS NO DESIGN ............................ 73
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73
2 CONCEITOS E APLICAÇÕES ........................................................................................................ 74
2.1 DIVERSIDADE DE USUÁRIOS .................................................................................................. 75
3 METODOLOGIA DE PROJETO .................................................................................................... 80
3.1 FASE DE ANÁLISE....................................................................................................................... 84
3.2 FASE DE SÍNTESE ........................................................................................................................ 86
3.3 FASE DE DESENVOLVIMENTO ............................................................................................... 87
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93
TÓPICO 2 — PERCEPÇÃO E CRIATIVIDADE NO DESENVOLVIMENTO
 DO PROJETO DE INTERIORES .............................................................................. 95
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95
2 PERCEPÇÃO E CRIATIVIDADE NO PROJETO ........................................................................ 95
2.1 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA ..................................................................................... 99
2.2 TEMPESTADE DE IDEIAS (BRAINSTORMING) .................................................................. 101
2.3 PAINEL SEMÂNTICO ............................................................................................................... 103
2.4 MAPA MENTAL ......................................................................................................................... 107
3 AVALIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO ................................................................ 108
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 111
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 116
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 118
TÓPICO 3 — METODOLOGIA NO PROCESSO DA ERGONOMIA
 DO AMBIENTE CONSTRUÍDO ............................................................................ 121
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 121
2 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO ............................................................................ 122
2.1 ANÁLISE DA DEMANDA........................................................................................................ 123
2.2 ANÁLISE DA TAREFA .............................................................................................................. 124
2.3 ANÁLISE DA ATIVIDADE ....................................................................................................... 124
2.4 FORMULAÇÃO DO DIAGNÓSTICO ..................................................................................... 125
2.5 RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS .................................................................................. 126
3 INTERVENÇÃO ERGONOMIZADORA.....................................................................................126
4 ANÁLISE MACROERGONÔMICA DO TRABALHO ............................................................ 128
4.1 FASE DO LANÇAMENTO DO PROJETO .............................................................................. 130
4.2 FASE DE APRECIAÇÃO ........................................................................................................... 131
4.3 DIAGNOSE .................................................................................................................................. 131
4.4 PROJETAÇÃO ............................................................................................................................. 131
4.5 IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO ...................................................................................... 131
4.6 VALIDAÇÃO ............................................................................................................................... 132
5 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM PROJETOS DE INTERIORES ................ 132
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 137
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 139
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 141
UNIDADE 3 — ERGONOMIA E DESENHO DE MOVÉIS NA PRÁTICA ........................... 145
TÓPICO 1 — FABRICAÇÃO DE MÓVEIS ................................................................................... 147
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147
2 PROCESSOS E MATERIAIS DE MOBILIÁRIOS RESIDENCIAIS ...................................... 148
3 PROCESSOS E MATERIAIS DE MOBILIÁRIOS COMERCIAIS ........................................ 154
4 CATEGORIAS DA PRODUÇÃO MOVELEIRA ....................................................................... 159
4.1 MOBILIÁRIO SOB MEDIDA .................................................................................................... 160
4.2 MOBILIÁRIO ARTESANAL ..................................................................................................... 162
4.3 MOBILIÁRIO SERIADO ............................................................................................................ 163
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 164
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 165
TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO PARA MÓVEIS ............................................................. 167
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 167
2 COZINHA ......................................................................................................................................... 167
2.1 COZINHA LINEAR ................................................................................................................... 170
2.2 COZINHA PARALELA ............................................................................................................. 171
2.3 COZINHA EM “U” .................................................................................................................... 171
2.4 COZINHA EM “L” ..................................................................................................................... 172
2.5 COZINHA EM ILHA ................................................................................................................. 173
3 LAVANDERIA .................................................................................................................................. 173
4 BANHEIROS E LAVABOS .............................................................................................................176
5 SALAS ................................................................................................................................................ 179
6 DORMITÓRIO E CLOSET ............................................................................................................ 182
7 PROJETOS COMERCIAIS E CORPORATIVOS ...................................................................... 184
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 187
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 189
TÓPICO 3 — MEIOS DE REPRESENTAÇÃO DE PROJETO DE MÓVEIS ........................... 191
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 191
2 DESENHO TÉCNICO E CONVENÇÕES ................................................................................... 191
2.1 ESCALAS ..................................................................................................................................... 192
2.2 DIMENSIONAMENTO – COTAS ............................................................................................ 194
2.3 ALGARISMOS ............................................................................................................................. 196
2.4 LEGENDA.................................................................................................................................... 196
2.5 SÍMBOLOS GRÁFICOS ............................................................................................................. 197
2.6 LINHAS ........................................................................................................................................ 198
2.7 TAMANHO DAS FOLHAS ...................................................................................................... 199
3 PLANTA BAIXA ............................................................................................................................... 200
4 CORTES ............................................................................................................................................. 201
5 VISTAS .............................................................................................................................................. 202
6 DETALHAMENTO .......................................................................................................................... 203
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 206
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 208
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 210
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 212
1
UNIDADE 1 — 
INTRODUÇÃO À ERGONOMIA
NO DESIGN
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• sintetizar a história da ergonomia;
•	 definir	os	conceitos	e	os	objetivos	da	ergonomia	aplicados	ao	design;	
•	 aplicar	as	normas	técnicas	relativas	ao	mobiliário	e	à	ergonomia;
•	 estudar	e	compreender	o	desenho	universal	no	design	de	móveis;
•	 realizar	as	atividades	básicas	a	partir	dos	conceitos	estudados.
Esta	unidade	está	dividida	em	três	tópicos.	No	decorrer	da	unidade,	
você	 encontrará	 autoatividades	 com	 o	 objetivo	 de	 reforçar	 o	 conteúdo	
apresentado.
TÓPICO	1	–	ASPECTOS	HISTÓRICOS	E	A	EVOLUÇÃO	DA	ERGONOMIA	
TÓPICO	2	–	ERGONOMIA	NO	DESIGN	E	MOBILIÁRIO	BRASILEIROS
TÓPICO	3	–	NOÇÕES	DE	DESENHO	UNIVERSAL	NO	DESIGN
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
ASPECTOS HISTÓRICOS E A EVOLUÇÃO 
DA ERGONOMIA
1 INTRODUÇÃO
Iniciaremos	 o	 Tópico	 1	 apresentando	 os	 conceitos	 e	 os	 objetivos	 da	
ergonomia	e	os	principais	pressupostos.	Neste	tópico,	você	conhecerá	a	história	
e	como	evoluiu	a	ergonomia	no	Brasil	e	no	mundo,	com	as	respectivas	áreas	de	
especialização,	entre	elas,	a	do	design.	Através	da	leitura	do	tópico,	esperamos	
que	você	compreenda	esse	conceito	tão	necessário	e	como	ele	evoluiu	até	adquirir	
o	significado	que	conhecemos	hoje.
A	ergonomia	é	uma	disciplina	científica	que	surgiu	na	metade	do	século	
XX,	como	consequência	do	trabalho	interdisciplinar	materializado	por	diversos	
profissionais.	
A	ergonomia	se	desenvolveu	durante	a	II	Guerra	Mundial	(1939-1945).	
Pela	primeira	vez,	houve	uma	conjunção	sistemática	de	esforços	entre	
a	tecnologia,	ciências	humanas	e	biológicas	para	resolver	problemas	de	
projeto.	Médicos,	psicólogos,	antropólogos	e	engenheiros	trabalharam	
juntos	 para	 resolver	 os	 problemas	 pela	 operação	 de	 equipamentos	
militares	complexos.	Os	resultados	desse	esforço	interdisciplinar	foram	
muito	gratificantes,	a	ponto	de	serem	aproveitados	pela	indústria,	pós-
guerra	(DUL;	WEERDMEESTER,	2012,	p.	15).	
As	diversas	concepções	do	termo	ressaltam	o	caráter	interdisciplinar	da	
ergonomia	na	dinâmica	das	interfases	do	sistema	homem	–	máquina	–	ambiente,	
no	 qual	 ocorrem	 trocas	 de	 informações	 e	 energias	 com	 vistas	 à	 realização	 de	
determinado	trabalho	(IIDA,	2005).
A	história	vem	sendo	muito	estudada	e	debatida.	O	estudo	da	ergonomia	
é	fascinante	e	carrega	consigo	o	poder	de	desvendar	uma	série	de	informações	
ainda	 pouco	 exploradas,	 como	 a	 investigação	 dos	 precursores	 dessa	 ciência,	
portanto,	 estabelecer	 que	 ela	 seja	 uma	 ciência	 nova	 conduz	 a	 uma	 afirmação	
equivocada	(SILVA;	PASCHOARELLI;	SILVA,	2010).
Originalmente,	essa	aplicação	se	concentrava	na	necessidade	de	amenizar	
os	impactos	negativos	do	trabalho	exaustivo	e	repetitivo	nas	indústrias,	ou	seja,	
era	compreendida	com	uma	ciência	do	trabalho.	Hoje,	é	contemplada	como	uma	
disciplina,	 a	 qual	 investiga	 a	 abordagem	 sistêmica	 de	 todas	 as	 atividades	 ou	
tarefas	humanas.	
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
4
No	desenvolvimento	deste	tópico,	também	serão	abordados	os	aspectos	
que	 impulsionaram	 a	 origem	 e	 a	 evolução	 da	 ergonomia,	 com	 base	 nos	
pressupostos	de	autores	referenciais	do	tema.	Assim,	expõe	o	relato	das	inúmeras	
exigências	e	domínios	relacionados	à	ergonomia.	
Caro	acadêmico,	com	base	no	que	vamos	apreender,	poderá	constatar	que	
a	ergonomia	é	uma	disciplina	de	dimensão	aplicada,	prática	e	útil	na	nossa	vida	
cotidiana	no	geral.
2 CONCEITOS E OBJETIVOS DA ERGONOMIA
A	palavra	ergonomia	é	composta	pelas	palavras	gregas	ergon (trabalho)	e	
nomos	(leis	e	regras),	a	ciência	do	trabalho.	Esse	termo	foi	adotado,	pela	primeira	
vez,	em	1857,	por	um	cientista	polonês,	Wojciech	Jastrzebowski,	em	um	trabalho	
intitulado	Ensaios de Ergonomia, ou Ciência do Trabalho, Baseados nas Leis Objetivas 
da Ciência sobre a Natureza	(ABRAHÃO	et al.,	2009).		
A	ergonomia	é	o	 estudo	do	 relacionamento	entre	o	homem	e	o	 seu	
trabalho,	equipamento,	ambiente	e,	particularmente,	da	aplicação	dos	
conhecimentos	 de	 anatomia,	 fisiologia	 e	 psicologia	 na	 solução	 dos	
problemas	que	surgem	desse	relacionamento	(IIDA,	2005,	p.	2).
No	 vocabulário	 contemporâneo,	 a	 ergonomia	 passa	 a	 ser	 conceituada	
como	uma	disciplina	que	investiga	a	abordagem	sistêmica	de	todos	os	aspectos	
das	 atividades	 humanas.	 De	 acordo	 com	 Corrêa	 e	 Boletti	 (2015),	 a	 meta	 do	
termo	 ergonomia	 é,	 essencialmente,	 analisar	 a	 adequação	 do	 trabalho	 ao	 ser	
humano,	 o	 que	 envolve,	 principalmente,	 observar	 o	 ambiente	 em	 que	 esse	
trabalho	é	executado.	A	acepção	da	palavratrabalho	é	ampla	e	compreende	as	
ações	efetuadas	com	o	uso	de	equipamentos,	além	das	diversas	conjunturas	que	
transcorrem	na	relação	entre	o	ser	humano	e	a	produção.
Conforme a disciplina evolui, algumas variações na terminologia surgiram em 
diferentes países. Embora o termo ergonomia seja muito utilizado na Austrália, no Brasil, 
na Europa e na Nova Zelândia, no Japão, usa-se o termo ergologia. Nos Estados Unidos, 
foi adotado o termo fatores humano (human factors). Embora os termos ergonomia e 
fatores humanos sejam considerados sinônimos pelos profissionais, o uso popular parece 
ter adotado significados diferentes. Fatores humanos têm sido empregados para denotar 
as áreas cognitivas da disciplina (percepção, memória etc.), enquanto ergonomia parece se 
referir aos aspectos físicos (layout do ambiente de trabalho, iluminação, temperatura, ruídos 
etc.) (CORRÊA; BOLETTI, 2015).
NOTA
TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E A EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA
5
O	 interesse,	 nesse	 novo	 ramo	 de	 conhecimentos,	 cresceu	 rapidamente,	
em	 especial,	 na	 Europa	 e	 nos	 Estados	 Unidos.	 Na	 Inglaterra,	 cunhou-se	 o	
termo	ergonomia	e	 se	 fundou,	 em	1949,	 a	primeira	Sociedade	de	Pesquisa	 em	
Ergonomia.	Em	1961,	foi	criada	a	Associação	Internacional	de	Ergonomia	(IEA) 
(DUL;	WEERDMEESTER,	2012).
As	diferentes	definições,	os	equipamentos	e	o	ambiente	convergem	para	
a	 busca	 de	 adequação	 do	 trabalho	 ao	 ser	 humano.	 Assim,	 as	 definições	 das	
principais	 instituições	 voltadas	 ao	 estudo	 são	 consensuais	 e	 complementares	
acerca	do	conceito	da	disciplina,	conforme	exposto	a	seguir.
QUADRO 1 – DEFINIÇÕES DAS PRINCIPAIS ASSOCIAÇÕES DE ERGONOMIA
FONTE DEFINIÇÃO
Ergonomics Research Society 
(Sociedade de Pesquisa em 
Ergonomia) – hoje, Institute 
of Ergonomics and Human 
Factors (BROWNE et al., 1950)
“Ergonomia	 é	 o	 estudo	 do	 relacionamento	
entre	o	homem	e	o	seu	ambiente	de	trabalho,	
equipamento	e	ambiente,	principalmente,	da	
aplicação	 dos	 conhecimentos	 de	 anatomia,	
fisiologia	 e	 psicologia	 na	 solução	 dos	
problemas	surgidos	desse	relacionamento”.
Internacional Ergonomics 
Association (20-7) 
(Associação Internacional de 
Ergonomia)
“A	 ergonomia	 (ou	 fatores	 humanos)	 é	
a	 disciplina	 científica	 que	 se	 ocupa	 em	
compreender	 a	 interação	 entre	 os	 seres	
humanos	e	outros	elementos	de	um	sistema,	
além	 da	 profissão	 na	 qual	 se	 aplica	 teoria,	
além	 dos	 princípios,	 dados	 e	 métodos	 a	
projetos,	otimizando	o	bem-estar	humano	e	o	
desempenho	global	do	sistema”.
Associação Brasileira de 
Ergonomia (2004)
“Se	 pudermos	 caracterizar	 a	 ergonomia	
como	 uma	 disciplina	 que	 busca	 articular	
conhecimentos	 sobre	 a	 pessoa,	 sobre	 a	
tecnologia	 e	 a	 organização,	 para	 sustentar	
a	 prática	 de	 mudança	 dos	 determinantes	 e	
condicionantes	da	atividade	profissional	e	do	
uso	e	do	manuseio	de	produtos	ou	sistemas,	
então,	o	objetivo	da	disciplina	e	da	prática	em	
ergonomia	é	facilmente	compreensível:	trata-
se	 de	 realizar	 uma	 transformação	 positiva	
na	configuração	da	situação	de	trabalho	e	no	
projeto	de	produtos”.
FONTE: Adaptado de Corrêa e Boletti (2015)
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
6
Os	 principais	 objetivos	 da	 ergonomia	 são	 a	 satisfação,	 o	 conforto	 dos	
indivíduos	e	a	garantia	de	que	a	prática	laboral	e	o	uso	do	equipamento/produto	
não	causem	problemas	à	saúde	do	usuário.	Para	isso,	não	se	restringe	a	analisar	
a	interação	entre	o	operador	e	o	produto/equipamento,	a	atividade	e	o	ambiente	
laboral,	mas	também	engloba	os	contextos	organizacional,	psicossocial	e	político	
de	um	sistema	(CORRÊA;	BOLETTI,	2015).
Segundo Abrahão et al. (2009), o objetivo da ergonomia é transformar o 
trabalho, de forma a adaptá-lo às características e à viabilidade do homem e do processo 
produtivo.
• bem-estar;
• segurança;
• produtividade e qualidade.
IMPORTANT
E
Segundo	Ilda	(2005),	para	que	a	ergonomia	atinja	o	objetivo,	o	ergonomista	
deve	entender	e	projetar,	considerando:
• o	homem	e	as	diversidades	inerentes	a	ele,	abarcando	atributos,	como	idade,	
tamanho,	força,	habilidade	cognitiva,	experiência,	cultura	e	objetivos;
• a	máquina,	ou	seja,	todas	as	ferramentas,	o	mobiliário,	os	equipamentos	e	as	
instalações;
• o	ambiente,	que	contempla	temperatura,	ruídos,	vibrações,	luzes,	cores	etc.;
• a	informação,	que	se	refere	ao	sistema	de	transmissão	das	informações;
• a	organização,	que	constitui	todos	os	elementos	do	sistema	produtivo,	como	
horários,	turnos	e	equipes;
• as	consequências	do	trabalho,	que	abarcam	todas	as	questões	relacionadas	com	
erros	e	acidentes,	além	de	fadiga	e	estresse.
Nessa	 perspectiva,	 conforme	Abrahão	 et al.	 (2009),	 a	 ergonomia	 busca	
projetar	 e/ou	 adaptar	 situações	 de	 trabalho	 compatíveis	 com	 as	 capacidades,	
respeitando	os	limites	do	ser	humano.	Esse	ponto	de	vista	implica	reconhecer	a	
premissa	ética	da	primazia	do	homem,	cujo	bem-estar	deveria	ser	o	objetivo	maior	
da	produção,	uma	vez	que	um	dado	trabalho	pode	se	adaptar	ao	ser	humano.	
No	entanto,	não	podemos	esperar	que	nos	adaptaremos	a	um	trabalho	que	não	
respeite	as	nossas	limitações	nem	contemple	as	nossas	capacidades.
O	conceito	e	o	objetivo	apresentados	há	pouco	geram	transformações	que	
aconteceram	ao	longo	da	história	da	ergonomia	(ABRAHÃO	et al.,	2009).	A	seguir,	
apresentaremos	como	tudo	começou	e	foi	evoluindo	no	decorrer	da	história.
TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E A EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA
7
3 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA
As	trajetórias	histórica	e	evolutiva	da	ergonomia	estiveram	associadas	ao	
desempenho	das	atividades	ou	tarefas	laborais,	tendo	em	vista	que	problemas,	
como	desconforto	e	 fadiga,	decorrentes	das	condições	e	do	 tempo	destinado	à	
execução	dos	esforços	repetitivos,	causam	lesões	diversas.	Segundo	Abrahão	et al.	
(2009),	a	formalização	da	ergonomia,	enquanto	disciplina,	é	recente.	
Nesse	 sentido,	 para	 Iida	 e	 Buarque	 (2016),	 ao	 contrário	 de	 muitas	
ciências,	cujas	origens	se	perdem	no	tempo,	a	ergonomia	tem	uma	data	“oficial”	
de	nascimento:	12	de	julho	de	1949,	quando,	segundo	Corrêa	e	Bolleti	(2015),	o	
engenheiro	inglês	Kenneth	Frank	Hywel	Murrell	oficializou	a	primeira	sociedade	
de	ergonomia	do	mundo,	a	Ergonomic	Research	Society.	Embora	a	origem	oficial	
da	 ergonomia	 date	 de	 1949,	 os	 preceitos	 que	 atualmente	 regem	 a	 ergonomia,	
começaram	nos	primórdios	da	história	da	humanidade.
3.1 A ERGONOMIA DA PRÉ-HISTÓRIA À SOCIEDADE 
INDUSTRIAL
A	história	do	homem	é	permeada	por	 exemplos	do	aprimoramento	de	
técnicas,	da	 introdução	de	novas	ferramentas	e	procedimentos.	Podemos	dizer	
que	a	ergonomia	já	nasceu	com	características	de	aplicação	ou	como	uma	ciência.	
No	 entanto,	 o	 que	 podemos	 afirmar	 é	 que	 ela	 vai	 além	 de	 uma	 necessidade	
puramente	teórica	ou	formal	(ABRAHÃO	et al.,	2009).
	Ilda	(2005)	nos	lembra	de	que	o	primeiro	homem	pré-histórico	escolheu	
uma	pedra	de	formato	que	melhor	se	adaptasse	à	forma	e	aos	movimentos	da	sua	
mão,	para	usá-la	como	arma.	As	ferramentas	proporcionavam	poder	e	facilitavam	
as	tarefas,	como	caçar,	cortar	e	esmagar.
FIGURA 1– MARTELO PRÉ-HISTÓRICO
FONTE: <https://bit.ly/317Q1ie>. Acesso em: 11 fev. 2021.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
8
Para	Corrêa	e	Boletti	(2015,	p.	4):
Supõe-se	que,	na	pré-história,	portanto,	o	homem	tenha	adaptado	a	
pedra	às	necessidades,	respeitando	a	anatomia	da	mão	para	tornar	o	
manuseio	mais	seguro	e	eficaz.	Essa	suposição	se	baseia	no	formato	
dos	utensílios	daquela	época,	como	as	ferramentas	utilizadas	para	caça	
e	defesa.	De	acordo	com	os	elementos	que	deveriam	ser	trabalhados	e	
com	as	características	dos	trabalhadores,	era	estabelecido	um	padrão	
(formato	e	dimensões)	para	as	ferramentas,	que	também	eram	feitas	
utilizando	madeira	e	ferro.
Contudo,	somente	no	Renascimento,	a	bibliografia	destaca	os	estudos	de	
Leonardo	da	Vinci,	referentes	à	biomecânica	e	à	antropometria.	Segundo	Corrêa	
e	Boletti	(2015),	a	principal	relevância	do	trabalho	de	Leonardopara	a	ergonomia	
foi	a	combinação,	em	um	mesmo	desenho,	do	homem	inserido	em	um	círculo	e	em	
um	quadrado,	considerando	o	movimento	natural	dos	membros	fixos	ao	tronco,	
isso	é,	a	 relação	entre	o	movimento	do	corpo	humano	e	o	espaço	circundante.	
Hoje,	o	conhecimento	das	formas	e	das	medidas	do	corpo	humano,	aplicado	em	
projetos,	é	denominado	de	antropometria.	
A época renascentista (entre o século XVII) marcou o início dos estudos 
na área, com destaque para Leonardo da Vinci (1452-1519), autor da figura O Homem 
Vitruviano; Bernardino Ramazzini (1633-1714), que fez a primeira sistematização de doenças 
do trabalho, na obra De Morbis Artificum Diatriba, marco histórico no estudo de doenças 
ocupacionais; e Wojciech Jastrzebowski (1799-1882), naturalista polonês e autor do trabalho 
A Ciência do Trabalho, no qual apareceu, pela primeira vez na história, o termo ergonomia 
(CORRÊA; BOLETTI, 2015).
FIGURA – O HOMEM VITRUVIANO (1490), DE LEONARDO DA VINCI
FONTE: <https://bit.ly/2OZjZ5v>. Acesso em: 29 maio 2020.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E A EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA
9
Nos	 seus	 estudos	 e	 projetos,	 as	 máquinas	 e	 as	 funções	 se	 ajustam	 ao	
homem,	facilitando	a	execução	de	diversas	ações.	A	releitura	e	o	redesenho	de	O 
Homem Vitruviano,	realizados	por	ele,	são	referências	significativas	nos	estudos	da	
antropometria	e	da	ergonomia,	demostrando,	inclusive,	a	importância	de	que	os	
projetos	levem	em	consideração	essas	relações	(SILVA;	PASCHOARELLI;	SILVA,	
2010).	De	acordo	com	Ilda	e	Buarque	(2016,	p.	8):	
Na	 era	 da	 produção	 artesanal	 não	 mecanizada,	 a	 preocupação	 em	
adaptar	 as	 tarefas	 às	 necessidades	humanas	 também	esteve	 sempre	
presente.	 Entretanto,	 durante	 a	 Revolução	 Industrial,	 ocorrida	 a	
partir	do	 século	XVIII,	 esse	problema	se	 tornou	mais	dramático.	As	
primeiras	 fábricas	 surgidas	 não	 tinham	 nenhuma	 semelhança	 com	
uma	 fábrica	moderna.	Eram	sujas,	 escuras,	 ruidosas	e	perigosas.	As	
jornadas	de	trabalho	chegavam	a	até	16	horas	diárias,	sem	férias,	em	
regime	de	semiescravidão,	tudo	imposto	por	empresários	autoritários,	
que	aplicavam	castigos	corporais.	
Conforme	 Iida	 (2005)	 afirma,	 os	 estudos	mais	 sistemáticos	 do	 trabalho	
foram	realizados	a	partir	do	fim	do	século	XIX,	quando	surgiu	o	movimento	de	
administração	científica	denominado	de	Taylorismo.	De	forma	resumida,	na	obra	
preconizada	por	Frederick	Taylor	(1856-1915),	as	técnicas	de	racionalização	dos	
trabalhos	operários	sistematizam	a	divisão	do	trabalho	industrial.
No	decorrer	das	análises	dos	tempos	e	dos	métodos,	segundo	Lazzareschi	
(2007),	o	Taylorismo	possibilitou	o	aumento	considerável	da	produtividade	dos	
trabalhadores,	reduzindo	custos	de	produção	e,	consequentemente,	o	preço	das	
mercadorias,	permitindo,	sobretudo,	aumentar	consideravelmente	os	lucros	e	a	
prosperidade	dos	patrões,	cujo	benefício	para	o	empregado,	segundo	Taylor,	seria	
o	aumento	do	salário	habitual,	sem	considerar	as	questões	humanas	no	trabalho.
Quer conhecer o enfoque mecanicista proposto pela administração científica 
do Taylorismo? O artigo Da Organização Científica à Ergonomia: A Contribuição de 
Frederick Winslow Taylor se institui como uma leitura esclarecedora e está disponível em: 
http://books.scielo.org/id/b5b72/pdf/silva-9788579831201-05.pdf.
DICAS
Já	 no	 fim	 do	 século	 XVIII,	 com	 o	 Taylorismo,	 os	 pesquisadores	 norte-
americanos	 iniciaram	estudos	relacionados	ao	homem	no	 trabalho.	No	mesmo	
período,	na	Europa,	eram	realizadas	pesquisas	acerca	da	fisiologia	do	trabalho.	
Com	 a	 Primeira	 Guerra	 Mundial	 (entre	 1914	 e	 1917),	 foram	 aplicados,	 na	
Inglaterra,	estudos	de	fisiologistas	e	psicólogos	no	aprimoramento	da	indústria	
bélica	(CORRÊA;	BOLETTI,	2015).
http://books.scielo.org/id/b5b72/pdf/silva-9788579831201-05.pdf
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
10
Inicialmente,	 esses	 problemas	 eram	 mais	 evidentes	 no	 setor	
militar,	em	que	se	exigia	muito	dos	operadores,	 tanto	 física	quanto	
cognitivamente.	 Conforme	 os	 avanços	 tecnológicos	 da	 Segunda	
Guerra	Mundial,	eram	aplicados	ao	cotidiano	civil,	percebendo-se	a	
dificuldade	que	as	pessoas	tinham	de	lidar	com	os	equipamentos,	o	que	
gerou	uma	performance	pobre,	além	do	aumento	das	chances	de	erro	
humano.	 Isso	 levou	acadêmicos	e	psicólogos	militares	a	 realizarem	
pesquisas	 na	 área	 e,	 posteriormente,	 investigações	 a	 respeito	 da	
interação	 entre	 pessoas,	 equipamentos	 e	 ambiente.	 Embora	 o	 foco	
inicial	tenha	sido	ambientes	de	trabalho,	a	importância	da	ergonomia	
foi,	gradualmente,	tornando-se	reconhecida	em	outras	áreas,	como	no	
projeto	de	produtos	para	consumidores	(carros	e	computadores,	por	
exemplo)	(CORRÊA;	BOLETTI,	2015,	p.	5).
Assim,	o	campo	de	investigação	e	os	conhecimentos	científicos	e	tecnoló-
gicos	expandidos	na	primeira	metade	do	século	XX	estruturaram	os	conhecimen-
tos	para	a	aplicação	durante	a	Segunda	Guerra	Mundial	(entre	1939	e	1945).
A	evolução	da	ergonomia,	a	partir	da	Segunda	Guerra	Mundial,	pode	ser	
organizada	em	quatro	fases,	segundo	a	tecnologia	enfocada	(HENDRICK,	1993	
apud	CORRÊA;	BOLETTI,	2015):
QUADRO 2 – FASES DA ERGONOMIA SEGUNDO HENDRICK (1993)
1° Fase: Ergonomia de 
Hardware ou Tradicional
Teve	 início	 durante	 a	 Segunda	 Guerra	
Mundial	 e	 se	 concentrava	 no	 estudo	 das	
características	 físicas	 do	 ser	 humano	
(capacidades	e	limites),	primeiramente,	na	
área	 militar	 e,	 em	 seguida,	 na	 área	 civil,	
com	 ênfase	 nas	 questões	 fisiológicas	 e	
biomecânicas	do	ambiente	de	trabalho	e	na	
interação	dos	sistemas	homem-máquina.
2° Fase: Ergonomia do Meio 
Ambiente
Trata	 das	 questões	 ambientais	 naturais	 e	
artificiais	 (ruído,	 vibrações,	 temperatura,	
iluminação,	aerodispersoides)	que	interfe-
rem	no	trabalho.
Fortaleceu-se	 em	 função	 do	 interesse	 em	
compreender	melhor	a	relação	do	ser	hu-
mano	 com	 o	meio	 ambiente,	 atualmente,	
muito	em	voga	em	função	do	conceito	de	
sustentabilidade.
TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E A EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA
11
3° Fase: Ergonomia de Software 
ou Cognitiva
Trata	 do	 processamento	 de	 informações,	
que	eclodiu	com	o	advento	da	informática,	
a	partir	da	década	de	1980.	Essa	modalidade	
é	 focada	 na	 interface	 da	 interação	 entre	
o	 homem	 e	 a	máquina,	 que	 deixa	 de	 ser	
como	na	 fase	 tradicional	 (antropométrica,	
biomecânica	e	fisiológica):	o	operador	não	
manuseia	 mais	 o	 produto.	 A	 tecnologia	
de	 informação	 passa	 a	 ser	 uma	 extensão	
do	cérebro	e	as	interfases	para	a	operação	
devem	 levar	 em	 conta	 fatores	 cognitivos	
para	facilitar	o	comando.
4° Fase: Macroergonomia
Visão	mais	ampla	da	ergonomia,	que	não	
mais	se	restringe	ao	operador	e	à	intenção	
com	 máquina,	 atividade	 e	 ambiente,	
mas	 também	 engloba	 os	 contextos	
organizacional,	 psicossocial	 e	 político	 de	
um	 sistema.	 Diferencia-se	 das	 anteriores	
por	 priorizar	 o	 processo	 participativo,	
envolvendo	 administração	 de	 recursos,	
trabalho	 em	 equipe,	 jornada	 e	 projeto	 de	
trabalho,	 cooperação	 e	 rompimento	 de	
paradigmas,	 o	 que	 garante	 intervenções	
ergonômicas	 com	 melhores	 resultados,	
reduzindo	 o	 índice	 de	 erros	 e	 gerando	
aceitação	 e	 colaboração	 por	 parte	 dos	
envolvidos.
FONTE: Adaptado de Corrêa e Boletti (2015)
Por	 fim,	 todo	 esse	 esforço	 militar	 gerou	 a	 conscientização	 pós-guerra,	
acerca	 do	 valor	 das	 pesquisas	 ergonômicas	 desenvolvidas	 para	 um	 objetivo	
específico,	 mas	 que	 possuem	 aplicação	 na	 esfera	 civil	 até	 hoje,	 visto	 que	
possibilitam	 uma	melhora	 nas	 condições	 de	 trabalho	 e	 na	 produtividade	 dos	
trabalhadores	ou	mesmo	da	população	em	geral.	Assim,	fica	marcado	o	início	da	
história	da	ergonomia	em	tempos	de	paz	(IILDA,	2005).
A Ergonomics Research Society	foi	fundada	no	início	da	década	de	1950,	no	
Continente	Europeu,	tornando-se	a	primeira	sociedade	mundial	de	ergonomia.	
Dessa	 forma,	durante	as	décadas	de	1950	e	1960,	a	ergonomia	prosseguiu	a	se	
difundir	em	diferentespaíses	industrializados.
Abrahão	et al.	(2009)	fundamentam	que,	com	a	evolução	dos	movimentos	
sociais,	 em	 especial,	 dos	 sindicatos	 de	 trabalhadores,	 muitas	 demandas	 em	
ergonomia	buscavam	respostas	para	os	problemas	ligados	às	más	condições	de	
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
12
trabalho,	à	organização	dos	tempos	de	trabalho	(ritmos,	cadências	e	turnos)	e	à	
rejeição	da	 fragmentação	das	 tarefas,	 resultante	da	 exacerbação	da	divisão	do	
trabalho.	O	auge	desses	movimentos	se	situa	no	fim	dos	anos	de	1960	e	nos	anos	
1970	do	século	XX.
A	 partir	 da	 década	 de	 1980,	 no	 fim	 do	 século	 passado,	 o	 foco	 de	
interesse	dos	ergonomistas	 se	voltou	para	a	análise	de	 sistemas	automáticos	e	
informatizados,	 com	 ênfase	 na	 natureza	 cognitiva	 do	 trabalho.	 Essa	mudança	
ocorreu,	principalmente,	devido	aos	insucessos	na	implantação	desses	sistemas,	
que	eram	projetados	com	uma	lógica	que	não	contemplava	os	processos	cognitivos	
envolvidos	na	ação,	e,	portanto,	apresentavam	muitas	dificuldades	na	operação	
do	sistema	(ABRAHÃO	et al.,	2009).
3.2 ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA DA ERGONOMIA 
NO BRASIL
No	Brasil,	as	pesquisas	na	área	são	relativamente	recentes.	Embora	existam	
registros	de	pesquisas	realizadas	no	século	XIX,	apenas	a	partir	da	década	de	1970	
que	pesquisadores	de	várias	universidades	brasileiras	começaram	a	introduzir	a	
ergonomia	no	 escopo	de	várias	 áreas	do	 conhecimento,	 sendo	que	o	primeiro	
trabalho	acadêmico	data	de	1973,	Ergonomia: Nota de Classe,	escrito	por	Itiro	Iida	e	
Henry	A.	J.	Wierzbicki	(CORRÊA;	BOLETTI,	2015).
Para	 Corrêa	 e	 Boletti	 (2015),	 em	 1983,	 surge	 a	 Associação	 Brasileia	
de	 Ergonomia	 (ABERGO),	 uma	 entidade	 sem	 fins	 lucrativos,	 cujo	 objetivo	
é	o	estudo,	além	da	prática	e	da	divulgação	das	 interações	das	pessoas	com	a	
tecnologia,	a	organização	e	o	ambiente,	considerando	necessidades,	habilidades	
e	 limitações.	 Hoje,	 nosso	 país	 conta	 com	 inúmeros	 profissionais	 diretamente	
relacionados	à	saúde	dos	trabalhadores,	à	organização	do	trabalho	e	aos	projetos	
de	equipamentos	e	produtos.
Abrahão	et al.	(2009)	descrevem	que	as	indústrias	europeias	e	americanas	
estavam	se	adequando	ao	contexto	do	pós-guerra,	buscando	elevar	a	produção	
com	notória	escassez	de	trabalhadores	qualificados	e,	no	limite,	de	matéria-prima.	
A	demanda	formulada	aos	ergonomistas	se	relacionava,	sobretudo,	às	questões	
referentes:	
• insalubridade;	
• condições	de	trabalho;
• dimensionamento	dos	homens	e	equipamentos;
• adaptação	de	ferramentas	e	instrumentos	de	trabalho;
• organização	do	trabalho	(variabilidade	dos	homens,	equipamentos	e	matéria-
prima).
TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E A EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA
13
Assim,	podemos	dizer	que,	nos	primórdios	da	ergonomia,	a	preocupação	
era	desenvolver	pesquisas	e	projetos	voltados	para	a	aplicação	de	conhecimento,	
já	disponíveis	 em	fisiologia	 e	psicologia	 e	para	o	 estudo	do	dimensionamento	
humano,	custo	energético,	visando	à	concepção	e	à	definição	de	controles,	painéis,	
arranjo	do	espaço	físico	e	ambientes	de	trabalho	(ABRAHÃO	et al.,	2009).
Diante	 do	 cenário,	 no	 site	 da	 Associação	 Brasileira	 de	 Ergonomia	
(ABERGO),	considera-se	que	os	domínios	de	especialização	da	ergonomia	são:
• Ergonomia física:	 está	 relacionada	 às	 características	 da	 anatomia	 humana,	
antropometria,	fisiologia	e	biomecânica	em	relação	à	atividade	física.	
• Ergonomia cognitiva: refere-se aos	 processos	 mentais,	 como	 percepção,	
memória,	 raciocínio	 e	 resposta	motora,	 conforme	afetam	as	 interações	 entre	
seres	humanos	e	outros	elementos	de	um	sistema.
• Ergonomia organizacional: concerne	à	otimização	dos	sistemas	sociotécnicos,	
incluindo	estruturas	organizacionais,	políticas	e	de	processos	(ABERGO,	2020).
Vidal	(2002),	por	sua	vez,	esquematiza	os	conceitos	relativos	à	ergonomia	
contemporânea	 com	 base	 nos	 domínios	 de	 especialização,	 e	 destaca	 que	 a	
classificação	proposta	possui	finalidades	meramente	didáticas,	e	não	teóricas.	
FIGURA 2 – DOMÍNIOS DE ESPECIALIZAÇÃO DA ERGONOMIA CONTEMPORÂNEA
FONTE: Adaptada de Vidal (2002)
O	design	precisa	conhecer	não	apenas	 tudo	o	que	se	 refere	ao	produto	
em	 termos	 físicos,	 cognitivos	 e	 psicológicos,	 mas	 que	 possa	 determinar	
particularidades	 na	 relação	 com	 o	 usuário,	 como	 as	 próprias	 condições	 de	
produção	 daquele	 objeto.	 Nessa	 etapa,	 insere-se	 a	 busca	 por	 informações	 da	
ergonomia	organizacional,	que	trata	da	forma	de	produção	do	produto	proposto	
pelo	 profissional	 (KLAFKE	 et al.,	 2013).	 Portanto,	 os	 constituintes	 físicos,	
cognitivos	 e	 organizacionais	 edificam	uma	 sólida	base	de	 conhecimentos	para	
soluções	ergonômicas,	mas	não	influem,	de	forma	isolada,	na	realidade	complexa	
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
14
do	trabalho.	Hoje,	a	ergonomia	se	expandiu,	principalmente,	para	os	setores	de	
serviços	 (saúde,	 educação,	 transporte,	 atividades	 domésticas,	 lazer),	 até	 para	
o	 estudo	 de	 trabalhos	 domésticos	 houve	 uma	 mudança	 qualitativa.	 Antes,	 o	
trabalho	 exigia	muito	 esforço	 físico	 repetitivo.	Hoje,	 depende,	 principalmente,	
dos	aspectos	cognitivos,	ou	seja,	da	aquisição	e	do	processamento	de	informações	
(IILDA,	2005).
Observe,	acadêmico,	que,	em	todas	as	nossas	atividades	diárias,	encon-
tramos	sensações	de	conforto	e	bem-estar	ou	de	incômodo	e	fadiga.	No	século	
XXI,	podemos	reconhecer	que	os	sistemas	produtivos	se	direcionam	para	o	foco	
no	usuário,	o	que	certifica,	para	a	ergonomia,	o	caráter	de	uma	ciência	com	sig-
nificativa	demanda	na	vida	 contemporânea.	Resumidamente,	vivenciamos	um	
momento	histórico	em	que	as	premissas	se	empregam	aos	automóveis,	vestuários	
e	mobiliários.
3.3 A ERGONOMIA E A ÁREA DE ATUAÇÃO
Acadêmico,	já	compreendemos	os	conceitos	e	os	objetivos	da	ergonomia	na	
sociedade.	Diante	disso,	podemos	percebemos	que	“os	ergonomistas	contribuem	
para	o	planejamento,	projeto	e	avaliação	de	tarefas,	postos	de	trabalho,	produtos,	
ambientes	 e	 sistemas,	 de	modo	 a	 torná-los	 compatíveis	 com	 as	 necessidades,	
habilidades	e	limitações	das	pessoas”	(ABERGO,	2020,	s.p.).
Há de se destacar que o Ministério do Trabalho e Previdência Social instituíram 
a Portaria nº 3.751, de 23 de novembro de 1990, a qual baixou a Norma Regulamentadora 
17, que trata, especificamente, da ergonomia.
NOTA
Elaborado	de	forma	didática	por	Moraes	e	Mont’Alvão	(2000,	p.	14-15),	o	
exposto	a	seguir	sintetizará	as	áreas	de	atuação	da	ergonomia:
QUADRO 3 – ENFOQUES DE ATUAÇÃO DA ERGONOMIA
Áreas de atuação Atribuições
Espaciais ou
Arquiteturais
Aeração,	 insolação	 e	 iluminação	 do	 ambiente;	 isolamentos	
acústico	e	térmico;	áreas	de	circulação	e	layout	de	instalações	
das	 estações	 de	 trabalho;	 e	 ambiência	 gráfica,	 cores	 do	
ambiente	e	dos	elementos	arquiteturais.
TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E A EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA
15
Físico-ambientais
Toxidade,	vapores	e	aerodispersoides;	 e	 agentes	biológicos	
(microrganismos,	 como	 bactérias,	 fungos	 e	 vírus),	 que	
respeitem	padrões	de	assepsia,	higiene	e	saúde.
Securitárias
Controle	de	riscos	e	acidentes	por	meio	da	manutenção	de	
máquinas	e	equipamentos,	da	utilização	de	dispositivos	de	
proteção	coletiva	e,	em	último	caso,	do	uso	de	equipamentos	
de	proteção	individual	adequados;	e	supervisão	constante	da	
instalação	de	dutos,	alarmes	e	da	planta	industrial	geral.
Operacionais
Programação	de	tarefas,	interações	formais	e	informais,	ritmo,	
repetitividade,	 autonomia,	 pausas,	 supervisão,	 precisão	
e	 tolerância	das	 atividades	 relativas	 às	 tarefas,	 controle	 de	
qualidade	e	dimensionamento	de	equipes.
Organizacionais
Parcelamento,	 isolamento,	 participação,	 gestão,	 avaliação,	
jornada,	 horário,	 turnos	 e	 escala	 de	 trabalho,	 seleção	 e	
treinamento	para	o	trabalho.
Instrucionais Programas	de	treinamento,	procedimentos	de	execução	das	tarefas;	reciclagens	e	avaliações.
Urbanas
Planejamento	e	projeto	do	espaço	da	cidade,	sinalização	ur-
bana,	transporte,	terminaisrodoviários,	ferroviários	e	metro-
viários,	e	áreas	de	circulação,	integração,	repouso	e	lazer.
Psicossociais
Conflitos	entre	indivíduos	ou	grupos	sociais;	dificuldades	de	
comunicações	e	interações	interpessoais;	e	falta	de	opções	de	
descontração	e	lazer.
FONTE: Adaptado de Moraes e Mont’Alvão (2000)
A	abordagem	interdisciplinar	da	ergonomia	pode	contribuir	significati-
vamente	para	a	melhoria	das	condições	das	atividades	humanas	no	trabalho.	No	
Brasil,	não	há	formação	específica	em	ergonomia,	porém,	vários	cursos	de	espe-
cialização	 têm	capacitado	profissionais	para	atuarem	expressivamente	na	área.	
Os	profissionais	mencionados	a	 seguir	 atuam	com	o	objetivo	de	minimizar	 as	
fadigas	física	e	mental	dos	trabalhadores	ou	usuários	de	um	determinado	sistema	
para	que	a	execução	da	tarefa	seja	produtiva	e	saudável.
QUADRO 4 – ABRANGÊNCIA PROFISSIONAL DA ERGONOMIA
Profissionais Contribuições
Médicos do trabalho
Identificação	 de	 locais	 que	 propiciam	 acidentes	 ou	
doenças	 ocupacionais	 e	 acompanhamento	 da	 saúde	 dos	
envolvidos.
Engenheiros de 
projeto
Sobretudo,	ligados	a	aspectos	técnicos,	como	a	modificação	
de	máquinas	e	ambientes	de	trabalho.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
16
Engenheiros de 
produção
Organização	do	 trabalho	e	 estabelecimento	de	um	fluxo	
racional	de	materiais	e	postos	de	trabalho	sem	sobrecargas.
Engenheiros de 
segurança e
manutenção
Identificação	 de	 áreas	 e	 máquinas	 potencialmente	
perigosas	e	que	devam	ser	modificadas.
Desenhistas 
industriais
Adaptação	 de	 máquinas	 e	 equipamentos,	 além	 do	
planejamento	 de	 postos	 de	 trabalho	 e	 sistemas	 de	
comunicação.
Arquitetos e designers
de interiores
Desenvolvimento	 e	 execução	 de	 projetos	 de	 layout	 que	
proporcionem	 segurança,	 conforto	 e	 produtividade	 aos	
usuários.
Urbanistas Intervenção	 em	 espaços	 urbanos	 para	 a	 adequação	ergonômica	aos	mais	diversos	perfis	de	usuários.
Analistas do trabalho Estudo	de	métodos,	tempos	e	postos	de	trabalho.
Psicólogos
Análise	 dos	 processos	 cognitivos	 e	 relacionamentos	
humanos;	seleção	e	treinamento	de	pessoal;	e	implantação	
de	novos	métodos.
Enfermeiros e 
fisioterapeutas
Recuperação	 de	 trabalhadores	 com	 dores	 ou	 lesões	 e	
prevenção	ao	desgaste	físico.
Programadores de 
produção
Criação	 de	 um	 fluxo	 de	 trabalho	 adaptado	 para	 evitar	
atrasos,	estresses,	sobrecargas	e	trabalhos	noturnos.
Administradores
Estabelecimento	de	planos	de	cargos	e	salários	mais	justos	
que	ajudem	a	reduzir	os	sentimentos	de	injustiças	entre	os	
trabalhadores.
Compradores Aquisição	 de	máquinas,	 equipamentos	 e	materiais	mais	seguros,	confortáveis,	limpos	e	menos	tóxicos.
FONTE: Adaptado de Iida (2005)
De	acordo	com	a	relação	dos	diversos	profissionais	que	colaboram	com	
conhecimentos	para	a	solução	de	problemas	ergonômicos,	é	necessário	um	olhar	
sistêmico,	que	busque	contemplar	o	maior	número	de	enfoques	de	atuação	da	er-
gonomia	para	integrar	o	sistema	homem-tarefa-máquina	(WACHOWICZ,	2013).
Acadêmico,	 com	 tamanhas	 contribuições	 sentidas	 no	 nosso	 dia	 a	 dia,	
a	ergonomia	se	consolida	como	uma	condição	a priori,	para	garantir	 conforto,	
segurança	 e	 bem-estar	 aos	 indivíduos.	 Em	 um	 cenário	 globalizado,	 as	 áreas	
de	 atuação	 da	 ergonomia	 proporcionam	 orientação	 para	 ações	 preventivas	 e	
educativas	aos	envolvidos	nos	processos	e	nas	tarefas.
17
Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
•	 A	palavra	ergonomia	é	composta	pelas	palavras	gregas	ergon (trabalho)	e	nomos 
(leis	e	regras),	a	ciência	do	trabalho.
•	 No	vocabulário	 contemporâneo,	 a	 ergonomia	passa	 a	 ser	 conceituada	 como	
uma	disciplina	que	investiga	a	abordagem	sistêmica	de	todos	os	aspectos	das	
atividades	humanas.
•	 Os	 principais	 objetivos	 da	 ergonomia	 são	 a	 satisfação	 e	 o	 conforto	 dos	
indivíduos,	além	da	garantia	de	que	a	prática	laboral	e	o	uso	do	equipamento/
produto	não	causem	problemas	à	saúde	do	usuário.
•	 As	 trajetórias	 histórica	 e	 evolutiva	 da	 ergonomia	 estiveram	 associadas	 ao	
desempenho	das	atividades	ou	tarefas	laborais,	tendo	em	vista	que	problemas,	
como	desconforto	e	fadiga,	decorrentes	das	condições	e	do	tempo	destinado	à	
execução	dos	esforços	repetitivos,	podem	causar	lesões	diversas.
•	 A	ergonomia	tem	uma	data	“oficial”	de	nascimento:	12	de	julho	de	1949.
•	 Na	pré-história,	o	homem	adaptou	a	pedra	as	suas	necessidades,	respeitando	a	
anatomia	da	mão	para	tornar	o	manuseio	mais	seguro	e	eficaz.	As	ferramentas	
proporcionavam	poder	e	facilitavam	as	tarefas,	como	caçar,	cortar	e	esmagar.
•	 A	época	renascentista	(entre	o	século	XVII)	marcou	o	início	dos	estudos	na	área,	
com	destaque	para	Leonardo	da	Vinci	(1452-1519),	autor	da	figura	O Homem 
Vitruviano.
•	 A	releitura	e	o	redesenho	de	O Homem Vitruviano	são	uma	referência	significativa	
nos	estudos	da	antropometria	e	da	ergonomia.
•	 Durante	a	Revolução	Industrial,	ocorrida	a	partir	do	século	XVIII,	 tornou-se	
maior	a	preocupação	em	adaptar	as	tarefas	às	necessidades	humanas.
•	 Os	 estudos	mais	 sistemáticos	 do	 trabalho	 foram	 realizados	 a	 partir	 de	 fins	
do	 século	 XIX,	 quando	 surgiu	 o	 movimento	 de	 administração	 científica	
denominado de Taylorismo.
•	 No	Brasil,	 as	pesquisas	na	 área	 são	 relativamente	 recentes.	Embora	 existam	
registros	 de	 pesquisas	 realizadas	 no	 século	 XIX,	 apenas	 a	 partir	 da	 década	
de	1970	que	pesquisadores	de	várias	universidades	brasileiras	começaram	a	
introduzir	a	ergonomia	no	escopo	de	várias	áreas	do	conhecimento.
18
•	 Em	1983,	surge	a	Associação	Brasileia	de	Ergonomia	(ABERGO),	uma	entidade	
sem	fins	lucrativos,	cujo	objetivo	é	o	estudo,	além	da	prática	e	da	divulgação	
das	 interações	 das	 pessoas	 com	 a	 tecnologia,	 a	 organização	 e	 o	 ambiente,	
considerando	necessidades,	habilidades	e	limitações.
•	 Os	 domínios	 de	 especialização	 da	 ergonomia	 são:	 física,	 cognitiva	 e	
organizacional	(ABERGO,	2020).
•	 Os	constituintes	físicos,	cognitivos	e	organizacionais	edificam	uma	sólida	base	
de	 conhecimentos	 para	 soluções	 ergonômicas,	 mas	 não	 influem,	 de	 forma	
isolada,	na	realidade	complexa	do	trabalho.
•	 No	Brasil,	não	há	formação	específica	em	ergonomia,	porém,	vários	cursos	de	
especialização	 têm	 capacitado	profissionais	 para	 atuarem	 expressivamente	
na	área.
•	 O	arquiteto	e	os	designers	de	interiores	são	capacitados	para	o	desenvolvimento	
e	a	execução	de	projetos	de	 layout	que	proporcionem	segurança,	 conforto	e	
produtividade	aos	usuários.
19
1	 Com	base	nos	preceitos	da	ergonomia,	analise	as	sentenças	a	seguir:	
I-	 No	que	diz	respeito	a	aspectos	relacionados	ao	uso	de	objetos,	deve	ser	
considerado	 não	 apenas	 o	 uso	 normal,	 correto	 ou	 recomendado,	 mas,	
também,	as	possíveis	modificações	 introduzidas	pelo	usuário,	para	que	
essas	não	gerem	acidentes.	
II-	 Em	 um	 projeto	 ergonômico,	 o	 profissional	 deve	 se	 preocupar	 com	 a	
adaptação	do	produto	às	necessidades	do	homem	médio,	maximizando	
a	noção	de	conforto	e	minimizando	os	riscos	de	acidentes	resultantes	do	
mau	uso.	
III-	O	 conforto,	 um	dos	 aspectos	 relevantes	 para	 a	 ergonomia,	 tem	 caráter	
subjetivo,	pois	depende	do	contexto,	das	condições	físicas	e	psíquicas	do	
usuário	e	da	percepção	durante	o	uso	do	produto.	
FONTE: Adaptado de <https://sites.pucgoias.edu.br/puc/enade/wp-content/uploads/
sites/32/2018/09/ebook-design.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	(			)		 Somente	a	sentença	I	está	correta.	
b)	(			)	 Somente	a	sentença	II	está	correta.	
c)	(			)	 Somente	a	sentença	III	está	correta.
d)	(			)	 As	sentenças	I	e	III	estão	corretas.
2	 Dentro	da	análise	ergonômica	do	trabalho,	o	projeto	de	posto	de	trabalho	
é	um	fator	relevante.	Inicialmente,	a	elaboração	desse	projeto	apresentava	
um	 enfoque	 tradicional,	 que	 era	 baseado	 em	 conhecimentos	 empíricos	
acumulados	desde	a	época	de	Taylor	 (1856-1915).	Posteriormente,	surgiu	
o	enfoque	ergonômico,	que	adota	critérios	científicos.Acerca	do	enfoque	
ergonômico,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3tRLD2X>. Acesso em: 11 fev. 2021.
a)	(			)	 O	 método	 preferido	 pelos	 trabalhadores	 de	 uma	 fábrica	 deve	 ser	
identificado	e	transformado	em	um	método	padrão	adaptável.
b)	(			)	 A	adequação	de	um	posto	de	trabalho	utiliza	critérios,	como	o	tempo	
gasto	na	operação	e	o	índice	de	erros	e	acidentes.
c)	(			)	 O	posto	de	trabalho	é	adequado	com	base	no	princípio	de	economia	de	
movimentos.
d)	(			)	 A	tolerância	para	a	fadiga	se	relaciona	ao	tempo	necessário	para	um	
trabalhador	pouco	experiente	concluir	a	tarefa.
AUTOATIVIDADE
20
3	 A	Associação	Brasileira	de	Ergonomia	(ABERGO)	considera	três	domínios	
de	especialização	do	campo	de	estudo	da	ergonomia.	Sobre	esses	domínios,	
associe	os	itens,	utilizando	os	códigos	a	seguir:
I-	 Ergonomia	física.
II-	 Ergonomia	organizacional.
III-	Ergonomia	cognitiva.
(			)	 Relacionada	com	as	características	da	anatomia	humana.
(			)	 Refere-se	aos	processos	mentais,	como	percepção,	memória	e	raciocínio.
(			)	 Reporta-se	 à	 otimização	 dos	 sistemas	 sociotécnicos,	 abrangendo	
estruturas	organizacionais,	políticas	e	de	processos.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	(			)		 I	–	II	–	III.
b)	(			)	 II	–	I	–	III.
c)	(			)	 III	–	II	–	I.
d)	(			)	 I	–	III	–	II.
4	 Aprendemos	 que	 a	 ergonomia	 está	 presente	 na	 história	 da	 humanidade	
desde	 a	 pré-história,	 quando	 o	 homem	 adaptava	 as	 ferramentas	 com	 o	
objetivo	 de	 tornar	 o	 desempenho	 das	 tarefas	 mais	 eficiente.	 Contudo,	
a	 disciplina	 científica	 denominada	 foi	 oficializada	 somente	 depois,	 por	
uma	 associação	 de	 pesquisadores.	 A	 quem	 é	 atribuída	 a	 adoção	 da	
palavra	ergonomia	e	qual	é	a	data	de	formalização	dessa	disciplina?
5	 A	abordagem	interdisciplinar	da	ergonomia	pode	contribuir	significativa-
mente	para	a	melhoria	das	condições	das	atividades	humanas	no	trabalho.	
No	Brasil,	não	há	formação	específica	em	ergonomia,	porém,	vários	cursos	
de	 especialização	 têm	 capacitado	 profissionais	 para	 atuarem	 expressiva-
mente	na	área.	Descreve	o	enfoque	de	atuação	da	ergonomia	dos	profissio-
nais	da	arquitetura	e	do	designer	de	interiores.
21
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
ERGONOMIA NO DESIGN E MOBILIÁRIO BRASILEIROS
1 INTRODUÇÃO
Caro	 acadêmico,	 vimos	 que	 a	 palavra	 ergonomia	 teve	 os	 conceitos	
ampliados	 ao	 longo	 da	 história.	 Anteriormente,	 relacionada	 apenas	 à	 relação	
do	 homem	 com	 o	 trabalho.	 Na	 sociedade	 contemporânea,	 a	 ergonomia	 é	
compreendida	como	toda	a	relação	do	homem	com	os	objetivos	que	utiliza	nas	
atividades	 diárias.	A	 compreensão	 dessas	 relações	 e	 a	 importância	 durante	 o	
desenvolvimento	dos	produtos	são	necessidades	absolutas	do	design.	
Neste	 tópico,	 trabalharemos	 com	 alguns	 conceitos	 fundamentais	
relacionados	à	ergonomia	do	design	e	aspectos	metodológicos.	Para	isso,	torna-
se	fundamental	compreender	a	importância	da	antropometria	para	a	ergonomia,	
além	da	aplicabilidade	e	da	relevância	na	arquitetura	e	no	design.
As	pesquisas	antropométricas	consolidadas	prescrevem	dimensionamen-
tos	mínimos,	médios	e	até	padronizados	para	a	execução	de	móveis	que	atendam	
aos	quesitos	de	segurança	e	conforto	dos	indivíduos.	Em	termos	simplificados,	
neste	tópico,	encontra-se	o	estudo	dos	aspectos	ergonômicos	envolvidos	no	de-
sign	do	mobiliário.	Para	tanto,	abordaremos	os	princípios	norteadores	das	nor-
mas	técnicas	publicadas	pela	Associação	Brasileira	de	Normas	Técnicas	(ABNT)	
e	os	padrões	dimensionais	referenciais	para	projetos	de	mobiliários	ergonômicos.
2 PRINCIPAIS CONCEITOS E METODOLOGIA DO DESIGN 
ERGONÔMICO
No	 início	 do	 século	 XXI,	 o	 desenvolvimento	 de	 projetos	 de	 produto	
tem	procurado	considerar,	com	muita	 intensidade,	os	aspectos	de	usabilidade,	
desempenho	e	segurança	dos	produtos,	uma	vez	que	os	mercados	se	apresentam	
cada	vez	mais	competitivos,	as	exigências	normativas	se	tornam	cada	vez	mais	
rigorosas,	e	as	inovações	tecnológicas	são	cada	vez	mais	frequentes	e	distribuídas	
na	sociedade	de	consumo	(PASCHOARELLI;	SILVA,	2006).
No	senso	comum,	o	termo	design,	frequentemente,	é	associado	ao	aspecto	
estético	de	um	produto,	porém,	o	design,	como	disciplina,	tem	um	objetivo	mais	
abrangente,	que	é	promover	o	bem-estar	na	vida	das	pessoas	(VIANNA	et al.,	2012).	
22
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
Para	 Gurgel	 (2020),	 a	 importância	 do	 design,	 na	 atualidade,	 torna-se	
evidente,	quando	percebemos	que	o	design	aplicado	a	qualquer	elemento	afeta	
não	somente	os	objetos	que	interagem	com	ele	e	as	pessoas	que	o	utilizam,	mas,	
mais	abrangentemente	ainda,	afeta	o	nosso	meio	ambiente.
Para	 Linden	 (2007),	 a	 disseminação	 da	 ergonomia	 nas	 sociedades	
contemporâneas	 tem	contribuído	para	um	projeto	de	produto	que	venha	a	ser	
mais	seguro	e	confortável	para	a	maioria	dos	usuários.	Silva,	Paschoarelli	e	Silva	
(2010)	 afirmam	que	 o	design ergonômico	 tem,	 como	princípio,	 a	 aplicação	do	
conhecimento	ergonômico	no	projeto	de	dispositivos	tecnológicos.	
Surge	 um	 segundo	 foco,	 uma	 mudança	 para	 a	 natureza	 cognitiva	 do	
trabalho,	a	carga	informacional,	obtida	durante	o	desenvolvimento	tecnológico.	
Nesse	período,	ocorre	um	rápido	crescimento	da	ergonomia	(MORAES,	1994).
Dentro	da	nova	condição	produtiva,	o	denominado	design ergonômico	
pode	 ser	 caracterizado	 por	 um	 segmento	 do	 desenvolvimento	 do projeto	 do	
produto,	 cujo	princípio	 é	 a	 aplicação	do	 conhecimento	 ergonômico	no	projeto	
de	 dispositivos	 tecnológicos,	 com	 o	 objetivo	 de	 alcançar	 produtos	 e	 sistemas	
seguros,	confortáveis,	eficientes,	efetivos	e	aceitáveis	(PASCHOARELLI,	2003).	
Quanto	à	aplicação	da	ergonomia	ao	design,	ou	seja,	no	design	ergonômico,	
ocorre	através	do	uso	dos	princípios,	métodos	e	dados,	detalhados	e	apresentados	
a seguir:
QUADRO 5 – APLICAÇÃO DA ERGONOMIA AO DESIGN
Princípios Métodos Dados
Acessibilidade,	 ou	 seja,	
o	direto	 que	 todos	 têm	de	
acesso	a	ambientes	e	infor-
mações;	 outro	 princípio	 é	
a	compreensão	que	errar	é	
humano	 e,	 por	 isso,	 deve-
mos	proteger	as	pessoas	da	
possibilidade	 de	 erros	 no	
uso	de	produtos.
Usabilidade,	 ou	 seja,	
teste	 físico	 de	 resistência	 e	
durabilidade	 que	 destinado	
às	análises	de	produtos.
Antropométricos,	 ou	
seja,	 disponíveis	 por	
meio	de	tabela.
FONTE: A autora 
Nessa	 perspectiva,	 os	 princípios	 do	 design	 ergonômico	 se	 baseiam	 na	
inter-relação	 entre	 usabilidade,	 ergonomia	 e	 design,	 entretanto,	 são	 os	 seus	
procedimentos	metodológicos	os	aspectos	que	mais	se	destacam,	uma	vez	que	
são	 desenvolvidos	 para	 melhorar	 o	 desenvolvimento	 de	 produtos	 através	 da	
compreensão	da	interação	entre	todos	os	aspectos	humanos	e	os	mais	variados	e	
distintos	dispositivos	tecnológicos.
TÓPICO 2 — ERGONOMIA NO DESIGN E MOBILIÁRIO BRASILEIROS
23
FIGURA 3 – DOMÍNIOS DE ESPECIALIZAÇÃO DA ERGONOMIA CONTEMPORÂNEA
FONTE: Brandão (2006, p. 47)
No	Brasil,	 Frisoni	 e	Moraes	 (2001	 apud	 PASCHOARELLI;	 SILVA,	 2006)	
apresentam	14	etapas	para	o	desenvolvimento	do	projeto	do	produto	ergonômico,	
que	 se	 caracteriza	 por	 destacar	 aquelas	 subetapas	 que	 têm,	 na	 ergonomia,	
prioridade.
FIGURA 4 – SEQUÊNCIA DE ETAPAS METODOLÓGICAS PARA O PROJETO DE PRODUTOS, 
COM DESTAQUE PARA OS ASPECTOS ERGONÔMICOS (EM FUNDO CINZA)
24
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
FONTE: Adaptada de Frisoni e Moraes (2001 apud PASCHOARELLI; SILVA, 2006)
Segundo	 Silva,	 Paschoarelli	 e	 Silva	 (2010), as	 metodologias	 de	 design	
ergonômico	devem:
• caracterizar-se	por	um	processo	trans	e	multidisciplinar;
• envolver,	ao	menos,	os	conhecimentos	fisiológico,	perceptivo	e	psicológico	dos	
aspectos	humanos	na	interface	tecnológica;
• fundamentar-se	 em	 abordagens	 epidemiológicas	 ou	 laboratoriais	 para	 a	
detecção	e	a	avaliação	dos	problemas	ergonômicos;
• alternar	 desenvolvimento	 e	 criatividade,	 com	 avaliação	 sistematizada	 de	
produtos	e	sistemas,utilizando,	para	isso,	mock-ups e/ou	protótipos	físicos.
Mock-up é um modelo ou uma representação, em escala ou de tamanho 
real, de um projeto ou de um dispositivo. É utilizado para apresentar uma ideia, de forma 
elaborada, com design muito próximo ao final do produto. Muito utilizado para demonstrar 
o resultado de um projeto antes mesmo de ele estar pronto, simulando tamanho, forma, 
perspectiva, textura, cor e outros atributos. Assim, o cliente pode avaliar o projeto de forma 
mais fácil, já que o mock-up nos aproxima do resultado, facilitando a tomada de decisão e, 
até mesmo, a aprovação da ideia.
NOTA
Nesse	sentido,	uma	alternativa	metodológica	para	o	design ergonômico é	
proposta	considerando	os	aspectos	destacados	anteriormente:
TÓPICO 2 — ERGONOMIA NO DESIGN E MOBILIÁRIO BRASILEIROS
25
FIGURA 5 – PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O DESIGN ERGONÔMICO
FONTE: Adaptada de Frisoni e Moraes (2001 apud PASCHOARELLI; SILVA, 2006)
A	definição	e	a	preparação	para	a	produção	são	etapas	que	antecedem	
o	 processo	 produtivo,	 possibilitando	 a	 comercialização	 e	 o	 uso	 do	
produto	 e,	 consequentemente,	 uma	 série	 de	 avaliações	 (agora	 em	
condições	reais	de	uso),	o	que	deve	gerar	novos	conhecimentos,	novas	
necessidades	e	novas	possibilidades	de	redesenho	do	produto.	As	seis	
etapas	 principais	 (revisão,	 desenvolvimento,	 avaliação,	 preparação,	
produção	e	reavaliação	final)	são	desenvolvidas	num	sistema	cíclico,	
permitindo	uma	evolução	contínua	no	design ergonômico	do	produto	
(PASCHOARELLI;	SILVA,	2006,	p.	212).
Acadêmico,	 sobre	 o	 design	 ergonômico	 de	 um	produto,	 Linden	 (2007)	
apresenta	os	alguns	questionamentos	que	o	profissional,	no	desenvolvimento	de	
um	projeto,	precisa	se	fazer:	É	complicado	de	usar?	É	incompreensível?	É	difícil	
de	 regular?	É	pesado?	É	difícil	 de	 abrir?	É	desconfortável?	É	perigoso?	Como	
mostra	a	Figura	6.
FIGURA 6 – PERGUNTAS-CHAVES PARA UM BOM PROJETO DE MÓVEL
FONTE: <https://bit.ly/3cdFF6x>. Acesso em: 28 maio 2020.
26
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
As	várias	definições	convergem	para	a	busca	do	design	ergonômico	ao	ser	
humano,	objetivo	que	envolve	produtos	e	ambientes.	Por	fim,	podemos	considerar	
que	esse	subtópico	teve,	por	pretensão,	contribuir	para	a	compreensão	do	quanto	
as	pesquisas	em	torno	do	design ergonômico	podem	e	devem	ser	ampliadas,	com	
a	finalidade	principal	de	melhorar	a	qualidade	da	vida	humana.
3 ANTROPOMETRIA E SUA UTILIZAÇÃO NA ERGONOMIA
A	etimologia	da	palavra	antropometria é	grega,	derivada	da	união	das	
palavras	anthropos (homem)	e	metria (medidas),	uma	atribuição	dos	estudos	da	
antropologia	física	ou	biológica	que	se	refere	à	constituição	física	do	homem.	Ela	
adota	procedimentos	quantitativos	que	fornecem	as	medidas	do	corpo	humano.
 
A	 antropometria,	 segundo	 Pheasant	 (1998),	 é	 o	 ramo	 das	 Ciências	
Sociais	 que	 lida	 com	 as	 medidas	 do	 corpo,	 particularmente,	 com	
as	 medidas	 do	 tamanho	 e	 da	 forma.	 A	 origem	 da	 antropometria	
se	 remonta	 à	 antiguidade,	 pois	 egípcios	 e	 gregos	 já	 observavam	 e	
estudavam	a	relação	das	diversas	partes	do	corpo.	
O	reconhecimento	dos	biótipos	se	remonta	a	tempos	bíblicos,	e	o	nome	
de	muitas	unidades	de	medida,	utilizadas	hoje	em	dia,	é	derivado	de	
segmentos	 do	 corpo.	 A	 importância	 das	 medidas	 antropométricas	
ganhou	especial	 interesse	na	década	de	40,	provocada,	de	um	 lado,	
pela	 necessidade	 da	 produção	 em	 massa,	 pois	 um	 produto	 mal	
dimensionado	 pode	 provocar	 a	 elevação	 dos	 custos,	 e,	 por	 outro,	
devido	 ao	 surgimento	 dos	 sistemas	 de	 trabalho	 complexos,	 nos	
quais	 o	 desempenho	 humano	 é	 crítico	 e	 o	 desenvolvimento	 desses	
sistemas	 depende	 das	 dimensões	 antropométricas	 dos	 operadores	
(RODRIGUEZ-AÑEZ,	2001,	p.	103).
Para	Panero	e	Zelnik	 (2008),	 surge,	 assim,	através	da	antropometria,	o	
conceito	de	que	o	fundamental	não	é	adaptar	o	homem	ao	trabalho,	mas	procu-
rar	adaptar	as	condições	de	trabalho	ao	ser	humano.	Dessa	forma,	esse	estudo	
pode	ser	interpretado	como	uma	tarefa	simples,	porém,	devemos	considerar	que	
cada	indivíduo	possui	biotipos	específicos para	altura,	peso,	medida	de	mãos,	
dedos	etc.
O	 fascínio	 pelas	 medidas	 do	 corpo	 humano	 ocorre	 desde	 os	 tempos	
longínquos;	os	pesquisadores	–	cientistas	–	produziram	grandes	obras	acerca	das	
dimensões	humanas.	Em	especial,	os	arquitetos	desenvolveram	um	verdadeiro	
interesse	 pela	 antropometria,	 a	 contribuição	 mais	 expressiva	 é	 atribuída	 ao	
romano	Vitrúvio	(Marco	Vitrúvio	Polião	–	viveu	no	século	I	a.C.,	em	Roma).	
Surgiu	 como	 partido	 das	 construções	 renascentistas	 (na	 busca	 pelo	
equilíbrio	e	harmonia),	o	primeiro	estudo,	O Homem Vitruviano	(1490),	de	Leonardo	
da	Vinci	(1452-1519).	Outra	versão	da	figura	vitruviana foi	reconstruída	no	século	
XIX,	pelos	escultores	ingleses	John	Gibson	e	Joseph	Bonomi.
TÓPICO 2 — ERGONOMIA NO DESIGN E MOBILIÁRIO BRASILEIROS
27
FIGURA 7 – O HOMEM VITRUVIANO, POR GIBSON E BONOMI
FONTE: Adaptada de Panero e Zelnik (2008)
Vinte	séculos	depois,	os	estudos	do	pioneiro	do	Modernismo,	Le	Corbusier	
(1887-1965),	 o Le Modulor	 (1945),	 são	 representações	 simbólicas	desses	 estudos	
aprofundados	a	seguir.
FIGURA 8 – O HOMEM VITRUVIANO, POR LE CORBUSIER
FONTE: Adaptada de Panero e Zelnik (2008)
28
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
Entretanto,	nenhuma	discussão	das	proporções	e	dimensões	do	cor-
po	humano	seria	completa	sem	mencionar	a	chamada	Seção	Áurea,	
nome	dado,	no	século	XIX,	à	proporção	derivada	das	divisões	de	uma	
linha	no	 que	Euclides,	 no	 ano	 300	 a.C.,	 na	Grécia,	 chamou	de	 “ra-
zão	média	e	extrema”.	Segundo	Euclides,	uma	linha	é	cortada	em	tal	
proporção	somente	quando	“a	linha	completa	é,	em	relação	ao	maior	
segmento,	o	que	o	maior	 segmento	é	para	o	menor”.	Embora,	pelo	
menos,	três	termos	sejam	necessários	para	o	estabelecimento	de	qual-
quer	proporção,	o	que	é	absolutamente	peculiar	em	relação	à	Seção	
Áurea	é	que	o	terceiro	termo	da	proporção	é	igual	à	soma	dos	outros	
dois	(PANERO;	ZELNIK,	2008,	p.	17).
A Seção Áurea	se	trata	de	uma	proporção	derivada	de	divisões	de	uma	
linha	considerada	“perfeita”,	porque	confere	harmonia	em	todas	as	composições	
e	 é	 encontrada	 em	 todas	 as	 espécies	 da	 natureza.	 Mais	 tarde,	 já	 no	 Período	
Renascentista,	 a	 métrica	 desenvolvida,	 matematicamente,	 por	 Euclides,	 foi	
denominada de Divina Proporção	(BOUERI	FILHO,	2008).
FIGURA 9 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO NA ARQUITETURA DA SEÇÃO ÁUREA
FONTE: <https://bit.ly/3rfkw08>. Acesso em: 11 fev. 2021.
Outra	contribuição	importante	foi	o	lançamento	da	obra	de	Ernest	Neufert,	
A Arte de Projetar em Arquitetura,	de	1936.	Contudo,	mesmo	com	as	mudanças	no	
mundo,	a	obra	continua	contemporânea,	visto	que	atribui	o	ser	humano	como	
unidade	de	medida.	“Tudo	o	que	o	homem	cria	é	destinado	ao	seu	uso	pessoal.	
As	dimensões	do	que	 fabrica	devem,	por	 isso,	 estar	 intimamente	 relacionadas	
com	as	do	seu	corpo.	Assim,	escolheram-se,	durante	muito	tempo,	os	membros	
do	corpo	humano	para	unidades	de	medida”	(NEUFERT,	2013,	p.	18).
Quando	queremos	dar	ideia	de	dimensões	de	um	objeto,	servimo-nos	
de	frases	como	estas:	tem	a	altura	de	um	homem,	tem	o	comprimento	
de	tantos	braços,	tem	tantos	pés	de	largura	etc.	São	conceitos	que	não	
necessitam	de	definição	para	ser	perfeitamente	compreendidos,	visto	
que,	no	fundo,	fazem	parte	de	nós	mesmos	(NEUFERT,	2013,	p.	18).
TÓPICO 2 — ERGONOMIA NO DESIGN E MOBILIÁRIO BRASILEIROS
29
Iida	(2005)	destaca	que,	até	a	década	de	1940,	as	medidas	antropométricas	
se	detinham	na	determinação	de	grandezas	médias,	com	pesos	e	estaturas	e,	a	
seguir,	passou-se	a	determinar,	também,	as	variações	e	o	alcance	dos	movimentos.	
Na	atualidade,	o	interesse	foi	ampliado,	enfocando	o	estudo	da	diferença	entre	
grupos	e	a	 influência	de	outras	variáveis,	como	etnias,	alimentação	e	saúde.	O	
crescente	volume	do	comércio	internacional	fez	emergir	as	pesquisas,	que	buscam	
estabelecer	 padrões	 mundiais	 de	 medidas	 antropométricas,cujo	 objetivo	 é	 a	
universalização	da	produção	de	determinados	produtos	que	possam	se	adaptar	
aos	usuários	de	diversas	etnias.
A	antropometria	tem	papel	fundamental	e	relevante	na	área	da	ergonomia.	
Os	 autores	 referenciais	 da	 área	 de	 ergonomia	 compartilham	 atribuições	 em	
relação	aos	estudos	antropométricos	para	a	realização	de	projetos	de	produtos,	
postos	 de	 trabalhos	 e	 ambientes.	 Há	 concordância	 quanto	 à	 aplicação	 das	
medidas	antropométricas	para	o	dimensionamento	de	espaços,	sejam	laborais	ou	
residenciais,	o	que	deve	ser	projetado	para	as	pessoas,	com	a	adoção	dos	dados	
antropométricos	nos	projetos	arquitetônicos	e	de	interiores.
3.1 MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS 
A	Revolução	Industrial	focou	as	atividades	no	mercado	de	massas	e	nas	
medidas	de	saúde	de	massas,	isso	devido	à	necessidade	de	aplicar	as	medidas	do	
homem	para	o	desenvolvimento	de	produtos	para	a	produção	em	massa.	A	noção	
de	“normalidade”,	na	proporção	e	no	 tamanho,	 foi,	gradualmente,	 substituída	
por	 tabelas	 estatísticas.	 De	 1940	 a	 1970,	 houve	 um	 aumento	 significativo	 da	
necessidade	das	dimensões	corporais	na	área	industrial.	Essa	tendência	tem	sido	
particularmente	forte	na	indústria	aeronáutica,	com	o	peso	e	o	tamanho	sendo	
fatores	críticos	na	performance	e	na	economia	das	aeronaves	(ROEBUCK,	1975	
apud	RODRIGUEZ-AÑEZ,	2001).
As	 medidas	 antropométricas possuem	 variações,	 considerando	 sexo	
(homens	 e	 mulheres),	 faixa	 etária	 (crianças,	 jovens,	 adultos	 e	 idosos),	 etnia,	
genótipo	e	região	climática.	Nesse	sentido,	para	Ilda	(2005),	sempre	que	possível	
e	justificável,	deve-se	realizar	as	medidas	antropométricas	da	população	para	a	
qual	está	sendo	projetado	um	produto	ou	equipamento,	pois	equipamentos	fora	
das	características	dos	usuários	podem	levar	a	estresse	desnecessário	e	provocar	
acidentes	graves.	Normalmente,	as	medidas	antropométricas	são	representadas	
pela	média	e	pelo	desvio	padrão,	porém,	a	utilidade	das	medidas	depende	do	
tipo	de	projeto.
De	acordo	com	Mozota	(2011),	a	diferenciação	de	um	produto	ocorre	de	
acordo	com	oito	dimensões:	função,	desempenho,	conformidade,	durabilidade,	
confiabilidade,	 capacidade	 de	 ser	 recuperado,	 estilo	 e	 serviço.	A	 partir	 dessa	
definição,	 pode-se	 apontar	 que	 os	 dados	 antropométricos	 são	 de	 primária	
importância	 para,	 ao	 menos,	 mas	 não	 somente,	 quatro	 desses	 itens,	 sendo:	
função,	desempenho,	conformidade	e	confiabilidade.	As	variações	das	medidas	
antropométricas	decorrentes	das	diferentes	etnias	serão	exemplificadas	a	seguir.
30
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
FIGURA 10 – PROPORÇÕES CORPORAIS DE DIVERSAS ETNIAS
FONTE: Schoenardie, Teixeira e Merino (2011, p. 35)
Como	percebemos,	 os	 indivíduos	 das	 amostras	 possuem	 configuração	
física	diferente,	proporções	diferentes	e,	consequentemente,	não	se	adaptariam,	
com	conforto,	em	espaços	ou	equipamentos	que	não	respeitassem	dimensões.	A	
diversidade	de	dados	e	as	populações	consideradas	podem	levar	ao	uso	de	infor-
mações	equivocadas,	mesmo	focando	em	uma	população	específica.	A	aquisição	
de	dados	considerados	corretos	e	pertinentes	para	o	projeto	ainda	é	um	desafio.
Conforme	Sell	(2002),	a	população	brasileira,	por	suas	características,	que	
englobam	misturas	de	diversas	raças	e	condições	sociais	distintas	entre	as	grandes	
regiões	 do	 país,	 dificulta	 o	 projeto	 dos	 postos	 de	 trabalho,	 no	 qual	 todos	 os	
trabalhadores	devem	estar	bem	acomodados,	e	dificulta	a	produção	dos	produtos.
Destacam-se,	 também,	 as	 diferenças	 interindividuais	 dentro	 de	 uma	
mesma	 população.	 Essas	 questões	 foram	 retratadas	 pelo	 arquiteto	 americano	
Willian	Sheldon,	em	1940.	A	partir	de	então,	surgiram	três	tipos	físicos	básicos:
FIGURA 11 – TIPOS BÁSICOS DO CORPO HUMANO
FONTE: Iida (2005, p. 104)
TÓPICO 2 — ERGONOMIA NO DESIGN E MOBILIÁRIO BRASILEIROS
31
Para	 facilitar	a	compreensão	das	estruturas	 físicas,	 Iida	 (2005)	expõe	os	
conceitos	de	Ectomorfo,	Endomorfo	e	Mesomorfo:
• Ectomorfo:	 tipo	 físico	de	 formas	alongadas.	Tem	corpo	e	membros	 longos	e	
finos,	com	um	mínimo	de	gorduras	e	músculos.	Os	ombros	são	mais	largos,	
mas	caídos.	O	pescoço	é	fino	e	comprido,	o	rosto	é	magro,	queixo	recuado	e	
testa	lata	e	abdômen	estreito	e	fino.
• Mesomorfo:	 tipo	 físico	 musculoso	 de	 formas	 angulosas.	 Apresenta	 cabeça	
cúbica,	maciça,	ombros	e	peitos	largos	e	abdômen	pequeno.	Os	membros	são	
musculosos	e	fortes.	Possui	pouca	gordura	subcutânea.
• Endomorfo:	 tipo	 físico	 de	 formas	 arredondadas	 e	 macias,	 com	 grandes	
depósitos	 de	 gordura.	 Na	 forma	 extrema,	 tem	 características	 de	 uma	 pera	
(estreita	 em	 cima	 e	 larga	 embaixo).	O	 abdômen	 é	 grande	 e	 cheio	 e	 o	 tórax	
parece	 ser	 relativamente	pequeno.	Braços	 e	pernas	 são	 curtos	 e	flácidos.	Os	
ombros	 e	 a	 cabeça	 são	 arredondados.	Os	 ossos	 são	pequenos.	O	 corpo	 tem	
baixa	densidade,	podendo	flutuar	na	água.	
Apesar	 disso,	 Iida	 (2005)	 explica	 que	 os	 modelos	 físicos	 básicos	 são	
importantes	 para	 não	 comprometer	 a	 saúde	 ocupacional	 dos	 funcionários:	
a	altura	da	 lombar	deve	estar	de	acordo	com	a	encosta	da	cadeira;	a	altura	do	
cotovelo	deve	estar	de	acordo	com	a	altura	da	mesa;	é	preciso		que		haja	espaço	
entre	assento	e	mesa	em	relação	à	altura	das	coxas;	o	posicionamento	do	monitor	
precisa		estar		na	altura	dos	olhos	e	do	ângulo	de	visão;	e	o	alcance	das	pernas	e	
braços	deve	ser	confortável.
Com	relação	ao	alcance	confortável,	Ilda	(2005)	apresenta	os	limites	e	as	
dimensões	ideais	de	alcance	de	um	posto	de	trabalho	para	funções	principalmente	
sentadas,	por	exemplo,	alcance	de	objetos	sobre	a	mesa.	Panero	e	Zelnik	(2008)	
afirmam	que	são	dez	as	dimensões	mais	importantes	se	alguém	quiser	descrever	
um	 grupo	 para	 objetivos	 de	 engenharia	 humana	 (ergonomia)	 nessa	 ordem:	
altura,	 peso,	 altura	 quando	 sentado,	 comprimento	 nádegas-joelho	 e	 nádegas-
sulco	poplíteo,	largura	entre	os	cotovelos	e	entre	os	quadris	em	posição	sentada,	
altura	do	sulco	poplíteo,	dos	joelhos	e	espaço	livre	para	as	coxas.
A	 seguir,	 indicaremos	 as	medidas	mais	 significativas	 para	 arquitetos	 e	
designers de	interiores	ou	de	produtos.
32
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À ERGONOMIA NO DESIGN
FIGURA 12 – MEDIDAS CORPORAIS MAIS RELEVANTES PARA ARQUITETOS E DESIGNERS
FONTE: Panero e Zelnik (2008, p. 30)
Em	geral,	 conforme	observa	Boueri	Filho	 (2008,	p.	56),	“[...]	o	arquiteto	
interpreta	os	dados	disponíveis	a	partir	da	literatura	e	os	aplica	diretamente,	de	
acordo	com	as	necessidades	do	projeto”.	A	antropometria	assume,	assim,	valor	
estratégico	dentro	do	processo	de	design,	na	busca	da	diferenciação	e	da	resolução	
de	problemas.	No	 entanto,	 a	 busca	por	dados	mais	próximos	da	 realidade	da	
população	ainda	é	necessária.
A	 ampla	 bibliografia	da	 área	de	 arquitetura,	 além	das	normas	 técnicas,	
fornece	as	medidas	ideais	(mínimas	ou	padrão)	para	projetos	arquitetônicos,	de	
interiores,	urbanos	e	de	mobiliário.	Em	casos	específicos,	nos	quais	o	grau	de	com-
plexidade	é	maior,	deve-se	contar	com	a	contribuição	de	profissionais	especializa-
dos	em	antropometria	e/ou	ergonomia,	conforme	afirmam	Panero	e	Zelnik	(2008).
TÓPICO 2 — ERGONOMIA NO DESIGN E MOBILIÁRIO BRASILEIROS
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Os	ensinamentos	da	antropometria	são	determinantes	para	atender	aos	
requisitos	de	uso	do	espaço	a	ser	edificado.	A	ergonomia	fundamenta	o	cuidado	
do	 projeto	 arquitetônico	 quanto	 aos	 aspectos	 dimensionais,	 conduzindo	 à	
qualidade	espacial	tão	almejada	pelos	arquitetos	e	usuários.
4 CONCEITUAÇÃO E BREVE HISTÓRIA DO MOBILIÁRIO 
NO BRASIL
O	termo	mobiliário representa	um	conjunto	de	móveis	ou	mobília.	Portan-
to,	o	projeto	de	mobiliário	configura	uma	importante	atribuição	dos	profissionais	
de	arquitetura	e	design.	Desses	conhecimentos,	a	ergonomia	é	de	comprovada	
relevância,	pois	a	interface	usuário–arquitetura	é	intermediada	pelo	mobiliário.	
As	pesquisas	antropométricas	consolidadas	prescrevem	dimensionamentos	mí-
nimos,	médios

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