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Resenha do documentario - A história do Racismo BBC

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Disciplina: História Contemporânea “O longo século XIX”
Discente: Fabiana da Silva Moreira - Licencianda em História - UFMA
RESENHA DO DOCUMENTÁRIO “A HISTÓRIA DO RACISMO”
O documentário "A história do racismo" foi transmitido pela BBC em 2007, com o
título original "Racism: A history", dividido em três partes, cada episódio com uma
hora de duração. A série foi exibida em comemoração do bicentenário do ato contra
o comércio de escravos de 1807, data de grande importância para a legislação que
aboliu o tráfico de escravos na Inglaterra. O documentário revive momentos cruciais
para compreender o racismo em uma escala global, desde seu surgimento, até o
advento de teorias que mantiveram esse ideal de raça, criado pelo racismo, por um
longo tempo nas sociedades no decorrer dos séculos, além disso, mostra os efeitos
violentos do mito da pureza de sangue e da inferioridade dos povos não-europeus.
O termo "escravo" tem sua origem na língua eslava, vem da palavra "slavus" que
significa eslavo, visto que muitas dessas pessoas foram capturadas nas fronteiras
orientais da Europa.
Em uma estimativa, mais de 11 milhões de africanos foram transportados através do
atlântico, no que foi chamado na época de "Passagem atlântica", era uma viagem
íngreme, insalubre e torturante, poucos chegavam ao destino e, pelo menos, 2
milhões de africanos morreram durante esse trajeto. O documentário destaca esses
dados chocantes acerca da quantidade de pessoas retiradas de seu lar pelo
comércio do sistema escravocrata, incentivado pelos altos lucros vindo da mão de
obra barata e farta africana, que se manteve forte por anos no sistema colonial
português.
O Racismo, conforme o documentário, surge nos séculos XVI e XVII, com a ideia de
raça e da inferioridade de povos que não eram europeus, no entanto, o primeiro
episódio da série "A cor do dinheiro", não deixa de citar o estranhamento ao
diferente nas antigas civilizações, como, por exemplo, a aversão a estrangeiros,
todos os não gregos, todos os forasteiros, podiam ser legalmente escravizados,
porque eram considerados inferiores, da mesma forma que as mulheres gregas
também eram consideradas inferiores. Para se ter ideia, esse aspecto sobre o que
se julgava racialmente certo ou não, no início, apresentava apenas uma espécie de
rejeição e desagrado, porém com o sistema escravocrata e com o sistema colonial,
assumiu a forma de dominação e exploração.
Outrossim, cabe citar a importância que o documentário dá ao indígena e a sua
imagem no sistema colonial, utilizado como mão de obra no "plantation" açucareiro,
como também escravizado e massacrado em muitas colonias da América latina. O
episódio sabe explicar o complexo discurso que ocorreu envolta da possibilidade da
conversão dos indígenas ao cristianismo; se poderiam ser introduzidos na
sociedade sem grandes complicações ou se continuariam a ser escravos. De modo
que, havia o lado que apontava os índios como seres inaptos, sem espírito e,
aqueles que defendia a existência de alma e de humanidade nos índios, o que foi
tema de uma reunião em 1550 na Espanha, liderada pelas ideias do clérigo Las
Casas. Porém, da mesma forma que Las Casas defendeu os indígenas, acusou e
apontou os africanos como uma opção a lacuna que a abolição da escravidão
indígena instaurava, estes, os povos africanos, não teriam alma e muitas vezes, no
decorrer dos séculos, foram assimilados como selvagens, animais sem alma, ou
então como a complexa representação de Calibã em "A Tempestade" de William
Shakespeare, fruto de uma mulher humana com um demônio.
De modo, que se percebe que o colonialismo assinalou algumas categorias de
povos como objeto de estudo, que deveriam ser compreendidos e classificados de
acordo com seus ideais de superioridade branca europeia. Portanto, têm-se as
justificativas religiosas, científicas e econômicas desenvolvidas para manter a
escravidão e perpetuar o racismo aos não europeus.
É na terceira viagem que Cristóvão Colombo faz em 1498, rumo ao sul, para a Serra
Leoa, que ele percebe diferenças acentuadas na cor da pele dos povos da região,
de forma que começa a surgir teorias biologias e geográficas para esclarecer essa
alteridade entre os povos, corroborando para criar as teorias racistas. Ademais, uma
das teorias biológicas que teria imergido na época, o pré-adamismo, explicava que
os seres humanos, julgados como selvagens, tinha seu lado primitivo ligado a uma
maior proximidade com o mundo animal. Teoria que teria surgido em Barbados, na
colônia inglesa instalada no local, no século XVII, a ideia que os africanos eram
frutos da relação sexual entre chimpanzé e humanos.
Outra teoria, ao contrário das outras já citadas, é de caráter religioso, e referir-se a
uma passagem da bíblia, onde Noé teria embriagado-se com vinho, e um de seus
filhos, Cam, ao tê-lo encontrado teria revelado sua nudez, assim como também,
teria chamado seus dois irmãos para observar a nudez do pai, após despertar Noé
amaldiçoa o filho, dizendo que seus filhos serão escravos de seus irmãos, é nessa
passagem de gênesis que a igreja católica e as monarquias católicas sustentaram
sua persistência no comércio de escravos africanos, na suposição, que os
descendentes de Cam seriam os povos da áfrica.
Nas teorias sociais, o segundo episódio da séria "Impacto Fatal", aprofunda-se nas
teorias e pesquisas científicas, visto que as ideias religiosas e geográficas já não
eram tão fortes e, perdiam-se em meio aos genocídios. Surge o Darwinismo social,
impulsionado pelo lançamento do livro "A origem das espécies" do estudioso
Charles Darwin, que trazia as hipóteses de seleção natural e o predomínio dos mais
aptos e superiores para a humanidade, de modo, que os europeus, se
autodeclararam superiores aos índios e negros.
Logo em seguida, ideias como a de Samuel Morton acerca de que as diferenças do
tamanho dos crânios entre as etnias, revelava algo sobre o tamanho do intelecto,
também incentivou os europeus a diminuírem a importância dos demais povos,
subjugando-os a uma categoria semi-humana. O cientista Francis Galton, estendeu
a ideia de seleção natural, criada por Darwin, e propôs que os humanos fizessem
sua própria seleção natural, mantendo relações reprodutoras apenas com pessoas
consideradas superiores, brancos unicamente. De modo que percebemos o ápice
em direção as ideias de mito do sangue puro criadas durante a Segunda Guerra
Mundial, ideologia que matou inúmeros judeus, ciganos, indígenas e negros.
Qualquer indivíduo que não entrasse nos padrões raciais da Europa, estava fadado
a violência e a discriminação, mesmo que já tivesse absorvido a ética da sociedade
e seus costumes sociais. Como ocorreu com os indígenas Moravian, que eram
povos pacíficos que haviam assumido o cristianismo em suas vidas, liam a bíblia e
utilizavam instrumentos dos brancos; foram todos assassinados por um grupo de
milicianos da Pensilvânia, entre crianças e mulheres, foram levados a uma cabana e
de par em par, tiveram seus crânios esmagados. Mesmo sendo indígenas
civilizados para um padrão imposto no século XVIII, foram mortos, justamente
porque eram civilizados demais.
O documentário, ao longo dos três episódios, apresenta todos os pontos que
traçaram o racismo até a atualidade e, porque ele permanece tão presente nas
sociedades contemporâneas, a verdade, é que ele possui origens obscuras e
sangrentas, como o massacre na Namíbia ou como os campos de concentração
nazistas. Portanto, a série nos explica duramente, que essa história lamentável, não
pode ser esquecida,

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