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ENSINO MATUTO

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE 
SÃO PAULO 
CAMPUS SALTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANDERSON SILVA SANTANA 
 
 
 
 
ENSINO MATUTO 
ATIVIDADE AVALIATIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALTO - SP 
2021 
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ANDERSON SILVA SANTANA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENSINO MATUTO - 
ATIVIDADE AVALIATIVA 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina de 
Introdução aos estudos da educação do 
Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia Campus Salto como nota 
parcial para aprovação na disciplina do 
curso de Licenciatura em Letras, turma 
2021. 
Professor: Maurício Bronzatto. 
 
 
 
 
 
SALTO - SP 
2021 
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SUMÁRIO 
 
 
I - INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4 
II – ENSINO MATUTO .......................................................................................... 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
Temas escolhidos para discussão: 
• Existe correspondência entre o que se aprende na escola e aquilo que a vida exige de nós? 
• Autonomia ou heteronomia? (Autonomia = o autogoverno, pautado pela justiça, pela reciprocidade e pelo 
respeito ao outro; Heteronomia = o governo de outros sobre nossa consciência – de pessoas, leis, culturas, 
convenções sociais, sistemas ideológicos etc.). 
 
Após a escolha dos temas destacados acima, tem-se início a produção do texto dissertativo-
argumentativo em se discuto os dois temas, o filme “3 Idiotas” e o conjunto de conteúdos abordados e 
discutidos na disciplina em questão, Introdução aos estudos da educação. 
Sobre o conjunto de conteúdos abordados nas aulas: 
1) “A ética como fundamento de uma educação humanizadora”; 
2) “Foram muitos, os professores”, de Bartolomeu Campos de Queiroz; 
3) “O Sapo”, de Rubem Alves; 
4) “A importância do ato de ler”, de Paulo Freire; 
5) “Pedagogia da Autonomia”, de Paulo Freire. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ENSINO MATUTO 
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. 
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo 
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, 
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. 
(PESSOA; FERNANDO, 2011, p. 106) 
Começo a discutir o nosso primeiro assunto com este trecho do poema Tabacaria, de 
Álvaro de Campos heterônimo criador pelo poeta Fernando pessoa. 
Você como aluno, que foi em algum momento da sua vida. Já se perguntou “Vou usar 
isso (informação ou conteúdo) aqui em que na minha vida?” ou “Para que serve 
isso(informação ou conteúdo)?”. 
Assim como quando Rancho, logo após o enterro do Joy lobo, vai ao escritório de Viru 
Sahastrebuddhe discutir sobre o ensino. Veja abaixo o diálogo: 
“-... 
-Primeira colocada em que? Aqui não se discute novas teorias, não se estimula a 
criação de novas invenções. Aqui só se fala em notas e empregos nos EUA. Não 
ganhamos conhecimento...Só nos falam em tirar boas notas... 
-Está querendo me ensinar a dar aula? 
... 
O diretor Viru Sahastrebuddhe leva Rancho até uma sala de aula e pede para este 
ensiná-los sobre engenharia.” 
Vamos nos limitar a este diálogo de início. Vimos que para Rancho, a faculdade 
apenas dá informações e conteúdo. Não busca desenvolver a prática dessas 
informações e conteúdo, não gerando assim o conhecimento de fato. Aquele 
conhecimento que rompe com as barreiras da escola, que pode ser usado para 
melhorar a vida das pessoas, que inventa, soluciona problemas, melhora processos, 
enfim que faz a sociedade evoluir. 
Paulo Freire, em seu livro “A importância do ato de Ler – Três artigos que se 
complementam” , no artigo “O povo diz a sua palavra a sua alfabetização em São 
Tomé e Príncipe” diz: 
 
O Segundo Caderno de Cultura Popular, com o qual se inicia ou se pretende 
iniciar a pós-alfabetização, é um livro de textos, escritos em linguagem 
simples, jamais simplista, que uma temática ampla e variada, ligada, toda ela, 
ao momento atual do país. O que se pretende com estes textos - entre os 
quais serão alguns transcritos na Segunda Parte deste trabalho - é que eles 
se entreguem à curiosidade crítica dos educandos e não que sejam lidos 
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mecanicamente. A linguagem dos textos é desafiadora e não sloganizadora. 
O que se quer é a participação efetiva do povo enquanto sujeito, na 
reconstrução do país, a serviço de que a alfabetização e a pós-alfabetização 
se acham. 
(FREIRE;PAULO, 1989,p.22) 
 
Onde segundo o trecho destacado acima trás menção a mesma questão levantada 
por Rancho ao diretor Viru Sahastrebuddhe. Onde aqui se define o real objetivo da 
escola em relação ao ambiente em que ela se encontra. 
Até o momento discutimos apenas o que se aprende nas escolas e a realidade. Vamos 
nos aprofundar um pouco mais no tema com a seguinte pergunta: A escola 
desconstruir a realidade já constituída e solidificada do aluno, é importante? 
Na crônica de Rubem Alves, “O sapo”. A passagem , que irei descrever abaixo traz 
uma perspectiva da palavra/realidade que complementa a pergunta anterior: 
“Meu corpo é um corpo enfeitiçado: porque o meu corpo aprendeu as 
palavras que lhe foram ditas, ele se esqueceu de outras, que, agora, 
permanecem mal… ditas… “ 
(ALVES; RUBEM, 2000, p. 36) 
 
Agora troque a expressão “palavras” por realidade. Vemos que a realidade também é 
apreendida através dos outros e por suas palavras e atos. Muitos alunos jovens e 
adultos já possuem sua visão de mundo solidificada e tida como verdadeira, quando 
o aluno aprende o real conhecimento proposto por Rancho e Freire, esta realidade é 
desconstruída, esquecida e em seu lugar se tem o nascimento de uma realidade solida 
e profunda, embasada em informações, conteúdos e sobretudo conhecimento. Que é 
a base que sustenta uma sociedade evoluída. Então, é preciso derrubar a casa para 
poder fazer um alicerce para a casa, pois esta foi feita pensando no visível. 
Outro ponto que iremos discutir aqui diz respeito a autonomia do aluno em suas 
escolhas. Para iniciarmos nossa discussão irei apresentar a cena do filme onde, após 
o diretor enviar uma carta aos pais de Farhan e Raju falando sobre a conduta deste e 
a relação com Rancho. Os 2 são enviados para casa para receberem os castigos da 
família. Vou transcrever abaixo o diálogo de Rancho com o pai de Farhan. E ao chegar 
o pai de Farhan mostra o quarto onde Farhan dormia e estudava e rancho indaga 
Farhan sobre as fotos na parede 
“-... 
-Você tirou estas fotos, Farhan?(rancho) 
-Cala a boca!(Farhan) 
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-Ele está com o encosto da fotografia. Ele tirava fotos de animais e dizia que iria ser 
fotografo selvagem.(Pai de Farhan) 
... 
- Por que quer que ele seja engenheiro, se ele pode(quer) ser fotografo...(Rancho) 
- Por favor, estou pedindo de mãos juntas...não estrague o futuro do meu filho.(Pai de 
Farhan a Rancho)” 
Vimos aqui a heteronímia que muitos pais e familiares impõem sobre os alunos, 
castrando a decisão deste e em muitos casos sem ao menos saber a opinião do aluno. 
Levando sempre em consideração o status, salários e sonhos idealizados pelos 
familiares ou meio sociocultural onde o aluno está inserido. A falta de ética por parte 
dos familiares faz com que muitos estudantes comentam suicídio ou desenvolvam 
problemas psicoemocionais das, mas diversas estirpes. O diálogo entre estes é 
fundamental, e a instituição de ensino deve ser o elo nesse momento. Trazendo uma 
visão teórica e humana sobre o tema, assim como auxiliando nas escolhas que devem 
ser tomadas pelo aluno e apoiadas pela família. 
Outra cena, que irei descrever abaixo, que aborda o tema proposto é quando o 
professor pergunta a definição de máquina a Rancho. 
“... 
-Qual é a definição de máquina?(Professor) 
-Máquina é tudo aquilo que reduz o esforço humano, senhor.(Rancho) 
-Você pode desenvolver?(Professor)-Tudo aquilo que transforma o trabalho mais fácil para o homem é uma máquina. Está 
quente? É só apertar um botão! O ventilador é uma máquina. Fale de longe com um 
amigo. O telefone é uma máquina. Faça contas mais rápido. A calculadora é uma 
máquina. Tudo no mundo depende das máquinas. Das canetas até as calças, é tudo 
máquina...(Rancho) 
-Qual é a definição?(Professor, irritado) 
-Foi o que eu acabei de dizer, senhor. 
-É isso que vai escrever na prova? Essa é a máquina abre e fecha?(Professor, com 
ironia) 
-Idiota!(Professor) 
...” 
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Na cena descrita acima, percebemos que o professor está buscando a responda dele 
ou a resposta que está no livro em todas as suas virgulas e pontos. Não a resposta 
do aluno. Agindo assim, como fala Paulo Freire “Transgressor” em sua não aceitação 
de uma resposta que não é sua, mesmo que esteja correta. 
 
No livro “Pedagogia da autonomia” de Paulo Freire, no capítulo 2 “Ensinar não 
transferir conhecimento” seção 2.3 “Ensinar exige autonomia do ser educando”, este 
fala: 
 
“O respeito a autonomia e a dignidade de cada 
um é um imperativo ético e não um favor que 
podemos não conceder uns aos outros... O 
professor que desrespeita a curiosidade do 
educando, o seu gosto estético, sua 
inquietude...transgrede os princípios 
fundamentalmente éticos de nossa existência.” 
(FREIRE; PAULO, 1996, p. 24) 
Por fim, percebemos que a autonomia do aluno é fundamental para que este se torne 
um ser de transformação social, cultural e econômica do ambiente onde está inserido. 
E para isso é necessário que a escola e a família reconheçam o seu papel durante 
este processo de suma importância para o aluno e que suas escolhas iram influenciar 
para o resto da vida no meio onde se encontra e nas pessoas a sua volta.

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