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SEMIOLOGIA MÉDICA LIGA ACADÊMICA DE CLÍNICA MÉDICA – UAM PIRACICABA Seja bem-vindo à LACM da Universidade Anhembi Morumbi, neste primeiro caderno, estudaremos uns dos temas mais importantes dentro da Medicina: A Semiologia. E, os temas que iremos abordar serão: 1. Anamnese________________________________________________________Pág. 1 - 6 2. Inspeção geral e Sinais vitais___________________________________Pág. 7 - 10 3. Exame da Pele e Fâneros______________________________________Pág. 11 - 13 4. Exame da Cabeça e Pescoço__________________________________Pág. 14 - 19 5. Exame Cardiovascular________________________________________Pág..20 - 23 6. Exame do Aparelho Respiratório_____________________________Pág,24 - 30 7. Exame do Abdome_____________________________________________Pág. 31 - 39 8. Exame Neurológico____________________________________________Pág. 40 - 52 9. Exame Osteoarticular__________________________________________Pág 53 - 58 O fundamento da clínica é a observação. O corpo fala, a semiologia traduz! (Diego Santos Andrade) 1. ANAMNESE: ❖ O que é? Por quê? Definição: A anamnese é uma entrevista, na qual perguntamos para o paciente o que ele está sentindo. E, quando já tivermos uma suspeita ou confirmação do diagnóstico, podemos especificar um pouco mais essas perguntas em relação à doença que o paciente apresenta. Sempre que o direcionamento for menos importante do que a plenitude da entrevista, temos que saber sobre o paciente, sobre a vida dele, por meio de uma abordagem biopsicossocial. Quando abordar tudo e quando direcionar? R: Se estamos em uma primeira consulta, por exemplo, na área de Clínica Médica em uma UBS, com um paciente que talvez iremos acompanhar de meses até anos, temos que saber tudo sobre esse paciente (trabalho, rede de apoio, etc.), visto que tudo será importante para realizarmos um atendimento horizontalizado em relação a este paciente. Agora, se for uma consulta mais especializada, ou seja, o paciente foi direcionado para um especialista, aí não precisamos fazer todo esse acompanhamento. Por exemplo, em uma consulta pré-operatória, na qual precisamos saber apenas os fatores de risco do paciente, sendo, portanto, uma consulta mais direcionada. No caso de uma emergência, por sua vez, estamos lá na UPA e recebemos um paciente, o mais importante ali será salvar a vida dele. Logo, quanto mais informações tivermos sobre o paciente, melhor será a nossa abordagem. ❖ Conceitos importantes: Qual a importância da anamnese? R: Paciente, 67 anos, etilista, chega ao pronto socorro, queixando-se de hematêmese (vômito com sangue). Sendo solicitado uma EDA (Endoscopia digestiva alta), para avaliar se existe a presença de varizes esofágicas e/ou úlcera. 1 A partir da realização de uma boa anamnese feita por um estudante de medicina presente no plantão da emergência naquela noite, descobrimos que o paciente é também tabagista e que na verdade, não estava sofrendo de hematêmese, mas sim, de hemoptise, uma vez que ao tossir saía sangue junto, há 1 mês. Com isso, os exames a serem solicitados mudaram, sendo pedido um Raio X de tórax, tendo em vista que, estamos falando de um paciente idoso e tabagista há longo prazo. O que nos leva a ter como suspeita diagnóstica um quadro de tuberculose ou câncer de pulmão. **O CONHECIMENTO PODE NOS LEVAR LONGE, MAS O QUE NOS LEVA À DIREÇÃO CERTA É UMA BOA ANAMNESE** ❖ Organização: O que perguntar? R: Identificação (ID), queixa principal (QP), HDA (história da doença atual), interrogatório sistemático (ISDA), antecedentes fisiológicos, antecedentes patológicos, antecedentes familiares, hábitos de vida e história psicossocial. ❖ Aplicação: • Identificação: nome, idade, sexo, cor, estado civil, ocupação, escolaridade, nacionalidade, naturalidade, residência, religião e confiabilidade (paciente orientado ou não). OBS: É importante registar data e hora na anamnese, em situações de urgência e emergência ou internação hospitalar. • Queixa principal: é o que trouxe o paciente à consulta. Sendo crucial perguntarmos: ✓ O que te trouxe aqui? ✓ O que o(a) senhor(a) está sentindo? ✓ Há quanto tempo está sentindo? Exemplo: cefaleia há 2 dias, sangue nas fezes há 1 semana (queixa e duração)! 2 E quando o paciente não tem queixa? R: Sem problema, nesse caso, a queixa principal será o motivo da consulta (exemplo: paciente comparece para consulta de rotina, paciente comparece para renovação de receita, paciente aparece para consulta de puericultura, paciente aparece para consulta pré-natal). Nesses casos, não há necessidade de fazer a HDA, o que nos leva direto ao ISDA. • História da doença atual: temos que saber tudo possível sobre o problema que trouxe o paciente ali. Exemplo: paciente P.J.R, sexo feminino, 19 anos, parda. O médico chega e pergunta: ✓ O que te trouxe aqui? R: Dor de cabeça. ✓ Há quanto tempo está sentindo? R: Tenho direto, vai e volta. ✓ Sabe a primeira vez que sentiu? R: Mais ou menos com uns 14-15 anos. ✓ Sente com que frequência? R: Mais ou menos uma vez por mês, mas esse ano está mais frequente. ✓ Onde é a dor? R: Aqui (região temporal), dos dois lados. ✓ Sente que irradia para algum lugar? R: Não. ✓ Essa dor parece em pontada, em peso ou fica latejante? R: É latejante. ✓ Numa escala de 0 a 10, qual nota você daria para essa dor? Lembrando que 10 é a dor mais forte que você já sentiu e 0 nenhuma dor. R: Às vezes 5, às vezes 9. Agora uns 7. ✓ Tem algo que faz essa dor aparecer ou piorar (fatores de melhora e piora)? R: Geralmente quando eu estou menstruada ou durmo mal. ✓ Tem algo que faz essa dor melhorar? R: Quando eu durmo ou tomo um analgésico. ✓ Sente mais alguma coisa quando tem dor cabeça? R: Enjoo e às vezes, vomito. Vejo uns pontos pretos e a luz me incomoda muito. **Sintoma principal + sintomas associados = história da doença atual** 3 Logo, na história da moléstia atual, temos que lembrar os atributos do sintoma (dor), que são: ✓ Localização; ✓ Irradiação; ✓ Intensidade; ✓ Característica (dor em pontada, em aperto, latejante...); ✓ Cronologia (quando começou, quando piorou, quanto tempo persistiu); ✓ Fatores de melhora e piora; ✓ Sintomas associados – paciente com cefaleia temporal, latejante, intermitente, associada com náuseas, vômitos, fotofobia e escotomas (alterações do campo visual – manchas escuras que atrapalham a visão). O que nos leva a concluir que se trata de um quadro clínico de enxaqueca, principalmente, porque a paciente diz que estava associada à quando ela dormia mal ou quando estava no período menstrual. • Interrogatório sistemático: inicialmente (1° e 2° semestre da faculdade), contamos com a ajuda de um roteiro feito por nós mesmos. Mas, depois desse período já não será indicado você usar um roteiro, mas sim, começar a criar uma sequência em sua mente para te guiar durante o ISDA. E, a melhor maneira é olharmos para o paciente a partir de um posicionamento crânio – caudal, ou seja, da cabeça até os pés. A partir, da seguinte sequência: 1. Sintomas gerais: tontura, fraqueza, alteração de peso, alteração do sono, febre; 2. Pele e fâneros: se tem alguma lesão, cabelo está caindo ou mais fraco; 3. Cabeça: a queixa principal é cefaleia, mas, podemos pensar em traumatismos crânio encefálicos, também; 4. Olhos: se tem alguma lesão, se tem alguma irritação, se começou enxergar algo de forma diferente, se está tendo perda da acuidade visual; 5. Ouvidos: se está começando a ouvir um pouco menos (se está perdendo a acuidade auditiva), se está tendo tontura ou vertigem (uma vez que o ouvido possui a região do vestíbulo, responsável pelo equilíbrio); 4 6. Nariz: se está tendo alguma alteração no olfato, se está tendo rinorréia (coriza), dor nos seios paranasais, obstruçãonasal; 7. Boca: se está tendo alguma alteração na boca, alguma alteração no paladar, dor de garganta (odinofagia); 8. Pescoço: atentar para a tireoide e linfonodos; 9. Mamas: se já teve alguma lesão na mama, se tem alguma queixa de irritação nas mamas; 10. Cardiovascular: atentar para as comorbidades, avaliando se o paciente tem HAS, histórico de arritmia, se já teve algum infarto; 11. Respiratório: se tem algumas queixas respiratórias, tais como, tosse, dispneia, dor torácica; 12. Gastrointestinal: não só avaliar se o paciente tem dor, enjoo, vômito, como também, como está o seu trânsito intestinal (se houve alguma mudança em relação ao padrão normal); 13. Urinário: perguntar se o paciente está urinando normalmente ou não, se teve alguma alteração na coloração da urina, se está tendo alguma ardência; 14. Genital: perguntar se o paciente apresenta alguma alteração na genitália; 15. Musculoesquelético: avaliar se o paciente está tendo algum tipo de distrofia e/ou fraqueza muscular; 16. Neurológico: mais geral, temos que saber se tem alguma alteração dos pares de nervos cranianos, se tem algum déficit motor, se tem algum déficit foca; 17. Psiquiátrico: mais geral, deixar para perguntar no final; 18. Hematológico: mais geral, deixar para perguntar no final; 19. Endócrino: mais geral, deixar para perguntar no final. • Antecedentes: ✓ Fisiológicos: desenvolvimento psicomotor, desenvolvimento sexual, obstétricos, doenças comuns na infância; ✓ Patológicos: doenças, cirurgias, internações, acidentes, comorbidades, psiquiátricos e imunizações; ✓ Familiares: lembrar dos problemas de saúde no geral, tais como, problemas cardíacos, histórico de câncer, doenças respiratórias, entre outras doenças crônicas não transmissíveis. Importante saber sobre doenças genéticas e causa da morte dos pais. 5 • Hábitos de vida: diz respeito às intervenções não medicamentosas que vamos realizar na vida do paciente, sendo crucial conhecermos sua dieta e se este pratica exercícios físicos. Se o paciente for um tabagista ou ex-tabagista, faz-se importante investigarmos, não apenas pedir para o paciente parar de fumar. Temos que saber qual é ou era a carga tabágica, saber qual o grau de dependência e se ele já tentou parar de fumar ou não. **Temos que saber que 10 minutos de conversa sobre tabagismo com o paciente, aumenta em 3 a 4 vezes a chance deste parar de fumar** Temos que conhecer também, se na região onde trabalhamos existe algum grupo de apoio aos tabagistas, incentivando este paciente a participar de tal grupo. OBS: O mesmo manejo é feito em relação a um paciente etilista. E, por fim, temos que perguntar se o paciente usa alguma outra droga. Lembrando que em alguns casos, o paciente pode apresentar alguma doença específica, tais como, doenças de pele (importante perguntar sobre uso de protetor solar), doença do refluxo gastroesofágico (importante perguntar sobre os hábitos alimentares), sintomas urinários e DST´s (importante saber sobre a vida sexual desse paciente). • História psicossocial: é basicamente conhecermos o nosso paciente, ou seja, se ele trabalha e com o que trabalha, se tem filhos ou não, se é casado ou não, se faz acompanhamento com algum outro médico, se tem alguma atividade de lazer. E conhecermos a família, casa, trabalho, relações, conflitos e redes de apoio que o nosso paciente está envolvido. Conhecermos o nosso paciente, é crucial para podemos criar um vínculo e uma intervenção longitudinal em relação a este. A HISTÓRIA CLÍNICA, PORTANTO, NÃO É UM SIMPLES REGISTRO DE UMA CONVERSA, MAS SIM, UM DOCUMENTO QUE QUANDO BEM FEITO, AUXILIA NAS DECISÕES DIAGNÓSTICAS E TERAPÊUTICAS CORRETAS. 6 2. INSPEÇÃO GERAL E SINAIS VITAIS: ❖ Aspecto geral: Pensando no exame físico: primeiramente fazer tudo que você pode com o paciente sentado, em seguida deitado e depois em pé – técnica muito importante, principalmente, quando o nosso paciente se trata de um idoso ou de alguém que possui alguma limitação física. Exceção: pacientes no leito, paciente pediátricos (deixar o que faz a criança chorar mais para o final). Existem pessoas que preferem fazer um exame físico crânio caudal e outras que preferem fazer por sistemas. Vai da sua preferência, desde que não esqueça nada. O que é o aspecto geral? R: É o que vemos no nosso paciente logo na entrada do consultório ou enfermaria. Exemplo: 7 Mulher jovem, de aspecto saudável, boas condições de higiene, apresenta -se alerta, orientada no tempo e espaço. Homem idoso, emagrecido, com aspecto pálido, fácies de doença crônica, em uso de cadeira de rodas, boas condições de higiene, incapaz de completar frases curtas por conta de falta de ar, alerta, mantém contato visual, desorientado no tempo, orientado no espaço. O que não podemos esquecer no aspecto geral? ✓ Fácies/desconforto (BEG, REG, VE em AA (ventilando espontaneamente em ar ambiente). ✓ Coloração (CHAAA – corado, hidratado, anictérico, acianótico e afebril). ✓ Deambulação e atividade motora. ✓ Higiene (principalmente, quando se trata de um paciente idoso). ✓ Muscular/nutricional: ver se o paciente está muito emagrecido, desnutrido, obesos, entre outras características. ✓ Comunicação: para avaliar as funções neurológicas do paciente. ✓ Orientação (LOTE – lúcido e orientado no tempo e espaço). ✓ Nível de consciência (AOE – abertura ocular espontânea). ❖ Antropometria: São as medidas do paciente, mais especificamente, a altura e o peso deste. Sendo muito importante avaliar as alterações de peso, minuciosamente – perguntar o motivo do ganho ou perda de peso. Outro dado muito importante da antropometria é o IMC (índice de massa corporal), dado pelo peso/altura², a qual nos indica se o paciente possui obesidade ou não. E, a circunferência abdominal, a qual, nos diz se o nosso paciente possui, por exemplo, algum risco cardiovascular. 8 ❖ Sinais vitais: Os sinais vitais são a pressão arterial (PA em mmHg), temperatura (°C), frequência cardíaca (FC em bpm), frequência respiratória (FR em ipm) e saturação parcial de oxigênio (SpO2 em %). Atentar para os pacientes que vierem com os sinais vitais prontos, sendo necessário realizarmos novamente os sinais vitais. • Pressão arterial: verificar o tamanho do manguito, se o paciente ingeriu cafeína e/ou cigarro, se o paciente está com a bexiga cheia, se o paciente se alimentou recentemente, artéria braquial tem que estar na altura do coração, posição do paciente ( sentado com as pernas descruzadas e as costas encostada na cadeira, sempre que possível), verificar os 2 braços (a diferença máximo permitida é de 10 mmHg – repetir no braço de maior medida). A técnica se dá a partir de alguns passos, são eles: ✓ Verificar pulso (PAS – pressão arterial sistólica). ✓ Campânula. ✓ Ruídos de Korotkoff (o primeiro ruído corresponde a pressão arterial sistólica e o último corresponde a pressão arterial diastólica). OBS: Existem alguns pacientes que apresentam uma lacuna auscultatória, nesses casos, temos que descrever a lacuna nos sinais vitais. Para termos certeza que os ruídos cessaram, temos que continuar 20mmHg após o desaparecimento destes. 9 A campânula é melhor para auscultarmos a pressão arterial do nosso paciente. ✓ Em casos de ruído inaudíveis, temos que verificar o pulso antes e verificar novamente a técnica. ✓ Quando estamos aferindo a PA, também podemos perceber algumas arritmias, nesses casos, precisamos verifica-las com o pulso e com a ausculta cardíaca. • Frequência cardíaca: devemos auscultar por um período de 1 minuto, podendo ser na artéria braquial, artéria femoral, artéria radial ou até mesmo pela ausculta cardíaca em si (principalmente, se estivermos falando de um paciente com um pulso mais fino). OBS: Evitar auscultar a FCdo paciente pela carótida, pois isso pode induzir a um reflexo vagal. • Frequência respiratória: deve ser auscultada diretamente na pele do paciente, e não por cima da roupa. E, na maioria das vezes, faz-se necessário distrairmos o paciente enquanto aferimos sua FR, para obtermos um resultado mais fidedigno. **DICA: afere um pulso (FC) e depois finja estar aferindo o outro, mas na verdade foque nos movimentos respiratórios do paciente, definindo a sua FR. OBS: Não devemos pedir para o paciente inspirar e expirar para avaliarmos sua FR. • Outras medidas: ✓ Temperatura: axilar ou pelo infravermelho. ✓ Saturação: todo paciente internado ou grave, deve ter sua saturação avaliada. OBS: É crucial termos nosso próprio oxímetro. 10 3. EXAME DA PELE E FÂNEROS: • Revisão sobre a pele: A pele é o maior órgão do corpo humano em continuidade, representando aproximadamente 15% do nosso peso corporal. Sendo formada por 3 camadas principais: epiderme, derme e hipoderme. Os fâneros, por sua vez, são as estruturas visíveis da pele, tais como, cabelo, pelos e unhas. A pele possui 2 tipos de classificações, podendo ser espessa (não possui pele nem glândulas sebáceas, possui as glândulas sudoríparas e está presente na palma das mãos e na planta dos pés – regiões de constante atrito) ou delgada (apresenta folículos pilosos e glândulas sebáceas e sudoríparas, assim como, todo restante da pele). E, as funções da pele são: proteção (contra agentes infecciosos, raios UV e retenção de líquidos), sensorial (tato e proteção contra traumas do ambiente pela inervação da derme) e regulação da temperatura (pelo diâmetro dos vasos e pela quantidade de suor liberado pelas glândulas sudoríparas). • Semiologia da pele: A pele é muito importante no contexto da semiologia, uma vez que, esta diz respeito ao estado geral do indivíduo, aos seus hábitos de vida, sendo um órgão de expressão e de aspecto psicossocial. A inspeção geral da pele deve ser feita em um local adequado, com boa iluminação e visibilidade. Sempre respeitando a privacidade do paciente o máximo possível. As alterações da pele devem servir como guias para a nossa anamnese. Os aspectos importantes que devemos avaliar na pele são: ✓ Coloração; ✓ Umidade; ✓ Textura; ✓ Espessura; ✓ Temperatura; 11 ✓ Elasticidade; ✓ Mobilidade; ✓ Turgor; ✓ Sensibilidade; ✓ Lesões elementares. Em relação a coloração, faz-se muito importante avaliarmos a presença de palidez, cianose, vermelhidão e icterícia (é patológica, diferente da beta carotenemia que é fisiológica e, a maneira mais fácil de distingui-las é pela localização, uma vez que, na icterícia avaliamos a esclera e na beta carotenemia avaliamos a palma da mão e planta dos pés – ambas, ficam com coloração amarelada). OBS: a palidez, a cianose e a vermelhidão podem ser tanto fisiológicas como patológicas, tendo em vista que, a palidez pode ocorrer por medo e por anemia, a cianose pode ocorrer por frio e por má oxigenação e a vermelhidão pode ocorrer por vergonha e por inflamação. A maioria das alterações de coloração da pele podem ser analisadas de acordo com suas respectivas localizações, podendo ser locais ou gerais. E, de acordo com suas intensidades em leve, moderada e intensa. Sendo a mais importante classificação o seu tipo, ou seja, se é uma alteração central ou periférica, podendo ser mista também. Em relação a umidade, a pele pode estar normal, seca ou com umidade aumentada. Em relação a textura, a pele pode estar normal, lisa, áspera ou enrugada. Em relação a espessura a pele pode estar normal, atrófica ou hipertrófica. E, em relação a temperatura, a pele pode estar normal, aumentada ou diminuída. OBS: A maioria dos aspectos da pele são avaliados pelo método da palpação, com exceção da coloração, que é avaliada pela inspeção. A elasticidade da pele pode ser avaliada como normal, hiper elástica (aumentada) ou hipo elástica (diminuída). A mobilidade da pele pode ver avaliada como normal, aumentada, diminuída ou ausente. O turgor da pele pode ser avaliado como normal ou diminuído. 12 E, faz-se muito importante também, avaliarmos a sensibilidade, desidratação e envelhecimento da pele do paciente • Semiologia dos fâneros: Em relação aos cabelos, temos que avaliar o tipo de implantação, distribuição, quantidade, coloração e textura. Em relação aos pelos, temos que avaliar a quantidade (ausência ou excesso). E, em relação as unhas temos que avaliar a cor, formato e se há lesões presentes. OBS: Não visando apenas o aspecto estético, mas sim fornecimento de pistas para nossa anamnese. **MESMO QUE A QUEIXA PRINCIPAL DO PACIENTE NÃO SEJA RELACIONADA À PELE, A SUA AVALIAÇÃO DEVE SER REALIZADA, MESMO QUE DE FORMA MENOS MINUCIOSA. DEVENDO-SE BUSCAR POR ALTERAÇÕES QUE POSSAM ESTAR RELACIONADAS AO QUADRO PRINCIPAL, OU QUE NÃO FAÇAM PARTE DO QUADRO, MAS QUE SEJAM IMPORTANTES DE SEREM DESTACADAS NA LISTA DE PROBLEMAS GERAL** 13 IMPORTANTE LEMBRAR: No interrogatório sistemático da pele existem 3 perguntas cruciais, que devemos fazer para o nosso paciente. São elas: 1) Se há outras lesões de pele além da queixa principal. 2) Se há alterações de cor, textura, umidade, temperatura, sensibilidade ou prurido em alguma parte da pele. 3) Perguntar sobre a exposição solar (hora do dia), uso de protetor solar e outros cuidados com a pele (bronzeamento artificial, por exemplo). 4.EXAME DA CABEÇA E PESCOÇO: O exame da cabeça e pescoço, avalia a cabeça, olhos, ouvidos, nariz e seios paranasais, boca e pescoço. E, para realizarmos este, faz -se crucial conhecermos a anatomia da cabeça e pescoço. • Olhos: Existem alguns marcos anatômicos em relação aos olhos, são eles: 1. Pupila e sua coloração normal. 2. Esclera deve ser esbranquiçada com a visualização de alguns vasos. Esta fica amarela em situações de icterícia, por exemplo. e, fica hiperemiada em casos de conjuntivite. 3. Conjuntiva (camada superficial transparente que fica sob a esclera e que também cobre a parte interna das pálpebras). As lesões e deformidades devem ser descritas conforme o que estamos vendo e aonde estamos vendo. A acuidade visual, é algo mais do especialista, ou seja, do oftalmologista. Os campos visuais também são muito importantes, principalmente por estar relacionado ao sistema neurológico. As reações pupilares devem ser analisadas por meio de uma lanterna específica, a qual quando em direção a pupila, faz com que está se contraia. Em relação ao cristalino, temos que analisar se este está opacificado (quando jogamos a luz na pupila ela deve contrair e ficar mais escurinha, mas quando ela fica mais cinza/esbranquiçada isso é uma opacificação do cristalino, podendo significar o desencadeamento de uma catarata). 14 O exame oftalmoscópico, por sua vez, é algo mais do especialista (oftalmologista) também. A retina nasal do olho direito e esquerdo viram seus tratos, ou seja, as informações das retinas nasais vão para os córtex contra laterais. Então, o campo visual esquerdo mais periférico bate na retina nasal esquerda e vai para o córtex direito e vice versa. Logo, quando temos uma lesão de quiasma óptico, temos uma lesão dos tratos que vem das retinas nasais, as quais, recebem luz dos campos visuais periféricos. Então, se um paciente apresenta uma lesão de quiasma óptico, obrigatoriamente, ele apresentará uma lesão bilateral dos campos visuais periféricos. 15 A LUZ QUE VEM DO LADO ESQUERDO DO CAMPO VISUAL, ATINGE A RETINA NASAL DO OLHO ESQUERDO E A RETINA TEMPORAL DO OLHO DIREITO. A LUZ QUE VEM DO LADO DIREITO DO CAMPO VISUAL, ATINGE A RETINA NASAL DO OLHO DIREITO E A RETINA TEMPORAL DO OLHO ESQUERDO. POR QUE ISSO É IMPORTANTE? R: PARA PODERMOS AVALIAR AS ALTERAÇÕES DOS CAMPOS VISUAIS.SE O PACIENTE TEM UMA LESÃO NO OLHO DIREITO, ELE NÃO VAI TER O CAMPO VISUAL ESQUERDO DO OLHO DIREITO NEM O CAMPO VISUAL DIREITO DO OLHO DIREITO. LOGO, A SUA VISÃO DO OLHO ESQUERDO SERÁ PERFEITA E NÃO VAI TER VISÃO DO OLHO DIREITO. Agora se o paciente tem um AVC, por exemplo, no córtex occipital, a gente consegue perceber que no córtex occipital direito o paciente tem as informações da sua retina nasal esquerda e as informações da retina temporal direita. Logo, o paciente está perdendo totalmente o seu campo visual esquerdo. Tanto do olho esquerdo quanto do olho direito. Portanto, quando a lesão é mais localizada no córtex, o paciente perde o mesmo campo visual dos dois olhos. Seja o campo visual esquerdo numa lesão de córtex a direita, seja o campo visual direito numa lesão de córtex a esquerda. COMO AVALIAMOS O CAMPO VISUAL DO PACIENTE? R: Ficamos de frente para o paciente e tapamos o nosso olho direito e o paciente vai tampar o olho esquerdo dele. E faremos a avaliação do campo visual por confrontação. • Ouvidos: As primeiras coisas que precisamos saber são os marcos anatômicos, são eles: Quando fazemos a otoscopia do paciente, a primeira coisa e a principal que vamos avaliar é se a membrana timpânica está translúcida. 16 A MEMBRANA TIMPÂNICA QUE RECOBRE O OUVIDO MÉDIO TEM QUE SER TRANSLÚCIDA, OU SEJA, A LUZ TEM QUE PASSAR POR ELA. TEMOS QUE CONSEGUIR VER UM TRIÂNGULO LUMINOSO E O MARTELO. No ouvido externo, podemos ver pouca cera, alguma lesão, presença de algum inseto, entre outras circunstâncias. Essa região deve ser analisada com muito cuidado e atenção. A otoscopia, por sua vez, é para avaliarmos a membrana timpânica. Lembrando que o ouvido externo não é muito retificado (é um pouco tortuoso), sendo assim, quando pegamos e puxamos a hélice um pouco para cima retificamos o meato acústico externo e fica mais fácil de chegarmos à membrana timpânica do paciente. • Nariz e seios paranasais: É muito importante conhecermos a localização das conchas nasais, as quais ficam voltadas para a região do vestíbulo. Tendo que analisar se elas estão hipertrofiadas, hiperemiadas, se tem algum tipo de secreção através delas e, isso tudo, por meio da iluminação do nariz. Outra coisa importante é analisarmos se o paciente tem desvio de septo nasal. As alterações das conchas nasais que podemos ver são: 1. Obstrução: hipertrofia, por exemplo. 2. Edema: mucosa nasal edemaciada. 3. Sangramentos: crucial sabermos a origem do sangramento (se é superficial ou não). 4. Desvio de septo. 5. Secreções (rinorréia). 6. Eritema (vermelhidão na mucosa nasal). 7. Dor nos seios nasais: principalmente, seios maxilares e frontais (sinusopatias). 8. Transiluminação: para saber se algum seio (principalmente o frontal) está repleto de líquido ou não. • Boca e faringe: Não é para ver apenas amígdalas, temos que ver tudo boca, lábio, gengiva, dente, língua, assoalho e freio lingual (melhor lugar para avaliar icterícia). 17 Temos que ver a parte interna das bochechas também (região importante em quadros de sarampo, onde aparecem as manchas de Koplik). Precisamos também colocar o abaixador de língua, para analisarmos as amígdalas, úvula e orofaringe do paciente. OBS: Não precisamos pedir para o paciente colocar a língua para fora quando formos usar o abaixador de língua, pois isso aumenta a sensação de ânsia de vômito, deixando o exame mais desagradável. Na boca do paciente temos que avaliar algumas alterações, são elas: 1. Coloração. 2. Lesões (externas e internas). 3. Dentes (estado de conservação e descrição de lesões). 4. Língua (alteração de coloração, presença de alguma lesão, alteração nas papilas gustativas). 5. Assoalho e freio. 6. Palato duro e palato mole. 7. Úvula (deve ser centralizada). 8. Orofaringe (avaliar úvula, orofaringe e as amígdalas). 9. Amígdalas (temos que conhecer os graus de hipertrofias das amígdalas). 10. Saber distinguir entre faringite viral e faringite bacteriana. Geralmente quando tem pus nas amígdalas falamos que é bacteriana, mas mais importante ainda, é avaliar se há petéquias no palato (falam muito a favor de infecção bacteriana). Quando temos um linfonodo reacional único, doloroso e aumento, odinofagia (dor ao engolir), entre várias outras coisas, pensamos infecção bacteriana. Já em relação a infecção viral, podemos ter a presença de conjuntivite, lacrimejamento, obstrução nasal, tosse, linfonodos nas cadeias cervicais e submandibulares bilateralmente, rash cutâneo, secreção, diarreia, entre várias outras coisas. 18 OBS: O fato de ter pus ou não, não define se é uma infecção bacteriana ou uma infecção viral. Sendo assim, temos que avaliar todo o contexto, vendo se tem mais indícios de ser algo bacteriano ou viral. • Pescoço: Temos que avaliar se a musculatura do pescoço está muito desenvolvida ou não. Tendo em vista que, pacientes com IC crônica, por exemplo, possuem dificuldade para respirar, usando musculatura acessória para ajudar na ventilação. É importante sabermos a localização das artérias e veias mais importantes, que são a artéria carótida e a veia jugular. O exame da tireoide também é muito importante, pois ele pode nos indicar alguma manifestação/patologia sistêmica que o paciente possua. Em relação aos linfonodos, temos que conhecer as suas localizações e saber apalpá-los. No pescoço iremos investigar: 1. Tireoide: avaliar o tamanho, a consistência (fibroelástica), aderência e mobilidade e a sensibilidade (palpação da tireoide não dói). 2. Linfonodos: avaliar o tamanho, a consistência e a presença ou não de nódulos. 3. Vasos: avaliar a pulsação da artéria carótida (tomar cuidado com a manobra vagal), pulsação da veia jugular (presença de estase jugular ou não e, a altura que esta estase se dá – quanto mais alto, mais grave a estase é). **PARA O EXAME FÍSICO DA CABEÇA E DO PESCOÇO SÃO UTILIZADOS OS MÉTODOS SEMIOLÓGICOS DE INSPEÇÃO, PALPAÇÃO E AUSCULTA** 19 5.EXAME CARDIOVASCULAR: É muito importante conhecermos a anatomia do precórdio (região atrás do esterno, aonde se localiza o coração). E, temos alguns focos importantes também, conforme demonstra a imagem abaixo: Antes de realizarmos o exame físico cardiovascular temos que conhecer a anatomia do coração e o ciclo cardíaco. 20 É muito importante visualizarmos o ciclo cardíaco quando estamos realizando o exame físico cardiovascular, ou seja, o que está acontecendo com cada uma das cavidades cardíacas durante a sístole e diástole. • Inspeção: O paciente deve estar deitado (em decúbito dorsal – 30°) durante a realização do exame cardiovascular, obrigatoriamente. Tenta-se fazer uma visualização tangencial do precórdio do paciente. É muito importante localizarmos o Ictus Cordis do paciente, o qual, normalmente, se localiza na linha hemiclavicular à esquerda entre o 5º e 6º espaço intercostal (um pouco abaixo do mamilo). E, se há a presença de impulsões paraesternais. • Palpação: Primeiro, faz -se uma palpação geral do precórdio, analisando se há alguma impulsão paraesternal ou a presença de frêmitos. No ictus cordis, procura-se a sua localização habitual. E, se o paciente não tiver o ictus palpável, pede-se para ele se lateralizar para esquerda um pouco. Avalia-se também a sua amplitude, duração, extensão e lateralização. • Percussão: Realizada em casos que se faz necessário delimitar o coração. Mas, não é feita habitualmente. • Ausculta: Com o diafragma, auscultamos B1 e B2 (batimentos normais do coração, ou seja, fechamentos das válvulas AV e semilunares) e algumas regurgitações (como por exemplo, em casos de algum tipo de insuficiência cardíaca). Com a campânula, deve-se fazer uma compressão leve. E, esta serve para auscultarmos B3 e B4 e alguns ruídosde estenose. É importante lembrarmos que podemos usar a técnica da lateralização para apalpar o ictus, auscultar o foco mitral e B3 e B4. 21 O paciente quando está inclinado ou está expirando, são momentos bons para auscultarmos sopros aórticos. COMO DESCREVER A AUSCULTA CARDÍACA? R: Ritmo, tempo e fonética. Exemplo: bulhas rítmicas em 2 tempos, normofonéticas e sem sopros = BRNF, 2T, SS. COMO DESCREVER A AUSCULTA DE SOPROS? R: Cronologia, local de intensidade máxima, radiação e qualidade. OBS: Se você está auscultando o sopro no mesmo momento em que sente o pulso do paciente, esse sopro é sistólico. Temos que saber aonde se localizam os focos, para saber aonde esse sopro tem sua intensidade máxima. 22 Também é crucial analisarmos os pulsos periféricos do paciente, ou seja, o pulso radial, braquial, femoral e poplíteos. Sempre comparando com o outro lado, vendo se são cheios, rítmicos e se são simétricos. E, dois pulsos muito importantes são o tibial posterior e o pedioso, visto que pacientes com doença arterial obstrutiva periférica possuem esses pulsos diminuídos ou abolidos. A estase das jugulares também deve ser analisada, em 30°, 45° e em 60°. Sendo necessário vermos até qual angulação essa estase jugular continua ou não. DICAS: 1) Sopros da sístole: estenose aórtica e pulmonar e insuficiência mitral e tricúspide. 2) Sopros da diástole: insuficiência aórtica e pulmonar e estenose mitral e tricúspide. OBS: Estenose = dificuldade do sangue para passar; Insuficiência = regurgitação do sangue. 23 6.EXAME DO APARELHO RESPIRATÓRIO: Primeiramente, temos que saber nos localizar no tórax, sendo as estruturas mais importantes: No eixo vertical, temos: E, para entendermos as localizações dos nossos achados no tórax, temos que entender algumas linhas presentes na circunferência torácica, que são: 24 COMO PODERMOS LOCALIZAR NOSSOS ACHADOS NO TÓRAX? R: Se está acima da clavícula supraclavicular, se está abaixo infraclavicular. Se está entre as escápulas interescapular, se está abaixo infraescapular. Podendo estar também na linha hemiclavicular, linha axilar anterior, bases pulmonares ou ainda, nos campos pulmonares superior, médio e inferior. É muito importante também, conhecermos os campos pulmonares, que são: 25 Lobo superior direito Lobo médio direito Lobo inferior direito Lobo superior esquerdo Lobo inferior esquerdo Depois disso, temos que entender sobre a traqueia e os brônquios, mais especificamente, como eles se dividem. Agora, organizando o exame do aparelho respiratório realizamos a inspeção, palpação, percussão e ausculta do tórax. OBS: Com o paciente sentado ausculta-se o tórax posterior e com ele deitado o tórax anterior. 26 Lobo superior direito Lobo médio direito Lobo inferior direito Lobo superior esquerdo Lobo inferior esquerdo Lobo superior direito Lobo superior esquerdo Lobo inferior direito Lobo inferior esquerdo Para fazermos o exame do aparelho respiratório com maior precisão precisamos desnudar o tórax do paciente. Ainda antes do exame, faz- se necessário avaliarmos a frequência respiratória do paciente, se este tem algum esforço respiratório, se sua coloração está normal (paciente cianótico não está bem oxigenado), se apresenta ruídos audíveis (sibilos, por exemplos) e se o paciente está usando ou não uma musculatura acessória. • Inspeção: Na inspeção estática avaliamos o formato do tórax e se este apresenta deformidades e assimetrias. Na inspeção dinâmica, por sua vez, avaliamos se há a presença de retrações nos espaços intercostais, supraclavicular e na fúrcula esternal. OBS: Quando o paciente apresenta retrações subentende-se que ele está fazendo um esforço respiratório, usando muito a musculatura acessória. Ainda na inspeção dinâmica, temos que avaliar se a respiração do nosso paciente é abdominal ou torácica. • Palpação: Começa-se com a palpação da caixa torácica como um todo, analisando se há pontos de maior hipersensibilidade, ou seja, algum local mais dolorido (dor ventilatório dependente X dor muscular). Temos também que observar se há anormalidades cutâneas, a expansibilidade (prega cutânea nas bases e ápices do pulmão), o frêmito toracovocal (pedir para o paciente falar 33 vendo se há frêmito normal, aumentado, abolido ou diminuído). 27 OBS: Se tiver alguma coisa entre a sua mão e o parênquima pulmonar, como por exemplo um derrame pleural ou um pneumotórax, esse som não vai ser transmitido tão bem, tendo um frêmito abolido ou diminuído. Mas, se tiver líquido dentro do parênquima pulmonar, teremos um frêmito aumentado, tendo em vista que o som se propaga melhor no líquido. • Percussão: O som que ouvimos vai até 5-7cm, ou seja, penetra na caixa torácica cerca de 5-7cm. É muito importante realizarmos a percussão sempre comparando um hemitórax com o outro, tendo um parâmetro mais razoável de comparação de um pulmão com o outro e de um parâmetro vertical dentro de um mesmo pulmão. Temos também, que pedir para o paciente cruzar os braços, visto que, com isso afastamos a escápula e temos uma área maior de percussão (evitando confundir que o som está maciço por percutir a escápula do paciente e não o seu pulmão). O som claro do pulmão é denominado de som claro atimpânico ou som claro pulmonar. E, temos que pesquisar se há alguma submacicez ou macicez, que pode mostrar tanto uma consolidação dentro do parênquima pulmonar, quanto um derrame pleural. Se tiver muito timpânico, pode ter muito gás dentro da caixa torácica, podendo ser um pneumotórax, por exemplo. • Ausculta: Na ausculta, seguimos a mesma sequência da percussão. 28 Temos que ver o murmúrio vesicular, pedindo para que o paciente faça uma respiração profunda primeiramente pelo nariz. E, caso haja alguma alteração no murmúrio peça para que ele respire pela boca e repita a ausculta. Se o som sumir, era alguma obstrução nas vias aéreas superiores, se não sumir é algo que deve ser avaliado mais minuciosamente. O murmúrio vesicular pode ser mais fino ou mais grosseiro, sendo crucial pedirmos para o paciente tossir/expectorar, uma vez que, aquele paciente que, por exemplo, está com algum catarro no pulmão, apresentando um estertor crepitante e/ou ronco, quando pede-se para ele tossir, percebe-se alteração no som, uma vez que tal catarro/líquido deixou de obstruir as vias aéreas do paciente. Temos ainda, alguns ruídos adventícios que podem estar presentes na ausculta, são eles: 1) Sibilos (chiados no peito): podem ser agudos e/ou contínuos, podem aparecer na inspiração e expiração e é comum em pacientes asmáticos. 2) Roncos: som mais grave e ruidoso, que podem ser inspiratórios e expiratórios. Mas, são principalmente inspiratórios, sendo crucial caracterizar aonde estamos ouvindo, vendo se não é um ruído de transmissão apenas. OBS: Paciente asmático que apresenta sibilo expiratório encontra-se na primeira fase de obstrução, mas, quando passa a ter sibilo inspiratório e expiratório já se encontra em uma fase mais grave. E, quando passa a não ter mais nenhum som, o paciente encontra-se no estado de silêncio respiratório (quadro muito grave). E, alguns achados importantes são: 29 1) Consolidação: pneumonia, tem alguma coisa no parênquima, no alvéolo. 2) Derrame pleural: líquido no espaço pleural, entre o pulmão e a caixa torácica. 30 7.EXAME DO ABDOME: Antes de tudo, precisamos ter clareza sobre alguns marcos anatômicos, tais como: Mas, mais importante ainda, é conhecermos a projeção dos órgãos intra abdominais: 31 E, outros marcos anatômicos importantes são: • Inspeção: Na inspeção avaliamos a pele do paciente, a presença de cicatrizes esuas respectivas descrições, se há alterações de circulação, o contorno abdominal, se as peristalses estão visíveis e avaliar se há a presença de alguma pulsação visível. • Ausculta: Nesta fase auscultamos o trânsito intestinal do nosso paciente, antes mesmo da percussão e palpação do abdômen. Na ausculta, avaliamos a: a) Motilidade intestinal: diz respeito aos ruídos hidroaéreos, os quais podem estar presentes, aumentados, diminuídos ou ausentes. Como também, pela pesquisa de obstrução intestinal (onde tem peristalse tem ruído hidroaéreo). OBS: Quando temos um paciente com alguma obstrução intestinal, teremos ruído hidroaéreos diminuídos e/ou ausente. Enquanto, que quando tivermos um paciente com distensão abdominal, teremos ruído hidroaéreos aumentados. b) Sopros: ausculta dos vasos (aorta abdominal, artéria renal, artéria ilíaca e artéria femoral. OBS: Um paciente com sopro nas artérias renais, por exemplo, pode apresentar uma estenose que justifique uma hipertensão arterial secundária. 32 • Percussão: Temos que percutir todos os quadrantes e com a técnica adequada, avaliando a intensidade e distribuição dos gases, presença de massas, visceromegalias, hepatimetria e ascite. A hepatimetria deve ser realizada de cima para baixo para delimitarmos a borda superior do fígado e, de baixo para cima para delimitarmos a borda inferior do fígado. Com isso, conseguimos avaliar o tamanho do fígado do paciente, não apenas do lobo direito como do esquerdo também. OBS: Hepatomegalia é quando temos um fígado maior do que 8cm na linha esternal média e maior que 12cm na linha hemiclavicular direita. A percussão do baço, por sua vez, se dá entre a linha axilar anterior e a linha axilar média, entre os 2 ou 3 últimos espaços intercostais. Ali teremos a bolha de ar gástrica, resultando em uma percussão timpânica. Mas, se o baço crescer, entretanto, ele tomar o espaço dessa bolha de ar gástrica, resultando em uma percussão submaciça ou maciça = esplenomegalia. 33 Já em relação a ascite, existem 3 técnicas para a observarmos. E, geralmente, cada uma dessas técnicas é para um nível de ascite diferente. a) Macicez móvel: quando não sabemos se o paciente tem ascite ou não, então pedimos para que ele fique em decúbito lateral direito, o que irá fazer com que o líquido ascítico vá para a direita também. Com isso, o lado direito apresentará uma percussão maciça e o lado esquerdo uma percussão timpânica. E, vice versa, por isso, macicez móvel. b) Semicírculo de Skoda: paciente quando está em decúbito dorsal, o líquido escorrega para os lados e a ponta da barriga fica timpânica e todos os outros lados ficam maciços. 34 c) Teste da onda líquida (Piparote): pacientes que apresentam líquido ascítico na cavidade abdominal como um todo possuem Piparote positivo (as vibrações do líquido ascítico chegam na mão do examinador). Ainda na percussão, realizamos a punho percussão das lojas renais, popularmente conhecida como Sinal de Giordano. 35 Quando fazemos esse sinal em um paciente com pielonefrite ou infecção urinária alta, a dor que o paciente sente é muito grande. Mas, mesmo parecendo ser um exame muito cruel, é ume exame indispensável, visto que ele nos ajuda no diagnóstico mais preciso, assim como, no prognóstico do paciente. OBS: Devemos caracterizar como punho percussão das lojas renais sem alterações ou sinal de Giordano presente. • Palpação: Na fase da palpação, temos 2 divisões, são elas: 1) Palpação superficial: palpação superficial de todos os quadrantes (literalmente só passando a mão no abdômen do paciente mesmo), vendo se há alguma resistência, área de hipersensibilidade ou presença de alguma massa. 2) Palpação profunda: usada para delimitar massas e órgãos e para avaliarmos as pulsações do paciente (aorta abdominal, principalmente). Outra avaliação importante que fazemos durante a palpação é a pesquisa se o paciente apresenta alguma irritação peritoneal. Sendo crucial pesquisar a localização da dor com a maior precisão possível e fazer o teste da descompressão dolorosa, sendo este positivo em casos de irritação peritoneal. 36 OBS: Temos que sabe o ponto exato da dor!!! A dor da apendicite aguda, por exemplo, caracteriza-se como uma dor específica no ponto de McBurney. A palpação do fígado, por sua vez, é uma palpação mais específica do abdome, a qual fica mais fácil quando pedimos para o paciente fazer uma inspiração prolongada. Avaliando a borda, contorno, superfície, tamanho e sensibilidade do fígado. A palpação do baço, no entanto, é um pouco mais complicado, visto que, temos que fazer uma palpação por baixo do rebordo costal do paciente. Sendo comum, muitas das vezes, tal órgão estar impalpável. OBS: Geralmente, o baço não é palpável, sendo assim, se o seu baço estiver palpável, é provável que você tenha uma esplenomegalia. 37 Em relação a palpação da bexiga, normalmente, esta também não é palpável. Mas, em casos de obstrução e distensão, tem-se o que chamamos de bexigoma, quadro clínico que deixa a bexiga palpável e muito dolorosa, gerando muito desconforto ao paciente. E, por fim, temos alguns achados importantes relacionados a palpação do abdome do paciente, são eles: a) Sinal de Blumberg: descompressão brusca no ponto de McBurney, que quando é dolorosa indica apendicite aguda. 38 b) Sinal de Rovsing: palpação profunda do lado contrário ao ponto de McBurney, que desencadeia uma translocação de gases por todo o cólon, fazendo com que haja uma distensão do ceco. E, se o apêndice do paciente estiver inflamado, vai doer mais ainda. c) Sinal de Murphy: usado para diagnóstico de colecistite, por meio da palpação profunda da ponta da vesícula através da inspiração profunda. Quando positivo, indica inflamação da vesícula biliar ou colecistite e o paciente para de inspirar rapidamente por conta da dor. Também é muito importante, avaliarmos se existem hérnias na parede abdominal do paciente. E, quando estas estiverem presentes, precisam ser detalhadamente descritas. E, por fim, se há alguma massa abdominal, avaliando se está é intra abdominal mesmo ou está na parede abdominal. OBS: A musculatura fica por cima da massa se ela for intra abdominal e, se ela for da parede abdominal ela fica por baixo da musculatura ou no mesmo nível da massa. Logo, se o paciente contrai a musculatura abdominal e a massa fica impalpável, tem-se uma massa intra abdominal. Enquanto, se ele contrai a musculatura e a massa fica no mesmo lugar e ainda palpável, tem-se uma massa na parede abdominal. 39 8.EXAME NEUROLÓGICO: Iniciamos o exame neurológico pela avaliação do pescoço e coluna cervical, vendo se o paciente apresenta alguma limitação de movimento ou rigidez de nuca. Além de realizarmos a prova de Brudzinski, para saber se o paciente apresenta irritação meníngea. Depois disso, vamos para a avaliação da coluna lombossacra do paciente, vendo se o este apresenta alguma limitação de movimento nessa região e iremos avaliar o estiramento da raiz nervosa, por meio de dois testes específicos: 1) Teste de Lasègue: com o paciente em decúbito dorsal, iremos levantar a sua perna até 30°, se isso não for possível por conta da dor, caracteriza-se como Lasègue positivo (patológico). 2) Teste de Kernig: com o paciente em decúbito dorsal com a perna fletida, você irá tentar levar essa perna em direção ao peito do paciente e, se ele apresentar dor nesse processo, caracteriza-se como Kernig positivo (patológico). 40 Posteriormente, partimos para a avaliação da marcha (equilíbrio dinâmico) do paciente, a qual, quando apresenta algum distúrbio ocorre o que chamamos de disbasia, clinicamente falando. E, existem vários tipos de marchas, alguns exemplos são: a) Ceifanteou hemiplégica: característica de um paciente que teve um AVC, ou seja, apresenta uma lesão piramidal. Apresentando a perna esticada (aumento do tônus muscular e rigidez da musculatura extensora) e o braço fica fletido. b) Parkinsoniana: característica do paciente que possui a Doença de Parkinson, o qual fica todo rígido, tendo dificuldade para fazer todo tipo de movimento. Com isso, os passos acabam ficando mais curtos e os braços do paciente não acompanham a sua marcha. c) Cerebelar: conhecida também, como a marcha ébria, na qual, o paciente simplesmente não consegue se equilibrar enquanto anda. d) Escarvante: presente em pacientes que apresentam uma lesão que não permite que eles elevem o pé, com isso, esses pacientes acabam andando com o joelho muito alto para não tropeçaram na ponta dos seus pés. e) Anserina: ocorre por conta da fraqueza da musculatura pélvica, o que faz com que o paciente jogue todo peso na perna que está em contato com o chão conforme for andando, para alargar a sua base e gerando uma hiperlordose. Já, o equilíbrio estático, é avaliado quando estamos fazendo o exame físico dos pares cranianos, especificamente. Depois disso, vamos para a avaliação da motricidade do paciente: a) Voluntária: nesta, pedimos para o paciente fazer algo e ele faz espontaneamente, ao mesmo tempo que, avaliamos sua força muscular e coordenação. b) Involuntária: nesta, avaliamos o tônus muscular do paciente. c) Reflexa: nesta, avaliamos o reflexo motor do paciente. Quando vamos avaliar a força muscular, vamos ter que testar vários grupamentos musculares diferentes (elevação, flexão, extensão, rotação, abdução, adução, entre outros movimentos). E, para descrevermos a força muscular do paciente, mais adequadamente, temos uma escala: 41 Na avaliação do tônus muscular, por sua vez, realizamos a inspeção do músculo, vendo se este apresenta algum achatamento. E, a palpação, avaliando a consistência muscular (geralmente, em lesões centrais o músculo fica mais hipertônico e, em casos de lesões periféricas, o músculo fica mais hipotônico). Sendo crucial, avaliarmos se há movimentos passivos ou não, vendo o grau de resistência e passividade e, a extensibilidade. I) Hipertonia: pode ser lesão de via piramidal ou extra piramidal. Em casos de lesão da via piramidal, o paciente apresenta o que chamamos de espasticidade e a postura de Wernicke – Mann. A hipertonia é eletiva, desencadeando a extensão dos MMII e flexão dos MMSS (igual vemos em um paciente com AVC). E, também é elástica, uma vez que quando um músculo está fletido e nós o esticamos, imediatamente ele volta a fica fletido, como se fosse um elástico mesmo. 42 Já em casos de lesão da via extra piramidal, também se faz presente uma certa rigidez, mas esta não é eletiva, mas sim, plástica (o paciente fica com o músculo na posição que você colocar). E, nesta rigidez plástica o examinador tem que vencer a resistência do músculo aos poucos, o que chamamos de Sinal da roda denteada. Depois, vamos para a avaliação da coordenação do paciente, a qual exige que haja cerebelo e propriocepção (sensibilidade espacial). E, para identificamos se o paciente apresenta algum problema no cerebelo ou na propriocepção pedimos para ele realizar alguns testes, todos de olhos fechados. Tais como: 1) Prova index – nariz: pedimos para o paciente trazer a ponta do dedo indicador em direção a ponta do nariz, com os olhos fechados. Se ele conseguir, não apresenta nenhuma alteração no cerebelo nem na propriocepção. Se ele não conseguir de olhos fechados, pedimos para ele tentar com os olhos abertos e, se mesmo assim, ele não conseguir, significa que ele possui um problema cerebelar. 2) Prova calcanhar – joelho: pedimos para o paciente trazer o calcanhar em direção ao joelho contralateral. E, se quisermos dificultar um pouco mais, pedimos para ele escorregar esse calcanhar do joelho até o outro pé. Para avaliação dos MMII. 3) Prova dos movimentos alternados ou diadocinesia: pedimos para o paciente realizar movimentos rápidos e alternados. Aí, entramos na avaliação dos reflexos motores do paciente, os quais são divididos em: a) Exteroceptivos ou superficiais: cutaneoplantar e cutaneoabdominais. No reflexo cutaneoplantar iremos pegar a borda romba do martelo que usamos no reflexo patelar e vamos passar na planta do pé do nosso paciente. E, como consequência fisiológica ele irá flexionar os dedos e, como consequência patológica, ele pode apresentar o Sinal de Babinski (característico de paciente com lesão de via piramidal ou corticoespinal). **Sinal de Babinski: ao passarmos a borda romba do martelo na planta do pé do paciente (indo do calcâneo até a ponta dos pés), ele apresentará como reflexo uma extensão dos dedos, aos invés de flexiona-los. ** 43 E, no reflexo cutaneoabdominal iremos com a mesma borda romba sair da região da periferia e ir até a linha média do abdômen do paciente, esperando que este apresenta uma contração unilateral no lado que está sendo examinado, acompanhado de um desvio da cicatriz umbilical. E, quando esse paciente não apresenta tal contração, ele pode conter um problema tanto no arco reflexo como na via piramidal. OBS: Prestar uma maior atenção quando estivermos avaliando um paciente obeso, tendo em vista que, este pode não apresentar reflexo cutaneoabdominal fisiologicamente. b) Profundos: tricipital, bicipital, supinador, patelar e aquileu. Sendo crucial que o paciente não esteja contraindo a sua musculatura. 44 REFLEXO SUPINADOR REFLEXO BICIPITAL E, relação aos reflexos, temos que avaliar o clônus (iremos fazer uma hiper extensão brusca do pé do paciente, e ele apresentará alguns movimentos involuntários) e o flapping (iremos fazer uma hiper extensão brusca da mão do paciente, e ele apresentará alguns movimentos involuntários) do paciente. Geralmente, quando presentes, sugerem uma encefalopatia hepática, por exemplo. Os reflexos motores possuem uma classificação, que é muito importante conhecermos: Depois de avaliarmos os reflexos do paciente, temos que avaliar a sua sensibilidade, a qual, pode ser dividida em: a) Objetiva: dividida em geral e especial. A sensibilidade objetiva geral, pode ser subdividida em profunda (vibratória, pressão, cinético-postural e dolorosa) e superficial (tátil, térmica e dolorosa). 45 REFLEXO TRICIPITAL REFLEXO PATELAR REFLEXO AQUILEU E, a sensibilidade objetiva especial, diz respeito, a olfação, visão, gustação e audição. b) Subjetiva: aquilo que o paciente traz como queixa. E, por último, temos que saber avaliar o nível de consciência do paciente, de acordo com a Escala de Coma de Gasglow: 46 E, somado a realização da Escala de Coma de Gasglow, temos que fazer o Mini Exame do estado mental do paciente: • Exame físico dos nervos cranianos: Os nervos cranianos, dizem respeito, a 12 nervos (com exceção do I e II que são extensões do tecido encefálico), os quais, tem sua origem no tronco encefálico, com exceção do ramo externo do XI par que tem sua origem na medula. Esses nervos são: I) Nervo olfatório. II) Nervo óptico. III) Nervo oculomotor (motilidade extrínseca dos olhos). IV) Nervo troclear (motilidade extrínseca dos olhos). V) Nervo trigêmeo. VI) Nervo abducente. 47 VII) Nervo facial. VIII) Nervo vestíbulo coclear. IX) Nervo glossofaríngeo. X) Nervo vago. XI) Nervo acessório. XII) Nervo hipoglosso. E, a avaliação dos seguintes nervos se dá da seguinte forma: o Nervo olfatório: com o paciente de olhos fechados, iremos dar para ele cheirar duas fragrâncias diferentes (1 para cada narina), lembrando que tem que ser algo conhecido e não irritativo. Com o objetivo de avaliarmos o olfato do paciente. Com o paciente de olhos fechados, pedimos para ele tampar uma das narinase damos o primeiro frasco para ele cheirar. E, depois pedimos para ele fazer o mesmo com a outra narina. OBS: É crucial excluirmos outras causas, tais como, sinusite, rinite. E, se estivermos avaliando um paciente vítima de um AVC, por exemplo, este pode apresentar afasia, ou seja, ele sente o cheiro, mas não consegue falar. o Nervo olfatório: o paciente pode apresentar anosmia (não consegue sentir cheiro), hiposmia (olfato diminuído), parosmia (perversão do olfato), alucinações olfatórias (não tem estímulo e mesmo assim o paciente sente algum cheiro) e cacosmia (sentir cheiros desagradáveis sem estímulo nenhum). 48 Todas estas, alterações que fazem com que desconfiemos de crises epilépticas e lesão de base do crânio. Lembrando sempre de excluir outras possíveis causas. o Nervo óptico: iremos avaliar a acuidade visual do paciente, o qual, pode apresentar uma ambliopia (diminuição da acuidade visual), amaurose (cegueira) e, ainda, o paciente com hipertensão intracraniana, com algum tumor cerebral ou neurite, pode apresentar alterações em sua acuidade visual também. Sendo importante afastar outras possíveis causas. A avaliação do nervo óptico é feita por meio de um exame de confrontação, no qual, pedimos para o paciente tampar um olho e avaliamos seus campos visuais (nasais e temporais). E, pelo exame de fundoscopia, no qual, devermos ver se não há nenhuma hemorragia nas artérias e nas veias, olhar o disco óptico (aonde convergem as artérias e veias) e a mácula (região enegrecida da retina). Nos atentando se estas estruturas estão íntegras, se possuem alguma mancha ou exsudação e se há alguma hemorragia nesses vasos. o Nervo oculomotor, troclear e abducente: nervos responsáveis pela motilidade ocular e cruciais para a musculatura extrínseca dos olhos. O nervo oculomotor faz com que consigamos olhar para quase todas as direções, sendo considerado o faz tudo, em relação a motilidade ocular. O nervo troclear, por sua vez, permite que consigamos olhar para o nosso nariz. Enquanto, o nervo abducente, permite que olhemos para fora. 49 Sendo assim, para avaliarmos a motilidade extrínseca do olho do paciente, iremos pedir para ele olhar para várias direções diferentes. Alguma das possíveis alterações que a musculatura extrínseca pode apresentar são: estrabismo, diplopia, ptose e nistagmo. o Nervo trigêmeo: tem uma raiz motora bem específica, estando ligado aos músculos da mastigação. Sendo assim, pacientes que apresentam alterações em tal nervo, podem ter dificuldade para lateralizar a mandíbula e debilidade ao trincar os dentes. Porém, a principal raiz do nervo trigêmeo, é a raiz sensitiva, a qual, está diretamente relacionada a sensibilidade do rosto como um todo. Estando dividida em 3 ramos: oftálmico, maxilar e mandibular. A avaliação do nervo trigêmeo e seus respectivos ramos é feita, a partir, do toque em partes específicas do rosto do paciente. o Nervo facial: diretamente relacionado a nossa musculatura facial e mímica facial, consequentemente. E, para avaliação de tal nervo, pedimos para o paciente enrugar a testa, franzir supercílios, cerrar pálpebras, mostrar dentes, inflar boca e contrair platisma. 50 OBS: A raiz sensitiva do nervo facial é responsável pelas impressões gustativas de 2/3 da região anterior da língua. o Nervo vestibulococlear: na parte coclear, avaliamos a audição, acuidade auditiva e realizamos o testes de Weber (colocamos o diapasão vibrando sobre a testa do paciente e vemos se ele sente a vibração passar por todo parte óssea, até chegar aos ouvidos, de maneira igual) e Rinne (colocamos o diapasão vibrando na região mastoide do paciente e quando ele parar de ouvir a vibração, colocamos na sua orelha e ele deve continuar ouvindo por mais um tempo a vibração) no paciente. E, na parte vestibular, avaliamos o equilíbrio do paciente, a partir da marcha e Sinal de Romberg (pedimos para o paciente fechar os olhos, colocar os pés juntos e colocar os braços para frente. Se o paciente cair para algum lado, esse lado está com o vestíbulo lesionado), principalmente. o Nervo glossofaríngeo e nervo vago: avaliamos eles juntos, a partir da elevação do palato e lateralização da úvula, principalmente. E, alguns dos sintomas comuns de paciente com lesões nesses nervos são a disfonia e a disfagia. 51 o Nervo acessório: tem a ver com a musculatura do trapézio, sendo necessário avaliar se o paciente consegue fazer a elevação do ombro. E, tem haver também, com a musculatura do esternocleidomatoideo, sendo necessário avaliar se o paciente consegue fazer a rotação da cabeça normalmente. o Nervo hipoglosso: tem a ver com os músculos da língua, tendo como função mover a língua para todos os lados. Se a lesão for unilateral teremos a lateralização da língua e, se a lesão for bilateral teremos a paralisia da língua. E, neste último caso, o paciente pode vir a apresentar uma disartria, ou seja, uma dificuldade para falar. Assim como, dificuldades no processo de mastigação e deglutição. 52 9.EXAME OSTEOARTICULAR: • Alterações com a idade: Com o passar dos anos, as pessoas perdem altura por conta do achamento dos discos vertebrais, o que nos leva a ter a impressão de que os membros são mais longos do que o tronco. Ao longo dos anos também, pode haver o aparecimento da cifose fazendo com que o diâmetro ântero -posterior da caixa torácica de um idoso apareça um pouco aumentado. Além disso, ocorre a perda de volume e de força muscular, por isso, é importante orientarmos os pacientes idosos no que diz respeito a prática de exercícios físicos. A perda da amplitude dos movimentos, também é um problema muito comum em idosos. • Anamnese: A queixa osteoarticular mais comum que temos na atenção básica é a dor nas costas, a qual tem que ser muito bem avaliada e descrita. Temos que saber se essa dor tem origem na linha média, nas vértebras, na musculatura paravertebral, se tem irradiação ou não e se é associada a sintomas neurológicos. E, outra queixa muito comum, é a dor articular. Em relação a esta, devemos saber se é localizada ou disseminada, se tem um padrão de dor, se é uma dor aguda ou crônica e se apresenta sinais flogísticos (edema, calor e rubor, por exemplo). Uma coisa muito importante que temos que questionar ao nosso paciente é em relação as suas atividades da vida diária, vendo se este apresenta alguma limitação por conta de dor osteoarticular, planejando um tratamento adequado (seja medicamentoso ou não), visando a melhora da qualidade de vida desse paciente. • Exame físico: 53 No exame físico, primeiramente, por exemplo, se o paciente apresenta uma dor no ombro, temos que avaliar a estrutura e função deste, vendo se há alguma anormalidade. E, temos que avaliar se há simetria, palpar os marcos anatômicos (vendo se há crepitações, por exemplo), verificar a amplitude do movimento, a força muscular e se há algum traumatismo (sendo necessário pedir uma radiografia para um diagnóstico mais preciso). As articulações que iremos avaliar no exame físico osteoarticular são: 1) Articulação temporomandibular: iremos colocar o dedo à frente dos tragos, avaliando se há estalidos ou cliques e, se alguma alteração em sua amplitude (a amplitude normal de abertura da boca é de 3 dedos e avaliar se o paciente consegue mexer essa articulação para frente e para os lados). 2) Ombro: a primeira coisa que fazemos é inspeção, vendo se não há alguma assimetria na musculatura e se há a presença de alguma cicatriz que indique a realização de uma cirurgia prévia. Depois disso, realizamos a palpação dos ombros, apalpando o local da dor (vendo se esta piora com a palpação ou não), avaliando a amplitude de todos os movimentos que o ombro consegue fazer(vendo se esses movimentos estão normais e se conseguem vencer uma certa resistência – prova irritativa). 54 3) Cotovelo: começamos pela inspeção, vendo se há alguma assimetria, presença de cicatrizes, alteração de cor e de volume. E, depois vamos para a palpação avaliando a amplitude de todos os movimentos que o cotovelo é capaz de fazer (com e sem resistência) se há crepitação ou não. 4) Mãos e punhos: realizamos a inspeção e a palpação, avaliando todos os movimentos que tais articulações podem executar. E, em relação as patologias que podem vir a acometer essas articulações, temos que conhecer a Síndrome do Túnel do Carpo. A Síndrome do túnel do carpo é avaliado com a realização de dois testes específicos: I) Teste de Tínel: percussão do nervo mediano, que quando alterado dá a sensação de choque. II) Teste de Phalen: compressão do nervo mediano de 30 a 60 segundos, que quando alterado dá a sensação de parestesia nas regiões do nervo mediano. 55 É de acordo com o resultado de ambos os testes, que realizamos o diagnóstico clínico da Síndrome do Túnel do Carpo. 5) Coluna vertebral: começamos pela inspeção (de perfil e de costas) avaliando se há anormalidades nas curvaturas da coluna (cervical, torácica, lombar e pélvica). Depois disso, fazemos a palpação da coluna vertebral, vendo se o paciente apresenta alguma dor na região das apófises espinhosas (se sim, pensamos em algo relacionado ao osso e se não, pensamos em algo muscular mesmo), algum desalinhamento da coluna e se sua musculatura paravertebral está normal. Avaliamos também, a amplitude de todos os movimentos do pescoço, curvatura torácica e da curvatura lombar. Vendo se há simetria ou não em cada uma. OBS: Se estivermos atendendo um paciente com dor lombar e este apresentar dor à palpação nas apófises espinhosas, temos que pedir um Raio-X. 6) Quadril: avaliamos principalmente a marcha do paciente, vendo se ele não está mancando, ou seja, se há simetria ou não. Quando temos um paciente com alguma alteração na musculatura do quadril ou até mesmo na musculatura dos glúteos, é por meio da alteração na marcha que percebemos. 56 Para avaliarmos melhor essa articulação, podemos realizar a flexão, extensão, abdução, adução e rotação da perna do paciente de um lado para o outro. Vendo se este apresentará alguma dor no quadril durante os movimentos. 7) Joelho e pernas: começamos pela inspeção, observando a marcha do paciente e se este apresenta algum edema nessas regiões específicas. Depois, seguimos para a palpação, vendo se há alguma área de hipersensibilidade e/ou presença de crepitação. E, principalmente para a avaliação dos joelhos, temos algumas manobras, pelas quais, avaliamos a amplitude dos movimentos e a integridade dos ligamentos. OBS: Paciente com dor articular nos joelhos, temos que ver se há sinais flogísticos ou não. 57 8) Tornozelo e pé: começamos pela inspeção, vendo se não nenhuma anormalidade visível e depois realizamos a palpação das articulações, tendão de Aquiles e calcanhar do paciente. E, com relação a amplitude dos movimentos, temos que avaliar, principalmente, os movimentos de inversão e eversão. E, com relação aos comprimentos dos MMI, temos que por meio de uma fita métrica medir o comprimento entre a espinha ilíaca antero-superior e o maléolo medial da mesma perna. FIM! BONS ESTUDOS! 58
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