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Roberta Modena Pegoretti Direito Individual do Trabalho 2a Edição /Março / 2018 Impressão em São Paulo - SP Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Direito Individual do Trabalho Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professor Responsável Roberta Modena Pegoretti Projeto Gráfico, Capa e Diagramação Giulia Paolillo Revisão Ortográfica Vanessa Almeida Coordenadora Pedagógica de Cursos EaD Eleonora Altruda de Faria 2ª Edição: Março de 2018 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Introdução: A presente obra possui como escopo a Introdução ao Estudo do Direito Individual do Trabalho. Através de uma abordagem dinâmica e didática, os alunos poderão iniciar seus estudos na matéria trabalhista, visualizando o Direito Individual do Trabalho como uma ciência social e jurídica. Desde o primeiro capítulo o estudante irá se deparar com informações que irão colaborar com a sua formação profissional e aperfeiçoamento nos temas abor- dados, sempre com enfoque para concursos públicos e pós-graduandos. Com tópicos que abordam desde a História do Direito do Trabalho no Mundo, passando pelos direitos individuais do trabalho à situação trabalhista no contexto globalizado, o aluno encontrará nesta obra ferramentas para a compreensão do universo trabalhista como um todo, visualizando os direitos individuais do trabalho de forma simples e prática. Sumário Capítulo 1 – História do Direito do Tabalho 15 1.1. Breve Histórico 16 1.1.1. Direito do Trabalho no Mundo 1.1.2. Direito do Trabalho no Brasil 1.2.1. Definição 1.2. Direito do Trabalho: Definição, Conceito, Finalidade 23 1.2.2. Conceito 1.2.3. Finalidade 1.3.1. Direito Constitucional 1.3. Relação com os Demais Ramos do Direito e Ciências Afins 29 1.3.2. Direito Administrativo 1.3.3. Direito Comercial 1.3.4. Direito Civil 1.3.5. Direito Tributário 1.3.6. Direito Internacional 1.3.7. Direito Ambiental 1.3.8. Direito Previdenciário 1.3.9. Direito Processual do Trabalho 1.3.10. Direito Penal 1.3.11. Direitos Humanos Capítulo 2 – Autonomia 49 2.1. Natureza Jurídica e Normas Jurí- dicas Trabalhistas 54 2.1.1. Direito Público 2.1.2. Direito Privado 2.1.3. Direito Misto 2.1.4. Direito Unitário 2.1.5. Direito Social 2.1.6. Normas Jurídicas Trabalhistas 2.1.7. Sistemas de Relação do Trabalho 2.2. Fontes do Direito do Trabalho 62 2.2.1. Constituição 2.2.2. Leis Complementares 2.2.3. Leis Delegadas 2.2.4. Medidas Provisórias 2.2.5. Leis Ordinárias 2.2.6. Decretos 2.2.7. Sentenças Normativas 2.2.8. Convenções e Acordos Coletivos 2.2.9. Regulamento de Empresa 2.2.10. Contrato de Trabalho 2.2.11. Usos e Costumes 2.2.12. Jurisprudência 2.2.13. Normas de Origem Internacional 2.3. Hierarquia das Fontes Trabalhistas 73 Capítulo 3 – Interpretação, Integração e Aplicação das Normas Trabalhistas 91 3.1.1. Interpretação 3.1.2. Integração 3.1.3. Eficácia da Lei Trabalhista 3.1.4. Eficácia da Lei no Tempo 3.1.5. Eficácia da Lei no Espaço 3.2. Princípios: Gerais e Específicos 99 3.2.1. Princípios Gerais 3.2.2. Princípios Constitucionais 3.2.3. Princípios Específicos do Direito do Trabalho 3.2.3.1. Princípio Protecionista 3.2.3.2. Princípio da Primazia da Realidade 3.2.3.3. Principio da Irrenunciabili- dade de Direitos 3.2.3.4. Princípio da Norma mais Favorável 3.2.3.5. Princípio da Condição Mais Benéfica 3.2.3.6. Princípio da Inalterabi- lidade Contratual 3.2.3.7. Princípio da Irredutibilidade Salarial 3.2.3.8. Princípio da Continuidade do Vínculo Jurídico Trabalhista 3.3. Direito Individual do Trabalho 109 3.3.1. Sujeitos do Contrato de Trabalho Capítulo 4 – Contrato de Trabalho 119 4.1.1. Requisitos do Contrato de Trabalho 4.1.2. Classificação do Contrato de Trabalho 4.1.2.1. Quanto à forma 4.1.2.2. Quanto à duração 4.2. Grupos Empresariais 128 4.2.1. Alteração na Empresa 4.3. Poder de Direção do Empregador 132 4.3.1. Poder de Organização 4.3.2. Poder de Controle 4.4. Alteração Contratual 135 4.3.3. Poder Disciplinar 4.4.1. Transferência de Empregado 4.4.2. Suspensão e Interrupção do Contrato de Trabalho 4.5. Dissolução Contratual 139 4.4.2.1. Hipóteses de Suspensão e Interrupção 4.5.1. Pedido de Demissão ou Dispensa 4.5.2. Dispensa Sem Justa Causa 4.5.3. Dispensa Com Justa Causa pelo Empregador 4.5.3.1. Hipóteses previstas em lei 4.5.3.2. Hipóteses previstas no artigo 482 da CLT 4.5.3.3. Hipóteses previstas nos demais artigos da CLT 4.5.4. Rescisão indireta 4.5.5. Aposentadoria 4.5.6. A extinção por acordo nos moldes do artigo 484-A 4.5.7. Morte do Empregado 4.5.8. Morte do Empregador Pessoa Física 4.5.9. Extinção da Empresa 4.5.10. Extinção do Contrato a Termo 4.5.11. Culpa Recíproca Capítulo 5 – Aviso Prévio 167 5.1.1. Cabimento 5.1.2. Formas 5.1.3. Prazo 5.2. Estabilidade 174 5.2.1. Estabilidade Decenal 5.2.2. Estabilidades Provisórias 5.2.3. Consequências 5.3. Jornada de Trabalho 180 5.3.1. Horas Extraordinárias 5.3.1.1. Formas de Remuneração das Horas Extraordinárias 5.3.2. Intervalos 5.3.3. Adicional Noturno 5.3.4. Descanso Semanal Remunerado 5.3.5. Trabalhadores que Não Fazem Jus às Horas Extraordinárias Capítulo 6 – Férias 201 6.1.1. Período Aquisitivo e Período Concessório 6.1.2. Remuneração 6.2. Salário 207 6.2.1. Gratificações 6.2.2. Décimo Terceiro Salário 6.2.3. Comissões e Percentagens 6.2.4. Gorjetas 6.2.5. Ajuda de Custo, Diárias para Viagens e Abonos 6.2.6. Participação nos Lucros e Resultados (PLR) 6.2.7. Formas e Meio de Pagamento 6.3. Equiparação Salarial e Discrimi- nação no Ambiente de Trabalho 215 6.3.1. Equiparação Salarial 6.3.2. Discriminação no Ambiente de Trabalho 6.4. Flexibilização das Normas Trabalhistas 219 Gabarito 238 Bibliografia 240 1 Capítulo Título Capítulo 1 Capítulo História do Direito do Tabalho 16 1.1. Breve Histórico O homem, desde os primórdios, foi se organi- zando gradualmente em grupos para que as tarefas fossem divididas entre seus membros. Começa então a se desenhar a história do direito do trabalho, onde cada tarefa tinha o seu valor e os indivíduos que a desenvolviam acabavam por obter um status diferen- ciado perante o grupo de acordo com suas atribuições. As normas de convivência surgem para regu- lamentar e nortear as relações entre os membros do grupo, visando a paz social. Com a evolução destes grupos para sociedades, as normas de convivência passam a ser revestidas de caráter punitivo, onde o não cumprimento das mesmas ensejava em punição. O trabalho foi se dese- nhando como instrumento de domínio, onde trabalho e trabalhador não possuíam nenhuma norma que os protegesse ou delimitasse sua força de trabalho. Neste mesmo diapasão, a escravidão surge como uma manifestação do trabalho sem limites e sem remuneração, chamado trabalho compulsório, ou seja, a apropriação do trabalho humano como uma “coisa”, sendo o escravo uma mercadoria. No período feudal ou “período das trevas”, os servos submetiam-se aos senhores feudais visando proteção e, em troca, deveriam prestar serviços na terra cedida a eles, destinando ao proprietário a maior parte dos frutos da colheita. Com a progres- 17 siva extinção dos feudos, os artesãos despontam com mais força e podemos citar as corporações de ofício. Nas corporações de ofício existiam três figuras claramente definidas: os mestres, os companheiros e os aprendizes. Tal ordem era devidamente reco- nhecida e os companheiros e aprendizes somente ascenderiam na hierarquia e se tornariam mestres após provas difíceis, bem como mediante pagamento. As corporações de ofício foram se extinguindo aos poucos, mais precisamente no ano de 1776 após um edito, concomitantemente ao alto custo dos produtos e a intensificação do comércio. Osperíodos da escravidão, feudalismo e corporações de ofício foram trazidos à baila, pois possuíam algumas características em comum no que tange ao trabalho em si, tais como as longas jornadas de trabalho, as condições de trabalho inadequadas e insalubres, assim como a mão de obra infantil. A locação de serviços e a empreitada começam a surgir, porém regidas pelo Direito Civil. No período da Revolução Francesa, a França reconhece em sua Constituição o Direito do Trabalho, sendo este um dos primeiros passos para o surgimento dos direitos econômicos e sociais estudados de forma mais detalhada durante a obra. No entanto, a Revolução Industrial é um marco definitivo para o Direito do Trabalho, uma vez que as máquinas a vapor surgem e a produção passa do trabalho puramente manual para a meto- dologia industrial. 18 Com as condições de trabalho cada vez mais precárias, dentre as quais jornadas de trabalho exces- sivas, acidentes e doenças do trabalho, nascem mani- festações dos trabalhadores em criar organizações de auxilio posteriormente resultando em sindicatos, necessidade de normas e legislação específica visando à regulamentação do trabalho. Surge então o Direito do Trabalho propriamente dito. 1.1.1. Direito do Trabalho no Mundo A Revolução Industrial ensejou movimentos dos trabalhadores de forma muito latente, o que acabou por gerar a necessidade de normas traba- lhistas que garantissem condições mínimas de trabalho a serem proporcionadas pelo empregador. Neste período o Estado passa a ter um caráter mais inter- vencionista, estando presente como figura de proteção aos trabalhadores, visando, entre outros motivos econômicos e políticos, a paz social. A Lei de Peel, criada por um industrial inglês e oriunda da Inglaterra em meados de 1802, visava a proteção dos menores de idade, limitando a jornada de trabalho para 12 (doze) horas diárias. Na França, entre os anos de 1813 e 1840, várias normas surgiram vedando cargas horárias de trabalho superiores a 15 horas diárias, proibindo ainda o trabalho de menores de quinze anos em minas e de nove anos em qualquer ofício. 19 Com o término da Primeira Guerra Mundial, e levando em consideração o estado de fragilidade e consternação da sociedade mundial, os Estados começam a inserir em suas constituições, alguns direitos fundamentais voltados à proteção do ser humano em consequência, normas concernentes ao Direito do Trabalho. A primeira Constituição no mundo que cuidou dos direitos trabalhistas de forma específica foi a do México, datada de 1817, assegurando aos traba- lhadores mexicanos sob sua égide a jornada de oito horas, a proibição de trabalho aos menores de doze anos, o descanso semanal, a proteção à maternidade e o famigerado direito de greve. A Constituição da Alemanha em 1818 gerou repercussão por toda Europa, visto que previa o direito a participação nos Lucros e Resultados, a liberdade sindical e o sistema de seguridade social. O surgimento da OIT - Organização Interna- cional do Trabalho, com criação datada do ano de 1918 por força do Tratado de Versalhes, configura-se como um marco na História do Direito do Trabalho por desenhar uma tendência em inserir, nas Cartas dos Estados, direitos que assegurassem normas de trabalho dignas. Na Itália a “carta del lavoro”, marcada pela forte intervenção do Estado por tratar-se de uma norma fascista, visava a pacificação social e a regularização da hierarquia estatal ante os particulares. Este instru- 20 mento influenciou fortemente o Direito do Trabalho no Brasil, como estudaremos a seguir. 1.1.2. Direito do Trabalho no Brasil O Brasil, diferentemente dos países Euro- peus, se libertou tardiamente da escravidão com a promulgação da Lei Áurea em 1888. Com a inten- sificação da imigração, após a abolição da escra- vatura, os trabalhadores laboravam em jornadas longas de trabalho, condições insalubres, além do trabalho infantil e feminino sem nenhuma dispo- sição legal que positivasse tais relações. Há que se apontar que as Constituições Brasi- leiras de 1824 (Constituição do Império) e a de 1881 (Primeira Constituição da República) não previam direitos trabalhistas. Após este período transitório e principalmente após a primeira Guerra Mundial o Brasil passa por um grande crescimento Industrial. Surge, com isso, a necessidade de honrar aos tratados firmados junto a OIT – Organização Internacional do Trabalho, bem como de pacificar os movimentos dos trabalhadores que começavam a fomentar na sociedade brasileira. Em 1930, o então presidente Getúlio Vargas, observador das movimentações internacionais, percebeu a carência de leis e de direitos trabalhistas e, visando evitar maiores manifestações e insurreições da 21 classe trabalhadora, opta por incorporar à Constituição de 1834 normas de caráter assistencialista. Em 1934, passado o período conhecido como Revolução de 1930, a nova Constituição surge com a Criação da Justiça do Trabalho, proibição do trabalho infantil, limitação da jornada de trabalho a oito horas diárias, repouso semanal remunerado, o direito de greve é proibido e salário mínimo criado. Neste mesmo período (Era Vargas de 1930 a 1945) foi criado o Ministério do Trabalho. Em 1937 a nova Constituição foi outor- gada, sendo fortemente influenciada pela “carta del lavoro” que ficou conhecida como “A Polaca”, por traduzir autoritarismos que assolavam a Europa no mesmo período. Em 1943 entra em vigência a Consolidação das Leis do Trabalho, em momento anterior à promul- gação da Constituição de 1946, a qual se torna vigente e trazendo consigo inovações muito importantes, tratando dos direitos e das garantias individuais, imple- mentando uma legislação do trabalho que forma- lizou diversos direitos dos trabalhadores, dentre eles a previdência social. No período de 1967 outra Constituição foi outorgada, constituída em plena Ditadura Militar, porém, mantendo em seu corpo as previsões cons- tantes nas constituições anteriores concernentes ao Direito do Trabalho. A Constituição de 1988, e atual, conhecida como “Cidadã” ampliou os direitos e garantias indi- 22 viduais e coletivas, tratando o direito do trabalho em seu artigo 7º sobre direitos individuais, 8º sobre direito coletivo e o 9º assegurando o direito de Greve, além de outras previsões. Atualmente, o protecionismo do trabalhador, principal característica do direito do trabalho no Brasil, sofreu grande abalo, dado que, com a recente reforma trabalhista, foram inseridos artigos que permitem maior negociação de direitos trabalhistas. É possível, por exemplo, a extinção do contrato de trabalho por “acordo” entre empre- gado e empregador (artigo 484-A da CLT), hipó- tese em que sera pago metade do aviso prévio, se indenizado, e da multa do FGTS, prevista no §1º do artigo 18 da lei 8036/90. Nessa modalidade, as demais verbas trabalhistas devem ser adim- plidas normalmente. Ha, portanto, um cenário de maior flexibilidade do contrato de trabalho, fato este que, na pratica, devera representar abusos, devido ao lobby de que gozam grandes empregadores ou mesmo pela alta carga tributaria e instabilidade da economia, cujos reflexos poderão ser mais sentidos pelo empregado. 23 1.2. Direito do Trabalho: Definição, Conceito, Finalidade 1.2.1. Definição A expressão “Direito do Trabalho” é utili- zada atualmente em países como Espanha, Itália, Alemanha, Portugal e Brasil. Nas Constituições Brasileiras anteriores a 1846, o Direito do Trabalho estava inserido no Direito Industrial e Direito Comercial. Neste ano a Constituição insere o Direito do Trabalho como ciência autônoma, abrindo grande espaço para os direitos sociais. Cabem aqui breves explanações sobre os motivos pelos quais o Direito do Trabalho tem esta denomi- nação. No direito industrial estavam descritas algumas normas de direito do trabalho, porém abarcavam ainda normas referentes ao Direito Comercial e Econômico. Tal denominação remetia-se à RevoluçãoIndustrial, onde a necessidade de uma ciência jurídica voltada às condições do trabalho surgiu de forma mais contun- dente, porém a nomenclatura demonstrou-se abran- gente demais, fugindo do propósito de norma mais voltada à realidade dos operários. Surge nesta linha de raciocínio a denominação “Direito do Operário”, também nascida e influen- ciada pela situação social desencadeada pela Revolução Industrial: Indústrias cresciam de forma acelerada, e o 24 capitalismo passou a ser a forma econômica regente da sociedade, reduzindo significativamente o trabalho àqueles que não laboravam no ramo industrial. A denominação Direito do Trabalho surgiu na Alemanha e se concentra nas relações de trabalho como um todo e não somente como um segmento do mesmo. Tal nomenclatura permanece até os dias atuais, abrangendo os trabalhadores individuais subor- dinados ou em condições análogas. 1.2.2. Conceito Visando maior aprofundamento no tema ora discutido, mister definir o conceito de direito do trabalho para que possamos entender seus desdobra- mentos e indispensável compreender seu conceito. O direito do trabalho, quando conceituado por juristas brasileiros, apresenta-se como uma ciência que estuda os institutos jurídicos que regem a relação traba- lhista em âmbito nacional. Nesta aparente simplista definição, podem ser encontradas conceituações que deixam em aberto alguns aspectos. Vejamos: Na definição de Amauri Mascaro Nascimento, direito do trabalho seria: “o ramo da ciência do direito, que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as orga- 25 nizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade.”1 Trazemos à baila a conceituação de Sérgio Pinto Martins: “Direito do trabalho é o conjunto de prin- cípios, regras e instituições atinentes à relação de trabalho subordinado e situações análogas, visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de proteção que lhe são destinadas”.2 Podemos notar nos conceitos supracitados características distintas: no primeiro leva-se em consi- deração o tipo de trabalhador, já na segunda definição prima-se pela relação de trabalho. O direito do trabalho visa assegurar tanto o trabalhador quanto a relação de trabalho em si, porém, de forma abrangente, logo pode ser conceituado como ramo autônomo do direito voltado a normatização das situações trabalhistas, por meio de princípios e dispositivos normativos específicos que tutelam os trabalhadores e empregados, visando garantir a eles condições dignas de trabalho. A visualização deste conceito misto fica mais clara se analisarmos o artigo 114 após a edição da Emenda Constitucional 45 que determinou que toda e qualquer matéria relativa ao Direito do Trabalho deverá ser julgada e processada pela Justiça do 1 Russomano, Mozart Victor, Curso de Direito do Trabalho, 4ª edição, Curitiba, Jurua Editora, 1991, p.19. 2 Martins, Sergio Pinto, Direito do Trabalho, 23ª edição, São Paulo, Editora Atlas, 2007, p 16. 26 Trabalho. Vejamos o artigo citado “in verbis” para melhor aprendizagem: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar3: I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II as ações que envolvam exercício do direito de greve; III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição traba- lhista, ressalvado o disposto no art. 92, I. VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 185, I e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; 3 Fonte: www.planalto.gov.br 27 IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Através da leitura do artigo 114 da CF, podemos notar que relação de trabalho e o trabalhador acabam se difundindo vez que um não teria sentido sem a exis- tência do outro. A Emenda 45 determina, de forma tácita, que os trabalhadores que outrora não abarcados pelo Direito do Trabalho por não se enquadrarem no conceito de empregados, tais como os trabalhadores autônomos, os servidores públicos, os trabalhadores temporários e os empregados domésticos, dentre outros, sejam absorvidos pelo direito do trabalho. 1.2.3. Finalidade O fim a que se destina o direito do trabalho pode ser interpretado de várias formas: social, econômica, política e tutelar. Abaixo vamos pontuar o aqui elencado. O direito do trabalho como meio social pode ser interpretado como a busca pela dignidade do instituto aplicado ao trabalhador, resultando em um meio social mais adequado, interpretando o trabalho como um princípio norteador do homem e, através dele, previsões constitucionais podem ser atendidas. A finalidade econômica do instituto visa garantir ao trabalhador seu sustento, através de sua remuneração, imprimindo a este ramo jurídico a 28 busca por desenvolvimento de condições que possam impulsionar a economia do país através de sua força produtiva, basta notar a retomada pelo Governo Federal em conjunto com os Estaduais a retomada da criação de cursos técnico-profissionalizantes, visando à qualificação da mão de obra. Essa finalidade está ligada diretamente a outro segmento da economia, qual seja a política. A política, como instituto que visa regulamentar a relação do Estado com seus governados, possui relação com a mão de obra braçal e intelectual deter- minando a força produtiva do país. Seja por normas tutelares ou liberais, acaba por definir a forma como o país se desenvolve internamente e externamente. Atualmente, com a reforma trabalhista inserida pela lei 13.467/2017, diversas normas relativas à rescisão, contratação de obreiros temporários, regime intermi- tente, home office, entre outras, trouxeram ambiente de flexibilização das normas trabalhistas. Neste mesmo diapasão podemos determinar a finalidade tutelar do direito do trabalho. No Brasil as normas de direito do trabalho são absolutamente definidas por um sistema integrativo de normas que visam sempre proteger ao trabalhador. Notamos a tutela estatal muito clara, tendenciando e determi- nando o Direito do Trabalho Individual e Coletivo, pois, se associarmos as finalidades socioeconômicas e tutelares, apuraremos a sociedade brasileira de forma conflitante, apresentando realidades distintas, em distâncias muito pequenas, com a presença de grandes 29 polos industriais e comerciais largamente adequados à legislação trabalhista, e de outro lado a utilização de mão de obra infantil ou ainda em condições análogas a de escravos, por exemplo. Logo, a finalidade do direito do trabalho é a melhoria das condições de trabalho através de leis que tutelem o trabalhador. As leis devem nortear as relações de trabalho, principalmente em nossa pátria onde o conceito aplicado ao trabalhador define que ele sempre será interpretado como hipossuficiente nas relações laborais. 1.3. Relação com os Demais Ramos do Direito e Ciências Afins O direito do trabalho, por regulamentar uma das atividades primordiais exercidas pelo ser humano, está ligado a outras áreas tanto jurídicas quanto não jurídicas, a seguir vamos explanar tais relações. 1.3.1. Direito Constitucional O direito constitucional está intimamente ligado a todos os ramos do direito por carregarconsigo os preceitos da lei máxima do ordenamento jurídico a Constituição Federal. 30 Cabe ressaltar, retomando o quanto exposto no primeiro capítulo, que as primeiras normas que versaram sobre o direito do trabalho foram Cons- tituições do México e da Alemanha. No Brasil, a partir da Constituição de 1834, foram sendo inse- ridas gradualmente normas trabalhistas e regras sobre relações de trabalho. Na Constituição de 1888 o direito do trabalho vem descrito em seus artigos 7º a 11°. 1.3.2. Direito Administrativo O direito administrativo está ligado ao direito do trabalho devido a sua finalidade principal que é regular as atividades dos órgãos públicos. Diversas instituições presentes no Direito do Trabalho são regidas pelo direito administrativo. Podemos citar o Ministério do Trabalho, com caráter eminentemente fiscalizatório no que se refere às normas de direito de trabalho, órgão este que inclu- sive edita normas regulamentadoras. Exemplo recente de norma publicada pelo Ministério do Trabalho é a Portaria 1.59/2008 que regulamenta o Relógio de Ponto Eletrônico nas empresas que utilizam esta forma como controle de jornada. A mesma estabe- leceu diversos critérios para a marcação de ponto sob pena de multa e de nulidade como meio de prova perante a Justiça do Trabalho. 31 A Justiça do Trabalho também rege sua orga- nização e estrutura por meio do direito adminis- trativo, podemos citar os regimentos internos dos tribunais que editam inclusive portarias referentes à forma com que os advogados devem postular as ações, como por exemplo, a numeração de páginas e documentos para a distribuição do processo. 1.3.3. Direito Comercial O direito comercial, embora atualmente inse- rido em sua maioria no corpo do Código Civil, nos traz conceitos muito utilizados no direito do trabalho, como a definição de empresário, empresa e demais temas pertinentes. No direito empresarial, a legislação complementar ao código civil é a lei de recuperação judicial e falências (lei 11.101/2005), pela qual ha reflexos importantes no âmbito laboral, como o privi- legio do credito trabalhista na falência apresentado no artigo 83, inciso I, da regra. Podemos ainda citar a sucessão trabalhista das empresas em casos de venda, fusão ou incorporação da mesma, tal sucessão não atinge os direitos adqui- ridos dos funcionários, assegurando-os como se a transação comercial não houvesse sido realizada. Ademais, cabe ressaltar que a CLT - Consoli- dação das Leis do Trabalho - pelo parágrafo único de seu artigo 8º, determina que o “direito comum”, em 32 ampla interpretação o Direito Comercial, deve ser aplicado de forma subsidiária no Direito do Trabalho. 1.3.4. Direito Civil O direito civil possui relação íntima com o direito do trabalho, dado o integral teor do artigo 8º, §1º, da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, que permite a aplicação subsidiária quando não houver previsão na legislação trabalhista, tampouco conflito de normas. Para exemplificar o aqui descrito, basta relacionarmos o conceito de contrato com o contrato de trabalho para verificarmos algumas semelhanças. O Código Civil de 2002 trouxe uma série de princípios que possuem correlação. Prin- cípios como o da boa fé, dos bons costumes, da equidade, entre outros, podem ser aplicados no direito do trabalho por estarem inseridos no contexto das normas trabalhistas. 1.3.5. Direito Tributário Direito tributário é um afluente do direito, inci- dindo em praticamente todas as áreas do direito uma vez que tem como objetivo tributar os comporta- mentos dos contribuintes tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas. 33 Com o direito do trabalho não poderia ser dife- rente, o fato de ser trabalhador, empregador ou até mesmo profissional autônomo gera a necessidade de recolhimento de alguns tributos, tais como Imposto de Renda descontado diretamente em folha de paga- mento; FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - sendo realizado o recolhimento tanto pelo empregador quanto pelo trabalhador. Tais tributos visam assegurar ao trabalhador uma série de bene- fícios em caso de rescisão do trabalho, bem como em custear o sistema previdenciário brasileiro, entre outras consequências. 1.3.6. Direito Internacional O direito internacional é uma fonte inesgotável de normas de direito do trabalho, através de tratados interna- cionais que versam sobre matéria trabalhista. Conforme já citado a Organização Internacional do Trabalho - OIT - possui forte influência global, publicando convenções e recomendações com plena eficácia em território nacional, desde que ratificadas pelo Brasil. Podemos inclusive afirmar a existência do direito internacional do trabalho que versa sobre relações de trabalho extraterritoriais aplicado de forma conjunta com a legislação pátria. 34 1.3.7. Direito Ambiental De acordo com a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.838/81, artigo 3º, inciso I), o conceito de meio ambiente, in verbis: “I - Meio ambiente o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite,abriga e rege a vida em todas as suas formas;”. Podemos notar que o direito ambiental protege a vida em todas as suas formas, assim como o direito do trabalho rege a relação do ser humano com uma de suas formas de sobrevivência, o trabalho. O meio ambiente do trabalho é algo absoluta- mente intrínseco ao instituto aqui estudado vez que o mesmo determina as condições ambientais de trabalho como insalubridade e periculosidade, por exemplo: Para ilustrar a importância do aqui descrito podemos citar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, Norma Regulamentadora nº.08, com redação dada pela portaria nº.25 de 28 de dezembro de 1884, estabelecendo a obrigatoriedade do PPRA, normas estas que versam sobre o meio ambiente do trabalho. A fiscalização por parte do Ministério do Trabalho intensificou-se e as empresas que não se adéquem às normas e previsões pertinentes ao tema aqui retratado podem ser multadas em valores significativos. As condições ambientais geram, por exemplo, benefícios para a aposentadoria, como a contagem 35 específica para profissionais que laboram em situa- ções insalubres. 1.3.8. Direito Previdenciário A matéria previdenciária está ligada ao meio ambiente laboral e ao direito do trabalho puramente. Os trabalhadores e empresas são obrigados a recolher as verbas previdenciárias visando custear aposenta- doria, licença maternidade, auxílio acidente, auxílio doença, dentre outros benefícios. Os benefícios acima apontados estão estrita- mente vinculados ao direito do trabalho. Ademais, aquele trabalhador que não exercer seu trabalho, como empregado, pode contribuir como facultativo visando garantir sua aposentadoria e demais benefícios. 1.3.9. Direito Processual do Trabalho Para que possamos visualizar o direito do trabalho de forma mais ampla, mister a visualização do direito material e processual. O direito material do trabalho possui normas que visam regulamentar o trabalho em si, já o direito processual possui normas que permitem que as previsões legais mate- riais possam ser colocadas em prática, definindo formalidades processuais para seu alcance através do poder judiciário. 36 Logo, o direito processual do trabalho permite a aplicação do direito material através da determinação de competência, estabelecendo prazos para a propo- situra da ação, desta forma aplicando e promovendo a segurança jurídica necessária para a paz social no ambiente laboral. 1.3.10. Direito Penal A legislação penal possui diversas regras que são ligadas ao direito do trabalho, tendo em vista que a prática de um crime por parte do empregado pode inclusive gerar a rescisão do contrato por justa causa, de acordo com o artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho, com seus incisos. O título IV do Código Penal versa sobre os Crimes contra a Organização do Trabalho, tipificando crimes comoa “frustração de direito assegurada por lei trabalhista” ou ainda “atentado contra a liber- dade do trabalho”. A lei de Crimes contra a Ordem Previdenciária Social, qual seja Lei n º 8.883/00 tem caráter penal, pois define punições nesta esfera, através de condutas que rumam em desencontro com o direito do trabalho. 37 1.3.11. Direitos Humanos Após a Segunda Guerra Mundial a preocupação com direitos humanos surge com maior força. A Declaração Universal dos Direitos do Homem determina em seu artigo 1º: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consci- ência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. Este artigo foi mencionado para que possamos refletir um pouco sobre o contexto global ao qual estamos inseridos. A dignidade da pessoa humana é um tema cada vez mais abordado, discutido e prin- cipalmente almejado pela sociedade. O direito do trabalho figura como impor- tante personagem nesta relação da sociedade com o homem em si. Para tanto o trabalho deve dignificar o trabalhador, permitindo ao mesmo que exerça suas funções em ambientes de trabalho dignos, com remu- neração e recolhimentos previdenciários condizentes com a legislação. Tais elementos devem ser observados na relação de emprego, uma vez que o trabalhador sempre será interpretado em nosso contexto legislativo como hipossuficiente e para tanto condições dignas de trabalho devem ser sempre buscadas. Como aplicadores do direito, devemos sempre observar em situações reais as condições de trabalho, forma de remuneração, ambiente de trabalho além de 38 demais situações fáticas as quais aquele trabalhador foi submetido ou esta sendo submetido. Os Tratados de Direitos Humanos, após a Emenda Constitucional 45, possuem força de norma constitucional (após serem devidamente recepcio- nados no país, bem como aprovados na forma da lei), os direitos humanos devem ser interpretados de forma conjunta às normas de direito do trabalho, tais ramos do direito estão intimamente ligados aprovados na forma do artigo 5º, §3º, da CF/88. Economia A economia “é uma ciência social, ou seja, ela pressupõe a escassez em nível social, isto é, condi- cionando a vida de todos os seres indistintamente, sem se preocupar com o fenômeno em sua dimensão individual” 44. Os fatos econômicos incidem diretamente no direito do trabalho, vez que a relação entre empre- gador e empregado tem causa econômica. Ademais, os planos econômicos adotados pelo Estado têm reflexo direto nos empregos, no momento em que se determinam políticas salariais, leis trabalhistas e previdenciárias, entre outras, ocorrem mudanças na estrutura jurídica e financeira do país. O exame do aspecto econômico em leis traba- lhistas criadas pelo Legislativo deve sempre levar em 4 Nusdeo, Fabio - Curso de Economia- Introdução ao Estudo do Direito Econômico-6ª edição, página 28. 39 consideração o impacto financeiro na sociedade e sua viabilidade em face da previsão orçamentária do Estado e demais ramos da sociedade. Sociologia A sociologia estuda o comportamento das sociedades sua constituição, organização, manifes- tações e demais características pertinentes. Tal ciência tem relação direta com o Direito do Trabalho, pois o mesmo é um fator determinante para a formação e estrutura da sociedade. O trabalho é um meio de produção de valores sociais. Historicamente as condições de trabalho geraram inúmeras manifestações por parte dos trabalhadores almejando condições mais dignas para exercer suas funções, muitas vezes tais manifestações se configuram como divisores de épocas e períodos. Em função da estreita relação do trabalho como forma de evolução do homem e da socie- dade, esta ciência possui estreita relação com o Direito do Trabalho em que pese o fato de que o mesmo está em constante evolução de acordo com as mudanças sociais. 40 Questões 1. (XI Concurso do Ministério Público do Trabalho) No que tange à história do Direito do Trabalho é INCORRETO afirmar: a) Na Constituição de 1881, conferiram-se poderes expressos ao Congresso Nacional para legislar sobre o trabalho. b) Apenas com a entrada em vigor da CLT foi que se regulou o funcionamento dos sindi- catos no Brasil. c) Já no Tratado de Versalhes, foi fixado o princípio de que o trabalho não deve ser considerado como simples mercadoria ou artigo de comércio, mas como colaboração livre e eficaz na produção das riquezas; o direito ao pagamento aos trabalhadores de um salário que lhe assegure um nível de vida sem muitas preocupações e de acordo com o tempo e a condição do seu País; a adoção da jornada de 8 horas ou da semana de 48 horas; e instituição de um descanso semanal de 24 horas, no mínimo, e que deverá ser, sempre que possível, no domingo. d) A Carta del Lavoro é uma declaração de princípios, não se podendo, portanto, sob este 41 aspecto, identificar a CLT como uma cópia integral de tal documento. e) Não respondida. 2. (XIV Concurso do Ministério Público do Trabalho) Complete com a opção CORRETA. A Constituição do México de ______ tratou de regras de Direito do Trabalho no seu artigo 123. a) 1815 b) 1817 c) 1818 d) 1821 e) Não respondida 3. (FUNDEC - 2003 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Juiz - 1ª Prova - 1ª Etapa) Sobre a formação histórica do Direito do Trabalho, assinale a alter- nativa incorreta: a) O Liberalismo, inspirado nos princípios consagrados pela Revolução Francesa e pela Decla- ração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/fundec-2003-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/fundec-2003-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa 42 significou uma reação contra o absolutismo monár- quico e a origem divina e sobrenatural do poder, mas não favoreceu os direitos dos trabalhadores. b) A Constituição de Weimar, de 1919, embora texto avançado para a sua época, não representou grande conquista no campo dos direitos sociais. c) A Carta Del Lavoro (Itália, 1927) representou forte inspiração para a Consolidação das Leis do Trabalho brasileira de 1943. d) A Igreja Católica, especialmente através das Encíclicas Rerum Novarum (Leão XIII, 1891), Quadra- gésimo Anno (Pio XI, 1931), Mater et Magistra e Pacem in Terris (João XXIII, 1961 e 1963, respectiva- mente Laborem Exercens (João Paulo II, 1981), por seu forte sentido humanista e de valoração da digni- dade do trabalho, também contribuiu para avanços no campo do desenvolvimento social. e) O Manifesto Comunista (Marx, 1848), docu- mento máximo do socialismo, ainda que contenha conceitos hoje superados, contribuiu para a formação do atual Direito do Trabalho. 43 4. A Era Vargas foi uma fase importante para a criação de direitos trabalhistas. Mediante tal assertiva assinale a alternativa INCORRETA: a) A gestão do então presidente Getúlio Vargas foi marcada pela criação do direito de greve e liber- dade de criação de sindicatos, caracterizando o marco inicial do Direito Coletivo no Brasil; b) A Justiça do Trabalho foi criada no Brasil pela Constituição de 1834, garantindo maior espe- cialização e aperfeiçoamento para a análise das lides concernentes à matéria trabalhista. c) Embora marcada pela ditadura, a Era Vargas, visando evitar manifestações contundentes da classe dos trabalhadores, fortemente influen- ciados pelos ideais revolucionários europeus, criou normas protecionistas e incluiu direitos como o salário mínimo e limite de jornada de trabalho de oito horas diárias. d) O direito do trabalho, somente passou a ciência autônoma dotada de validade normativa, após a Constituição de 1888, caracterizando este período a Criação do Ministério do Emprego e Trabalho através da Emenda Constitucional nº. 45. e) As alternativas a e d estão INCORRETAS. 44 5. A denominação “Direito do Trabalho” como ramo jurídico que rege as relações labo- rais surgiu, pois: I. Nascido no seio da RevoluçãoIndustrial, o termo “Direito do trabalho” demonstrou-se muito abrangente, não refletindo uma nomenclatura própria às situações nascidas do trabalho em si. II. O termo “Direito Operário” excluía da relação os empregadores, desenhando um ramo jurí- dico unilateral; III. O termo “Direito Operário” não parece adequado visto a exclusão de diversas formas de trabalho e tipos de trabalhadores, como os rurais e domésticos, por exemplo; IV. Convencionou-se no período da Revolução Industrial a separação de Direito Comercial e Civil das relações de trabalho. A nomenclatura “Direito do Trabalho” abarca, portanto, empregados vinculados às indústrias e pequenos comércios. Mediante a leitura das assertivas supra, assinale a alternativa CORRETA: a) As alternativas I e II estão corretas; b) Somente a alternativa II está correta; c) Somente a alternativa IV está correta; d) As alternativas II e IV estão incorretas 45 e) Nenhuma das anteriores 6. Assinale a alternativa correta: a) A remuneração concedida ao trabalhador em face da prestação de serviços possui caráter econômico, representando a finalidade política do Direito Trabalhista. b) A finalidade tutelar do direito do trabalho define-se por políticas que defendem a liberdade das partes em convencionarem de acordo com as neces- sidades contratuais trabalhistas. c) A força produtiva representada pela mão de obra de um país reflete a finalidade econômica do direito do trabalho, no que tange à geração de empregos e consequente geração de renda na sociedade. d) As alternativas b e c estão corretas. 46 7. Defina a finalidade econômica do Direito do Trabalho. 8. Defina a f inalidade tutelar do direito trabalhista. 9. Qual a relação entre direito do trabalho e direito ambiental? 10. O direito internacional poderá interferir no Direito do Trabalho pátrio? 11. Relacione dire i to do t rabalho e direito penal? 12. O direito do trabalho e o processo do trabalho tutelam normas similares? 47 2 Capítulo Autonomia 51 Para que possamos compreender a auto- nomia do direito do trabalho, inicialmente devemos definir a palavra autonomia inserida no contexto do direito como um todo. Um ramo jurídico autônomo caracteriza-se pela independência que possui em relação aos demais ramos, possuindo desta forma princípios, regras e normas distintas das demais, determinando um campo espe- cífico possuidor de contornos próprios. Inicialmente ligava-se o Direito do Trabalho ao Direito Civil, pois umas das primeiras formas de trabalho, as locações de serviço e empreitadas, eram previstas pelo Código Civil. Ademais, o contrato de trabalho possuía características em comum com o contrato definido pela legislação civil. No entanto, o direito do trabalho avultou-se e surgiu com requisitos próprios. A autonomia está presente no nascimento e consagração de uma ciência com características e identidade peculiares, diferindo-se dos demais ramos do direito por sua especificidade. O professor Mauricio Godinho Delgado5 cita em sua obra alguns requisitos para que seja definida a autonomia de um ramo jurídico, descritos de forma sintética seriam basicamente quatro; a) O primeiro requisito seria a necessidade de um vasto e específico campo temático, b) Teorias próprias referentes ao ramo investigado; c) Metodologia própria de construção e 5 Delgado, Mauricio Godinho, “ Curso de Direito do Trabalho”, 5ª edição, Editora LTR, São Paulo, 2006.- página 67. 52 reprodução de sua estrutura; d) Existência de perspec- tivas e questionamentos próprios. Cotejando o acima descrito com o Direito do Trabalho devemos refletir em face do alegado em busca da real definição da “autonomia” do direito do trabalho. A necessidade de vasto e específico campo temático é atendida através de nossa legislação traba- lhista, sendo imperioso ressaltar que não existe no Brasil um Código do Direito do Trabalho, assim como existe nos demais ramos. Entretanto, possu- ímos a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, Constituição Federal, Legislação Esparsa e demais normas trabalhistas, que serão abordadas mais deta- lhadamente adiante. Em face da necessidade de teorias próprias, devemos trazer à baila os princípios concernentes ao direito do trabalho, desenhando um caráter estatal protecionista e apartado dos demais ramos do direito. No que tange à metodologia própria de cons- trução e reprodução de sua estrutura, podemos citar a negociação coletiva, resultado de tratativas entre o sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal, o acordo coletivo e, finalmente, o dissídio coletivo. Muito embora o tema aqui estudado seja o Direito Individual do Trabalho, o direito coletivo do trabalho comprova a existência da metodologia própria deste ramo jurídico, de onde se depreende que normas pactuadas em negociações coletivas possuem força de lei entre as partes, desde que favoráveis ao 53 trabalhador. O dissídio coletivo, levado ao ditame do judiciário, após o sindicato patronal e dos traba- lhadores não chegarem a um consenso e de comum acordo pleiteiam a decisão do mesmo, emite decisões com força de lei. O quarto e último requisito seria a existência de questionamentos e perspectivas próprias, pois o direito do trabalho possui características e questiona- mentos específicos, próprios que não se aplicam aos demais ramos do direito por versarem sobre temas referentes ao ambiente laboral. Em análise aos quatro requisitos supracitados podemos concluir que o Direito do Trabalho é um ramo autônomo tanto do ponto de vista doutrinário, pois possui obras destinadas ao seu estudo exclusiva- mente, quanto a partir da ótica didática em que pese o fato de ser uma disciplina autônoma a ser estudada inclusive nas cadeiras universitárias. Para que seja definitivamente delineada a auto- nomia do direito do trabalho, devemo-nos ater ao fato de que o mesmo possui uma justiça especializada (Justiça do Trabalho) para o julgamento de suas lides, sendo a mesma responsável pelo julgamento de qualquer ques- tionamento referente ao contrato de trabalho. 54 2.1. Natureza Jurídica e Normas Jurídicas Trabalhistas A natureza jurídica de uma ciência jurídica consiste em definir a qual ramo o mesmo pertence, ou seja, enquadrá-lo nas características do direito público ou privado. A posição doutrinária dominante determina que o direito do trabalho possui natureza jurídica de direito privado. Para fins de concurso público e pós-graduação, é necessário o estudo das demais teorias como o direito misto, direito unitário e direito social. Assim, vamos estudar cada uma delas de forma detalhada. 2.1.1. Direito Público O direito público agrega as normas refe- rentes ao Estado e regula as situações jurídicas em que o Estado surge como parte. A fundamentação desta teoria elenca três características do direito do trabalho como de natureza jurídica do direito público: a Natureza Administrativa de algumas normas, como exemplo podemos citar as normas regulamentadoras expedidas pelo Ministério do Trabalho; as Normas com caráter estatutário se aproximam das normas expedidas pela administração aos seus servidores; e a imperatividade das normas trabalhistas, como o princípio da irrenunciabilidade, por exemplo. 55 Devemos analisar com muita atenção tais argu- mentos, embora tais elementos estejam presentes no direito do trabalho em primeira análise, os mesmos não se enquadram a partir de um olhar mais profundo. A relação laboral é determinada por leis espe- cíficas que definem o contrato de trabalho, haja vista que o mesmo envolve, via de regra, duas partes, o empregador e o empregado, de onde se originam negociações para definir características peculiares ao pacto de trabalho de determinada categoria. Sob este prisma o “caráter estatutário” legado pela teoria do direito público não se enquadra, pois a administração determina a forma de contratação e regras às quais os estatutários devem se submeter, sem possibili-dade de qualquer alteração que não a realizada pelo próprio Estado. O direito individual e o coletivo do trabalho não se submetem ao Estado. Outra feita às empresas, sindicatos seriam órgãos Estatais e deveriam seguir estritamente o determinado pela Administração. E por fim a imperatividade do direito admi- nistrativo aplica-se em situações em que o Estado figura como parte e o bem coletivo deve prevalecer. O direito do trabalho, no entanto, rege as relações individuais e coletivas no âmbito trabalhista. 56 2.1.2. Direito Privado O direito privado rege as relações entre parti- culares, como já dito anteriormente. Porém há que se mencionar que em uma relação de emprego existem dois particulares: o empregado e o empregador, salvo na hipótese do Estado como empregador. Ademais, devemos nos remeter aos primórdios do direito do trabalho, onde as locações de serviço eram regidas pelo Direito Civil e apresentavam carac- terísticas de contrato. O vínculo trabalhista nasce ainda da relação entre dois particulares. As normas de direito do trabalho em sua maioria pertencem ao direito privado, o trabalhador não esta submetido ao Estado por força do Direito do Trabalho, O Estado deve versar sobre direitos da sociedade e zelar pelo bem estar público o ramo jurídico aqui estudado tutela o trabalhador e seu bem estar social de forma individual. 2.1.3. Direito Misto O direito do trabalho possui normas de direito privado e normas de direito público, inegavelmente. A teoria do direito misto defende que o direito aqui estudado seria uma ciência híbrida, ou seja, compre- enderia os dois ramos do direito. 57 O doutrinador Sérgio Pinto Martins6 ao citar Alfredo Montoya Melgar dispõe: que “o direito do trabalho não pertenceria nem ao direito público nem ao direito privado, mas compreenderia necessaria- mente ambos os Direitos”. Porém, mesmo com a coexistência destas normas a preponderância consiste em normas de direito privado. 2.1.4. Direito Unitário A presente teoria defendida pelo autor Evaristo de Moraes Filho, consiste em afirmar que existe a união entre os dois ramos do direito resultando em um Direito Único. Se este posicionamento fosse adotado, surgiria um terceiro elemento no ordenamento jurídico, além do direito publico e privado. Embora as normas destes ramos convivam no sistema jurí- dico, as mesmas possuem características distintas o que impossibilita a junção das mesmas em um mesmo campo. 6 Martins, Sérgio Pinto, “Direito do Trabalho”, 23ªedição, Editora Jurídico Atlas, São Paulo, 2007, página 24. 58 2.1.5. Direito Social O posicionamento doutrinário em face do direito do trabalho ser um direito social é defen- dido mais enfaticamente por Cesarino Junior. Sua posição doutrinaria afirma que o direito do trabalho é um direito social, voltado aos hipossuficientes, ou seja, os empregados. No entanto, tal enquadramento gera certa confusão considerando que o direito nasce da neces- sidade social de regras de convívio. Sem olvidar, por sua vez, que o direito enquanto ciência em todos os seus ramos possui como escopo o bem estar social. Eleger somente o direito do trabalho como “direito social” resultaria na exclusão dos demais campos jurídicos. 2.1.6. Normas Jurídicas Trabalhistas Visualizar o direito constituído somente por normas não reflete sua extensão. O mesmo é formado ainda por institutos, instituições e princípios. O ordenamento jurídico é um conjunto no qual estão contidas as normas. Os institutos correspondem ao conteúdo ou componentes de um determinado campo do direito, os mesmos somados criam a ciência jurídica a qual se referem. Institutos de direito do trabalho são as férias, décimo terceiro salário, aviso prévio, entre 59 outros pequenos fragmentos normativos que acabam por resultar no universo normativo. Visualizar o direito constituído somente por normas não reflete sua extensão. O mesmo é formado ainda por institutos, instituições e princípios. O ordenamento jurídico é um conjunto no qual estão contidas as normas. Os institutos correspondem ao conteúdo ou componentes de um determinado campo do direito, os mesmos somados criam a ciência jurídica a qual se referem. Institutos de direito do trabalho são as férias, décimo terceiro salário, aviso prévio, entre outros pequenos fragmentos normativos que acabam por resultar no universo normativo. As instituições trabalhistas são órgãos que visam desenvolver a ciência jurídica, seja de natu- reza fiscalizatória como o Ministério do Trabalho ou de natureza representativa como os sindicatos dos trabalhadores. Os princípios são a bases do conhecimento cien- tífico determinando direções ao ordenamento jurídico, pois apresentam a verdadeira intenção da ciência juris- dicional que representam. No direito do trabalho os princípios constroem bases protecionistas, retratando desta forma a intenção das demais normas. Embora a ciência aqui estudada não possua um código compilando todas as suas leis, possui a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho - uma série de legislações esparsas, convenções coletivas e dissídios coletivos que acabam por construir normas trabalhistas. 60 Neste sentido as normas não são somente as de origem estatal, pois somadas as normas originárias dos grupos sociais acabam por constituir um plura- lismo jurídico em que as normas estatais e sociais convivem em harmonia. O monismo jurídico consiste em defender a existência somente de normas oriundas do Estado, ignorando as normas sociais. O sistema vigente no direito do trabalho, inclusive por sua condição de ciência humana, é o do pluralismo jurídico. 2.1.7. Sistemas de Relação do Trabalho O sistema é o resultado da soma de normas que se integram e se complementam e somadas formam um conjunto de elementos resultando no todo de uma ciência. Cada país possui um sistema de relações do trabalho, pois as normas sofrem influências sociais, econômicas e políticas de acordo com a realidade em que são criadas. Conhecer o sistema trabalhista de cada país auxilia na compreensão do direito do trabalho. Nosso estudo é focado na legislação trabalhista brasileira, o professor Amauri Mascaro do Nasci- mento7 discorre sobre a classificação do sistema traba- 7 Nascimento, Amauri Mascaro ´Iniciação ao direito do Trabalho- 35ª edição-páginas 78-79 61 lhista, dividindo-o em critérios político-econômicos e jurídico-normativos. As primeiras normas trabalhistas pátrias, de forma conjunta a toda legislação, foram inspiradas no sistema fascista italiano, desta forma a presença do Estado, como interventor nas relações de trabalho e na economia, é um traço muito marcante. Os sindi- catos eram atrelados ao Estado, visando controlar qualquer questionamento dos trabalhadores face aos empregadores. Na União Soviética, o socialismo real determinava que os meios de produção seriam de propriedade Estatal, assim como os sindicatos não possuíam liberdade sempre com o objetivo de propor- cionar mais poder ao Estado. Ainda versando sobre os critérios políticos normativos podemos relembrar os termos do sistema neoliberalista, que se traduz pela retirada do Estado das relações econômicas e traba- lhistas, concedendo aos meios privados a resolução dos litígios que surgirem, posto que os sindicatos não devem ser associados ao Estado, garantindo força àquela instituição quando das negociações coletivas para regulamentar relações laborais. Cabe descrevermos ainda o sistema jurí- dico normativo que consiste na interpretação das normas e suas diferentes facetas com a análise dos critérios político econômicos, ou seja, inter- venção estatal, liberdade dos Sindicatos e auto- nomia do direito do trabalho. Os sistemas regula- mentados são aqueles em que as normas estatais versando sobre a proteção do trabalho estão muito 62 presentes, restando pouca ou nenhuma interfe- rência das relações privadas na construção de normas trabalhistas. Já o sistema não regulamentado é o contrário,ou seja, a predominância das normas nasce das relações profissionais e econômicas. Geralmente existe um sistema misto onde existem normas estatais e normas privadas convivendo harmonicamente como ocorre no Brasil. Existem países que gozam de liberdade sindical nos moldes do determinado pela OIT - Organização Internacional do trabalho -, bem como países que possuem seus sindicatos atrelados ao Estado. 8 Mini Aurélio, 7ª edição, Editora Positivo, Curitiba 2008. 2.2. Fontes do Direito do Trabalho Ao estudarmos a etimologia da palavra fonte, notamos que sua origem vem do latim fons que signi- fica nascente. A definição da mesma palavra no dicio- nário8 da língua portuguesa, além de trazer o mesmo significado, traz o sentido de origem. O estudo das fontes do direito em geral é de suma importância vez que a origem das obrigações tem força determinante para seu estudo, esta pecu- liaridade norteia o operador do direito na busca da nascente da lide. 63 No direito do trabalho não poderia ser dife- rente, pois para que seja submetido ao direito alvo de nosso estudo a problemática deve possuir sua origem no ambiente de trabalho. Cabe ressaltar que as fontes podem ser mate- riais ou formais, sendo a primeira o estudo da situ- ação real, tempo e demais fatos determinantes para a criação daquela norma, á segunda concretiza-se como a norma jurídica propriamente dita. As fontes podem ser ainda autônomas ou hete- rônomas, a primeira seria a norma elaborada pelos seus destinatários finais como a convenção coletiva, acordos coletivos, costumes, sendo as fontes hete- rônomas elaboradas por agentes externos que não são os destinatários finais das mesmas. Portanto as fontes heterônomas são, por exemplo: Leis, sentenças normativas, convenções internacionais, Consolidação das Leis do Trabalho – CLT -, Constituição Federal, entre outros dispositivos legais. Portanto, independentemente de classificações são fontes jurídicas do direito do trabalho: Consti- tuição Federal, leis, decretos, regulamentos, conven- ções coletivas, sentenças normativas, regulamentos de empresas, contratos trabalhistas, costumes. 2.2.1. Constituição A Constituição Federal é a lei máxima do orde- namento jurídico brasileiro, todas as demais normas 64 devem estar em acordo com o determinado pela Carta Magna, dela emanam todas as normas. A Constituição Federal estabelece em seus artigos 6º a 11º os direitos dos trabalhadores e de suas entidades representativas, determinando os direitos básicos dos trabalhadores. Após a Emenda Constitucional 45, os tratados internacionais que versam sobre direitos humanos possuem força de norma constitucional (desde que aprovados por três quintos dos membros de Cada Casa do Congresso Nacional em duas votações). Importante ressaltar esta informação, pois o direito do trabalho está intimamente ligado às normas de direitos humanos. Por sua condição de hierarquia máxima no ordenamento, a mesma define muitas vezes a forma com a qual a norma será elaborada e seu campo de atuação. 2.2.2. Leis Complementares A Constituição Federal determina a necessidade de criação de leis complementares a alguns disposi- tivos constitucionais sem autoaplicação. A lei complementar deve ser aprovada por quórum absoluto nas casas legislativas, tendo como principal função explicar, complementar e regula- mentar a norma constitucional que sinalizou a neces- sidade de sua criação. 65 Não existira lei complementar tratando de matéria não definida pela Constituição Federal. 2.2.3. Leis Delegadas As leis delegadas são criadas pelo Presidente da República, de acordo com o previsto nos artigos 58 inciso IV e artigo 68 da Constituição Federal. O Congresso Nacional possui competência originária para a elaboração das leis delegadas, as mesmas não podem versar sobre os assuntos deter- minados pelo artigo 68 da Carta Magna, sendo os mesmos: organização do Poder Judiciário e do Minis- tério Público; a carreira e a garantia de seus membros; nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; planos plurianuais, diretrizes orçamentá- rias e orçamentos. A última lei delegada criada no Brasil data de 1882 (Lei Delegada nº. 13) e versa sobre gratificações aos servidores do Poder Executivo. 2.2.4. Medidas Provisórias Utilizadas com frequência indesejável no Brasil as Medidas Provisórias configuram-se como ferramentas do Presidente da República para casos de relevante urgência e interesse nacional. 66 As mesmas possuem vigência máxima de 60 (sessenta dias) prorrogáveis por igual período para que sejam votadas pelo Congresso Nacional e convertidas em lei, sob pena de perderem sua eficácia. O artigo 62 da Constituição Federal elenca as matérias que não podem ser alvo de Medidas Provisórias. 2.2.5. Leis Ordinárias As leis ordinárias versam sobre matérias residuais, ou seja, que não estão vinculadas às leis complementares por força da determinação cons- titucional. A elas cabe a criação de normas com conteúdo geral ou abstrato A competência para a criação de leis ordinárias está descrita no artigo 61 da Constituição Federal. 2.2.6. Decretos Os decretos regulamentam leis, as expli- cando e detalhando. São privativos do chefe do Poder Executivo de acordo com o determinado pelo artigo 84 IV da Constituição Federal. Cabe ressaltar que os decretos não possuem poder para alterar qualquer dispositivo da legal. Os decretos - leis diferem dos decretos aqui relatados vez que não podem mais ser 67 criados no atual ordenamento jurídico, porém é de suma importância ressaltar a Consolidação das Leis do Trabalho, oriunda do decreto lei nº. 5452 de 1843. A Consolidação das Leis do Trabalho é uma compilação de leis trabalhistas em vigor no Brasil desde a Era Vargas em 1843, não sintetiza nem cria novos direitos como os códigos, porém reúne e compila as leis vigentes. 2.2.7. Sentenças Normativas De acordo com o disposto pelo artigo 114 da Constituição Federal a Justiça do Trabalho é competente para julgar dissídios de natureza individual e coletiva. Os dissídios de natureza coletiva são os respon- sáveis pela produção das sentenças normativas, os mesmos devem versar sobre natureza econômica (objetivando melhores condições de trabalho) podem ser submetidos à Justiça do Trabalho pelas partes desde que de comum acordo, objetivando trazer solução jurisdicional para a lide. As sentenças normativas constituem um direito àquela categoria. Cabe aqui ressaltar de forma muito superficial sobre as sentenças norma- tivas por ser alvo de estudo do Direito Coletivo do Trabalho, porém as mesmas constituem fonte inegável de direito do trabalho. 68 2.2.8. Convenções e Acordos Coletivos Convenções coletivas nascem a partir da negociação entre os sindicatos patronais e dos trabalhadores, criando normas de trabalho às categorias envolvidas nas negociações. Possuem a validade de no máximo dois anos (§ 3º, artigo 614 CLT), momento em que as partes devem realizar novas tratativas. A lei 13.467/2017 alterou o §3º do artigo 614 da CLT para acrescentar a vedação da ultra- tividade, isto é, as regras fixadas na convenção não serão aplicadas apos o final de sua vigência. Os acordos coletivos envolvem o sindicato dos trabalhadores e uma ou mais empresas, são pactos envolvendo as condições e normas de trabalho das empresas envolvidas. Ambos são reconhecidos pelo artigo 6º da Constituição Federal, constituem fontes exclusivas do direito do trabalho. É importante sal ientar que a lei nº 13467/2017 trouxe limitações à analise da convenção ou acordo coletivo de trabalho pela justiça do trabalho, de sorte que o exame das clausulas se limita aos elementos essenciais do negocio jurídico, de acordo com o artigo 104 do Código Civil. Institui-se, ainda, o principio da intervenção minima na autonomia da vontade coletiva. 69 Pondera-se que falar em “intervenção minima” em meio às precárias relações de trabalho no Brasil, em queprevalecem a desvalorização e exploração, significa um risco à dignidade dos trabalhadores, que certamente estarão a mercê de sindicatos fracos e da força do capital. Nesse contexto, a implantação do artigo 611-A na CLT pela lei 13467/2017 oferece possi- bilidade de transação por acordo ou convenção de direitos como banco de horas e enquadramento do grau de insalubridade. Assim, as mencionadas modificações legais desconsideram a hipossuficiência do trabalhador, bem como o histórico papel da justiça do trabalho no equilíbrio das relações laborais. 2.2.9. Regulamento de Empresa As empresas possuem normas internas, o regu- lamento das empresas vem compilar estas normas. Geralmente descreve os setores ou elenca as funções de cada cargo e departamento, não podendo conter normas que vão ao desencontro com a lei. Alguns autores questionam o regulamento das empresas como fonte de direito do trabalho por geralmente ser emanado de forma unilateral e criado pelo empregador. No entanto, suas normas acabam por integrar o contrato de trabalho, motivo pelo qual adere ao 70 mesmo, determinando regras, normas e obrigações entre as partes. 2.2.10. Contrato de Trabalho O contrato de trabalho acaba por gerar obri- gação entre as partes e as clausulas nele inseridas são fontes de direito. Tal posicionamento aqui defendido pode ser realizado através do disposto no artigo 8º e 444 da CLT, ambos preveem que as disposições contratuais ensejam direitos e deveres as partes. Novamente, é preciso virar a atenção para a reforma trabalhista, pela qual, no paragrafo único do artigo 444, abalizou-se que o contrato de trabalho tenha preponderância sobre instrumentos coletivos, contanto que o trabalhador tenha nível superior e que percebe salario igual ou superior a duas vezes o limite do RGPS. Criou-se uma questionável diferenciação do trabalhador em melhor condição financeira e intelec- tual, como se estas qualidades o livrassem de eventual abuso cometido pelo empregador, que continua a gozar de maior força e domínio da situação, tendo em vista a instabilidade do emprego no Brasil e no mundo, com o avançar de novas tecnologias. Ademais, na medida em que historicamente o empregador não costuma respeitar o empregado, não é difícil concluir que os contratos frequente- mente disporão de maneira diversa e em supressão 71 de direitos previstos em convenções e acordos cole- tivos de trabalho. 2.2.11. Usos e Costumes As relações de trabalho e as situações que surgem em seu curso surpreendem ate mesmo o mais criativo dos legisladores ou operadores do direito. Não necessariamente as regras que surgem no bojo das empresas precisam ser escritas. A situação que ocorre reiteradamente acaba por integrar o contrato de trabalho, criando obrigações entre as partes. Por ser uma ciência mutável a todo tempo os usos e costumes são fontes importantes para a solução dos conflitos trabalhistas. Os usos e costumes muitas vezes acabam por demonstrar aos legisladores a criação de normas posi- tivas referentes ao assunto. A aplicação dos mesmos é regulada pelo artigo 8º da Consolidação das Leis de Trabalho. 2.2.12. Jurisprudência A doutrina divide-se em considerar a jurisprudência como fonte de direito por não possuir aplicação obriga- tória, no entanto, para fins de concurso público, é muito importante lembrar que formalmente a jurisprudência não é considerada fonte de direito do trabalho. 72 A jurisprudência surge a partir das deci- sões emanadas pelo poder judiciário em face de determinado tema. Amador Paes de Almeida9 ao citar Russomano afirma o que segue: “O certo é, entretanto, que o doutrinador abre, pela sua crítica, pela sua investigação cientí- fica, caminho para o legislador do futuro. E o juiz, apreciando casos não previstos em lei preenchendo suas lacunas, assenta normas práticas de solução dos conflitos jurídicos.” 2.2.13. Normas de Origem Internacional As normas de direito internacional podem constituir fontes mais benéficas ao trabalhador desde que recepcionadas pela legislação pátria, As convenções e recomendações da OIT - Organização Internacional do Trabalho - são um exemplo de normas internacionais. Porém, de acordo com o artigo 48, inciso I da Constituição Federal, os mesmos devem ser recepcio- nados pela legislação pátria para possuírem eficácia. Para fins de concurso público, mister a descrição das teorias abordadas por Sérgio Pinto 9 Amador, Almeida de Paes- CLT Comentada, página 48. 73 Martins10, a teoria monista defende a unidade entre as normas de direito internacional e interno, e a teoria dualista entende a existência de duas ordens jurídicas distintas. A Constituição Federal de 1888 adotou para o autor supracitado a teoria monista, defendendo que após a recepção da norma pelo ordenamento do país, a mesma altera, revoga ou complementa a norma interna. O posicionamento do Supremo Tribunal Federal versa sobre a integração da norma internacional ao ordenamento desde que devida- mente recepcionada. Não devemos confundir a teoria monista acima referida com o pluralismo normativo presente no Direito do Trabalho. O direito em estudo possui normas esparsas e fontes diversas, caracterizando o pluralismo norma- tivo da ciência trabalhista. 10 Martins, Sérgio Pinto- “Direito do Trabalho”, página 42 e 43. 2.3. Hierarquia das Fontes Trabalhistas O ordenamento jurídico é um conjunto de normas que versam sobre assuntos diferentes como competência, organização do estado, conduta. O artigo 58 da Constituição Federal elenca quais 74 as normas existentes no ordenamento jurídico pátrio. Senão vejamos: Art. 58. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. No artigo acima citado não encontramos nenhuma determinação sobre a hierarquia destas normas. Hans Kelsen desenvolveu a teoria que descreve as normas jurídicas dispostas em uma pirâ- mide cujo cume é a Constituição Federal. Desta forma todas as outras normas devem estar submetidas à mesma para que sejam dotadas de validade. 75 A teoria de Kelsen determina a supremacia constitucional e o escalonamento das demais normas a ela, no Brasil possuiremos a seguinte ordem hierár- quica: Constituição Federal, Tratados Internacionais que versem sobre direitos humanos, leis complemen- tares, leis ordinárias, medidas provisórias e leis dele- gadas, resoluções, decretos e demais normas. Portanto, as normas inferiores são necessaria- mente obedientes a normas superiores, ou ainda em situações que leis da mesma posição hierárquica versam sobre o mesmo assunto a lei mais específica será sobre- posta a menos específica e assim por diante. No direito do trabalho o escalonamento das normas por força da aplicação do princípio da norma mais favorável princípio protecionista e princípio da condição mais benéfica, será diferenciado. As normas de ordem pública ou fontes estatais absolutas não podem ser modificadas por convenção entre as partes por conferirem direitos irrenunciáveis dos trabalhadores tais como férias, décimo terceiro salário, salário mínimo, repouso semanal remune- rado, as normas de ordem pública relativa podem ser flexibilizadas por convenção entre as partes, como a diminuição do piso mínimo da categoria, aumento da jornada de trabalho nos turnos ininterruptos de trabalho, ente outros. A Constituição Federal inegavelmente continua a ser a lei superior, mas na aplicação dos direitos aos casos reais devera prevalecer a norma mais benéfica ao traba- lhador, não importando a existência de norma superior, 76 desde que não prevaleça sobre interesse público, ou seja, a norma mais benéfica será aplicada desde que não ocorra prejuízo a coletividade. Paraexemplificar o acima descrito: O artigo 6º inciso XVI da CF determina que a hora extra deva ser paga acrescida de 50% (cinquenta por cento) a hora normal de trabalho, nenhuma norma pode estipular porcentagem inferior ao determi- nado constitucionalmente, porém as Convenções Coletivas de Trabalho podem determinar valores superiores para as categorias envolvidas, em caso de discussão judicial será aplicado o valor da hora extra convencionado em Convenção Coletiva por ser mais vantajoso ao trabalhador. O sistema de normas trabalhistas contém normas de caráter público e privado, tais previsões normativas são aplicadas ao direito individual e coletivo do trabalho. Embora voltado à proteção do trabalhador como indivíduo, as normas aplicadas a casos indivi- duais jamais poderá prejudicar a coletividade em face do bem da vida tutelado a sociedade. 77 Questões 1. (Concurso da Magistratura - TRT/ RJ-2008) Segundo o artigo 8º da Consolidação das Leis do Trabalho: I. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho decidirão por equidade somente casos previstos em lei. II. Considerando os usos e costumes, as autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho poderão decidir de modo que o interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. III. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho decidirão, mesmo havendo disposições legais e contratuais, conforme o caso, pela jurispru- dência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de Direito, sempre se utilizando o Direito Comum como fonte. IV. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela juris- prudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o Direito Comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe particular prevaleça sobre o interesse público. 78 V. O Direito Comum será fonte subsidiária do Direito do Trabalho, ainda que incompatível com os princípios fundamentais deste. Analise as proposições acima e assinale a alternativa correta: a) Somente as alternativas I e II são verdadeiras; b) Somente a alternativa III é verdadeira; c) Somente a alternativa I é verdadeira; d) Somente as alternativas IV e V são verdadeiras; e) Somente a alternativa IV é verdadeira. 2. O Direito do Trabalho é uma ciência autônoma, pois: a) É um ramo jurídico totalmente apartado do sistema normativo brasileiro, possuindo normas e princípios somente aplicáveis ao direito do trabalho, sem qualquer relação com os demais ramos. b) Possui formas próprias de questionamento, vasta matéria de pertinência jurídica, princípios e normas específicas ao direito do trabalho. 79 c) E um ramo autônomo somente para fins didáticos visto que se integra no sistema normativo de forma integral, utilizando normas específicas somente em hipóteses de extrema necessidade. d) Pois a Constituição Federal de 1888 definiu a autonomia do Direito do Trabalho, logo é autônomo por força de lei. 3. Quais são os requisitos que configuram o Direito do Trabalho como uma ciência autônoma? 4. Assinale a alternativa correta: a) A natureza jurídica do direito do trabalho é mista, possuindo normas públicas e privadas, cons- tituindo uma categoria distinta onde tais normas convivem harmonicamente. b) O direito do trabalho, por tutelar os traba- lhadores de forma protetiva, possui natureza jurídica de direito público, sendo as normas de direito privado aplicadas subsidiariamente. c) Por ser um direito social e conter normas tutelares de partes submetidas ao estado, a natureza jurídica do direito do trabalho é de direito público. 80 d) As normas que tutelam o direito do trabalho são privadas em sua maioria, inegável a existência de normas de direito público, no entanto a natureza jurídica do direito laboral será de direito privado. 5. No que tange ao sistema jurídico traba- lhista, é correto afirmar: a) Caracteriza-se pelo pluralismo jurídico, contendo normas exclusivamente estatais. b) Caracteriza-se pelo sistema regulamen- tado, proporcionando a liberdade de negociação entre as partes. c) Caracteriza-se como um sistema misto ou pluralismo jurídico, normas de direito público e privado convivem harmonicamente e os sindicatos não são atrelados ao Estado. d) Caracteriza-se pela natureza jurídica híbrida, não possuindo um sistema próprio por conter normas elaboradas com caráter exclusiva- mente de direito privado. 81 6. Relacione a incidência das normas de direito público no direito trabalhista cotejando a convivência das mesmas com normas privadas. 7. (II Concurso da Magistratura-TRT/ RJ-2004) Exemplo de Fonte Formal autônoma do Direito do Trabalho: a) Constituição b) Sentença Normativa c) Medida Provisória d) Lei Ordinária e) Acordo Coletivo 8. (Esaf- TRT/CE- Analista Judiciário- 2003) Sobre as fontes do Direito do Trabalho, aponte a opção correta. a) As greves e os movimentos sociais orga- nizados pelos trabalhadores representam as fontes formais do direito do trabalho. b) As convenções coletivas de trabalho, firmadas entre sindicatos patronais e profissio- 82 nais, qualificam-se como fontes heterônomas do Direito do Trabalho. c) As leis representam as fontes autônomas por excelência do Direito do Trabalho. d) O regulamento de empresa, elaborado sem qualquer participação do sindicato profissional corres- pondente, classifica-se como fonte autônoma do Direito do Trabalho. e) Os costumes, práticas reiteradas de deter- minadas condutas, reconhecidas como consentâ- neas com os deveres jurídicos impostos ao corpo social, representam uma das fontes formais do Direito do Trabalho. 9. (FCC-TRT/RN - Analista Judici- ário-2003) É fonte formal do Direito do Trabalho: a) A jurisprudência; b) A equidade; c) A analogia; d) A convenção coletiva; e) O Costume. 83 10. (MS CONCURSOS - 2009 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Juiz - 1ª Prova - 1ª Etapa) Analise as proposições a seguir: I. No plano jurídico, fontes do Direito expressam a origem das normas jurídicas, podendo-se classificar as fontes em dois grandes blocos, designados de fontes materiais, enfocando o momento pré-jurídico, cons- tituindo-se nos fatores que conduzem à emergência e construção da regra de Direito e fontes formais, enfo- cando o momento tipicamente jurídico, considerando a regra já plenamente construída, os mecanismos exte- riores e estilizados pelos quais essas regras se revelam para o mundo exterior, ou seja, os meios pelos quais se estabelece a norma jurídica. II. As fontes formais justrabalhistas classificam- -se em heterônomas e autônomas. São consideradas fontes autônomas do Direito do Trabalho: costumes, acordos coletivos de trabalho e convenções cole- tivas de trabalho. III. No Direito do Trabalho, em que um dos princípios é o “da norma mais favorável”, o critério orientador da hierarquia das normas jurídicas é distinto do rígido e inflexível operante no Direito Comum, implicando que no Direito do Trabalho a pirâmide normativa se constrói de modo plástico e variável, elegendo-se para o seu vértice dominante a norma que mais se aproxime do caráter teleológico do ramo trabalhista. http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/ms-concursos-2009-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/ms-concursos-2009-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa 84 IV. Pela hierarquia das fontes normativas, um decreto regulamentador não poderia ampliar direitos, falecendo ao Chefe do Poder Executivo poderes para alargar o comando legal regulamen- tado. Todavia, considerando a especificidade do Direito do Trabalho, no caso de conflito de regras jurídicas, a solução jurisprudencial tem aplicado à regra da norma mais favorável, mesmo nos casos em que o decreto regulamentador amplia direito assegurado em lei. V. Acerca da aderência contratual
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