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Direito Individual do Trabalho_Unidade (aula 1)

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Prévia do material em texto

Roberta Modena Pegoretti
Direito Individual 
do Trabalho
2a Edição /Março / 2018
Impressão em São Paulo - SP
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
Direito Individual do Trabalho
Coordenação Geral
Nelson Boni
Coordenação de Projetos
Leandro Lousada
Professor Responsável
Roberta Modena Pegoretti 
Projeto Gráfico, Capa e 
Diagramação
Giulia Paolillo
Revisão Ortográfica
Vanessa Almeida
Coordenadora Pedagógica 
de Cursos EaD
Eleonora Altruda de Faria
2ª Edição: Março de 2018
Impressão em São Paulo/SP
Copyright © EaD 
KnowHow 2011
Nenhuma parte dessa 
publicação pode ser 
reproduzida por qualquer 
meio sem a prévia 
autorização desta instituição.
Introdução:
A presente obra possui como escopo a Introdução 
ao Estudo do Direito Individual do Trabalho.
Através de uma abordagem dinâmica e didática, os 
alunos poderão iniciar seus estudos na matéria trabalhista, 
visualizando o Direito Individual do Trabalho como uma 
ciência social e jurídica.
Desde o primeiro capítulo o estudante irá se 
deparar com informações que irão colaborar com a sua 
formação profissional e aperfeiçoamento nos temas abor-
dados, sempre com enfoque para concursos públicos e 
pós-graduandos.
Com tópicos que abordam desde a História do 
Direito do Trabalho no Mundo, passando pelos direitos 
individuais do trabalho à situação trabalhista no contexto 
globalizado, o aluno encontrará nesta obra ferramentas 
para a compreensão do universo trabalhista como um 
todo, visualizando os direitos individuais do trabalho de 
forma simples e prática.
Sumário
Capítulo 1 – História do 
Direito do Tabalho 15
1.1. Breve Histórico 16
1.1.1. Direito do Trabalho no Mundo
1.1.2. Direito do Trabalho no Brasil
1.2.1. Definição
1.2.  Direito do Trabalho: Definição, 
Conceito, Finalidade  23
1.2.2. Conceito
1.2.3. Finalidade
1.3.1. Direito Constitucional
1.3.  Relação com os Demais Ramos 
do Direito e Ciências Afins  29
1.3.2. Direito Administrativo
1.3.3. Direito Comercial
1.3.4. Direito Civil
1.3.5. Direito Tributário
1.3.6. Direito Internacional
1.3.7. Direito Ambiental
1.3.8. Direito Previdenciário
1.3.9. Direito Processual do Trabalho
1.3.10. Direito Penal
1.3.11. Direitos Humanos
Capítulo 2 – Autonomia 49
2.1.  Natureza Jurídica e Normas Jurí-
dicas Trabalhistas 54
2.1.1. Direito Público
2.1.2. Direito Privado
2.1.3. Direito Misto
2.1.4. Direito Unitário
2.1.5. Direito Social
2.1.6. Normas Jurídicas Trabalhistas
2.1.7. Sistemas de Relação do Trabalho
2.2.  Fontes do Direito do Trabalho  62
2.2.1. Constituição
2.2.2. Leis Complementares
2.2.3. Leis Delegadas
2.2.4. Medidas Provisórias
2.2.5. Leis Ordinárias
2.2.6. Decretos
2.2.7. Sentenças Normativas
2.2.8. Convenções e Acordos Coletivos
2.2.9. Regulamento de Empresa
2.2.10. Contrato de Trabalho
2.2.11. Usos e Costumes
2.2.12. Jurisprudência
2.2.13. Normas de Origem Internacional
2.3.  Hierarquia das Fontes Trabalhistas  73
Capítulo 3 – Interpretação, 
Integração e Aplicação 
das Normas Trabalhistas 91
3.1.1. Interpretação
3.1.2. Integração
3.1.3. Eficácia da Lei Trabalhista
3.1.4. Eficácia da Lei no Tempo
3.1.5. Eficácia da Lei no Espaço
3.2.  Princípios: Gerais e Específicos  99
3.2.1. Princípios Gerais
3.2.2. Princípios Constitucionais
3.2.3. Princípios Específicos do 
Direito do Trabalho
3.2.3.1. Princípio Protecionista
3.2.3.2. Princípio da Primazia da Realidade
3.2.3.3. Principio da Irrenunciabili-
dade de Direitos
3.2.3.4. Princípio da Norma mais Favorável
3.2.3.5.  Princípio da Condição Mais Benéfica
3.2.3.6. Princípio da Inalterabi-
lidade Contratual
3.2.3.7. Princípio da Irredutibilidade Salarial
3.2.3.8. Princípio da Continuidade do Vínculo 
Jurídico Trabalhista
3.3.  Direito Individual do Trabalho  109
3.3.1. Sujeitos do Contrato de Trabalho
Capítulo 4 – Contrato 
de Trabalho 119
4.1.1. Requisitos do Contrato de Trabalho
4.1.2. Classificação do 
Contrato de Trabalho
4.1.2.1. Quanto à forma
4.1.2.2. Quanto à duração
4.2.  Grupos Empresariais  128
4.2.1. Alteração na Empresa
4.3.  Poder de Direção do Empregador  132
4.3.1. Poder de Organização
4.3.2. Poder de Controle
4.4.  Alteração Contratual  135
4.3.3. Poder Disciplinar
4.4.1. Transferência de Empregado
4.4.2. Suspensão e Interrupção do 
Contrato de Trabalho
4.5.  Dissolução Contratual  139
4.4.2.1. Hipóteses de Suspensão e Interrupção
4.5.1. Pedido de Demissão ou Dispensa
4.5.2. Dispensa Sem Justa Causa
4.5.3. Dispensa Com Justa Causa 
pelo Empregador
4.5.3.1. Hipóteses previstas em lei
4.5.3.2. Hipóteses previstas no 
artigo 482 da CLT
4.5.3.3. Hipóteses previstas nos 
demais artigos da CLT
4.5.4. Rescisão indireta
4.5.5. Aposentadoria
4.5.6. A extinção por acordo nos moldes 
do artigo 484-A
4.5.7. Morte do Empregado
4.5.8. Morte do Empregador Pessoa Física
4.5.9. Extinção da Empresa
4.5.10. Extinção do Contrato a Termo
4.5.11. Culpa Recíproca 
Capítulo 5 – Aviso Prévio 167
5.1.1. Cabimento
5.1.2. Formas
5.1.3. Prazo
5.2.  Estabilidade  174
5.2.1. Estabilidade Decenal
5.2.2. Estabilidades Provisórias
5.2.3. Consequências
5.3.  Jornada de Trabalho  180
5.3.1. Horas Extraordinárias
5.3.1.1. Formas de Remuneração das Horas 
Extraordinárias
5.3.2. Intervalos
5.3.3. Adicional Noturno
5.3.4. Descanso Semanal Remunerado
5.3.5. Trabalhadores que Não Fazem Jus 
às Horas Extraordinárias
Capítulo 6 – Férias 201
6.1.1. Período Aquisitivo e 
Período Concessório
6.1.2. Remuneração
6.2. Salário 207
6.2.1. Gratificações
6.2.2. Décimo Terceiro Salário
6.2.3. Comissões e Percentagens
6.2.4. Gorjetas
6.2.5. Ajuda de Custo, Diárias para 
Viagens e Abonos
6.2.6. Participação nos Lucros e 
Resultados (PLR)
6.2.7. Formas e Meio de Pagamento
6.3.  Equiparação Salarial e Discrimi-
nação no Ambiente de Trabalho  215
6.3.1. Equiparação Salarial
6.3.2. Discriminação no 
Ambiente de Trabalho
6.4.  Flexibilização das Normas 
Trabalhistas 219
Gabarito 238
Bibliografia 240
1
Capítulo
Título Capítulo
1
Capítulo
História do Direito 
do Tabalho
16
1.1. Breve Histórico
O homem, desde os primórdios, foi se organi-
zando gradualmente em grupos para que as tarefas 
fossem divididas entre seus membros. Começa então 
a se desenhar a história do direito do trabalho, onde 
cada tarefa tinha o seu valor e os indivíduos que a 
desenvolviam acabavam por obter um status diferen-
ciado perante o grupo de acordo com suas atribuições.
As normas de convivência surgem para regu-
lamentar e nortear as relações entre os membros do 
grupo, visando a paz social.
Com a evolução destes grupos para sociedades, 
as normas de convivência passam a ser revestidas 
de caráter punitivo, onde o não cumprimento das 
mesmas ensejava em punição. O trabalho foi se dese-
nhando como instrumento de domínio, onde trabalho 
e trabalhador não possuíam nenhuma norma que os 
protegesse ou delimitasse sua força de trabalho.
Neste mesmo diapasão, a escravidão surge 
como uma manifestação do trabalho sem limites e 
sem remuneração, chamado trabalho compulsório, ou 
seja, a apropriação do trabalho humano como uma 
“coisa”, sendo o escravo uma mercadoria.
No período feudal ou “período das trevas”, os 
servos submetiam-se aos senhores feudais visando 
proteção e, em troca, deveriam prestar serviços na 
terra cedida a eles, destinando ao proprietário a 
maior parte dos frutos da colheita. Com a progres-
17
siva extinção dos feudos, os artesãos despontam com 
mais força e podemos citar as corporações de ofício.
Nas corporações de ofício existiam três figuras 
claramente definidas: os mestres, os companheiros 
e os aprendizes. Tal ordem era devidamente reco-
nhecida e os companheiros e aprendizes somente 
ascenderiam na hierarquia e se tornariam mestres 
após provas difíceis, bem como mediante pagamento.
As corporações de ofício foram se extinguindo 
aos poucos, mais precisamente no ano de 1776 após 
um edito, concomitantemente ao alto custo dos 
produtos e a intensificação do comércio.
Osperíodos da escravidão, feudalismo e 
corporações de ofício foram trazidos à baila, pois 
possuíam algumas características em comum no que 
tange ao trabalho em si, tais como as longas jornadas 
de trabalho, as condições de trabalho inadequadas e 
insalubres, assim como a mão de obra infantil. 
A locação de serviços e a empreitada começam 
a surgir, porém regidas pelo Direito Civil.
No período da Revolução Francesa, a França 
reconhece em sua Constituição o Direito do Trabalho, 
sendo este um dos primeiros passos para o surgimento 
dos direitos econômicos e sociais estudados de forma 
mais detalhada durante a obra.
No entanto, a Revolução Industrial é um 
marco definitivo para o Direito do Trabalho, uma 
vez que as máquinas a vapor surgem e a produção 
passa do trabalho puramente manual para a meto-
dologia industrial.
18
Com as condições de trabalho cada vez mais 
precárias, dentre as quais jornadas de trabalho exces-
sivas, acidentes e doenças do trabalho, nascem mani-
festações dos trabalhadores em criar organizações 
de auxilio posteriormente resultando em sindicatos, 
necessidade de normas e legislação específica visando 
à regulamentação do trabalho. Surge então o Direito 
do Trabalho propriamente dito.
1.1.1. Direito do Trabalho no Mundo
A Revolução Industrial ensejou movimentos 
dos trabalhadores de forma muito latente, o que 
acabou por gerar a necessidade de normas traba-
lhistas que garantissem condições mínimas de trabalho 
a serem proporcionadas pelo empregador. Neste 
período o Estado passa a ter um caráter mais inter-
vencionista, estando presente como figura de proteção 
aos trabalhadores, visando, entre outros motivos 
econômicos e políticos, a paz social.
A Lei de Peel, criada por um industrial inglês 
e oriunda da Inglaterra em meados de 1802, visava a 
proteção dos menores de idade, limitando a jornada 
de trabalho para 12 (doze) horas diárias.
Na França, entre os anos de 1813 e 1840, 
várias normas surgiram vedando cargas horárias de 
trabalho superiores a 15 horas diárias, proibindo ainda 
o trabalho de menores de quinze anos em minas e 
de nove anos em qualquer ofício.
19
Com o término da Primeira Guerra Mundial, 
e levando em consideração o estado de fragilidade 
e consternação da sociedade mundial, os Estados 
começam a inserir em suas constituições, alguns 
direitos fundamentais voltados à proteção do ser 
humano em consequência, normas concernentes ao 
Direito do Trabalho.
A primeira Constituição no mundo que cuidou 
dos direitos trabalhistas de forma específica foi a 
do México, datada de 1817, assegurando aos traba-
lhadores mexicanos sob sua égide a jornada de oito 
horas, a proibição de trabalho aos menores de doze 
anos, o descanso semanal, a proteção à maternidade 
e o famigerado direito de greve.
A Constituição da Alemanha em 1818 gerou 
repercussão por toda Europa, visto que previa o 
direito a participação nos Lucros e Resultados, a 
liberdade sindical e o sistema de seguridade social.
O surgimento da OIT - Organização Interna-
cional do Trabalho, com criação datada do ano de 
1918 por força do Tratado de Versalhes, configura-se 
como um marco na História do Direito do Trabalho 
por desenhar uma tendência em inserir, nas Cartas 
dos Estados, direitos que assegurassem normas de 
trabalho dignas.
Na Itália a “carta del lavoro”, marcada pela forte 
intervenção do Estado por tratar-se de uma norma 
fascista, visava a pacificação social e a regularização 
da hierarquia estatal ante os particulares. Este instru-
20
mento influenciou fortemente o Direito do Trabalho 
no Brasil, como estudaremos a seguir.
1.1.2. Direito do Trabalho no Brasil
O Brasil, diferentemente dos países Euro-
peus, se libertou tardiamente da escravidão com a 
promulgação da Lei Áurea em 1888. Com a inten-
sificação da imigração, após a abolição da escra-
vatura, os trabalhadores laboravam em jornadas 
longas de trabalho, condições insalubres, além do 
trabalho infantil e feminino sem nenhuma dispo-
sição legal que positivasse tais relações.
Há que se apontar que as Constituições Brasi-
leiras de 1824 (Constituição do Império) e a de 1881 
(Primeira Constituição da República) não previam 
direitos trabalhistas.
Após este período transitório e principalmente 
após a primeira Guerra Mundial o Brasil passa por 
um grande crescimento Industrial. Surge, com isso, a 
necessidade de honrar aos tratados firmados junto a 
OIT – Organização Internacional do Trabalho, bem 
como de pacificar os movimentos dos trabalhadores 
que começavam a fomentar na sociedade brasileira.
Em 1930, o então presidente Getúlio Vargas, 
observador das movimentações internacionais, 
percebeu a carência de leis e de direitos trabalhistas e, 
visando evitar maiores manifestações e insurreições da 
21
classe trabalhadora, opta por incorporar à Constituição 
de 1834 normas de caráter assistencialista.
Em 1934, passado o período conhecido como 
Revolução de 1930, a nova Constituição surge com a 
Criação da Justiça do Trabalho, proibição do trabalho 
infantil, limitação da jornada de trabalho a oito horas 
diárias, repouso semanal remunerado, o direito de 
greve é proibido e salário mínimo criado. Neste 
mesmo período (Era Vargas de 1930 a 1945) foi 
criado o Ministério do Trabalho.
Em 1937 a nova Constituição foi outor-
gada, sendo fortemente influenciada pela “carta 
del lavoro” que ficou conhecida como “A Polaca”, 
por traduzir autoritarismos que assolavam a 
Europa no mesmo período.
Em 1943 entra em vigência a Consolidação das 
Leis do Trabalho, em momento anterior à promul-
gação da Constituição de 1946, a qual se torna vigente 
e trazendo consigo inovações muito importantes, 
tratando dos direitos e das garantias individuais, imple-
mentando uma legislação do trabalho que forma-
lizou diversos direitos dos trabalhadores, dentre eles 
a previdência social.
No período de 1967 outra Constituição foi 
outorgada, constituída em plena Ditadura Militar, 
porém, mantendo em seu corpo as previsões cons-
tantes nas constituições anteriores concernentes 
ao Direito do Trabalho.
A Constituição de 1988, e atual, conhecida 
como “Cidadã” ampliou os direitos e garantias indi-
22
viduais e coletivas, tratando o direito do trabalho em 
seu artigo 7º sobre direitos individuais, 8º sobre direito 
coletivo e o 9º assegurando o direito de Greve, além 
de outras previsões.
Atualmente, o protecionismo do trabalhador, 
principal característica do direito do trabalho no 
Brasil, sofreu grande abalo, dado que, com a recente 
reforma trabalhista, foram inseridos artigos que 
permitem maior negociação de direitos trabalhistas.
É possível, por exemplo, a extinção do 
contrato de trabalho por “acordo” entre empre-
gado e empregador (artigo 484-A da CLT), hipó-
tese em que sera pago metade do aviso prévio, se 
indenizado, e da multa do FGTS, prevista no §1º 
do artigo 18 da lei 8036/90. Nessa modalidade, 
as demais verbas trabalhistas devem ser adim-
plidas normalmente.
Ha, portanto, um cenário de maior flexibilidade 
do contrato de trabalho, fato este que, na pratica, 
devera representar abusos, devido ao lobby de que 
gozam grandes empregadores ou mesmo pela alta 
carga tributaria e instabilidade da economia, cujos 
reflexos poderão ser mais sentidos pelo empregado.
23
1.2. Direito do Trabalho: Definição, 
Conceito, Finalidade
1.2.1. Definição
A expressão “Direito do Trabalho” é utili-
zada atualmente em países como Espanha, Itália, 
Alemanha, Portugal e Brasil.
Nas Constituições Brasileiras anteriores a 
1846, o Direito do Trabalho estava inserido no 
Direito Industrial e Direito Comercial. Neste ano 
a Constituição insere o Direito do Trabalho como 
ciência autônoma, abrindo grande espaço para os 
direitos sociais.
Cabem aqui breves explanações sobre os motivos 
pelos quais o Direito do Trabalho tem esta denomi-
nação. No direito industrial estavam descritas algumas 
normas de direito do trabalho, porém abarcavam ainda 
normas referentes ao Direito Comercial e Econômico. 
Tal denominação remetia-se à RevoluçãoIndustrial, 
onde a necessidade de uma ciência jurídica voltada às 
condições do trabalho surgiu de forma mais contun-
dente, porém a nomenclatura demonstrou-se abran-
gente demais, fugindo do propósito de norma mais 
voltada à realidade dos operários.
Surge nesta linha de raciocínio a denominação 
“Direito do Operário”, também nascida e influen-
ciada pela situação social desencadeada pela Revolução 
Industrial: Indústrias cresciam de forma acelerada, e o 
24
capitalismo passou a ser a forma econômica regente 
da sociedade, reduzindo significativamente o trabalho 
àqueles que não laboravam no ramo industrial.
A denominação Direito do Trabalho surgiu na 
Alemanha e se concentra nas relações de trabalho 
como um todo e não somente como um segmento 
do mesmo. Tal nomenclatura permanece até os dias 
atuais, abrangendo os trabalhadores individuais subor-
dinados ou em condições análogas.
1.2.2. Conceito
Visando maior aprofundamento no tema ora 
discutido, mister definir o conceito de direito do 
trabalho para que possamos entender seus desdobra-
mentos e indispensável compreender seu conceito.
O direito do trabalho, quando conceituado por 
juristas brasileiros, apresenta-se como uma ciência que 
estuda os institutos jurídicos que regem a relação traba-
lhista em âmbito nacional. Nesta aparente simplista 
definição, podem ser encontradas conceituações que 
deixam em aberto alguns aspectos. Vejamos:
Na definição de Amauri Mascaro Nascimento, 
direito do trabalho seria: “o ramo da ciência do direito, 
que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas 
e os princípios que disciplinam as relações de trabalho 
subordinado, determinam os seus sujeitos e as orga-
25
nizações destinadas à proteção desse trabalho em sua 
estrutura e atividade.”1
Trazemos à baila a conceituação de Sérgio Pinto 
Martins: “Direito do trabalho é o conjunto de prin-
cípios, regras e instituições atinentes à relação de 
trabalho subordinado e situações análogas, visando 
assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao 
trabalhador, de acordo com as medidas de proteção 
que lhe são destinadas”.2
Podemos notar nos conceitos supracitados 
características distintas: no primeiro leva-se em consi-
deração o tipo de trabalhador, já na segunda definição 
prima-se pela relação de trabalho.
O direito do trabalho visa assegurar tanto o 
trabalhador quanto a relação de trabalho em si, porém, 
de forma abrangente, logo pode ser conceituado como 
ramo autônomo do direito voltado a normatização 
das situações trabalhistas, por meio de princípios e 
dispositivos normativos específicos que tutelam os 
trabalhadores e empregados, visando garantir a eles 
condições dignas de trabalho.
A visualização deste conceito misto fica mais 
clara se analisarmos o artigo 114 após a edição da 
Emenda Constitucional 45 que determinou que toda 
e qualquer matéria relativa ao Direito do Trabalho 
deverá ser julgada e processada pela Justiça do 
1 Russomano, Mozart Victor, Curso de Direito do Trabalho, 4ª 
edição, Curitiba, Jurua Editora, 1991, p.19.
2 Martins, Sergio Pinto, Direito do Trabalho, 23ª edição, São Paulo, 
Editora Atlas, 2007, p 16.
26
Trabalho. Vejamos o artigo citado “in verbis” para 
melhor aprendizagem:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar3:
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de 
direito público externo e da administração pública direta e indireta 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre 
sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, 
quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição traba-
lhista, ressalvado o disposto no art. 92, I.
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, 
decorrentes da relação de trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos 
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas 
no art. 185, I e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das 
sentenças que proferir;
3 Fonte: www.planalto.gov.br
27
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, 
na forma da lei.
Através da leitura do artigo 114 da CF, podemos 
notar que relação de trabalho e o trabalhador acabam 
se difundindo vez que um não teria sentido sem a exis-
tência do outro. A Emenda 45 determina, de forma 
tácita, que os trabalhadores que outrora não abarcados 
pelo Direito do Trabalho por não se enquadrarem no 
conceito de empregados, tais como os trabalhadores 
autônomos, os servidores públicos, os trabalhadores 
temporários e os empregados domésticos, dentre outros, 
sejam absorvidos pelo direito do trabalho.
1.2.3. Finalidade
O fim a que se destina o direito do trabalho 
pode ser interpretado de várias formas: social, 
econômica, política e tutelar. Abaixo vamos pontuar 
o aqui elencado.
O direito do trabalho como meio social pode 
ser interpretado como a busca pela dignidade do 
instituto aplicado ao trabalhador, resultando em um 
meio social mais adequado, interpretando o trabalho 
como um princípio norteador do homem e, através 
dele, previsões constitucionais podem ser atendidas.
A finalidade econômica do instituto visa 
garantir ao trabalhador seu sustento, através de sua 
remuneração, imprimindo a este ramo jurídico a 
28
busca por desenvolvimento de condições que possam 
impulsionar a economia do país através de sua força 
produtiva, basta notar a retomada pelo Governo 
Federal em conjunto com os Estaduais a retomada da 
criação de cursos técnico-profissionalizantes, visando 
à qualificação da mão de obra. Essa finalidade está 
ligada diretamente a outro segmento da economia, 
qual seja a política.
A política, como instituto que visa regulamentar 
a relação do Estado com seus governados, possui 
relação com a mão de obra braçal e intelectual deter-
minando a força produtiva do país. Seja por normas 
tutelares ou liberais, acaba por definir a forma como 
o país se desenvolve internamente e externamente. 
Atualmente, com a reforma trabalhista inserida pela 
lei 13.467/2017, diversas normas relativas à rescisão, 
contratação de obreiros temporários, regime intermi-
tente, home office, entre outras, trouxeram ambiente 
de flexibilização das normas trabalhistas.
Neste mesmo diapasão podemos determinar 
a finalidade tutelar do direito do trabalho. No Brasil 
as normas de direito do trabalho são absolutamente 
definidas por um sistema integrativo de normas que 
visam sempre proteger ao trabalhador. Notamos a 
tutela estatal muito clara, tendenciando e determi-
nando o Direito do Trabalho Individual e Coletivo, 
pois, se associarmos as finalidades socioeconômicas e 
tutelares, apuraremos a sociedade brasileira de forma 
conflitante, apresentando realidades distintas, em 
distâncias muito pequenas, com a presença de grandes 
29
polos industriais e comerciais largamente adequados 
à legislação trabalhista, e de outro lado a utilização de 
mão de obra infantil ou ainda em condições análogas 
a de escravos, por exemplo.
Logo, a finalidade do direito do trabalho é a 
melhoria das condições de trabalho através de leis 
que tutelem o trabalhador. As leis devem nortear as 
relações de trabalho, principalmente em nossa pátria 
onde o conceito aplicado ao trabalhador define que 
ele sempre será interpretado como hipossuficiente 
nas relações laborais.
1.3. Relação com os Demais 
Ramos do Direito e Ciências Afins
O direito do trabalho, por regulamentar uma 
das atividades primordiais exercidas pelo ser humano, 
está ligado a outras áreas tanto jurídicas quanto não 
jurídicas, a seguir vamos explanar tais relações.
1.3.1. Direito Constitucional
O direito constitucional está intimamente ligado 
a todos os ramos do direito por carregarconsigo os 
preceitos da lei máxima do ordenamento jurídico a 
Constituição Federal.
30
Cabe ressaltar, retomando o quanto exposto 
no primeiro capítulo, que as primeiras normas que 
versaram sobre o direito do trabalho foram Cons-
tituições do México e da Alemanha. No Brasil, a 
partir da Constituição de 1834, foram sendo inse-
ridas gradualmente normas trabalhistas e regras 
sobre relações de trabalho. Na Constituição de 
1888 o direito do trabalho vem descrito em seus 
artigos 7º a 11°.
1.3.2. Direito Administrativo
O direito administrativo está ligado ao direito 
do trabalho devido a sua finalidade principal que é 
regular as atividades dos órgãos públicos. Diversas 
instituições presentes no Direito do Trabalho são 
regidas pelo direito administrativo.
Podemos citar o Ministério do Trabalho, com 
caráter eminentemente fiscalizatório no que se refere 
às normas de direito de trabalho, órgão este que inclu-
sive edita normas regulamentadoras. Exemplo recente 
de norma publicada pelo Ministério do Trabalho é 
a Portaria 1.59/2008 que regulamenta o Relógio 
de Ponto Eletrônico nas empresas que utilizam esta 
forma como controle de jornada. A mesma estabe-
leceu diversos critérios para a marcação de ponto sob 
pena de multa e de nulidade como meio de prova 
perante a Justiça do Trabalho.
31
A Justiça do Trabalho também rege sua orga-
nização e estrutura por meio do direito adminis-
trativo, podemos citar os regimentos internos dos 
tribunais que editam inclusive portarias referentes 
à forma com que os advogados devem postular as 
ações, como por exemplo, a numeração de páginas 
e documentos para a distribuição do processo.
1.3.3. Direito Comercial
O direito comercial, embora atualmente inse-
rido em sua maioria no corpo do Código Civil, nos 
traz conceitos muito utilizados no direito do trabalho, 
como a definição de empresário, empresa e demais 
temas pertinentes. No direito empresarial, a legislação 
complementar ao código civil é a lei de recuperação 
judicial e falências (lei 11.101/2005), pela qual ha 
reflexos importantes no âmbito laboral, como o privi-
legio do credito trabalhista na falência apresentado 
no artigo 83, inciso I, da regra.
Podemos ainda citar a sucessão trabalhista das 
empresas em casos de venda, fusão ou incorporação 
da mesma, tal sucessão não atinge os direitos adqui-
ridos dos funcionários, assegurando-os como se a 
transação comercial não houvesse sido realizada.
Ademais, cabe ressaltar que a CLT - Consoli-
dação das Leis do Trabalho - pelo parágrafo único de 
seu artigo 8º, determina que o “direito comum”, em 
32
ampla interpretação o Direito Comercial, deve ser 
aplicado de forma subsidiária no Direito do Trabalho.
1.3.4. Direito Civil
O direito civil possui relação íntima com o 
direito do trabalho, dado o integral teor do artigo 
8º, §1º, da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, 
que permite a aplicação subsidiária quando não 
houver previsão na legislação trabalhista, tampouco 
conflito de normas.
Para exemplificar o aqui descrito, basta 
relacionarmos o conceito de contrato com o 
contrato de trabalho para verificarmos algumas 
semelhanças. O Código Civil de 2002 trouxe uma 
série de princípios que possuem correlação. Prin-
cípios como o da boa fé, dos bons costumes, 
da equidade, entre outros, podem ser aplicados 
no direito do trabalho por estarem inseridos no 
contexto das normas trabalhistas.
1.3.5. Direito Tributário
Direito tributário é um afluente do direito, inci-
dindo em praticamente todas as áreas do direito uma 
vez que tem como objetivo tributar os comporta-
mentos dos contribuintes tanto pessoas físicas quanto 
pessoas jurídicas.
33
Com o direito do trabalho não poderia ser dife-
rente, o fato de ser trabalhador, empregador ou até 
mesmo profissional autônomo gera a necessidade de 
recolhimento de alguns tributos, tais como Imposto 
de Renda descontado diretamente em folha de paga-
mento; FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de 
Serviço - sendo realizado o recolhimento tanto pelo 
empregador quanto pelo trabalhador. Tais tributos 
visam assegurar ao trabalhador uma série de bene-
fícios em caso de rescisão do trabalho, bem como 
em custear o sistema previdenciário brasileiro, entre 
outras consequências.
1.3.6. Direito Internacional
O direito internacional é uma fonte inesgotável de 
normas de direito do trabalho, através de tratados interna-
cionais que versam sobre matéria trabalhista. Conforme 
já citado a Organização Internacional do Trabalho - OIT 
- possui forte influência global, publicando convenções e 
recomendações com plena eficácia em território nacional, 
desde que ratificadas pelo Brasil.
Podemos inclusive afirmar a existência do 
direito internacional do trabalho que versa sobre 
relações de trabalho extraterritoriais aplicado de forma 
conjunta com a legislação pátria.
34
1.3.7. Direito Ambiental
De acordo com a Lei de Política Nacional do 
Meio Ambiente (Lei 6.838/81, artigo 3º, inciso I), o 
conceito de meio ambiente, in verbis:
“I - Meio ambiente o conjunto de condições, 
leis, influências e interações de ordem física, química 
e biológica, que permite,abriga e rege a vida em todas 
as suas formas;”. 
Podemos notar que o direito ambiental protege 
a vida em todas as suas formas, assim como o direito 
do trabalho rege a relação do ser humano com uma 
de suas formas de sobrevivência, o trabalho.
O meio ambiente do trabalho é algo absoluta-
mente intrínseco ao instituto aqui estudado vez que o 
mesmo determina as condições ambientais de trabalho 
como insalubridade e periculosidade, por exemplo:
Para ilustrar a importância do aqui descrito 
podemos citar o Programa de Prevenção de Riscos 
Ambientais, Norma Regulamentadora nº.08, com 
redação dada pela portaria nº.25 de 28 de dezembro de 
1884, estabelecendo a obrigatoriedade do PPRA, normas 
estas que versam sobre o meio ambiente do trabalho.
A fiscalização por parte do Ministério do Trabalho 
intensificou-se e as empresas que não se adéquem às 
normas e previsões pertinentes ao tema aqui retratado 
podem ser multadas em valores significativos.
As condições ambientais geram, por exemplo, 
benefícios para a aposentadoria, como a contagem 
35
específica para profissionais que laboram em situa-
ções insalubres.
1.3.8. Direito Previdenciário
A matéria previdenciária está ligada ao meio 
ambiente laboral e ao direito do trabalho puramente. 
Os trabalhadores e empresas são obrigados a recolher 
as verbas previdenciárias visando custear aposenta-
doria, licença maternidade, auxílio acidente, auxílio 
doença, dentre outros benefícios.
Os benefícios acima apontados estão estrita-
mente vinculados ao direito do trabalho. Ademais, 
aquele trabalhador que não exercer seu trabalho, como 
empregado, pode contribuir como facultativo visando 
garantir sua aposentadoria e demais benefícios.
1.3.9. Direito Processual do Trabalho
Para que possamos visualizar o direito do 
trabalho de forma mais ampla, mister a visualização 
do direito material e processual. O direito material 
do trabalho possui normas que visam regulamentar 
o trabalho em si, já o direito processual possui 
normas que permitem que as previsões legais mate-
riais possam ser colocadas em prática, definindo 
formalidades processuais para seu alcance através 
do poder judiciário.
36
Logo, o direito processual do trabalho permite a 
aplicação do direito material através da determinação 
de competência, estabelecendo prazos para a propo-
situra da ação, desta forma aplicando e promovendo 
a segurança jurídica necessária para a paz social no 
ambiente laboral.
1.3.10. Direito Penal
A legislação penal possui diversas regras que 
são ligadas ao direito do trabalho, tendo em vista 
que a prática de um crime por parte do empregado 
pode inclusive gerar a rescisão do contrato por justa 
causa, de acordo com o artigo 482 da Consolidação 
das Leis do Trabalho, com seus incisos.
O título IV do Código Penal versa sobre os 
Crimes contra a Organização do Trabalho, tipificando 
crimes comoa “frustração de direito assegurada por 
lei trabalhista” ou ainda “atentado contra a liber-
dade do trabalho”.
A lei de Crimes contra a Ordem Previdenciária 
Social, qual seja Lei n º 8.883/00 tem caráter penal, pois 
define punições nesta esfera, através de condutas que 
rumam em desencontro com o direito do trabalho.
37
1.3.11. Direitos Humanos
Após a Segunda Guerra Mundial a preocupação 
com direitos humanos surge com maior força.
A Declaração Universal dos Direitos do 
Homem determina em seu artigo 1º:
“Todos os homens nascem livres e iguais em 
dignidade e direitos. São dotados de razão e consci-
ência e devem agir em relação uns aos outros com 
espírito de fraternidade”.
Este artigo foi mencionado para que possamos 
refletir um pouco sobre o contexto global ao qual 
estamos inseridos. A dignidade da pessoa humana é 
um tema cada vez mais abordado, discutido e prin-
cipalmente almejado pela sociedade.
O direito do trabalho figura como impor-
tante personagem nesta relação da sociedade com o 
homem em si. Para tanto o trabalho deve dignificar 
o trabalhador, permitindo ao mesmo que exerça suas 
funções em ambientes de trabalho dignos, com remu-
neração e recolhimentos previdenciários condizentes 
com a legislação.
Tais elementos devem ser observados na relação 
de emprego, uma vez que o trabalhador sempre será 
interpretado em nosso contexto legislativo como 
hipossuficiente e para tanto condições dignas de 
trabalho devem ser sempre buscadas.
Como aplicadores do direito, devemos sempre 
observar em situações reais as condições de trabalho, 
forma de remuneração, ambiente de trabalho além de 
38
demais situações fáticas as quais aquele trabalhador 
foi submetido ou esta sendo submetido.
Os Tratados de Direitos Humanos, após a 
Emenda Constitucional 45, possuem força de norma 
constitucional (após serem devidamente recepcio-
nados no país, bem como aprovados na forma da 
lei), os direitos humanos devem ser interpretados de 
forma conjunta às normas de direito do trabalho, tais 
ramos do direito estão intimamente ligados aprovados 
na forma do artigo 5º, §3º, da CF/88.
Economia
A economia “é uma ciência social, ou seja, ela 
pressupõe a escassez em nível social, isto é, condi-
cionando a vida de todos os seres indistintamente, 
sem se preocupar com o fenômeno em sua dimensão 
individual” 44.
Os fatos econômicos incidem diretamente no 
direito do trabalho, vez que a relação entre empre-
gador e empregado tem causa econômica.
Ademais, os planos econômicos adotados 
pelo Estado têm reflexo direto nos empregos, no 
momento em que se determinam políticas salariais, leis 
trabalhistas e previdenciárias, entre outras, ocorrem 
mudanças na estrutura jurídica e financeira do país.
O exame do aspecto econômico em leis traba-
lhistas criadas pelo Legislativo deve sempre levar em 
4 Nusdeo, Fabio - Curso de Economia- Introdução ao Estudo do 
Direito Econômico-6ª edição, página 28.
39
consideração o impacto financeiro na sociedade e 
sua viabilidade em face da previsão orçamentária do 
Estado e demais ramos da sociedade.
Sociologia
A sociologia estuda o comportamento das 
sociedades sua constituição, organização, manifes-
tações e demais características pertinentes.
Tal ciência tem relação direta com o Direito 
do Trabalho, pois o mesmo é um fator determinante 
para a formação e estrutura da sociedade. O trabalho 
é um meio de produção de valores sociais.
Historicamente as condições de trabalho 
geraram inúmeras manifestações por parte dos 
trabalhadores almejando condições mais dignas para 
exercer suas funções, muitas vezes tais manifestações 
se configuram como divisores de épocas e períodos.
Em função da estreita relação do trabalho 
como forma de evolução do homem e da socie-
dade, esta ciência possui estreita relação com o 
Direito do Trabalho em que pese o fato de que o 
mesmo está em constante evolução de acordo com 
as mudanças sociais.
40
Questões
1. (XI Concurso do Ministério Público do 
Trabalho) No que tange à história do Direito do 
Trabalho é INCORRETO afirmar:
a) Na Constituição de 1881, conferiram-se 
poderes expressos ao Congresso Nacional para legislar 
sobre o trabalho.
b) Apenas com a entrada em vigor da CLT 
foi que se regulou o funcionamento dos sindi-
catos no Brasil.
c) Já no Tratado de Versalhes, foi fixado o 
princípio de que o trabalho não deve ser considerado 
como simples mercadoria ou artigo de comércio, mas 
como colaboração livre e eficaz na produção das 
riquezas; o direito ao pagamento aos trabalhadores 
de um salário que lhe assegure um nível de vida sem 
muitas preocupações e de acordo com o tempo e 
a condição do seu País; a adoção da jornada de 8 
horas ou da semana de 48 horas; e instituição de um 
descanso semanal de 24 horas, no mínimo, e que 
deverá ser, sempre que possível, no domingo.
d) A Carta del Lavoro é uma declaração de 
princípios, não se podendo, portanto, sob este 
41
aspecto, identificar a CLT como uma cópia integral 
de tal documento.
e) Não respondida.
2. (XIV Concurso do Ministério Público do 
Trabalho) Complete com a opção CORRETA. A 
Constituição do México de ______ tratou de regras 
de Direito do Trabalho no seu artigo 123.
a) 1815
b) 1817
c) 1818
d) 1821
e) Não respondida
3. (FUNDEC - 2003 - TRT - 9ª REGIÃO 
(PR) - Juiz - 1ª Prova - 1ª Etapa) Sobre a formação 
histórica do Direito do Trabalho, assinale a alter-
nativa incorreta:
a) O Liberalismo, inspirado nos princípios 
consagrados pela Revolução Francesa e pela Decla-
ração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, 
http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/fundec-2003-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa
http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/fundec-2003-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa
42
significou uma reação contra o absolutismo monár-
quico e a origem divina e sobrenatural do poder, mas 
não favoreceu os direitos dos trabalhadores.
b) A Constituição de Weimar, de 1919, embora 
texto avançado para a sua época, não representou 
grande conquista no campo dos direitos sociais.
c) A Carta Del Lavoro (Itália, 1927) representou 
forte inspiração para a Consolidação das Leis do 
Trabalho brasileira de 1943.
d) A Igreja Católica, especialmente através das 
Encíclicas Rerum Novarum (Leão XIII, 1891), Quadra-
gésimo Anno (Pio XI, 1931), Mater et Magistra e Pacem 
in Terris (João XXIII, 1961 e 1963, respectiva-
mente Laborem Exercens (João Paulo II, 1981), por 
seu forte sentido humanista e de valoração da digni-
dade do trabalho, também contribuiu para avanços 
no campo do desenvolvimento social.
e) O Manifesto Comunista (Marx, 1848), docu-
mento máximo do socialismo, ainda que contenha 
conceitos hoje superados, contribuiu para a formação 
do atual Direito do Trabalho.
43
4. A Era Vargas foi uma fase importante 
para a criação de direitos trabalhistas. Mediante 
tal assertiva assinale a alternativa INCORRETA:
a) A gestão do então presidente Getúlio Vargas 
foi marcada pela criação do direito de greve e liber-
dade de criação de sindicatos, caracterizando o marco 
inicial do Direito Coletivo no Brasil;
b) A Justiça do Trabalho foi criada no Brasil 
pela Constituição de 1834, garantindo maior espe-
cialização e aperfeiçoamento para a análise das lides 
concernentes à matéria trabalhista.
c) Embora marcada pela ditadura, a Era 
Vargas, visando evitar manifestações contundentes 
da classe dos trabalhadores, fortemente influen-
ciados pelos ideais revolucionários europeus, criou 
normas protecionistas e incluiu direitos como o 
salário mínimo e limite de jornada de trabalho de 
oito horas diárias.
d) O direito do trabalho, somente passou a 
ciência autônoma dotada de validade normativa, após 
a Constituição de 1888, caracterizando este período a 
Criação do Ministério do Emprego e Trabalho através 
da Emenda Constitucional nº. 45.
e) As alternativas a e d estão INCORRETAS.
44
5. A denominação “Direito do Trabalho” 
como ramo jurídico que rege as relações labo-
rais surgiu, pois:
I. Nascido no seio da RevoluçãoIndustrial, o 
termo “Direito do trabalho” demonstrou-se muito 
abrangente, não refletindo uma nomenclatura própria 
às situações nascidas do trabalho em si.
II. O termo “Direito Operário” excluía da 
relação os empregadores, desenhando um ramo jurí-
dico unilateral;
III. O termo “Direito Operário” não parece 
adequado visto a exclusão de diversas formas de 
trabalho e tipos de trabalhadores, como os rurais e 
domésticos, por exemplo;
IV. Convencionou-se no período da Revolução 
Industrial a separação de Direito Comercial e Civil 
das relações de trabalho. A nomenclatura “Direito do 
Trabalho” abarca, portanto, empregados vinculados 
às indústrias e pequenos comércios.
Mediante a leitura das assertivas supra, assinale 
a alternativa CORRETA:
a) As alternativas I e II estão corretas;
b) Somente a alternativa II está correta;
c) Somente a alternativa IV está correta;
d) As alternativas II e IV estão incorretas
45
e) Nenhuma das anteriores
6. Assinale a alternativa correta:
a) A remuneração concedida ao trabalhador 
em face da prestação de serviços possui caráter 
econômico, representando a finalidade política do 
Direito Trabalhista.
b) A finalidade tutelar do direito do trabalho 
define-se por políticas que defendem a liberdade das 
partes em convencionarem de acordo com as neces-
sidades contratuais trabalhistas.
c) A força produtiva representada pela mão 
de obra de um país reflete a finalidade econômica do 
direito do trabalho, no que tange à geração de empregos 
e consequente geração de renda na sociedade.
d) As alternativas b e c estão corretas.
46
7. Defina a finalidade econômica do 
Direito do Trabalho.
8. Defina a f inalidade tutelar do 
direito trabalhista.
9. Qual a relação entre direito do 
trabalho e direito ambiental?
10. O direito internacional poderá 
interferir no Direito do Trabalho pátrio?
11. Relacione dire i to do t rabalho 
e direito penal?
12. O direito do trabalho e o processo do 
trabalho tutelam normas similares?
47
2
Capítulo
Autonomia
51
Para que possamos compreender a auto-
nomia do direito do trabalho, inicialmente devemos 
definir a palavra autonomia inserida no contexto do 
direito como um todo.
Um ramo jurídico autônomo caracteriza-se pela 
independência que possui em relação aos demais ramos, 
possuindo desta forma princípios, regras e normas 
distintas das demais, determinando um campo espe-
cífico possuidor de contornos próprios.
Inicialmente ligava-se o Direito do Trabalho 
ao Direito Civil, pois umas das primeiras formas de 
trabalho, as locações de serviço e empreitadas, eram 
previstas pelo Código Civil. Ademais, o contrato 
de trabalho possuía características em comum 
com o contrato definido pela legislação civil. No 
entanto, o direito do trabalho avultou-se e surgiu 
com requisitos próprios.
A autonomia está presente no nascimento e 
consagração de uma ciência com características e 
identidade peculiares, diferindo-se dos demais ramos 
do direito por sua especificidade.
O professor Mauricio Godinho Delgado5 cita 
em sua obra alguns requisitos para que seja definida 
a autonomia de um ramo jurídico, descritos de forma 
sintética seriam basicamente quatro; a) O primeiro 
requisito seria a necessidade de um vasto e específico 
campo temático, b) Teorias próprias referentes ao ramo 
investigado; c) Metodologia própria de construção e 
5 Delgado, Mauricio Godinho, “ Curso de Direito do Trabalho”, 5ª 
edição, Editora LTR, São Paulo, 2006.- página 67.
52
reprodução de sua estrutura; d) Existência de perspec-
tivas e questionamentos próprios.
Cotejando o acima descrito com o Direito 
do Trabalho devemos refletir em face do alegado 
em busca da real definição da “autonomia” do 
direito do trabalho.
A necessidade de vasto e específico campo 
temático é atendida através de nossa legislação traba-
lhista, sendo imperioso ressaltar que não existe no 
Brasil um Código do Direito do Trabalho, assim 
como existe nos demais ramos. Entretanto, possu-
ímos a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, 
Constituição Federal, Legislação Esparsa e demais 
normas trabalhistas, que serão abordadas mais deta-
lhadamente adiante.
Em face da necessidade de teorias próprias, 
devemos trazer à baila os princípios concernentes 
ao direito do trabalho, desenhando um caráter estatal 
protecionista e apartado dos demais ramos do direito.
No que tange à metodologia própria de cons-
trução e reprodução de sua estrutura, podemos citar 
a negociação coletiva, resultado de tratativas entre o 
sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal, o 
acordo coletivo e, finalmente, o dissídio coletivo.
Muito embora o tema aqui estudado seja o 
Direito Individual do Trabalho, o direito coletivo 
do trabalho comprova a existência da metodologia 
própria deste ramo jurídico, de onde se depreende que 
normas pactuadas em negociações coletivas possuem 
força de lei entre as partes, desde que favoráveis ao 
53
trabalhador. O dissídio coletivo, levado ao ditame 
do judiciário, após o sindicato patronal e dos traba-
lhadores não chegarem a um consenso e de comum 
acordo pleiteiam a decisão do mesmo, emite decisões 
com força de lei.
O quarto e último requisito seria a existência 
de questionamentos e perspectivas próprias, pois o 
direito do trabalho possui características e questiona-
mentos específicos, próprios que não se aplicam aos 
demais ramos do direito por versarem sobre temas 
referentes ao ambiente laboral.
Em análise aos quatro requisitos supracitados 
podemos concluir que o Direito do Trabalho é um 
ramo autônomo tanto do ponto de vista doutrinário, 
pois possui obras destinadas ao seu estudo exclusiva-
mente, quanto a partir da ótica didática em que pese 
o fato de ser uma disciplina autônoma a ser estudada 
inclusive nas cadeiras universitárias.
Para que seja definitivamente delineada a auto-
nomia do direito do trabalho, devemo-nos ater ao fato 
de que o mesmo possui uma justiça especializada (Justiça 
do Trabalho) para o julgamento de suas lides, sendo a 
mesma responsável pelo julgamento de qualquer ques-
tionamento referente ao contrato de trabalho.
54
2.1. Natureza Jurídica e Normas 
Jurídicas Trabalhistas
A natureza jurídica de uma ciência jurídica 
consiste em definir a qual ramo o mesmo pertence, 
ou seja, enquadrá-lo nas características do direito 
público ou privado.
A posição doutrinária dominante determina que 
o direito do trabalho possui natureza jurídica de direito 
privado. Para fins de concurso público e pós-graduação, 
é necessário o estudo das demais teorias como o direito 
misto, direito unitário e direito social. Assim, vamos 
estudar cada uma delas de forma detalhada.
2.1.1. Direito Público
O direito público agrega as normas refe-
rentes ao Estado e regula as situações jurídicas em 
que o Estado surge como parte. A fundamentação 
desta teoria elenca três características do direito do 
trabalho como de natureza jurídica do direito público: 
a Natureza Administrativa de algumas normas, como 
exemplo podemos citar as normas regulamentadoras 
expedidas pelo Ministério do Trabalho; as Normas 
com caráter estatutário se aproximam das normas 
expedidas pela administração aos seus servidores; 
e a imperatividade das normas trabalhistas, como o 
princípio da irrenunciabilidade, por exemplo. 
55
Devemos analisar com muita atenção tais argu-
mentos, embora tais elementos estejam presentes no 
direito do trabalho em primeira análise, os mesmos 
não se enquadram a partir de um olhar mais profundo.
A relação laboral é determinada por leis espe-
cíficas que definem o contrato de trabalho, haja vista 
que o mesmo envolve, via de regra, duas partes, o 
empregador e o empregado, de onde se originam 
negociações para definir características peculiares ao 
pacto de trabalho de determinada categoria. Sob este 
prisma o “caráter estatutário” legado pela teoria do 
direito público não se enquadra, pois a administração 
determina a forma de contratação e regras às quais 
os estatutários devem se submeter, sem possibili-dade de qualquer alteração que não a realizada pelo 
próprio Estado.
O direito individual e o coletivo do trabalho 
não se submetem ao Estado. Outra feita às empresas, 
sindicatos seriam órgãos Estatais e deveriam seguir 
estritamente o determinado pela Administração.
E por fim a imperatividade do direito admi-
nistrativo aplica-se em situações em que o Estado 
figura como parte e o bem coletivo deve prevalecer. 
O direito do trabalho, no entanto, rege as relações 
individuais e coletivas no âmbito trabalhista.
56
2.1.2. Direito Privado
O direito privado rege as relações entre parti-
culares, como já dito anteriormente. Porém há que se 
mencionar que em uma relação de emprego existem 
dois particulares: o empregado e o empregador, salvo 
na hipótese do Estado como empregador.
Ademais, devemos nos remeter aos primórdios 
do direito do trabalho, onde as locações de serviço 
eram regidas pelo Direito Civil e apresentavam carac-
terísticas de contrato. O vínculo trabalhista nasce 
ainda da relação entre dois particulares.
As normas de direito do trabalho em sua 
maioria pertencem ao direito privado, o trabalhador 
não esta submetido ao Estado por força do Direito 
do Trabalho, O Estado deve versar sobre direitos 
da sociedade e zelar pelo bem estar público o ramo 
jurídico aqui estudado tutela o trabalhador e seu bem 
estar social de forma individual.
2.1.3. Direito Misto
O direito do trabalho possui normas de direito 
privado e normas de direito público, inegavelmente. 
A teoria do direito misto defende que o direito aqui 
estudado seria uma ciência híbrida, ou seja, compre-
enderia os dois ramos do direito.
57
O doutrinador Sérgio Pinto Martins6 ao citar 
Alfredo Montoya Melgar dispõe: que “o direito do 
trabalho não pertenceria nem ao direito público nem 
ao direito privado, mas compreenderia necessaria-
mente ambos os Direitos”.
Porém, mesmo com a coexistência destas 
normas a preponderância consiste em normas 
de direito privado.
2.1.4. Direito Unitário
A presente teoria defendida pelo autor Evaristo 
de Moraes Filho, consiste em afirmar que existe a 
união entre os dois ramos do direito resultando em 
um Direito Único.
Se este posicionamento fosse adotado, 
surgiria um terceiro elemento no ordenamento 
jurídico, além do direito publico e privado. Embora 
as normas destes ramos convivam no sistema jurí-
dico, as mesmas possuem características distintas 
o que impossibilita a junção das mesmas em 
um mesmo campo.
6 Martins, Sérgio Pinto, “Direito do Trabalho”, 23ªedição, Editora 
Jurídico Atlas, São Paulo, 2007, página 24.
58
2.1.5. Direito Social
O posicionamento doutrinário em face do 
direito do trabalho ser um direito social é defen-
dido mais enfaticamente por Cesarino Junior. Sua 
posição doutrinaria afirma que o direito do trabalho 
é um direito social, voltado aos hipossuficientes, ou 
seja, os empregados.
No entanto, tal enquadramento gera certa 
confusão considerando que o direito nasce da neces-
sidade social de regras de convívio. Sem olvidar, por 
sua vez, que o direito enquanto ciência em todos os 
seus ramos possui como escopo o bem estar social.
Eleger somente o direito do trabalho como 
“direito social” resultaria na exclusão dos demais 
campos jurídicos.
2.1.6. Normas Jurídicas Trabalhistas
Visualizar o direito constituído somente por 
normas não reflete sua extensão. O mesmo é formado 
ainda por institutos, instituições e princípios. O 
ordenamento jurídico é um conjunto no qual estão 
contidas as normas.
Os institutos correspondem ao conteúdo ou 
componentes de um determinado campo do direito, 
os mesmos somados criam a ciência jurídica a qual 
se referem. Institutos de direito do trabalho são as 
férias, décimo terceiro salário, aviso prévio, entre 
59
outros pequenos fragmentos normativos que acabam 
por resultar no universo normativo.
Visualizar o direito constituído somente por 
normas não reflete sua extensão. O mesmo é formado 
ainda por institutos, instituições e princípios. O 
ordenamento jurídico é um conjunto no qual estão 
contidas as normas.
Os institutos correspondem ao conteúdo ou 
componentes de um determinado campo do direito, 
os mesmos somados criam a ciência jurídica a qual 
se referem. Institutos de direito do trabalho são as 
férias, décimo terceiro salário, aviso prévio, entre 
outros pequenos fragmentos normativos que acabam 
por resultar no universo normativo.
As instituições trabalhistas são órgãos que 
visam desenvolver a ciência jurídica, seja de natu-
reza fiscalizatória como o Ministério do Trabalho 
ou de natureza representativa como os sindicatos 
dos trabalhadores.
Os princípios são a bases do conhecimento cien-
tífico determinando direções ao ordenamento jurídico, 
pois apresentam a verdadeira intenção da ciência juris-
dicional que representam. No direito do trabalho os 
princípios constroem bases protecionistas, retratando 
desta forma a intenção das demais normas.
Embora a ciência aqui estudada não possua um 
código compilando todas as suas leis, possui a CLT 
- Consolidação das Leis do Trabalho - uma série de 
legislações esparsas, convenções coletivas e dissídios 
coletivos que acabam por construir normas trabalhistas.
60
Neste sentido as normas não são somente as 
de origem estatal, pois somadas as normas originárias 
dos grupos sociais acabam por constituir um plura-
lismo jurídico em que as normas estatais e sociais 
convivem em harmonia.
O monismo jurídico consiste em defender a 
existência somente de normas oriundas do Estado, 
ignorando as normas sociais. O sistema vigente no 
direito do trabalho, inclusive por sua condição de 
ciência humana, é o do pluralismo jurídico.
2.1.7. Sistemas de Relação do 
Trabalho
O sistema é o resultado da soma de normas 
que se integram e se complementam e somadas 
formam um conjunto de elementos resultando no 
todo de uma ciência.
Cada país possui um sistema de relações do 
trabalho, pois as normas sofrem influências sociais, 
econômicas e políticas de acordo com a realidade em 
que são criadas. Conhecer o sistema trabalhista de cada 
país auxilia na compreensão do direito do trabalho.
Nosso estudo é focado na legislação trabalhista 
brasileira, o professor Amauri Mascaro do Nasci-
mento7 discorre sobre a classificação do sistema traba-
7 Nascimento, Amauri Mascaro ´Iniciação ao direito do Trabalho- 
35ª edição-páginas 78-79
61
lhista, dividindo-o em critérios político-econômicos 
e jurídico-normativos.
As primeiras normas trabalhistas pátrias, de 
forma conjunta a toda legislação, foram inspiradas no 
sistema fascista italiano, desta forma a presença do 
Estado, como interventor nas relações de trabalho e 
na economia, é um traço muito marcante. Os sindi-
catos eram atrelados ao Estado, visando controlar 
qualquer questionamento dos trabalhadores face aos 
empregadores. Na União Soviética, o socialismo real 
determinava que os meios de produção seriam de 
propriedade Estatal, assim como os sindicatos não 
possuíam liberdade sempre com o objetivo de propor-
cionar mais poder ao Estado. Ainda versando sobre 
os critérios políticos normativos podemos relembrar 
os termos do sistema neoliberalista, que se traduz pela 
retirada do Estado das relações econômicas e traba-
lhistas, concedendo aos meios privados a resolução 
dos litígios que surgirem, posto que os sindicatos não 
devem ser associados ao Estado, garantindo força 
àquela instituição quando das negociações coletivas 
para regulamentar relações laborais.
Cabe descrevermos ainda o sistema jurí-
dico normativo que consiste na interpretação das 
normas e suas diferentes facetas com a análise 
dos critérios político econômicos, ou seja, inter-
venção estatal, liberdade dos Sindicatos e auto-
nomia do direito do trabalho. Os sistemas regula-
mentados são aqueles em que as normas estatais 
versando sobre a proteção do trabalho estão muito 
62
presentes, restando pouca ou nenhuma interfe-
rência das relações privadas na construção de 
normas trabalhistas. Já o sistema não regulamentado 
é o contrário,ou seja, a predominância das normas nasce 
das relações profissionais e econômicas.
Geralmente existe um sistema misto onde 
existem normas estatais e normas privadas convivendo 
harmonicamente como ocorre no Brasil. Existem 
países que gozam de liberdade sindical nos moldes do 
determinado pela OIT - Organização Internacional 
do trabalho -, bem como países que possuem seus 
sindicatos atrelados ao Estado.
8 Mini Aurélio, 7ª edição, Editora Positivo, Curitiba 2008.
2.2. Fontes do Direito do Trabalho
Ao estudarmos a etimologia da palavra fonte, 
notamos que sua origem vem do latim fons que signi-
fica nascente. A definição da mesma palavra no dicio-
nário8 da língua portuguesa, além de trazer o mesmo 
significado, traz o sentido de origem.
O estudo das fontes do direito em geral é de 
suma importância vez que a origem das obrigações 
tem força determinante para seu estudo, esta pecu-
liaridade norteia o operador do direito na busca da 
nascente da lide.
63
No direito do trabalho não poderia ser dife-
rente, pois para que seja submetido ao direito alvo de 
nosso estudo a problemática deve possuir sua origem 
no ambiente de trabalho.
Cabe ressaltar que as fontes podem ser mate-
riais ou formais, sendo a primeira o estudo da situ-
ação real, tempo e demais fatos determinantes para 
a criação daquela norma, á segunda concretiza-se 
como a norma jurídica propriamente dita.
As fontes podem ser ainda autônomas ou hete-
rônomas, a primeira seria a norma elaborada pelos 
seus destinatários finais como a convenção coletiva, 
acordos coletivos, costumes, sendo as fontes hete-
rônomas elaboradas por agentes externos que não 
são os destinatários finais das mesmas. Portanto as 
fontes heterônomas são, por exemplo: Leis, sentenças 
normativas, convenções internacionais, Consolidação 
das Leis do Trabalho – CLT -, Constituição Federal, 
entre outros dispositivos legais.
Portanto, independentemente de classificações 
são fontes jurídicas do direito do trabalho: Consti-
tuição Federal, leis, decretos, regulamentos, conven-
ções coletivas, sentenças normativas, regulamentos 
de empresas, contratos trabalhistas, costumes.
2.2.1. Constituição
A Constituição Federal é a lei máxima do orde-
namento jurídico brasileiro, todas as demais normas 
64
devem estar em acordo com o determinado pela Carta 
Magna, dela emanam todas as normas.
A Constituição Federal estabelece em seus 
artigos 6º a 11º os direitos dos trabalhadores e de suas 
entidades representativas, determinando os direitos 
básicos dos trabalhadores.
Após a Emenda Constitucional 45, os tratados 
internacionais que versam sobre direitos humanos 
possuem força de norma constitucional (desde que 
aprovados por três quintos dos membros de Cada 
Casa do Congresso Nacional em duas votações). 
Importante ressaltar esta informação, pois o direito 
do trabalho está intimamente ligado às normas de 
direitos humanos.
Por sua condição de hierarquia máxima 
no ordenamento, a mesma define muitas vezes a 
forma com a qual a norma será elaborada e seu 
campo de atuação.
2.2.2. Leis Complementares
A Constituição Federal determina a necessidade 
de criação de leis complementares a alguns disposi-
tivos constitucionais sem autoaplicação.
A lei complementar deve ser aprovada por 
quórum absoluto nas casas legislativas, tendo como 
principal função explicar, complementar e regula-
mentar a norma constitucional que sinalizou a neces-
sidade de sua criação.
65
Não existira lei complementar tratando de 
matéria não definida pela Constituição Federal.
2.2.3. Leis Delegadas
As leis delegadas são criadas pelo Presidente da 
República, de acordo com o previsto nos artigos 58 
inciso IV e artigo 68 da Constituição Federal.
O Congresso Nacional possui competência 
originária para a elaboração das leis delegadas, as 
mesmas não podem versar sobre os assuntos deter-
minados pelo artigo 68 da Carta Magna, sendo os 
mesmos: organização do Poder Judiciário e do Minis-
tério Público; a carreira e a garantia de seus membros; 
nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos 
e eleitorais; planos plurianuais, diretrizes orçamentá-
rias e orçamentos.
A última lei delegada criada no Brasil data de 
1882 (Lei Delegada nº. 13) e versa sobre gratificações 
aos servidores do Poder Executivo.
2.2.4. Medidas Provisórias
Utilizadas com frequência indesejável no 
Brasil as Medidas Provisórias configuram-se como 
ferramentas do Presidente da República para casos 
de relevante urgência e interesse nacional.
66
As mesmas possuem vigência máxima de 60 
(sessenta dias) prorrogáveis por igual período para que 
sejam votadas pelo Congresso Nacional e convertidas 
em lei, sob pena de perderem sua eficácia.
O artigo 62 da Constituição Federal 
elenca as matérias que não podem ser alvo de 
Medidas Provisórias.
2.2.5. Leis Ordinárias
As leis ordinárias versam sobre matérias 
residuais, ou seja, que não estão vinculadas às leis 
complementares por força da determinação cons-
titucional. A elas cabe a criação de normas com 
conteúdo geral ou abstrato
A competência para a criação de leis ordinárias 
está descrita no artigo 61 da Constituição Federal.
2.2.6. Decretos
Os decretos regulamentam leis, as expli-
cando e detalhando. São privativos do chefe do 
Poder Executivo de acordo com o determinado 
pelo artigo 84 IV da Constituição Federal.
Cabe ressaltar que os decretos não possuem 
poder para alterar qualquer dispositivo da legal.
Os decretos - leis diferem dos decretos 
aqui relatados vez que não podem mais ser 
67
criados no atual ordenamento jurídico, porém 
é de suma importância ressaltar a Consolidação 
das Leis do Trabalho, oriunda do decreto lei 
nº. 5452 de 1843.
A Consolidação das Leis do Trabalho é 
uma compilação de leis trabalhistas em vigor no 
Brasil desde a Era Vargas em 1843, não sintetiza 
nem cria novos direitos como os códigos, porém 
reúne e compila as leis vigentes.
2.2.7. Sentenças Normativas
De acordo com o disposto pelo artigo 114 da 
Constituição Federal a Justiça do Trabalho é competente 
para julgar dissídios de natureza individual e coletiva.
Os dissídios de natureza coletiva são os respon-
sáveis pela produção das sentenças normativas, os 
mesmos devem versar sobre natureza econômica 
(objetivando melhores condições de trabalho) podem 
ser submetidos à Justiça do Trabalho pelas partes 
desde que de comum acordo, objetivando trazer 
solução jurisdicional para a lide.
As sentenças normativas constituem um 
direito àquela categoria. Cabe aqui ressaltar de 
forma muito superficial sobre as sentenças norma-
tivas por ser alvo de estudo do Direito Coletivo 
do Trabalho, porém as mesmas constituem fonte 
inegável de direito do trabalho.
68
2.2.8. Convenções e Acordos 
Coletivos
Convenções coletivas nascem a partir da 
negociação entre os sindicatos patronais e dos 
trabalhadores, criando normas de trabalho às 
categorias envolvidas nas negociações. Possuem 
a validade de no máximo dois anos (§ 3º, artigo 
614 CLT), momento em que as partes devem 
realizar novas tratativas.
A lei 13.467/2017 alterou o §3º do artigo 
614 da CLT para acrescentar a vedação da ultra-
tividade, isto é, as regras fixadas na convenção 
não serão aplicadas apos o final de sua vigência.
Os acordos coletivos envolvem o sindicato 
dos trabalhadores e uma ou mais empresas, são 
pactos envolvendo as condições e normas de 
trabalho das empresas envolvidas.
Ambos são reconhecidos pelo artigo 6º da 
Constituição Federal, constituem fontes exclusivas 
do direito do trabalho.
É importante sal ientar que a lei nº 
13467/2017 trouxe limitações à analise da 
convenção ou acordo coletivo de trabalho pela 
justiça do trabalho, de sorte que o exame das 
clausulas se limita aos elementos essenciais do 
negocio jurídico, de acordo com o artigo 104 
do Código Civil.
Institui-se, ainda, o principio da intervenção 
minima na autonomia da vontade coletiva.
69
Pondera-se que falar em “intervenção 
minima” em meio às precárias relações de trabalho 
no Brasil, em queprevalecem a desvalorização e 
exploração, significa um risco à dignidade dos 
trabalhadores, que certamente estarão a mercê de 
sindicatos fracos e da força do capital.
Nesse contexto, a implantação do artigo 
611-A na CLT pela lei 13467/2017 oferece possi-
bilidade de transação por acordo ou convenção de 
direitos como banco de horas e enquadramento 
do grau de insalubridade.
Assim, as mencionadas modificações legais 
desconsideram a hipossuficiência do trabalhador, 
bem como o histórico papel da justiça do trabalho 
no equilíbrio das relações laborais.
2.2.9. Regulamento de Empresa
As empresas possuem normas internas, o regu-
lamento das empresas vem compilar estas normas.
Geralmente descreve os setores ou elenca as 
funções de cada cargo e departamento, não podendo 
conter normas que vão ao desencontro com a lei. 
Alguns autores questionam o regulamento das 
empresas como fonte de direito do trabalho por 
geralmente ser emanado de forma unilateral e criado 
pelo empregador.
No entanto, suas normas acabam por integrar 
o contrato de trabalho, motivo pelo qual adere ao 
70
mesmo, determinando regras, normas e obrigações 
entre as partes.
2.2.10. Contrato de Trabalho
O contrato de trabalho acaba por gerar obri-
gação entre as partes e as clausulas nele inseridas são 
fontes de direito. Tal posicionamento aqui defendido 
pode ser realizado através do disposto no artigo 8º 
e 444 da CLT, ambos preveem que as disposições 
contratuais ensejam direitos e deveres as partes.
Novamente, é preciso virar a atenção para a 
reforma trabalhista, pela qual, no paragrafo único 
do artigo 444, abalizou-se que o contrato de trabalho 
tenha preponderância sobre instrumentos coletivos, 
contanto que o trabalhador tenha nível superior e 
que percebe salario igual ou superior a duas vezes o 
limite do RGPS.
Criou-se uma questionável diferenciação do 
trabalhador em melhor condição financeira e intelec-
tual, como se estas qualidades o livrassem de eventual 
abuso cometido pelo empregador, que continua a 
gozar de maior força e domínio da situação, tendo 
em vista a instabilidade do emprego no Brasil e no 
mundo, com o avançar de novas tecnologias.
Ademais, na medida em que historicamente 
o empregador não costuma respeitar o empregado, 
não é difícil concluir que os contratos frequente-
mente disporão de maneira diversa e em supressão 
71
de direitos previstos em convenções e acordos cole-
tivos de trabalho.
2.2.11. Usos e Costumes
As relações de trabalho e as situações que 
surgem em seu curso surpreendem ate mesmo o 
mais criativo dos legisladores ou operadores do direito. 
Não necessariamente as regras que surgem no bojo 
das empresas precisam ser escritas.
 A situação que ocorre reiteradamente acaba por 
integrar o contrato de trabalho, criando obrigações 
entre as partes. Por ser uma ciência mutável a todo 
tempo os usos e costumes são fontes importantes 
para a solução dos conflitos trabalhistas.
Os usos e costumes muitas vezes acabam por 
demonstrar aos legisladores a criação de normas posi-
tivas referentes ao assunto.
A aplicação dos mesmos é regulada pelo artigo 
8º da Consolidação das Leis de Trabalho.
2.2.12. Jurisprudência
A doutrina divide-se em considerar a jurisprudência 
como fonte de direito por não possuir aplicação obriga-
tória, no entanto, para fins de concurso público, é muito 
importante lembrar que formalmente a jurisprudência 
não é considerada fonte de direito do trabalho.
72
 A jurisprudência surge a partir das deci-
sões emanadas pelo poder judiciário em face de 
determinado tema.
Amador Paes de Almeida9 ao citar Russomano 
afirma o que segue:
“O certo é, entretanto, que o doutrinador 
abre, pela sua crítica, pela sua investigação cientí-
fica, caminho para o legislador do futuro. E o juiz, 
apreciando casos não previstos em lei preenchendo 
suas lacunas, assenta normas práticas de solução dos 
conflitos jurídicos.”
2.2.13. Normas de Origem 
Internacional
As normas de direito internacional podem 
constituir fontes mais benéficas ao trabalhador desde 
que recepcionadas pela legislação pátria,
As convenções e recomendações da OIT - 
Organização Internacional do Trabalho - são um 
exemplo de normas internacionais.
Porém, de acordo com o artigo 48, inciso I da 
Constituição Federal, os mesmos devem ser recepcio-
nados pela legislação pátria para possuírem eficácia.
Para fins de concurso público, mister a 
descrição das teorias abordadas por Sérgio Pinto 
9 Amador, Almeida de Paes- CLT Comentada, página 48.
73
Martins10, a teoria monista defende a unidade entre 
as normas de direito internacional e interno, e a 
teoria dualista entende a existência de duas ordens 
jurídicas distintas.
A Constituição Federal de 1888 adotou para 
o autor supracitado a teoria monista, defendendo 
que após a recepção da norma pelo ordenamento 
do país, a mesma altera, revoga ou complementa 
a norma interna. O posicionamento do Supremo 
Tribunal Federal versa sobre a integração da norma 
internacional ao ordenamento desde que devida-
mente recepcionada. Não devemos confundir a teoria 
monista acima referida com o pluralismo normativo 
presente no Direito do Trabalho.
O direito em estudo possui normas esparsas e 
fontes diversas, caracterizando o pluralismo norma-
tivo da ciência trabalhista.
10 Martins, Sérgio Pinto- “Direito do Trabalho”, página 42 e 43.
2.3. Hierarquia das Fontes 
Trabalhistas
O ordenamento jurídico é um conjunto de 
normas que versam sobre assuntos diferentes como 
competência, organização do estado, conduta. 
O artigo 58 da Constituição Federal elenca quais 
74
as normas existentes no ordenamento jurídico 
pátrio. Senão vejamos:
Art. 58. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, 
redação, alteração e consolidação das leis.
No artigo acima citado não encontramos 
nenhuma determinação sobre a hierarquia destas 
normas. Hans Kelsen desenvolveu a teoria que 
descreve as normas jurídicas dispostas em uma pirâ-
mide cujo cume é a Constituição Federal. Desta forma 
todas as outras normas devem estar submetidas à 
mesma para que sejam dotadas de validade.
75
A teoria de Kelsen determina a supremacia 
constitucional e o escalonamento das demais normas 
a ela, no Brasil possuiremos a seguinte ordem hierár-
quica: Constituição Federal, Tratados Internacionais 
que versem sobre direitos humanos, leis complemen-
tares, leis ordinárias, medidas provisórias e leis dele-
gadas, resoluções, decretos e demais normas.
Portanto, as normas inferiores são necessaria-
mente obedientes a normas superiores, ou ainda em 
situações que leis da mesma posição hierárquica versam 
sobre o mesmo assunto a lei mais específica será sobre-
posta a menos específica e assim por diante.
No direito do trabalho o escalonamento das 
normas por força da aplicação do princípio da norma 
mais favorável princípio protecionista e princípio da 
condição mais benéfica, será diferenciado.
As normas de ordem pública ou fontes estatais 
absolutas não podem ser modificadas por convenção 
entre as partes por conferirem direitos irrenunciáveis 
dos trabalhadores tais como férias, décimo terceiro 
salário, salário mínimo, repouso semanal remune-
rado, as normas de ordem pública relativa podem ser 
flexibilizadas por convenção entre as partes, como a 
diminuição do piso mínimo da categoria, aumento 
da jornada de trabalho nos turnos ininterruptos de 
trabalho, ente outros.
A Constituição Federal inegavelmente continua a 
ser a lei superior, mas na aplicação dos direitos aos casos 
reais devera prevalecer a norma mais benéfica ao traba-
lhador, não importando a existência de norma superior, 
76
desde que não prevaleça sobre interesse público, ou 
seja, a norma mais benéfica será aplicada desde que 
não ocorra prejuízo a coletividade.
Paraexemplificar o acima descrito: O artigo 
6º inciso XVI da CF determina que a hora extra 
deva ser paga acrescida de 50% (cinquenta por 
cento) a hora normal de trabalho, nenhuma norma 
pode estipular porcentagem inferior ao determi-
nado constitucionalmente, porém as Convenções 
Coletivas de Trabalho podem determinar valores 
superiores para as categorias envolvidas, em caso 
de discussão judicial será aplicado o valor da hora 
extra convencionado em Convenção Coletiva por 
ser mais vantajoso ao trabalhador.
O sistema de normas trabalhistas contém 
normas de caráter público e privado, tais previsões 
normativas são aplicadas ao direito individual e 
coletivo do trabalho.
Embora voltado à proteção do trabalhador 
como indivíduo, as normas aplicadas a casos indivi-
duais jamais poderá prejudicar a coletividade em face 
do bem da vida tutelado a sociedade.
77
Questões
1. (Concurso da Magistratura - TRT/
RJ-2008) Segundo o artigo 8º da Consolidação 
das Leis do Trabalho:
I. As autoridades administrativas e a Justiça 
do Trabalho decidirão por equidade somente casos 
previstos em lei.
II. Considerando os usos e costumes, as 
autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho 
poderão decidir de modo que o interesse de classe 
ou particular prevaleça sobre o interesse público.
III. As autoridades administrativas e a Justiça 
do Trabalho decidirão, mesmo havendo disposições 
legais e contratuais, conforme o caso, pela jurispru-
dência, por analogia, por equidade e outros princípios 
e normas gerais de Direito, sempre se utilizando o 
Direito Comum como fonte.
IV. As autoridades administrativas e a Justiça 
do Trabalho, na falta de disposições legais ou 
contratuais, decidirão, conforme o caso, pela juris-
prudência, por analogia, por equidade e outros 
princípios e normas gerais de direito e, ainda, 
de acordo com os usos e costumes, o Direito 
Comparado, mas sempre de maneira que nenhum 
interesse de classe particular prevaleça sobre o 
interesse público.
78
V. O Direito Comum será fonte subsidiária do 
Direito do Trabalho, ainda que incompatível com os 
princípios fundamentais deste.
Analise as proposições acima e assinale a 
alternativa correta:
a) Somente as alternativas I e II são verdadeiras;
b) Somente a alternativa III é verdadeira;
c) Somente a alternativa I é verdadeira;
d) Somente as alternativas IV e V são verdadeiras;
e) Somente a alternativa IV é verdadeira.
2. O Direito do Trabalho é uma ciência 
autônoma, pois:
a) É um ramo jurídico totalmente apartado 
do sistema normativo brasileiro, possuindo normas 
e princípios somente aplicáveis ao direito do trabalho, 
sem qualquer relação com os demais ramos.
b) Possui formas próprias de questionamento, 
vasta matéria de pertinência jurídica, princípios e 
normas específicas ao direito do trabalho.
79
c) E um ramo autônomo somente para fins 
didáticos visto que se integra no sistema normativo de 
forma integral, utilizando normas específicas somente 
em hipóteses de extrema necessidade.
d) Pois a Constituição Federal de 1888 definiu a 
autonomia do Direito do Trabalho, logo é autônomo 
por força de lei.
3. Quais são os requisitos que configuram o 
Direito do Trabalho como uma ciência autônoma?
4. Assinale a alternativa correta:
a) A natureza jurídica do direito do trabalho é 
mista, possuindo normas públicas e privadas, cons-
tituindo uma categoria distinta onde tais normas 
convivem harmonicamente.
b) O direito do trabalho, por tutelar os traba-
lhadores de forma protetiva, possui natureza jurídica 
de direito público, sendo as normas de direito privado 
aplicadas subsidiariamente.
c) Por ser um direito social e conter normas 
tutelares de partes submetidas ao estado, a natureza 
jurídica do direito do trabalho é de direito público.
80
d) As normas que tutelam o direito do trabalho 
são privadas em sua maioria, inegável a existência 
de normas de direito público, no entanto a natureza 
jurídica do direito laboral será de direito privado.
5. No que tange ao sistema jurídico traba-
lhista, é correto afirmar:
a) Caracteriza-se pelo pluralismo jurídico, 
contendo normas exclusivamente estatais.
b) Caracteriza-se pelo sistema regulamen-
tado, proporcionando a liberdade de negociação 
entre as partes.
c) Caracteriza-se como um sistema misto 
ou pluralismo jurídico, normas de direito público e 
privado convivem harmonicamente e os sindicatos 
não são atrelados ao Estado.
d) Caracteriza-se pela natureza jurídica 
híbrida, não possuindo um sistema próprio por 
conter normas elaboradas com caráter exclusiva-
mente de direito privado.
81
6. Relacione a incidência das normas de 
direito público no direito trabalhista cotejando a 
convivência das mesmas com normas privadas.
7. (II Concurso da Magistratura-TRT/
RJ-2004) Exemplo de Fonte Formal autônoma 
do Direito do Trabalho:
a) Constituição
b) Sentença Normativa
c) Medida Provisória
d) Lei Ordinária
e) Acordo Coletivo
8. (Esaf- TRT/CE- Analista Judiciário- 
2003) Sobre as fontes do Direito do Trabalho, 
aponte a opção correta.
a) As greves e os movimentos sociais orga-
nizados pelos trabalhadores representam as fontes 
formais do direito do trabalho.
b) As convenções coletivas de trabalho, 
firmadas entre sindicatos patronais e profissio-
82
nais, qualificam-se como fontes heterônomas do 
Direito do Trabalho.
c) As leis representam as fontes autônomas 
por excelência do Direito do Trabalho.
d) O regulamento de empresa, elaborado sem 
qualquer participação do sindicato profissional corres-
pondente, classifica-se como fonte autônoma do 
Direito do Trabalho.
e) Os costumes, práticas reiteradas de deter-
minadas condutas, reconhecidas como consentâ-
neas com os deveres jurídicos impostos ao corpo 
social, representam uma das fontes formais do 
Direito do Trabalho.
9. (FCC-TRT/RN - Analista Judici-
ário-2003) É fonte formal do Direito do Trabalho:
a) A jurisprudência;
b) A equidade;
c) A analogia;
d) A convenção coletiva;
e) O Costume.
83
10. (MS CONCURSOS - 2009 - TRT - 9ª 
REGIÃO (PR) - Juiz - 1ª Prova - 1ª Etapa) Analise 
as proposições a seguir:
I. No plano jurídico, fontes do Direito expressam 
a origem das normas jurídicas, podendo-se classificar 
as fontes em dois grandes blocos, designados de fontes 
materiais, enfocando o momento pré-jurídico, cons-
tituindo-se nos fatores que conduzem à emergência e 
construção da regra de Direito e fontes formais, enfo-
cando o momento tipicamente jurídico, considerando 
a regra já plenamente construída, os mecanismos exte-
riores e estilizados pelos quais essas regras se revelam 
para o mundo exterior, ou seja, os meios pelos quais 
se estabelece a norma jurídica.
II. As fontes formais justrabalhistas classificam-
-se em heterônomas e autônomas. São consideradas 
fontes autônomas do Direito do Trabalho: costumes, 
acordos coletivos de trabalho e convenções cole-
tivas de trabalho.
III. No Direito do Trabalho, em que um dos 
princípios é o “da norma mais favorável”, o critério 
orientador da hierarquia das normas jurídicas é 
distinto do rígido e inflexível operante no Direito 
Comum, implicando que no Direito do Trabalho a 
pirâmide normativa se constrói de modo plástico e 
variável, elegendo-se para o seu vértice dominante a 
norma que mais se aproxime do caráter teleológico 
do ramo trabalhista.
http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/ms-concursos-2009-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa
http://www.questoesdeconcursos.com.br/provas/ms-concursos-2009-trt-9a-regiao-pr-juiz-1a-prova-1a-etapa
84
IV. Pela hierarquia das fontes normativas, 
um decreto regulamentador não poderia ampliar 
direitos, falecendo ao Chefe do Poder Executivo 
poderes para alargar o comando legal regulamen-
tado. Todavia, considerando a especificidade do 
Direito do Trabalho, no caso de conflito de regras 
jurídicas, a solução jurisprudencial tem aplicado à 
regra da norma mais favorável, mesmo nos casos 
em que o decreto regulamentador amplia direito 
assegurado em lei.
V. Acerca da aderência contratual

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