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Literatura Resumo Geral

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1 
A ERA COLONIAL 
 
QUINHENTISMO NO BRASIL 
 
A COLONIZAÇÃO DO BRASIL 
 
Os três séculos de colonização vividos pelo Brasil 
(1500-1822) podem ser divididos em três momentos 
significativos: 
 
 o século XVI: em que a metrópole procurou 
garantir o domínio sobre a terra descoberta, 
organizando-a em capitanias hereditárias e 
enviando jesuítas da Europa e negros da África 
para povoá-la; 
 o século XVII: em que Salvador, na Bahia, povoada 
de aventureiros portugueses, índios, negros e 
mulatos, tornou-se o centro das decisões políticas 
e do comércio de açúcar. 
 o século XVIII: em que a região de Minas Gerais 
transformou-se no centro da exploração do ouro e 
das primeiras revoltas políticas contra a 
colonização portuguesa, entre as quais se 
destacou o movimento da Inconfidência Mineira 
(1789). 
 
A PRODUÇÃO LITERÁRIA 
 
A produção artística e cultural do Quinhentismo no 
Brasil não pode ser considerada brasileira, de fato. Isso 
porque quem a produzia - 
cronistas, viajantes, jesuítas eram 
portugueses que aqui se 
encontravam por um período 
curto e com uma finalidade 
especifica. Não havia, ainda, 
nenhuma identificação com a 
terra, considerada uma espécie de 
"Portugal nos trópicos”. Além 
disso, os modelos literários que 
cultivavam — na poesia, na prosa 
ou no teatro - eram totalmente 
lusitanos. 
Apesar dessas condições, a produção literária do 
período abre a nós, brasileiros, um rico filão literário, que 
será mais tarde fartamente explorado por nossos 
escritores: o interesse pelos índios, pelas belezas naturais 
da terra e pelas nossas origens históricas. 
NO BRASIL COLÔNIA DO SÉC. XVI, AS PRINCIPAIS 
PRODUÇÕES SÃO: 
 
 Crônicas de viagens, cartas e tratados, chamados 
de literatura de informação, escritos em prosa, 
cuja finalidade era narrar e descrever as viagens e 
os primeiros contatos com a terra brasileira e seus 
nativos, informando tudo o que pudesse interessar 
aos governantes portugueses. Dessa literatura 
informativa sobre o Brasil merecem destaque: A 
Carta de Pero Vaz de Caminha, O Diário de 
Navegações, de Pero Lopes de Sousa (1530) e A 
Viagem à terra do Brasil,de Jean de Léry (1578). 
 Poesia e teatro, cultivados pelos jesuítas, 
notadamente por Jose de Anchieta, cuja finalidade 
central era a catequese dos índios. 
 
PRINCIPAIS AUTORES: 
 
 José de Anchieta 
 Pero Vaz de Caminha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
BARROCO (1601-1768) 
 
 
 O Renascimento caracterizou-se pelo racionalismo, 
pelo equilíbrio, pela clareza e linearidade dos contornos. Já 
o Barroco tenta conciliar duas concepções de mundo 
opostas: a medieval e a renascentista. Assim, valores como 
do humanismo, o gosto pelas coisas terrenas, as satisfações 
mundanas e carnais, trazidos pelo Renascimento, fundem-
se a valores espirituais trazidos pela Contra-Reforma, o que 
resulta na forma de viver conflituosa, expressa na arte 
barroca. 
O Barroco na arte marcou 
um momento de crise espiritual da 
sociedade européia. O homem do 
século XVII era dividido entre duas 
mentalidades, duas formas 
diferentes de ver o mundo. 
Convivendo com o sensualismo e os 
prazeres materiais trazidos pelo 
Renascimento, os valores espirituais, 
tão fortes na Idade Média e 
desprezados pelo Renascimento, 
voltaram a exercer forte influência 
sobre a mentalidade da época. Uma 
nova onda de religiosidade foi 
trazida pela Contra-Reforma e pela 
fundação da Companhia de Jesus. O que decorreu daí 
foram naturalmente sentimentos contraditórios, já que o 
homem estava dividido entre valores opostos. É a arte 
barroca, que exprime essa contradição, igualmente 
oscilante entre o clássico (e pagão) e o medieval (cristão), 
apresentando-se como uma arte indisciplinada. 
 Comparado aos outros dois movimentos que 
integram a Lira Clássica, o Classicismo e o Arcadismo, o 
Barroco representa um desvio da orientação clássica, já que 
procurava, ao mesmo tempo, fundir a experiência 
renascentista ao reavivamento da fé cristã medieval. Coloca 
em risco assim, certos princípios muito prezados pela 
tradição clássica, como o predomínio da razão e o 
equilíbrio. 
 
CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA BARROCA: 
 
 Requinte formal: O Barroco literário foi uma arte 
da aristocracia e possui um refinamento que era 
desejado por seu público consumidor, porque lhe 
conferia status. 
 Figuração: em vez de dizer as coisas de forma 
direta e objetiva, o texto barroco prefere a 
figuração, a sugestão por meio de metáforas, de 
comparações, símbolos e alegorias. 
 Conflito espiritual: o homem barroco sente-se 
dilacerado e angustiado diante da alteração dos 
valores, dividindo-se entre o mundo espiritual e o 
mundo material. As figuras que melhor expressam 
esse estado de alma são as antíteses e os 
paradoxos. 
 Temas contraditórios: há o gosto pela 
confrontação violenta de temas opostos, como 
amor/dor, vida/morte, juventude/velhice e 
pecado/perdão. 
 A efemeridade do tempo e o carpe diem: o 
homem barroco tem consciência de que a vida 
terrena é efêmera, passageira, e, por isso, é 
preciso pensar na salvação espiritual. Mas, já que a 
vida é passageira, sente, ao mesmo tempo, desejo 
de gozá-la antes que acabe, o que resulta num 
sentimento contraditório, já que gozar a vida 
implica pecar e se há pecado, não há salvação. 
 Cultismo: é o rebuscamento formal, caracterizado 
pelo jogo de palavras e pelo excessivo emprego de 
figuras de linguagem. Também conhecido como 
gongorismo, pela influência do estilo do poeta 
espanhol Luís de Gôngora, o cultismo explora 
efeitos sensoriais, tais como cor, tom, forma, 
volume, sonoridade, imagens violentas, e 
fantasiosas enfim, recursos que sugerem a 
superação dos limites da realidade. 
 Conceptismo: (do espanhol concepto, "idéia") é o 
jogo de idéias, constituído pelas sutilezas do 
raciocínio e do pensamento lógico, por analogias. 
Embora seja mais comum o cultismo manifestar-se 
na poesia e conceptismo na prosa, é 
perfeitamente normal aparecerem ambos em um 
mesmo texto. 
 Jogo de claro/escuro: embora esse aspecto seja 
mais visível nas artes plásticas, o Barroco aprecia 
fundir a lua, à sombra, o que traduz o conflito 
resultante do desejo de fundir a fé à razão. 
 
PRINCIPAIS AUTORES: 
 
 Na poesia: Gregório de Matos, Bento Teixeira, 
Botelho de Oliveira e Frei Itaparica. 
 Na prosa: PE Antônio Vieira, Sebastião da Rocha 
Pita e Nuno Marques Pereira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
ARCADISMO (1768-1836) 
 
Se observarmos na história da cultura, veremos 
que cada novo momento é uma oposição no anterior. O 
homem parece estar sempre insatisfeito com a direção de 
seu próprio tempo, e por isso rompe com o presente, 
propondo algo novo. Porém, ao analisarmos o novo, 
notamos que muitos elementos, ainda mais antigos do que 
os abandonados, voltam à tona. É o velho que misturado a 
certas tendências, torna-se novidade. 
 Assim ocorreu com a cultura e as artes do século 
XVIII. Depois da onda de religiosidade e fé trazidas pela 
Contra-Reforma - cuja expressão artística foi o Barroco - no 
século XVIII se vê um reflorescimento das tendências 
artístico – científicas que marcam o Renascimento, de que 
resultam o Iluminismo, na filosofia, o Empirismo, na ciência, 
e o Neoclassicismo ou Arcadismo, na literatura. 
 
A LINGUAGEM ÁRCADE 
 
 A linguagem árcade é a expressão das idéias e dos 
sentimentos do artista do século XVIII. Seus temas e sua 
construção procuram adequar-se à nova realidade social 
vivida pela classe que a produziu e a consumia: a burguesia. 
 
CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA ÁRCADE: 
 
 Fugere urbem (fuga da Cidade): influenciados pelo 
poeta latino Horário, os árcades defendiam o 
bucolismo como ideal de vida, isto é, uma vida 
simples e natural, junto ao campo, distante dos 
centros urbanos. Tal princípio era reforçado pelo 
pensamento do filósofo francês Jean-Jacques 
Rousseau, segundo o qual a civilização corrompe 
os costumesdo homem, que nasce naturalmente 
bom. Observe como nestes versos de Cláudio 
Manuel da Costa, já no século XVIII, é ressaltada a 
violência da cidade, em oposição à paz do campo: 
 
quem deixa o trato pastoril amado 
pela ingrata, civil correspondência 
ou desconhece o rosto da violência, 
ou do retiro a paz não tem provado 
 
 Áurea mediocritas (vida medíocre materialmente, 
mas rica em realizações espirituais): outro traço 
presente advindo da poesia horaciana é a 
idealização de uma vida pobre e feliz no campo, 
em oposição à vida luxuosa e triste na cidade. 
Nestes versos de Tomás António Gonzaga, por 
exemplo, são exaltados o trabalho manual e o 
sentimento, em oposição ao artificialismo e às 
facilidades da vida urbana: 
 
Se não tivermos lãs e peles finas, 
podem mui bem cobrir as carnes nossas 
as peles dos cordeiros mal curtidas, 
e os panos feitos com as lãs mais grossas. 
Mas ao menos será o teu vestido 
por mãos de amor, por minhas mãos cosido. 
 
 Idéias iluminista: como expressão artística da 
burguesia, o Arcadismo: veicula também certos 
ideais políticos e ideológicos dessa classe, no caso 
idéias do iluminismo. Os iluministas foram 
pensadores que defenderam uso da razão, em 
contraposição á fé cristã, e combateram o 
Absolutismo. Embora não seja a preocupação 
central da maioria dos poetas árcades, idéias de 
liberdade, justiça e igualdade social estão 
presentes em alguns textos da época, como nestes 
versos de Tomás António Gonzaga: 
 
O ser herói, Marília, não consiste 
Em queimar os impérios: move a guerra, 
Espalha o sangue humano, 
E despovoa a terra 
Também a mau tirano. 
tanto pode ser herói o pobre, 
como o maior augusto. 
 
 Convencionalismo amoroso: na poesia árcade, as 
situações são artificiais, não é o próprio poeta 
quem fala de si e de seus reais sentimentos. No 
plano amoroso, por exemplo, quase sempre é um 
pastor que confessa o seu amor por uma pastora e 
a convida para aproveitar a vida junto à natureza. 
Porém, ao se lerem vários poemas, de poetas 
árcades diferentes, tem-se a impressão de que se 
trata sempre de um mesmo homem, de uma 
mesma mulher e de um mesmo tipo de amor. Não 
há variações emocionais. Isso ocorre devido ao 
convencionalismo amoroso, que impede a livre 
expressão dos sentimentos, levando o poeta a 
racionalizá-los. Ou seja, o que mais importava ao 
poeta árcade era seguir a convenção, fazer 
poemas de amor como faziam os poetas clássicos, 
e não expressar os sentimentos. Além disso, 
mantêm-se o distanciamento amoroso entre os 
amantes, que já se verificava na poesia clássica. A 
mulher é vista como um ser superior, inalcançável 
e imaterial. 
 
 Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida 
enquanto é possível lema já bastante explorado 
pelo Barroco é retomado pelos árcades e faz parte 
do convite amoroso, como nestes versos de Tomás 
António Gonzaga: 
 
Ah! não, minha Marília. 
aproveite-se o tempo, antes que faça 
o estrago de roubar ao corpo as forças, 
e ao semblante a graça! 
 
Dentre os autores árcades brasileiros, destacam-se: 
 
 Na lírica: Cláudio Manuel da Costa, Tomás António 
Gonzaga e Silva Alvarenga. 
 Na épica: Basílio da Gama - Santa Rita Durão e 
Cláudio Manuel da Costa. 
 Na sátira: Tomás António Gonzaga. 
 Na encomiástica: Silva Alvarenga e Alvarenga 
Peixoto. 
 
 
4 
 
 
A ERA NACIONALISTA 
 
ROMANTISMO (1836-1881) 
 
OS LIMITES CRONOLÓGICOS DO ROMANTISMO 
BRASILEIRO 
 
 Início: 1836 - Publicação de Suspiros Poéticos e 
Saudades, de Gonçalves de Magalhães. 
 Término: 1881 - Publicação de Memórias Póstu-
mas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e de O 
Mulato, de Aluísio Azevedo, obras que inauguram, 
respectivamente, o Realismo e o Naturalismo. 
 
CARACTERÍSTICAS CENTRAIS DO ROMANTISMO 
 
 O PREDOMÍNIO DA EMOÇÃO, DO SENTIMENTO, O 
SUBJETIVISMO: No Romantismo, a imposição do eu do 
artista à realidade opera-se de modo radical. Assim, a 
função emotiva ou expressiva da linguagem, centrada 
no emissor, é predominante. A realidade é captada 
pelo prisma pessoal do poeta. 
 
Amoroso calor meu rosto inunda. 
Mórbida languidez me banha os olhos, 
Ardem sem sono as pálpebras doloridas, 
Convulsivo tremor meu corpo vibra: 
Quanto eu sofro por ti! Nas longas noites 
adoeço de amor e de desejos. 
E nos meus sonhos desmaiando passa 
A imagem voluptuosa da aventura... 
Eu sinto-a de paixão encher a brisa, 
Embalsamar a noite e o céu sem nuvens... 
(Álvares de Azevedo) 
 
 A EVASÃO OU ESCAPISMO - A FUGA À REALIDADE: 
Profundamente idealizador, o romântico tem na 
insatisfação uma das suas constantes. O mundo real 
traía sempre o mundo da fantasia, da imaginação. 
Inadaptado à realidade, ou o romântico se rebelava e 
assumia a atitude revolucionária dos condoreiros, ou 
se deprimia e buscava a fuga. O escapismo projetou-se 
das formas mais diversas: no limite, a morbidez, o 
desejo de morrer, como lenitivo às tensões internas; 
em outros planos, a boêmia desbragada, o culto da 
solidão, o gosto pelas ruínas, pelo passado, por lugares 
exóticos e longínquos, a poesia cemiterial. Diz-se que 
os românticos têm um temperamento "lunar"; o sol, a 
luz, o dia não lhes aprazem, por representarem a 
realidade de que fugiam; a lua, a noite, as paisagens 
desertas faziam-se refúgios e confidentes das 
atribulações e tristezas do poeta. É o que vamos ver 
nos textos que seguem: 
 
Pensamento gentil de Paz eterna, 
Amiga morte, vem. Tu és o termo 
De dois fantasmas que a existência formam, 
- Dessa alma vã e desse corpo enfermo. 
 
Pensamento gentil de Paz eterna, 
Amiga morte, vem. Tu és o nada, 
Tu és a ausência das moções da vida, 
Do prazer que nos custa a dor passada. 
(Junqueira Freire) 
 
TEMAS E INTERESSES 
 
 NACIONALISMO: A valorização dos temas nacionais, do 
folclore, da cor local, do passado histórico, mítico e 
lendário deveu-se, na Europa, às transformações dos 
Estados nacionais, aos conflitos de interesses das 
nações face à Revolução Industrial; na América, a 
emancipação política das colônias foi o fermento da 
atitude nacionalista. 
 RELIGIOSIDADE: A impregnação religiosa, a 
redescoberta das fontes bíblicas, as sugestões da 
mitologia santoral cristã são localizáveis em alguns 
momentos do Romantismo. É notório que, ainda aqui, 
a irregularidade está presente. Para ficarmos num 
exemplo nacional, coexistem, no mesmo espaço 
literário, a contrição religiosa de um Gonçalves de 
Magalhães ou de um Fagundes Varela, e o satanismo 
de Álvares de Azevedo. Esta antinomia existe, algumas 
vezes, no mesmo autor. 
 ILOGISMO: A exacerbação do subjetivismo faz com que 
os românticos acreditem em si mesmos e nos mundos 
que criam, guiados pela intuição, mesmo quando essa 
atitude fere a lógica e a razão. Daí decorre o ilogismo, a 
instabilidade emocional, traduzida em atitudes 
antitéticas e paradoxais: alegria/tristeza, 
entusiasmo/depressão, desejo/autopunição. 
 IDEALIZAÇÃO DA MULHER: Quase sempre convertida 
em anjo, figura poderosa e inatingível, ou em demônio, 
capaz de mudar a vida do homem, de levá-lo à morte e 
à loucura. 
 
A EVOLUÇÃO DA POESIA NO BRASIL – AS GERAÇÕES 
 
O Brasil da 2ª metade do séc. XDC é uma jovem nação 
agrária, periférica no contexto mundial, não se podendo 
transplantar cabalmente as situações européias para o 
contexto brasileiro. Contudo, os temas literários são quase 
os mesmos e permitem essas aproximações: 
 
 A PRIMEIRA GERAÇÃO - década 1840/50 - (indianista 
ou nacionalista), de Gonçalves de Magalhães, 
Gonçalves Dias (inclusive a ficção de Alencar). 
 A SEGUNDA GERAÇÃO - década 1850/60 - (byroniana, 
do mal-do-século, individualista ou ultra-romântica), de 
Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes 
Varela etc. 
 A TERCEIRA GERAÇÃO - década 1860/70 - (condoreira, 
social ou hugoana), representada por Castro Alves. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
A PROSA DE FICÇÃO 
 
O ROMANCE BRASILEIRO 
 
No Brasil, o romance romântico (em Macedo, 
Alencar, Bernardo Guimarães, Franklin Távora, Taunay) 
elaborou a realidade,a partir do ponto de vista que 
norteou todo o nosso Romantismo, ou seja, o nacionalismo 
literário. O nacionalismo na literatura brasileira consistiu, 
basicamente, em escrever sobre coisas locais; no romance, 
a conseqüência foi a descrição de lugares, cenas, fatos e 
costumes do Brasil, ampliando largamente a visão da terra 
e do homem brasileiro. 
Numa sociedade pouco urbanizada, portanto ainda 
caracterizada por uma rede pouco variada de relações so-
ciais, o romance não poderia realmente lançar-se desde 
logo ao estudo das complicações psicológicas. O advento da 
burguesia criava, porém, novos problemas de ajustamento 
da conduta. 
O romance se desdobra numa larga frente que não 
cessaria de se ampliar e refinar. Iniciado em fins do decênio 
de 30, com algumas novelas pouco apreciáveis, toma corpo 
em 1843 com O Filho do Pescador, de Teixeira e Sousa, e A 
Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, no ano 
seguinte. 
Enredo e tipos: a princípio e até a maturidade de 
Machado de Assis, o romance não passará muito além 
destes elementos básicos. Ora o enredo é soberano como 
em Teixeira e Sousa, ora predominam os tipos como em 
Manuel António de Almeida. Em todos, porém, ressalta a 
atenção ao meio, ao espaço geográfico e social onde a 
narrativa se desenvolve. 
Quanto à matéria, o romance brasileiro nasceu 
regionalista e de costumes; ou melhor, pendeu desde cedo 
para a descrição dos tipos humanos e das formas de vida 
social nas cidades e nos campos. O romance histórico se 
enquadrou nesta mesma orientação. O romance indianista 
constituiu desenvolvimento à parte. 
Assim, há três graus na matéria romanesca, 
determinados pelo espaço em que se desenvolve a 
narrativa: 
 
 CIDADE - VIDA URBANA 
 CAMPO - VIDA RURAL 
 SELVA - VIDA PRIMITIVA 
 
A figura dominante do período, José de Alencar, pas-
sou pelos três, e nos três deixou boas obras: Lucíola, O 
Sertanejo, O Guarani. 
O aprofundamento da análise vai se tornando viável 
pela sedimentação do material estudado no romance. O 
romance rural de Bernardo e Távora, o romance urbano de 
Macedo, Manuel António e Alencar constituem, por assim 
dizer, a superposição progressiva de camadas, que ia 
consolidando o terreno para a sondagem profunda de 
Machado de Assis. 
Levados à descrição da realidade pelo programa 
nacionalista, os escritores eram, contudo, demasiado 
românticos para elaborar um estilo e uma composição 
adequados. A cada momento, a tendência idealista rompe 
nas frases, na articulação dos episódios, na configuração 
das personagens, abrindo brechas profundas para o 
fantástico, o desmesurado, o incoerente na linguagem e na 
concepção (Realismo x Romantismo). 
 
A EVOLUÇÃO DA FICÇÃO ROMÂNTICA 
 
Ao lado da poesia e do teatro, a ficção, entendida 
como romance, novela e conto, completa o quadro dos 
gêneros preferidos do Romantismo. Os traços mais comuns 
desse gênero, entre nós, são: 
 
a) Maniqueísmo, ou seja, divisão do mondo em mal. 
b) Detalhes de costumes e de cor local, objetivamente 
referidos. 
c) Comunhão entre a Natureza e os sentimentos 
personagens. 
d) Elevação de sentimentos e nobreza de caracteres em 
oposição à vilania, com o triunfo do bem e a punição 
do mal, com intenção moralizante. 
e) Linearidade das personagens, estereotipadas, visíveis. 
f) Complicação sentimental: o herói e a heroína têm 
encontro final, o happy end, retardado pela ação vilão, 
ou pelo conflito entre a honra e o dever, ainda pela 
intriga ou orgulho ferido, criando no leitor a 
expectativa pelo desenlace. 
 
Dentre as modalidades de romance cultivadas no Brasil, 
destacam-se: 
 
 O ROMANCE DE FOLHETIM: Era publicado com 
periodicidade regular pela imprensa, explorando a 
complicação sentimental, a intriga, o mistério, a 
aventura, à maneira das novelas da j televisão. Esta 
modalidade gozou de grande popularidade até o 
advento da radiodifusão, quando passou a ser I 
divulgada por esse veículo. 
 O ROMANCE URBANO: Fotografa com fidelidade os 
ambientes, cenas, costumes e tipos humanos extraídos 
da burguesia. Volta-se para a caracterização exterior 
das personagens: atos, gestos, palavras, diálogos, 
roupas etc. 
 O ROMANCE HISTÓRICO: A matéria narrativa é 
fornecida pelo passado histórico, de preferência 
remoto, de modo a permitir a idealização, ou pelo 
passado lendário. O compromisso do romancista com a 
História restringe-se essencialmente à reconstituição 
do clima da época, à fidelidade aos hábitos, costumes e 
instituições. O romance de capa e espada e o romance 
de mistérios são desdobramentos do romance 
histórico; o primeiro, voltado para a vingança punitiva 
e o suspense; o segundo, voltado para á exploração de 
peripécias e surpresas, desembocando, às vezes, na 
fantasmagoria. 
 O ROMANCE REGIONALISTA: Explora, no Romantismo, 
as paisagens e costumes das ilhas culturais brasileiras, 
o Nordeste, os Pampas Gaúchos, o Pantanal Mato-
Grossense, o Sertão de Minas e Goiás, ora tendendo ao 
nativismo e ufanismo (Alencar, Bernardo Guimarães), 
ora valorizando o aspecto documental (Taunay e 
Franklin Távora). 
 O ROMANCE INDIANISTA: Confinando com o romance 
 
6 
histórico, tende à epopéia e à criação de "heróis 
nacionais", míticos, lendários, tomados como símbolos 
de elementos formadores da nacionalidade. 
 
ROMANCES REGIONALISTAS 
 
a) O SERTANEJO - Ambientado no Nordeste 
brasileiro, traça todo um complexo de 
características geográficas e culturais, registrando 
o típico de nossa sociedade rural, desde o 
comportamento individual e as relações 
domésticas, até o registro do folclore. Personagem 
central: Arnaldo Louredo. 
b) O GAÚCHO - A vida do homem dos pampas não é 
espelhada com fidelidade. Personagem central: 
Manuel Canho. 
c) TIL - Ambientado no planalto paulista, relata a 
história do amor impossível entre Miguel e Berta. 
d) O TRONCO DO IPÊ - A história tem como cenário a 
Fazenda Nossa Senhora do Boqueirão, na zona da 
mata fluminense. Um velho tronco de ipê, outrora 
frondoso, representa a decadência da fazenda. 
Bem próximo, numa cabana, mora o negro 
Benedito, espécie de feiticeiro, que guarda o 
segredo da família. Mário, a personagem central, 
que viveu desde criança na fazenda, juntamente 
com a prima Alice, descobre que o pai da moça, 
Joaquim, é o assassino de seu pai. Desesperado, 
Mário tenta o suicídio, pois não pode se casar com 
a filha de um assassino. Mas o negro Benedito o 
impede, contando-lhe 
o segredo: Joaquim não matou o pai de Mário. Ele 
foi tragado pelas águas do Boqueirão e está 
enterrado junto ao tronco de ipê. Mário reconcilia-
se com a vida e se casa com Alice. 
 
ROMANCES HISTÓRICOS 
 
a) AS MINAS DE PRATA - Apresenta o mito do 
tesouro escondido, que arrasta para os sertões 
brasileiros a onda de aventureiros e bandeirantes, 
aos quais se deve o seu povoamento. Personagem 
central: Estácio Corrêa. 
b) A GUERRA DOS MASCATES - Reporta-se a um 
episódio da História do Brasil: a luta travada entre 
as cidades de Olinda e Recife, nós anos de 1710 e 
1711, pelos pernambucanos proprietários de 
engenhos que viam com desconfiança a 
prosperidade de Recife, onde residiam os 
mascates, como eram designados os comerciantes 
portugueses, resultando forte animosidade. Para 
fugir à autoridade de Olinda, então sede da 
capitania, os recifenses solicitaram e obtiveram do 
reino a jurisdição própria de sua vila. Rebelaram-
se os de Olinda que, armados, se apoderaram de 
Recife, depondo o governador e nomeando para o 
cargo o bispo de Olinda. Depois de várias lutas, os 
ânimos são serenados, conservando Recife sua 
autonomia. 
c) O GARATUJA - Crônica da sociedade colonial do 
Rio de Janeiro. O "Garatuja" é a personagem Ivo, 
moleque travesso, acostumado a riscar paredes 
com carvão. 
Apadrinhado do escrivão Sebastião Ferreira Freire, 
Ivo obtém a mão de Marta, filha do escrivão, 
sucedendo-o no cartório. 
 
ROMANCES URBANOS 
 
a) CINCO MINUTOS - História de um jovem que, per-
dendo o bonde por cinco minutos, conhece 
Carlota, por quem se apaixona,sem ver-lhe o 
rosto. Carlota é doente, deve morrer, e recusa-se a 
recebê-lo. Depois de muita insistência, os dois se 
encontram. Carlota recupera a saúde. Casam-se. 
b) A PATA DA GAZELA - Horácio, jovem bem vestido 
e vaidoso, conhece Amélia e imagina que ela 
esteja por ele. Ficam noivos. Leopoldo, moço i a 
casa da moça, apaixona-se por ela também. 
Amélia, aos poucos, percebe a frivolidade do 
futuro marido. Rompe o noivado, casa-se com 
Leopoldo. 
c) A VIUVINHA - Narra a história de Carolina, cujo 
mando, Jorge, finge suicídio na manhã seguinte ao 
casamento, para lotar peio resgate de dívidas que 
mancham soa honra e a memória de seu pai. 
Durante cinco anos, Carolina se conserva fiel, 
resistindo ao amor de uma sombra que lhe 
aparece todas as noites à janela. Decorrido esse 
lapso de tempo, retoma Jorge, para a felicidade de 
Carolina. Reiniciam a vida interrompida. 
d) SONHOS D'OURO - Romance que situa o problema 
social da mulher face à família e ao casamento. 
Personagens: Guida e Ricardo. 
e) DIVA - Augusto, médico, narra na primeira pessoa 
o seu amor por Emília, moça de personalidade 
forte, mas que, no fim, confessa seu amor por ele. 
f) LUCÍOLA - Narra a história de Lúcia, que, tendo 
sido expulsa de casa, é obrigada a viver da 
prostituição. Apaixona-se por Paulo e com ele 
mantém um amor puro. Ao saber que está grávida, 
tem um choque e morre. 
g) ENCARNAÇÃO - Hermano, um viúvo, é tido como 
doente mental, em razão de seu procedimento 
esquisito. Amália, uma vizinha, descobre que a 
causa de seu comportamento era o obstinado 
amor e fidelidade à esposa falecida. Amália passa 
então a nutrir por Hermano uma grande afeição 
que vai se transformar em amor, materializando-
se no casamento de ambos. 
h) SENHORA - Aurélia Camargo, moça pobre e órfã 
de pai, ficou noiva de Fernando Seixas, rapaz de 
boa índole, mas desfibrado pelo desejo de carreira 
fácil e brilhante. Em parte pelo fato de ser pobre, 
em parte pela perspectiva de um bom dote, 
Fernando abandona a noiva, que se desilude dos 
homens. Inesperadamente, morre-lhe o avô e ela 
fica milionária. Movida por vários impulsos e 
motivos, manda propor a Fernando que a despose 
mediante um dote de cem contos, quantia 
avultadíssima na época. Envolvido em dificuldades 
financeiras, o rapaz aceita; mas na noite do 
casamento, Aurélia, manifestando desprezo 
profundo, comunica-lhe que deverão viver lado a 
 
7 
lado, como estranhos, embora unidos ante a 
opinião pública. Fernando compreende o sentido 
da compra a que se sujeitara e toma consciência 
da leviana futilidade em que vivia. Numa espécie 
de longo duelo, marido e mulher se põem à prova, 
até que Fernando consegue a soma necessária 
para devolver o que recebera e propõe a 
separação. Entrementes, o seu caráter se forjara, 
enquanto se abrandava a dureza de Aurélia. O 
desenlace é a reconciliação entre ambos, cujo 
amor havia crescido com a experiência. Nota-se a 
firmeza da observação dos costumes do tempo, o 
que representa um traço ponderável de realismo e 
de modernidade, quando a tendência do romance 
considerado mais "brasileiro" era no sentido do 
pitoresco histórico ou regional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
REALISMO E NATURALISMO 
 
 Início: 1881 - Memórias Póstumas de Brás Cubas, 
de Machado de Assis, funda o Realismo e, no 
mesmo ano, O Mulato, de Aluísio Azevedo, funda 
o Naturalismo. 
 Término: 1893 - Início do Simbolismo, com o 
aparecimento de Missal e Broquéis, obras de Cruz 
e Sousa. 
 
LOCALIZAÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL 
 
O Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo são 
as correntes artísticas mais expressivas da segunda metade 
do século XIX até o limiar do século XX. Refletem, no plano 
artístico, a consolidação da burguesia e seu fortalecimento, 
enquanto classe detentora do poder, em função do triunfo 
definitivo do capital industrial sobre o capital de comércio e 
da implementação do capitalismo avançado e sua expansão 
às áreas periféricas do sistema mundial, América, África e 
Ásia. O ímpeto revolucionário e contestatório do período 
romântico, a exaltação da liberdade individual, da rebeldia, 
são substituídos por novas palavras de ordem: a ciência, o 
progresso, a razão, que interessam à classe dominante, no 
sentido da estabilização de suas conquistas, de 
preservação, da ordem, de maximização da produção 
industrial. O lema, da bandeira brasileira, “Ordem e 
Progresso”, extraído de, Augusto Comte, sintetiza a 
proposta do Positivismo, uma das vertentes do 
pensamento da época. 
O apogeu da Revolução Industrial, o avanço 
científico e tecnológico marcaram profundas 
transformações na vida, na arte e no pensamento. A 
situação das massas trabalhadoras nas cidades industriais, a 
explosão urbana, a eletricidade, o telégrafo sem fios, a 
locomotiva a vapor criaram uma nova forma de vida, 
antecipadora da civilização industrial do nosso tempo. 
 
CARACTERÍSTICAS TEMÁTICAS E ESTILÍSTICAS 
 
 OBJETIVISMO: Caracteriza-se pela preocupação com a 
verdade, não apenas o verossímil, mas com a verdade 
exata, a que se chega por meio de observação e 
análise. Na recriação artística da realidade, os autores 
da época põem em primeiro plano as impressões 
sensoriais, através da descrição objetiva. Os detalhes 
são da maior importância e nada é desprovido de 
interesse. 
 IMPASSIBILIDADE: O autor procura uma posição 
neutra, ausentando-se da narrativa, desinteressado 
pelo destino das personagens, que são “fotografadas” 
por dentro (Machado de Assis) ou por fora (Aluísio 
Azevedo). Procura-se obedecer a uma lógica rigorosa 
entre as causas que determinam o comportamento 
humano; nenhuma atividade da personagem realista é 
gratuita, há sempre uma explicação lógica e 
cientificamente aceitável para o seu comportamento. 
 PERSONAGENS ESFÉRICAS: Enquanto no Romantismo 
as personagens tendiam a ser lineares, construídas ao 
redor de uma única idéia ou qualidade, “bem” x “mal”, 
“herói” x “vilão” com atitudes plenamente previsíveis e 
infensas a qualquer evolução, reduzindo-se a tipos (o 
mocinho pobre bem-intencionado; a mocinha 
casadoira; o pai tirano; a tia bisbilhoteira; o arrivista 
fulminante, no final desmascarado etc), o Realismo 
valoriza as personagens esféricas, que apresentam 
simultaneamente várias qualidades ou tendências; são 
complexas, multiformes, e repelem qualquer 
simplificação. São dinâmicas, porque evoluem e têm 
profundidade psicológica. (Observe-se, no entanto, 
que, em grandes obras do Romantismo, também se 
encontram personagens esféricas, ou seja, dotadas de 
complexidade, profundidade e evolução psicológica.) 
 TEMAS CONTEMPORÂNEOS: A obra realista e 
naturalista centra-se no presente, no momento vivido 
pelo autor. São freqüentes a crítica social, que busca 
desnudar as mazelas da burguesia e do clero, e a 
análise psicológica, voltada para a investigação dos 
motivos das ações humanas. 
 EXALTAÇÃO SENSORIAL: O romântico apreendia o 
mundo com o coração, com o sentimento, com uma 
atitude espiritualizante. O realista é, acima de tudo, 
sensorial: precisa ver, apalpar, experimentar 
fisicamente. A sensação é elemento fundamental no 
conhecimento do mundo. Assim, no Realismo, o amor 
perde a conotação espiritualizante para restringir-se ao 
aspecto físico: ocorre o que chamaríamos de 
sexualização do amor. Ao invés do casamento como 
epílogo, teremos o adultério como ponto de partida. 
 
ELEMENTOS DA NARRATIVA REALISTA-NATURALISTA 
 
a) A narrativa é lenta, minuciosa e a ação e o enredo 
ordem a importância para a caracterização das 
personagens. 
b) Predomina a denotação e a metáfora ê colocada 
em segundo plano, cedendo lugar à metonímia. 
c) Preocupação formal. Busca-se a clareza, o equilí-
brio, a harmonia da composição, além da correção 
gramatical. 
 
CORRENTE NATURALISTA 
 
É um desdobramento do Realismo,por isso 
falamos período do Realismo-Naturalismo, pois há muitos 
pontos comuns entre as duas correntes. Ambas orientam-
se no sentido do cientificismo e do materialismo, da 
objetividade e da crítica às instituições burguesas, ao clero 
e à monarquia. No Brasil, ambas se desenvolvem 
simultaneamente e coexistem em determinados autores; 
mas há diferenças a assinalar: 
 
a) A visão de vida do Naturalismo é mais 
determinista, mais mecanicista; ressalta-se o 
aspecto biofisiológico do homem, visto como um 
animal, regido pelo instinto e pela fisiologia, não 
pelo espírito nem pela razão. 
b) Por influência do método científico da Medicina 
Experimental, de Claude Bernard, o naturalista faz 
do romance uma espécie de laboratório da vida, 
encarando o homem e a sociedade como um 
"caso" a ser analisado. 
c) O autor naturalista, com sua preocupação 
 
9 
científica e seus interesses universais, atém-se aos 
fatos e nada que esteja na Natureza é indigno da 
literatura. Isso implica certa indiferença, certo 
amoralismo, não importando a opinião sobre os 
atos, mas os atos em si mesmos. Daí a abordagem 
de temas escabrosos (sedução, adultério, incesto, 
homossexualismo, taras e vícios), tão ao gosto de 
determinados autores. A denúncia dos aspectos 
degradantes da condição humana faz-se com o 
propósito de melhoria das condições sociais que os 
geraram. 
d) As obras naturalistas pecam por esquematismo, 
presas que estão ao determinismo, à explicação 
cientificista e esquemática da vida. Restringem-se, 
muitas vezes, apenas à exterioridade, aos 
condicionamentos, incapazes de perfurar essa 
crosta e contemplar o homem em toda a sua 
complexidade. 
 
QUADRO COMPARATIVO 
REALISMO NATURALISMO 
Origem: França Origem: França, com Thérèse 
Raquim (1867) de Émile Zola 
Romance documental, 
apoiado na observação 
e na análise. 
Romance experimental, que 
pretende apoiar-se na 
experimentação científica. 
Acumula documentos, 
“fotografa” a realidade, 
para dar a impressão de 
vida real. 
Imagina experiências que 
remetem a conclusões a que 
não se chagaria apenas pela 
observação. 
Arte desinteressada, 
impassibilidade. 
Arte engajada, de denúncias; 
preocupações políticas 
sociais. 
Reproduz a realidade 
exterior, bem como a 
interior, através da 
análise psicológica. 
Centra-se nos aspectos 
exteriores: atos, gestos, 
ambientes. 
Volta-se para a 
psicologia, para o 
indivíduo. 
Prefere-se a biologia, a 
patologia, centra-se mais no 
social. 
Retrata a crítica as 
classes dominantes, a 
alta burguesia urbana. 
Espelha as camadas 
inferiores, o proletariado, os 
marginais. 
É indireto nas 
interpretações; o leitor 
tira as suas próprias 
conclusões. 
É direto nas interpretações; 
expõe conclusões, cabendo 
ao leitor aceitá-las ou discuti-
las. 
Grande preocupação 
com o estilo. 
O estilo é relegado a 
segundo plano; no primeiro, 
a denúncia. 
Seleciona os temas, tem 
aspirações estéticas, 
busca o belo. 
Detém-se nos aspectos mais 
torpes e degradantes. 
 
O REALISMO-NATURALISMO NO BRASIL 
 
O período realista-naturalista foi o primeiro em 
nossa literatura a apresentar um panorama completo de 
vida literária, com todos os gêneros florescendo, com as 
instituições culturais se multiplicando, com os numerosos 
jornais sendo relativamente lidos. A literatura passa a ser 
aceita pelos setores instruídos das classes dominantes e das 
camadas médias. De elemento marginal que era o escritor 
foi-se tornando aceito, considerado parte integrante da 
vida social. Esse processo é simbolizado pela fundação da 
Academia Brasileira de Letras (1897), que veio, de certo 
modo, a oficializar a literatura. A importância desse período 
é completada pelo relevo adquirido pela oratória civil, os 
estudos históricos, a gramática, a crítica literária etc. 
A figura mais expressiva da corrente realista foi 
Machado de Assis, pela excelência da obra, pela 
contribuição pessoal que acrescentou aos postulados 
realistas, pelos caminhos que descortinou para nossa 
literatura, determinando um salto qualitativo que marca a 
maturação das nossas letras. Realista não-ortodoxo, avesso 
a todos os modismos, Machado inaugura procedimentos 
literários, cujos desdobramentos ainda hoje se podem 
perceber. 
A vertente naturalista, capitaneada por Aluísio 
Azevedo, tem como representantes típicos, além dele, 
Inglês de Sousa, Júlio Ribeiro, Domingos Olímpio, Adolfo 
Caminha, Manuel de Oliveira Paiva. Quanto a Raul 
Pompéia, veremos a seu tempo que sua classificação como 
naturalista é problemática. 
No Brasil, ao contrário do que ocorreu na Europa, 
o Realismo e o Naturalismo desenvolvem-se simultânea e 
não sucessivamente, balizados por estes limites 
cronológicos: 
 
ESQUEMA GERAL DA PROSA REALISTA-NATURALISTA 
 
I - ROMANCE REALISTA 
 
 Machado de Assis 
 Raul Pompéia - (classificação problemática) 
 
II - ROMANCE NATURALISTA 
 
A – SOCIAL 
 
 Aluísio Azevedo 
 
B – URBANO 
 
 Adolfo Caminha 
 Júlio Ribeiro 
 
C – REGIONALISTA 
 
 Domingos Olímpio 
 Inglês de Sousa 
 Manuel de Oliveira Paiva 
 
D - NATURALISTA ESTILIZADO - "ART NOUVEAU" 
 
 Coelho Neto 
 Afrânio Peixoto 
 Xavier Marques 
 
 
 
 
 
 
10 
PARNASIANISMO (1882 1893) 
 
LOCALIZAÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL 
 
O Parnasianismo é um estilo literário, especifica-
mente poético, que se desenvolve paralelamente ao 
Realismo-Naturalismo, de cujo contexto histórico participa, 
aplicando-se-lhe, em linhas gerais, o que ficou dito, a esse 
título, sobre a época realista. É a fase de ouro da burguesia, 
enriquecida com a Revolução Industrial, desfrutando do 
conforto moderno e do progresso. 
Ainda que não se possa confundir o ideário 
parnasiano com o dos movimentos que lhe são 
contemporâneos, há algumas convergências importantes: a 
negação do subjetivismo, a postura anti-romântica. 
 
TEMAS, MOTIVOS E FORMAS DA POESIA PARNASIANA 
 
 ARTE PELA ARTE - O ESTETICISMO: Derivada das 
propostas de Théophile Gauthier, a "arte pela arte" é 
um dos princípios centrais dos parnasianos. A poesia 
volta-se para o belo (esteticismo), descompromissada 
com os problemas do mundo. É uma arte para a elite, 
revelando acentuado desprezo pela plebe, pelas 
aspirações populares, pelo cotidiano. Há uma recusa 
frontal aos temas "vulgares"; a poesia distancia-se da 
vida e os poetas encerram-se em suas "torres de 
marfim", impedindo que sua poesia se faça permeável 
às grandes causas de seu tempo. Mais tarde, é contra 
essa alienação que os modernistas se insurgem: 
 
Longe do estéril turbilhão da rua, 
Beneditino, escreve! No aconchego 
Do claustro, na paciência e no sossego, 
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! 
("A um Poeta" - Bilac) 
 
 IMPASSIBILIDADE E A CONTENÇÃO DO LIRISMO: O 
Parnasianismo é a negação da poesia sentimental e 
confessional dos românticos. Ao egocentrismo 
romântico, os poetas parnasianos preferem os (temas 
universais) "O Amor", "A Vida", e não "Meu Amor", 
"Minha Vida". A subjetividade é afastada do 
sentimentalismo. Vejamos um exemplo dessa atitude: 
 
Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero 
Luto jamais te afeie o cândido semblante! 
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho; e diante 
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero. 
 
Em teus olhos não quero a lágrima; não quero 
Em tua boca o suave e idílico descante. 
Celebra ora um fantasma anguiforme de Dante, 
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero. 
("Musa Impassível", Francisca Júlia) 
 
 PERFEIÇÃO FORMAL: O POETA JOALHEIRO: Centrados 
no puro fazer poético, os parnasianos instauram o 
materialismo da forma, o artesanato do verso. A 
palavra é trabalhada como matéria-prima que deve ser 
lapidada, burilada (buril = instrumento usado na exe-
cução de gravuras em metal, madeira ou pedra), 
cinzelada (cinzel = instrumento usado pelos 
escultores). A poesia deve ser fruto do esforço 
intelectual, da elaboração. Os parnasianos são "poetas 
de dicionário", extremamente zelosos da linguagem 
pura, vernácula, sem incorreções ou vulgaridades.A 
seleção vocabular é rigorosa, abeirando-se da 
erudição. A assimilação dos ideais das artes plásticas 
(pintura, escultura, arquitetura, ourivesaria etc.) 
aproxima a atitude do poeta parnasiano e a do pintor, 
escultor, arquiteto ou ourives, enfatizando o aspecto 
do perfeccionismo do trabalho artístico. Essa 
proximidade em relação aos ideais das artes plásticas é 
muito evidente nos textos que transcrevemos a seguir: 
 
Invejo o ourives quando escrevo; 
Imito o amor 
Com que ele, em ouro, o alto-relevo 
Faz de uma flor. 
 
Imito-o. E, pois, nem de Carrara 
A pedra firo: 
O alvo cristal, a pedra rara, 
O ônix prefiro. 
 
Por isso, corre, por servir-me, 
Sobre o papel 
A pena, como em prata firme 
Corre o cinzel. 
("Profissão de Fé" - Bilac) 
 
 A POESIA DESCRITIVA, PLÁSTICA E VISUAL: Os objetos, 
as cenas históricas e os fenômenos naturais (o 
anoitecer, a primavera, o amanhecer) são descritos por 
meio de impressões sensoriais, nítidas, especialmente 
as imagens visuais, que se convertem em verdadeiros 
cromos, tal a intensidade das cores e do brilho. f Este 
cromatismo intenso é particularmente visível nas cenas 
da natureza e na descrição de objetos de arte, duas 
constantes da temática do Parnaso. Nos últimos 
decênios do século XIX, o estreitamento dos contatos 
com o Oriente (China, índia, Japão) e as descobertas 
arqueológicas na Grécia e em Roma revelaram uma 
arte particularmente requintada, na estatuária, nos 
objetos (vasos etc), maravilhando o gosto burguês pelo 
exótico, pelo requinte. Há uma verdadeira adoração 
desses objetos, um quase fetichismo. Alberto de 
Oliveira, entre os parnasianos brasileiros, especializou-
se nessa temática ("O Vaso Grego", "O Vaso Chinês", 
"O Leque", "A Estátua"). 
 
Esta de áureos relevos, trabalhada 
De divas mãos, brilhante copa, um dia, 
Já de aos deuses servir como cansada, 
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. 
("Vaso Grego", Alberto de Oliveira) 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 O RETORNO À TRADIÇÃO CLÁSSICA: O Parnasianismo 
foi a recuperação dos ideais do Classicismo; 
representou um retorno aos temas e formas da poesia 
greco-romana, renascentista e arcádica. Tem com elas, 
em comum, o predomínio da razão, o 
antropocentrismo, os ideais da arte voltada para o 
belo, para o bem, para a verdade e para a perfeição; a 
submissão rigorosa às regras e modelos 
preestabelecidos; a objetividade e a obediência ao 
princípio aristotélico de que a arte deve ser a cópia da 
natureza (mímesis). Revivem no Parnasianismo os 
temas extraídos da História e da Mitologia greco-
romanas: O Incêndio de Roma, A Sesta de New, O 
Triunfo de Afrodite, O Julgamento de Frinéia, A 
Tentação de Xenócrates são títulos de algumas 
composições antológicas de Olavo Bilac, que nos 
remetem à Grécia e à Roma antigas. 
 A MÉTRICA RIGOROSA: Os parnasianos preferiam os 
versos longos, especialmente os alexandrinos (12 
sílabas) e os decassílabos. 
 A PREFERÊNCIA PEIAS FORMAS FIXAS: Os parnasianos 
reabilitaram as formas clássicas da poesia. O soneto, 
quase abandonado no Romantismo, foia forma eleita 
pelos poetas da época. Também o terceto, a sextina, a 
balada, o rondo são largamente cultivados. 
 INVERSÕES SINTÁTICAS: há hipérbatos e anástrofes 
muito freqüentes; a sintaxe é opulenta e tende ao 
rebuscamento. 
 
PRINCIPAIS AUTORES: 
 
 Alberto de Oliveira 
 Raimundo Correia 
 Olavo Bilac 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SIMBOLISMO (1893 1922) 
 
O SIMBOLISMO NO BRASIL LIMITES CRONOLÓGICOS 
 
 Início: 1893 com a publicação de Missal (poemas em prosa) e 
Broquéis (poesia) de Cruz e Sousa. 
 Término: 1922 (Em sentido amplo os limites do Simbolismo 
se estendem até a Semana de Arte Moderna; ou 1902: Em 
sentido estrito, reconhece-se a publicação de Os Sertões, de 
Euclides da Cunha, e de Canaã, de Graça Aranha, como 
marcos iniciais de novo período literário, o Pré-Modernismo, 
cujo advento não significou, entretanto, interrupção do 
Simbolismo.) 
 
SÍNTESE DAS CARACTERÍSTICAS 
 
 NEGAÇÃO DO POSITIVISMO, do cientificismo, do 
materialismo e das estéticas neles fundamentadas, o 
Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo. 
 Criação poética como fruto do inconsciente, da intuição, da 
sugestão, do "EU-PROFUNDO", da associação de idéias e 
imagens. Complexidade na relação EU / MUNDO. 
 ESPIRITUALISMO, misticismo, subjetivismo intenso, 
ocultismo. Ânsia de superação, de fuga do terreno, 
comunhão com os Astros, o Espírito, o Alto, a Alma, o 
Infinito, a Essência, o Desconhecido. Fixação pela Idade 
Média e por vocabulário litúrgico de ambiência eclesiástica 
(antífona, missal, ladainha, hinos, breviário, turíbulos, aras, 
incenso). 
 TOM VAGO, impreciso, nebuloso. Poesia hermética, ilógica, 
indireta, obscura, rompendo com a lógica discursiva. A poesia 
como mistério. (Mallarmé, Pedro Kilkerry). 
 USO CONSTANTE DE SINESTESIAS: Correspondências entre 
as sensações, ou mistura de sentidos como verificado de 
exemplo abaixo em que a luz possui cheiro e a som tem cor e 
exala aroma: 
 
Nasce a manhã, a luz tem cheiro... Ei-la que assoma 
Pelo ar sutil... Tem cheiro a luz, a manhã nasce... 
Oh sonora audição colorida do aroma! 
(Alphonsus de Guimaraens) 
 
 MUSICALIDADE: Por meio das aliterações (seqüência de 
fonemas consonantais idênticos ou de mesma área de 
articulação, dentro do mesmo verso ou em versos contíguos). 
Note o exemplo abaixo: 
 
E as cantilenas de serenos sons amenos 
fogem fluidas fluindo afina flor dos fenos. 
(Eugênio de Castro) 
 
Vozes veladas veludosas vozes, 
Volúpias dos violões, vozes veladas, 
(Cruz e Sousa) 
 
 ASSONÂNCIAS (seqüência dos mesmos fonemas vocálicos 
nas sílabas tônicas de palavras sucessivas ou próximas). 
Verifique o trecho seguinte: 
 
Ao longo da viola chorosa 
Vai adormecendo aparlenda... 
(Camilo Pessanha) 
 
 
 
 
 
 
12 
 Linguagem fundamentada em uma "GRAMÁTICA 
PSICOLÓGICA": neologismos, arcaísmos, combinações 
vocabulares inesperadas. A metáfora como célula 
germinal da poesia. Palavras escolhidas pela 
sonoridade, pelo ritmo, pelo colorido, fazendo-se 
arranjos artificiais .de partes ou detalhes para criar 
impressões sensíveis. 
 MAIÚSCULAS ALEGORIZANTES: substantivos comuns, 
escritos com inicial maiúscula, no interior do verso, 
para realçá-los semanticamente, fazendo que se 
refiram a "essências" e aumentando a sua 
expressividade: 
 
Indefiníveis músicas supremas, 
Harmonias da Cor e do Perfume... 
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, 
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume... 
(Cruz e Sousa) 
 
 RETICÊNCIAS e o CONECTIVO BÍBLICO "e" (no início do 
verso). 
 
PRINCIPAIS TEORIZADORES 
 
 Baudelaire - (a teoria das correspondências). 
 Verlaine - (a musicalidade). 
 Mallarmé - (o hermetismo intencional, a rebeldia 
sintático-semântica). 
 Rimbaud - (a alquimia verbal, a magia e o poder 
encantatório do vocábulo). 
 
PONTOS DE CONTATO COM O PARNASIANISMO 
 
 Preocupação formal 
 Culto da rima 
 Preferência pelo soneto (não sistematicamente) 
 Distanciamento da vida 
 Descompromisso com as questões mundanas. 
 
ANTECIPAÇÕES DA MODERNIDADE 
 
 Ruptura com o descritivo e linear. 
 Automatismo verbal, linguagem do mundo interior. 
 Monólogo interior, captação do fluxo de consciência. 
 Desarticulação sintática e semântica. 
 Sondagem infinitesimal da memória. 
 
PRINCIPAIS AUTORES: 
 
 Cruz e Sousa 
 Alphonsus de Guimaraens 
 Medeiros de Albuquerque 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
Pré-Modernismo 
 
O termo "Pré-Modernismo" foi criado por Alceu de 
Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) para designar o período 
cultural brasileiro que vai do princípio deste século à 
Semana de Arte Moderna, ou, como quer a cronologia 
literária, de 1902, ano da publicação de Canaã, de Graça 
Aranha, e de Os Sertões, de Euclides da Cunha, até 1922, 
ano da realização da Semana de Arte Moderna. 
Corresponde à "belleépoque" brasileira, marcada 
pela concomitância de diversas correntes, às vezes opostas: 
 
 Parnasianismo residual (Raimundo Correia, Bilac, 
Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho ainda 
estavam vivos e escreviam); 
 Neoparnasianismo (Amadeu Amaral e Martins 
Fontes) 
 prosa tradicionalista (Rui Barbosa, Joaquim 
Nabuco e Coelho Neto); 
 Simbolismo, que não logrou penetração nas elites 
cultas da época nem nas camadas populares; 
 Realismo-Naturalismo, transfundido na prosa 
regionalista de Afonso Arinos, Simões Lopes Neto, 
Valdomiro Silveira e Hugo de Carvalho Ramos; 
 Literatura problematizadora da realidade 
brasileira, que é a mais caracteristicamente pré-
modernista - Euclides da Cunha, Lima Barreto, 
Coelho Neto e Graça Aranha. 
 
Assim, esquematizando, no período que vamos 
estudar, convivem tendências CONSERVADORAS e 
RENOVADORAS. 
O aspecto conservador está diretamente ligado à 
sobrevivência da mentalidade positivista, agnóstica e liberal 
que se expressava no estilo realista-naturalista-parnasiano 
e seus desdobramentos, já que a corrente simbolista não 
penetrou, senão superficialmente, no espírito das classes 
cultas. Otto Maria Carpeaux deixa claro que "aqui e só aqui 
fracassou o Simbolismo; e por isso, o movimento poético 
precedente sobreviveu, quando já estava extinto em toda 
parte do mundo". 
O aspecto renovador está na incorporação, do 
ponto de vista do conteúdo, de aspectos da realidade 
brasileira, refletindo situações históricas novas, ou só a 
partir de então consideradas: 
 
 a miséria e o subdesenvolvimento nordestino, em 
Euclides da Cunha; 
 a vida urbana e as transformações do início do 
século (as greves, o futebol, o arranha-céu, o jogo 
do bicho, os pingentes da Estrada de Ferro Central 
do Brasil, o subúrbio carioca), em Lima Barreto; 
miséria do caboclo do Vale do Paraíba, a 
decadência da cultura cafeeira, o anacronismo das 
práticas agrícolas, em Monteiro Lobato; e a 
imigração alemã no Espírito Santo, em Graça 
Aranha. 
 
Assim, pode-se dizer que o aspecto conservador (o 
Pré) localiza-se mais no código, na linguagem que, com 
algumas poucas ousadias, continuou fiel aos modelos 
realistas e naturalistas (Aluisio Azevedo, Eça de Queirós, 
Machado de Assis, Flaubert, Emile Zola, Balzac); 
ressuscitando até o Barroco do Padre António Vieira, 
perceptível em Rui Barbosa e Euclides da Cunha. 
O aspecto renovador (o Modernismo) está 
centrado na preocupação com a realidade nacional, no 
regionalismo crítico e vigoroso e na crítica às instituição 
arcaicas da República Velha. Algumas dessas características 
serão retomadas, especialmente na segunda geração 
modernista. 
Esta época, no que tange à literatura oficial, 
acadêmica, reflete o gosto da classe dominante, 
expressando-se de forma pedante e artificial, pouco 
inovadora. Este aspecto de "estagnação" é batizado como a 
época dos "neos": neoparnasianos, neo-simbolistas, e até 
neoclássicos e neo-românticos reabilitaram-se no gosto 
literário de então. 
 
 
PRIMEIRO TEMPO MODERNISTA (1922-30) 
 
 
O período de 1922 a 1930 é o mais radical do 
movimento modernista, justamente em consequência da 
necessidade de definições e do rompimento com todas as 
estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa 
primeira fase e seu forte sentido destruidor, assim definido 
por Mário de Andrade: 
 
“[...] se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do 
movimento modernista. Isto é, o seu sentido 
verdadeiramente específico. Porque, embora lançando 
inúmeros processos e ideias novas, o movimento 
modernista foi essencialmente destruidor. [...] Mas esta 
destruição não apenas continha todos os germes da 
atualidade, como era uma convulsão profundíssima da 
realidade brasileira. O que caracteriza esta realidade que o 
movimento modernista impôs é, a meu ver, a fusão de três 
princípios fundamentais: o direito permanente à pesquisa 
estética; a atualização da inteligência artística brasileira e a 
estabilização de uma consciência criadora nacional”. 
 
Esse movimento é nomeado de Fase Heroica ou 
Geração de 1922. Teve o seu início com a Semana de Arte 
Moderna. Uma importante característica desse período de 
afirmação nacional foi a disseminação de diversos grupos e 
manifestos. Além disso, a publicação de algumas revistas 
auxiliaram na divulgação dos ideais modernos. 
 
Algumas marcas importantes a serem 
consideradas nesse movimento: 
 
 Liberdade de expressão: nada de limitações ou 
imposições; o autor deve procurar seu próprio 
caminho para expressar-se. 
 O vocabulário aproxima-se do falar cotidiano, da 
linguagem coloquial: desrespeito ao padrão 
sintático da gramática. A linguagem coloquial 
eleva-se a condição de obra de arte. 
 Temática próxima da realidade; assimilação do 
cotidiano (poética do mínimo). 
 
14 
 Registro das origens nacionais, do nosso 
primitivismo. 
 Despreocupação com a métrica e emprego do 
verso livre e/ou branco. 
 Rompimento da barreira de gêneros literários. 
 Privilégio da poesia sobre a prosa. 
 
Principais autores: 
 
1. Mário de Andrade 
2. Manuel Bandeira 
3. Oswald de Andrade 
 
SEGUNDO TEMPO MODERNISTA (1930-45) 
 
 
Esse movimento foi influenciado por um contexto 
histórico marcado por conflitos sociais e políticos, como a 
Revolução de 1930 e a Revolução Constitucionalista de 
1932 (durante a Era Vargas), além da Segunda Guerra 
Mundial. Essa fase ficou caracterizada pela reflexão dos 
escritores acerca de fatos contemporâneos, por obras 
comprometidas com o realismo das questões sociopolíticas. 
Na poesia, que tem nomes como Carlos 
Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de 
Moraes, Murilo Mendes e Jorge de Lima, predomina a 
liberdade formal. Já a prosa, escrita por romancistas como 
Graciliano Ramos, Jorge Amado, José Lins do Rego, Erico 
Verissimo e Rachel de Queiroz, é marcada por engajamento 
político e temática social de cunho regionalista. 
A geração de 1930 é composta por escritores da 
prosa modernista da segunda geração. Preocupados com o 
contexto sociopolítico brasileiro – alguns deles, inclusive, 
foram perseguidos pela ditadura de Getúlio Vargas –, esses 
escritores utilizaram os seus livros como veículo de reflexão 
política e combate ao regime vigente. Portanto, as obras 
desse período lançam um olhar crítico e realista sobre o 
Brasil da Era Vargas. 
O romance de 1930 faz uma retomada do 
regionalismo romântico; porém, a partir de uma 
perspectiva realista, e não mais idealizadora. Nesse 
neorrealismo, além de rejeitar a idealização romântica, os 
autores também deixaram de lado a impessoalidade 
realista do século XIX. Os romances desse período 
resultaram de um engajamento político; portanto, trazem a 
visão pessoal do autor ou autora sobre a realidade 
brasileira. 
Por ser regionalista, o enredo do romance é 
construído a partir da valorização do espaço, isto é, 
personagem e espaço tornam-se uma coisa só, pois o lugar 
em que vive o personagem influencia diretamente o seu 
comportamento. Nessa perspectiva, há uma retomada do 
determinismo naturalista; porém, sem o peso da 
inevitabilidade do destino. Para a geração de 1930, se o 
meio é a causa dos problemas sociais, isso se resolve ao 
transformar o meio. 
As obras desse período trazem um enredo 
dinâmico, além de uma linguagem simples, o que acabou 
seduzindo os leitores e propiciando sucesso de vendas para 
alguns autores. Essas características, contudo, não são 
aleatórias. O romance de 1930, dado o seu caráter 
ideológico, é construído, intencionalmente, para ser 
sedutor e de fácil entendimento, de forma a alcançar o 
maior número de leitores possível. 
 
Principais autores: 
 
1. Graciliano Ramos; 
2. José Lins do Rego; 
3. Rachel de Queiroz; 
4. Jorge Amado; 
5. Érico Veríssimo; 
6. Carlos Drummond de Andrade; 
7. Cecília Meireles; 
8. Vinicius de Moraes; 
9. Murilo Mendes; 
10. Jorge de Lima. 
 
 
TERCEIRO TEMPO MODERNISTA (1945-70) 
 
 
Também chamada de “Geração de 45”, a última 
fase do modernismo começa em 1945e se estende até 
1980. 
Alguns estudiosos preferem apontar o fim do 
modernismo na década de 1960. Outros, ainda, afirmam 
que o modernismo está presente até os dias atuais. 
Os escritores desse período possuíam uma atitude 
mais formal, em oposição ao espírito radical, contestador e 
de liberdade desenvolvido na Semana de 1922. 
 
Prosa Modernista 
 
Lembre-se que o Modernismo no Brasil está 
dividido em três gerações, sendo a prosa o tipo de texto 
mais explorado na terceira fase. De tal modo, os tipos de 
prosa do período são classificados segundo sua temática: 
 
Prosa Urbana 
A principal caraterística da prosa urbana é sua 
ambientação nos espaços da cidade, em detrimento do 
campo e do espaço agrário. Nesse estilo destaca-se a 
escritora Lygia Fagundes Telles. 
 
Prosa Regionalista 
A prosa regionalista absorve, por outro lado, 
aspectos do campo, da vida agrária, da fala coloquial e 
regionalista, por exemplo, na obra de Guimarães Rosa. 
 
Prosa Intimista 
Por sua vez, a prosa intimista é determinada pela 
exploração de temas humanos e, portanto, é mais íntima, 
psicológica e subjetiva. Esses aspectos são observados nas 
obras de Clarice Lispector e de Lygia Fagundes Telles. 
 
Poesia Modernista 
Ainda que a prosa tenha sido o tipo de texto mais 
explorado na terceira geração modernista, a poesia é 
apresentada mediante aspectos de equilíbrio. 
 
 
15 
Por isso, os poetas dessa fase eram chamados de 
“Neoparnasianos”, ao fazerem referência as principais 
características da poesia parnasiana: 
 
preocupação com a estética; 
metrificação e versificação; 
busca da perfeição; 
culto à forma. 
 
Principais autores: 
 
1. João Cabral de Melo Neto 
2. Lygia Fagundes Telles 
3. Clarice Lispector 
4. Guimarães Rosa 
5. Ariano Suassuna 
6. Mário Quintana 
 
SÍNTESE GERAL 
 
SÍNTESE QUINHENTISMO: 
 
 Literatura de informação 
 Literatura dos Jesuítas 
 
SÍNTESE BARROCO: 
 
 Conflito religioso e filosófico 
 Teocentrismo X Antropocentrismo 
 Pessimismo = Expressa sofrimento e tristeza 
 Conflito de idéias = choque de concepções 
 Preocupação com o transitório(Efêmero) 
 Rebuscamento da linguagem = Elitização 
 Tentativa de conciliação entre o racional e o religioso 
 Cultismo = jogo de idéias 
 Conceptismo = jogo de palavras 
 Uso exagerado de figuras de linguagem: 
 Hipérboles (exagero) 
 Metáfora (comparação) 
 Antítese (oposição de idéias) 
 Paradoxo (choque de idéias opostas) 
 
SÍNTESE ARCADISMO: 
 
 Uso constante de expressões em latim: 
 Carpe diem = aproveite o dia 
 Furgere urbem = fugir da cidade 
 Locus amoenus = local ameno 
 Áurea mediocritas = mediocridade 
dourada 
 Anciem regime = velho regime (se 
referindo a monarquia) 
 Inutila truncat = acabas com as 
inutilidades 
 Retorno aos valores artísticos da antiguidade 
clássica greco-romana e do renascimento. 
 Harmonia na forma poética simplicidade. 
 Racionalismo – valoriza o racional em detrimento a 
religiosidade. 
 Ideal de vida simples – repúdio ao luxo. 
 Natureza pastoril, campestre. 
 Ambientação Bucólica 
 Fingimento poético 
 Amor convencional 
 
SÍNTESE ROMANTISMO: 
 
 O predomínio da emoção, do sentimento 
(subjetivismo) 
 A evasão ou escapismo (fuga à realidade) 
 Nacionalismo 
 Indianismo 
 Religiosidade 
 Ilogismo 
 Idealização da mulher 
 Valorização 
 Liberdade de expressão 
 Gosto pelo passado 
 Natureza dinamizada 
 
SÍNTESE REALISMO: 
 
 objetivismo 
 Narrativa lenta 
 Exatidão para localizar tempo e espaço 
 Casamento como arranjo conveniente 
 Mulher não-idealizada 
 A figura do anti-herói 
 Uso de introspecção psicológica 
 Ênfase psicológica 
 Universalismo 
 Personagens esféricas 
 Contemporaneidade 
 Romance documental 
 Análise interior e exterior 
 Ênfase nas classes dominantes 
 
SÍNTESE NATURALISMO: 
 
 Objetivismo científico 
 Análise exterior dos personagens 
 Ênfase biológica 
 Classes sociais dominadas 
 Zoomorfismo 
 Romance tese 
 Uso de nomes científicos 
 
SÍNTESE PARNASIANISMO: 
 
 Principio: "A arte pela arte" 
 
CARACTERÍSTICAS: 
 
 Poesia, objetiva racional. 
 Valorização exagerada da forma, da técnica e do 
estilo. 
 Tendência ao descritivismo. 
 Atitude materialista. 
 Linguagem erudita. 
 Culto da métrica e da rima 
 A poesia se aproxima das artes plásticas – 
DESCRITIVISMO 
 Influência da cultura clássica greco-romana 
 
16 
 Busca da perfeição artística – poesia trabalhada 
"Lapidada" 
 Preferência pelo soneto 
 
SÍNTESE SIMBOLISMO: 
 
 Poesia como: 
 mistério: idéias vagas e obscuras, ilogismo, 
hermetismo, imprecisão. 
 distanciamento do real, culto do etéreo, 
espiritualismo, misticismo, ânsia de 
superação. 
 fruto do conflito versus mundo: tédio, 
desilusão, pessimismo, melancolia, 
consciência da efemeridade da vida. 
 fruto de inconsciente: evocação do mundo 
íntimo. 
 símbolo: uso de alegorias, sinestesias, 
metáforas, comparações. 
 música: assonâncias, harmonia entre as 
palavras, ritmo marcante. 
 manifestação do belo: escolha cuidadosa de 
palavras que causem impressões sensíveis, 
neologismos, combinações novas entre 
vocábulos. 
 
SÍNTESE PRÉ-MODERNISMO: 
 
 A DUALIDADE: 
 
 Corrente conservadora – Permanência de artista 
(poetas e escritores), realistas, naturalistas, 
parnasianos e simbolistas, ainda em pleno vigor. 
 Corrente inovadora – na ordem artística com um 
trabalho voltado para a análise do pais – "Retrato 
do Brasil", como mostra os aspectos abaixo: 
 
 Interesse na análise da realidade brasileira da 
sua época 
 Incorporação na literatura, das tensões sociais 
do período (virada do século) 
 Regionalismo critico – diferente do 
regionalismo idealizador do romantismo; 
 Tom de denuncia – "retrato do Brasil das 
contradições" 
 Utilização de uma linguagem simples, próximo 
do coloquial; 
 
 Literatura X Realidade histórico contemporâneo, 
como observa-se: 
 
 Narrativa documental.da guerra de Canudos 
na Bahia, em Os Sertões obra grandiosa de 
Euclides da cunha. 
 Os problemas de fixação dos imigrantes em 
solo Brasileiro. Analisados em Canaã de graça 
Aranha. 
 A decadência econômica dos vilarejos e da 
população cabocla do "Vale do Paraíba" (SP), 
ocorrida durante a crise do café em Urupês. 
 Analises dos desequilíbrios sociais nos contos 
de Valdomiro (Silveira Os Caboclos e Simões 
Lores Neto Contos Guachenses). 
 
PRIMEIRO TEMPO MODERNISTA – 1ª PARTE 
 
 Apelidada de “Fase heróica”; 
 Manifestações empregadas do espírito polêmico e 
destruidor; 
 Ânsia por originalidade; 
 Revolta contra o tradicionalismo; 
 Valorização da poética do cotidiano; 
 Uso o verso livre – liberdades dos moldes 
tradicionais; 
 Presença do humor (poema piada); 
 Espírito “anarquista”: “não sabemos discernir o 
que queremos” 
 Incorporação do presente 
 Linguagem coloquial 
 Livre associação de ideias 
 Busca de uma língua brasileira 
 Síntese na linguagem 
 Revisão do nosso passado histórico 
 
Principais obras: 
 
Paulicéia Desvairada (1922), Mário de Andrade; 
Amar, Verbo Intransitivo (1927), Mário de Andrade; 
Macunaíma (1928), Mário de Andrade; 
Memórias Sentimentais de João Miramar (1924), Oswald de 
Andrade; 
O Rei da Vela (1937), Oswald de Andrade; 
Ritmo Dissoluto (1924), Manuel Bandeira; 
Libertinagem (1930), Manuel Bandeira. 
 
 
 
SEGUNDO TEMPO DO MODERNISMO 
 
Traços gerais: 
 
 Fase do amadurecimento – estabilização das 
conquistas de 1922; 
 Valorização do projeto ideológico em 
contraposição ao estético; 
 
A poesia: 
 
 Recuo das propostas radicais de 1922. Marcada 
por um desejo de denunciar a realidade social e 
espiritual do país. Há na poesia três tendências 
essenciais: a poesia de tensão ideológica, a que 
expressa uma preocupação religiosa e filosófica, e 
uma que apresenta uma preocupação surrealista. 
 
A prosa: 
 
 Desenvolvida, sobretudo em duas vertentes: o 
romance regionalista do Nordeste, marcado pelo 
caráterde denúncia e pelas tendências neo-
realistas e neo-naturalista; e por fim, o romance 
 
17 
psicológico (intimista), mergulhado na crise 
existencial das classes dominantes. 
 
Obras: 
 
Sentimento do Mundo (1928), Carlos Drummond de 
Andrade. 
A Rosa do Povo (1945), Carlos Drummond de Andrade. 
Viagem (1939), Cecília Meireles. 
São Bernardo (1934), Graciliano Ramos. 
Vidas Secas (1938), Graciliano Ramos. 
Capitães da Areia (1937), Jorge Amado. 
 
TERCEIRO TEMPO MODERNISTA 
 
Características 
 
As principais características da terceira geração modernista 
são: 
 
 Academicismo; 
 Passadismo e retorno ao passado; 
 Oposição à liberdade formal; 
 Experimentações artísticas (ficção experimental); 
 Realismo fantástico (contos fantásticos); 
 Retorno à forma poética (valorização da métrica e 
da rima); 
 Influência do Parnasianismo e Simbolismo; 
 Inovações linguísticas e metalinguagem; 
 Regionalismo universal; 
 Temática social e humana; 
 Linguagem mais objetiva.

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