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AULA 02 - IED PRIVADO II

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AULA 02 – O ATO JURÍDICO 
1. O Direito:
O Direito trata-se de uma fronteira de controle social e capaz de regular o comportamento dos indivíduos em sociedade, entretanto, não consiste na única maneira – vide as normas de etiqueta/cortesia (cumprimentar as pessoas, por exemplo) e as normas morais (determinadas religiões impõem condutas específicas, por exemplo, como o Cristianismo que condena o consumo de carne na sexta-feira santa). O Direito, todavia, sendo a última fronteira de controle social, apresenta um caráter coercitivo, ou seja, a capacidade de impor sanções jurídicas previamente estabelecidas àqueles que, porventura, venham a contrariar as normas jurídicas. Destarte, o que o Direito considera adequado está situado nas normas (proposições jurídicas) – dispondo acerca dos fatos mais relevantes para a vida em sociedade (visa a garantir o mínimo ético-social). 
2. O fato jurídico – introdução:
Para existir um fato jurídico, portanto, deve existir, antes de tudo, uma norma que trate da conduta em análise (como o Art. 121 do Código Penal que discorre sobre o ato de homicídio – matar alguém: reclusão, de 6 a 20 anos).
Além de existir a norma, é de suma importância a materialização da norma. Por exemplo, os alunos tiveram que assinar (concretização da ação) o termo de consentimento (norma) para a Faculdade Baiana de Direito contabilizar presença através do registro da biometria a partir do dia 28/02. 
3. Dimensões do Direito:
Primeiramente pode-se citar a discussão de dimensão política da norma, isto é, do caráter axiológico/valorativo da norma. Desse modo, pode-se considerar uma norma justa ou injusta – vinculando-se ao atributo das normas jurídicas denominado de legitimidade. A título exemplificativo, o professor Maurício Requião considera maléfica a reforma trabalhista pelo fato desta prejudicar os interesses dos trabalhadores.
Há, também, a dimensão sociológica da norma, ou seja, a verificação dos impactos da norma na sociedade. Assim, através de um vínculo com o atributo das normas jurídicas denominado de eficácia social/eficiência, busca-se compreender se aquela norma é cumprida, de fato, pela sociedade. Por exemplo, é notória a ineficiência da norma que criminaliza jogos de azar – como o jogo do bicho.
Apesar das análises política e sociológica, a ênfase da disciplina IED Privado II – que segue a linha da Teoria Geral do Direito - será dada na dimensão normativa, ou seja, dogmática e menos atrativa. Nesse sentido, busca-se entender o que a estrutura normativa propicia. 
OBS: É nítido que não se consegue jamais um isolamento completo nessas atitudes monistas (de enxergar o Direito somente como valor, ou somente como fato, ou somente como norma) – tendo credibilidade a teoria da tridimensionalidade proposta pelos pós-positivistas e por nomes como Miguel Reale – entretanto, para fins epistemológicos é possível essa fragmentação. A Teoria Geral do Direito se dispõe da dimensão normativa para análise. 
4. A dimensão normativo-dogmática do Direito:
A mudança da maioridade civil dos 21 para os 18 anos com o advento do novo Código Civil de 2002 não provocou mudanças substanciais no ser humano. O Direito, portanto, não apresenta a capacidade de influenciar em questões biológicas/naturais. 
A ideia da obrigatoriedade da norma não decorre do fato de estar vinculada a alguma sanção jurídica (como defendia Hans Kelsen), mas decorre do fato dela ser incondicional, ou seja, toda vez que acontecer no mundo dos fatos o que se encontra previsto na hipótese, obrigatoriamente a norma incidirá. 
5. O suporte fático:
O texto que faz parte da norma – e que descreve um possível evento a acontecer – é o denominado suporte fático hipotético ou abstrato. A segunda conotação quando se fala em suporte fático trata-se daquela que nomeia o próprio fato quando materializado no mundo- suporte fático concreto. A seguir, tem-se uma norma que ilustra melhor essa noção de suporte fático.
Art. 481, Código Civil: Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. 
Observa-se, portanto, que uma compra e venda se difere de uma mera troca (entre objetos) ou doação (uma parte cede algo de forma gratuita). Nesse sentido, para haver uma compra e venda deve-se cumprir a integralidade do disposto no suporte fático. 
OBS: Um fato natural pode ser considerado um fato jurídico, desde que interfira nas relações humanas. Uma pessoa que, por exemplo, deveria realizar uma entrega em Petrópolis, porém não conseguiu realizar no dia das fortes enchentes, não será responsabilizada pela inadimplência em virtude de uma causa de força maior. 
6. Elementos do suporte fático:
As condutas humanas podem ser volitivas ou não – ou seja, existem fatos jurídicos que a vontade humana compõe o suporte fático (como no caso da compra e venda – fato jurídico) e outros em que a vontade humana não compõe o suporte fático. 
Outro dado contido no suporte fático trata-se do psíquico, ou seja, a compreensão acerca da intenção do agente (boa-fé ou não). É aqui que será tratado o dolo (que é mais comum ao suporte fático de normas de Direito Penal, mas também é encontrado no Direito Privado). 
Encontra-se compondo, também, o suporte fático, estimações valorativas. Por exemplo, o Código Penal, até pouco tempo, continha a expressão “mulher honesta”. Ora, se existe uma “mulher honesta”, existe uma “mulher desonesta”, ocorrendo, assim, um juízo de valor. Ademais, o Código Civil, mais precisamente no Art. 122, trata da imoralidade do objeto de atos jurídicos e aqueles comportamentos atentatórios aos “bons costumes” (Código Civil, art. 122 c/c o art. 123,II). 
No Código Penal comum de 1940, o elemento normativo “mulher honesta” era previsto em três tipos penais, a saber, o de posse sexual mediante fraude (art. 215 do CP), de atentado ao pudor mediante fraude (art. 216 do CP) e de rapto violento ou mediante fraude (art. 219 do CP). 
Compõe, também, o suporte fático, a probabilidade. Por exemplo, no direito de sucessões, é comum testamentos deixando bens para pessoas que ainda não existem – tais como netos que podem nascer ou não (“deixo esses bens para os meus netos, caso meus filhos tenham filhos”). 
Antes da compra e venda, deve existir a oferta (fato jurídico), a aceitação (fato jurídico) para somente depois ser estabelecido um contrato (fato jurídico). Em síntese, um fato jurídico pode ser antecedido de outros fatos jurídicos. Nesse sentido, um fato jurídico pode ser, também, um elemento do suporte fático. 
Conforme já mencionado anteriormente, uma causalidade física pode constituir elemento de suporte fático desde que os seus efeitos se ligue a uma norma jurídica (vide o caso das enchentes em Petrópolis também já referido). 
A passagem do tempo também é elemento do suporte fático (evidente, por exemplo, na própria maioridade civil – 18 anos absolutamente capaz e 16 anos relativamente incapaz). A passagem do tempo, nesse cenário citado, modifica a maneira pela qual o Direito se relaciona para com os indivíduos. Em resumo, a duração dos efeitos jurídicos, a perda e a aquisição dos direitos dependem, muitas vezes, do transcurso do tempo.
Para a próxima aula: ler a parte de suporte fático, preceito e incidência da Teoria do fato jurídico – plano da existência/Marcos Bernardes.

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