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Aula 11 - Síndromes medulares

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Síndromes medulares 
DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL (DDIV) 
 Doença degenerativa do disco intervertebral 
(DDDIV) 
 Afecção mais comum na medula dos cães, 
mas pouco frequente em gatos (0,12% das 
doenças neurológicas). Persas (1,83%) 
 Extrusão (tipo 1) e protusão (tipo 2) (ambas já 
descritas em felinos) 
 Tipo 1: anel fibroso se rompe (mais agudo) 
 Tipo 2: deformação do anel fibroso (costuma 
ser mais crônico) 
 
Hansen tipo I (extrusão) 
 Degeneração condróide 
 Núcleo pulposo 
(gelatinoso) perde a 
capacidade de se 
ligar à água e 
endurece (pode 
calcificar) 
 Conteúdo rompe anel fibroso e é extruído 
para dentro do canal vertebral 
 Dano à medula relacionado à velocidade de 
extrusão (força de impacto / concussão), 
duração da compressão e quantidade de 
material 
 Condrodistróficos (Dachshund, Beagle, 
ShihTzu, Lhasa), > 2 anos (Buldogues com 1 
ano), agudas (minutos a dias) 
 
Hansen tipo II (protusão) 
 degeneração fibróide 
 Anel fibroso 
dorsal sofre 
espessamento 
progressivo e 
protui para 
dentro do canal 
vertebral 
 Cães maiores e não-condrodistróficos, 5 anos 
ou mais, evolução crônica (semanas a anos) 
 Hansen tipo III (hérnia em míssel): pequeno 
volume, alta velocidade e sem compressão 
 Lesões entre T1-T11 não são DDIV, pois são 
raríssimas nessa porção, há um ligamento 
nessa região que impede que o disco invada 
a medula 
 
Manifestações clínicas região cervical 
 Hansen tipo I 
o C2-C3 / C6-C7 (grandes) 
o Dor intensa 
o Ventroflexão com cifose (mas não é 
dor toracolombar) 
o Não flexionam o pescoço 
o Fasciculações musculares 
o Vocalização e queda (não convulsão) 
o Sinal de raiz (claudica por irritação; 
flexiona para não estirar raízes) 
 
 Hansen tipo II 
o Cervical menos comum (quando 
acontece é mais leve) 
o Dor cervical mais leve 
o Paresia lentamente progressiva 
 
Manifestações clínicas região toracolombar 
 Hansen tipo I 
o T12-L1 / L1-L3 (grandes) / L4-L5 (gatos) 
o Dor no local da lesão 
o Paraplegia / paresia aguda (espaço 
epidural menor que cervical) 
 
 Hansen tipo II 
o T12-L1 / L1-L3 (grandes) / L4-L5 (gatos) 
o Dor leve a moderada 
o Paresia lentamente progressiva 
o Relutância para adotar postura de 
defecação 
o Gatos relutam a saltar 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico das discopatias 
 Identificação e anamnese 
 RX simples (alterações radiográficas sugestivas 
de doença de disco) e mielografia 
(anestesiado) 
 Tomografia computadorizada e mielotomo: 
rápida, simples pode mostrar lateralização de 
material, com mielo normal 
 Ressonância magnética: oferece o melhor 
diferencial, 10% superior à TC, pode diferenciar 
edema de evento vascular 
 Se a cirurgia não for o protocolo, não faz 
sentido fazer além de RX 
 
Tratamento clínico 
 Indicação: Hansen tipo I sém déficit 
neurológico ou com déficit leve (dor) 
 Confinamento em gaiola por 3 a 4 semanas 
o Deve permitir mudança de posição, 
sem salto ou deambulação 
o Sair só para urinar e defecar (área 
igualmente restrita) 
 
 Prednisona (opcional) 
o 0,5 mg/kg/VO/BID por 5 a 7 dias + EDA 
por 5 a 7 dias + 48h/ 5 a 7 dias 
o Inaceitável sem confinamento 
 
 Gabapentina (10 a 20 mg/kg/VO/TID) ou 
Tramadol (2 a 4 mg/kg/VO/TID) 
 Diazepam (0,5 a 1 mg/kg/TID) se houver 
espasmos 
 Sucesso de 50% a 70% 
 Recorrência de 30% 
 
Tratamento cirúrgico 
 Indicação: 
o Pacientes que pioram durante o 
confinamento ou não melhoram (dor) 
o Hansen I cervical e tetraplegia ou 
paresia (tetraplegia é emergência) 
o Hansen I toracolombar sem 
capacidade dambulatória 
(paraparesia ou plegia) 
o Eventualmente em Hansen II agravado 
 
 Inúmeras técnicas (sempre fenestrar): 
Hemilaminectomia, Pediculectomia, 
Laminectomia dorsal, Fenda ventral, 
Corpectomia 
 Hansen I: sucesso de 80% a 95% com dor 
profunda e 50% sem. Recuperação em duas 
semanas (com dor) 
 
ESPONDILOSE DEFORMANTE 
 Processo degenerativo considerado ponto de 
distração na interpretação radiográfica 
 Não causa sinais clínicos 
 Proliferação óssea nas margens ventrais das 
placas terminais das vértebras (costuma 
poupar o corpo; não há dorsal) 
 Acredita-se que a proliferação esteja 
associada à degeneração do anel fibroso 
(Hansen II), que causa leve instabilidade à 
coluna 
 Afeta 18% dos animais adultos, porte médio a 
grande e adultos idosos 
 
DISCOESPONDILITE 
 Característica: infecção do disco 
intervertebral e vértebras contínuas a ele 
 Causa → colonização por: 
o Staphylococcus (aureus, intermedius – 
coagulase +) 
o Streptococcus 
o Brucella (zoonose) 
o Aspergillus (fungo) 
 
 Distribuição: espaço intervertebral L7-S1 (40% 
com múltiplas lesões); mais toracolombar que 
cervical 
 
Mecanismos de infecção 
 Disseminação hematógena 
o Acredita-se que seja o mais comum 
o Fonte nem sempre encontrada 
o Suspeita que o trato urinário seja a 
fonte mais provável 
 
 Migração de corpo estranho 
o Arestas de plantas 
o Transportam bactérias ou servem de 
ninho já no disco 
 
 Iatrogênica 
o Cirurgia ou injeção paravertebral 
o Menos provável 
 
 
Perfil 
 Cães (rara em gatos) 
 Machos 
 > 10 anos 
 Porte médio a gigante (há relato em 
pequenos) 
 Qualquer idade 
 Dogue Alemão superepresentado 
(subluxação dinâmica e déficit de irrigação 
sanguínea) 
 
Manifestações clínicas 
 Agudas ou progressivas ao longo de várias 
semanas 
 Inespecíficas (hiporexia, perda de peso, 
depressão, relutância ao movimento) 
 Em geral hiperestesia (dor) 
 Marcha rígida (eventualmente déficit 
proprioceptivo, paresia leve) 
 Subluxação dinâmica e déficit de irrigação 
sanguínea 
 
Diagnóstico 
 Identificação, histórico 
 Hemograma (leucocitose enventual, cultura) 
 Urinálise 
 Aspirado dos espaços e cultura 
 Achados radiográficos 
o Sinais aparecem cerca de 2 a 4 
semanas após manifestações clínicas 
o Colapso de espaços intervertebrais 
o Lise óssea das placas terminais 
o Proliferação 
 
 
Tratamento 
 Ideal por cultura 
 Cefalosporina (pensando em Staphylococcus) 
 Tetraciclina e aminoglicosídeos (Brucella) 
o Por cerca de 54 semanas (+/- 1 ano) 
o Deve ter melhora evidente na primeira 
semana 
o Pensar em associar fármaco para 
anaeróbicos 
 Analgésicos 
 RX a cada dois meses 
 
LINFOMA 
 Neoplasia mais comum causando afecções 
medulares em gatos 
 Na maioria das vezes multicêntricas (rim 41% a 
100%, MO 45% a 55%, fígado 35%) 
 Por isso, muitos com manifestações 
inespecíficas (anorexia, letargia, perda de 
peso) 
 Na medula, principal manifestação clínica: 
paraparesia / plegia (as)simétricas 
 Diagnóstico: citologia (linfonodo, MO), análise 
de líquor 
 Líquor espesso é MUITO sugestivo de linfoma 
 Hipersinal na MO (ressonância) 
 
PERITONITE INFECCIOSA FELINA (PIF) 
 Causada por coronavírus, induz resposta 
imune efusiva ou granulomatosa 
o Efusiva: 9% com manifestações de SNC 
o Granulomatosa: 60% com 
manifestações de SNC 
 
 Maioria com anorexia, febre, perda de peso 
(sinais inespecíficos) 
 Responde por 50% das doenças inflamatórias 
do SNC em gatos 
 Na maioria das vezes multifocal (manifestação 
/ sítio da lesão) 
o Mas pode ser lesão localizada 
(incomum só na medula) 
o No acometimento medular, 93% lesões 
cervicais 
o Uveíte e coriorretinite são comuns 
 
 Em geral, gatos jovens (< 2 anos) 
 
Diagnóstico 
 Muito difícil in vivo, sobretudo sem efusão 
 Hemograma: anemia, leucocitose, 
hiperproteinemia 
 Líquor 
o Pleocitose neutrofílica, 
hiperproteinorraquia (bacteriana) 
o Líquor normal não descarta a doença 
o PCR do líquor parece ser forma 
promissora 
 Ressonância: lesões periventriculares

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