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INSTITUTO TAUBATÉ DE ENSINO SUPERIOR – ITES GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Terezinha Carvalho Oliveira Galhardo RA 58010003790 Sífilis Adquirida Prof.ª Fátima, prof.ª Leandra e prof.ª Rosana. TAUBATÉ 2021 ITES INSTITUTO TAUBATÉ DE ENSINO SUPERIOR Terezinha Carvalho Oliveira Galhardo RA 58010003790 Atividade Prática Supervisionada – Estágio Trabalho elaborado para o Curso de Graduação em Enfermagem do Instituto Taubaté de Ensino Superior - ITES, para a disciplina Atividades Práticas Supervisionadas, sob orientação das professoras Fátima, Leandra e Rosana. TAUBATÉ 2021 SUMÁRIO 1. Introdução................................................................................................................4 2. Definição..................................................................................................................5 3. Fisiopatologia...........................................................................................................5 4. Manifestações clínicas.............................................................................................6 5. Diagnóstico...............................................................................................................6 6. Tratamento..............................................................................................................7 7. Complicações...........................................................................................................7 8. Fatores de risco........................................................................................................8 9. Prevenção.................................................................................................................8 10. Estudo de caso ........................................................................................................9 11. Conclusão...............................................................................................................12 12. Referências bibliográficas....................................................................................13 1. Introdução A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) de grande relevância em saúde pública, que acomete cerca de pessoas por ano no Brasil. Essa infecção desencadeia processos inflamatórios e infecciosos de forma multisistêmica, podendo causar lesões agudas ou permanentes. A sífilis também está associada à má formações fetais, parto prematuro e óbitos fetais, quando não tratada antes ou durante do período gestacional, se apresentando na forma de sífilis congênita. O rastreamento e tratamento está disponível na rede básica de atenção do SUS através das equipes de estratégia de saúde da família (ESF). Medidas de prevenção e proteção também são fornecidas por essas equipes, através de acompanhamentos ginecológicos ou clínicos e realização dos exames de rotina. Embora pareça uma simples infecção, essa doença acomete em sua grande maioria dos casos pessoas jovens, porém, os idosos apresentam altos índices de infecções sexualmente transmissíveis nos últimos anos. 2. Definição Infecção sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidum, sua evolução se dá por estágios e sua transmissão ocorre com maior prevalência nas formas primária e secundária. Essa infecção acomete apenas humanos, sendo totalmente curável através do tratamento adequado e medidas de proteção individuais. Pode ser adquirida, através de relação sexual sem o uso do preservativo ou pode ser congênita, transmitida durante a gestação e parto. A sífilis raramente pode ser transmitida através de hemotransfusões, uma vez que atualmente são realizados processos de triagens rigorosos e a bactéria não sobrevive longos períodos fora do organismo hospedeiro e a baixas temperaturas. Sua evolução pode ser prolongada, uma vez que nos estágios iniciais pode apresenta-se assintomática, assim, essa doença é capaz de acometer outros sistemas do corpo humano, trazendo danos permanentes. Além disso, as lesões causadas pela sífilis favorecem a contaminação por outros patógenos, principalmente o vírus HIV. Sua classificação é feita em estágios, sendo: · Sífilis primária: pode apresentar úlceras genitais, geralmente em lesão única e indolor, que se localiza na porta de entrada da bactéria (pênis, vagina, vulva, colo uterino, boca ou ânus). · Sífilis secundária: causa lesões cutaneomucosas, linfadenopatia generalizada, alterações neurológicas, hepáticas e oculares · Sífilis terciária: lesões cutâneas nodulares destrutivas, ósseas e articulares, cardiovasculares e neurológicas. · Latente: Apresenta-se assintomática. · Sífilis congênita: Infecção do feto por via vertical, sendo transplacentária ou via canal de parto, sua gravidade equivale ao tempo de infecção materna, sendo as mais recentes trazendo maiores alterações no feto, ocasionando parto prematuro, abortos espontâneos e óbitos fetais. Ao nascer, a criança pode apresentar lesões cutâneas, má formações e cegueira. 3. Fisiopatologia O agente causador da sífilis, a bactéria treponema pallidum, apresenta-se em forma espiral, com espiras regulares e pontas afiliadas e pode apresentar variações no comprimento e numero de espiros, variando de 10 a 15 e cerca de micrometros de comprimento. Esse microorganismo faz movimentos para frente e para trás, facilitando sua penetração e adesão no hospedeiro, contribuindo para sua evolução e acometimento nos tecidos e endotélio. Essa bactéria pode penetrar diretamente nas membranas mucosas ou através de lesões ou abrasões existentes, atingindo inicialmente o sistema linfático regional e disseminado para outras regiões. Em resposta de defesa primária local, surgem lesões ulcerativas no ponto de penetração do agente, enquanto sua difusão sistêmica gera produção de respostas imunes circulantes, podendo se depositar em outros órgãos. Durante o período gestacional, essa bactéria se torna presente na placenta, contaminando o feto em desenvolvimento e gerando complicações, se não tratada adequadamente. 4. Manifestações clínicas Após o contato com o agente infeccioso, essa bactéria pode permanecer incubada por um período entre 10 e 90 dias, após isso, os primeiros sintomas surgem em forma de lesão ulcerativa geralmente única e indolor. Se não tratada adequadamente, essa lesão pode desaparecer sozinha, porém, a bactéria treponema já pode ter invadido outros tecidos orgânicos, causando exantema cutâneo, pápulas ou placas eritematosas podem surgir em regiões úmidas do corpo. Diante da sífilis secundária não tratada, as lesões podem novamente regredir e a sífilis se apresenta de forma latente recente (no primeiro ano de infecção) ou tardia (após um ano), sendo essas de manifestações assintomáticas. A sífilis terciária pode levar anos para gerar manifestações clínicas, que se apresenta através de lesões inflamatórias e destrutivas em tecidos e ossos, e em sua evolução grave pode levar à sífilis cardiovascular ou neurossífilis. 5. Diagnóstico O diagnóstico se dá através de testes sorológicos, associados ao histórico pessoal e dados clínicos. Os testes podem ser qualitativos, detectando a presença de anticorpos ou quantitativos, utilizados para determinar a titulação dos anticorpos presentes. Os mais utilizados são os testes rápidos, que podem ser realizados periodicamente nas unidades básicas de saúde, e os sorológicos, avaliados laboratorialmente, conhecido como VDRL. Podem ser realizados também análises através de amostras coletadas das lesões apresentadas para detecção da bactéria. 6. Complicações Diante da evolução da doença e seus estágios, as complicações podem surgir de forma sistêmica, acometendo o sistema nervoso central, cardiovascular, olhos, pele e ossos. As complicações durante a gestação atingem diretamente o feto em desenvolvimento, podendo acarretar em aborto espontâneo, má formações fetais, parto prematuro, óbito fetal e neonatal. A neurossífilis se dá como complicação da sífilis em seu estágio terciário, quando ocorre a penetraçãodos agentes nas meninges diante de persistência da doença e tratamentos não efetivos. Inicialmente assintomática, evolui gerando encefalites e paralisia geral progressiva. A sífilis congênita acomete fetos de gestantes não tratadas ou tratadas incorretamente, através de transmissão vertical. O feto portador dessa condição pode apresentar exantema, lesões bolhosas, fissuras periorais e anais, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, anemia, hidropsia fetal, surdez e retardo mental. 7. Tratamento O tratamento é feito através de medicações e orientações de promoção em saúde, sendo a penincilina G benzatina o medicamento mais utilizado por sua maior eficácia e em gestantes, o único medicamento capaz de impedir a transmissão vertical. O Ministério da Saúde recomenda o seguinte tratamento, que varia de acordo com o estágio da doença: · Em sífilis primária, penincilina benzatina 2.400.000 UI IM, em dose única; · Sífilis secundária: penincilina benzatina 4.800.000 UI IM, em duas doses semanais de 2.400.000 UI; · Sífilis terciária: penincilina benzatina 7.200.000 UI IM, em três doses semanais de 2.400.000 UI. Diante de histórico de reação alérgica a penincilina, são recomendados preparos e testes intradérmicos, além da indicação de drogas alternativas, como a doxacilina e eritromicina. O tratamento da sífilis congênita consiste na administração de penincilina G procaína ou cristalina, de acordo com avaliações clínicas, laboratoriais e de imagem e tempo de vida do recém-nascido. Diante do recém-nascido assintomático e sem alterações clínicas, laboratoriais e de imagem, recomenda-se apenas seguimento ambulatorial. Após o tratamento completo, recomenda-se acompanhamento ambulatorial e realização de testes sorológicos periódicos. 8. Fatores de risco Por ser uma IST, sua transmissão ocorre principalmente durante o contato sexual desprotegido, sendo os principais fatores de risco: · Início precoce de atividade sexual; · Não utilização ou uso inadequado de preservativos; · Múltiplos parceiros sexuais; · Pessoas ligadas à prostituição; · Pessoas portadoras de déficits intelectuais ou cognitivos; · Uso de drogas ou bebidas alcóolicas; · Pessoas com histórico de violência sexual; · Pessoas em privação de liberdade; · Portadores de infecções sexualmente transmissíveis. 9. Prevenção Ações de educação e controle em saúde devem ser realizados pelas equipes de saúde da família, bem como em educação sexual, incentivando o interesse em utilizar barreiras de proteção para Estas e gravidez indesejada. 10. Estudo de caso M. R. A., 30 anos, sexo feminino compareceu a UBS para consulta ginecológica com a enfermeira da unidade. Refere surgimento de lesão única indolor em região vulvar há 1 semana, acompanhada de leucorréia amarelada com odor fétido, dor pélvica e disúria. Refere não realizar acompanhamento ginecológico ou uso de anticoncepcionais. Refere cerca de quatro parceiros sexuais nos últimos 12 meses e a não utilização de preservativo. Nega outras queixas. EXAME FÍSICO: Sinais vitais: PA: 116x74mmHg, FC: 90bpm, FR: 20irpm, Sat O2 99%, TAX: 35.6°C. Geral: BEG, LOTE, corada, hidratada, ansiosa, anictérica e acianótica; Oroscopia: lesão ulcerada em palato superior; AR: Eupneica em ar ambiente, MV presentes sem ruídos adventícios; ACV: normotensa e normocárdica, BNF2T sem sopros, perfusão periférica preservada; ABD: flácido, indolor a palpação. Avaliação vaginal: apresenta lesão ulcerada única em região vulvar, colo grosso, posterior e impérvio e presença de secreção amarelada com odor fétido; Sistematização da assistência de enfermagem- SAE Levantamento de problemas · Não acompanhamento ginecológico; · Não utilização de métodos preventivos; · Ansiedade; · Dor pélvica; · Disúria; · Lesão em cavidade oral; · Lesão vulvar e leucorréia; DOMÍNIO / CLASSE DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM RESULTADOS ESPERADOS Domínio 1 Promoção da saúde Classe 2 Controle da saúde Comportamento de saúde propenso a risco evidenciada pela falha em agir de forma a prevenir problemas de saúde, relacionado à compreensão inadequada. · Identificação de problemas; · Promover cuidado integral; · Orientar importância da utilização de preservativo. Prevenir complicações, favorecer a compreensão. Domínio 3 Eliminação e troca Classe 1 Função urinária. Eliminação urinária prejudicada, evidenciada por disúria e relacionada a lesões genitais. · Observar eliminação e características urinárias. Eliminação urinária sem alterações. Domínio 5 Percepção/ cognição Classe 4 Cognição Conhecimento deficiente, evidenciado por comportamento inapropriado e relacionado aos conhecimentos insuficientes. · Realizar medidas de educação e promoção em saúde; Hábitos de vida sexual sadios. Domínio 11 Segurança /proteção Classe 1 Infecção Risco de infecção relacionada a Alterações na integridade da pele · lavagem das mãos antes e após o contato com pacientes; · Orientar quanto à higiene íntima adequada; Detecção e controle dos riscos. Domínio 11 Segurança /proteção Classe 2 Lesão física Integridade da membrana mucosa oral prejudicada evidenciada por lesão na cavidade oral e relacionada à infecção. · Aplicar medicação conforme prescrição médica; · Observar evolução da lesão. Mucosa oral íntegra Domínio 11 Segurança/ proteção Classe 2 Lesão física Integridade tissular prejudicada, evidenciada por dano tecidual relacionada à infecção. · Aplicar medicação conforme prescrição médica; · Observar evolução da lesão; · Orientar higiene íntima adequada Recuperação tecidual. Domínio 12 Conforto Classe 1 Conforto físico Dor aguda, evidenciada por relato verbal e relacionada à agente biológico lesivo. · Administrar analgésicos prescritos e observar melhora; Alívio da dor Evolução de enfermagem 30/12/2021 10:00H. Passou em consulta ginecológica referindo surgimento de lesões em cavidade oral e vulva, associados a dor pélvica, leucorréia amarelada e histórico de não aderência ao uso de preservativo nas relações sexuais. LOTE, corada, hidratada, acianótica, afebril, anictérica, Eupneica em AA. Ausência de linfonodos palpáveis em cadeia ganglionar axilar e mamária bilaterais, abdômen flácido, doloroso a palpação em região supra púbica. Presença de lesão única ulcerada em cavidade oral e região vulvar, ao exame especular, apresenta colo posterior, com presença de secreção amarelada em grande quantidade. Realizo coleta de citologia oncótica, teste rápido para sífilis na unidade que apresentou resultado reagente, solicito exames laboratoriais e sorologias, Ultrassom ginecológico transvaginal. Encaminhada para o tratamento ambulatorial de sífilis e acompanhamento adequado. 11. Conclusão A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível que atinge cada vez mais pessoas no Brasil e no mundo, podendo trazer complicações ao portador devido sua lenta evolução e manifestação. Essa doença é preocupante também durante o período gestacional, onde muitos casos são diagnosticados durante o acompanhamento pré-natal. Sua detecção e tratamento são oferecidos na atenção básica, porém, o déficit no autocuidado característico da população atual, geram aumento nos casos e uma cadeia de transmissão difícil de controlar. O profissional de saúde Enfermeiro atuante na rede primária deve atuar em medidas de prevenção e promoção a saúde, incentivando práticas como o uso de preservativo durante a relação sexual e acompanhamento junto à unidade através da realização de testes rápidos, disponíveis nas unidades de saúde, visando seu tratamento precoce e reabilitação. Desmistificar as ISTs é fundamental para a educação em saúde, visando o publico alvo e ações efetivas durante a vida sexual e gestação. 12. Referências Bibliográficas 1. AVELEIRA, J. C. R., BOTTINO, G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Educação Médica Continuada - EMC • An. Bras. Dermatol. 81 (2) • Mar 2006. Disponível em <https://www.scielo.br/j/abd/a/tSqK6nzB8v5zJjSQCfWSkPL/?lang=pt#>, acesso em 28/10/2021; 2. <http://www.metis.med.up.pt/index.php/S%C3%ADfilis>, acessoem 28/10/2021; 3. <http://giv.org.br/DST/S%C3%ADfilis/index.html>, acesso em 28/10/2021; 4. <https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/sifilis>, acesso em 28/10/2021; 5. 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