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Saúd� d� Mulhe� Thais M. Souto “É A MINHA PRIMEIRA VEZ!” Marta, 16 anos, moradora do bairro de Itinga, está cursando o primeiro ano do ensino médio em um colégio estadual próximo a sua casa e namora um colega de turma, sem o conhecimento de sua mãe. Mostrou-se preocupada, pois embora tivesse vários parceiros, nunca fez uso regular de método contraceptivo e não usa preservativo durante a relação sexual. Foi ao atendimento em uma Unidade de Saúde da Família e solicitou ao médico a prescrição de “pílulas para não engravidar”, mas não queria que sua mãe soubesse de sua intenção. Após questionar sobre a sua paridade, DUM, ciclo menstrual e hábitos sexuais, o médico informou da necessidade em realizar seu exame físico e Marta se mostrou muito ansiosa pois essa era a primeira vez que faria esse tipo de exame. 1. DESCREVER A CONSULTA GINECOLOGICA (ANAMNESE E EXAME FÍSICO, PREVENTIVO); 2. DISCORRER SOBRE OS TIPOS DE METODOS CONTRACEPTIVOS COM ÊNFASE NA ADOLESCENCIA; 3. ELUCIDAR OS ASPECTOS BIOPSOCOSSOCIAIS DA GRAVIDEZ E IST’S NA ADOLESCÊNCIA; 4. ABORDAR SOBRE OS ASPECTOS ETICOS ENVOLVIDOS NA CONSULTA GINECOLOGICA NA ADOLESCENCIA; Consulta Ginecologica (Anamnese E Exame Fisico) -Preventivo A consulta ginecológica da menina e da adolescente, embora tenha diversos pontos em comum à realizada na mulher adulta, possui algumas peculiaridades que as diferenciam. Geralmente sempre são acompanhadas por algum responsável legal. Ao iniciarmos a entrevista, devemos acolher nossa cliente e seus responsáveis, mas sempre priorizando a menina e/ou a adolescente. Na maioria das vezes, quando o responsável está presente, é ele que costuma iniciar a exposição do motivo da consulta. Nessa situação, ele será ouvido e, caso a paciente seja uma adolescente, esclarecermos empaticamente sobre os benefícios de uma entrevista privada somente com ela. O direito e limites desse envolvimento relativamente à autonomia da adolescente devem ficar claros para a família e para a jovem, desde o primeiro contato. Em primeira análise, o profissional poderá estabelecer um pacto de confiança com sua cliente, reafirmando o seu direito ao sigilo. No entanto, deverá ficar claro a ela que em algumas situações esse pacto poderá ser violado. A adolescente deve ser incentivada a envolver seus responsáveis no acompanhamento e resolução dos seus problemas, sendo os limites da confidencialidade esclarecidos também para a família. →Na adolescência, as queixas mais frequentes são as dúvidas ou anomalias do desenvolvimento da puberdade, distúrbios do ciclo menstrual, corrimento, vulvovaginites e contracepção; Anamnese A identificação da paciente e o nome e o contato de seu responsável devem ser registrados. A idade é importante, porque nos permite identificar a fase da infância, adolescência e o desenvolvimento puberal, auxiliando na interpretação dos dados clínicos e achados do exame físico. O motivo da consulta deve ser relacionado com a faixa etária e com os diversos órgãos sistêmicos e o sistema reprodutor. →A avaliação do perfil nutricional deve ocorrer nas consultas, independentemente de fazer parte do motivo da consulta. Fatores de risco nutricional como anorexia e obesidade podem interferir na saúde sexual e reprodutiva. →Nas consultas de adolescentes, quer sejam de rotina ou não, é de boa prática perguntar sobre o início da prática sexual, o número de parceiros, dúvidas ou queixas relacionadas ao coito, qual o método contraceptivo utilizado e, na oportunidade, certificar-se se o uso está correto, corrigir possíveis enganos, orientar, prescrever e enfatizar a dupla proteção; →Anormalidades do desenvolvimento mamário como hipotrofia, hipertrofia, atelia, assimetrias, insatisfação com a estética, nodulações mamárias, entre outros, são motivos de consulta ginecológica. A mastalgia na adolescente deve ser caracterizada quanto à intensidade e se existe relação com o ciclo menstrual. Quando a queixa é a presença de nódulo, requer caracterizar sobre o número, local, tempo de aparecimento, consistência, mobilidade, crescimento rápido ou não, presença de nódulos axilares e regularidade de sua superfície. Interrogar sobre a possibilidade de saída de secreção pelo mamilo e, caso presente, caracterizar a coloração, quantidade e se a saída é espontânea. →Os ciclos menstruais devem ser caracterizados quanto ao intervalo, duração e volume do fluxo menstrual. Investigar também se existem sinais e sintomas que precedem ou acompanham o sangramento menstrual. Entende-se por regularidade menstrual quando os intervalos menstruais estão entre 25 e 35 dias, a duração de dois a oito dias e o volume (quantidade) de sangramento de 80 mL por ciclo menstrual. →O corrimento fisiológico da adolescente não se acompanha de outros sintomas como prurido, ardor, sintomas urinários e irritação dos órgãos genitais externos. As lesões verrucosas frequentemente são decorrentes de infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Completando a anamnese, a investigação dos antecedentes pessoais é relevante. Indagar sobre a existência de cirurgias prévias, hábitos de vida e alimentar, tabagismo, etilismo, uso de drogas e medicamentos, alergia a produtos e/ou a medicamentos. É oportuno colher informações sobre as vacinas já realizadas, orientar sobre os reforços necessários e prescrever as próximas pertinentes à faixa etária. →Nas adolescentes que já engravidaram, indagar sobre os antecedentes obstétricos: número de gravidezes, partos e abortamentos; histórico e as vias de parto, peso dos recém-nascidos e possíveis complicações do ciclo grávido puerperal. →Ao finalizar a anamnese, é importante que se estabeleça uma situação favorável para o exame físico da criança e da adolescente. Uma situação relativamente frequente nas consultas é o temor da coleta de secreção vaginal em pacientes virgens, sendo um momento oportuno para esclarecer sobre a anatomia dos órgãos genitais externos e internos e orientar sobre os cuidados da higiene pessoal. Figuras impressas ou no computador podem ser utilizadas para a demonstração da normalidade. Durante o exame físico, a paciente poderá visualizar seus órgãos genitais externos e/ou internos pela câmera de vídeo ou por um espelho. Exame Fisico Geral e Especifico O exame físico deve se iniciar pesando a menina e/ou a adolescente, identificando a sua estatura e índice de massa corporal (IMC), e aferindo a pressão arterial, a temperatura e o pulso arterial. Adolescentes insatisfeitas com as características de suas mamas podem inclinar o tronco para frente objetivando escondê-las. As que se sentem diferentes por algo nos seus órgãos genitais externos ou as que não desejam ser examinadas podem manter a roupa íntima ao se prepararem para o exame físico. É importante que o profissional fique atento à essas situações e adote uma postura menos formal, mais acolhedora e compreensiva. Observam-se ainda a pele, as mucosas, a distribuição de pelos e a presença de acne. Em pacientes com sobrepeso e sinais de hiperandrogenismo clínico, investigar a presença de acantose nigricans. Acne e pelos discretos podem existir na puberdade normal, principalmente entre as pacientes com histórico familiar. →As auscultas pulmonar e cardíaca são imprescindíveis. Segue-se o exame das mamas, devendo ser cada etapa explicada para a paciente, principalmente para aquelas que consultam pela primeira vez, deixando o exame ginecológico para o final. ➔Caso a paciente não queira realizar o exame ginecológico e a situação não seja uma urgência e/ou emergência, o exame poderá ser realizado em outro momento. →Na adolescente, observar se existe simetria mamária, o volume, a presença de estrias, lesões, abaulamentos e/ou retrações. A palpação das mamas deve ser realizada contra as arcadas costais identificando a homogeneidade do parênquima mamário e a existência de nódulos palpáveis. Caso exista nódulo mamário, descrevem-se otamanho, a consistência e a mobilidade. As técnicas relacionadas para a inspeção e palpação do abdome de meninas e adolescentes não diferem das utilizadas na mulher adulta. A palpação superficial e profunda permite identificar regiões dolorosas, massas e hérnias inguinais. EXAME DOS ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS (OGES) Para as adolescentes, é a mesma utilizada para a mulher adulta, a posição ginecológica; a paciente fica em decúbito dorsal com as pernas fletidas e as coxas em adução e flexão. O exame dos OGEs se inicia pela exposição e inspeção destes, observando-se o monte de Vênus, os grandes e pequenos lábios, o vestíbulo vulvar, o clitóris, o meato uretral externo, a fúrcula vaginal, o hímen e as regiões perineal e perianal. Na inspeção da vulva, observa-se a existência ou não de pelos pubianos, o aspecto e a sua distribuição pela classificação de Tanner, a presença de lesões verrucosas e sinais de processo inflamatório e/ou traumatismo. A exposição da genitália externa permite, ainda, observar se há hiperemia perineal e entre os sulcos interlabiais, edema, corrimento ou até mesmo a presença de oxiúros na região perianal. EXAME DOS ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS (OGIS) ➔Caso a adolescente já tenha iniciado relação sexual, o exame especular será semelhante ao da mulher adulta. A coleta do conteúdo vaginal será realizada com a utilização do espéculo vaginal. →O exame especular permite observar as paredes vaginais quanto à sua coloração, que deve ser rósea, a rugosidade, o comprimento e os fundos de sacos laterais, anterior e posterior, a presença de secreção, corrimento vaginal e/ou cervical. →O corrimento, quando presente, deve ser analisado quanto a quantidade, cor, odor, fluidez, presença de bolhas e sinais inflamatórios associados. Observa-se, na sequência, o colo uterino quanto a sua coloração, forma, volume e aspecto do orifício externo, geralmente puntiforme nas nulíparas e em fenda transversa nas multíparas. A presença da exteriorização do epitélio glandular para fora do orifício externo do colo uterino é denominada de ectopia, uma situação frequente em adolescentes e considerada fisiológica. →As lesões verrucosas HPV-induzidas podem ser observadas a olho nu, evidenciadas pela utilização do ácido acético a 5% ou por meio do colposcópio. Nas pacientes que já iniciaram relação sexual, realiza-se o toque bidigital e bimanual, avaliando-se as paredes vaginais, o fundo de sacos laterais e posteriores, o colo uterino, seu tamanho, a consistência e a mobilidade, dolorosa ou não. O exame do corpo uterino, trompas uterinas e ovários é feito por meio do toque bimanual abdominovaginal e em situações de normalidade não deve provocar dor; quando houver dor, pensar em processos inflamatórios ou degenerativos. Os ovários podem ser palpáveis com facilidade na dependência do peso da paciente, sendo mais difícil nas pacientes obesas. Qualquer aumento do volume deve ser investigado. As trompas uterinas, quando palpáveis, indicam processos patológicos. →O toque retal raramente é realizado, sendo praticamente substituído pela ultrassonografia pélvica ou transperineal. ➔Em crianças e adolescentes virgens, se caso necessário por sangramento genital, suspeita de corpo estranho ou tumor, a vaginoscopia poderá ser realizada utilizando o espéculo de virgem, espéculo nasal, cistoscópio ou otoscópio infantil, colpovirgoscópio e histeroscópio. Exame Preventivo Do Cancer De Colo Uterino (Papanicolau) É um teste realizado para detectar alterações nas células do colo do útero. Este exame também pode ser chamado de esfregaço cervicovaginal e colpocitologia oncótica cervical. Esse exame é a principal estratégia para detectar lesões precocemente e fazer o diagnóstico da doença bem no início, antes que a mulher tenha sintomas. Pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados. É fundamental que os serviços de saúde orientem sobre o que é e qual a importância do exame preventivo, pois sua realização periódica permite que o diagnóstico seja feito cedo e reduza a mortalidade por câncer do colo do útero. →O exame preventivo é indolor, simples e rápido. Pode, no máximo, causar um pequeno desconforto que diminui se a mulher conseguir relaxar e se o exame for realizado com boa técnica e de forma delicada. ➔Para garantir um resultado correto, a mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) nos dois dias anteriores ao exame, evitar também o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores à realização do exame. É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado. →Mulheres grávidas também podem se submeter ao exame, sem prejuízo para sua saúde ou a do bebê. COMO É FEITO O EXAME? • Para a coleta do material, é introduzido um instrumento chamado espéculo na vagina (conhecido popularmente como “bico de pato”, devido ao seu formato); • o médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero; • a seguir, o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha; • as células colhidas são colocadas numa lâmina para análise em laboratório especializado em citopatologia. QUEM DEVE FAZER E QUANDO FAZER O EXAME PREVENTIVO? Toda mulher que tem ou já teve vida sexual deve submeter-se ao exame preventivo periódico, especialmente as que têm entre 25 e 64 anos. Inicialmente, o exame deve ser feito anualmente. Após dois exames seguidos (com um intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o preventivo pode passar a ser feito a cada três anos. O QUE FAZER APÓS O EXAME? A mulher deve retornar ao local onde foi realizado o exame (ambulatório, posto ou centro de saúde) na data marcada para saber o resultado e receber instruções. Tão importante quanto realizar o exame é buscar o resultado e apresentá-lo ao médico. Resultados: • negativo para câncer: se esse for o primeiro resultado negativo, a mulher deverá fazer novo exame preventivo um ano depois. Se ela já tem um resultado negativo no ano anterior, deverá fazer o próximo exame preventivo daqui a três anos; • Alteração (NIC I): repetir o exame seis meses depois; • outras alterações (NIC II e NIC III): o médico decidirá a melhor conduta. A mulher precisará fazer outros exames, como a colposcopia (exame feito com o colposcópio: aparelho com lentes de aumento e câmera para visualizar o colo do útero, vagina, períneo); • infecção pelo HPV: deverá repetir o exame seis meses depois; • amostra insatisfatória: a quantidade de material não deu para fazer o exame. Ela deve repetir o exame logo que for possível. ➔Obs.: Os sintomas do câncer do colo do útero só aparecerão em fase já adiantada da doença: sangramento e dor nas relações sexuais; Metodos Contraceptivos Com Enfase Na Adolescencia CONTRACEPTIVOS- PLANEJAMENTO FAMILIAR A anticoncepção é um conjunto de métodos e técnicas utilizadas com o intuito de impedir a gravidez. A partir da década de 1996 pela Lei n. 9263, o planejamento familiar foi oficialmente empregado no Brasil. O planejamento familiar corresponde ao recurso que permite ao casal a decisão do número de filhos e intervalo entre as gestações que desejam, de maneira programada e consciente. A maioria desses métodos são oferecidos pelo- Sistema Único de Saúde (SUS), difundindo assim o emprego planejamento familiar. Os métodos contraceptivos podem ser agrupados de diferentes maneiras, como o tipo de método, o potencial de reversibilidade e de acordo com a sua efetividade. Quando se considera a efetividade do método, podemos dividi-lo em: • métodos de primeira linha que são mais efetivos, no qual não é necessário a motivação de uso pela paciente; • métodos de segunda linha, muito efetivos, no qual precisam de atenção da paciente em relação ao uso correto; • métodosde terceira linha que são efetivos e incluem os métodos de barreira e percepção das mudanças corporais; • e os métodos de quarta linha que são menos efetivos, onde se encontram os espermicidas e o coito interrompido. METODOS COMPORTAMENTAIS São eles: • Tabelinha (OGINO-KNAUS) • Temperatura basal • Billings (muco cervical) • Sinto térmico • Coito interrompido CRITERIOS DE ELEGIBILIDADE- OMS MÉTODOS DE BARREIRA São métodos que formam uma barreira entre os espermatozoides e a cavidade uterina, impedindo a fecundação. O nível de eficiência desses métodos varia entre 2 a 6%, a depender se seu uso é correto. Todos os métodos de barreira, além do efeito contraceptivo, também reduzem a transmissão de ISTs. PRESERVATIVOS (CAMISINHA) Dentre os métodos de barreira os preservativos são os mais utilizados. Existem preservativos masculinos e femininos que podem ser feitos de látex ou poliuretrano. Sua taxa de falha geralmente está ligada ao uso incorreto. Além do efeito contra-ceptivo, é o método mais eficaz de prevenção de ISTs. Além disso, está associado a redução de neoplasias do colo do útero pela diminuição da transmissão do papilomavírus humano (HPV). Por isso, é indicado o seu uso em associação com outros métodos. O preservativo feminino é feito de poliuretano ou látex sintético e tem um anel flexível em cada extremidade. O anel aberto fica fora do canal vaginal e o anel fechado interno é colocado no espaço entre a sínfise e o colo uterino. DIAFRAGMA O diafragma é um disco de borracha ou látex, colocado na vagina, recobrindo colo do útero para impedir a entrada de espermatozoides. Possui vários tamanhos, por isso, antes do início do uso, é necessária uma consulta com o ginecologista para ser indicado o tamanho mais adequado para a paciente. ESPERMICIDA Os espermicidas são substâncias em forma de tabletes de espuma, geleia ou creme que provocam a ruptura da membrana das células dos espermatozoides matando-os ou retardando sua passagem pelo canal cervical. É recomendado o seu uso apenas em associação com outros métodos contraceptivos, como o diafragma. No entanto, não deve ser usada com preservativos masculinos, pois pode aumentar o risco de contaminação pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIUS) Os DIUs, junto com o implante de etonogestrel, faz parte dos LARCs (Long acting reversible contraceptives) que são os contraceptivos de longa duração. Consistem em um objeto de formato variável que é inserido na cavidade uterina. Eles são amplamente difundidos como métodos contraceptivos reversíveis, possuem pequenas axas de falha e descontinuidade, poucas contraindicações e têm um ótimo custo-benefício. No Brasil, os dois DIUs utilizados são o dispositivo intrauterino de cobre (DIU- Cu) e o sistema intrauterino liberador de levonogestrel (SIU de levonogestrel). DIU DE COBRE O DIU-Cu é o dispositivo mais utilizado no Brasil, sendo o único LARC fornecido pelo SUS no Brasil. Tem formato de T, é feito de um fio de prata corado com cobre e pode ser eficaz de 10 a 12 anos a depender da literatura. O DIU-Cu age por meio da indução de uma reação de corpo estranho, levando à inflamação, visto que o cobre induz a liberação de interleucinas e citocinas que têm ação espermicida. Além disso, leva a mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio, além de produzir modificações no muco cervical e alterar a espermomigração e transporte do óvulo. SIU DE LEVONORGESTREL (SIU- LNG) - DIU DE PROGESTERONA O SIU- LNG, também conhecido pelo nome comercial Mirena, é um dispositivo de poliuretrano em forma de T que libera 20 mcg levonorgestrel por dia. Tem validade de cerca de 5 anos, apesar de alguns estudos admitirem até 7 anos. Funciona levando ao efeito a atrofia do endométrio, tornando o muco cervical espesso e dificultando a espermo migração e motilidade tubária. Além disso, provoca a reação inflamatória de corpo estranho, como o DIU de cobre. Possui o benefício: de reduzir a dismenorreia e causar amenorreia em alguns casos. No entanto, em algumas pacientes pode levar a cefaleia, mastalgia, acne, depressão, cisto ovarianos funcionais e spotting (sangramento uterino irregular). Além de ter as mesmas contraindicações do DIU de cobre (ver em quadro acima), →o SIU-LNG não é recomendado em mulheres com câncer de mama atual ou prévio, tumor hepático, trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar atual, lúpus eritematoso sistêmico com anticorpo antifosfolipídeo positivo ou desconhecido. Além disso, não é indicada a continuidade do uso em pacientes que iniciaram quadro de enxaqueca com aura. Apesar de raro, pode levar à expulsão, dor ou sangramento, perfuração uterina, infecção e gravidez ectópica. →O melhor momento para ser inserido é durante a menstruação, pois nesse período o colo do útero está mais pérvio, facilitando a inserção. A contracepção é imediata e pode ser colocado em qualquer idade, inclusive em pacientes sem prole constituída. CONTRACEPÇÃO HORMONAL Os contraceptivos hormonais são métodos extremamente difundidos e eficazes. No entanto, seu índice de sucesso depende fundamentalmente da paciente. Com isso, na prática seu índice de falhas aumenta consideravelmente decorrente do uso incorreto, chegando a taxas de gravidez no primeiro ano de uso entre 3 e 9 por 100 usuárias. Dentre esses contraceptivos os mais conhecidos são: contraceptivos orais combinados (COCs), contraceptivos contendo apenas progestogênio (COPs) e contraceptivos com estrogênios e/ou progestogênios de uso sistêmico por injeção, adesivo transdérmico ou anel intravaginal. CONTRACEPTIVOS HORMONAIS COMBINADOS (CHCS) Os CHCs possuem a combinação de um estrogênio e um progestogênio no mesmo método. Desse grupo fazem parte as pílulas contraceptivas de uso oral, o injetável mensal, o adesivo transdérmico e o anel intravaginal. →O mecanismo de ação dos CHCs ocorre pela inibição da ovulação. Vamos relembrar, no ciclo menstrual o hormônio folículo estimulante (FSH) é responsável pelo recrutamento e desenvolvimento folicular. Já o hormônio luteinizante (LH) é o responsável pela ovulação. O componente de estrogênio dos CHCs inibe o FSH, enquanto que o progestogênio age inibindo o LH. Ora, se esses dois hormônios estão bloqueados, não pode ocorrer recrutamento folicular, amadurecimento do folículo dominante e nem ovulação. Além disso, a progesterona presente nesses contraceptivos torna o muco cervical espesso, dificultando a espermomigração, reduz a motilidade tubária e ainda tem efeito antiproliferativo no endométrio. Já o estrogênio contido na formulação estabiliza o endométrio, reduzindo os sangramentos e aumenta a produção hepática da globulina carreadora de hormônios sexuais (SHBG), reduzindo a fração livre de testosterona. Sabendo disso, fica fácil elencar vários benéficos dos CHCs: INJETÁVEL MENSAL Os anticoncepcionais hormonais combinado injetável são utilizados mensalmente. Os mais utilizados são o de valerato de estradiol com enantato de noretisterona, e o cipionato de estradiol com acetato de medroxiprogesterona. É indicado para pacientes que possuem dificuldade de aderir pílula anticoncepcional. ANEL VAGINAL Esse método contraceptivo combinado que possui o formato de um anel transparente e flexível e contém 2,7 mg de etinilestradiol e 11,7 mg de etonogestrel. O anel vaginal libera cerca de 15 μg de etinilestradiol/dia e 120 μg de etonogestrel/dia. Deve ser colocado em forma de “8” no fundo vaginal entre o primeiro e o quinto dia do ciclo menstrual. O dispositivo permanece por três semanas consecutivas, faz-se uma pausa de sete dias, quando ocorre o sangramento e recoloca um novo dispositivo ao final da pausa. ADESIVO TRANSDÉRMICO O adesivo transdérmico contém uma camada interna hormonal e uma camada externa resistente à água. Ele libera diariamente 30 μg de EE e 150 μg de norel- gestromina, que,após metabolismo hepático, se transforma em levonorgestrel. O adesivo deve ser aplicado na pele limpa, podendo ser colocado nas nádegas, parte externa do braço, abdome inferior ou região superior do dorso, evitando as mamas. CONTRACEPTIVOS APENAS DE PROGESTOGÊNIO (COPS) Esses contraceptivos possuem como hormônio apenas a progesterona. Dentro desse grupo está a pílula de progesterona isolada, o injetável trimestral, o implante subdérmico e o SIU de levonorgestrel. As principais contraindicações desse método estão descritas no quadro abaixo. PÍLULA DE PROGESTERONA ISOLADA Esses contraceptivos podem ser compostos por desogestrel, acetato de noretindrona e levonorgestrel. Minipílula: Os contraceptivos compostos por acetato de noretindrona e levonorgestrel são também conhecidos como minipílulas e podem ser utilizados em pacientes em aleitamento e na perimenopausa. Essas medicações promovem efeito contraceptivo através do espessamento do muco cervical e inibição da implantação do embrião no endométrio. Não possuem efeitos anovulatórios. Nesse caso, o uso de minipílulas é contínuo e devem ser prescritas no puerpério de mulheres que amamentam seis semanas após o parto. O seu uso deve ser rigoroso, pois após 27 horas da injesta do último comprimido já pode perder o seu efeito. →Uma contraindicação relativa ao uso de anticoncepcionais com progestágeno isolado é o diabetes mellitus gestacional prévio, pois está relacionado ao desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 nos primeiros dois anos após o parto. DESOGESTREL: Esse contraceptivo é composto por 75 μg de desogestrel e tem a capacidade de inibir a ovulação, por isso, é mais eficaz que as minipílulas. Além disso, torna o muco cervical espesso, dificultando a ascensão dos espermatozoides. Também pode ser indicado durante a amamentação e tem a vantagem de poder ser tomado com atraso de até 12 horas, sem comprometer a sua eficácia. INJETÁVEL TRIMESTRAL O contraceptivo injetável trimestral geralmente é utilizado em pacientes que possuem contraindicação ao uso de estrogênios. Ele bloqueia a ovulação através da inibição do LH, também levando à alteração nas características do muco e atrofia endometrial. Além disso, pode levar à amenorreia e redução da dismenorreia, TPM e câncer endometrial. Como efeitos adversos, pode estar presente o sangramento intermenstrual, edema, ganho de peso, acne, náuseas, mastalgia, cefaleia, alterações do humor e redução da densidade mineral óssea. É aplicado via intramuscular na nádega ou músculo deltoide a cada três meses. IMPLANTE SUBDÉRMICO O implante subdérmico é composto contendo progestágenos como o etonogestrel (Implanon) e o levonorgestrel (Norplant). O primeiro tem duração de 3 anos, enquanto que o segundo dura até 5 anos. Esse dispositivo é implantado na parte subdérmica do antebraço, entre os músculos bíceps e tríceps. Para ser retirado, é preciso pequena incisão sob anestesia local. O implante de levonorgestrel atua inibindo a ação do LH, impedindo a ovulação. Além disso, leva à atrofia endometrial e alteração do muco cervical. Por não apresentar um componente estrogênico que estabiliza o endométrio, pode ocorrer como efeito adverso o spotting. Já o implante de levonorgestrel previne a gestação por meio da ação sobre o muco cervical que se torna impenetrável aos espermatozoides. Também está associado a cefaleia, mastalgia, acne e ganho de peso. Após a remoção do implante, o retorno à fertilidade é rápido, podendo variar em média de 1 a 18 semanas. O implante de etonogestrel tem uso seguro durante a amamentação. CONTRACEPÇÃO CIRÚRGICA Estão valendo as novas regras para cirurgias de laqueadura e vasectomia. A partir de agora, a idade mínima para realizar os procedimentos - que era de 25 anos - passa a ser de 21 anos para esterilização voluntária em pessoas com capacidade civil plena. Também não é mais necessária a autorização do(a) cônjuge, consentimento que era obrigatório até então. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece cirurgia de vasectomia e todos os estados brasileiros possuem estabelecimentos para a realização. O serviço de saúde não oferece a cirurgia de reversão. O procedimento leva de 15 a 20 minutos e não há necessidade de internação. Após a cirurgia, é necessário utilizar outro método contraceptivo durante, pelo menos, 90 dias. A laqueadura, por sua vez, é um procedimento cirúrgico que dura entre 40 minutos e uma hora. O objetivo é evitar o contato do espermatozoide com o óvulo, que acontece nas trompas, para impedir a fecundação e, consequentemente, a gestação. Também pode ser recomendada nos casos em que uma gravidez coloca a pessoa em risco. Há possibilidade de realizar reversão da laqueadura com técnicas de reprodução assistida, no entanto, o sucesso do procedimento depende de fatores como a preservação das tubas e a condição de saúde das trompas. ➔A Lei 14.443/2022, que dispensa o consentimento do cônjuge para autorizar a laqueadura, em mulheres, e vasectomia, em homens, já está em vigor. Para o coordenador da Comissão Nacional de Saúde da Mulher do Conselho Federal de Enfermagem, a nova lei é um avanço na garantia de direitos sexuais e reprodutivos. “A nova legislação assegura o direito de escolha, que passa a prescindir da vontade do cônjuge. É fundamental, porém, que as mulheres tenham acesso a informação para tomar a melhor decisão, e que sejam ofertados também métodos reversíveis, como o Dispositivo Intrauterino (DIU)”, afirma. Confira as principais mudanças, que passaram a vigorar no domingo (5/3): Idade mínima – A lei reduz para 21 anos a idade mínima para a realização dos procedimentos no país. Antes, era 25 anos. Quem tem dois ou mais filhos vivos poderá realizar a cirurgia a partir dos 18 anos. Parto – A gestante pode solicitar a laqueadura durante o período do parto, o que não era permitido na legislação anterior, de 1996. É necessário manifestar a vontade com 60 dias de antecedência da data prevista para o nascimento. A legislação manteve a exigência de manifestação pela cirurgia em documento escrito e assinado. Entre a manifestação da vontade e a cirurgia, a pessoa interessada passará por aconselhamento por equipe médica quando receberá orientações sobre as vantagens, desvantagens, riscos e eficácia do procedimento. O objetivo é evitar a esterilização precoce. Descumprimento – Em caso de realização da esterilização em desacordo com a lei, é prevista pena de dois a oito anos de reclusão e multa. A pena pode ser aumentada em um terço se ocorrer nas seguintes situações: durante o parto ou aborto sem manifestação prévia de 60 dias; com manifestação da vontade do esterilizado expressa durante a ocorrência de alterações na capacidade de discernimento por influência de álcool, drogas, estados emocionais alterados ou incapacidade mental temporária ou permanente; em cirurgias de histerectomia e ooforectomia (retirada de útero e ovários, respectivamente); em pessoa absolutamente incapaz, sem autorização judicial e através de cesárea indicada exclusivamente para esterilização. CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA A contracepção de emergência é um método que visa prevenir uma gestação inoportuna após relação sexual. Pode ser indicada no ato sexual desprotegido, falha ou uso inadequado do método contraceptivo em uso ou violência sexual. Os contraceptivos de emergência atuais geralmente são efetivos e seguros, apresentando poucos efeitos adversos. Com isso, reduz a quantidade de abortamentos inseguros e garante o planejamento familiar. O mecanismo de ação desses métodos varia de acordo com o período do ciclo menstrual no qual é utilizado. Se o uso ocorre na primeira fase do ciclo, antes do pico do LH (hormônio luteinizante), ele altera o desenvolvimento folicular, impedindo ou retardando a ovulação. Já quando é usado na segunda fase do ciclo menstrual, ou seja, após a ovulação, ele modifica as características do muco cervical, deixando-omais viscoso e com isso alteração o transporte dos espermatozoides. Atualmente estão disponíveis vários métodos contraceptivos de emergência. Os mais utilizados são o método Yuzpe e o contraceptivo de levonorgestrel isolado, ambos são igualmente eficazes, podendo ser utilizado até 5 dias após o ato sexual desprotegido. Entretanto, sua eficácia é inversamente proporcional ao tempo decorrido desde a atividade sexual, sendo recomendado o uso até 72 horas após o ato. Pela comodidade posológica e menos efeitos colaterais, o método de levonorgestrel é o mais indicado. • MÉTODO YUZPE: É um contraceptivo combinado que consiste no uso de duas doses de 100 mcg de etinilestradiol e 500 mcg de levonorgestrel, com intervalo de 12 horas; sendo que a primeira deve ser tomada o mais próximo possível da atividade sexual desprotegida e até 72 horas depois. • CONTRACEPTIVO DE LEVONOGESTREL ISOLADO: Nesse método deve-se ingerir o levonorgestrel na dose de 1,5 mg em dose única ou fracionada em duas tomadas, com intervalo de 12 horas. Ambas as formas de uso são igualmente eficazes. Podem ocorrer alguns efeitos adversos como náuseas, vômitos, cefaleia e aumento da sensibilidade mamária. No entanto, não há nenhuma evidência de que os contraceptivos de emergência exerçam abortamento. IST’s NA ADOLESCENCIA →A relação sexual no período da adolescência, tem seu início cada vez mais precoce, com consequências indesejáveis imediatas, como o aumento da frequência de infecções sexualmente transmissíveis e gravidez precoce. A gestação nesse período é considerada como uma situação de tensão individual e risco social, visto que sua magnitude engloba adversidades como conflitos familiares, abandono do estudo e discriminação social. Estudos comprovam que baixa escolaridade e baixa renda são fatores de risco importantes para a gestação na adolescência. Ressalta-se que a gravidez na adolescência continua sendo um problema de saúde pública. ➔Em relação às complicações da gestação para a jovem, mencionam-se maiores incidências de anemia materna, desproporção céfalo-pélvica, síndrome hipertensiva da gravidez, infecção urinária, depressão pósparto, placenta prévia e complicações durante o trabalho de parto, acarretando aumento da mortalidade materna e infantil. →No que tange o neonato, a gestação precoce está relacionada a taxas maiores de parto pré-termo e baixo peso ao nascer, além de maior frequência de intercorrências pré-natais, no trabalho de parto e no puerpério. ➔As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são frequentes e recorrentes, consideradas um problema de saúde pública em todo o mundo. Causam grandes efeitos na saúde sexual e reprodutiva e são um dos cinco principais motivos de procura da população para o atendimento em saúde. A epidemiologia das IST tem evidenciado que cerca de 25% das infecções são diagnosticadas em indivíduos com idade inferior a 25 anos. Fatores biológicos, culturais e socioeconômicos corroboram para a elevação da taxa de incidência das ISTs. No que concerne às IST/HIV/aids, existem situações que fragilizam ou tornam a pessoa vulnerável ao adoecimento, como a adoção de práticas sexuais inseguras. Tais práticas são decorrentes de um conjunto de fatores e variáveis presentes em sua vida particular e coletiva, bem como pelas condições socioambientais em que ele vive, além das respostas que as instituições público-sociais podem dar às suas necessidades de saúde. As características inerentes ao público jovem podem produzir dinâmicas que conduzam a comportamentos que resultarão num conjunto de experiências de grande intensidade, que podem (ou não) envolver o consumo de substâncias psicoativas e a adoção de comportamentos de risco com práticas sexuais inseguras. →O desenvolvimento psicossocial normal dos adolescentes engloba um desejo de autonomia e um aumento nos comportamentos de risco, tornando os adolescentes particularmente vulneráveis às IST. →As ISTs associadas ao corrimento uretral ou vaginal incluem gonorréia, clamídia, trichomonas, vaginose bacteriana, candidíase vulvovaginal, Mycoplasma genitalium e, ocasionalmente, vírus herpes simplex (HSV). •As IST associadas a úlceras genitais em adolescentes geralmente incluem HSV e sífilis primária. Contudo, os pacientes com IST ulcerativa correm risco de coinfecção, por isso a maioria dos adolescentes com úlceras genitais deve ser testada para sífilis, HSV, HIV, gonorreia e clamídia. •A doença inflamatória pélvica refere-se à infecção aguda das estruturas do trato genital superior (por exemplo, útero, trompas de falópio, ovários). Deve ser suspeitada em adolescentes sexualmente ativos que apresentam desconforto pélvico, embora a infecção possa ser subclínica. •As ISTs associadas a lesões cutâneas incluem verrugas genitais causadas pelo papilomavírus humano (HPV), sífilis primária, sífilis secundária, infecção gonocócica disseminada, pediculose púbica e sarna. •As IST associadas a lesões orais incluem sífilis, gonorreia, HPV e HSV. Diversas são as situações conflituosas vivenciadas pelos ginecologistas ao atenderem as adolescentes, em que as normas estabelecidas se revelam insuficientes para responder com clareza a algumas interrogações éticas, desafiando e, por vezes, confundindo as tomadas de decisões. Existem ainda os conflitos de interesse entre estas e seus pais e/ou responsáveis, além dos diferentes marcos legais que determinam a entrada para a vida adulta, interferindo no direito à autonomia, privacidade, confidencialidade e ao exercício da sexualidade. O profissional além de demonstrar compreensão, conhecimento técnico e das leis, deve ainda contextualizar a situação, a competência da adolescente e, à luz da bioética, pode considerar mais eficaz garantir a autonomia e a justiça em prol dessa. → A confidencialidade, a privacidade e a autonomia são direitos da adolescente que recebe atendimento médico. O sigilo será mantido desde que ela tenha capacidade de avaliar seu problema, de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo e quando a não revelação não ocasione danos a ela ou a terceiros. → Os profissionais que atuam na assistência à saúde da adolescente deverão sempre estimulá-las a envolver seus pais em seu tratamento, esclarecendo desde o primeiro contato o direito e os limites desse envolvimento, tanto para ela como para seus responsáveis. → A prescrição, orientação ou manutenção do sigilo de atividade sexual de adolescente com menos de 14 anos, se não for verificado abuso, exploração sexual ou outro tipo de situação pessoal ou social que afete ou possa afetar negativamente a adolescente e desde que essa tenha consciência de seus atos e das repercussões para sua vida e saúde, não constitui ato ilícito. → Os profissionais da saúde têm o dever legal de comunicar à autoridade competente as situações em que há suspeita ou confirmação de maus tratos e de abuso sexual contra crianças e adolescentes. (menores de 14 anos) A comunicação à autoridade competente não acarreta infração ética, não se configurando, assim, violação do segredo profissional. →Estupro de vulnerável menores de 14 anos; ➔O Código de Ética Médica em seu artigo 74º estabelece que é proibido “revelar segredo profissional referente à paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, salvo quando a não revelação ocasionar danos ao paciente”. Também responsabiliza os médicos se o segredo for violado por seus auxiliares, conforme o artigo 78º: “deixar de orientar seus auxiliares e alunos a respeitar o sigilo profissional e zelar para que seja por eles mantido”. Portanto, a confidencialidade é tanto um direito do paciente quanto uma obrigação do médico, não sendo uma prerrogativa de pacientes adultos, devendo estar presente em todos os atendimentos, independentementeda faixa etária. ➔ NOTIFICAR QUANDO: suicídio, uso de droga, recusa de tratamento de doenças de riscos, referencia ou suspeita de abuso sexual, gravidez com ou intuito de interrupção, distúrbios psiquiátricos, déficit intelectual, ISTs; Diretrizes Adolescência, Anticoncepção e Ética, 2003. A privacidade é o direito que o adolescente possui, independentemente da idade, de ser atendido sozinho, em um espaço privado de consulta, inclusive durante o exame físico, onde são reconhecidas sua autonomia e individualidade. A confidencialidade é direito do https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hpv/perguntas-e-respostas https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hpv/perguntas-e-respostas adolescente, reconhecido no artigo 103 do Código de Ética Médica. A quebra do sigilo, também prevista no mesmo artigo, deverá ser realizada com o conhecimento do adolescente, mesmo que sem sua anuência. O adolescente tem direito à educação sexual, ao acesso à informação sobre contracepção, à confidencialidade e ao sigilo sobre sua atividade sexual e sobre a prescrição de métodos anticoncepcionais, respeitadas as ressalvas do Art. 103, Código de Ética Médica. O profissional que assim se conduz não fere nenhum preceito ético, não devendo temer nenhuma penalidade legal. Em relação à prescrição de anticoncepcionais para menores de 14 anos, a presunção de estupro deixa de existir, frente à informação que o profissional possui de sua não ocorrência, devendo ser consideradas todas as medidas cabíveis para melhor proteção da saúde do adolescente (ECA), o que retira qualquer possibilidade de penalidade legal. O avanço em relação ao suporte legal para a proposta ética é dado pela Lei nº 8.069/90 do Estatuto da Criança e do Adolescente e pela revisão pela ONU da Conferência Mundial de População e Desenvolvimento (Cairo, 1995). Apesar desse avanço, continua a reivindicação dos profissionais da saúde quanto a necessidade de avançar-se ainda mais para que se amplie a visão do direito no campo da sexualidade e da saúde. Marta retornou ao atendimento trazendo sua prima Luisa para passar em consulta. Marta contou que estava com “corrimento vaginal de odor desagradável” há quatro meses e que havia percebido, há seis dias, algumas feridas dolorosas nos pequenos lábios e ardor ao urinar. Revelou dor em baixo ventre de intensidade variável, que se acentua durante a atividade sexual. Luisa também queixou de “dor no pé da barriga” que piorava durante o período menstrual e se intensificava ao longo dos anos, mas que não apresentava nenhum corrimento ou lesão genital. Após o exame, a médica informou a Marta que ela estava com uma infecção que se transmite por meio da relação sexual e, em seguida, solicitou exames. A médica orientou que seu parceiro realizasse uma avaliação médica. Já para Luisa, a doutora referiu que precisaria realizar alguns exames complementares para entender melhor sua situação. : 1. DESCREVER AS PRINCIPAIS IST´S, E CAUSAS DE CORRIMENTO VAGINAL; (DIAGNOSTICO, QUADRO CLINICO, TRATAMENTO, AGENTE ETIOLOGICO) 2. ABORDAR DOR PELVICA CRONICA E AGUDA; (QUADRO CLINICO, DIAGNOSTICO, DX DIFERENCIAL, TRATAMENTO) – DIP, GRAVIDEZ ECTOPICA, ENDOMETRIOSE, ADEMÍOSE, DISMINORREIA. 3. CONDUTA RELACIONADA AO CASO DE DOR PELVICA- PROTOCOLO DE ATENDIMENTO; Corrimento Vaginal O corrimento genital é a manifestação clínica de secreção vulvovaginal referida pela mulher. A região da vulva e da vagina apresenta fisiologicamente quantidade variável de secreção, que se origina das glândulas regionais, do muco cervical e endometrial, bem como do transudato vaginal. O corrimento genital fisiológico é a secreção que, em geral, não causa desconforto e não é causado por agentes patológicos. O corrimento genital patológico é manifestação usual das vulvovaginites, e é caracterizado pela quantidade excessiva, com alterações das suas características fisiológicas, causando desconforto e sendo determinado por diferentes agentes etiológicos. ➔Fisiologia: O corrimento vaginal é um sintoma proeminente da vaginite, mas pode ser difícil de distinguir do corrimento vaginal normal. Em mulheres em idade reprodutiva, o corrimento vaginal normal consiste em 1 a 4 mL de fluido (por 24 horas), branco ou transparente, grosso ou fino, na maioria das vezes inodoro e com pH entre 3,5 a 4,5. Esta descarga fisiológica é formada por secreções endocervicais mucoides em combinação com células epiteliais descamativas, flora vaginal normal e transudato vaginal. A secreção pode tornar-se mais perceptível às vezes ("leucorreia fisiológica"), como no meio do ciclo menstrual próximo ao momento da ovulação, durante a gravidez ou com uso de anticoncepcionais estrogênicos e progestínicos. →Dieta, atividade sexual, medicação e estresse também podem afetar o volume e o caráter do corrimento vaginal normal. Embora a secreção normal possa ser amarelada, levemente mal-cheirosa e acompanhada de sintomas irritativos leves, não é acompanhada de prurido, dor, ardência ou irritação significativa, eritema, erosões locais ou friabilidade cervical ou vaginal. A ausência desses sinais e sintomas ajuda a distinguir o corrimento vaginal normal da alta relacionada a um processo patológico, como vaginite ou cervicite. Avaliação e Diagnóstico A avaliação clínica das mulheres com queixa de corrimento genital consiste de anamnese, exame físico geral e ginecológico. Na anamnese, deve-se estudar o início e a evolução do quadro, a relação ou não com a atividade sexual, particularmente as mais recentes; e averiguar os hábitos sexuais e de higiene, os antecedentes mórbidos pessoais e também dos parceiros, o estilo de vida, o uso de drogas e os métodos contraceptivos. Outras informações também importantes são grupo etário e manifestações clínicas associadas tanto nos órgãos genitais como nos extragenitais. O exame físico geral deve buscar alterações sugestivas de afecções mais sérias, por exemplo, sinais de sífilis secundária, condições gerais de saúde que podem sugerir a síndrome da imunodeficiência adquirida e outras. O exame dos genitais externos e internos deve buscar lesões vegetantes, úlceras, escoriações, cistos, a presença de secreção vaginal e suas características por meio do exame especular, o aspecto do colo do útero, das paredes vaginais, assim como do muco cervical. O exame dos órgãos genitais internos através do toque é da maior relevância, pois determinados corrimentos genitais têm origem na endocérvice, no útero e nas tubas, sendo o diagnóstico firmado nesta etapa. OS EXAMES MAIS UTILIZADOS PARA O DIAGNÓSTICO DAS INFECÇÕES VAGINAIS SÃO: • pH vaginal: normalmente é < 4,5, sendo os Lactobacillus spp. predominantes na flora vaginal. Esse método utiliza fita de pH na parede lateral vaginal, comparando a cor resultante do contato do fluido vaginal com o padrão da fita. Seguem os valores e as infecções correspondentes: o pH > 4,5: vaginose bacteriana ou tricomoníase o pH < 4,5: candidíase vulvovaginal • Teste de Whiff (teste das aminas ou “do cheiro”): coloca-se uma gota de KOH a 10% sobre o conteúdo vaginal depositado numa lâmina de vidro. Se houver “odor de peixe”, é considerado positivo e sugestivo de vaginose bacteriana. • Exame a fresco: em lâmina de vidro, faz-se um esfregaço com amostra de material vaginal e uma gota de salina, cobrindo-se a preparação com lamínula. O preparado é examinado sob objetiva com aumento de 400x, observando-se a presença de leucócitos (presentes na candidíase e na tricomoníase), células parabasais, Trichomonas sp. móveis, leveduras e/ou pseudo-hifas. • Bacterioscopia por coloração de Gram: a presença de clue cells, células epiteliais escamosas de aspecto granular pontilhado e bordas indefinidas cobertas por pequenos e numerosos cocobacilos, é típica de vaginose bacteriana. ➔AS CAUSAS MAIS COMUNS DE CORRIMENTO VAGINAL SÃO: VAGINOSE BACTERIANA, CANDIDIASE, TRICOMONIASE→O termo vaginite é o diagnóstico dado às mulheres que se apresentam com queixas de leucorreia vaginal anormal acompanhada de queimação, irritação ou prurido vulvar. Essa é uma das razões mais comuns das consultas ao ginecologista. As principais causas da leucorreia vaginal sintomática são vaginose bacteriana, candidíase e tricomoníase. Vaginose Bacteriana Essa síndrome clínica comum, complexa e mal compreendida reflete anormalidade na flora vaginal. Tem recebido diversas denominações, e os termos originais incluem vaginite por Haemophilus, vaginite por Corynebacterium, vaginite por Gardnerella ou anaeróbia e vaginite inespecífica. A VB é caracterizada por três alterações no ambiente vaginal: ●Uma mudança na microbiota vaginal de espécies de Lactobacillus para uma de alta diversidade bacteriana, incluindo anaeróbios facultativos. ●Produção de aminas voláteis pela nova microbiota bacteriana e redução da produção de ácido láctico. ●Aumento resultante no pH vaginal para >4,5 (o pH vaginal normal de mulheres estrogenizadas normalmente varia de 4,0 a 4,5). A vaginose bacteriana (VB) é uma condição clínica caracterizada por uma mudança na microbiota vaginal das espécies de Lactobacillus para espécies bacterianas mais diversas, incluindo anaeróbios facultativos. O microbioma alterado provoca um aumento no pH vaginal e sintomas que variam de nenhum a muito incômodo (por exemplo, corrimento vaginal anormal e odor). O corrimento é esbranquiçado, fino e homogêneo; o odor é um “cheiro de peixe” desagradável que pode ser mais perceptível após a relação sexual e durante a menstruação. ➔Consequências clinicas: A presença de VB aumenta o risco de resultados obstétricos e ginecológicos desfavoráveis, bem como o risco de aquisição de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). ➔Diagnóstico: A VB é relatada por alguns especialistas como a causa mais frequente dos sintomas vaginais que resultam em consultas médicas. Entre os sintomas, descarga vaginal sem irritação e com mau cheiro é característica, mas nem sempre está presente. Em regra, a vagina não se encontra eritematosa, e o exame do colo uterino não revela anormalidades. Os critérios diagnósticos clínicos foram inicialmente propostos por Amsel e colaboradores (1983) e incluem: (1) avaliação microscópica de uma preparação salina da secreção vaginal, (2) liberação de aminas voláteis produzidas pelo metabolismo anaeróbio e (3) determinação do pH vaginal. TRATAMENTO: Candidiase Candida albicans, que pode ser encontrada na vagina de pacientes assintomáticas e é um comensal de boca, reto e vagina. Ocasionalmente, outras espécies de Candida estão envolvidas, como C. tropicalis e C. glabrata, entre outras. É comum a candidíase ser observada em climas quentes e em pacientes obesas. Além disso, imunossupressão, diabetes melito, gravidez e uso recente de antibiótico de amplo espectro predispõem as mulheres à infecção clínica. Ela pode ser sexualmente transmissível, e vários estudos relatam associação entre candidíase e sexo oral. →Diagnóstico: Os sintomas mais comuns da candidíase são prurido, dor, eritema vulvar e edema com escoriações. O corrimento vaginal característico é descrito como semelhante ao queijo cottage. O pH vaginal é normal (, 4,5), e o exame microscópico da leucorreia vaginal, após aplicação de solução salina ou KOH a 10%, permite a identificação da levedura. A Candida albicans é dimórfica, apresentando tanto leveduras quanto hifas. Pode estar presente na vagina como um fungo filamentoso (pseudo-hifas) ou como levedura germinada com micélios. A cultura para cândida vaginal não é recomendada como rotina. Tratamento Para as infecções não complicadas, os azóis são muito eficazes, mas as pacientes devem ser orientadas a retornar se a terapia não for bem-sucedida. As mulheres com quatro ou mais infecções por cândida durante um ano são classificadas como portadoras da doença complicada, e culturas devem ser obtidas para confirmar o diagnóstico. As espécies de Candida não albicans não são responsivas à terapia tópica com azóis. Por isso, os esquemas terapêuticos locais intravaginais prolongados e a adição de fluconazol oral, 1 a 3 vezes por semana, podem ser necessários para a cura clínica. O tratamento primário para a prevenção de infecção recorrente é feito com fluconazol oral, 100 a 200 mg/semana, por seis meses. Para a infecção recorrente por não albicans, uma cápsula contendo 600 mg de gelatina de ácido bórico por via intravaginal diariamente durante duas semanas tem sido eficaz. A terapia oral com azóis foi associada à elevação nas enzimas hepáticas. Assim, o tratamento oral prolongado talvez não seja viável, por esse motivo ou em razão de interações com outros medicamentos da paciente, como bloqueadores do canal de cálcio, varfarina, inibidores da protease, trimetrexato, terfenadina, ciclosporina A, fenitoína e rifampicina. Nesses casos, o tratamento tópico uma ou duas vezes por semana talvez ofereça uma resposta clínica similar. Sifilis A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela espiroqueta Treponema pallidum(bactéria) que é um organismo fino com forma de espiral e terminações afiladas. As mulheres com maior risco são aquelas pertencentes a grupos socioeconômicos desfavorecidos, as adolescentes, aquelas com início precoce da vida sexual e aquelas com um número grande de parceiros sexuais ao longo da vida. SÍFILIS PRIMÁRIA A lesão indicadora dessa infecção é chamada de cancro, onde as espiroquetas são abundantes. É uma úlcera clássica, isolada, firme ao toque, com bordas arredondadas levemente elevadas e uma base integrada não infectada. Manifestação clínica depende do número de treponemas inoculados e do estado imunológico do paciente. No entanto, pode se tornar infectada secundariamente e dolorosa. Em geral, os cancros são encontrados no colo uterino, na vagina ou na vulva, mas também podem se formar na boca ou ao redor do ânus. Essa lesão pode se desenvolver em 10 dias a 12 semanas após a exposição, com um período médio de incubação de três semanas. O período de incubação está diretamente relacionado ao grau de inoculação. Sem tratamento, essas lesões cicatrizam espontaneamente em até seis semanas. SÍFILIS SECUNDÁRIA Esta fase está associada à bacteriemia e desenvolve-se em seis semanas a seis meses após o surgimento do cancro. Sua manifestação é um exantema maculopapular que pode envolver todo o corpo e inclui palmas, plantas e mucosas. Assim como no cancro, esse exantema dissemina ativamente as espiroquetas. Nas áreas corporais quentes e úmidas, esse exantema pode produzir placas grandes, rosadas ou cinzas esbranquiçadas, altamente infecciosas, denominadas condylomata lata. Como a sífilis é uma infecção sistêmica, outras manifestações podem incluir febre e mal-estar. Além disso, sistemas orgânicos, como renal, hepático, osteoarticular e o nervoso central (SNC) (meningite), podem ser envolvidos. SÍFILIS LATENTE Denomina-se sífilis latente secundária o período de um ano após o surgimento de sífilis secundária sem tratamento, durante o qual podem surgir sinais e sintomas secundários. Entretanto, as lesões associadas a essas manifestações, em geral, não são contagiosas. Se caracteriza pela ausência de manifestações clínicas e pode durar de 3 a 20 anos; o diagnóstico só pode ser feito por testes sorológicos; é dividida em recente (evolução < 1ano) e tardia (evolução > 1ano). SÍFILIS TERCIÁRIA Esta fase da sífilis não tratada pode surgir até 20 anos após a latência. Durante essa fase, evidencia-se o envolvimento cardiovascular, do SNC e do sistema musculoesquelético. No entanto, a neurossífilis e a sífilis cardiovascular são 50% menos comuns nas mulheres. Ocorre em, aproximadamente, em 30% das infecções não tratadas, após um longo período de latência, podendo surgir entre 2-40 anos depois do início da infecção;a sífilis nesse estágio se manifesta na forma de inflamação e destruição tecidual. As principais lesões são as seguintes: ➢ Cutâneas: gomosas e nodulares, de caráter destrutivo. ➢ Ósseas: periostite, osteíte gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e nódulos justa-articulares. ➢ Cardiovasculares: aortite sifilítica, aneurisma e estenosa de coronárias. ➢ Neurológicas: meningite aguda, goma do cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico, lesão do VII par, paralisia geral, tabes dorsalis (degeneração lenta dos neurônios sensitivos) e demência. * gomas sifilíticas: tumorações com tendência a liquefação. ➔Diagnóstico: • Pesquisa direta: pode ser feita através de microscopia de campo escuro (sensibilidade de 74 a 86%), imunofluorescência direta, exame de material corado, biópsias. • Testes imunológicos: são os mais utilizados na prática; para o diagnóstico devem ser utilizados testes treponêmicos + testes não treponêmicos. ➢ Treponêmicos: detectam anticorpos específicos produzidos contra os antígenos do T. pallidum; Exemplos: testes de hemaglutinação e aglutinação passiva (TPHA), teste de imunofluorescência indireta (FTA-Abs), quimioluminescência (EQL), ensaio imunoenzimático indireto (ELISA), testes rápidos. ➢ Não treponêmicos: detectam anticorpos não específicos para os antígenos do T. pallidum; podem ser quantitativos (titulação de anticorpos) ou qualitativos (presença ou ausência de anticorpo). Exemplos: VDRL, RPR (Rapid Test Reagin), TRUST. TRATAMENTO: • Sífilis primária, secundária e latente recente Escolha: Penicilina G benzatina, 2,4milhões UI, IM, dose única (1,2milhão UI em cada glúteo). Alternativa: Doxiciclina 100mg, VO, 2x/dia, por 15 dias (exceto gestantes) OU Ceftriaxona 1g, IV ou IM, 1x/dia, por 8-10 dias. • Sífilis latente tardia ou de duração desconhecida e terciária Escolha: Penicilina G benzatina, 2,4milhões UI, IM, dose única (1,2milhão UI em cada glúteo), semanal, durante três semanas. (Dose total: 7,2 milhões UI). Alternativa: Doxiciclina 100mg, VO, 2x/dia, por 30 dias (exceto gestantes) OU Ceftriaxona 1g, IV ou IM, 1x/dia, por 8-10 dias. • Neurossífilis Escolha: Penicilina cristalina, 18-24 milhões UI/dia, IV, administrada em doses de 3-4 milhões a cada 4 horas ou por infusão contínua, durante 14 dias. Alternativa: Ceftriaxona 2g, IV ou IM, 1x/dia, por 10-14 dias. Tricomoniase A tricomoníase é mais comumente diagnosticada em mulheres, uma vez que a maioria dos homens é assintomática. É uma infecção causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Nas mulheres, ataca o colo do útero, a vagina e a uretra, e nos homens, o pênis. O Trichomonas vaginalis tem predileção pelo epitélio escamoso, e as lesões podem facilitar o acesso para outras espécies sexualmente transmissíveis. A transmissão vertical durante o parto é possível, podendo persistir por um ano. →Sinais e sintomas: Os sintomas mais comuns são dor durante a relação sexual, ardência e dificuldade para urinar, coceira nos órgãos sexuais, porém a maioria das pessoas infectadas não sente alterações no organismo. →Diagnóstico: O período de incubação do T. vaginalis varia de três dias a quatro semanas, e vagina, uretra, ectocérvice e bexiga podem ser afetadas. Até 50% das mulheres com tricomoníase se mantêm assintomáticas e, em alguns casos, tal colonização pode persistir por meses ou anos. Entretanto, naquelas pacientes com queixas, a leucorreia vaginal costuma ser descrita como mal cheirosa, fina e amarela ou verde. Além disso, disúria, dispareunia, prurido vulvar e dor podem ser observados. Às vezes, a sintomatologia e os achados físicos são idênticos àqueles da DIP aguda. →Com a tricomoníase, a vulva pode estar eritematosa, edemaciada e escoriada. A vagina elimina a leucorreia mencionada anteriormente e hemorragias subepiteliais ou “manchas vermelhas” podem ser observadas na vagina e no colo uterino. A tricomoníase costuma ser diagnosticada com a identificação microscópica de parasitas em um preparado salino da secreção. Os tricomonas são protozoários anaeróbios com flagelo anterior e, portanto, móveis. São ovais e ligeiramente maiores que um leucócito. Os tricomonas tornam-se menos móveis com o frio, e as lâminas devem ser observadas no prazo de 20 minutos. O exame direto do preparado salino é altamente específico, ainda que a sensibilidade não seja tão alta quanto seria desejável (60 a 70%). Além dos achados microscópicos, o pH vaginal frequentemente está elevado. A técnica diagnóstica mais sensível é a cultura, que é impraticável, porque um meio especial (meio Diamante). Além disso, os testes de amplificação de ácidos nucleicos (NAATs, de nucleic acid amplification tests) para DNA de tricomonas são sensíveis e específicos, mas não estão amplamente disponíveis. Como alternativa, o teste rápido para tricomonas (OSOM Genzyme, Cambridge, MA) é um exame imunocromatográfico com 88% de sensibilidade e 99% de especificidade. Está disponível para uso em consultório, e os resultados ficam prontos em 10 minutos (Huppert, 2005, 2007). Os tricomonas também podem ser observados no rastreamento por esfregaço de Papanicolaou, e a sensibilidade é de quase 60%. Se houver descrição de tricomonas na lâmina do exame preventivo, sugere-se que se proceda a exame microscópico para confirmação antes de iniciar o tratamento. As pacientes com infecção por tricomonas devem ser testadas para outras doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, o(s) contato(s) sexual(is) deve(m) ser avaliado(s) ou encaminhado(s) para exames. Tratamento: Chlamydia Trachomatis- Linfogranuloma Maior prevalência está entre os jovens com menos de 25 anos de idade. Uma vez que muitas pessoas com esses organismos são assintomáticas, recomenda-se rastreamento anual nas mulheres sexualmente ativas com idade 25 anos e naquelas consideradas de risco. ➔Sintomas: Esse parasita intracelular obrigatório depende de células do hospedeiro para sobreviver. Ele causa infecção do epitélio colunar e, assim, os sintomas refletem a infecção de glândulas ectocervicais, com resultante descarga mucopurulenta ou secreções ectocervicais. Se infectado, o tecido ectocervical costuma se apresentar edemaciado e hiperêmico. A maioria dos casos da clamídia não apresenta sintomas (em torno de 70% a 80% das situações). Quando presentes, os sintomas mais comuns nas mulheres são: • corrimento amarelado ou claro; • sangramento espontâneo ou durante as relações sexuais; • dor ao urinar e/ou durante as relações sexuais e/ou no baixo ventre (pé da barriga). Nos homens, os sintomas mais comuns da clamídia são: • ardência ao urinar; • corrimento uretral com a presença de pus; • dor nos testículos. COMPLICAÇÕES Quando não tratada, a clamídia pode provocar algumas complicações, como: • infertilidade (dificuldade para ter filhos); • dor crônica na região pélvica (“pé da barriga”); • dor durante as relações sexuais; • gravidez tubária (quando ocorre nas trompas); • complicações na gestação. A clamídia na gravidez pode provocar diversas complicações durante e depois da gestação, tais como: • gravidez tubária (que ocorre nas trompas); • aborto espontâneo; • inflamação da camada interna do útero (endometrite); • parto precoce (com risco de parto antes das 37 semanas de gravidez); • infecção pós-parto (se a clamídia for contraída durante a gestação). • Além da possibilidade de transmissão da infecção durante o parto vaginal, a criança infectada pode nascer com conjuntivite neonatal. Esta, quando não tratada adequadamente, pode levar à cegueira. Diagnóstico A análise microscópica das secreções em preparado salino em geral revela 20 ou mais leucócitos por campo microscópico. Como exames mais específicos, cultura, NAAT e ensaio imunoenzimático (Elisa) estão disponíveis para amostras ectocervicais. A alternativa mais utilizada é um teste combinado para gonococo e clamídia. Assimcomo ocorre para gonorreia, surgiram novos kits de NAAT que permitem coletas seletivas de vagina, endocérvice ou urina. Os swabs com material de vagina são tão sensíveis e específicos quanto os de colo uterino. Amostras de colo uterino são aceitas quando a paciente estiver sendo submetida a exame físico da pelve, mas amostras obtidas da vagina são consideradas adequadas mesmo nos casos de exame físico completo da pelve. As amostras de urina, embora aceitas, são menos utilizadas em mulheres que tenham colo uterino. Contudo, para pacientes histerectomizadas dá-se preferência ao primeiro jato de urina. Novamente, estes testes diagnósticos sem cultura não estão aprovados pela FDA para confirmação de doença retal ou faríngea e, para estes locais, há indicação de cultura. Se for diagnosticada C. trachomatis ou houver suspeita, recomenda-se rastreamento para outras DSTs. TRATAMENTO Infeccao Pelo Virus Herpes Simples O herpes genital é a doença ulcerosa genital de maior prevalência e é uma infecção crônica. O vírus penetra nas terminações dos nervos sensoriais e é transportado retrogradamente pelo axônio para as raízes dos gânglios dorsais, onde fica potencialmente latente por toda a vida. A reativação espontânea por várias causas resulta no transporte anterógrado de partículas/proteínas do vírus para a superfície, onde se dissemina, com ou sem formação de lesões. Postulou-se que mecanismos imunológicos controlariam a latência e a reativação. Há dois tipos do vírus herpes simples (HSV, de herpes simplex virus), o HSV-1 e o HSV-2. →O HSV-1 é a causa mais frequente das lesões orais. →O HSV-2 costuma ser encontrado nas lesões genitais, embora ambos os tipos possam causar herpes genital. Muitas mulheres infectadas com HSV-2 carecem desse diagnóstico em razão de infecções leves ou não reconhecidas. As pacientes infectadas podem transmitir o vírus quando assintomáticas, e muitas infecções são sexualmente transmitidas por pacientes que desconhecem sua infecção. →Sintomas: Os sintomas do paciente na apresentação inicial dependem basicamente de o paciente, durante o episódio atual, apresentar ou não anticorpos em função de exposição prévia. O vírus infecta células epidermais viáveis, e a resposta à infecção é formada por eritema e pápulas. Com a morte celular e a lise da parede celular, formam-se bolhas. A cobertura rompe-se, levando, em regra, à úlcera dolorosa. Essas lesões desenvolvem uma crosta e cicatrizam, mas podem ser infectadas secundariamente. → As três fases das lesões são: (1) vesícula com ou sem formação de pústula, com duração de aproximadamente uma semana, (2) ulceração e (3) crosta. Pode-se predizer que o vírus se dissemina durante as duas primeiras fases do surto infeccioso. Queimação e dor intensas acompanham as lesões vesiculares iniciais, e os sintomas urinários, como frequência e/ ou disúria, podem estar presentes em caso de lesões na vulva. É possível haver edema local causado por lesões vulvares levando à obstrução uretral. De forma alternativa ou adicional, as lesões por herpes podem envolver vagina, colo uterino, bexiga, ânus e reto. É comum a paciente apresentar outros sinais de viremia, como febre baixa, mal-estar e cefaleia. Diagnóstico O padrão-ouro para o diagnóstico de lesão(ões) herpética(s) é a cultura tecidual. A especificidade é alta, mas a sensibilidade é baixa e declina à medida que as lesões cicatrizam. Na doença recorrente, menos de 50% das culturas são positivas. O teste da reação em cadeia da polimerase (PCR, de polymerase chain reaction) é de 1,5 a 4 vezes mais sensível do que a cultura, sendo provável que venha a substituí-la. É importante observar que uma cultura negativa não significa inexistência de infecção herpética. Há testes sorológicos tipo-específicos para glicoproteína-G disponíveis para detectar anticorpos específicos para glicoproteína-G2 (HSV-2) e para glicoproteína-G1 (HSV-1). A especificidade do ensaio é $ 96%, e a sensibilidade do teste de anticorpos anti- -HSV-2 varia entre 80 e 98 por cento. Papilomavirus Humano-HPV O HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é um vírus que infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus. A infecção pelo HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). →SINAIS E SINTOMAS: A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas. Em alguns casos, o HPV pode ficar latente de meses a anos, sem manifestar sinais (visíveis a olho nu), ou apresentar manifestações subclínicas (não visíveis a olho nu). A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões. A maioria das infecções em mulheres (sobretudo em adolescentes) tem resolução espontânea, pelo próprio organismo, em um período aproximado de até 24 meses. As primeiras manifestações da infecção pelo HPV surgem entre, aproximadamente, 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção. As manifestações costumam ser mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa. O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica ou subclínica. • Lesões clínicas: se apresentam como verrugas na região genital e no ânus (denominadas tecnicamente de condilomas acuminados e popularmente conhecidas como "crista de galo", "figueira" ou "cavalo de crista"). Podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos variáveis, achatadas ou papulosas (elevadas e solidas). Em geral, são assintomáticas, mas podem causar coceira no local. Essas verrugas, geralmente, são causadas por tipos de HPV não cancerígenos. • Lesões subclínicas (não visíveis ao olho nu): podem ser encontradas nos mesmos locais das lesões clínicas e não apresentam sinal/sintoma. As lesões subclinas podem ser causadas por tipos de HPV de baixo e de alto risco para desenvolver câncer. Podem acometer vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana. Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea. Mais raramente, crianças que foram infectadas no momento do parto podem desenvolver lesões verrucosas nas cordas vocais e laringe (Papilomatose Respiratória Recorrente). →TRATAMENTO: O tratamento das verrugas anogenitais (região genital e no ânus) consiste na destruição das lesões. Independente de realizar o tratamento, as lesões podem desaparecer, permanecer inalteradas ou aumentar em número e/ou volume. Sobre o tratamento: • Deve ser individualizado, considerando características (extensão, quantidade e localização) das lesões, disponibilidade de recursos e efeitos adversos; • São químicos, cirúrgicos e estimuladores da imunidade; • Podem ser domiciliares (autoaplicados: imiquimode, podofilotoxina) ou ambulatoriais (aplicado no serviço de saúde: ácido tricloroacético - ATA, podofilina, eletrocauterização, exérese cirúrgica e crioterapia), conforme indicação profissional para cada caso; • Podofilina e imiquimode não deve ser usada na gestação. →Pessoas com imunodeficiência - as recomendações de tratamento do HPV são as mesmas para pessoas com imunodeficiência, como pessoas vivendo com HIV e transplantadas. Porém, nesse caso, o paciente requer acompanhamento mais atento, já que pessoas com imunodeficiência tendem a apresentar pior resposta ao tratamento. O tratamento das verrugas ano genitais não eliminam o vírus, por isso as lesões podem reaparecer. As pessoas infectadas e suas parcerias devem retornar ao serviço, caso identifique novas lesões. PREVENÇÃO ➔Vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz de se prevenir contra a infecção. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para:• Meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de 2 doses. Adolescentes que receberem a primeira dose dessa vacina nessas idades , poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassado os seis meses do intervalo preconizado, para não perder a chance de completar o seu esquema; • Mulheres e Homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, com esquema de três doses ( 0,2,6 meses) , independentemente da idade; • A vacina não previne infecções por todos os tipos de HPV, mas é dirigida para os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18. →Exame preventivo contra o HPV, o Papanicolau é um exame ginecológico preventivo mais comum para identificar de lesões precursoras do câncer do colo do útero. Esse exame ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo do útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem câncer. ➔Preservativo: o uso do preservativo (camisinha) masculino ou feminino nas relações sexuais é outra importante forma de prevenção do HPV. Contudo, seu uso, apesar de prevenir a maioria das IST, não impede totalmente a infecção pelo HPV, pois, frequentemente as lesões estão presentes em áreas não protegidas pela camisinha (vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal). A camisinha feminina, que cobre também a vulva, evita mais eficazmente o contágio se utilizada desde o início da relação sexual. Neisseria Gonorrhoeae- Gonorreia Muitas mulheres com N. gonorrhoeae no colo uterino são assintomáticas. Por essa razão, as mulheres em grupo de risco devem ser rastreadas. Os fatores de risco para pacientes portadoras de gonococos com infecção potencial do trato reprodutivo superior são as seguintes: idade igual ou inferior a 25 anos, presença de outras infecções sexualmente transmissíveis, antecedente de infecção por gonococos, parceiro sexual recente ou múltiplos parceiros, prática sexual sem preservativos, compartilhamento de seringas ou objetos cortantes com resíduo de sangue e profissionais do sexo. →Sintomas: A gonorreia sintomática do trato reprodutivo inferior feminino pode se apresentar na forma de vaginite ou de cervicite. Em geral, as mulheres portadoras de cervicite descrevem uma secreção vaginal profusa sem odor, não irritante e de cor branca-amarelada. Os gonococos também podem infectar as glândulas de Bartholin e de Skene e a uretra, e ascender para o endométrio e as tubas uterinas, causando infecção no trato reprodutivo superior. →Diagnostico: A gonorreia é diagnosticada a partir da secreção colhida do pênis, da vagina ou do colo do útero. Com a amostra, é feito um exame PCR para buscar o DNA da bactéria Neisseria gonorrhoeae. HIV Aids é a Síndrome da Imunodeficiência Humana, transmitida pelo vírus HIV, caracterizada pelo enfraquecimento do sistema de defesa do corpo e pelo aparecimento de doenças oportunistas. Transmissão: O vírus HIV é transmitido por meio de relações sexuais (vaginal, anal ou oral) desprotegidas (sem camisinha) com pessoa soropositiva, ou seja, que já tem o vírus HIV, pelo compartilhamento de objetos perfuro cortantes contaminados, como agulhas, alicates, etc., de mãe soropositiva, sem tratamento, para o filho durante a gestação, parto ou amamentação. Sintomas: Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da aids, o sistema imunológico começa a ser atacado. E é na primeira fase, chamada de infecção aguda, que ocorre a incubação do HIV – tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período varia de 3 a 6 semanas. O organismo leva de 8 a 12 semanas após a infecção para produzir anticorpos anti- HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida. Febre; Erupção cutânea; Nódulos no pescoço, nas axilas ou na virilha. Esses nódulos são linfonodos inchados, ou seja, órgãos minúsculos em forma de feijão que ajudam o organismo a combater infecções; Sensação de fraqueza e cansaço; Tratamento: Ainda não há cura para o HIV, mas há muitos avanços científicos nessa área que possibilitam que a pessoa com o vírus tenha qualidade de vida. O tratamento inclui acompanhamento periódico com profissionais de saúde e a realização de exames. A pessoa só vai começar a tomar os medicamentos antirretrovirais quando os exames indicarem a necessidade. Esses remédios buscam manter o HIV sob controle o maior tempo possível. A medicação diminui a multiplicação do vírus no corpo, recupera as defesas do organismo e, consequentemente, aumenta a qualidade de vida. Para que o tratamento dê certo, o soropositivo não pode se esquecer de tomar os remédios ou abandoná-los. O vírus pode criar resistência e, com isso, as opções de medicamentos diminuem. A adesão ao tratamento é fundamental para a qualidade de vida. Mesmo em tratamento, a pessoa com aids pode e deve levar uma vida normal, sem abandonar a sua vida afetiva e social. Ela deve trabalhar, namorar, beijar na boca, transar (com camisinha), passear, se divertir e fazer amigos. Atualmente, existem os medicamentos antirretrovirais – coquetéis antiaids que aumentam a sobrevida dos soropositivos. É fundamental seguir todas as recomendações médicas e tomar o medicamento conforme a prescrição. É o que os médicos chamam de adesão, ou seja, aderir ao tratamento. Há, também, outras atitudes que oferecem qualidade de vida, como praticar exercícios e ter uma alimentação equilibrada. Prevenção: O meio mais simples e acessível de prevenção ao HIV é o uso de preservativos masculino e feminino em todas as relações sexuais. Ter HIV e não ter aids: Há muitas pessoas positivas para o vírus HIV que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Elas podem transmitir o vírus pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação. FIOPATOLOGIA: O HIV acopla-se e penetra nas células T do hospedeiro, a seguir libera RNA do HIV e enzimas para o interior da célula do hospedeiro. A transcriptase reversa do HIV transcreve o RNA viral em DNA proviral. O DNA proviral penetra no núcleo da célula do hospedeiro e a integrase do HIV facilita sua integração do DNA proviral para o interior do DNA do hospedeiro. Em seguida, a célula do hospedeiro produz RNA e proteínas de HIV. As proteínas do HIV são agregadas aos vírions e enviadas para a superfície da célula. A protease do HIV cliva as proteínas virais, convertendo o vírion imaturo em maduro, o vírus infeccioso. HTLV O HTLV é um vírus da mesma família do HIV e infecta células importantes para a defesa do organismo. É uma infecção causada pelo vírus T-linfotrópico humano (HTLV) que atinge as células de defesa do organismo, os linfócitos T. Sendo classificado em dois grupos: HTLV-I e HTLV-II. Contaminação: A infecção pelo HTLV está relacionada ao contato com sangue ou outros fluidos corporais de uma pessoa infectada. Dentre as principais formas de transmissão do vírus está a chamada ‘transmissão vertical’, que acontece quando a mãe infectada transmite o vírus para o bebê, seja na hora do parto ou no aleitamento; a relação sexual desprotegida, o que faz do HTLV uma infecção sexualmente transmissível; e o uso compartilhado de seringas, agulhas, alicates de unha ou outros utensílios. Sintomas: A maioria das pessoas portadoras do HTLV não desenvolverá problemas de saúde relacionados à infecção, porém, a depender do tipo de vírus, a doença pode causar complicações. ➔O HTLV do tipo 1 pode causar uma doença neurológica crônica e grave chamada paraparesia espástica tropical, que pode comprometer o movimento das pernas e o controle da bexiga. Assim, as pessoas com esse problema precisam de acompanhamento especial com urologistas, neurologistas, além de fisioterapeutas. Outras doenças que podem acometer as pessoas com HTLV-1 é a leucemia e o linfoma de células
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