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Flávia Macêdo ÁGUA Afeta estrutura e função de todos os outros constituintes celulares. Substância mais abundante nos sistemas vivos. A molécula de água e seus produtos de ionização (H+ e OH-) influenciam profundamente a estrutura, organização e as propriedades de todos os componentes celulares. É distribuída entre compartimentos intra e extracelulares. Molécula dipolar (apesar da carga final da molécula ser neutra dizemos que a molécula de água se apresenta como um dipolo porque este ângulo gera uma molécula fracamente positiva no lado dos átomos H e fracamente negativa no lado do átomo O). Há na molécula uma distribuição irregular de elétrons entre os átomos de hidrogênio e oxigênio. Forma ligações de hidrogênio com outras substâncias polares, agindo como solvente. As ligações dentro de uma molécula de água são covalentes. Interações Fracas em Sistema Aquoso: As moléculas polares se dissolvem facilmente em água porque elas substituem as interações entre as próprias moléculas de água (água-água), por interações energeticamente mais favoráveis entre a água e o soluto (água- soluto). Já as moléculas apolares são pouco solúveis pois apesar de interferirem nas ligações entre as moléculas de água, são incapazes de formar interações do tipo água-soluto. OBS: Ligações de hidrogênio são individualmente fracas, mas coletivamente, possuem influência significativa em estruturas tridimensionais como proteínas, ácidos nucleicos e polissacarídeos. Ligações de Hidrogênio: A água possui ponto de fusão, ebulição e vaporização altos. Este fato é consequência da atração entre as moléculas de água que oferecem grande coesão das moléculas. O formato da água é aproximado de um tetraedro, com um átomo de hidrogênio em cada um de dois vértices e pares de elétrons não compartilhados nos outros dois. Formando um ângulo de ligação de 104,5o (o que é levemente menor do que em um tetraedro perfeito) Flávia Macêdo O núcleo do átomo de oxigênio atrai com mais força (mais eletronegativo), atraindo assim os elétrons compartilhados para mais próximo do átomo de oxigênio. São formados dois dipolos ao longo da cadeia O – H (Hidrogênios positivos e oxigênio negativo). Este fato cria uma força eletroestática entre o átomo de oxigênio de uma molécula de água, com o de hidrogênio de outra. Formando assim ligações de hidrogênio entre as moléculas. Agrupamentos oscilantes (água líquida): As ligações de hidrogênio são fracas, contudo, quando uma ligação de hidrogênio quebra, outra é formada rapidamente. Portanto, a soma de todas as ligações de hidrogênio confere uma coesão interna. O formato tetraédrico permite que cada molécula de água forme quatro ligações de hidrogênio (no gelo, pois as moléculas estão fixas – na água são formadas 3,4 ligações). As ligações de hidrogênio são responsáveis pelo ponto de fusão e ebulição alto da água. Muita energia térmica é necessária para quebrar uma porção suficiente de ligações de hidrogênio. Solvente a) Solutos polares: A água forma ligações de hidrogênio com átomos eletronegativos (geralmente oxigênio e nitrogênio) e com átomos de hidrogênio ligados covalentemente a outro átomo eletronegativo (átomos de hidrogênio ligados covalentemente a átomos de carbono não são solúveis em água, pois não há uma diferença significativa de eletronegatividade entre o carbono e o hidrogênio). Portanto, ligações covalentes entre O – H, C = O, N – O e P = O, tornam as moléculas polares e, portanto, solúveis em água. b) Interação eletroestática com solutos carregados: A água dissolve sais como NaCl devido a hidratação e estabilização dos íons Na+ e Cl-. Ela enfraquece as interações eletroestáticas entre os íons, neutralizando sua tendência a se unirem em uma rede cristalina (ionização). A água também dissolve biomoléculas carregadas substituindo a ligação de hidrogênio soluto-soluto e unindo-as em ligações água-soluto, blindando assim, a interação eletroestática entre as moléculas do soluto (Isso se dá devido a sua alta constante dielétrica). OBS: As pontes de hidrogênio entre soluto e água se desfazem e refazem constantemente, permitindo assim que os solutos se movam na água (aumento de entropia quando uma substância cristalina se dissolve). Flávia Macêdo c) Solubilidade dos gases: Os gases biologicamente mais importantes são apolares (CO2, O2 e N2). Quando algum deles é adicionado à água, ocorre um decréscimo da entropia (restrição do movimento do gás e da água). O dióxido de carbono forma ácido carbônico (H2CO3) em solução aquosa. Esse ácido e transportado tanto como íon bicarbonato (HCO3-) livre e solúvel em água quanto ligado à hemoglobina. Interação Hidrofóbica Substâncias hidrofóbicas podem interferir nas ligações de hidrogênio da água. Já solutos hidrofílicos compensam suas alterações nas ligações na medida em que formam novas interações água-soluto. A adição de substância hidrofóbica pode representar um pequeno ganho de entalpia (calor de formação de ligações). E decréscimo considerável de entropia (estado de desordem do sistema). As moléculas de água vizinhas a um soluto hidrofóbico formam um envoltório ordenado ao redor deste soluto, reduzindo a entropia. A redução da entropia depende então do tamanho da molécula hidrofóbica. Compostos anfipáticos ou anfifílicos contêm regiões polares ou carregadas e regiões apolares. Ao serem misturados com água, a parte polar desses compostos interage com a água e a região apolar evita o contato com a água. As regiões apolares se aglomeram (interações hidrofóbicas) de forma a evitar o contato com a água e as regiões polares se aglomeram de forma a interagirem com a água, formando assim, micelas. OBS: Ocorre aumento de entropia devido ao deslocamento da água ordenada do substrato proporcionado pela enzima e o deslocamento de água da superfície da enzima causado pelo substrato. Soluto Alteram as propriedades coligativas da água (pressão de vapor, ponto de fusão e ebulição e a pressão osmótica). Pois a concentração de água em uma mistura (com soluto) é menor que na água pura. Devido a isso, as alterações das propriedades coligativas da água dependem apenas da quantidade de partículas de soluto adicionadas. Flávia Macêdo Solução < dispersão (coloide) < suspenções. Osmose Ocorre através da pressão osmótica (força que desloca a água) - A pressão osmótica de um meio hipertônico é maior que a de um meio hipotônico. A pressão osmótica é determinada pelo número dessas partículas por unidade de volume líquido (mol) - Célula (flácida) em um meio hipotônico, sofre o processo de turgência (ganha água) e torna-se turgida. Caso os meios ainda não estejam igualados, ela sofre o processo de citólise e morre. - Célula (flácida) em um meio hipertônico, sofre processo de plasmólise (perde água), tornando-se murcha. Ionização da Água A água pura é levemente ionizada (tendência a sofrer ionização reversível produzindo um íon H e um íon hidróxido). H2O H+ + OH- Os hidrogênios livres formam hidrônio H3O+. Sendo assim, a água pura conduz corrente elétrica. Os hidrônios e hidróxido movem-se rapidamente, resultando em um salto de prótons, gerando um movimento líquido de prótons por uma longa distância em um tempo curto. A constante de equilíbrio (Keq) é fixa e característica para qualquer reação química em uma dada temperatura. O grau de ionização da água é baixo a 25oC (2 entre 109 moléculas de água pura são ionizadas a cada momento). A água pura tem pH neutro. Flávia Macêdo pH, ÁCIDOS, BASES E TAMPONAMENTO pH Indica as concentrações de H+ e OH- Tem por base o produto iônico da água Definido pela expressão: pH = log 1/[H+] = - log [H+] EX: Uma solução neutra a 25oC pH = log 1/ 1x10-7 = 7,0 A concentraçãode H+ deve ser expressa em mol pH maior que 7 = soluções alcalinas ou básicas (concentração de OH- maior que a de H+) pH menor que 7 = soluções ácidas (concentração de H+ maior que a de OH-) Por ser uma escala logarítmica, quando o pH difere uma unidade um do outro, significa que o pH mais baixo tem 10 vezes mais concentração de íons H+. OBS: pH do sangue arterial normal – 7,35/7,45 (levemente alcalino) ÁCIDOS E BASES Ácidos = doadores de prótons (H+). Bases = aceptoras de prótons. Um doador de próton e seu aceptor correspondente formam um par conjugado ácido-base. Ex: CH3COOH CH3COO- + H+ Ácidos e bases fortes são completamente ionizados quando dissolvidos em água. A tendência de o ácido perder seu próton e formar base conjugada é definida pela constante de equilíbrio (Keq = pKa), também chamadas de constates de ionização ou de dissociação ácida: HA H+ + A- - Keq= [H+] + [A-] / [HA] – ácidos fortes possuem constante de ionização maior que os mais fracos. Curvas de Titulação de Ácidos Fracos Flávia Macêdo Titulação: determina a quantidade de um ácido em certa solução O processo ocorre com a adição de uma base forte (geralmente NaOH) em pequenas quantidades até o ácido fraco ser neutralizado. A partir daí pode ser calculada a concentração do ácido levando em conta o volume e a concentração de NaOH adicionada. O processo forma uma curva de titulação que revela pKa do ácido. À medida que o NaOH é adicionado, os íons OH- se recombinam com os íons livres H+ do ácido, formando H2O. TAMPONAMENTO Processos biológicos dependem do pH. Alterações, mesmo que pequenas, podem mudar significativamente reações em nosso organismo. Tampões são mistura de ácido fraco e sua base conjugada que tendem a resistir a mudanças no pH. A zona relativamente plana de uma curva de titulação é a região de tamponamento, sendo o ponto central o local no qual a força de tamponamento é máxima. Sempre que um H+ ou OH- é adicionado, o pH do sistema tampão ocorre uma pequena mudança na razão das concentrações relativas do ácido fraco e seus ânions e prótons e, portanto, uma pequena mudança no pH. O decréscimo na concentração de um dos componentes é equilibrado pelo aumento do outro. Portanto a soma dos componentes não muda o que muda é a sua razão. Equação de Henderson-Hasselbalch A forma curva de titulação de qualquer ácido fraco é descrita pela equação. Essa equação mostra que por que o pKa de um ácido fraco é igual ao pH de uma solução no ponto central de titulação. pH = pKa + log [A-]/[HA] pH = pKa + log [base conjulgada]/[ácido] Tampões biológicos: a) Intracelulares: Fosfato e proteínas b) Extracelulares: Bicarbonato Flávia Macêdo Reação do bicarbonato: 2H+ + CO32- H+ + HCO3- H2CO3 (ácido carbônico) 2 H2O + CO2 O pH de um tampão de bicarbonato exposto a uma fase gasosa é determinado pela concentração de HCO3- (bicarbonato) na fase aquosa e pela pCO2 na fase gasosa. No plasma sanguíneo há muito pouco H2CO3 em comparação com o HCO3- . Qualquer pequena adição de base poderia exaurir o ácido carbônico e acabando a capacidade tamponante. Hemogasometria: pH - 7,35 – 7,45 PCO2 - 35 – 45 mmHg sHCO3 – 22 – 26 mEq/L BE (Excesso de base) = -3 / +3
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