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O ENSINO DE GEOGRAFIA NA BNCC OS PERCURSOS DIDÁTICOS, DAS HABILIDADES ÀS COMPETÊNCIAS

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14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3643 
O ENSINO DE GEOGRAFIA NA BNCC: OS PERCURSOS DIDÁTICOS, 
DAS HABILIDADES ÀS COMPETÊNCIAS 
 
Leonardo Dirceu de Azambuja 
leonardodirceuazambuja@gmail.com 1 
 
Resumo 
A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) é o documento normativo para a elaboração dos 
currículos escolares nos respectivos sistemas educacionais em atendimento ao que determina 
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). As definições apresentadas na 
BNCC abrangem toda a Educação Básica desde a Educação Infantil ao Ensino Médio. Para 
a presente pesquisa delimita-se a parte do Ensino Fundamental (EF), Anos Finais, ou seja, do 
6º ao 9º Anos e, tendo como objeto de estudo o componente curricular de Geografia. Nesse 
foco disciplinar, além das competências da área das Ciências Humanas e do componente 
curricular Geografia a BNCC apresenta o detalhamento por Ano/componente curricular do 
que denomina unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades. São definições 
orientadoras, mas não suficientes para a efetivação do ensino-aprendizagem na sala de aula. 
É preciso completar os elementos didáticos necessários para possibilitar os percursos 
escolares de apropriação das habilidades e construção das competências informativas e 
formativas aí definidas. Essa a questão remete para a necessidade de compreensão do método 
da ciência geográfica e, de compreensão sobre a Didática específica da Geografia Escolar. 
Como fazer acontecer esse percurso é a questão que identifica o problema de pesquisa. Para 
isso acontecer, o projeto propõe movimentar, mobilizar, navegar nesse território ainda 
movediço, construir o objeto, desenvolver ações investigativas com a perspectiva de 
apropriação de saberes necessários para qualificar a análise e elaborar proposições 
didáticas. Projetam-se então ações ou focos de estudos para identificar, organizar, interpretar 
esse conjunto de definições, da habilidade à competência, passando pelos objetos de 
conhecimento e pelas unidades temáticas. Compreender como interagem nesse citado 
percurso as concepções de método da ciência geográfica e da Didática (específica) da 
Geografia, compreender sobre o papel do livro didático ou de outros recursos didáticos 
virtuais e, ainda, como ficam os espaços de atuação e de criação didática dos professores 
constituem objetos de investigação a serem perseguidos. Identificar e compreender o que 
muda e o que não muda com a BNCC e, se essas mudanças estão determinadas ou os sujeitos 
podem em qual medida serem protagonistas do ensino-aprendizagem. Elaborar essas 
interpretações serão essenciais para subsidiar as elaborações didáticas para o 
desenvolvimento com qualidade do ensino-aprendizagem da Geografia Escolar. 
 
Palavras-chave: Educação Básica, Geografia Escolar, Didática Específica. 
 
 
1 Professores do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá, Maringá/Paraná. 
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
Políticas, Linguagens e Trajetórias 
Universidade Estadual de Campinas, 29 de junho a 4 de julho de 2019 
 
 
 
 
Ateliê de Pesquisas e Práticas em Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3644 
Introdução 
Estudar os fundamentos da educação escolar, os fundamentos da ciência geográfica e da 
didática disciplinar específica na direção da elaboração de recursos didáticos e práticas de 
ensino-aprendizagem identifica o interesse de pesquisa explicitado neste projeto. Essa 
abrangência temática já trabalhada em pesquisas anteriores é reforçada no contexto atual com 
a contribuição ou a referência da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enquanto 
documento que deverá orientar as práticas curriculares dos próximos períodos. 
É preciso, no entanto, constatar que para tornarem efetivas as determinações da BNCC, 
há ainda um caminho a percorrer. O percurso das habilidades às competências apresenta 
indicações de unidades temáticas e de objetos de conhecimentos, mas isso não é suficiente. É 
preciso construir a didática disciplinar específica contemplando a compreensão dos 
fundamentos científicos e pedagógicos e, a elaboração dos recursos didáticos, das formas de 
planejamento do ensino-aprendizagem, das atividades e dos materiais instrucionais. Essa é 
então a abrangência do projeto definido para desenvolver investigações sobre a Geografia 
Escolar. 
O contexto 
A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) é a referência para a elaboração dos currículos 
escolares nos respectivos sistemas educacionais em atendimento ao que determina a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). É um documento normativo definidor das 
aprendizagens essenciais para todos os alunos da Educação Básica. Cabe aos sistemas, redes 
de ensino e escolas a missão de implementar as decisões e ações para que a gestão curricular 
se efetive nos processos de ensino-aprendizagem. 
As definições apresentadas na BNCC abrangem especificidades da Educação Infantil-(EI), do 
Ensino Fundamental-(EF) e, do Ensino Médio-(EM). Direitos de aprendizagem e 
desenvolvimento e os campos de experiência para a EI; as competências específicas por área 
do conhecimento para os níveis do EF e EM; e, para o EF são contempladas ainda as 
competências específicas dos componentes curriculares. 
Para o presente projeto de pesquisa delimita-se a parte do Ensino Fundamental (EF), Anos 
Finais, ou seja, do 6º ao 9º Anos e, tendo como objeto de estudo o componente curricular de 
Geografia. A BNCC nesse foco disciplinar, além das competências da área das Ciências 
Humanas e do componente curricular Geografia apresenta o detalhamento por 
 
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3645 
Ano/componente curricular do que denomina como unidades temáticas, objetos de 
conhecimento e habilidades. 
A área de Ciências Humanas inclui os componentes curriculares de Geografia e de História 
enquanto saberes que instrumentalizam os estudantes para a interpretação sócio-histórica da 
realidade. Essa capacidade de compreensão pressupõe o raciocínio espaço-temporal, a leitura 
contextualizada dos fatos e ou fenômenos naturais e históricos constituintes de sociedades 
determinadas. 
Ao longo de toda a Educação Básica, o ensino das Ciências Humanas deve 
promover explorações sociocognitivas, afetivas e lúdicas capazes de 
potencializar sentidos e experiências com saberes sobre a pessoa, o mundo 
social e a natureza. Dessa maneira, a área contribui para o adensamento de 
conhecimentos sobre a participação no mundo social e a reflexão sobre as 
questões sociais, éticas e políticas, fortalecendo a formação dos alunos e o 
desenvolvimento da autonomia intelectual, bases para uma atuação crítica e 
orientada por valores democráticos. (BRASIL, 2018, p. 354) 
 
Se nos Anos Iniciais as aprendizagens situam-se no reconhecimento do tempo-espaço vivido 
ou de vivência, nos Anos Finais colocam-se desafios de leitura e interpretação de outras escalas 
e complexidades geográficas e históricas. Nesta etapa da escolaridade, 
[...] o ensino favorece uma ampliação das perspectivas e, portanto, de 
variáveis, tanto do ponto de vista espacial quanto temporal. Isso permite aos 
alunos identificar, comparar e conhecer o mundo, os espaços e as paisagens 
com mais detalhes, complexidade e espírito crítico, criando condições 
adequadas para o conhecimento de outros lugares, sociedades e 
temporalidades históricas (BRASIL, 2018, p. 356). 
 
As competências específicas das Ciências Humanas sintonizam ou se completam com a 
explicitação das competências específicas dos componentes curriculares de Geografia e de 
História. Precisam inclusive serem partes de um mesmo âmbito de desenvolvimento do ensino-
aprendizagem e de formação cognitiva, conceitual e afetiva com a perspectiva do que se define 
como educação integral dos sujeitos. 
Sobre o componente curricularGeografia, objeto do presente projeto de pesquisa, a BNCC 
apresenta a concepção de raciocínio geográfico para fundamentar e expressar a atribuição de 
leitura de mundo por meio do pensamento espacial. Assim, afirma expressamente, 
Essa é a grande contribuição da Geografia aos alunos da Educação Básica: 
desenvolver o pensamento espacial, estimulando o raciocínio geográfico para 
representar e interpretar o mundo em permanente transformação e 
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
Políticas, Linguagens e Trajetórias 
Universidade Estadual de Campinas, 29 de junho a 4 de julho de 2019 
 
 
 
 
Ateliê de Pesquisas e Práticas em Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3646 
relacionando componentes da sociedade e da natureza. Para tanto, é 
necessário assegurar a apropriação de conceitos para o domínio do 
conhecimento fatual (com destaque para os acontecimentos que podem ser 
observados e localizados no tempo e no espaço) e para o exercício da 
cidadania (BRASIL, 2018, p. 360, grifos nossos). 
 
O texto faz referência também aos princípios metodológicos da Geografia: analogia, conexão, 
diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem. Apresenta um quadro síntese 
(BRASIL, 2018, p. 360) explicativo desses princípios. Cita ainda, como se pode observar no 
excerto acima transcrito, a mediação dos conceitos geográficos mobilizados para a efetivação 
do referido raciocínio geográfico. 
A Geografia Escolar a ser então praticada com base nas definições da BNCC precisa superar 
as limitações descritivas até então predominantes e orientar para uma prática de ensino-
aprendizagem que inclua a concepção de raciocínio geográfico. Para isso é necessário ampliar 
a reflexão sobre as relações existentes entre o método da ciência e a didática específica. 
[...] A ultrapassagem dessa condição meramente descritiva exige o domínio 
de conceitos e generalizações. Estes permitem novas formas de ver o mundo 
e de compreender, de maneira ampla e crítica, as múltiplas relações que 
conformam a realidade, de acordo com o aprendizado do conhecimento da 
ciência geográfica. (BRASIL, 2018, p. 361) 
 
A proposição, pela BNCC, de cinco unidades temáticas é a forma de organização e orientação 
para o estudo dos objetos de conhecimento (conteúdos) e, da progressão das habilidades a 
serem apropriadas no processo formativo e informativo dos alunos. A unidade temática pode 
ser aqui entendida como a necessidade metodológica da presença do foco temático indicado, 
sempre que pertinente para completar o raciocínio geográfico, um conteúdo estruturante. As 
unidades temáticas correspondem então, como afirma o próprio documento, a “[...] um arranjo 
dos objetos de conhecimento ao longo do Ensino Fundamental adequado às especificidades 
dos diferentes componentes curriculares” (BRASIL, 2017a, p. 29). Ou seja, relacionam-se à 
sua lógica científica. Têm-se então: 
A unidade temática o sujeito e seu lugar no mundo contemplando as noções de pertencimento 
e identidade considerando, desde os contextos mais próximos da vida cotidiana, aos contextos 
mais amplos envolvendo aspectos políticos, econômicos e culturais concretizados em 
sociedades de tempos e espaços determinados e diferenciados. 
 
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3647 
A interpretação dos fatos e ou dos complexos geográficos com a dimensão multiescalar está 
referida na unidade temática aqui denominada conexões e escalas. A conexão atende a um dos 
princípios da geografia para a interpretação conjunta dos elementos sociais e naturais 
formadores das paisagens e dos espaços geográficos. 
O mundo do trabalho constitui outro foco temático a ser contemplado pela interpretação 
geográfica. O mundo da produção agrária e industrial incluindo as dimensões da divisão social 
e territorial do trabalho, a evolução científica, tecnológica e informacional são aspectos a serem 
considerados para a interpretação das mudanças socioespaciais daí decorrentes. 
Trabalhar didaticamente as formas de representação e pensamento espacial é parte 
indispensável para o desenvolvimento do raciocínio geográfico. Esse é então mais um dos 
focos temáticos em pauta. O domínio e usos da linguagem gráfica e cartográfica, de imagens, 
incluindo o uso das geotecnologias são recursos didáticos que precisam estar integrados com 
as práticas de ensino-aprendizagem. 
A unidade temática natureza, ambiente e qualidade de vida completa essa forma organizativa 
dos conteúdos de geografia para o EF. Busca-se aí a articulação da Geografia Física e a 
Geografia Humana com destaque para o estudo do meio físico-natural do planeta Terra. Além 
do estudo da natureza busca-se relacionar com a ideia de ambiente onde se inclui a dimensão 
social ou antrópica no movimento socioespacial. 
Ao trabalhar os conteúdos com a perspectiva de contemplar essas cinco dimensões temáticas 
perpassa a intencionalidade da formação para o exercício da cidadania aqui entendido como a 
capacidade de conhecer e aplicar os saberes apropriados para a qualificação da vida em 
sociedade. Na sequência desse documento são então explicitados os objetos de conhecimentos, 
ou seja, o conteúdo a ser trabalhado do 6º ao 9º Anos do EF. 
Para o 6º Ano a BNCC propõe um conteúdo na direção da apropriação de conceitos e 
linguagens necessários para a apropriação do raciocínio geográfico. Não define uma escala 
geográfica específica, e sim, indica para estudo relacionado ao reconhecimento e identidade 
dos lugares, dos elementos físico-naturais e das alterações socioculturais ocorridas nesse meio, 
decorrentes da ocupação humana. É uma iniciação ao pensamento geográfico incluindo ainda 
elementos de alfabetização cartográfica. 
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
Políticas, Linguagens e Trajetórias 
Universidade Estadual de Campinas, 29 de junho a 4 de julho de 2019 
 
 
 
 
Ateliê de Pesquisas e Práticas em Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3648 
No 7º Ano os objetos de conhecimento definem o Brasil na escala geográfica do território 
nacional e ou em escalas geográficas regionais para a definição dos temas de estudo. A 
formação do território e da população, a produção e circulação da produção agrária, industrial 
e de serviços, a natureza ou a biodiversidade manifestada nos domínios naturais, e ainda, as 
especificidades socioespaciais regionais identificam os conteúdos estudados nesse período. 
Para os 8º e 9º Anos é a escala mundial e as escalas geográficas continentais que definem as 
abrangências territoriais na organização dos objetos de conhecimentos. No 8º Ano são 
estudados os continentes da América e da África. E no 9º Ano, Europa, Ásia e Oceania. 
Percebe-se que não há novidades significativas relacionadas com os conteúdos de Geografia 
para os 6º ao 9º Anos do EF permanecendo as definições escalares e temáticas já praticadas no 
período anterior ao da BNCC. As habilidades correspondentes aos objetos de conhecimento 
completam esse documento orientador das elaborações curriculares. 
As habilidades são os objetivos ou o que efetivamente precisa ser apreendido ou desenvolvido 
pelos educandos. Observa-se que a redação de cada uma das habilidades inicia com um verbo 
no infinitivo seguido da descrição de um item específico de conteúdo. Os verbos pretendem 
indicar o nível, a complexidade ou a forma de apropriação desse conhecimento desde a 
indicação de identificar ou descrever até interpretar, analisar ou aplicar. 
Completam-se assim as definições da BNCC desde as competências gerais, as competências 
da área das ciências humanas, as competências específicas do componente curricular 
Geografia, e ainda, as unidades temáticas, os objetos de conhecimentos e, as habilidades. A 
questão está em ir além, ou seja, como fazer acontecer a BNCC na sala de aula. Essa questão 
remete para a necessidade de compreensão do método daciência geográfica e, de compreensão 
sobre a Didática específica da Geografia Escolar. 
Atender ou realizar o que propõe a habilidade significa realizar a apropriação do conteúdo 
informativo e formativo, atender ao verbo e ao objeto (conteúdo) aí descrito. Ainda, a 
habilidade apreendida significa estar no percurso para o desenvolvimento da(s) competência(s) 
próprias do pensamento espacial. Como fazer acontecer esse percurso é a questão que nos 
aproxima de um possível problema de pesquisa. 
O problema de pesquisa ainda em construção 
A BNCC, ao afirmar que a função maior do ensino de Geografia é o desenvolvimento no aluno 
do pensamento espacial e que para tanto, é necessário assegurar a apropriação dos conceitos 
 
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3649 
fundamentais da disciplina, está reverberando parte expressiva da pesquisa na área na 
atualidade. Entretanto, a constatação de que a BNCC indica conteúdos da Geografia para os 6º 
ao 9º Anos e que mantêm escalas geográficas tradicionalmente praticadas pode estar 
significando um fechamento, uma lista de conteúdos prontos, predefinidos a serem repassados 
aos alunos. Os manuais didáticos continuariam assim a ser o recurso didático básico para 
efetivar esse repasse com a perspectiva conteudista. Coloca-se então a pergunta: isso está 
definido? Nada muda ou nada é possível ou passível de mudanças? 
O texto da BNCC apresenta a seguinte afirmação referindo-se a essa etapa de formação do 
Ensino Fundamental: 
[...] Espera-se, assim, que o estudo da Geografia no Ensino Fundamental – 
Anos Finais possa contribuir para o delineamento do projeto de vida dos 
jovens alunos, de modo que eles compreendam a produção social do 
espaço e a transformação do espaço em território usado. Anseia-se, 
também, que entendam o papel do Estado-Nação em um período histórico 
cuja inovação tecnológica é responsável por grandes transformações 
socioespaciais, acentuando ainda mais a necessidade de que possam 
conjecturar as alternativas de uso do território e as possibilidades de seus 
próprios projetos para o futuro. Espera-se, também, que, nesses estudos, 
sejam utilizadas diferentes representações cartográficas e linguagens para 
que os estudantes possam, por meio delas, entender o território, as 
territorialidades e o ordenamento territorial em diferentes escalas de análise 
(grifos nossos) (BRASIL, 2018, p. 383). 
 
Muitas são as perguntas ou dúvidas instigadas nesse excerto. O que seria o projeto de vida dos 
jovens? Como entender o território usado? E o papel do Estado-Nação [...] as possibilidades 
de seus próprios projetos futuros? O que significa entender o território? Em que esse 
entendimento ajuda para o projeto de vida? O percurso das habilidades às competências precisa 
estar sintonizado com essas perguntas e, por decorrência, com as práticas necessárias de 
ensino-aprendizagem de Geografia. 
Entender o território usado pode ser a síntese formativa da Geografia Escolar. O raciocínio 
geográfico, a dimensão multiescalar pode ser compreendido como uma abertura para 
interpretações e práticas. Mas a exposição dos objetos de conhecimento indica para escalas 
geográficas definidas, um fechamento. Ou não? Há um espaço de criação de caminhos para o 
ensino-aprendizagem no sentido do desenvolvimento das competências enquanto parâmetro 
formativo a ser buscado? 
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
Políticas, Linguagens e Trajetórias 
Universidade Estadual de Campinas, 29 de junho a 4 de julho de 2019 
 
 
 
 
Ateliê de Pesquisas e Práticas em Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3650 
Se muitas são as perguntas é porque ainda não há uma precisão ou delimitação do problema 
de pesquisa. É necessário movimentar, mobilizar, navegar nesse território ainda movediço, 
construir o objeto, desenvolver ações investigativas com a perspectiva de apropriação de 
saberes necessários para qualificar a análise e proposições didáticas. A pesquisa se propõe a 
fazer essa caminhada. 
Os objetivos 
A pesquisa busca atender a objetivos gerais e específicos. Como objetivos gerais podem ser 
destacados: 
• Contribuir para qualificar a prática de ensino-aprendizagem da Geografia Escolar para 
o ensino fundamental II considerando o conteúdo e o contexto das definições 
explicitadas na BNCC; 
• Aproximar e refletir sobre os fundamentos teóricos da ciência geográfica para a 
compreensão do conceito território usado e demais conceitos necessários para a 
apropriação do raciocínio geográfico; 
• Refletir e elaborar a Didática da Geografia sintonizando com as práticas de ensino-
aprendizagem desenvolvidas na Geografia Escolar e o percurso, das habilidades às 
competências, internalizado na BNCC; 
• Identificar e compreender o que muda e o que não muda com a BNCC e, se essas 
mudanças estão determinadas ou os sujeitos podem em qual medida serem 
protagonistas do ensino-aprendizagem. 
 
E, como objetivos específicos: 
• Identificar e interpretar as habilidades quanto ao que propõem como conteúdo e forma; 
• Identificar e interpretar os percursos da habilidade à competência passando pelos 
objetos de conhecimento e pelas unidades temáticas; 
• Compreender como interagem nesses citados percursos as concepções de método da 
ciência geográfica e da Didática (específica) da Geografia; 
• Identificar, interpretar, analisar o papel e os percursos didáticos explicitados nos livros 
didáticos que constam do PNLD, Guia PNLD 2017 e ou da nova edição do PNLD 
2019; 
 
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3651 
• Refletir e elaborar percursos didáticos tendo como referência as formas das didáticas 
específicas identificadas enquanto projeto de trabalho, resolução de problemas ou 
estudos baseados em problemas, estudo de meio e unidade temática. 
A metodologia 
O ponto inicial de uma pesquisa pode ser a identificação de uma ou mais perguntas, 
cuja busca, de possíveis respostas estarão no caminho da formulação de um problema de 
pesquisa. Elaborar o problema foco da pesquisa pode ser então uma etapa do processo de 
investigação. Para isso é necessário observar e organizar informações, produzir interpretações, 
ou seja, proceder um olhar sistematizado da realidade. 
 Há uma abrangência temática de interesse, a Geografia no ensino fundamental, anos 
finais e as definições curriculares da BNCC. Há também uma projeção do problema de 
pesquisa em torno das necessidades didáticas para tornar efetivo o percurso de apropriação das 
habilidades e do desenvolvimento das competências formativas dos sujeitos. Daí a necessidade 
de investigação e de elaboração da forma-conteúdo do planejamento do ensino-aprendizagem 
incluindo a seleção e organização dos conteúdos escolares, dos recursos e atividades didáticas. 
Projetam-se então as seguintes ações: 
1. Leitura e análise do texto da BNCC com a finalidade de identificar, organizar, 
interpretar os elementos aí relacionados com a disciplina escolar da Geografia: 
unidades temáticas, objetos de conhecimentos, habilidades, e as competências gerais, 
da área das Ciências Humanas e as específicas da disciplina. Observação: na leitura 
deste documento curricular poderão acontecer interações e ou complementações com 
o documento ainda em processo de aprovação do Referencial Curricular do Paraná 
(SEED-PR, 2018); 
2. Leitura e análise das Coleções de livros didáticos dentre as indicadas no PNLD – 
Programa Nacional do Livro Didático, edições 2017 e 2019 com a finalidade de 
identificar e analisar os percursos didáticos aí propostos na relação com as definições 
curriculares da BNCC; 
3. No desenvolvimento do proposto no item 2, leitura e análise da BNCC e, no item 3 
leitura e análise das Coleções de livros didáticos serão assumidas como orientação 
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
Políticas, Linguagens eTrajetórias 
Universidade Estadual de Campinas, 29 de junho a 4 de julho de 2019 
 
 
 
 
Ateliê de Pesquisas e Práticas em Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3652 
metodológica o roteiro ou as etapas sugeridas pelo que se denomina como método de 
análise de conteúdo conforme apontam Bardin (1977) e Moraes (1999); 
4. Estudos bibliográficos sobre os fundamentos teóricos e metodológicos da ciência com 
a finalidade de analisar a Geografia proposta na BNCC e a elaboração das proposições 
didáticas específicas; 
5. Estudos bibliográficos sobre os fundamentos da Didática Específica da Geografia 
Escolar com a finalidade de análise do que é proposto da BNCC e a elaboração das 
proposições de práticas de ensino-aprendizagem disciplinar e interdisciplinares; 
 De forma concomitante ou a posterior a investigação precisa acontecer a exposição dos 
resultados. O registro, organização e interpretação dos conceitos e das informações 
pesquisadas constituem etapas dessa elaboração do conhecimento, ou seja, das sistematizações 
e sínteses que vão expressar o novo entendimento da temática em estudo. 
 Essa exposição será realizada na forma do relatório da pesquisa e ou por meio de outras 
elaborações, tais como, artigos científicos acadêmicos e de recursos didáticos nos quais se 
incluem formas de planejamento do ensino-aprendizagem, de atividades e materiais 
pedagógicos incluindo o uso das tecnologias digitais de informação e comunicação. As 
definições sobre quantas e quais serão as produções na forma de artigos e ou recursos didáticos 
serão também um produto do processo de pesquisa. 
Resultados de uma pesquisa em andamento 
 Esta pesquisa está ainda em uma etapa inicial de leitura dos documentos oficiais em 
especial da Base Nacional Comum Curricular. Também de seleção, organização e revisão de 
fontes bibliográficas para estudo dos fundamentos da Geografia e dos fundamentos da 
Didática, necessários para a elaboração da Geografia Escolar. 
 Na BNCC constam as definições das competências e habilidades, além, das unidades 
temáticas e objetos de conhecimentos. As metodologias de ensino-aprendizagem ou as 
didáticas específicas para as áreas e ou disciplinas, ou seja, o percurso de apropriação desse 
conteúdo para atender as necessidades informativas e formativas desse campo do saber para 
os anos finais do Ensino Fundamental prescinde ainda de elaborações e reflexões teóricas e 
práticas. 
 
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3653 
 Os livros didáticos estarão contemplando esses percursos e a pesquisa deverá proceder 
a identificação e a análise das contribuições e ou o papel dessas publicações. Este pode ser um 
dos resultados, mas é preciso ir além elaborando reflexões teóricas e metodológicas da ciência 
e da didática da ciência com a finalidade de fundamentar proposições nas quais os professores 
e alunos possam assumir ainda mais o protagonismo didático. E, para aproximar o a interação 
teoria e prática projetam-se, com base nas metodologias coletivas, temáticas, 
problematizadoras já conhecidas, tais como, projeto de trabalho, estudo do meio, unidades 
temáticas e ou aprendizagem baseada em problemas, a elaboração de proposições de ensino-
aprendizagem para essa disciplina escolar. 
Considerações finais 
A BNCC – Base Nacional Comum Curricular enquanto documento normativo para a 
realização curricular da Educação Básica precisa ser instrumentalizado para acontecer na 
realidade ou no ambiente da sala de aula. Os livros didáticos distribuídos e utilizados nas 
escolas são recursos significativos para o desenvolvimento dessas práticas de ensino-
aprendizagem, mas não suficientes. É preciso ampliar as reflexões teóricas e metodológicas da 
ciência geográfica e da didática específica desse componente curricular e, também, pesquisar e 
elaborar recursos didáticos com a finalidade de qualificar a Geografia Escolar. Essa é uma 
necessidade dos sistemas educacionais e, principalmente dos docentes e ou da comunidade 
escolar como um todo. 
A presente pesquisa pretende contribuir para que esse novo momento curricular 
oportunize uma melhor formação intelectual aos discentes. O pressuposto é o de que o 
conteúdo-forma das práticas de ensino-aprendizagem são construções históricas dos sujeitos 
das comunidades escolares nas quais docentes e discentes, mediados pelo conhecimento 
universal e a realidade são os principais protagonistas. 
Referências 
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1977. 
BRASIL Ministério da Educação. BNCC – Base Nacional Comum Curricular, 2018. 
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/article/view/2360/3383. Acesso em 04-10-
2018. Acesso em 27 jul. 2018. 
MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação. Porto Alegre, Ano 22, p. 7-37, 1999. 
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/article/view/2360/3383.%20Acesso%20em%2004-10-2018
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/article/view/2360/3383.%20Acesso%20em%2004-10-2018
14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia 
Políticas, Linguagens e Trajetórias 
Universidade Estadual de Campinas, 29 de junho a 4 de julho de 2019 
 
 
 
 
Ateliê de Pesquisas e Práticas em Ensino de Geografia 
 
ISBN 978-85-85369-24-8 3654 
SEED-PR. Referencial Curricular do Paraná: princípios, direitos e orientações. Paraná, 
2018.

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