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9-Anti-hipertensivos

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Anti-hipertensivos 
Mecanismo de controle da pressão arterial – 
fisiologia 
A regulação da pressão arterial é 
importante para a manutenção da perfusão 
adequada aos tecidos sem causar lesão ao 
sistema vascular, particularmente ao 
endotélio (rico em substâncias vasoativas). 
É diretamente proporcional ao débito 
cardíaco e à resistência vascular periférica, 
os quais, por sua vez, são controlados pelos 
barorreceptores, sistema nervoso simpático 
e sistema renina-angiotensina-aldosterona 
(SRAA). 
O calibre dos vasos sanguíneos regula a 
distribuição de sangue na corrente 
circulatória. 
O diâmetro do leito venoso determina a 
oferta de sangue ao coração, isto é, o 
volume sistólico e o débito cardíaco por 
minuto (DCM). 
O diâmetro dos vasos arteriais determina a 
resistência periférica 
O DCM e a resistência periférica são 
decisivos na manutenção da pressão arterial. 
 
Quando ocorre diminuição da PA gera um 
sinal no rim por meio da perfusão renal 
(diminuição do sangue que chega ao rim) e 
pela diminuição da concentração de sódio 
no túbulo distal, essas duas situações fazem 
com que há um estímulo simpático e uma 
ativação do SRAA. O aparato justaglomerular 
do rim é a região que é sensível a perfusão 
renal e a macula densa que percebe 
concentração de sódio. 
 
Sendo assim, a percepção de alteração no 
sistema justaglomerular juntamente com a 
ativação simpática renal, ação de agonistas 
beta-adrenérgico e presença de 
prostaciclina, estimula a liberação de renina 
pelo aparelho justaglomerular. No entanto, 
tem a angiotensina II produzida a partir da 
renina, a qual faz uma retroalimentação 
negativa para controlar. 
Queda da pressão arterial → rim ativa o 
sistema justaglomerular → liberação de 
renina no sangue → renina converte o 
angiotensinogênio produzido no fígado em 
angiotensina I → angiotensina I convertida 
pela ECA (presente na membrana da célula 
endotelial) em angiotensina II → angiotensina 
II circulante atua no córtex da adrenal 
induzindo a produção e liberação de 
aldosterona → aldosterona (promove a 
retenção de sódio) 
 
Tratamento dos anti-hipertensivos 
Os anti-hipertensivos são utilizados para 
tratar a hipertensão, ICC, infarto e 
insuficiência renal. 
Controle do tônus muscular vascular por 
diferentes mecanismos – fisiologia 
Controle fisiológico – vasoconstrição: na 
membrana da célula tem receptores alfa-1-
adrenérgico acoplado a proteína Gq que 
ativa a fosfolipase-C que converte os 
fosfolipídios de membrana (IP3 e PIP2), o IP3 
atua em receptores do reticulo 
sarcoplasmático promovendo a liberação de 
cálcio (aumento da concentração de cálcio 
intracelular) auxiliando na contração. Há 
também canal de cálcio na membrana da 
célula ativado pelo receptor alfa-1-
adrenergico. 
Controle fisiológico – vasoconstrição: o 
cálcio é importante para ativar a calmodulina 
formando o complexo cálcio-calmodulina que 
ativa a cinase MLCK (quinase miosina de 
cadeia leve) que promove a ativação da 
miosina que se liga a actina para promover a 
contração do vaso. A contração do vaso 
leva a vasoconstrição provoca o aumento 
da resistência periférica consequentemente 
elevando a pressão arterial. 
Controle fisiológico – vasodilatação: 
receptores beta-2-adrenérgico presente na 
membrana da célula acoplado a proteína Gs 
que ativa a adenilatociclase a produzir AMPc 
o qual fosforila proteínas quinases no efeito 
cascata e essas proteínas quinase inibem a 
enzima MLCK, dessa forma tem uma 
vasodilatação. 
Controle fisiológico – vasodilatação: canais de 
cálcio ativados pelo potencial de ação 
promovem um influxo de cálcio. No entanto, 
a ativação de canais de potássio causa 
inibição da ativação dos canais de cálcio, 
gerando uma vasodilatação. 
Controle fisiológico – vasodilatação: os 
receptores muscarínicos tipo M3 acoplado a 
proteína Gq, presente na membrana da 
célula endotelial, ativa a fosfolipase C a 
produzir IP3 a partir dos fosfolipídios de 
membrana, o IP3 interage com receptores 
IP3 presentes no reticulo sarcoplasmático, e 
quando ativados o reticulo libera cálcio, 
tendo um aumento de cálcio intracelular, o 
cálcio ativa a calmodulina formando o 
complexo cálcio-calmodulina o qual ativa a 
NO sintase a produzir o NO a partir da 
arginina. O NO migra para a célula da 
musculatura lisa vascular ativando a guanilato 
ciclase que produzir GMPc a partir de GTP, 
o qual ativa a proteína PKG (proteína 
quinase G) que fosforila outras proteínas 
promove o relaxamento do vaso. 
 
Classes farmacológicas de anti-hipertensivos 
O objetivo do tratamento anti-hipertensivo é 
reduzir a morbidade cardiovascular e renal e 
a mortalidade, em doenças como 
hipertensão, IC, ICC, infarto, insuficiência 
renal. 
A maioria dos anti-hipertensivos diminui a 
pressão arterial, reduzindo o débito cardíaco 
e/ou diminuindo a resistência periférica. 
Esses fármacos podem ser usados como 
fármacos únicos (monoterapia) ou em 
associação de fármacos (mais usado). 
Classes de hipertensivos: 
 
Vasodilatadores: aumentam a perfusão 
capilar periférica, diminuindo a pressão 
arterial e a pressão venosa central, 
melhorando o fluxo sanguíneo tecidual, 
principalmente dos órgãos mais nobres 
(coração e sistema nervoso central), sem 
aumento significativo da frequência cardíaca 
e sem queda significativa da pressão arterial. 
Diuréticos: aumentam a excreção de água e 
de sais, especialmente de sódio, contribuindo 
para o manejo da retenção de água 
(edema) e/ou para o controle da pressão 
arterial. 
Efeito final desejado de hipertensivos: 
↪Redução da pré-carga (redução da 
pressão de enchimento). 
↪Redução da pós-carga (redução da 
resistência vascular). 
↪Redução do trabalho cardíaco excessivo. 
Inibidores da ECA 
São os mais utilizados. Vasodilatadores de 
primeira escolha para uso oral. 
Fisiologicamente: 
↪Queda da pressão arterial → rim ativa o 
sistema justaglomerular → liberação de 
renina no sangue → renina converte o 
angiotensinogênio produzido no fígado em 
angiotensina I → angiotensina I convertida 
pela ECA (presente na membrana da célula 
endotelial) em angiotensina II → angiotensina 
II circulante atua no córtex da adrenal 
induzindo a produção e liberação de 
aldosterona → aldosterona (promove a 
retenção de sódio) 
↪Angiotensina II promove os seguintes 
efeitos: 
• Vasoconstrição: 
➢ Ação direta em receptores AT2 
➢ Ação indireta via liberação de NA 
de nervos simpáticos. 
• Liberação de aldosterona: 
➢ Redução da absorção tubular de 
sódio (retem sódio) 
➢ Aumento da retenção de água 
➢ Aumento do volume sanguíneo 
devido a retenção de água 
Mecanismo de ação: promovem bloqueio da 
ECA, inibindo então a formação de 
angiotensina II. 
Resultado: diminuição da pré-carga e pós-
carga (diminuição do sistema nervoso 
simpático, diminuição da retenção de sódio 
e água e aumento da vasodilatação), 
consequentemente melhora no débito 
cardíaco. 
Fármacos: benazepril, captopril, enalapril, 
ramipril, fonisopril, lisinopril 
Tosse seca: a ECA é responsável pela 
degradação da bradicinina (importante 
mediador inflamatório, no pulmão causa 
broncoespasmo), assim a inibição da ECA 
resulta no acúmulo da bradicinina que irá 
causar broncoespasmo levando a tosse seca. 
Suspendendo o medicamento, reverte essa 
tosse seca. 
Cuidado! 
↪Animais sob tratamento com digitálicos e 
diuréticos não se deve fazer reposição de 
potássio ou quando necessário fazer com 
cautela e acompanhamento. 
↪O uso de inibidores da ECA inibe a 
liberação de aldosterona (retém sódio e 
água), sendo assim aumenta potássio no 
organismo. E os diuréticos fazem com que 
há perda de sódio e potássio. 
Antagonistas de receptores AT1 
Mecanismo de ação: bloqueio da ação de 
angiotensina II em receptores AT1 
Fármacos: losartan, valsartan, irbesartan, 
candesartan, eprosartan 
Nitratos: são doadores de NO 
Mecanismode ação: atuam através da 
liberação de NO, o qual ativa a via 
guanilatociclase-GMPcíclico-PKG, resultando 
em vasodilatação, imitando a produção de 
NO pelas células endoteliais. 
 
Fármacos: 
↪Nitroprussiato; emergências, tratamento 
intensivo 
↪Nitroglicerina: venodilatador autoadesivo 
↪Isossorbida: potente vasodilatador 
coronariano 
Antagonistas de canais de cálcio (tipo L) 
Mecanismo de ação: bloqueiam a ativação 
de canais de cálcio voltagem-dependentes 
(tipo L), gerando vasodilatação 
Fármacos: 
↪Benzotiazepina: diltiazem (também tem 
atuação no coração) 
↪Diidropiridinas: nifedipina, amlodipina, 
felodipino 
Inibidores das fosfodiesterases (tipo 3) 
Mecanismo de ação: inibição da degradação 
do AMPc, o aumento de AMPc gera 
vasodilatação. 
Fármacos: derivados da bipiridina (milrinona 
e anrinona) 
Inibidores das fosfodiesterases (tipo 5) 
Mecanismo de ação: inibição da degradação 
do GMPc, assim o auemnto do GMPc gera a 
vasodilatação 
Fármacos: sildenafil (viagra), pimobendana, 
tadalafil, vardenafil 
Bloqueadores alfa-1-adrenérgicos 
Mecanismo de ação: bloqueiam 
seletivamente os receptores alfa-1-
adrenérgicos presentes nos vasos 
periféricos, diminuindo a concentração de 
cálcio causando vaso dilatação 
Fármacos: prazosin, doxazosin, terazosin 
Bloqueadores beta-adrenérgicos 
Mecanismo de ação: inibição dos receptores 
beta-adrenérgicos presentes no coração e 
células justaglomerulares. 
 
Diminuição do volume sanguíneo auxilia na diminuição 
do edema vascular. 
 
Esses antagonistas causam: redução do débito 
cardíaco; diminuição da liberação de renina pelas 
células justaglomerulares; depressão da atividade 
simpática (ação central); efeito inotrópicos e 
cronotrópicos negativos no coração 
Vasodilatadores de ação direta 
Mecanismo de ação: bloqueia a ação do IP3 
sobre a liberação de cálcio pelo reticulo 
sarcoplasmático, ou seja, bloqueia o receptor 
para o IP3, ocorrendo um relaxamento 
direto sobre o músculo liso arteriolar e 
aumenta a liberação de prostaciclina pelas 
células endoteliais da porção arteriolar. 
Fármaco: hidralazina 
 
Fármacos que ativam os canais de potássio 
Mecanismo de ação: aumento seletivamente 
a permeabilidade da membrana aos íons 
potássio, causando hiperpolarização e 
relaxamento da musculatura lisa vascular (em 
artérias e arteríolas), resultando em 
diminuição da resistência periférica. 
Fármacos: cromocalim, pinacidil, diazóxido, 
minoxidil (pró-droga). 
Não é muito utilizado, usado somente 
quando o paciente não responde bem aos 
outros anti-hipertensivos. 
Outros anti-hipertensivos 
Diuréticos: atuam na retenção de sódio e 
água reduzindo a resistência periférica, 
reduzindo o débito cardíaco e a pressão 
arterial 
Dipirona: tem ação analgésica que é via 
oxido nítrico que nos vasos sanguíneos 
induz a produção de oxido nítrico ativando a 
via oxido nítrico-GMPc que leva ao 
relaxamento do vaso. 
Clonidina: agonista alfa-adrenérgico de ação 
central, a qual age nos receptores 
adrenérgicos e causa efeitos colaterais. 
Agonistas beta-2-adrenérgicos: quando 
utilizados como broncodilatadores pode ter 
uma ação na musculatura lisa vascular pode 
causar uma vasodilatação se o paciente for 
snesivel ao medicamento. 
Metilxantinas: é broncodilatador, mas 
também bloqueia as fosfodiestareses. 
Principais efeitos terapêuticos dos 
vasodilatadores 
Reduzem a pressão arterial 
Melhoram o débito cardíaco por redução da 
resistência periférica 
Diminuem os sintomas congestivos 
Outros efeitos de importância clínica 
causados pelos inibidores da ECA: reduzem 
a retenção hídrica induzida pela aldosterona 
e melhora a função renal e a diurese. 
Principais efeitos adversos dos 
vasodilatadores 
Hipotensão: frequente no início do 
tratamento 
Tosse seca: inibidores da ECA (efeito 
questionável na medicina veterinária) 
Aumento do potássio plasmático: inibidores 
da ECA, losartan 
Retenção de líquido e sal e aumento da 
liberação de renina: Minoxidil e hidralazina 
Redução da função cardíaca (ativação 
simpática/mecanismos reflexos): Minoxidil, 
hidralazina, antagonistas de cálcio 
Inotropismo negativo: antagonistas de cálcio 
Redução da função renal: losartan 
Outros: tontura, tremores, náuseas, 
hipersensibilidade cutânea (losartan), 
distúrbios imunológicos (hidralazina). 
Principais efeitos colaterais dos bloqueadores 
alfa-adrenérgicos: hipotensão, rubor, 
taquicardia, congestão nasal, impotência. 
Principais efeitos colaterais dos bloqueadores 
dos beta-adrenérgicos: broncoconstrição 
(pacientes que tem doença preexistente), 
insuficiência cardíaca, bradicardia, fadiga, 
extremidades frias, depressão, insônia, 
dislipidemia, hipoglicemia. 
Propranolol: não usar em animais asmáticos 
(devido a broncoconstrição); cuidado com a 
retirada súbita pois pode causar 
supersensibilização (taquiarritmia, diminuição 
do potencial de ação). 
 
 
Aspectos farmacocinéticos gerais 
Administração parenteral e oral: boa 
absorção 
Metabolização pré-sistemica: variável de 
acordo com o princípio ativo. 
Boa distribuição 
Ligação com proteínas plasmáticas: é 
variável 
Biotransformação hepática: formação de 
metabolitos ativos é varável 
Excreção renal: metabolitos (inativos ou 
ativos) e na forma original.

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