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NUTRIÇÃO CLÍNICA Bianca Duarte Beck Obesidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o que é a obesidade e como ela é determinada. Reconhecer os aspectos relevantes de sua etiologia e a influência metabólica. Analisar os tipos de tratamento disponíveis para a obesidade. Introdução A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da inte- ração de genes, ambiente, estilo de vida e fatores emocionais. Estamos vivendo em um momento de aumento significativo da prevalência da obesidade em diversas populações do mundo, incluindo o Brasil. Neste capítulo, você vai estudar o que é a obesidade e como ela é determinada. Além disso, vai conhecer aspectos relevantes em sua etiologia e a sua influência metabólica. Por fim, vai analisar os tipos de tratamento disponíveis para essa condição na atualidade. A obesidade e suas classificações Os estudos epidemiológicos produzidos na última década apontam a obesi- dade como uma importante condição, que predispõe à maior morbidade e mortalidade. Já sabemos que a prevalência da obesidade vem aumentando em praticamente todos os países desenvolvidos, com raras exceções, bem como nos países em desenvolvimento. No Brasil, registrou-se um aumento na prevalência de obesidade entre 1975 e 1997, que predominou na região Nordeste, em especial nas faixas da população de menor poder aquisitivo. O aumento da mortalidade condicionada pela obesidade decorre prin- cipalmente da maior ocorrência de eventos cardiovasculares. Além disso, a obesidade tem associação com outras comorbidades de alto impacto na saúde, associando-se com grande frequência a condições como dislipidemia, diabetes, hipertensão e hipertrofia ventricular esquerda – conhecidos fatores de risco coronariano. O aumento da prevalência e da incidência da obesidade é um fator preo- cupante em nível mundial. As questões relevantes que envolvem a obesidade vão muito além de fatores estéticos e culturais: são questões relacionadas diretamente à saúde e à expectativa de vida dos indivíduos. A primeira impressão, quando se pensa em obesidade, é a realização de um balanço matemático, no qual se avalia o consumo e o gasto energético. Quando consumimos mais energia do que gastamos, acumulamos o excesso em forma de gordura. Essa análise é verdadeira, mas não é absoluta – o ga- nho ou a perda de peso possuem diversos agentes influenciadores. O corpo humano e a sua fisiologia não respondem a uma simples conta matemática: existe uma combinação de fatores físicos, químicos e psicológicos envolvidos na etiologia da obesidade. Gordura e distribuição corporal O acúmulo de gordura corporal causa prejuízo ao nosso organismo. Esse acúmulo pode ocorrer de diferentes formas, sendo as principais: Ginecoide: essa distribuição corporal de gordura é caracterizada pelo acúmulo da gordura corporal na região dos glúteos e das coxas. É mais frequente em mulheres, sendo popularmente denominada de formato pera. Essa forma de acúmulo de gordura costuma causar prejuízos para as articulações; porém, quando comparada a outros modelos de distribuição de gordura, apresenta menos aspectos nocivos para a saúde. Androide: nessa distribuição, a gordura se concentra na região abdo- minal, sendo conhecida popularmente pelo formato de maçã. Trata-se de um tipo de distribuição pior que a ginecoide, pois está fortemente associada à manifestação de doenças cardiovasculares, diabetes, pressão alta e dislipidemias. Além disso, estudos apontam que a presença de gordura na região abdominal tem relação com o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. A principal diferença entre essas distribuições de gordura corporal está na presença da gordura visceral. Trata-se de uma gordura profunda, que fica localizada ao redor dos nossos órgãos internos, como o estômago, o intestino e o fígado. Além de sua localização, a gordura também é caracterizada pela sua atividade endócrina: a gordura ativa produz dezenas de hormônios e Obesidade384 substâncias tóxicas, que são liberados na corrente sanguínea, atuando em nível sistêmico e contribuindo para o estado de inflamação. Avaliação da gordura corporal A composição corporal é individual; portanto, é necessário estabelecer formas para se avaliar a quantidade de gordura corporal no diagnóstico nutricional. Medir ou estimar a quantidade de gordura é fundamental para o acompanha- mento nutricional de pacientes que se encontram com acúmulo de gordura e buscam a redução de peso. A perda de peso por si só não traduz a realidade no cenário clínico, sendo necessário o uso de ferramentas que auxiliem na identificação das perdas corporais. Nesse sentido, existem instrumentos e práticas que devemos utilizar na avaliação da composição corporal. São eles: Pregas adiposas: o adipômetro é capaz de avaliar a gordura subcutânea. Com essas medidas, é possível determinar a quantidade de gordura corporal com fórmulas matemáticas padronizadas. Perímetros: vários perímetros são utilizados na prática clínica; entre eles, o mais citado é a circunferência abdominal. Os resultados de circunferência de abdominal, acima de 88 para mulheres e 102 para homens, já estão estabelecidos como fatores de risco para o desenvol- vimento de doenças cardiovasculares. Bioimpedância: trata-se de um aparelho especial, que quantifica a composição corporal, detalhando a quantidade de gordura corporal, a água e a massa magra. No entanto, não define a localização da gordura. IMC: o índice de massa corporal (IMC) foi criado por Adolphe Jacques Quételet, em 1969, e é hoje a forma mais utilizada na classificação do peso corporal. É a medida utilizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como método de classificação para indivíduos nas seguintes categorias: peso abaixo do normal, peso normal, sobrepeso e obesidade. Para seu cálculo, são necessárias as medidas de peso em quilogramas e altura em metros, seguindo a equação: IMC = peso (kg)/altura2 (m). A Tabela 1 apresenta a classificação de IMC para pessoas entre 19 e 65 anos, conforme a OMS. Já a Tabela 2 traz a mesma classificação, para pessoas com mais de 65 anos. 385Obesidade Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (2009-2010). IMC (em kg/m2) Diagnóstico Abaixo de 18,5 Baixo peso Entre 18,5 e 24,9 Eutrofia Entre 25 e 29,9 Sobrepeso Entre 30 e 34,9 Obesidade grau I Entre 35 e 39,9 Obesidade grau II (severa) Acima de 40 Obesidade grau III (mórbida) Tabela 1. Classificação de IMC para indivíduos entre 19 e 65 anos, segundo a OMS. Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (2009-2010). IMC (em kg/m2) Diagnóstico Menor que 22 Baixo peso Entre 22 e 27 Peso normal Acima de 27 Excesso de peso Tabela 2. Classificação do IMC para pessoas acima de 65 anos. As limitações do IMC Mesmo sendo uma ferramenta prática de avaliação corporal, o IMC apresenta algumas limitações, que devem ser consideradas na avaliação individual. A primeira delas é que IMC não detalha a composição do peso corporal. Nesse sentido, não sabemos a quantidade de gordura e de massa magra que está sendo representada pelo valor obtido, possibilitando que ocorram erros de classifi cação e diagnóstico. Assim, é importante salientar que a obesidade é defi nida pelo acúmulo e pelo excesso de gordura corporal. Além disso, o IMC não demostra a localização da gordura corporal – e essa informação é muito relevante na determinação de prejuízos que podem Obesidade386 ser causados pelo excesso de gordura. Por fim, a proporção entre as medidas do tronco e das pernas também pode causar distorções na análise desse índice. Neste link, você terá acesso às Diretrizes Brasileiras de Obesidade (ASSOCIAÇÃO BRA- SILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA, 2009-2010), na qual se discutem temas relevantes sobre o tema, bem como as principais indicaçõese definições, pautadas em análise de estudos científicos. https://goo.gl/YZioTs A obesidade e suas influências metabólicas Obesidade, genética e epigenética A etiologia da obesidade é infl uenciada por inúmeros fatores, e todos eles convergem para o balanço energético positivo. Quando as calorias ingeridas diariamente ultrapassam as calorias gastas, ocorre o armazenado no tecido adiposo. Esse balanço energético positivo é infl uenciado por fatores ambientais, comportamentais, psicológicos, fi siológicos e genéticos. As mutações gênicas são associadas com o desenvolvimento da obesidade. Já sabemos que a mutação no gene ou receptor da leptina é associada com o excesso de gordura; porém, novos estudos apontam que a obesidade é uma condição poligênica, sendo influenciada por mais de 250 genes, marcadores e regiões cromossômicas. Além disso, existe relação entre a exposição a fatores ambientais na ativação e inativação de genes envolvidos no processo da obesidade. Esses fatores am- bientais que interagem com o genoma são chamados de fatores epigenéticos, e ocupam importante papel na prevenção e no tratamento das doenças crônicas, uma vez que modulam a expressão de vários genes associados à obesidade. 387Obesidade https://goo.gl/YZioTs Obesidade e inflamação A obesidade é, por si só, uma condição infl amatória. A infl amação ocorre como resposta fi siológica às agressões causadas pelos estímulos e estresses gerados pela obesidade. O tecido adiposo produz constantemente substâncias agressoras ao organismo, e seu efeito infl amatório é observado de forma sistêmica, atuando em todo o corpo. A homeostase corporal busca manter todos os tecidos, órgãos e sistemas funcionantes e harmônicos. O acúmulo de gordura provoca agressões contínuas ao corpo, que busca a manutenção e o combate aos estímulos agressores – o que causa um desgaste metabólico. O processo de inflamação causado pela obesidade acelera a formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos, altera os neurotransmissores cere- brais de sinalização da fome e saciedade e modifica mecanismos de controle hormonal. Logo, é um estado que promove o surgimento de doenças crônicas associadas à obesidade. A inflamação é causada pelo processo de oxidação dos tecidos. Essa oxi- dação é responsável pela produção de radicais livres. A obesidade é uma condição que expõe os indivíduos a diversos fatores de agressão exacerbados, o que leva à produção em excesso de radicais livres e ao aumento do processo de oxidação. Nesse sentido, a inflamação do indivíduo obeso é reduzida de forma significativa com a redução do tecido adiposo e, consequentemente, da produção de radicais livres. Obesidade e resistência insulínica Existe uma sequência de eventos metabólicos observados em indivíduos que possuem acúmulo de gordura. Vimos que a gordura em excesso é responsável pela produção de substâncias agressoras, que geram infl amação ao nosso organismo. Outra ação causada pela obesidade se refl ete na resistência insu- línica. Com a obesidade, ocorre a difi culdade de ação insulínica, prejudicando a captação da glicose circulante. Essa captação de glicose inefi ciente faz com que a circulação sanguínea cause maior agressão ao endotélio, aos tecidos e aos órgãos. Essa alteração de captação de glicose também acarreta efeitos nas células musculares. A célula muscular, sem substrato energético, reduz a sua produção de adenosina trifosfato (ATP), causando fadiga. Com os níveis circulantes de glicose sanguínea aumentados, ocorre maior liberação de insulina, e esse efeito também gera consequências ao organismo. Como primeiro efeito, temos Obesidade388 a esteatose hepática, que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no fígado. A insulina dificulta a liberação, na corrente sanguínea, dos triglicérides produzi- dos pelo fígado. Além disso, a insulina elevada também pode atuar no aumento dos níveis de colesterol, pois, como há presença de inflamação, há destruição de tecidos e maior necessidade de renovar células e construir membranas – essa é a função primordial do colesterol. Por fim, a insulina também tem o efeito de estimular enzimas que atuam na síntese de colesterol, como a HMG-CoA. As ações da resistência insulínica se estendem ainda a outros sistemas. No sistema renal, a insulina elevada causa alteração na excreção do sódio pela urina, fazendo com que este fique retido no sangue. Como consequên- cia, ocorre o acúmulo de água dentro dos vasos sanguíneos, aumentando a pressão arterial. Esse aumento da pressão arterial também é influenciado pela adrenalina, que tem sua síntese estimulada pela insulina. A adrenalina causa vasoconstrição, contribuindo ainda mais para esse aumento. Por fim, a insulina também dificulta a queima de gordura, prejudicando o processo de emagrecimento e redução do tecido adiposo. Obesidade e síndrome metabólica Na década de 1980, um pesquisador americano chamado Gerald Reaven observou que doenças frequentes, como hipertensão e alterações na glicose e no colesterol, estavam associadas à obesidade. Além disso, ele identifi cou que existiam correlações metabólicas que aumentavam o risco para o desenvol- vimento de doenças cardiovasculares; essas condições estavam relacionadas à resistência insulínica. A síndrome metabólica tem relação com uma mortalidade geral duas vezes maior e uma mortalidade cardiovascular três vezes maior do que na população normal. Essa síndrome é definida como um conjunto de doenças cuja base é a resistência insulínica. Em função da dificuldade de ação da insulina, surgem as manifestações que podem fazer parte da síndrome. Não existe um único critério aceito universalmente para definir a síndrome; os mais aceitos são os da Organização Mundial de Saúde e os do National Cholesterol Education Program (NCEP). O Brasil também dispõe do seu Consenso Brasileiro sobre Síndrome Metabólica, documento referendado por diversas entidades médicas. A síndrome metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco cri- térios abaixo: 389Obesidade grande quantidade de gordura abdominal: em homens, cintura com mais de 102 cm; nas mulheres, maior que 88 cm; baixo HDL: em homens, menos que 40 mg/dl; nas mulheres, menos que 50 mg/dl; triglicerídeos elevado: 150 mg/dl ou superior; pressão sanguínea alta: 135/85 mmHg ou superior, ou utilização de algum medicamento para reduzir a pressão; glicose elevada: 110 mg/dl ou superior. No artigo “Síndrome metabólica e qualidade de vida: uma revisão sistemática” (SA- BOYA et al., 2016), você pode ler mais sobre a influência da síndrome metabólica na qualidade de vida. https://goo.gl/y5JA7z Tratamento da obesidade Tratamento dietético Mesmo com os avanços nos conhecimentos sobre a obesidade, não houve ainda grandes progressos no que se refere ao tratamento dessa condição. Existem diversas estratégias utilizadas por profi ssionais especialistas para promover a perda de peso; entretanto, a manutenção dessa perda é um processo extre- mamente difícil na maioria dos casos. A perda de peso sempre dependerá de um balanço energético negativo: menor ingestão alimentar em relação ao gasto calórico. Classicamente, essa situação é alcançada com o binômio redução da ingestão alimentar e aumento da atividade física. Além disso, a obesidade é uma doença multifatorial, e o controle dos fatores ambientais se faz necessário para combatê-la. Para o tratamento da obesidade, deve-se objetivar não somente a perda de peso, mas também a correção e manutenção dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, influenciadas pela resistência à insulina. A proposta de se reduzir o peso corporal de indivíduos obesos para valores Obesidade390 https://goo.gl/y5JA7z considerados normais, por meio de dietas com consumo calórico muito baixo, vem sendo substituída por condutas que levam a um objetivo menos ambicioso e mais realista, em função da impossibilidade de se conseguir, em longo prazo,atingir e manter o peso ideal, na maioria dos casos. Um dos fatores que dificultam o sucesso de dietas muito restritas em termos calóricos – que produzem perdas ponderais significativas em curto prazo – é a tendência fisiológica de o organismo promover a manutenção do peso, agindo contra as variações pronunciadas no seu peso corporal. Restrições no seu aporte alimentar levam à ativação de mecanismos compensatórios, a fim de minimizar a perda de peso, por meio da redução na taxa de metabolismo basal. Logo, um tratamento dietético que resulte em uma perda de peso mais modesta, mas que produza alterações mais estáveis provavelmente é mais favorável. Assim, perdas ponderais entre 5 e 10% do peso inicial podem ser suficientes para produzir alterações benéficas nos níveis de glicemia, no perfil lipídico do plasma e nos níveis de pressão arterial. Dessa forma, estipula-se que o total de calorias a serem consumidas deve ser reduzido em 500 a 1.000 kcal por dia, com base no cálculo de energia despendida pelo paciente. A dieta assim planejada em geral é suficiente para produzir uma perda de peso entre 0,5 a 1,0 kg/semana. Recomendações gerais devem incluir aumento na ingestão de fibras, que produzem maior grau de saciedade, e redução no consumo de sacarose, álcool e gorduras saturadas. A proporção normal de nutrientes deve ser mantida, apesar da limitação ca- lórica: proteínas devem perfazer 15 a 20% da quantidade total de calorias da dieta, carboidratos devem corresponder a 50-55%, e as gorduras não devem ultrapassar 30% do conteúdo calórico total. Para melhorar a adesão do paciente à dieta, é recomendável que esta se adapte aos seus gostos, fornecendo-lhe variadas opções de cardápio. Ao mesmo tempo, o sucesso da dieta depende fundamentalmente do processo de reeducação alimentar, que faz parte da denominada terapia comportamental. Exercício físico A atividade física é um dos pilares para o tratamento da obesidade. É importante considerar que atividade física é qualquer movimento corporal produzido por músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético, enquanto exercício físico é uma atividade física planejada e estruturada, com o propósito de melhorar ou manter o condicionamento físico. O exercício apresenta uma série de benefícios para o paciente obeso, melho- rando o rendimento do tratamento com dieta. Entre os diversos efeitos, estão: 391Obesidade a diminuição do apetite; o aumento da ação da insulina; a melhora do perfil de gorduras; a melhora da sensação de bem-estar e autoestima. Dessa forma, o paciente deve ser orientado por profissional especialista a realizar exercícios regulares, por pelo menos 30 a 40 minutos, no mínimo quatro vezes por semana – inicialmente leves e a seguir moderados. Essas atividades, em algumas situações, podem requerer auxílio de um profissional e ambiente especializado; na maioria das vezes, a simples recomendação de caminhadas rotineiras já provoca grandes benefícios, estando incluída no que se denomina “mudança do estilo de vida” do paciente. Tratamento medicamentoso As opções medicamentosas para o tratamento da obesidade são restritas, sendo poucas as medicações liberadas para auxiliar nesse tratamento, no Brasil. A indicação de se associar medicamentos ocorre quando há difi culdade de perda de peso somente com a mudança do estilo de vida, ou quando existe necessidade de ajudar a tratar certos comportamentos alimentares, associados principalmente a alterações emocionais. Algumas medicações são utilizadas, conforme prescrição médica, para tratamento de obesidade: Sibutramina: medicamento que aumenta os estímulos de saciedade. Pos- sui efeitos colaterais como taquicardia, dor de cabeça, insônia, boca seca; além disso, não deve ser usado por pessoas com risco cardiovascular. Orlistate: medicamento que diminui a absorção de gordura pelo intestino e possui efeitos colaterais como diarreia e dor abdominal, quando são ingeridos alimentos gordurosos. Liraglutida: medicamento análogo do hormônio GLP-1, também usado para tratamento de diabetes, que diminui o esvaziamento gástrico e aumenta a saciedade. Seus efeitos colaterais mais comuns são náuseas, diarreia e dor de cabeça, geralmente transitórias e que, na maioria dos casos, cessam com o tempo. Obesidade392 Outras possibilidades terapêuticas compreendem medicações que ajudam no controle da ansiedade, como topiramato e alguns antidepressivos. A indicação da melhor medicação para o tratamento da obesidade, quando necessário, vai depender do perfil e da dificuldade de aderir à dieta adequada de cada paciente. Tratamento cirúrgico As cirurgias bariátricas e metabólicas têm sido cada vez mais indicadas para o tratamento da obesidade e de suas doenças associadas. Entretanto, são ne- cessários critérios para a sua indicação; as indicações atuais são as seguintes: adultos com IMC ≥ 40 kg/m2, sem comorbidades; adultos com IMC ≥ 35 kg/m2, com uma ou mais comorbidades associadas; resistência aos tratamentos conservadores realizados regularmente, há pelo menos dois anos (dietoterapia, psicoterapia, tratamento farmaco- lógico e atividade física); motivação, aceitação e conhecimento sobre os riscos da cirurgia; ausência de contraindicações. Neste link, você encontra um artigo sobre a realização de cirurgia bariátrica como tratamento da obesidade em adolescentes (CARAVATTO; PETRY; COHEN, 2014). Dis- ponível em: https://goo.gl/1cpqJy 393Obesidade https://goo.gl/1cpqJy 1. Sobre o IMC, podemos afirmar que: a) trata-se da ferramenta mais utilizada para a classificação de peso corporal, identificando a distribuição de gordura corporal. b) trata-se da ferramenta mais utilizada para a classificação de peso corporal, indicando a presença de massa magra. c) trata-se da ferramenta mais utilizada para a classificação de peso corporal de populações, mas apresenta limitações na avaliação individual. d) trata-se da ferramenta mais utilizada para a classificação de peso corporal e garante diagnóstico nutricional seguro. e) trata-se da ferramenta mais utilizada para a classificação de peso corporal de indivíduos, mas apresenta limitações na avaliação populacional. 2. A gordura visceral está relacionada com: a) a forma de distribuição de gordura corporal ginecoide e alterações hormonais. b) a forma de distribuição de gordura corporal ginecoide e alterações cardíacas. c) a forma de distribuição de gordura corporal ginecoide e alterações psicológicas. d) a forma de distribuição de gordura corporal androide e alterações hormonais. e) a forma de distribuição de gordura corporal androide, sem causar influências metabólicas. 3. A síndrome metabólica é influenciada por todas as alternativas, exceto: a) Resistência insulínica. b) Pressão arterial. c) Circunferência abdominal. d) Níveis de colesterol LDL. e) Glicose sanguínea. 4. No tratamento dietoterápico da obesidade, a recomendação é: a) dieta hipocalórica altamente restritiva. b) dieta isenta de carboidratos. c) dieta isenta de glúten. d) dieta que resulte em uma perda de peso mais modesta, mas que produza alterações mais estáveis. e) dieta com consumo calórico muito baixo, isenta de carboidratos e com baixo teor de lipídios. 5. Sobre as recomendações gerais dietéticas que devem ser orientadas no tratamento dietoterápico, marque a alternativa correta. a) Recomendações gerais devem incluir aumento na ingestão de fibras, que produzem maior grau de saciedade, e redução no consumo de sacarose, álcool e gorduras saturadas. b) Recomendações gerais devem incluir redução na ingestão de fibras, que produzem maior grau de saciedade, e redução no consumo de sacarose, álcool e gorduras saturadas. Obesidade394 c) Recomendações gerais devem incluir aumento na ingestão de fibras e redução no consumo de carboidratos, álcool e gorduras saturadas. d) Recomendações gerais devem incluir aumento na ingestão de fibras e reduçãono consumo de proteínas, álcool e gorduras saturadas. e) Recomendações gerais devem incluir aumento na ingestão de fibras e redução no consumo de antioxidantes, álcool e gorduras saturadas. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓ- LICA. Diretrizes brasileiras de obesidade. 3. ed. São Paulo: ABESO, 2009-2010. Disponível em: <http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_1. pdf>. Acesso em: 05 fev. 2018. CARAVATTO, P. P.; PETRY, T. Z.; COHEN, R. V. Cirurgia bariátrica em adolescentes. Blucher Medical Proceedings, v. 1, n. 4, Nov. 2014. Disponível em: <https://www.researchgate. net/profile/Ricardo_Cohen/publication/301427636_Cirurgia_bariatrica_em_adoles- centes/links/5744b9e208ae9ace8421a783.pdf>. Acesso em: 06 fev. 2018. SABOYA, P. P. Síndrome metabólica e qualidade de vida: uma revisão sistemática. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 24, p. e28-48, 2016. Leituras recomendadas BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, p. S181-S191, 2003. CARVALHO, E. M. G.; RABELO, J. N. Identificação, prevenção e tratamento dos fatores de riscos associados à síndrome metabólica em pacientes atendidos no programa integrado de atividade física, esporte e lazer para todos os servidores da UFV Campus Florestal: estudo piloto – PIAFEL-EP. Synthesis, Pará de Minas, v. 1, n. 1, p. 355-366, 2009. CARVALHO, L. P. et al. Relacionamento entre estrutura e função muscular periférica, inflamação sistêmica e regulação autonômica na capacidade funcional de adultos obesos com ou sem distúrbios metabólicos. 2017. Tese (Doutorado)–Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2017. 395Obesidade http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_1. https://www.researchgate/ FREITAS, M. C.; CESCHINI, F. L.; RAMALLO, B. T. Resistência à insulina associado à obe- sidade: efeitos anti-inflamatórios do exercício físico. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, DF, v. 22, n. 3, p. 139-147, 2014. MANCINI, M. Métodos de avaliação da obesidade e alguns dados epidemiológicos. Revista ABESO, São Paulo, v. 11, p. 3, 2002. ORNELLAS, F. et al. Pais obesos levam a metabolismo alterado e obesidade em seus filhos na idade adulta: revisão de estudos experimentais e humanos. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 93, n. 6, p. 551-559, 2017. SILVA, J. R. G.; CAMPOS, L. A. Ação transdisciplinar na prevenção e no tratamento da obesidade. Encontros Universitários da UFC, Fortaleza, v. 1, n. 1, p. 5006, 2016. SUPLICY, H. L. Estudo comparativo de cinco drogas de ação central no tratamento da obesidade. 2014. Tese (Doutorado)–Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Preventing and managing the global epidemic: report of a WHO consultation on obesity. Geneva: WHO, 1997. Obesidade396 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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