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NUTRIÇÃO 
CLÍNICA
Bianca Duarte Beck
 
Obesidade 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir o que é a obesidade e como ela é determinada.
  Reconhecer os aspectos relevantes de sua etiologia e a influência 
metabólica.
  Analisar os tipos de tratamento disponíveis para a obesidade.
Introdução
A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da inte-
ração de genes, ambiente, estilo de vida e fatores emocionais. Estamos 
vivendo em um momento de aumento significativo da prevalência da 
obesidade em diversas populações do mundo, incluindo o Brasil. 
Neste capítulo, você vai estudar o que é a obesidade e como ela 
é determinada. Além disso, vai conhecer aspectos relevantes em sua 
etiologia e a sua influência metabólica. Por fim, vai analisar os tipos de 
tratamento disponíveis para essa condição na atualidade.
A obesidade e suas classificações
Os estudos epidemiológicos produzidos na última década apontam a obesi-
dade como uma importante condição, que predispõe à maior morbidade e 
mortalidade. Já sabemos que a prevalência da obesidade vem aumentando 
em praticamente todos os países desenvolvidos, com raras exceções, bem 
como nos países em desenvolvimento. No Brasil, registrou-se um aumento 
na prevalência de obesidade entre 1975 e 1997, que predominou na região 
Nordeste, em especial nas faixas da população de menor poder aquisitivo. 
O aumento da mortalidade condicionada pela obesidade decorre prin-
cipalmente da maior ocorrência de eventos cardiovasculares. Além disso, 
a obesidade tem associação com outras comorbidades de alto impacto na 
saúde, associando-se com grande frequência a condições como dislipidemia, 
diabetes, hipertensão e hipertrofia ventricular esquerda – conhecidos fatores 
de risco coronariano.
O aumento da prevalência e da incidência da obesidade é um fator preo-
cupante em nível mundial. As questões relevantes que envolvem a obesidade 
vão muito além de fatores estéticos e culturais: são questões relacionadas 
diretamente à saúde e à expectativa de vida dos indivíduos.
A primeira impressão, quando se pensa em obesidade, é a realização de 
um balanço matemático, no qual se avalia o consumo e o gasto energético. 
Quando consumimos mais energia do que gastamos, acumulamos o excesso 
em forma de gordura. Essa análise é verdadeira, mas não é absoluta – o ga-
nho ou a perda de peso possuem diversos agentes influenciadores. O corpo 
humano e a sua fisiologia não respondem a uma simples conta matemática: 
existe uma combinação de fatores físicos, químicos e psicológicos envolvidos 
na etiologia da obesidade. 
Gordura e distribuição corporal
O acúmulo de gordura corporal causa prejuízo ao nosso organismo. Esse 
acúmulo pode ocorrer de diferentes formas, sendo as principais:
  Ginecoide: essa distribuição corporal de gordura é caracterizada pelo 
acúmulo da gordura corporal na região dos glúteos e das coxas. É mais 
frequente em mulheres, sendo popularmente denominada de formato 
pera. Essa forma de acúmulo de gordura costuma causar prejuízos 
para as articulações; porém, quando comparada a outros modelos de 
distribuição de gordura, apresenta menos aspectos nocivos para a saúde.
  Androide: nessa distribuição, a gordura se concentra na região abdo-
minal, sendo conhecida popularmente pelo formato de maçã. Trata-se 
de um tipo de distribuição pior que a ginecoide, pois está fortemente 
associada à manifestação de doenças cardiovasculares, diabetes, pressão 
alta e dislipidemias. Além disso, estudos apontam que a presença de 
gordura na região abdominal tem relação com o desenvolvimento de 
alguns tipos de câncer.
A principal diferença entre essas distribuições de gordura corporal está 
na presença da gordura visceral. Trata-se de uma gordura profunda, que fica 
localizada ao redor dos nossos órgãos internos, como o estômago, o intestino 
e o fígado. Além de sua localização, a gordura também é caracterizada pela 
sua atividade endócrina: a gordura ativa produz dezenas de hormônios e 
Obesidade384
substâncias tóxicas, que são liberados na corrente sanguínea, atuando em 
nível sistêmico e contribuindo para o estado de inflamação. 
Avaliação da gordura corporal
A composição corporal é individual; portanto, é necessário estabelecer formas 
para se avaliar a quantidade de gordura corporal no diagnóstico nutricional. 
Medir ou estimar a quantidade de gordura é fundamental para o acompanha-
mento nutricional de pacientes que se encontram com acúmulo de gordura e 
buscam a redução de peso.
A perda de peso por si só não traduz a realidade no cenário clínico, sendo 
necessário o uso de ferramentas que auxiliem na identificação das perdas 
corporais. Nesse sentido, existem instrumentos e práticas que devemos utilizar 
na avaliação da composição corporal. São eles:
  Pregas adiposas: o adipômetro é capaz de avaliar a gordura subcutânea. 
Com essas medidas, é possível determinar a quantidade de gordura 
corporal com fórmulas matemáticas padronizadas. 
  Perímetros: vários perímetros são utilizados na prática clínica; entre 
eles, o mais citado é a circunferência abdominal. Os resultados de 
circunferência de abdominal, acima de 88 para mulheres e 102 para 
homens, já estão estabelecidos como fatores de risco para o desenvol-
vimento de doenças cardiovasculares. 
  Bioimpedância: trata-se de um aparelho especial, que quantifica a 
composição corporal, detalhando a quantidade de gordura corporal, a 
água e a massa magra. No entanto, não define a localização da gordura. 
  IMC: o índice de massa corporal (IMC) foi criado por Adolphe Jacques 
Quételet, em 1969, e é hoje a forma mais utilizada na classificação do 
peso corporal. É a medida utilizada pela Organização Mundial da Saúde 
(OMS) como método de classificação para indivíduos nas seguintes 
categorias: peso abaixo do normal, peso normal, sobrepeso e obesidade. 
Para seu cálculo, são necessárias as medidas de peso em quilogramas e 
altura em metros, seguindo a equação: IMC = peso (kg)/altura2 (m). A 
Tabela 1 apresenta a classificação de IMC para pessoas entre 19 e 65 
anos, conforme a OMS. Já a Tabela 2 traz a mesma classificação, para 
pessoas com mais de 65 anos.
385Obesidade
 Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (2009-2010). 
IMC (em kg/m2) Diagnóstico
Abaixo de 18,5 Baixo peso
Entre 18,5 e 24,9 Eutrofia
Entre 25 e 29,9 Sobrepeso
Entre 30 e 34,9 Obesidade grau I
Entre 35 e 39,9 Obesidade grau II (severa)
Acima de 40 Obesidade grau III (mórbida)
 Tabela 1. Classificação de IMC para indivíduos entre 19 e 65 anos, segundo a OMS. 
 Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (2009-2010). 
IMC (em kg/m2) Diagnóstico
Menor que 22 Baixo peso
Entre 22 e 27 Peso normal
Acima de 27 Excesso de peso
 Tabela 2. Classificação do IMC para pessoas acima de 65 anos. 
As limitações do IMC
Mesmo sendo uma ferramenta prática de avaliação corporal, o IMC apresenta 
algumas limitações, que devem ser consideradas na avaliação individual. A 
primeira delas é que IMC não detalha a composição do peso corporal. Nesse 
sentido, não sabemos a quantidade de gordura e de massa magra que está 
sendo representada pelo valor obtido, possibilitando que ocorram erros de 
classifi cação e diagnóstico. Assim, é importante salientar que a obesidade é 
defi nida pelo acúmulo e pelo excesso de gordura corporal.
Além disso, o IMC não demostra a localização da gordura corporal – e 
essa informação é muito relevante na determinação de prejuízos que podem 
Obesidade386
ser causados pelo excesso de gordura. Por fim, a proporção entre as medidas 
do tronco e das pernas também pode causar distorções na análise desse índice. 
Neste link, você terá acesso às Diretrizes Brasileiras de Obesidade (ASSOCIAÇÃO BRA-
SILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA, 2009-2010), na 
qual se discutem temas relevantes sobre o tema, bem como as principais indicaçõese definições, pautadas em análise de estudos científicos.
https://goo.gl/YZioTs
A obesidade e suas influências metabólicas
Obesidade, genética e epigenética
A etiologia da obesidade é infl uenciada por inúmeros fatores, e todos eles 
convergem para o balanço energético positivo. Quando as calorias ingeridas 
diariamente ultrapassam as calorias gastas, ocorre o armazenado no tecido 
adiposo. Esse balanço energético positivo é infl uenciado por fatores ambientais, 
comportamentais, psicológicos, fi siológicos e genéticos. 
As mutações gênicas são associadas com o desenvolvimento da obesidade. 
Já sabemos que a mutação no gene ou receptor da leptina é associada com o 
excesso de gordura; porém, novos estudos apontam que a obesidade é uma 
condição poligênica, sendo influenciada por mais de 250 genes, marcadores 
e regiões cromossômicas. 
Além disso, existe relação entre a exposição a fatores ambientais na ativação 
e inativação de genes envolvidos no processo da obesidade. Esses fatores am-
bientais que interagem com o genoma são chamados de fatores epigenéticos, e 
ocupam importante papel na prevenção e no tratamento das doenças crônicas, 
uma vez que modulam a expressão de vários genes associados à obesidade.
387Obesidade
https://goo.gl/YZioTs
Obesidade e inflamação
A obesidade é, por si só, uma condição infl amatória. A infl amação ocorre 
como resposta fi siológica às agressões causadas pelos estímulos e estresses 
gerados pela obesidade. O tecido adiposo produz constantemente substâncias 
agressoras ao organismo, e seu efeito infl amatório é observado de forma 
sistêmica, atuando em todo o corpo. 
A homeostase corporal busca manter todos os tecidos, órgãos e sistemas 
funcionantes e harmônicos. O acúmulo de gordura provoca agressões contínuas 
ao corpo, que busca a manutenção e o combate aos estímulos agressores – o 
que causa um desgaste metabólico. 
O processo de inflamação causado pela obesidade acelera a formação de 
placas de gordura nos vasos sanguíneos, altera os neurotransmissores cere-
brais de sinalização da fome e saciedade e modifica mecanismos de controle 
hormonal. Logo, é um estado que promove o surgimento de doenças crônicas 
associadas à obesidade.
A inflamação é causada pelo processo de oxidação dos tecidos. Essa oxi-
dação é responsável pela produção de radicais livres. A obesidade é uma 
condição que expõe os indivíduos a diversos fatores de agressão exacerbados, 
o que leva à produção em excesso de radicais livres e ao aumento do processo 
de oxidação. Nesse sentido, a inflamação do indivíduo obeso é reduzida de 
forma significativa com a redução do tecido adiposo e, consequentemente, 
da produção de radicais livres.
Obesidade e resistência insulínica 
Existe uma sequência de eventos metabólicos observados em indivíduos que 
possuem acúmulo de gordura. Vimos que a gordura em excesso é responsável 
pela produção de substâncias agressoras, que geram infl amação ao nosso 
organismo. Outra ação causada pela obesidade se refl ete na resistência insu-
línica. Com a obesidade, ocorre a difi culdade de ação insulínica, prejudicando 
a captação da glicose circulante. Essa captação de glicose inefi ciente faz com 
que a circulação sanguínea cause maior agressão ao endotélio, aos tecidos e 
aos órgãos. 
Essa alteração de captação de glicose também acarreta efeitos nas células 
musculares. A célula muscular, sem substrato energético, reduz a sua produção 
de adenosina trifosfato (ATP), causando fadiga. Com os níveis circulantes 
de glicose sanguínea aumentados, ocorre maior liberação de insulina, e esse 
efeito também gera consequências ao organismo. Como primeiro efeito, temos 
Obesidade388
a esteatose hepática, que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no fígado. A 
insulina dificulta a liberação, na corrente sanguínea, dos triglicérides produzi-
dos pelo fígado. Além disso, a insulina elevada também pode atuar no aumento 
dos níveis de colesterol, pois, como há presença de inflamação, há destruição 
de tecidos e maior necessidade de renovar células e construir membranas – essa 
é a função primordial do colesterol. Por fim, a insulina também tem o efeito 
de estimular enzimas que atuam na síntese de colesterol, como a HMG-CoA.
As ações da resistência insulínica se estendem ainda a outros sistemas. 
No sistema renal, a insulina elevada causa alteração na excreção do sódio 
pela urina, fazendo com que este fique retido no sangue. Como consequên-
cia, ocorre o acúmulo de água dentro dos vasos sanguíneos, aumentando a 
pressão arterial. Esse aumento da pressão arterial também é influenciado 
pela adrenalina, que tem sua síntese estimulada pela insulina. A adrenalina 
causa vasoconstrição, contribuindo ainda mais para esse aumento. Por fim, a 
insulina também dificulta a queima de gordura, prejudicando o processo de 
emagrecimento e redução do tecido adiposo. 
Obesidade e síndrome metabólica
Na década de 1980, um pesquisador americano chamado Gerald Reaven 
observou que doenças frequentes, como hipertensão e alterações na glicose e 
no colesterol, estavam associadas à obesidade. Além disso, ele identifi cou que 
existiam correlações metabólicas que aumentavam o risco para o desenvol-
vimento de doenças cardiovasculares; essas condições estavam relacionadas 
à resistência insulínica.
A síndrome metabólica tem relação com uma mortalidade geral duas vezes 
maior e uma mortalidade cardiovascular três vezes maior do que na população 
normal. Essa síndrome é definida como um conjunto de doenças cuja base é a 
resistência insulínica. Em função da dificuldade de ação da insulina, surgem 
as manifestações que podem fazer parte da síndrome. Não existe um único 
critério aceito universalmente para definir a síndrome; os mais aceitos são os 
da Organização Mundial de Saúde e os do National Cholesterol Education 
Program (NCEP). O Brasil também dispõe do seu Consenso Brasileiro sobre 
Síndrome Metabólica, documento referendado por diversas entidades médicas.
A síndrome metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco cri-
térios abaixo:
389Obesidade
  grande quantidade de gordura abdominal: em homens, cintura com 
mais de 102 cm; nas mulheres, maior que 88 cm;
  baixo HDL: em homens, menos que 40 mg/dl; nas mulheres, menos 
que 50 mg/dl;
  triglicerídeos elevado: 150 mg/dl ou superior;
  pressão sanguínea alta: 135/85 mmHg ou superior, ou utilização de 
algum medicamento para reduzir a pressão;
  glicose elevada: 110 mg/dl ou superior.
No artigo “Síndrome metabólica e qualidade de vida: uma revisão sistemática” (SA-
BOYA et al., 2016), você pode ler mais sobre a influência da síndrome metabólica na 
qualidade de vida.
https://goo.gl/y5JA7z
Tratamento da obesidade 
Tratamento dietético
Mesmo com os avanços nos conhecimentos sobre a obesidade, não houve ainda 
grandes progressos no que se refere ao tratamento dessa condição. Existem 
diversas estratégias utilizadas por profi ssionais especialistas para promover 
a perda de peso; entretanto, a manutenção dessa perda é um processo extre-
mamente difícil na maioria dos casos. 
A perda de peso sempre dependerá de um balanço energético negativo: 
menor ingestão alimentar em relação ao gasto calórico. Classicamente, essa 
situação é alcançada com o binômio redução da ingestão alimentar e aumento 
da atividade física. Além disso, a obesidade é uma doença multifatorial, e 
o controle dos fatores ambientais se faz necessário para combatê-la. Para o 
tratamento da obesidade, deve-se objetivar não somente a perda de peso, mas 
também a correção e manutenção dos fatores de risco para o desenvolvimento 
de doenças cardiovasculares, influenciadas pela resistência à insulina. A 
proposta de se reduzir o peso corporal de indivíduos obesos para valores 
Obesidade390
https://goo.gl/y5JA7z
considerados normais, por meio de dietas com consumo calórico muito baixo, 
vem sendo substituída por condutas que levam a um objetivo menos ambicioso 
e mais realista, em função da impossibilidade de se conseguir, em longo prazo,atingir e manter o peso ideal, na maioria dos casos.
Um dos fatores que dificultam o sucesso de dietas muito restritas em termos 
calóricos – que produzem perdas ponderais significativas em curto prazo – é 
a tendência fisiológica de o organismo promover a manutenção do peso, 
agindo contra as variações pronunciadas no seu peso corporal. Restrições no 
seu aporte alimentar levam à ativação de mecanismos compensatórios, a fim 
de minimizar a perda de peso, por meio da redução na taxa de metabolismo 
basal. Logo, um tratamento dietético que resulte em uma perda de peso mais 
modesta, mas que produza alterações mais estáveis provavelmente é mais 
favorável. Assim, perdas ponderais entre 5 e 10% do peso inicial podem ser 
suficientes para produzir alterações benéficas nos níveis de glicemia, no perfil 
lipídico do plasma e nos níveis de pressão arterial.
Dessa forma, estipula-se que o total de calorias a serem consumidas deve 
ser reduzido em 500 a 1.000 kcal por dia, com base no cálculo de energia 
despendida pelo paciente. A dieta assim planejada em geral é suficiente para 
produzir uma perda de peso entre 0,5 a 1,0 kg/semana. Recomendações gerais 
devem incluir aumento na ingestão de fibras, que produzem maior grau de 
saciedade, e redução no consumo de sacarose, álcool e gorduras saturadas. 
A proporção normal de nutrientes deve ser mantida, apesar da limitação ca-
lórica: proteínas devem perfazer 15 a 20% da quantidade total de calorias da 
dieta, carboidratos devem corresponder a 50-55%, e as gorduras não devem 
ultrapassar 30% do conteúdo calórico total. Para melhorar a adesão do paciente 
à dieta, é recomendável que esta se adapte aos seus gostos, fornecendo-lhe 
variadas opções de cardápio. Ao mesmo tempo, o sucesso da dieta depende 
fundamentalmente do processo de reeducação alimentar, que faz parte da 
denominada terapia comportamental.
Exercício físico
A atividade física é um dos pilares para o tratamento da obesidade. É importante 
considerar que atividade física é qualquer movimento corporal produzido por 
músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético, enquanto exercício 
físico é uma atividade física planejada e estruturada, com o propósito de 
melhorar ou manter o condicionamento físico.
O exercício apresenta uma série de benefícios para o paciente obeso, melho-
rando o rendimento do tratamento com dieta. Entre os diversos efeitos, estão:
391Obesidade
  a diminuição do apetite;
  o aumento da ação da insulina;
  a melhora do perfil de gorduras;
  a melhora da sensação de bem-estar e autoestima.
Dessa forma, o paciente deve ser orientado por profissional especialista 
a realizar exercícios regulares, por pelo menos 30 a 40 minutos, no mínimo 
quatro vezes por semana – inicialmente leves e a seguir moderados. Essas 
atividades, em algumas situações, podem requerer auxílio de um profissional 
e ambiente especializado; na maioria das vezes, a simples recomendação de 
caminhadas rotineiras já provoca grandes benefícios, estando incluída no que 
se denomina “mudança do estilo de vida” do paciente.
Tratamento medicamentoso
As opções medicamentosas para o tratamento da obesidade são restritas, sendo 
poucas as medicações liberadas para auxiliar nesse tratamento, no Brasil. 
A indicação de se associar medicamentos ocorre quando há difi culdade de 
perda de peso somente com a mudança do estilo de vida, ou quando existe 
necessidade de ajudar a tratar certos comportamentos alimentares, associados 
principalmente a alterações emocionais.
Algumas medicações são utilizadas, conforme prescrição médica, para 
tratamento de obesidade:
  Sibutramina: medicamento que aumenta os estímulos de saciedade. Pos-
sui efeitos colaterais como taquicardia, dor de cabeça, insônia, boca seca; 
além disso, não deve ser usado por pessoas com risco cardiovascular.
  Orlistate: medicamento que diminui a absorção de gordura pelo intestino 
e possui efeitos colaterais como diarreia e dor abdominal, quando são 
ingeridos alimentos gordurosos.
  Liraglutida: medicamento análogo do hormônio GLP-1, também usado 
para tratamento de diabetes, que diminui o esvaziamento gástrico e 
aumenta a saciedade. Seus efeitos colaterais mais comuns são náuseas, 
diarreia e dor de cabeça, geralmente transitórias e que, na maioria dos 
casos, cessam com o tempo.
Obesidade392
Outras possibilidades terapêuticas compreendem medicações que ajudam no 
controle da ansiedade, como topiramato e alguns antidepressivos. A indicação 
da melhor medicação para o tratamento da obesidade, quando necessário, vai 
depender do perfil e da dificuldade de aderir à dieta adequada de cada paciente.
Tratamento cirúrgico
As cirurgias bariátricas e metabólicas têm sido cada vez mais indicadas para 
o tratamento da obesidade e de suas doenças associadas. Entretanto, são ne-
cessários critérios para a sua indicação; as indicações atuais são as seguintes: 
  adultos com IMC ≥ 40 kg/m2, sem comorbidades;
  adultos com IMC ≥ 35 kg/m2, com uma ou mais comorbidades associadas; 
  resistência aos tratamentos conservadores realizados regularmente, há 
pelo menos dois anos (dietoterapia, psicoterapia, tratamento farmaco-
lógico e atividade física);
  motivação, aceitação e conhecimento sobre os riscos da cirurgia;
  ausência de contraindicações.
Neste link, você encontra um artigo sobre a realização de cirurgia bariátrica como 
tratamento da obesidade em adolescentes (CARAVATTO; PETRY; COHEN, 2014). Dis-
ponível em: 
https://goo.gl/1cpqJy
393Obesidade
https://goo.gl/1cpqJy
1. Sobre o IMC, podemos 
afirmar que: 
a) trata-se da ferramenta mais 
utilizada para a classificação de 
peso corporal, identificando a 
distribuição de gordura corporal.
b) trata-se da ferramenta mais 
utilizada para a classificação 
de peso corporal, indicando a 
presença de massa magra.
c) trata-se da ferramenta mais 
utilizada para a classificação de 
peso corporal de populações, 
mas apresenta limitações 
na avaliação individual.
d) trata-se da ferramenta mais 
utilizada para a classificação 
de peso corporal e garante 
diagnóstico nutricional seguro.
e) trata-se da ferramenta mais 
utilizada para a classificação de 
peso corporal de indivíduos, 
mas apresenta limitações na 
avaliação populacional.
2. A gordura visceral 
está relacionada com: 
a) a forma de distribuição de 
gordura corporal ginecoide 
e alterações hormonais.
b) a forma de distribuição de 
gordura corporal ginecoide 
e alterações cardíacas.
c) a forma de distribuição de 
gordura corporal ginecoide 
e alterações psicológicas.
d) a forma de distribuição de 
gordura corporal androide 
e alterações hormonais.
e) a forma de distribuição de 
gordura corporal androide, sem 
causar influências metabólicas.
3. A síndrome metabólica é 
influenciada por todas as 
alternativas, exceto:
a) Resistência insulínica.
b) Pressão arterial.
c) Circunferência abdominal.
d) Níveis de colesterol LDL.
e) Glicose sanguínea.
4. No tratamento dietoterápico da 
obesidade, a recomendação é:
a) dieta hipocalórica 
altamente restritiva.
b) dieta isenta de carboidratos.
c) dieta isenta de glúten.
d) dieta que resulte em uma perda 
de peso mais modesta, mas que 
produza alterações mais estáveis.
e) dieta com consumo 
calórico muito baixo, isenta 
de carboidratos e com 
baixo teor de lipídios.
5. Sobre as recomendações gerais 
dietéticas que devem ser orientadas 
no tratamento dietoterápico, 
marque a alternativa correta.
a) Recomendações gerais devem 
incluir aumento na ingestão 
de fibras, que produzem maior 
grau de saciedade, e redução 
no consumo de sacarose, 
álcool e gorduras saturadas.
b) Recomendações gerais devem 
incluir redução na ingestão de 
fibras, que produzem maior 
grau de saciedade, e redução 
no consumo de sacarose, 
álcool e gorduras saturadas.
Obesidade394
c) Recomendações gerais 
devem incluir aumento na 
ingestão de fibras e redução 
no consumo de carboidratos, 
álcool e gorduras saturadas.
d) Recomendações gerais 
devem incluir aumento na 
ingestão de fibras e reduçãono consumo de proteínas, 
álcool e gorduras saturadas.
e) Recomendações gerais 
devem incluir aumento na 
ingestão de fibras e redução 
no consumo de antioxidantes, 
álcool e gorduras saturadas.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓ-
LICA. Diretrizes brasileiras de obesidade. 3. ed. São Paulo: ABESO, 2009-2010. Disponível 
em: <http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_1.
pdf>. Acesso em: 05 fev. 2018.
CARAVATTO, P. P.; PETRY, T. Z.; COHEN, R. V. Cirurgia bariátrica em adolescentes. Blucher 
Medical Proceedings, v. 1, n. 4, Nov. 2014. Disponível em: <https://www.researchgate.
net/profile/Ricardo_Cohen/publication/301427636_Cirurgia_bariatrica_em_adoles-
centes/links/5744b9e208ae9ace8421a783.pdf>. Acesso em: 06 fev. 2018.
SABOYA, P. P. Síndrome metabólica e qualidade de vida: uma revisão sistemática. 
Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 24, p. e28-48, 2016.
Leituras recomendadas
BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e 
temporais. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, p. S181-S191, 2003.
CARVALHO, E. M. G.; RABELO, J. N. Identificação, prevenção e tratamento dos fatores 
de riscos associados à síndrome metabólica em pacientes atendidos no programa 
integrado de atividade física, esporte e lazer para todos os servidores da UFV Campus 
Florestal: estudo piloto – PIAFEL-EP. Synthesis, Pará de Minas, v. 1, n. 1, p. 355-366, 2009.
CARVALHO, L. P. et al. Relacionamento entre estrutura e função muscular periférica, 
inflamação sistêmica e regulação autonômica na capacidade funcional de adultos 
obesos com ou sem distúrbios metabólicos. 2017. Tese (Doutorado)–Universidade 
Federal de São Carlos, São Carlos, 2017.
395Obesidade
http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_1.
https://www.researchgate/
FREITAS, M. C.; CESCHINI, F. L.; RAMALLO, B. T. Resistência à insulina associado à obe-
sidade: efeitos anti-inflamatórios do exercício físico. Revista Brasileira de Ciência e 
Movimento, Brasília, DF, v. 22, n. 3, p. 139-147, 2014.
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