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1 2 3 PROVA 2002 TEXTO DE CONVENCIMENTO REDAÇÃO Segundo o Mapa da Violência 3, da UNESCO, publicado este ano, na faixa que vai de 15 a 24 anos, em 2000, morreram 6.414 jovens em decorrência de acidentes de transporte no Brasil − o que representa 21,8% do total de mortes pela mesma causa naquele ano. De acordo com dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), de 1999, nas colisões fatais em São Paulo, 40% dos mortos estavam na faixa etária de 16 a 25 anos. “A maior incidência de acidentes com pessoas dessa faixa etária ocorre das 18h de sexta-feira até domingo de manhã, sendo o pico na virada de sábado para domingo”, diz José Borges de Carvalho Filho, superintendente do Centro de Treinamento e Educação de Trânsito da CET. Agora veja os dados gerais da cidade de São Paulo: (Adaptado de: Folha de S. Paulo, Folhateen, 07 out. 2002.) Com base nas informações acima, elabore um texto de até 10 linhas em que você prove a necessidade de mudança desse quadro. RESUMO Elabore um resumo de até 10 linhas do texto abaixo. É tudo mentira Há três anos, quando decidiu escrever um livro questionando os dados que sustentam as causas ecológicas, o estatístico dinamarquês Bjørn Lomborg mal poderia imaginar a fúria que seu trabalho iria despertar entre os ambientalistas. Best-seller na Europa e nos Estados Unidos, seu livro O ambientalista cético (inédito no Brasil) defende que, tanto do ponto de vista ambiental quanto do social, o planeta nunca esteve tão bem – e que a tendência é só melhorar. Computando análises estatísticas de governos, da ONU e de outros institutos de pesquisa, Lomborg afirma que a humanidade não precisa se alarmar com o efeito estufa, os buracos na camada de ozônio, a chuva ácida ou o desmatamento da Amazônia – para citar apenas algumas das causas dos ecologistas. Ele acredita que os governos e a iniciativa privada já estão agindo para corrigir os estragos cometidos contra a natureza e acusa de apocalípticos e 4 inconsistentes os que discordam da sua análise. Eis algumas declarações polêmicas de Lomborg: “No caso de países emergentes, garantir as necessidades básicas da população – produzir bastante comida – pode ser mais importante do que o meio ambiente. É verdade que o número de famintos vem caindo no mundo, mas ainda precisa cair mais. De acordo com a ONU, em 2010 ainda haverá 680 milhões de famintos no planeta. E, além de tirar as pessoas da pobreza, é preciso garantir saúde e educação. Apenas quando você não tem que se preocupar em conseguir sua próxima refeição é que pode começar a se preocupar com o ambiente. Se quisermos que uma floresta permaneça intocada, essa será uma grande vantagem para muitos animais, mas uma oportunidade perdida para plantar comida.” *** “O que deve nortear as decisões que afetam o meio ambiente são os direitos dos seres humanos, e não dos animais. As pessoas debatem e participam dos processos decisórios, enquanto pingüins e pinheiros não. Logo, o nível de proteção que essas espécies receberão vai depender das pessoas que falam em nome delas. E como algumas pessoas vão valorizar mais algumas plantas e animais, esses não podem receber direitos especiais em detrimento do direito de outros seres humanos. Isso pode parecer egoísta da parte do homem, mas é importante notar que essa visão antropocêntrica não consiste automaticamente em negligenciar ou eliminar outras formas de vida. Os homens são tão dependentes de outros seres vivos que muitas espécies terão o seu bem-estar garantido.” *** “Se eu pudesse escolher o melhor ambiente para viver, teria nascido agora mesmo ou um pouco mais no futuro. As pessoas se imaginam vivendo num ambiente intocável na pré- história, mas esquecem que a média de vida por lá era de apenas 20 anos. A luta por comida era dura e, muitas vezes, a natureza era nossa inimiga. Somente hoje, quando contamos com a tecnologia para viver, em média, 67 anos, podemos nos preocupar com a preservação. Ao mesmo tempo, somos 6,2 bilhões de pessoas no planeta marchando para 9 bilhões em 2050, o que, certamente, causará problemas. Contudo, acredito que a vida poderá ser melhor.” (Adaptado de: Superinteressante, jul. 2002.) ANOTAÇÕES ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5 INFORME PUBLICITÁRIO O mecânico José Pereira, proprietário da oficina da foto acima, decidiu fazer uma reforma de seu estabelecimento, que, além dos serviços já anunciados na pintura da parede, passará a fazer também consertos de caminhões. A divulgação dos serviços prestados passará a ser feita através de um texto publicado no jornal local, melhorando com isso a imagem da oficina. Escreva um texto de até 10 linhas para a divulgação dos serviços prestados pela oficina mecânica, que deve incluir não só os já anunciados na parede mas também a notícia da reforma e da nova atividade. O texto, para ser publicado no jornal, deve ser redigido segundo as normas do português padrão escrito. ANÁLISE LITERÁRIA Leia o trecho abaixo, extraído do capítulo “Troca de Opiniões”, do romance Esaú e Jacó, escrito por Machado de Assis. Senão quando, viu Natividade os primeiros sinais de uma troca de inclinação, que mais parecia propósito que efeito natural. Entretanto, era naturalíssimo. Paulo entrou a fazer oposição ao governo, ao passo que Pedro moderava o tom e o sentido, e acabava aceitando o regime republicano, objeto de tantas desavenças. Num texto de no máximo dez linhas, explique por que o narrador tem razão ao dizer que essa mudança não é algo proposital, mas sim natural, para os gêmeos. 6 PRODUÇÕES INÉDITAS – BLOCO UM PROPOSTA A A partir das informações abaixo, desenvolva um texto entre 10 a 12 linhas que você prove por que se deve mudar o cenário de evasão escolar no Ensino Médio brasileiro. O desafio de manter jovens no ensino médio, principal obstáculo à universalização da educação Garantir que os adolescentes brasileiros permaneçam na escola nos anos finais do ensino médio é o principal desafio para que o Brasil consiga universalizar o acesso à educação básica. Isso porque, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a evasão escolar continua a afetar, sobretudo, jovens na faixa etária dos 15 a 17. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgados na quarta-feira (19) mostram que no ano passado, 11,8% dos jovens nesta faixa etária estavam fora da escola, o equivalente a 1,1 milhão de pessoas, apesar de o Plano Nacional de Educação (PNE), de 2014, ter estabelecido a meta de universalizar o atendimento à população de 15 a 17 anos até 2016. A pesquisa mostra também que a taxa de frequência escolar para alunos no grupo etário aumentou um ponto percentual em relação aos dois anos anteriores, passando para 88,2% em 2018, ou um total de 8,6 milhões de jovens de 15 a 17 anos. De acordo com a Constituição Federal de 1988, o Estado tem obrigação de oferecer ensino fundamental e médio para todos os brasileiros. Embora algumas iniciativas tenham sido lançadas nas últimas décadas para atingir este objetivo, especialistas consultados pelaBBC News dizem que os avanços ainda foram bem desiguais, variando bastante de Estado para Estado. A meta de universalização ainda não foi alcançada por nenhuma região brasileira. Na estimativa de estudo do Instituto Ayrton Senna, a evasão escolar traz prejuízos não apenas para os jovens como também para a sociedade, e faz com que o Brasil desperdice R$ 35 bilhões ao ano - valor calculado a partir da renda do trabalho ao longo da vida a partir da conclusão do ensino médio. Os dados que indicam evasão escolar, na visão dos especialistas, merecem especial atenção porque se referem a uma população que ainda está em idade de formação, prestes a entrar no mercado de trabalho. "O vilão sempre foi o ensino médio", diz analista da Pnad Educação, Marina Águas. Na faixa de 6 a 14 anos, o levantamento indicou que 99,3% das crianças estavam nas escolas em 2018 - o que, segundo a analista do IBGE equivale praticamente à universalização, situação que se apresenta desde 2016 (nos últimos dois anos, a taxa foi de 99,2%). Os dados da Pnad Educação indicam tendência moderada de melhora no setor de 2016 para cá. A taxa de analfabetismo caiu de 7,2% em 2016 para 6,8% em 2018. O número médio de anos de estudo na população subiu de 8,9 para 9,3 nos últimos dois anos. Mas os dados expressam grande disparidade regional. Nos dados sobre analfabetismo, por exemplo, o índice no Nordeste é de 13,8%, contra 3,63% no Sul. 7 PROPOSTA B Desenvolva um resumo entre 09 a 12 linhas. Futebol profissional e seu maior tabu A palavra tabu, na sua origem, refere-se à proibição de determinado ato que, uma vez cometido, implica maldição sobre o indivíduo ou grupo social que o cometeu. O termo propriamente dito, tem sua origem nos idiomas tonganês e maori, como foi registrado pelo explorador inglês James Cook há mais de 200 anos. Naquela época, o conceito de tabu foi associado fortemente à cultura polinésia do Pacífico Sul, mas fato é que tabus existem ou existiram em praticamente todas as sociedades. No século XXI, um dos maiores tabus que ainda subsiste na sociedade é o da homossexualidade. Nos esportes, e particularmente no futebol, esse tabu continua fortemente arraigado. Há cinco anos, o alemão Thomas Hitzlsperger foi o primeiro jogador profissional da Bundesliga a assumir publicamente sua condição de homossexual. Na ocasião, já tinha encerrado a sua carreira. O assunto rendeu manchetes nos jornais e inúmeras entrevistas na TV. Afinal, se tratava de um ex-jogador da seleção. É verdade que a sociedade alemã como um todo fez grandes avanços no quesito de desconstruir o discurso homofóbico e, ao mesmo tempo, combater a descriminação contra pessoas da comunidade LGBT. Constata-se, cada vez mais, que muitos alemães caminham rumo a uma cultura da aceitação dos diferentes. Entretanto, no esporte e, especificamente no futebol, o tema da homossexualidade continua sendo tratado como tabu. Manifestações homofóbicas nas arquibancadas, cartolas reticentes quanto ao tema e falta de posicionamento claro dos clubes contra homofobia são apenas alguns aspectos que denotam o quanto ainda precisa ser feito no mundo do futebol. Para alguns, o futebol parece ser o último refúgio da virilidade masculina. Para outros é como se fosse uma religião. E assim como acontece em comunidades religiosas, a homossexualidade no templo chamado futebol é expressamente rejeitada. Pode-se até afirmar que talvez não exista nenhuma outra atividade dominada por homens onde a homossexualidade é tão oprimida e silenciada quanto no futebol. É como se os 11 homens em campo representassem valentes guerreiros dispostos a dar o sangue pela pátria. Consequentemente, no futebol não haveria lugar para mulheres nem gays. De acordo com a pesquisadora Gabriele Dietze, professora da Universidade Humboldt de Berlim, "...a masculinidade só existe enquanto oposição à feminilidade, feminilidade essa que no futebol não é desejável. É por esse motivo que um homem muitas vezes acaba tendo posturas homofóbicas, justamente para se posicionar em relação ao homem afeminado". O efeito colateral dessa postura é achar que não se pode comparar o futebol feminino ao masculino por não ser "futebol de verdade". E por falar em futebol feminino, parece que por aquelas bandas o tema da diversidade é tratado com mais naturalidade. Nos clubes e nas seleções de diversos países que disputaram o Mundial da França de 2019, atuaram jogadoras que, inequivocamente, assumiram a sua orientação sexual homoafetiva. Foi o caso de Nilla Fischer, jogadora da seleção da Suécia que de 2013 a 2018 jogou pelo Wolfsburg, vencendo dois títulos nacionais e um da Champions League. Em 2011, quando ainda vivia na Suécia, Nilla decidiu assumir publicamente a sua homossexualidade numa entrevista a um jornal local. Desde o seu "outing", a zagueira de classe mundial vez por outra recebe mensagens de ódio nas redes sociais. Para a veterana jogadora de 34 anos, silenciar e tolerar tanto ódio não é uma opção. Ela passou a se engajar em movimentos pró-LGBT. No ano passado, conseguiu a aprovação da diretoria do Wolfsburg para que as jogadoras do time usassem uma braçadeira com as cores do arco-íris nas partidas do campeonato alemão. As mulheres, só para variar, mais uma vez numa linha de frente de um bom combate. Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/futebol-profissional-e-seu-maior-tabu/a-49349827 https://www.dw.com/pt-br/futebol-profissional-e-seu-maior-tabu/a-49349827 8 PROPOSTA C Escreva um texto de até 10 linhas para a divulgação do loteamento do Jardim Aratuba, que deve incluir os já anunciados na parede com aprofundamento das informações. O texto, para ser publicado no jornal, deve ser redigido segundo as normas do português padrão escrito, em parágrafo único e num todo coeso e coerente. http://www.placaserradas.com.br PROPOSTA D Num texto de no máximo dez linhas, explique por que Camões surpreende-se, ao longo de seu soneto, com as mudanças que a vida apresenta. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E enfim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía. http://www.placaserradas.com.br/ 9 PROVA 2004 TRANSPOSIÇÃO DO DISCURSO Leia a continuação da entrevista com Tostão, em que ele comenta sua participação na Copa de 1970. Entrevistador: A Copa de 70 foi usada de um jeito meio sombrio: uma felicidade nacional imensa numa época muito dura do país, que marcou talvez o pior momento do regime militar. E a Copa foi, digamos, a estampa desse governo Médici. Como isso soava entre vocês, havia conversas sobre isso? Você teve algum tipo de vergonha pessoal pela forma com que a vitória foi utilizada? Tostão: Não houve conversa. Principalmente depois do Saldanha* sair, porque o Saldanha gostava muito de conversar sobre essas coisas. É aquilo que eu falei. Acho que houve algum problema político também com ele. Agora, na verdade, a maioria absoluta dos jogadores era alheia à situação política do país. Entrevistador: Pelé também? Tostão: A princípio, sim. Quer dizer, eu nunca vi uma posição dele assim mais pública, não é? Com raras exceções, a maior parte estava preocupada com o problema do futebol, em ganhar o jogo com a sua profissão – problemas políticos à parte.Confesso que isso me incomodava demais. Eu tinha na época ideais políticos. Não participava porque, por várias vezes, era difícil participar. Mas na intimidade, com meus amigos, minha família, era extremamente contra o regime que tinha no país. Agora ali, durante a Copa, os preparativos, minha atenção era toda no futebol. Eu achava que isso não podia atrapalhar minha atividade, a minha profissão. Eram duas coisas separadas. A minha intenção ali era fazer o melhor. Depois que passou, que eu vi que aquilo foi o que estava sendo, é então que a gente percebe que aquilo teve um valor político grande. Isso me deixou muito incomodado. Por exemplo, eu me arrependi muito quando nós voltamos do México e fomos recebidos pelo Médici em Brasília, aquele negócio todo. Eu me critiquei muito por ter ido lá. Naquela época, aquilo era o de menos. O que contava era a festa, aquele oba-oba, toda a alegria de ter ganho a Copa. Mas... (Novos Estudos CEBRAP, n. 37, p. 103-112, nov. 1993.) *João Saldanha era o treinador da seleção brasileira de futebol nas eliminatórias para a Copa de 70. Depois de o time ser classificado, foi substituído por Zagalo. Não ficou bem esclarecido, na época, o motivo dessa substituição. Alguns atribuíram essa decisão ao General Médici, então presidente da República. Esse trecho da entrevista faz o registro do relato dos acontecimentos feito oralmente por Tostão. Sintetize as informações contidas nas perguntas e respostas desse trecho, organize-as e apresente-as em um texto de, no máximo, 10 linhas, redigido em terceira pessoa e em linguagem adequada às normas do português escrito. NÃO atribua título ao texto. 10 QUESTÃO OBJETIVA Uma das polêmicas políticas deste ano foi a proposta do governo de criar o Conselho Nacional de Jornalismo, que teria por função “orientar, disciplinar e fiscalizar” o exercício da profissão de jornalista. A reação de parte da imprensa foi apontar que o papel do Conselho seria justamente o da censura. A revista Veja (18 ago. 2004) apresentou matéria sobre o tema, na qual constavam opiniões de diversas personalidades a respeito do assunto. Dentre elas, podemos encontrar as seguintes: I. “O conselho me parece uma estupidez. Eu defendo o princípio da Primeira Emenda americana: a imprensa é livre e ponto. Essa idéia de que tudo deve ser regulamentado é facista.” (Renato Mezan, psicanalista) II. “Sou de uma geração muito marcada pela questão da liberdade. Creio que uma opinião pública bem formada, aliada a meios judiciais pertinentes, ainda é o melhor antídoto para qualquer excesso da mídia.” (Moacyr Scliar, escritor) III. “Jornalismo é exercício de informação, mas também de opinião. E opinião não se tutela.” (Paulo Skaf, empresário) IV. “Aquilo que é preciso de verdade, desesperadamente, é cuidar da educação da população para que ela tenha discernimento para separar a informação ruim daquela que realmente interessa.” (Zélia Duncan, cantora) V. “Se alguém se sente incomodado com aquilo que a imprensa disse dele pode recorrer à Justiça. E é assim que deve ser. Nenhum conselho tem o direito de julgar e controlar o que se diz, se escreve ou se pensa.” (Miguel Falabella, ator e dramaturgo) Com relação aos depoimentos acima, é correto afirmar: A*) Os depoimentos em II, IV e V apresentam formas alternativas para controlar os excessos da mídia e com isso se distanciam da proposta do governo. B-) O depoimento em III apóia a iniciativa do governo, pois entende que só se obtém opinião qualificada mediante o exercício seletivo da informação que chega ao público. C-) A opinião em II defende a medida do governo como um meio judicial pertinente para que alguém possa se precaver contra a notícia difamatória. D-) A opinião em I mostra que o objetivo do governo com a criação do Conselho já está contemplado na Constituição. É só fazer valer. E-) Os depoimentos em III e IV querem dizer que informação é tudo e que o governo precisa garantir que ela seja boa. 11 CONFRONTO DE IDEIAS DEFINIÇÃO DE CONCEITO Os tempos são outros Dentre as muitas coisas intrigantes deste mundo, poucas há tão misteriosas quanto o tempo. A ironia é que mal nos damos conta disso. Estando desde o nascimento submetidos a uma mesma noção de tempo, aceita por todos à nossa volta em termos sempre idênticos e inquestionáveis, tendemos a achar que ela é a única possível e corresponde à própria realidade. Causa um grande choque saber que outras culturas têm formas diferentes de perceber e compreender o tempo e também de representar o curso da história. E ainda assim a nossa defesa automática é acreditar que elas estão erradas e nós certos. Ledo engano. Na nossa própria cultura o tempo foi percebido de formas diferentes. Os gregos antigos tinham uma noção cíclica do tempo. Ele se iniciava com as prodigiosas eras de ouro e dos deuses, declinava depois para as eras de bronze e de ferro, dos heróis, chegando à crise final com a fraqueza e penúria da era dos homens, após a qual o ciclo reiniciava. Para os romanos, o tempo se enfraquecia na medida em que se afastava do mais sagrado dos eventos, a fundação de Roma. Na Idade Média prevalecia o tempo recursivo, pelo qual os cristãos acreditavam percorrer uma via penitencial, desde a expulsão do Jardim do Éden até a salvação e o retorno ao Paraíso. Foi só com a consolidação do capitalismo, a partir do Renascimento, que passou a prevalecer uma noção de tempo quantitativo, dividido em unidades idênticas e vazias de qualquer conteúdo mítico, cujo símbolo máximo foi o relógio mecânico, com seu incansável tique-taque. Essa foi também a época em que a ciência e a técnica se tornaram preponderantes. Nesse contexto, o maior dos cientistas modernos, sir Isaac Newton formalizou o conceito do tempo como sendo absoluto. "O tempo matemático, verdadeiro e absoluto flui homogeneamente, sem nenhuma relação com qualquer coisa externa". Como pertencemos a esse tempo moderno, é ele que aprendemos em casa, na escola e nos relógios ao redor. E achamos, como Newton, que ele é o único verdadeiro! 12 Mas o mundo moderno foi se complicando e esse conceito fixo e fechado se tornou cada vez menos satisfatório. Assim, já no início do século XX, o filósofo Henry Bergson mudava de novo o conceito declarando: "Ou o tempo é uma invenção ou ele é nada." O amplo conhecimento de outras culturas e as grandes transformações científicas e técnicas do Ocidente forçaram a admitir que cada povo cria as noções de tempo e história que correspondam às suas formas de vida, suas necessidades e expectativas. O que é claro no caso da cultura moderna é que nossa percepção do tempo ficou coligada ao desenvolvimento tecnológico. Assim, das pás dos moinhos de vento ao velame das caravelas, às máquinas a vapor, às ferrovias, aos veículos automotores, aos transatlânticos, aviões, telégrafos, cinema, rádio e tevê, sentimos um efeito de aceleração permanente. Foi o que Machado de Assis previu profeticamente ao dizer que, "após a Guerra do Paraguai, os relógios passaram a andar mais depressa". O último e mais dramático episódio nesta saga da aceleração foi assinalado pela revolução da microeletrônica a partir dos anos 70. Num repente fomos invadidos por inúmeros prodígios técnicos: fax, bips, PCs, celulares, TVs a cabo, modems, e-mail... Tudo parece convergir para tornar as comunicações mais rápidas, o trabalho mais produtivo e a vida mais fácil. Mas, por outro lado, nossa privacidade é mais rápida e facilmente invadida, os espaços públicos se encheram de gente falando sozinha e quem trabalha não só pode ser solicitado a todo e qualquer momento como deve estar sempre disponível. (SEVCENKO, Nicolau. ISTOÉ, Edição especial: Vida digital, 1999.) No texto, o autor cita Machado de Assis: “após a Guerra do Paraguai, os relógios passaram a andar mais depressa”. Em um texto de até 5 linhas, SEM título,explicite a concepção de tempo que está implícita na frase do escritor. CONFRONTO DE IDEIAS Brasília Brasília foi construída com base num minucioso planejamento urbano. Apesar disso, o Distrito Federal, onde está a capital brasileira, sofre um crescimento desordenado da área urbana, que inclui não apenas a cidade propriamente dita, mas também seu entorno. Apesar de planejados, Brasília e Distrito Federal apresentam-se como um quadro- resumo da realidade de países em desenvolvimento. O inchaço da mancha urbana é uma dessas características marcantes. O plano de instalação da capital previa uma população de 500 mil habitantes no ano 2000, mas esse número já superou os dois milhões, criando sérios problemas urbanos. A periferização é um desses problemas. Diariamente chega ao Distrito Federal um grande contingente de população buscando benefícios da política de assentamentos oficial, o que levou ao aparecimento de diversas cidades nos últimos anos. Essas novas cidades seriam um indicativo da tentativa de erradicação de invasões existentes no Distrito Federal, mas acabaram gerando favelização do território. Como efeitos imediatos dessa política, aparecem a pobreza e a violência urbanas centralizadas nas “vilas miséria”. Mas essa situação não é sentida tão intensamente em Brasília 13 quanto em outros centros urbanos, em razão da estratégia de afastamento dos bolsões de miséria em relação às áreas centrais, como o Plano Piloto, onde vive a população de média e alta rendas. Os pobres estão confinados a zonas periféricas. De qualquer maneira, o aumento da favelização já afeta a população residente nos espaços centrais. Como se não bastasse, o inchaço da malha urbana do Distrito Federal já tem previsão de acomodar em 2015, segundo fontes do BID, uma população acima de 6,6 milhões. É importante salientar que a relação entre migrantes e brasilienses natos no crescimento populacional é da ordem de 60% para 40%, respectivamente. (Adaptado de: Scientific American Brasil, jan. 2003, p. 55-56.) Londres Londres já tinha meio milhão de habitantes em 1660, numa época em que a segunda maior cidade, Bristol, contava cerca de 30.000. De 1700 a 1820, a população chegou a 1.250.000. A centralização do poder político, a substituição do feudalismo por uma aristocracia rural e, em seguida, por uma burguesia rural, com todos os efeitos subseqüentes sobre a modernização da terra, o desenvolvimento extraordinário de um comércio mercantil: esses processos notáveis haviam ganhado um irresistível impulso no decorrer do tempo – uma concentração e uma demanda que alimentavam a si próprias. A cidade do século XIX, na Grã- Bretanha como em outros lugares, seria uma criação do capitalismo industrial. Em cada etapa, ela ia absorvendo áreas cada vez maiores do resto do país: os negociantes de gado trazendo animais do País de Gales ou da Escócia para abastecer a cidade de carne; grupos de moças vindas do norte de Gales para colher morangos; e – mais importante ainda do que essas viagens organizadas, ainda que extraordinárias – milhares em busca de trabalho ou de um esconderijo; gente que fugia de uma crise ou de uma vida rigorosa igualmente intolerável. (WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 205.) Tomando como base os dois textos acima, compare os motivos da expansão populacional de Londres no século XIX e de Brasília. Seu texto deve ter no máximo 10 linhas. NÃO lhe atribua título. DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA O campo e a cidade “Campo” e “cidade” são palavras muito poderosas, e isso não é de se estranhar, se aquilatarmos o quanto elas representam na vivência das comunidades humanas. O termo inglês country pode significar tanto “país” quanto “campo”; the country pode ser toda a sociedade ou só sua parte rural. Na longa história das comunidades humanas, sempre esteve bem evidente esta ligação entre a terra da qual todos nós, direta ou indiretamente, extraímos nossa subsistência, e as realizações da sociedade humana. E uma dessas realizações é a cidade: a capital, a cidade grande, uma forma distinta de civilização. Em torno das comunidades existentes, historicamente bastante variadas, cristalizaram- se e generalizaram-se atitudes emocionais poderosas. O campo passou a ser associado a uma forma natural de vida – de paz, inocência e virtudes simples. À cidade associou-se a idéia de centro de realizações – de saber, comunicações, luz. Também constelaram-se poderosas 14 associações negativas: a cidade como lugar de barulho, mundanidade e ambição; o campo como lugar de atraso, ignorância e limitação. O contraste entre campo e cidade, enquanto formas de vida fundamentais, remonta à Antigüidade clássica. A realidade histórica, porém, é surpreendentemente variada. A “forma de vida campestre” engloba as mais diversas práticas – de caçadores, pastores, fazendeiros e empresários agroindustriais –, e sua organização varia da tribo ao feudo, do camponês e pequeno arrendatário à comuna rural, dos latifúndios e plantations às grandes empresas agroindustriais capitalistas e fazendas estatais. Também a cidade aparece sob numerosas formas: capital do Estado, centro administrativo, centro religioso, centro comercial, porto e armazém, base militar, pólo industrial. O que há em comum entre as cidades antigas e medievais e as metrópoles e conurbações modernas é o nome e, em parte, a função – mas não há em absoluto uma relação de identidade. Além disso, em nosso próprio mundo, entre os tradicionais extremos de campo e cidade existe uma ampla gama de concentrações humanas: subúrbio, cidade dormitório, favela, complexo industrial. (...) (WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 11-12.) Considere os subsídios apresentados nas charges de Millôr e nos textos “Brasília”, “Londres” e “O campo e a cidade”. Escreva um texto em prosa, de 17 a 20 linhas, que aborde a organização da vida urbana. Você pode tomar a sua cidade como referência. Seu texto deverá contemplar pelo menos um dos seguintes tópicos: • Ocupação do espaço urbano. • Infraestrutura para a população na cidade. • Qualidade de vida. • Acesso a bens culturais. • Verticalização da arquitetura urbana. Você deverá observar as seguintes orientações: • Fazer uso de informações ou posicionamentos fornecidos nos textos e charges de referência (à sua escolha). • Manifestar de forma clara seu posicionamento pessoal diante do assunto. • Dar um título ao seu texto. 15 PRODUÇÕES INÉDITAS – BLOCO DOIS PROPOSTA A A partir da leitura abaixo; transponha o texto para discurso totalmente indireto em que sejam contemplados os seguintes aspectos: 1. Ter de 08 a 12 linhas; 2. Preservar as ideias do texto-base; 3. Demonstrar a diferença entre vozes do texto (entrevistador e entrevistado); 4. Estabelecer um todo coeso e coerente. Precisamos de mais generosidade. Menos narcisismo. O filósofo, Ph.D em Epistemologia, professor e escritor Luiz Felipe Pondé mostra outro lado de suas reflexões, levando à compreensão do porquê da extrema solidão contemporânea. Ser solteiro ou, como diz o termo vigente, ser single está na moda? Por quê? Toda hora inventam uma modinha para dar um nome a um comportamento. Por exemplo, à dificuldade de partilhar a vida com uma pessoa, agora se dá o nome de single; não é mais solteiro ou sozinho, é single. E tem tanta gente single no mundo hoje porque as pessoas estão exigentes demais, insatisfeitas, e porque a vida sozinho é mais possível, mais barata. Para viver com uma pessoa, você tem de fazer concessões, precisa ser corajoso, tem de investir na pessoa com todos os riscos que o "investimento" traz. A vida single está na moda porque há um ônus enorme na vida partilhada. Quem é sozinho acaba cada vez mais solitário?Quanto mais sozinha, mais viciada na solidão a pessoa fica. E aí é mais difícil fazer concessões. Não estou falando só de amor romântico, mas de amizade, de vínculos. Hoje se tem todo um equipamento urbano pra viver sozinho. A pessoa pode falar com amigos que estão longe - ou mesmo que não existem - pode comprar comida sozinha, pode ter um cachorro, para brincar de parceria com ele. O cachorro tem sempre amor incondicional, por isso é mais fácil do que gente. Então viver sozinho é um caminho sem volta? Quando alguém fica sozinho, não precisa se submeter às vontades, taras, desejos e dificuldades do outro. À medida que você vai ficando sozinho porque está bom, uma hora tenta ficar com alguém e não consegue. Está acostumado. Mas então você defende que as pessoas são mais felizes com alguém? Eu acredito que tem pessoas que vivem bem sozinhas. E são mais felizes assim. Assim como acho que tem pessoas que são mais felizes não tendo filhos. A questão é outra. A questão é que existe hoje uma epidemia de solidão por fruto de narcisismo, egoísmo, falta de generosidade, entropia afetiva. Sempre existiram pessoas que viviam melhor sozinhas, mas é a minoria. Disponível em: https://www.fronteiras.com/entrevistas/luiz-felipe-ponde-vivemos-uma-epidemia-da-solidao-fruto-do-narcisismo https://www.fronteiras.com/entrevistas/luiz-felipe-ponde-vivemos-uma-epidemia-da-solidao-fruto-do-narcisismo 16 PROPOSTA B (ATENÇÃO, LEIA O RESUMO DO BLOCO 3) Em um texto de 10 a 15 linhas, confronte as opiniões dos editoriais acerca da eutanásia, argumentando qual direito deve prevalecer, ou o direito incondicional à vida ou o direito à liberdade de escolha. Texto 1 Quanto vale a vida de um doente, de alguém preso a uma cama, às vezes permanentemente? Juízes e tribunais ao redor do mundo têm decidido que esta é uma vida que vale menos, que pode ser descartada. A última vítima desta mentalidade é o francês Vincent Lambert, enfermeiro que sofreu um acidente de moto dez anos atrás, ficando tetraplégico e com lesões cerebrais extensas. Ele não está inconsciente: segundo os pais, dorme, acorda e acompanha movimentos com olhos. Mas nunca terá como se recuperar, alegam os médicos, e foi com base neste raciocínio que a Justiça francesa autorizou a eutanásia de Lambert, encerrando uma disputa jurídica que opôs por vários anos os pais e dois irmãos do enfermeiro, que desejavam mantê-lo vivo, e a esposa e outros cinco irmãos, defensores do desligamento dos aparelhos. Que familiares e o Judiciário francês tenham desejado abreviar a vida de Lambert já é suficientemente cruel, mas a maneira como isso está sendo levado a cabo é ainda mais macabra: a alimentação e a hidratação do paciente estão sendo gradualmente reduzidas, enquanto ele recebe sedativos. Em outras palavras, Lambert morrerá de fome e sede, algo tão desumano que motivou até mesmo uma apelação do Comitê de Direitos da Pessoa com Deficiência das Nações Unidas, também recusada pela Justiça francesa. Em uma inversão de valores que seria irônica se não fosse tão abjeta, a única forma de eutanásia permitida na França é justamente a interrupção da alimentação de pacientes em estado vegetativo e sem perspectiva de recuperação. A vontade de legisladores e juízes conseguiu, assim, transformar o ato de matar alguém de fome em uma “morte digna”. Lambert não é o primeiro a morrer desta forma. A norte-americana Terri Schiavo, que entrou em estado vegetativo após sofrer sequelas de um ataque cardíaco em 1990, morreu em março de 2005 da mesma maneira escolhida para matar Lambert: ela também teve sua alimentação e hidratação suspensas por ordem judicial, a pedido do marido, contra a vontade dos pais. A disputa judicial que levou 15 anos, com envolvimento da Suprema Corte e leis aprovadas pelo Legislativo da Flórida e pelo Congresso americano, fez do caso de Terri o mais célebre envolvendo a eutanásia realizada desta maneira particularmente cruel. Mais recentemente, a eutanásia ordenada pela Justiça também vitimou duas crianças no Reino Unido. Em 2017, o bebê Charlie Gard, que sofria de uma forma grave de uma doença degenerativa, morreu poucos dias antes do primeiro aniversário porque os médicos que cuidavam dele em Londres e os magistrados do país negaram aos pais da criança o direito de tentar terapias alternativas no exterior. A família só desistiu ao perceber que os interessados na morte de Charlie tinham conseguido arrastar o caso nos tribunais por tempo suficiente para que se fechasse qualquer janela de oportunidade que o filho porventura tivesse. A tragédia se repetiu em 2018 com Alfie Evans, de quase 2 anos, com algumas agravantes: os médicos do Hospital Alder Hey, em Liverpool, mesmo sem saber exatamente qual era o problema de Alfie, recusaram ofertas para tratar a criança na Itália; e o padre que oferecia assistência espiritual aos pais chegou a ser impedido de entrar no hospital, em uma violação da liberdade religiosa. Não se trata, aqui, de defender a chamada “obstinação terapêutica” ou “distanásia”, que consiste em manter o paciente vivo a qualquer preço, um erro que costuma apenas prolongar a agonia do paciente. Mas a eutanásia, a ação deliberada para encerrar uma vida, merece condenação ainda maior, porque traz consigo um enorme desprezo pela dignidade humana, como se houvesse vidas que não merecessem ser vividas, como se fosse preferível 17 estar morto – uma “cultura da morte” que tem sido exaltada até mesmo em filmes de sucesso, como ‘Menina de ouro’ e ‘Como eu era antes de você’. Ao contrário do que afirma o slogan, não há nada de “digno” em um assassinato. Ainda que cometida da forma mais asséptica possível, dentro de um hospital; ainda que realizada por vontade do próprio paciente, a eutanásia continua sendo a eliminação deliberada de uma vida por não ser considerada tão valiosa quanto a das outras pessoas. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/a-eutanasia-de-vincent-lambert-e-a-cultura- da-morte/ Texto 2 Eutanásia – um debate sobre a sociedade que queremos Muito para além das questões éticas, médicas e jurídicas, o debate sobre a eutanásia é um debate sobre direitos humanos, sobre liberdade e autonomia, sobre a vida e sobre a forma como a queremos viver e sobre o modelo de sociedade que queremos. Esta concretiza-se no ato de antecipar a morte de alguém em situação de grande sofrimento e sem qualquer esperança de cura, em resposta a um pedido do próprio proferido de forma informada, consciente e reiterada. Muito mais do que uma dor ou outro sintoma físico ou psicológico, o sofrimento é uma dependência, uma indignidade, uma ausência de ser, uma falta de sentido. É insuportável viver porque se sofre e porque se é obrigado a sofrer, sabendo que depois do sofrimento só há sofrer. A vida é um direito, não uma obrigação, e por isso não é aceitável que sejamos forçados a estendê-la para além da nossa vontade. Cada pessoa deve ter o direito a viver de acordo com a sua visão do mundo, não devendo esta ser imposta por terceiros, como agora acontece, em que os doentes se veem impedidos de decidir pela existência de restrições legais, estando o Estado, de uma forma que qualificamos como inconstitucional, a ditar às pessoas o modo como estas devem gerir a sua vida. Em defesa da autonomia e da liberdade, entendo que ser competente e autónomo, significa também ser livre e responsável pelas suas escolhas, o que, nas palavras de Stuart Mill, significa, também, ser-se livre de poder escolher quando e como morrer. Neste âmbito, o que está em causa não é uma opção entre a vida e a morte, mas sabendo o doente qual o seu destino, uma escolha entre duas formas de morrer, isto é, a escolha entre uma morte livre e digna e uma morte agoniante decorrente da doença. E isto é assim porque não podemos olhar a vida apenas de uma perspectiva meramente biológica porque ela é muito mais do que isso. Está em constante construção. É oresultado das nossas experiências, das nossas escolhas e das nossas convicções. Não se trata de um dom que nos foi dado ou de algo inato. É mutável e vai sendo construída com as opções que tomamos e que nos tornam naquilo que somos. Disponível em: https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/eutanasia-um-debate-sobre-a- sociedade-que-queremos-9294523.html PROPOSTA C A partir do texto a seguir, faça uma produção de 07 a 10 linhas em que você conceitue a expressão “autoconhecimento” A PARTIR da afirmação de Rupi Kaur. “Você não acorda de repente e se transforma em uma borboleta – crescer é um processo” (O que o sol faz com as flores, de Rupi Kaur). Começo o texto com essa citação porque ela diz muito sobre o que eu acredito. O processo não precisa ser pesado, dolorido. Ele pode ser leve e divertido. Enquanto estivermos https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/a-eutanasia-de-vincent-lambert-e-a-cultura-da-morte/ https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/a-eutanasia-de-vincent-lambert-e-a-cultura-da-morte/ https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/eutanasia-um-debate-sobre-a-sociedade-que-queremos-9294523.html https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/eutanasia-um-debate-sobre-a-sociedade-que-queremos-9294523.html 18 aqui nesse planeta Terra, reino da materialidade e da ilusão de separação, a maior escola de evolução espiritual de todos os tempos… Estamos aprendendo. Ninguém está a salvo de aprender, expandir. Quando eu era pequena, havia um pôster do Snoopy que me chamava a atenção. E guardei ele no meu coração até hoje. Ele dizia: “A grama do vizinho sempre é mais verde… Até você descobrir que ela é artificial.” Pois é isso. Julgamos o livro pela capa. Temos a tendência a acreditar que as pessoas são mais felizes que a gente, que são mais inteligentes, que elas têm menos problemas, seus casamentos são mais divertidos, que têm menos desafios que nós… Olhamos sempre a capa. E a verdade é que desconhecemos a grande história por trás das pessoas que nos cercam. Acho engraçado, pois hoje as pessoas me veem dando aula sobre espiritualidade e autoconhecimento, fazendo palestras sobre bem-estar e equilíbrio, meditando… Ouvem minha voz suave, com um ar doce e amoroso e acham que sou diferente delas. Que não tenho questões pessoais, que sou livre da raiva, do medo e imune aos desafios da vida. Ouço às vezes coisas como “evoluída”, “experiente”, “diferente de mim”, “você está anos-luz na minha frente”. Até meu marido caçoa de mim quando estou nervosa e irritada. Ele diz: “Cadê a guru tão espiritualizada? Não é você que ensina sobre consciência?” Pois é, ensino mesmo. Todos ensinamos a todo momento, mas enquanto ensino eu também aprendo, muito, todo o tempo. Ainda tenho muito a aprender e tenho clareza disso. Estou em um constante processo de aprendizado, de liberar meu corpo físico de padrões e marcas profundas de um passado limitante, de críticas, rejeição, assim como me libertar de condicionamentos destrutivos de separação, insegurança e isolamento. Quem não tem marcas que levante a mão… Eu também as tenho. E apesar de ter tido muita cura pelo caminho, ainda tenho muito chão pela frente. Embora mais suaves, ainda carrego e reproduzo nas minhas relações e em meus filhos vários padrões que achei que já haviam sido curados. Como é difícil liberar, né!? Mas a vida é isso, e tudo bem. Esse eterno descascar, suavizar, sutilizando nosso corpo emocional de dor para que estejamos cada dia mais próximos da nossa alma. Eu não sou uma mãe perfeita, não sou uma amiga perfeita, atenciosa, presente, não sou uma filha generosa, não sou a esposa dedicada… Longe disso. Ainda permaneço reservada, às vezes séria demais, me mantenho segura em meu mundo controlado, protegido e organizado por mim. Ainda tenho guardado lá no fundo o medo de sofrer novamente. Ainda reluto em sair da minha zona de conforto, mas ao mesmo tempo é tão lindo de ver como aos pouco coloco os pés pra fora e sinto a grama. Dou uma espiada, estabeleço contato, sorrio mais… Confio cada dia mais e aos poucos vou me mostrando para o outro, permitindo o toque, me abrindo para o desconhecido, aprendo que “está tudo bem”, “que tudo vai dar certo”, “que já deu certo, se não deu é porque não acabou… pois não tem como dar errado”. Ao perceber meu antigo condicionamento, meu piloto automático de proteção, sinto que o enfraqueço, o desarmo. Ao ensinar o que mais preciso aprender, eu realmente aprendo, me lembro, me libero aos poucos, me sinto mais forte, potente, capaz. Hoje sei e compreendo que não é sobre sermos o pacote ideal. Afinal, como o ideal pode ser comum a todos? O que é ideal para mim pode não ser pra você, não é verdade? O que entendi é que a vida é sobre sermos luz, do jeito que der, do jeito que a gente dá conta. Tentar, dentro da sua natureza, ser um impacto positivo e não negativo aonde quer que você passe. Seja inspiração! Consciência é também a clareza do processo, do seu processo pessoal de liberação do que te impede de ser luz internamente e na vida das pessoas. Consciência é olhar para o seu 19 lado sombra e o seu lado luz, sabendo que eles são interdependentes, que eles são um, a perfeita sintonia. Em compaixão. Um não existe sem o outro. É você quem decide. A sombra está a serviço da luz se assim o desejar. Assim como a luz pode estar a serviço da sombra se assim o permitir. Consciência é olhar a grande figura, o todo que existe fora e o todo que existe dentro de você e entender que ao colocar uma pitada de amor em tudo, você está colocando na verdade uma pitada de amor em si mesmo. Acolha seu processo pessoal e a sua jornada com amor, tolerância, compaixão, paciência infinita com os outros mas, principalmente, com você. Tá tudo certo. Enjoy the ride. Viva a VIDA! Disponível em: https://vidasimples.co/colunistas/relato-de-uma-jornada-de-autoconhecimento/ PROPOSTA D Modal de transporte é um dos assuntos mais delicados e que exige atenção de governantes e sociedade em todo planeta. A partir das informações do texto a seguir, aponte as diferenças entre modais de transporte nas três cidades apresentadas e justifique por que não se pode ter um modelo padrão de mobilidade urbana. Seu texto deverá ter entre 09 a 12 linhas. Copenhague, na Dinamarca Mundialmente famosa por sua cultura de valorização da bicicleta, a capital da Dinamarca é considerada a melhor cidade do mundo para quem utiliza as bikes como meio de transporte. A mobilidade urbana é garantida pelo fácil deslocamento dos moradores pelas vias de acesso às regiões centrais. Os números ajudam a entender o cenário: 50% dos habitantes deslocam-se diariamente de bicicleta para ir trabalhar ou estudar, e 63% dos membros do parlamento dinamarquês também. Aliado ao uso das bikes, Copenhague oferece outros exemplos de projetos bem sucedidos que ajudam a melhorar o deslocamento pela cidade. O sistema de sinais de tráfego inteligentes, por exemplo, consegue identificar a aproximação de veículos na rodovia (sejam eles bicicletas, carros ou ônibus). O sinal detecta quantos ciclistas estão se aproximando do cruzamento. Se há um grupo muito grande, permanece aberto por um tempo um maior para permitir que todos cruzem a rodovia. Assim, é capaz de organizar melhor o fluxo. Berlim, na Alemanha A diversidade de modais disponíveis e a facilidade de acesso é a principal característica da mobilidade urbana em Berlim. Lá, trens, ônibus, metrôs, carros e bicicletas circulam em harmonia. Os moradores da capital alemã fazem, em média, 3,5 viagens por dia, e a taxa de tráfego de pedestres é semelhante à taxa de tráfego de automóveis. Cerca de 13% das rotas são feitas de bicicleta, e a preferência pelo transporte público aumenta a cada ano. Entre 2001 e 2011, o número de usuários do transporte público cresceu mais de 20%. Em 2014, foram mais de 978 milhões de passageiros. Um dos componentes importantes daspolíticas públicas de Berlim para o transporte tem sido o planejamento das vias para bicicleta e pedestres. A cidade construiu mais de 1000 quilômetros de ciclovias e o número de ciclistas aumentou mais de 40% entre 2004 e 2012. Em média, moradores de Berlim andam ou pedalam em 40% das suas viagens. Outra importante iniciativa da cidade alemã são os projetos de carros elétricos. Desde 2012, Berlim tem investido na tecnologia, e conta com 7,9 mil veículos elétricos, e mais de 500 estações de carga de energia espalhadas pela cidade. https://vidasimples.co/colunistas/relato-de-uma-jornada-de-autoconhecimento/ 20 Hong Kong Principal centro de negócios e turismo da Ásia, Hong Kong conta com um dos sistemas de mobilidade urbana mais bem organizados e eficientes do continente. Por dia, são aproximadamente 12,6 milhões de viagens feitas de transporte público. O que faz os deslocamentos serem eficientes é o sistema MTR (Mass Transit Railway), reconhecido como um dos mais eficazes do mundo. Espécie de linha de trem super rápida, serve às áreas urbanizadas de Hong Kong e localidades próximas, sendo o meio de transporte mais popular da região, com cerca de 5 milhões de viagens diárias. O MTR tem aproximadamente 218,2 quilômetros de extensão, com 159 estações. A eficiência no tempo dos trajetos também conta pontos para a cidade: estimativas apontam que os trechos são feitos dentro do horário estimado em 99% dos casos. Disponível em: https://g1.globo.com/especial-publicitario/em-movimento/noticia/sete-cidades-no-mundo-que-sao-modelos-de-mobilidade- urbana.ghtml PROPOSTA E Considere os subsídios apresentados no site da revista Piauí, Escreva um texto em prosa, de 12 a 15 linhas, que aborde a organização comercial entre União Europeia e Mercosul. Você pode tomar os exemplos como referência à discussão. Seu texto deverá contemplar pelo menos um dos seguintes tópicos: • Balança comercial. • Relações Internacionais. • Acordos comerciais. • Estratégias de comércio e protecionismo. • Sanções comerciais. Você deverá observar as seguintes orientações: • Fazer uso de informações ou posicionamentos fornecidos no texto de base (à sua escolha). • Manifestar de forma clara seu posicionamento pessoal diante do assunto. • Dar um título ao seu texto. Após duas décadas de negociações, Mercosul e União Europeia fecharam um acordo de livre-comércio O tratado determina que, em até dez anos, não haverá mais tarifas sobre 92% dos produtos brasileiros, argentinos, uruguaios e paraguaios exportados para o bloco europeu. Por outro lado, 72% das importações vindas da União Europeia também não vão pagar tarifas. Hoje, o bloco é o segundo maior parceiro comercial do Mercosul – em 2018, importou 54,6 bilhões de dólares em produtos –, ficando atrás somente da China. https://g1.globo.com/especial-publicitario/em-movimento/noticia/sete-cidades-no-mundo-que-sao-modelos-de-mobilidade-urbana.ghtml https://g1.globo.com/especial-publicitario/em-movimento/noticia/sete-cidades-no-mundo-que-sao-modelos-de-mobilidade-urbana.ghtml 21 Nos últimos cinco anos, o Mercosul exportou, em média, 48,2 bilhões de dólares por ano para os 28 países da União Europeia. Isso coloca os europeus em segundo lugar no ranking de principais parceiros econômicos do Mercosul, atrás da China (50,3 bilhões de dólares por ano) e à frente dos Estados Unidos (30,6 bilhões de dólares por ano). O principal produto que o Mercosul exporta para a União Europeia é farelo de soja: em 2018, foram 5,7 bilhões de dólares. Para cada dólar de farelo de soja que exportou, o Mercosul importou dois dólares de máquinas – como motores, válvulas e centrífugas –, principal produto importado da União Europeia (foram 9,5 bilhões de dólares em 2018). 22 A soja é o alimento que o Brasil mais exporta para a União Europeia. Em 2018, foram 5 milhões de toneladas embarcadas. Essa é a mesma quantidade que foi exportada de milho e café, segundo e terceiro alimentos mais exportados pelo Brasil. Em 2018, para cada litro de vinho que importou da União Europeia, o Brasil exportou 37 litros de suco de laranja para os europeus. A cada 9 toneladas de açúcar que o Brasil exportou para a União Europeia em 2018, o país importou um carro de passeio. Por ano, o Brasil exporta uma média de 184 milhões de dólares em carne bovina para a Itália. Isso é cinco vezes mais do que o Brasil importa de bolsas, sapatos e malas de couro italiano (35,4 milhões de dólares). 23 Após ter firmado o acordo com a União Europeia, o Mercosul estuda a possibilidade de um tratado com a Suíça – país que não faz parte do bloco econômico europeu. Hoje, embora seja o maior produtor de café do mundo, o Brasil tem déficit com a Suíça no comércio desse produto. Por ano, o país exporta 7 milhões de dólares em café não torrado para os suíços, e importa de volta 37,4 milhões de dólares de café torrado – valor cinco vezes maior. Fontes: Ministério da Economia; Trade Map; Secem (Sistema de Estatísticas de Comércio Exterior do Mercosul). Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/soja-brasileira-trator-europeu/ ANOTAÇÕES ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ https://piaui.folha.uol.com.br/soja-brasileira-trator-europeu/ 24 PROVA 2005 PROGRESSÃO TEXTUAL Escreva no mínimo 8 (oito) e no máximo 12 (doze) linhas dando continuidade ao trecho abaixo, de maneira que a continuação e a conclusão propostas por você formem, com a introdução, um todo coerente. Os programas do tipo “reality shows” parecem ter vindo para ficar, pois a cada ano surgem novas versões que continuam atingindo picos de audiência, como as várias edições do Big Brother Brasil. O ingresso do indivíduo comum e de sua realidade banal no domínio da mídia de massa tem sido alvo de diferentes posicionamentos sobre o fenômeno que se tornou conhecido como espetacularização da vida cotidiana. Esses programas provocam reações bastante antagônicas nos telespectadores. De um lado, _______________________________________________________________________ DEFINIÇÃO DE PRESSUPOSTO Eugenia A eugenia surgiu sob o impacto da publicação, em 1859, de um livro que mudaria para sempre o pensamento ocidental: A Origem das Espécies, de Charles Darwin. Darwin mostrou que as espécies não são imutáveis, mas evoluem gradualmente a partir de um antepassado comum à medida que os indivíduos mais aptos vivem mais e deixam mais descendentes. Pela primeira vez, o destino do mundo estava nasmãos da natureza, e não nas de Deus. Darwin restringiu sua teoria ao mundo natural, mas outros pensadores a adaptaram – de um jeito meio torto – às sociedades humanas. O mais destacado entre eles foi o matemático inglês Francis Galton, primo de Darwin. Em 1865, ele postulou que a hereditariedade transmitia características mentais – o que faz sentido. Mas algumas idéias de Galton eram bem mais esquisitas. Por exemplo, ele dizia que, se os membros das melhores famílias se casassem com parceiros escolhidos, poderiam gerar uma raça de homens mais capazes. A partir das palavras gregas para “bem” e “nascer”, Galton criou o termo “eugenia” para batizar essa nova teoria. Galton se inspirou nas obras então recém-descobertas de Gregor Mendel, um monge checo morto 12 anos antes que passaria à história como fundador da genética. Ao cruzar pés de ervilhas, Mendel havia identificado características que governavam a reprodução, chamando-as de dominantes e recessivas. Quando ervilhas de casca enrugada cruzam com as de casca lisa, o descendente tende a ter casca enrugada, pois esse gene é dominante. Os eugenistas viram na genética o argumento para justificar seu racismo. Eles interpretaram as experiências de Mendel assim: casca enrugada é uma degeneração (hoje sabe-se que estavam errados – tratava-se apenas de uma variação genética, algo ótimo para a sobrevivência). Misturar genes bons com “degenerados”, para eles, estragaria a linhagem. Para evitar isso, só mantendo a raça “pura” – e aí eles não estavam mais falando de ervilhas. 25 O eugenista Madison Grant, do Museu Americano de História Natural, advertia em 1916: “O cruzamento entre um branco e um índio faz um índio, entre um branco e um negro faz um negro, entre um branco e um hindu faz um hindu, entre qualquer raça européia e um judeu faz um judeu”. As idéias eugenistas fizeram sucesso entre as elites intelectuais de boa parte do Ocidente, inclusive as brasileiras. Mas houve um país em que elas se desenvolveram primeiro, e não foi a Alemanha: foram os EUA. Não tardou até que os eugenistas de lá começassem a querer transformar suas teorias em políticas públicas. “Em suas mentes, as futuras gerações dos geneticamente incapazes deveriam ser eliminadas”, diz o jornalista americano Edwin Black, autor de A Guerra contra os Fracos. A miscigenação deveria ser proibida. (Adaptado da revista Superinteressante, jul. 2005.) “As ideias eugenistas fizeram sucesso entre as elites intelectuais de boa parte do Ocidente, inclusive as brasileiras. Mas houve um país em que elas se desenvolveram primeiro, e não foi a Alemanha: foram os EUA.” Ao dizer “e não foi a Alemanha”, o autor do texto se antecipa a uma possível conclusão do leitor. Utilizando de 4 (quatro) a 5 (cinco) linhas, apresente o fato que levaria o leitor a pensar assim e explique a relação desse fato com o tema exposto no texto Eugenia. ANÁLISE DE DADOS A conclusão da revista Veja é apenas uma das possibilidades de análise dos dados sobre a relação entre a renda de brancos e negros em 1990 e 2005. Elabore uma conclusão compatível com os dados e diferente da formulada pela revista. Apresente-a em um texto de 4 (quatro) a 5 (cinco) linhas. 26 RESUMO Faça um resumo do texto abaixo, com 12 (doze) linhas, no máximo. Definindo teoria A palavra "teoria" vem aparecendo bastante na mídia, em parte devido ao debate entre criacionismo e ciência. Existem usos diferentes do termo, que acabam criando confusão. No seu uso popular, o termo descreve um corpo de idéias ainda incerto, baseado em especulações não demonstradas. Teoria, para muitos, significa um corpo de hipóteses esperando ainda por confirmação. Às vezes, o uso popular do termo distancia-se ainda mais do científico, significando idéias que são meio absurdas, fora da realidade: "Ah, esse cara sempre foi um inventor de teorias, não sabe do que está falando", ou "isso aí não passa de uma teoria, provavelmente é besteira". Teoria em ciência significa algo completamente diferente. O termo mais apropriado para uma idéia de caráter especulativo é hipótese, e não teoria. Uma hipótese é justamente uma suposição ainda não provada, aceita provisoriamente como base para investigações futuras. Por exemplo, a panspermia é uma hipótese que sugere que a vida na Terra veio de outras partes do cosmo. Não sabemos se está certa ou errada, mas podemos tentar comprová- la ou refutá-la. Já uma teoria consiste na formulação de relações ou princípios descrevendo fenômenos observados que já foi verificada, ao menos em parte. Ou seja, uma teoria não é mais uma mera hipótese, tendo já passado por testes que confirmam suas premissas. Quando cientistas falam de uma teoria, falam de um corpo de idéias aceitas pela comunidade científica como descrições adequadas para fenômenos observados. A confirmação é por meio de observações e experimentos, o que cientistas chamam de método de validação empírica. Quanto mais sucesso tem uma teoria, maior o número de fenômenos que pode descrever. Quanto mais elegante, mais simples é. Uma teoria de enorme sucesso em física é a teoria da gravitação universal de Newton. Ao propor que objetos com massa exercem uma força de atração mútua cuja intensidade cai com o inverso do quadrado da distância entre as massas, Newton e seus sucessores foram capazes de explicar as órbitas planetárias em torno do Sol, o fenômeno das marés, a forma oblata da Terra (achatada nos pólos), o movimento de projéteis na Terra e no espaço etc. Quando a Nasa lança um foguete da Terra ou o faz colidir com um cometa, a teoria usada no planejamento das missões é a de Newton. Testes em laboratórios e observações astronômicas mostram que a teoria funciona extremamente bem em distâncias que variam de décimos de milímetros até milhões de trilhões de quilômetros, a escala em que galáxias formam aglomerados atraídas por sua gravidade mútua. Isso não significa que a teoria (ou qualquer outra) seja perfeita. Sabemos que ela deixa de ser válida quando objetos estão muito próximos de estrelas como o Sol. Correções são necessárias, no caso fornecidas pela teoria da relatividade geral de Einstein, que, em 1916, generalizou a teoria de Newton. O fato de teorias não serem perfeitas é fundamental para o progresso da ciência. Caso contrário, não nos restaria nada a fazer. E é justamente aqui o lugar da hipótese em ciência, tentando, através de idéias ainda não demonstradas, alavancar o conhecimento, desenvolver ainda mais nossas teorias. Para construir a teoria da relatividade, Einstein supôs que a velocidade da luz é sempre constante e que a matéria curva o espaço. Quando isso foi confirmado, a formulação ganhou o título de teoria. A pesquisa agora gira em torno dos limites dessa teoria e de como pode ser melhorada. 27 (GLEISER, Marcelo. Folha de S. Paulo, Mais!, 02 out. 2005.) ANÁLISE DE CHARGE A charge foi publicada no jornal Folha de S. Paulo no dia 26/11/2005. Faça uma interpretação dessa charge em um texto de 15 (quinze) a 20 (vinte) linhas. Seu texto deve contemplar, não necessariamente nesta ordem: • uma apresentação do contexto político-social em que a charge foi divulgada; • a identificação das pessoas ou grupos que poderiam ser os autores das mensagens veiculadas pelo outdoor (“Mais de 3 milhões de empregos”) e pelo cartaz (“Você está demitido”); • a identificação dos destinatários de cada uma dessas mensagens; • comentário sobre as estratégias textuais do autor da charge para cumprir suas intenções. 28 PRODUÇÕES INÉDITAS – BLOCO TRÊS PROPOSTA A A partir das informações presentes no texto a seguir, desenvolva uma continuação para a produção. Seu texto deverá ter entre 12 a 15 linhas e contemplar os seguintes critérios: 1. Manter o padrão de linguagem; 2. Apresentar uma continuação do parágrafo; um parágrafo inédito eum de conclusão 3. Expor um terceiro ‘capítulo’ acerca da real intenção por trás da proibição dos patinetes O que os patinetes compartilhados explicam sobre o Brasil? Há alguns fenômenos observados no caso da apreensão dos patinetes que se repetem na política nacional de tempos em tempos, em novelas diferentes. Inicialmente, verifica-se a sanha regulatória: a vontade que os políticos têm de regulamentarem algo já amparado no ordenamento jurídico, seja por normas anteriores, seja por princípios gerais presentes na disposição legal existente. Se nada for feito, o político não conseguirá capitalizar sua imagem, não aparecerá em veículos de comunicação, não será objeto de comentários em redes sociais e conversas entre a população sobre o episódio. O ditado de que “quem não é falado, não é lembrado” vale para as urnas. E sempre haverá algum grupo que apoia a regulamentação, mesmo que a maior parte da população não seja favorável a ela. Vitória, Rio de Janeiro, Balneário Camboriú, Curitiba, Distrito Federal, Belo Horizonte e a Assembleia Legislativa do Espírito Santo são algumas das cidades e estados onde algum político já se manifestou por uma regulamentação em relação aos patinetes compartilhados. Outro capítulo comum deste enredo é o fato de as regulamentações serem vendidas como necessárias por algum motivo [...] __________________________________________ Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/como-a-perseguicao-aos-patinetes- em-sao-paulo-explica-o-brasil/ ANOTAÇÕES ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/como-a-perseguicao-aos-patinetes-em-sao-paulo-explica-o-brasil/ https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/como-a-perseguicao-aos-patinetes-em-sao-paulo-explica-o-brasil/ 29 PROPOSTA B A partir do meme do Instagram “Chapolin Sincero” e do texto do portal UOL, desenvolva um comentário em que sejam explicitadas as relações dos textos com a realidade. A redação deverá ser desenvolvida entre 08 e 12 linhas, em parágrafo único. Sua produção precisa: 1. Explicitar a temática (pressuposto) 2. Referenciar a fonte apenas do ‘meme’ (elementos explícitos extratextuais) 3. Apresentar a perspectiva do meme em comparação à reportagem (subentendidos) 4. Posicionar-se acerca da discussão 5. Declarar, novamente, temática em conjunto com a síntese de sua opinião TEXTO 1 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/cartum/cartunsdiarios/#6/7/2019 Texto 2 O cenário do abandono de cães no Brasil é triste, e apesar de 60% dos brasileiros discordarem com o ato de abandonar, somente 17% das pessoas que têm cachorros adotam animais abandonados. Os dados são parte da pesquisa da organização não-governamental Proteção Animal Mundial para lançar a campanha global “A vida é melhor com cães”. A campanha irá tratar de problemas como o abandono e a falta de cuidados veterinários. “A vida é melhor com cães” é uma grande mobilização de histórias. A ONG irá recolher narrativas de superação que provem o papel fundamental que os cãezinhos tem em nossas vidas. Por meio dessa ação, a campanha promete promover o bem-estar e o convívio saudável com das comunidades e os cachorrinhos. O Brasil é o país com mais cachorros de estimação e entre os entrevistados que possuem pets, 77% citaram cães como seu bichinho. Destes, 94% consideram o animal um membro da família. O que para nós é contraditório pois apesar desses animais serem considerados família, ainda existe uma carência no sentido de cuidado, falta consciência em relação aos cuidados veterinários, passeios, castração etc. “Uma vez que os animais são abandonados, eles passam a ser responsabilidade de todos – pessoas, ongs, poder público… Mas é na esfera dos governos municipais, que o problema dos cães e gatos de rua pode ter soluções concretas com a implementação de políticas públicas que lidem com essas populações de animais da forma coordenada, permanente e mais humanitária possível”, explica Rosângela Ribeiro, gerente de campanhas veterinárias da Proteção Animal Mundial no Brasil. Disponível em: https://paisefilhos.uol.com.br/familia/pesquisa-comprova-o-que-a-gente-ja-sabia-quase-100-dos-brasileiros-consideram- os-pets-como-filhos/ https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/cartum/cartunsdiarios/#6/7/2019 https://paisefilhos.uol.com.br/familia/pesquisa-comprova-o-que-a-gente-ja-sabia-quase-100-dos-brasileiros-consideram-os-pets-como-filhos/ https://paisefilhos.uol.com.br/familia/pesquisa-comprova-o-que-a-gente-ja-sabia-quase-100-dos-brasileiros-consideram-os-pets-como-filhos/ 30 PROPOSTA C Elabore uma conclusão acerca dos dados apresentados abaixo. Seu texto deverá ter entre 12 e 15 e, obrigatoriamente: 1. Citar, ao menos, 3 matrizes energéticas do gráfico; 2. Explicá-las; 3. Mostrar suas vantagens e desvantagens; 4. Demonstrar em qual sentido o Brasil tem progredido; 5. Expor em qual sentido o Brasil ainda tem pontos a melhorar; 6. Fazer uma conclusão adequada das ideias; 7. Apresentar a fonte do texto-base. 31 PROPOSTA D Elabore um resumo do texto a seguir numa produção de 09 a 12 linhas. Eu falo, você não compreende, e nós não nos comunicamos. Por Deborah Sousa E assim segue a humanidade, se desentendendo nos mais variados níveis, do presidente dos EUA até o pessoal do prédio que não interpretou direito a ata da reunião. Por que será que a comunicação tem sido tarefa tão difícil ultimamente? Quem sabe, um pouco de má vontade do emissor, ou do receptor, porém a culpa não deve ser nunca da mensagem. O fluxo de informações faz parte da nossa vida, porém ganhou status absurdamente exagerado com tantos emissores disparando – em massa – informações desconexas, interessantes, dispensáveis, repetidas, erradas, engraçadas, bancárias, religiosas, comerciais, íntimas, desconhecidas, e segue uma lista enorme que só paramos quando damos um basta ao desligar a luz e dormir. (Tem gente que não sabe parar e continua num ciclo sem fim de infinita exposição ao mundo conectado). Tenho tido dificuldades rotineiras com assuntos simples e, por isso, acredito que a comunicação verbal está cada vez mais rápida e superficial. O que ficaria subentendido fica apenas à mercê da interpretação do receptor da conversa. Uma ótima alternativa então seria escrever! Quem sabe por escrito fica tudo claro e objetivo? Mas não tem sido o que vemos nas trocas de e-mails, nos comunicados de empresa, nos raros textos escritos dos aplicativos e nos comentários das redes socais, que por falta de interpretação ou leitura mesmo, dão margem aos ‘textões’ exaltados que nunca têm fim! Sem contar as mensagens erradas enviadas para grupos diferentes ou do colega para o chefe e vice-versa. Quem nunca trocou o receptor de uma mensagem através de qualquer veículo… que elabore a primeira crítica! A fim de evitar essas situações constrangedoras adotei um comportamento mais cuidadoso em relação à minha comunicação. Releio antes de apertar a tecla de envio, pergunto-me se ficaria constrangida se outra pessoa fosse ler, se estou sendo irônica com algum colega ou coisa parecida, e já vou deletando tudo.Mesmo assim, as falhas pipocam nas conversas… Para que correr o risco de estragar uma relação, ser mal interpretada ou grosseira com outra pessoa? A vida de todo mundo está difícil e cheia de desafios. Não vou eu piorar com uma comunicação truncada ou mesmo ‘violenta’. É nossa responsabilidade – como emissores – escolher como a informação vai chegar para o emissor, sendo ele nosso ‘best friend’, um(a) CEO, uma plateia. Quem quer que seja, todos merecem respeito e um pouco do nosso tempo para elaborar melhor o que será comunicado. O jornalista aprende muitas técnicas justamente para minimizar as possíveis falhas na comunicação, mas que não evitam todas e estão aí os processos por danos morais para contar que deslizes e erros grosseiros também acontecem nas redações. Mas se eu fosse gestora de uma empresa não dispensaria o trabalho de um jornalista para garantir que os conteúdos divulgados dentro e fora da companhia fossem objetivos, claros e acessíveis a todos os tipos de pessoas, inclusive, como provocava sempre meu professor de faculdade: ‘será que a minha mãe vai entender esse texto?’. Disponível em: https://observatoriodacomunicacao.org.br/artigos/eu-falo-voce-nao-compreende-e-nos-nao-nos-comunicamos-por-deborah-souza/ https://observatoriodacomunicacao.org.br/artigos/eu-falo-voce-nao-compreende-e-nos-nao-nos-comunicamos-por-deborah-souza/ 32 PROPOSTA E A charge de Duke publicada na Folha de São Paulo revela um comportamento oriundo da vida pós-moderna. A partir da ilustração do cartunista, desenvolva um comentário em que seja explicitada a crítica do autor e se você concorda ou não com o posicionamento adotado. Sua produção deverá ser desenvolvida entre 08 e 12 linhas. ANOTAÇÕES ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 33 PROVA 2006 POEMA À PROSA A literatura, entre muitas coisas, é também uma maneira de se pensar o mundo. Nos poemas acima, encontramos visões diferentes que mantêm relações intertextuais. Em um texto de até 10 (dez) linhas, interprete, referindo-se a elementos dos dois textos, a Pasárgada de Millôr Fernandes. ANÁLISE DE INFOGRÁFICO Uma pesquisa Datafolha, divulgada na Folha de São Paulo em 13 de agosto de 2006, investigou como o brasileiro se situa politicamente. Os resultados mostraram que 47% dos eleitores se definiram como sendo de direita, 30% de esquerda e 23% de centro. As pessoas pesquisadas ainda se manifestaram sobre assuntos polêmicos, como aborto, maioridade penal e pena de morte. O resultado sobre esses três temas, conforme se vê nos gráficos acima, foram tabulados de acordo com o perfil político dos entrevistados. Tendo em vista que a direita foi sempre associada a um perfil conservador e a esquerda a um perfil progressista, escreva um texto comparando o perfil da esquerda e o da direita brasileiras, tomando por base os resultados da pesquisa. Seu texto deverá ter de 10 a 12 linhas. 34 35 PROGRESSÃO TEXTUAL Fazendo referência aos resultados da pesquisa apresentada na Questão Anterior, escreva um parágrafo, de 4 a 6 linhas, que apresente uma conclusão coerente para o texto abaixo. Ao redigir o parágrafo, dê continuidade à frase que o inicia. Segundo dados da Anistia Internacional, a cada ano três países, em média, têm abolido a pena de morte. E o ritmo parece estar aumentando. Só em 2004 foram cinco os países a tirar a pena capital de seus códigos penais. Entre eles, estão dois europeus: Grécia e Turquia – fato emblemático, que reforça as campanhas internacionais contra a punição. Essa tendência, na verdade, vem se confirmando desde o final da década de 1980. Nos últimos 15 anos, nada menos que 40 nações deixaram oficialmente de condenar pessoas à execução. Eram 116 em 1990, e hoje são 76. Ou seja, um terço do total de países adeptos da pena de morte desistiu de aplicá-la nesse período de menos de duas décadas, conforme os dados da Anistia. A China – com mais de 3 mil execuções em 2004 – é uma exceção no contexto político internacional. As punições chinesas, somadas às penas de morte levadas a cabo no Irã, no Vietnã e nos Estados Unidos, representam 97% do total mundial. (Terra no 158, jun. 2005.) Se o Brasil viesse a adotar a pena de morte, _________________________ RESUMO A IRRELEVÂNCIA DA MÍDIA A indústria da informação, sobretudo a impressa, está numa encruzilhada. Com a circulação estagnada, os jornais lutam para seduzir novos leitores. O público, porém, emite sinais de que considera o conteúdo dos jornais cada vez mais irrelevante. Na época em que o país estava submetido a três poderes efetivos – Exército, Marinha e Aeronáutica – costumava- se atribuir à imprensa importância capital na cruzada da resistência. Ao ecoar as ruas na campanha das Diretas-já, os jornais ajudaram a empurrar a farda de volta para os quartéis. Restabelecida a democracia, o Collorgate tonificou a musculatura dos meios de comunicação. Teve-se a impressão de que a imprensa exercia, de fato, o quarto poder. Sob FHC, a imprensa tardou a acordar. Só depois de uma fase de namoro se deu conta de que estava diante de um presidente afeito à maleabilidade ética. A caída em si não foi generalizada. Alcançou apenas parte da mídia. Ainda assim, sobrevieram os escândalos da compra de votos da reeleição, as privatizações trançadas “no limite da irresponsabilidade”, as malversações da Sudam e outras cositas. Graças à exposição negativa, FHC é hoje um dos ex-presidentes mais impopulares. Tão impopular que o PSDB cuida de escondê-lo na campanha. Escalando essa aversão, Lula chegou à presidência em 2002. E com ele veio a má notícia para a imprensa: o brasileiro deu as costas para o noticiário, eis a novidade. Poucos governos mereceram da mídia exposição tão negativa quanto a administração petista. As perversões atribuídas ao PT e a Lula foram alardeadas à saciedade. A despeito disso, o eleitorado atribui ao presidente um volume de intenções de voto que, por ora, humilha os concorrentes. Humilha também a mídia. 36 Poder-se-ia argumentar que o eleitor pobre de Lula não lê jornal. Bobagem. A crise ética ganhou espaço também nos meios de comunicação eletrônicos. E não há casebre brasileiro que não disponha de um aparelho de rádio ou de televisão. No segundo semestre de 2005, os analistas políticos tiraram do noticiário que produziram as suas próprias confusões. Onze em cada dez comentaristas difundiu a idéia de que a reeleição de Lula estava ameaçada. Vítima de si mesma, a mídia está na bica de virar, ela própria, notícia. Sua “desimportância” reclama estudos e análises aprofundadas. Seu propalado poder de influência, seu festejado
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