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semiologia - digestório: A região BMF compreende: maxila, mandíbula, cavidade bucal, complexo dento alveolar, articulação temporomandibular (ATM), músculos da mastigação, cavidades paranasais e glândulas salivares. Anamnese: Os principais sinais e sintomas são: dor (principalmente de causa dentária), limitação da abertura bucal, disfunção da articulação temporomandibular (ATM), halitose, xerostomia (boca seca), sangramento gengival, ulcerações aftosas recorrentes, úlceras que não cicatrizam, nódulos, vesículas, bolhas, manchas e placas. Exame físico: O exame físico deve incluir a região extrabucal e a região intrabucal, lábios, mucosa jugal, palatos duro e mole, língua, soalho bucal, reborda alveolar e glândulas salivares. Extrabucal: O exame extrabucal inclui a investigação dos linfonodos superficiais da região de cabeça e pescoço, forma e simetria das estruturas da região bucomaxilofacial, que podem estar relacionadas com alterações do desenvolvimento, má oclusão dentária, alterações e lesões musculoesqueléticas, articulares (ATM), dos seios da face e das glândulas salivares. Intrabucal: Para o exame intrabucal deve-se utilizar o olfato, a inspeção, a palpação e a percussão. A sequência sugerida é a seguinte: examinar a semimucosa labial superior e inferior (zona vermelha dos lábios), a mucosa labial superior e inferior, a mucosa jugal (bochecha) direita e esquerda, o palato duro, o palato mole, a orofaringe, a língua, o soalho bucal, a reborda alveolar (dentes e gengivas) e as glândulas salivares. Lábios: Os lábios (superior e inferior) devem ser inspecionados e palpados bidigitalmente para se averiguar coloração, forma, textura, flexibilidade, assim como presença de lesões. A cor, a largura e o formato variam de acordo com a etnia e as características genéticas. Pessoas negras, por exemplo, costumam ter lábios mais grossos e largos. Mucosa jugal: Em condições normais, a mucosa jugal ou da bochecha tem uma coloração róseo-avermelhada mais homogênea que a da língua. É necessário inspecionar toda a extensão da mucosa jugal, desde a superfície anterior junto à comissura labial, até a região mais posterior. A mucosa jugal deve ser afastada com auxílio de uma espátula de madeira para se ter uma visão direta de toda a superfície. A palpação é feita com o dedo polegar de fora e o dedo indicador na cavidade oral. Palato duro e palato mole: Para a inspeção do palato o paciente deve inclinar sua cabeça para trás e abrir a boca, sob iluminação adequada (em toda a sua extensão). Em condições normais o palato duro apresenta-se com coloração rosa-pálida, esbranquiçada, com uma textura firme. Já o palato mole apresenta coloração rósea mais intensa que o palato duro. As lesões mais frequentes no palato duro são: ulcerações traumáticas (trauma químico, mecânico e térmico), candidíase, estomatite nicotínica, neoplasias de glândulas salivares menores (aumento de volume com ou sem ulceração), fendas palatinas, sarcoma de Kaposi. Língua: Solicita-se ao paciente abrir a boca ao máximo, utilizando uma gaze para segurar a ponta da língua. Deve ser observada em três posições: dorso – tracionando-a para fora da cavidade bucal; bordas ou margens laterais – tracionando-a para cada um dos lados, até que seja possível visualizar seu terço mais posterior; ventre – solicitando que o paciente eleve a ponta da língua procurando tocar o palato, mas mantendo a boca aberta. Em condições normais, a língua situa-se medianamente, apresentando quase sempre pequena e constante movimentação, a qual pode ser suprimida voluntariamente pelo paciente. Tem coloração róseo-avermelhada, é levemente úmida, superfície discretamente rugosa no dorso e margem lateral, lisa e brilhante no ventre (face inferior). Sulcos ou depressões são comuns. Soalho bucal: O soalho bucal é examinado pela inspeção, seguido por palpação bimanual. Deve-se solicitar ao paciente que levante a língua, para permitir visualização direta dos tecidos na linha média do soalho. O espelho intrabucal ou espátula de madeira deve ser utilizado para afastar a língua e examinar as áreas próximas à reborda alveolar da mandíbula. Os tecidos devem apresentar-se hidratados e bem vascularizados. As principais lesões incluem as traumáticas (úlceras) e as das glândulas salivares (mucoceles/rânulas, sialólitos, neoplasias). Reborda alveolar: Trata-se da porção óssea da maxila e mandíbula que contém os dentes e seus tecidos de suporte (alvéolo, ligamento periodontal, gengiva inserida). A perda precoce dos dentes leva a reabsorção da reborda com dificuldade para reabilitação com próteses. Glândulas salivares: As glândulas salivares menores, espalhadas em toda mucosa bucal, e as maiores (parótidas, submandibulares e sublinguais), em condições normais, não são visíveis e a saliva é límpida. Nos processos inflamatórios e na obstrução dos ductos salivares apresentam-se intumescidas e dolorosas. A estimulação manual dessas glândulas, conhecida como “ordenha”, permite uma avaliação quali e quantitativa da saliva, observando os seus pontos de drenagem (carúnculas linguais e parotídeas). O esôfago é o segmento do tubo digestivo que liga a faringe ao estômago, cruza toda a extensão do mediastino, entre a coluna vertebral e a traqueia e atravessa o diafragma, cuja principal função é a deglutição. O esôfago proximal do adulto encontra-se em íntima relação com a margem inferior da 6 a vértebra cervical, uma característica sem variação significativa de indivíduo para indivíduo. A porção distal situa-se no nível da 10 a ou 11 a vértebra torácica. O trajeto do esôfago está marcado por três curvas, as quais podem modificar-se pelos movimentos da coluna vertebral e do diafragma. A mucosa é constituída de três camadas: epitélio, lâmina própria da mucosa e muscular da mucosa, mais proeminente no esôfago do que em qualquer outra parte do trato gastrintestinal. O epitélio é constituído de células estratificadas pavimentosas. As células superficiais do esôfago contêm um pequeno número de grânulos querato-hialinos. A camada muscular é formada por duas túnicas: a longitudinal externa e a circular interna. Anamnese: A história clínica e a análise dos sintomas são tão importantes no reconhecimento das doenças do esôfago que é possível estabelecer o diagnóstico provável em cerca de 80% dos casos somente pela anamnese. As principais queixas dos doentes do esôfago são disfagia, odinofagia, afagia, fagofobia, pirose (azia), dor esofágica e regurgitação. Exame físico: Em condições normais, o esôfago é inacessível ao exame físico direto. Excepcionalmente, a parede de um divertículo faríngeo de grande magnitude pode tornar-se palpável na face lateral esquerda do pescoço enquanto o paciente se alimenta. O estômago ocupa o epigástrio e o hipocôndrio esquerdo. Anamnese: A anamnese fornece, mais frequentemente que o exame físico, os elementos decisivos para o diagnóstico das doenças do estômago e duodeno. A história clínica deve ser iniciada por um relato por parte do paciente, mas quando ele já tem muitas informações, a anamnese pode tomar a forma de diálogo. Em seguida, devem ser feitas perguntas específicas para que sejam esclarecidas as manifestações iniciais da doença, sua duração, intensidade, frequência, fatores desencadeantes e agravantes, fatores atenuantes, presença de outros sintomas associados, evolução dos sintomas ao longo do tempo, sua relação com a alimentação e as repercussões sobre a disposição e a capacidade laborativa. As relações dos sintomas com fatores emocionais, psicológicos e psiquiátricos têm grande importância na avaliação de quadros de origem gástrica. Dor: É o sintoma mais frequente das doenças do estômago e duodeno. A dor visceraldo estômago e do bulbo duodenal é percebida na linha mediana do epigástrio, poucos centímetros abaixo do apêndice xifoide. Esta é a localização indicada pela maioria dos pacientes com úlcera péptica. Também a exibem, menos frequentemente, pacientes com gastrite e câncer gástrico. Plenitude pós-prandial e saciedade precoce: Plenitude pós-prandial é a sensação de persistência prolongada de alimentos no estômago após uma refeição, gerando desconforto. A saciedade precoce é definida como a sensação de que o estômago está cheio logo após o início de uma refeição, impedindo que seja terminada. Podem estar presentes de forma isolada ou acompanhando a dor epigástrica. Náuseas e vômitos: São manifestações comuns das doenças do estômago e do duodeno. Exame físico: A contribuição do exame físico do abdome no diagnóstico das doenças do estômago e duodeno é pequena. No entanto, em alguns casos pode ser crucial para o diagnóstico. A inspeção pode revelar a existência de tumores localizados no epigástrio, que na maioria dos casos correspondem a neoplasias gástricas. Devem ser praticadas duas modalidades de palpação do epigástrio: a superficial e a profunda. Antes de inicia-las, o médico deve se certificar de que a posição do paciente é aquela em que há o máximo relaxamento da parede abdominal: decúbito dorsal, a cabeça apoiada em plano ligeiramente superior àquele em que se apoiam os ombros, que devem estar ligeiramente elevados com relação ao restante do tronco, braços estirados ao longo do corpo e joelhos levemente fletidos. Na palpação superficial, deve-se exercer suave pressão sobre o epigástrio com as polpas digitais de uma das mãos em movimentos circulares ou digitiformes. Indivíduos normais podem sentir ligeiro desconforto. Dor intensa ocorre quando há lesões das camadas muscular e serosa do estômago. Pode-se perceber ainda a presença de contratura muscular durante a palpação (“defesa abdominal”) voluntária ou involuntária. Nessa última, deve-se suspeitar de dor de origem parietal e irritação peritoneal. Já na palpação profunda, as mãos devem estar juntas e repousando sobre a superfície abdominal com os seus eixos paralelos à linha mediana. O toque é realizado pelas polpas digitais dos maiores dedos de cada mão. No início da expiração, fase de máximo relaxamento da parede abdominal, a palpação deve ser aprofundada até que seja percebida a resistência oferecida pelas estruturas retroperitoneais, deslizando as polpas digitais no sentido craniocaudal. Com isso, procura-se passar as polpas digitais sobre as vísceras e eventuais estruturas anormais enquanto estas são comprimidas sobre um plano resistente. Quando uma estrutura é percebida, procura-se palpar a região de outras maneiras, de modo a caracterizá-la da melhor maneira possível. O intestino delgado divide-se em três segmentos: duodeno, jejuno e íleo, os quais podem ser considerados integrantes de um único conjunto funciona. Anamnese: Algumas doenças afetam predominante ou exclusivamente as crianças, manifestando-se já nos primeiros meses de vida, como os defeitos congênitos e as anomalias do desenvolvimento. A doença celíaca e a linfangiectasia intestinal primária podem aparecer aos 2 ou 3 anos de idade, mas podem ser diagnosticadas na vida adulta. Por outro lado, as manifestações isquêmicas do intestino delgado consequentes à aterosclerose da artéria mesentérica incidem quase sempre após a sexta década de vida. Com relação ao sexo, merece referência a doença de Whipple, que ocorre muito mais em homens do que em mulheres, em uma proporção de 9:1. As características étnicas dos pacientes apresentam importância diagnóstica. Por exemplo, a deficiência seletiva da lactase intestinal atinge a quase totalidade dos orientais e dos negros e mais da metade dos indivíduos de origem árabe e muitos de seus descendentes. Quanto aos antecedentes pessoais, destacam-se os dados sobre a evolução pôndero- estatural na infância e na adolescência e sobre o desenvolvimento puberal. Deficiência do desenvolvimento somático, intelectual ou da maturação sexual pode sugerir doença crônica instalada desde a infância ou adolescência. Durante a anamnese e o exame físico, deve-se atentar para os aspectos emocionais. Os pacientes com evidentes distúrbios da esfera psíquica estão entre os que, com maior probabilidade, apresentam sintomas sem substrato orgânico reconhecível, como ocorre na síndrome do intestino irritável. Entretanto, isto deve ser visto com cautela, pois estes não estão livres de serem acometidos por doenças orgânicas. Por fim, os pacientes devem ser inquiridos sobre a existência de casos semelhantes na família, dado importante no diagnóstico de doenças de base genética, como a doença celíaca e as poliposes familiais. As principais manifestações clínicas das afecções do intestino delgado são: diarreia, esteatorreia, dor abdominal, distensão abdominal, flatulência e dispepsia, hemorragia digestiva, febre, perda de peso, anemia, edema, manifestações carenciais e insuficiência endócrina. Exame físico: À inspeção, o abdome pode apresentar- se escavado, quando houver acentuada desnutrição, como pode ser visto na doença celíaca, nos linfomas e na doença de Crohn. Mais frequentemente, contudo, o abdome apresenta-se com volume aumentado, adquirindo a forma globosa. Tal aumento pode se dever ao maior conteúdo líquido e gasoso das alças intestinais, como ocorre nos pacientes com má absorção. A palpação superficial do abdome permite a constatação de hipotrofia da parede nos casos de desnutrição ou o aumento da tensão nas distensões hidroaéreas das alças intestinais e nas ascites de grande volume. Pode, ainda, revelar hipertonia associada a inflamações peritoneais localizadas ou generalizadas. A palpação superficial bimanual, feita cuidadosamente, pode detectar regiões de maior resistência (defesa abdominal), o que contribui para a identificação do local mais comprometido. O encontro concomitante de hiperestesia cutânea e de dor à descompressão brusca (sinal de Blumberg) compõe o quadro da irritação peritoneal. Em condições normais, os segmentos do intestino delgado não são acessíveis à palpação profunda do abdome. Entretanto, quando existem alças dilatadas ou distendidas por aumento do seu conteúdo hidroaéreo, é possível perceber estruturas de forma cilíndrica com características semelhantes às do ceco de pessoas normais. O fígado é o maior órgão do organismo, e seu peso, no adulto, varia de 1.400 a 1.600 g. Estende-se do hipocôndrio direito ao esquerdo. Seu limite superior situa-se no 5 o espaço intercostal direito; seu lobo direito é recoberto pelo pulmão, pleura e diafragma até a 8 a costela. Exame físico: Inspeção: Somente grandes nódulos ou massas na superfície hepática podem ser percebidos à inspeção. Nestas condições, observa-se elevação ou abaulamento na área hepática (quadrante superior direito ou região epigástrica). A melhor maneira de examinar esta área é inspecionando-a lateral e tangencialmente. Percussão: A percussão visa determinar os limites superior e inferior do fígado e estabelecer o seu tamanho. Esta manobra é imprescindível para: (1) identificar o limite ou borda inferior, precedendo e orientando a palpação; (2) determinar a área hepática para biopsia; (3) certificarse do volume hepático. Nos casos de diminuição do volume do fígado, como ocorre nas cirroses, esta manobra é insubstituível. O limite superior é determinado pela percussão ao longo da linha hemiclavicular, no nível do 5 o espaço intercostal esquerdo, identificado pelo som submaciço. Este som corresponde à musculatura diafragmática sobre a cúpula hepática e é uma transição entre a sonoridade pulmonar e a macicez hepática. Palpaçãodo fígado: o método mais utilizado na prática é o de Lemos Torres, em que o examinador com a mão esquerda na região lombar direita do paciente tenta evidenciar o fígado para frente e com a mão direita espalmada sobre a parede anterior, tenta palpar a borda hepática anterior durante a inspiração profunda. Deve ser avaliado a borda hepática, se tem borda fina ou romba; regularidade da superfície, sensibilidade, consistência, presença de nodulações. Percussão na semiologia abdominal: A partir da percussão é possível identificar presença de ar livre, líquidos e massas intra-abdominais. A técnica é digito-digital, em que o examinador posiciona uma das mãos sobre o abdome e percute com o dedo indicador. • Som normal: maciço (baço e fígado), timpânico (vísceras ocas); • Percussão normal: macicez hepática no hipocôndrio direito; timpanismo no espaço de Traube, timpanismo nas demais regiões. • Massas abdominais sólidas ou líquidas (ascite) são maciços. • Timpanismo generalizado pode indicar obstrução
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