Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Intervenção de terceiros 10 Pode ser definida como uma oportunidade legalmente concedida à pessoa não participante de determinada relação jurídica processual para nela atuar ou ser convocado a atuar, na defesa de interesses jurídicos próprios. A intervenção pode ser: espontânea (relativa às situações nas quais o terceiro expressa vontade de intervir na ação em curso) e provocada (aqui seu ingresso é obrigatório, caso o juiz da causa compreenda que os requisitos legais foram preenchidos). O CPC autoriza a intervenção de terceiro como assistente, na qual se dá desde que o assistente seja juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma das partes do processo, ou seja, o assistido. O novo CPC permite que a intervenção de terceiro seja aplicável a todos os procedimentos, diferente do CP de 1973 que possuía restrições. Modalidades da intervenção de terceiro no CPC: Assistência: seria uma modalidade de intervenção de terceiros espontânea, cuja finalidade é que um terceiro estranho à relação processual auxilie a parte em uma causa em que tenha interesse jurídico. Realizado o pedido de assistência, as partes terão o prazo de 15 dias para impugná-lo, onde havendo a impugnação, o juiz solucionará o incidente sem suspender o processo. Caso não ocorra impugnação, o assistente ingressa no processo, recebendo-o no estado em que se encontre. Assistência simples: também denominado de assistente adesivo, seu objetivo é auxiliar o assistido no desenvolvimento processual, e assim, poderá requerer e produzir provas, recorrer e peticionar, mas não reconhecer o pedido. Ou seja, prende ajudá-la para que seja vencedora ao final do processo. O assistente simples atua como legitimado extraordinário no processo, já que atua em nome próprio em prol da defesa de direito de outras pessoas. Assistência litisconsorcial: nesse caso o assistente flui como litisconsorte e sentirá, diretamente, os efeitos da coisa julgada. Possui a finalidade de auxiliar uma das partes a vencer aquela demanda, pois tem interesse jurídico. O assistente defende o seu direito em litisconsórcio com o assistido, em juízo. Costuma ocorrer no polo ativo do processo. Denunciação a Lide: é o direito regressivo da parte que traz o terceiro eventualmente responsável pelo ressarcimento dos danos ocasionados pelo processo. Pode ser: - Incidente: instaurada em processo já existente. - Regressiva: fundada no direito de regresso da parte. - Eventual: relaciona-se com a demanda originaria e no caso de se constatar que não houve dano ao denunciante, a denunciação não terá sentido. - Antecipada: considerando a economia processual. O terceiro terá qualidade de parte, sendo vinculado à relação jurídica, se sua participação for requerida tempestivamente pelo Autor ou Réu e desde que citado regularmente. Hipótese de denunciação: Denunciação a lide pelo comprador evicto: Supondo que haja um imóvel em litígio entre dois particulares e um deles aliena o imóvel a terceiro. Posteriormente, é proferida decisão que determina que a casa é de quem não a alienou. Assim, o adquirente perde o imóvel, ocorrendo a evicção (perda do bem). Dessa forma, o adquirente, ora evicto, pode denunciar a lide em face do alienante. Denunciação do obrigado por lei ou contrato a indenizar regressivamente a parte: cabe em qualquer hipótese de direito regressivo previsto e lei ou contrato. A denunciação torna o denunciante e o denunciado litisconsortes na ação originária e na secundária. O denunciante é adversário do secundário, mas vale dizer que o denunciado não é titular do direito na demanda principal. Denunciação sucessiva: ocorre caso um denunciado na demanda originária denuncie também um terceiro. Esta denunciação só pode ocorrer uma vez. Chamamento ao processo: nesse caso não depende de concordância, sendo necessária uma citação válida para integrar o chamado ao processo. Hipóteses de cabimento: - chamamento do devedor, quando acionado o fiador, que serão responsáveis solidariamente pelo cumprimento da obrigação principal. - dos demais fiadores, quando a ação for proposta apenas contra um deles. - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica: permite desconsiderar a personalidade jurídica e, desse modo, responsabilizar pessoalmente o integrante da pessoa jurídica (sócio ou administrador) nos casos em que a lei autoriza. O incidente torna-se uma garantia ao credor para o recebimento do crédito a quem tem direito. Condicionada ao pedido da parte ou do MP, não podendo o juiz reconhecer de ofício. É requerida em qualquer fase do processo, inclusive na inicial, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. Após a instauração do incidente, suspende-se o processo principal, com a devida citação do terceiro, que deverá se manifestar em 15 dias e requerer as provas cabíveis, obedecendo ao contraditório e a ampla defesa. Ressalta-se que se o autor fizer o pedido de desconsideração na própria inicial, não será instaurado o incidente de desconsideração e, nesse caso, o sócio ou a pessoa jurídica será citada para contestar o feito, não havendo, dessa forma, suspensão do processo. Independente da fase do processo, o requerente deve apresentar os pressupostos legais específicos para solicitar a desconsideração da personalidade jurídica, dentre os quais, o de maior peso é a falta de patrimônio ou a inexistência de bens penhoráveis da Pessoa Jurídica. Com a conclusão da instrução, o juiz decidirá se vai acolher ou rejeitar o pedido de desconsideração. E, por se tratar de uma questão incidental, sem a resolução do mérito, o deferimento do pedido será uma decisão interlocutória, cabendo, portanto, Agravo de Instrumento. Mas, se a incidência tiver ocorrido no âmbito dos tribunais e a decisão for proferida por relator, deverá ser interposto Agravo Interno. Amicus curiae: é um terceiro que, espontaneamente, a pedido da parte ou por provocação do órgão jurisdicional, intervém no processo para fornecer subsídios que possam aprimorar a qualidade da decisão a ser proferida. A intervenção do amicus curiae não se confunde com a participação do perito. A perícia é meio de prova, e, pois, de averiguação do substrato fático. O perito é auxiliar do juízo. O amicus curiae, que é parte, dá a sua opinião sobre a causa, em toda a sua complexidade, sobretudo nas questões técnico- jurídicas. Além disso, não há honorários para o amicus curiae. A intervenção do amicus curiae passou a ser possível em qualquer processo, desde que se trate de causa relevante, ou com tema muito especifico ou que tenha repercussão social; sendo estes pressupostos alternativos. O amicus curiae pode ser pessoa natural pessoa jurídica ou órgão ou entidade especializado; desde que tenha representatividade e possa contribuir para a solução da causa. Essa representatividade é exigida, pois, precisa-se ter um vínculo com a questão litigiosa, de modo a que possa contribuir para a sua solução. Importante ressaltar o entendimento do STF (ADI 3.396) na qual pessoa física não pode ingressar com amicus curiae em caso de ação de controle concentrado de constitucionalidade. O STF negou o provimento de agravo apresentado por um procurador da Fazenda Nacional que pretendia ingressar como amicus curiae em ação ajuizada pelo Conselho Federal da OAB. Foi fundamentado que o procurador não possuía representatividade adequada para ser admitido como amicus curiae por ser pessoa física. Nada impede que haja mais de um amicus curiae no processo. A pluralidade de visões sobre o mesmo tema enriquece o debate e qualifica, necessariamente, a decisão judicial. A intervenção será autorizada pelo órgão jurisdicional, de oficio ou a requerimento do ente interessado ou das partes. O STF entendeu que o amicus curiae somente poderá requerer seu ingressono processo até a data em que o relator liberar o processo para a inclusão da pauta. A decisão que admite ou solicita a intervenção do amicus curiae é irrecorrível. A decisão que rejeita o pedido é recorrível. No entanto, o STF, em sede de repercussão geral, se manifestou em sentido contrario, pela irrecorribilidade da decisão que inadmitir a intervenção do amicus curiae. O amicus curiae terá o prazo de 15 dias para manifestar-se, contados da data da intimação da decisão que o admitiu. Nada impede que essa manifestação seja apresentada simultaneamente ao requerimento de ingresso no processo – inadmitindo o ingresso, a manifestação do amicus curiae será excluída dos autos. Para manifestar-se no incidente de repercussão geral em recurso extraordinário, interpor recursos ou fazer sustentação oral, o amicus curiae precisa estar representado por advogado. Por ser uma intervenção de terceiros, o amicus curiae vira parte, não sendo aplicáveis as regras de suspensão e impedimento. Atuará, em juízo, na defesa dos interesses que patrocina. O CPC determina que essa intervenção não implica em alteração de competência em razão da pessoa. Podem-se tirar alguns poderes dele, como, a legitimidade recursal, ressalvando duas exceções: garante o direito de opor embargos de declaração e de recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. Em razão da existência de casos repetitivos, a permissão de interposição de recursos deve estender-se ao julgamento de recursos especiais ou extraordinários repetitivos. Cabe ao relator ou juiz definir os poderes processuais do amicus curiae. Mas nessa limitação o juiz não poderá restringir o “núcleo essencial ineliminável” de poderes do amicus curiae: a) manifestação por escrito em 15 dias; b) legitimidade para opor embargos de declaração e interpor recursos contra acórdão que julgar casos repetitivos. Nada impede que o Regimento Interno do Tribunal atribua, genericamente, poderes processuais ao amicus curiae. As partes não podem limitar os poderes do amicus curiae ou negociar para impedir a sua participação. Mas é licito um negocio processual plurilateral, de que faça o amicus curiae, para organizar a forma de sua manifestação – por escrito, oralmente etc. O juiz não pode ignorar a manifestação do amicus curiae. A omissão judicial abre a oportunidade para oposição de embargos de declaração pelo amicus curiae. O CPC admite intervenção de amicus curiae em processo administrativo, sobretudo naqueles aptos à formação de um precedente administrativo obrigatório. Intervenção anômala: aplica-se a qualquer pessoa jurídica de direito público, incidindo em todos os tipos de demanda, ainda que a causa envolva apenas particulares. A União poderá intervir nas causa em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedade de economia mista e empresas públicas federais. As pessoas jurídicas de direito público poderão a intervir em causa cuja decisão possa ter reflexo, ainda que indiretos, de natureza econômica, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.
Compartilhar