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Intervenção de Terceiros CPC


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INTERVENÇÃO DE TERCEIROS CPC/2015
Intervenção de Terceiros pode ser conceituada como oportunidades legalmente concedidas à pessoa não participante de determinada relação jurídica processual para nela atuar ou ser convocado a atuar, na defesa de interesses jurídicos próprios.
A doutrina divide as Intervenções em Espontâneas e Provocadas, entende-se que as Intervenções de Terceiros Espontâneas são aquelas de iniciativa de terceiros que não façam parte da relação processual, sendo o caso da Assistência e do Amicus Curiae.
Entende-se por Intervenções de Terceiros Provocadas aquelas que ocorrem quando uma das partes do processo, chama um terceiro estranho à relação para integrá-la, assim, as modalidades de Denunciação da Lide, Chamamento ao Processo e Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica e o Amicus Curiae, este último sendo considerado uma figura híbrida.
Seguem detalhadas em seguida:
• Amicus Curiae (art 138 CPC/2015)
É uma modalidade de intervenção, tanto espontânea quanto provocada, onde um terceiro, sem interesse jurídico, irá instruir o poder judiciário para que a decisão por este proferida seja mais qualificada, motivada. Ou seja, o Amicus Curiae irá qualificar o contraditório trazendo mais subsídios para a decisão do juiz, apresentando dados proveitosos à apreciação da demanda, defendendo, para tanto, uma posição institucional. A partir do Novo Código, tal intervenção pode ser aplicada em todos os graus de jurisdição. Ressalta-se que o Amicus Curiae não pode ter interesse jurídico na causa, apenas institucional, pois se assim fosse, estaríamos diante de outra modalidade de intervenção, a Assistência.
JURISPRUDENCIA: 
DIREITO COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. PATENTE PIPELINE. PRAZO.CONTAGEM. AMICUS CURIAE. INTERESSE PÚBLICO. REQUISITOS. ASSISTÊNCIA.PEDIDO. TERCEIRO INTERESSADO. NECESSIDADE. INTERESSE JURÍDICO.LIMITES. 1. Nos termos do art. 230 da Lei nº 9.279/96, a revalidação patentária pipeline é conferida pelo prazo remanescente que a patente tem no exterior, a contar do primeiro depósito do pedido de proteção da patente. Precedentes. 2. A intervenção do amicus curiae no processo deve se ater ao interesse público do processo submetido à análise judicial, sobre o qual se legitima a participação processual do terceiro. 3. O interesse institucional pode eventualmente caracterizar-se como público, desde que transcenda o interesse individual do próprio amicus curiae. 4. O pedido de assistência exige a iniciativa do terceiro, que deve peticionar expondo os fatos e as razões pelas quais considera ter interesse jurídico na demanda. 5. Recurso especial parcialmente provido.
(STJ - REsp: 1192841 RJ 2010/0077745-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 16/12/2010, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/05/2011)
• Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica (arts. 133 a 137 CPC/2015) 
A desconsideração da personalidade jurídica é instituto que autoriza imputar ao patrimônio particular dos sócios, obrigações assumidas pela sociedade, quando e se a pessoa jurídica houver sido utilizada abusivamente, como no caso de desvio de finalidade, confusão patrimonial, liquidação irregular, dentre outros. Contempla, também, a chamada desconsideração inversa, em que se imputa ao patrimônio da sociedade o cumprimento de obrigações pessoais do sócio. Tal modalidade de intervenção terá grande impacto na área empresarial, sobretudo na recuperação judicial, pois em havendo o concurso de credores, aquele que pedir por primeiro o incidente também terá a preferência sobre os bens encontrados.
JURISPRUDENCIA: 	
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - ADMISSIBILIDADE - Abuso da personalidade jurídica pela confusão patrimonial - Preenchimento dos requisitos do art. 50, do Código Civil - Possibilidade de inclusão dos sócios no polo passivo, em razão da responsabilidade solidária e ilimitada, como já previa o art. 10 do Decreto nº 3.708/19, reiterado pelo art. 1.080 do Código Civil - Responsabilidade patrimonial que deve ser reconhecida, nos termos do art. 790, VII, CPC - Incidente de desconsideração da personalidade jurídica que deve ser acolhido - RECURSO PROVIDO.
(TJ-SP 20699694420188260000 SP 2069969-44.2018.8.26.0000, Relator: Sérgio Shimura, Data de Julgamento: 13/07/2018, 23ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 13/07/2018)
• Assistência (art 119-124 CPC/2015) 
A finalidade é que um terceiro estranho a relação processual auxilie a parte em uma causa em que tenha interesse jurídico. Tal modalidade poderá ser admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição. Pode se dar de duas formas: simples e litisconsorcial. A Assistência Simples é aquela realizada por terceiro que pretende, apenas, auxiliar uma das partes da vitória do feito, estando disciplinada nos artigos 121 à 123 do NCPC. A Assistência Simples é aquela realizada por terceiro que pretende, apenas, auxiliar uma das partes da vitória do feito, estando disciplinada nos artigos 121 à 123 do NCPC. O assistente simples exercerá os mesmos poderes e estará sujeito aos mesmos ônus processuais que o assistido, ou seja, não poderá exercer os atos praticados pelo assistido, por exemplo, caso o assistido não recorra de determinada decisão, o assistente não poderá recorrer. Assistência Litisconsoricial restará configurada quando o terceiro intervir no processo com a intenção de formar um litisconsórcio ulterior, sempre que a sentença irá influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. Isto ocorre, pois o assistente litisconsorcial tem relação direta com a parte adversa do assistido. Neste caso o assistente defende direito seu em juízo, em litisconsórcio com o assistido.
JURISPRUDENCIA: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. COBRANÇA DE SEGURO. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. INTERLOCUTÓRIA QUE DECLINOU DA COMPETÊNCIA E DETERMINOU A REMESSA DO FEITO À JUSTIÇA FEDERAL, APÓS PEDIDO DA RÉ DE INCLUSÃO DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL NA LIDE. INTERESSE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA FEDERAL INEXISTENTE. CONTRATO INSERIDO NO PERÍODO TEMPORAL AUTORIZATÓRIO, PORÉM AUSENTE DEMONSTRAÇÃO DE QUE A APÓLICE PÚBLICA COMPROMETA O FCVS, COM RISCO DE EXAURIMENTO DO FESA. REQUISITOS TRAÇADOS PELO STJ. INTERVENÇÃO DA CEF, ADEMAIS, QUE SE DÁ NA MODALIDADE DE ASSISTÊNCIA SIMPLES, ESPONTÂNEA E VOLUNTÁRIA. MEDIDA DECRETADA A PEDIDO DE EVENTUAL ASSISTIDO. DECISÃO CASSADA. Apesar de haver prova de que a apólice é pública (Ramo 66), bem como que o contrato firmado data de agosto de 1989 - inserido, portanto, no lapso compreendido entre as edições da Lei n. 7.682, de 02-12-1988, e da MP n. 478, de 29-12-2009 -, a decisão que remete o processo à Justiça Federal configura-se incorreta na hipótese de não haver prova consistente do comprometimento do FCVS, com risco efetivo demonstrado de exaurimento da reserva técnica do Fundo de Equalização de Sinistralidade da Apólice - FESA. Firmada a modalidade de intervenção de terceiros da CEF - em lides desse comento pelo STJ - na condição de assistente simples, deve haver por parte da instituição financeira a demonstração voluntária e espontânea de seu interesse jurídico, apto a autorizar seu ingresso na lide no estado em que se encontra - sem anulação dos atos anteriores -, razão pela qual se mostra ilegal a decisão que reconhece, após provocação da eventual assistida (seguradora) - e não da assistente -, a competência da Justiça Federal. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
(TJ-SC - AG: 20130438010 SC 2013.043801-0 (Acórdão), Relator: Odson Cardoso Filho, Data de Julgamento: 11/06/2014, Quinta Câmara de Direito Civil Julgado)
• Denunciação da Lide (art 125-129 CPC/2015) 
É a forma de intervenção de terceiros na qual estes são chamados ao processo na qualidade de litisconsorte da parte que o chamou. A denunciação da lide serve para que uma das partes possa exercer contra terceiros seu direito de regresso, sendo utilizada nas ações reivindicatórias ou de domínio. Tal modalidade de intervenção de terceiro é admissível, por exemplo, ao alienante, na ação em queterceiro reivindica a coisa cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção lhe resulta. A denunciação da lide consiste em uma ação regressiva, dentro de um mesmo processo. Tal ato pode ser proposto tanto pelo autor como pelo réu, sendo citada aquela pessoa contra quem o denunciante terá uma pretensão indenizatória de reembolso, caso venha a sucumbir na ação principal. Cabível somente em ações ordinárias.
Segundo Dinamarco,“converte-se, na verdade, numa propositura de uma ação de regresso antecipado, para a eventual condenação de sucumbência por parte do denunciante”.
Em suma, pode-se entender denunciação da lide quando, a parte que pretender sentença que envolva, além da causa principal, também o direito de regresso contra o terceiro responsável pela garantia de seu direito envolvido no litígio, terá obrigatoriamente que fazer uso da denunciação da lide.
Vale ressaltar que ao se falar em denunciação da lide, entende-se o ato que tem como fim precípuo exercer o direito de regresso no mesmo processo em que será julgada a demanda nova, sem que haja origem a um novo processo; visto que esta modalidade de intervenção de terceiro é desenvolvida na mesma base procedimental em que decorre a causa principal.
Há uma inovação nesta modalidade, no NCPC, ao deixar de torná-la obrigatória, e sendo cabível apenas em duas hipóteses:
•	Ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido para denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam, neste caso, é permitido uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato da cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação;
•	Àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.
JURIPRUDENCIA:
DENUNCIAÇÃO DA LIDE
- Cabimento - Contratação de serviço de transporte de carga - Discussão envolvendo danos por avaria - Hipótese em que, se vencida a recorrente, a responsabilidade da litisdenunciada é decorrente - Princípios da economia e celeridade processuais a evitar duplicação de lides pelo mesmo fato - Decisão reformada - Agravo de instrumento provido para admitir a denunciação da lide.
(TST Processo:RR 11889820135120006,Orgão Julgador;8ª Turma,PublicaçãoDEJT: 01/07/2016,Julgamento:29 de Junho de 2016,Relator:Márcio Eurico Vitral Amaro)
•	Chamamento ao Processo (art 130-132 CPC/2015)
Trata-se de direito do réu de chamar, para ingressar no polo passivo da demanda, os corresponsáveis por determinada obrigação. Diferencia-se da denunciação da lide, uma vez que nesta se tem a ação de regresso e deve-se demonstrar que o denunciado é que deverá responder pela condenação, no chamamento ao processo a condenação é automática, estando, portanto, ligado a ideia de solidariedade. Não é uma modalidade de intervenção obrigatória, podendo ser feito apenas pelo Réu, tendo por fim a economia processual, visto que não seria necessário um novo processo de cognição exauriente para regular a corresponsabilidade. Tem cabimento nas seguintes hipóteses:
-Do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
-Dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
-Dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
O chamamento ao processo deve ser realizado pelo réu no ato da contestação, sob pena de preclusão. Se não realizar o pedido na contestação, em caso de sucumbência, terá que ajuizar nova ação contra os corresponsáveis. Além disso, a citação deverá ser promovida em 30 dias sob pena de ficar sem efeito o chamamento, sendo tal prazo é peremptório, portanto, e corre a partir do despacho do juiz que deferir a citação dos corresponsáveis. O prazo de 30 (trinta) dias, todavia, não é para a realização do ato em si, mas sim para que o réu implemente as condições necessárias a realização da citação, como pagamento de custas, cópias, endereços e etc. Por fim, a sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, na proporção da sua quota.
JURISPRUDENCIA:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CHAMAMENTO AO PROCESSO. EMPRESA LOCADORA E PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO. SÚMULA 479 DO STF. POSSIBILIDADE DE CHAMAMENTO AO PROCESSO. DECISÃO REFORMADA. 1. A ampliação do polo passivo poderá lhe oferecer condições melhores de ser celeremente indenizado pelos prejuízos, caso reconhecida a responsabilidade civil aquiliana do réu, bem assim coibir a propositura de novo feito para análise dos mesmos fatos. 2. A parte agravante juntou às fls. 260/272 dos autos principais o contrato celebrado com a empresa locatária, e, nos termos da Súmula 479 do E. Supremo Tribunal Federal: "A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado". 3. Destaca-se que a medida encontra amparo no artigo 130, III, do Código de Processo Civil de 2015, referente ao instituto do chamamento ao processo. 4. Recurso provido.
(TJ-SP - AI: 21848657120168260000 SP 2184865-71.2016.8.26.0000, Relator: Artur Marques, Data de Julgamento: 05/12/2016, 35ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 05/12/2016)
Referencias bibliográficas:
DIDIER, Fredier, Junior. Curso de Direito Processual Civil. V. 1. 15 ed.Salvador: JusPodivm, 2013
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro,São Paulo: Atlas, 2015.
FLEXA,Alexandre. Et. Al. Novo Código De Processo Civil. Salvador: Editora JusPodvim, 2015
THEODORO Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. I . 56. ed. rev., atual. e ampl.– Rio de Janeiro: Forense, 2015
NEVES, Daniel Amorim, Manual de Direito Processual Civil. 8 ed., São Paulo: Método, 2016