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1 BRUNO HERBERTS SEHNEM – ATM 2023/2 BEXIGA URINÁRIA A neoplasia maligna de bexiga é uma das neoplasias malignas mais frequentes no Brasil. A principal manifestação clínica é a hematúria. Os principais fatores de risco são alcoolismo e tabagismo. Histologia: A pelve renal, os ureteres, a bexiga e a uretra têm o mesmo revestimento epitelial, o urotélio. Portanto, ele representa o epitélio de revestimento de todo o trato urinário. A lesão neoplásica maligna do urotélio é chamada de carcinoma urotelial. A mucosa da bexiga urinária apresenta vários componentes: células em guarda- chuva, células uroteliais, membrana basal, lâmina própria, muscular da mucosa e muscular própria. As células em guarda-chuva são as células mais superficiais da mucosa da bexiga urinária e estão em contato direto com o lúmen vesical. A proliferação de células em guarda-chuva indica processos benignos. Quando a neoplasia maligna de bexiga avança até a muscular da mucosa, não há necessidade de cistectomia (remoção cirúrgica da bexiga). Quando a neoplasia maligna de bexiga invade a muscular própria, há necessidade de cistectomia. A camada muscular própria forma o músculo detrusor da bexiga urinária. Cistites: Quando o paciente apresenta cistite de repetição, ele deve ser submetido ao exame de cistoscopia para avaliar a bexiga urinária em busca de possíveis lesões neoplásicas ou pré-neoplásicas no órgão. Os pacientes que fazem cistite de repetição podem desenvolver metaplasia escamosa do urotélio. A metaplasia escamosa, quando da persistência de agressão crônica à mucosa da bexiga urinária, pode evoluir para carcinoma de células escamosas, embora seja exceção à regra, visto que a neoplasia maligna de bexiga mais frequente é o carcinoma urotelial. Cistite Aguda: Inflamação aguda da bexiga urinária. A principal causa é a infecciosa. É sempre importante solicitar EQU e urocultura para determinar o agente etiológico e prescrever o antibiótico mais adequado para o tratamento. Na microscopia, observa-se vasodilatação, edema e presença de células inflamatórias polimorfonucleares. Cistite Crônica: Inflamação crônica da bexiga urinária. A principal manifestação clínica é a disúria de repetição. Na microscopia, observa-se presença de células inflamatórias mononucleares. Os pacientes podem apresentar cistites de repetição devido ao desenvolvimento de cepas bacterianas resistentes aos antibióticos mais utilizados. Proliferações: Hiperplasia: Proliferação do epitélio de revestimento da bexiga urinária, ou seja, proliferação de células uroteliais. As hiperplasias são mais comuns no óstio uretral e nos óstios ureterais da bexiga, locais que estão em maior contato com agentes agressores. Cistite Cística: Formação de cistos em resposta à lesão crônica da mucosa da bexiga (cistites de repetição). Cistite Glandular: Formação de estruturas glandulares em resposta à lesão crônica da mucosa da bexiga (cistites de repetição). Metaplasia Escamosa: Lesão caracterizada por substituição de células uroteliais por células escamosas de 2 BRUNO HERBERTS SEHNEM – ATM 2023/2 forma a produzir um epitélio mais resistente em resposta à lesão crônica da mucosa da bexiga (cistites de repetição). A região anatômica mais frequente de desenvolvimento de metaplasia escamosa é o trígono vesical. Neoplasias: Não existem exames de rastreamento para câncer de bexiga urinária. Os exames são realizados apenas quando o paciente apresenta sintomas e fatores de risco para o desenvolvimento de neoplasia de bexiga. As neoplasias de bexiga urinária representam cerca de 7% de todas as neoplasias diagnosticadas. Representam 3% das mortalidades por câncer. A maioria têm origem epitelial. Os carcinomas uroteliais representam 95% das neoplasias malignas vesicais. As neoplasias malignas vesicais de origem mesenquimal representam apenas 5% dos casos. A incidência é maior em homens. A maioria dos pacientes (80%) têm entre 50 e 80 anos de idade. Os casos familiares são raros. Os principais fatores de risco são tabagismo, arilaminas (corantes utilizados em sucos), infecção por Schistosoma haematobium e radioterapia pélvica. A infecção por Schistosoma haematobium é endêmica no Egito. Ela causa metaplasia escamosa e displasia progressiva da mucosa da bexiga urinária de modo que a neoplasia maligna de bexiga mais comum no Egito é o carcinoma de células escamosas. As principal manifestação clínica é a hematúria indolor. Outros sintomas comuns são disúria, poliúria, urgência urinária e pielonefrite. No momento do diagnóstico, 60% das neoplasias são únicas e 70% estão localizadas unicamente na bexiga. A maioria não apresenta metástase. O prognóstico é bom. O principal desafio desse tipo de neoplasia é o diagnóstico precoce. Tumores Uroteliais: Representam 90% das neoplasias vesicais. As lesões displásicas precursoras do carcinoma urotelial são: tumores papilares não invasivos e carcinoma urotelial plano não invasivo. Essas lesões são restritas ao epitélio urotelial e não invadem a membrana basal. Elas podem ser classificadas em displasias de alto grau e de baixo grau. A maioria dos tumores uroteliais localiza-se nas paredes laterais e posterior da bexiga urinária. As lesões papilares são exofíticas, pois projetam-se em direção ao lúmen vesical. As lesões planas apresentam padrão infiltrativo, pois não se projetam em direção ao lúmen vesical. A característica que diferencia os tumores uroteliais em benignos e malignos é a presença de células em guarda-chuva nos tumores benignos e a ausência nos tumores malignos. Os principais tipos histológicos de tumores uroteliais são: - Papiloma: lesão benigna; representa 1% das neoplasias de bexiga; mais comum em pacientes jovens; estruturas delicadas, exofíticas e pediculadas com núcleo central fibrovascular; urotélio normal, com presença de células em guarda-chuva. 3 BRUNO HERBERTS SEHNEM – ATM 2023/2 - Carcinoma urotelial papilar de baixo grau: lesão displásica papilar que normalmente não invade a membrana basal; arquitetura preservada; citologia preservada; polaridade preservada; atipia nuclear mínima; raras mitoses; ausência de células em guarda-chuva; podem regredir; podem invadir a membrana basal em 10% dos casos. - Carcinoma urotelial papilar de alto grau: lesão displásica papilar que invade a membrana basal; células descoesas (descamação de células malignas para a urina); núcleo aumentado; hipercromasia nuclear; anaplasia em alguns casos; mitoses frequentes; perda da polaridade celular; ausência de células em guarda-chuva; 80% das lesões são invasivas; apresenta potencial metastático. - Carcinoma urotelial plano ou “in situ”: displasia plana de alto grau; malignidade citológica; ausência de células em guarda- chuva; células descoesas (descamação de células malignas para a urina); 50% a 75% das lesões evolui para carcinoma invasivo. - Carcinoma urotelial invasivo: lesão maligna que invade a muscular da mucosa. Pacientes com tumores uroteliais, qualquer que seja o seu grau, têm tendência a desenvolver novos tumores após a excisão, e as recorrências podem exibir maior grau histológico. O prognóstico depende do grau histológico e do estágio do tumor no diagnóstico. As variáveis mais importantes que devem ser avaliadas para determinar o prognóstico do tumor são o tamanho do tumor, o estadiamento (TNM), a presença de tumor solitário ou múltiplo e a presença de achados displásicos.
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