Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Izabelle Santana Turma XXIV 1 Tumores Intestinais Microscopia do intestino delgado: Apresenta vilosidades (projeções em direção à luz da mucosa intestinal); Na borda luminal, o ápice da célula cilíndrica que forma o revestimento, apresenta microvilosidades = borda em escova (é bem eosinofilica); Se tiver borda em escova é intestino delgado; A mucosa do intestino grosso não tem vilosidades. Neoplasia do Intestino Delgado De 3 a 6% dos tumores intestinais ocorrem no intestino delgado. Predomínio de neoplasias benignas; É raro ter neoplasias malignas em intestino delgado; Principalmente linfomas ou carcinoides, adenocarcinoma é difícil de ocorrer; Adenocarcinomas são mais comuns no intestino grosso, principalmente cólon. Na neoplasia de estômago e duodeno faz-se a endoscopia e biopsia; Na neoplasia de reto, sigmoide, colo, ceco e íleo terminal faz-se a colonoscopia; Na neoplasia de jejuno é mais difícil fazer a biópsia e diagnóstico, pois a enteroscopia não é muito comum; Muitos médicos confundem tumor com a doença de Crohn (doença inflamatória que pode formar uma massa que obstrui a luz do intestino). Fatores de Risco Doenças inflamatórias intestinais são os principais fatores de risco para formação de neoplasias; 1. Doença de Crohn, aumenta o risco em 6 vezes; 2. Retocolite ulcerativa inespecífica, aumenta a incidência do adenocarcinoma do íleo terminal; 3. Síndromes de má-absorção, aumenta a quantidade de linfócitos na mucosa intestinal, aumenta a incidência de linfomas (linfoma T primário intestinal); 4. Polipose adenomatosa familiar, mais de 100 pólipos no colón; adenocarcinomas podem surgir de adenomas do intestino delgado (mutação na via APC). Izabelle Santana Turma XXIV 2 Adenocarcinoma Mais comum na 6 e 7 décadas de vida; Associado a Síndrome de Lynch (autossômica dominante) – perda da função do p53 aumenta a incidência de diversos tumores, entre eles o adenocarcinoma – carcinogênese não poliposa; Assintomáticos, diagnóstico geralmente é feito quando já tem metástase. Preferencialmente nos seguimentos proximais; 63% no duodeno; 20% no jejuno; 15% no íleo. Adenocarcinoma de Papila Duodenal Neoplasia maligna de duodeno está relacionada a simbiose na papila, “simbiose bilio- pancreato-duodenal”; Precedido por adenoma de padrão viloso; Segunda porção do duodeno; Compromete o duodeno e a via biliar (ducto colédoco e pancreático); Clínica de pacientes com adenoma na ampola de Valter – icterícia obstrutiva; Presença de epitélio de várias linhagens: (1) epitélio da via biliar e (2) revestimento das glândulas duodenais. Tumores Neuroendócrinos ou Carcinóides Tumor epitelial de função neuroendócrina (origem na crista neuroectodérmica); São mais agressivos no jejuno e íleo quando comparados aos tumores neuroendócrinos do estômago, reto, apêndice; Podem ser indolentes, de crescimento lento e assintomático, ou agressivos quando produzem e secretam aminas vasoativas (5TH ou serotonina); Glândula endócrina sempre muito vascularizada, assim os tumores também possuem rica trama vascular, como hormônios sendo liberados causando repercussão sistêmica; Multicêntricos (20-30%) – vários tumores ao longo do trato gastrointestinal; Tumores maiores que 2 cm geram metástase em 90% dos casos. Clínica Síndrome carcinoide; o Presente em 2/3 dos pacientes, caracteriza-se por fogachos, manchas avermelhadas pelo corpo (vasodilatação), broncoespasmo, episódios de diarreia e cólica; em fases avançadas pode haver insuficiência cardíaca direita e dispneia. o Ocorre pelo excesso de serotonina e 5HT circulantes. Mais frequente em: Íleo; Jejuno; Duodeno distal (inverso do adenocarcinoma); O fator prognóstico mais importante é a localização. Izabelle Santana Turma XXIV 3 Obs.: tumor carcinoide é a mesma coisa que carcinoma neuroendócrino; o tumor carcinoide é o carcinoma neuroendócrino grau 1. Morfologia Macroscopia – massa submucosa de coloração amarelada e firme (a célula é produtora de uma substância que fica armazenada na forma de proteínas = hormônios); diferente do adenocarcinoma (forma glândulas). Microscopia – núcleos das células neuroendócrinas tem aspecto de sal e pimenta, pontilhados de cromatina dispersa; o Pode ganhar atipias, necrose em carcinoma de alto grau; o Células epiteliais monótonas, formando ilhotas/blocos/trabéculas de células com o centro rico em vasos sanguíneos, estroma vascularizado, podem também formar glândulas. o Usa-se imuno-histoquímica para fechar o diagnóstico. Linfomas Podem estar relacionados a doenças de má absorção, como doença celíaca e spru tropical; No intestino delgado, a maior incidência é o linfoma não Hodgkin; Mais frequente em: o Ílio; o Jejuno; o Duodeno (semelhante ao carcinoide); Pode ocorrer em crianças e adultos, variando com o subtipo/imunofenótipo; o Linfoma de células B da zona marginal do tipo MALT – linfoma não Hodgkin de baixo grau. demora muito para ser agressivo. Só se torna agressivo em indivíduos imunocomprometidos. o Linfoma difuso de grandes células B – pode vir do MALT, é uma transformação chamada de síndrome de Richter. o Linfoma associado a célula T primário – em indivíduos mais jovens com doença celíaca refrataria. o Linfoma não Hodgkin de Burkitt – em crianças no Brasil. ∙ Infecção pelo EBV pode dar linfoma de Burkitt no ID; ∙ Pode estar relacionado também ao HIV. Izabelle Santana Turma XXIV 4 Tumor Estromal Gastrointestinal GIST Origem nas células intersticiais de Cajal; São neoplasias mesenquimais, as mais comuns no íleo; o Íleo (53%); o Jejuno (37%); o Duodeno (10%). Pode ser muito pequeno ou gigante com mais de 30 cm; Pode se comportar como um sarcoma ou como uma neoplasia benigna. Patogenia Ocorre mutação do gene que codifica essa enzima tirosina-quinase e leva a proliferação e sobrevivência de células tumorais; Ativação do c-KIT. Maligno Maior de 30 cm com mucosa ulcerada. Benigno Menor de 30 cm com mucosa integra; Bem delimitado, restrito a mucosa, não tem necrose/hemorragia. Microscopia Células fusiformes ou células epitelióides; Proliferação de células fusiformes formando feixes entrelaçados em diversos sentidos; Analisar mitoses, anaplasias e necrose para considerar malignidade. Clínica Massa palpável, sangramento e emagrecimento. Prognóstico Tamanho, índice mitótico e localização; Pior – acima de 10 cm, maior número de mitoses e no intestino médio. Em doença metastática usa-se a droga Imatinib (inibidor da tirosinaquinase); essa droga também é utilizada em leucemia mielóide crônica, pode reverter a alteração do cariótipo. Izabelle Santana Turma XXIV 5 Tumores de Intestino Grosso O epitélio normal não tem pilos, tem colônias e muitas glândulas para formação de muco; Carcinoma colorretal é uma das mais prevalentes neoplasias nos sexos masculino e feminino; O colón apresenta alta incidência de neoplasia primária; Os tumores benignos, pólipos e lesões pré-malignas (adenomas), incidem em 25% a 50% dos idosos. Pólipos É uma lesão vegetante que se projeta a partir da mucosa em direção à luz intestinal; Presume-se que comece como pólipo pequeno e séssil e que com a tração exercida pelo “bolo alimentar/ fecal” sobre ele, torne-se alongado, em forma de haste, constituindo assim a forma de pólipo pediculado. o Pólipo séssil – não tem pedículo, é uma implantação na mucosa de base larga. o Pólipo pediculado – tem uma haste; fica pendurado com uma ponta. Pólipos benignos são comuns e podem ocorrer em qualquer fase da vida; Na microscopia é um tecido conjuntivo vascularizado, revestido por mucosa. Tipos de pólipos não neoplásicos: Hiperplásico (90%); Juvenil ou Hamartomatoso; Peutz Jeghers; Inflamatório; Linfóide. Pólipo hiperplásico Do estômago até o intestino grosso, mais frequente no colón; Não tem displasia epitelial; O tipo mais frequente; comum em idosos; Lesões pequenas (normalmente não passa de 1 cm) vistas na colonoscopia; Constituídas por glândulas normais (sem displasia); Normalmente são múltiplos. Izabelle Santana Turma XXIV 6 Pólipo juvenil ou hamartomatoso Hamartoma, componente da víscera em disposição irregular; Pode ocorrer em qualquer órgão que apresenta mistura dos próprios constituintes celulares de forma desorganizada; Diagnosticado na infância, acontece mais no reto de bebês; Mucosa do colón cisticamente dilatada, formando estrutura polipoide que as vezes se exterioriza – grandes lesões constituídas por glândulas dilatadas. Pólipo de Peutz-Jeghers Síndrome de Peutz-Jeghers, herança autossômica dominante; Hamartoma é caracterizada por desorganização de células, envolvendo mucosa, lâmina própria e muscular, forma como se fosse o galho de uma árvore; Pigmentação melânica aumentada na pele e mucosa; Maior risco de carcinoma de pâncreas, mama, pulmão, ovário, útero. Pólipo inflamatório Relacionado as doenças inflamatórias intestinais – retocolite ulcerativa; Acontece pela degeneração na periferia da área da erosão superficial da mucosa. Pólipo linfóide Hiperplasia de folículos linfoides e placas de Peyer (íleo terminal); Ocorre nas disenterias e nos processos infecciosos. Pólipos neoplásicos – adenomas Lesão pré-maligna; Neoplasias benignas com proliferação de glândulas e estroma escasso; Originam-se de displasia proliferativa epitelial e são precursores dos adenocarcinomas; Comum em idosos acima de 60 anos (50%). Tipos de Adenomas Viloso – padrão digitiforme, formando projeções em forma de vilos, em geral maiores. o Base larga e sésseis; o Quando a displasia é acentuada, maior possibilidade de infiltração da submucosa; Tubular – superfície levemente lobulada, bocelada; o Em geral pediculados e base estreita; o Mesmo com displasia acentuada, demora mais para infiltrar a submucosa. Tubular/viloso – mistura dos dois tipos anteriores, podem ser extensos. Izabelle Santana Turma XXIV 7 Precursores de adenocarcinomas Risco de carcinoma relacionado com tamanho, arquitetura histológica e gravidade da displasia; Adenomas tubulares são pequenos e tornam se pediculados ao crescerem; Adenomas vilosos são grandes e sésseis; Adenomas vilosos maiores, com atipias mais acentuadas têm maior probabilidade de displasia e/ou carcinoma. Adenoma – hipercromasia, perda de células caliciformes, proliferação de células atípicas. Essa atipia é graduada nos pólipos retirados; Avaliar histologia da base do pedículo, e quando o pólipo é séssil raspa-se a mucosa (mucosectomia) para fazer a avaliação. Critérios do adenoma Comuns no cólon, isolados ou múltiplos; Caracterizam se pela presença de displasia epitelial – células altas, núcleos pseudoestratificados e hipercromáticos com mitoses atípicas; Displasia de baixo grau histológico – atipia citoarquitetural glandular leve ou moderada; Displasia de alto grau histológico – atipia citoarquitetural glandular acentuada; Todo adenoma com displasia pode evoluir para um carcinoma intra-mucoso ou até adenocarcinoma invasivo. Manifestação clínica dos pólipos Podem ser assintomáticos, ter anemia (sangramento oculto) ou sangramento (enterorragia); Retirado com ressecção endoscópica e mucosectomia; Os maiores necessitam de cirurgia. Risco de transformação maligna: Menor em adenomas tubulares < 1 cm. Alto (40%) em adenomas sésseis vilosos > 4 cm. Displasia acentuada, frequente nas áreas vilosas. PAF – Polipose Adenomatosa Familiar Herança autossômica dominante. Até os 30 anos, 100% vão desenvolver o carcinoma; É a polipose mais comum, sua prevalência é estimada em 1:5000 a 1:17000 Causada por mutação no gene supressor de tumor APC, os indivíduos perdem a proteção que esse gene é responsável; A maioria dos pacientes pediátricos com PAF são assintomáticos, evolução é baseada na sua história familiar. Algum pólipo pode sangrar e gerar sintomas; Pólipos colônicos benignos costumam aparecer em torno dos 16 anos; Sua principal característica é o desenvolvimento de grande número de pólipos colorretais e estes pólipos adenomatosos inevitavelmente evoluem para câncer colorretal; O diagnóstico é feito na colonoscopia. Izabelle Santana Turma XXIV 8 Em associação com os pólipos gastrointestinais, há numerosas manifestações extra intestinais da PAF aumentando o risco de câncer cerebral, de tireoide, hepático e pancreático. CRITÉRIO para o DIAGNÓSTICO de PAF: presença de mais de 100 pólipos adenomatosos no cólon e reto. Síndromes Polipósicas SÍNDROME DE PEUTZ-JEGHERS Aumento da pigmentação melânica em pele e mucosas; aumento da incidência de carcinoma (pâncreas, pulmão, mama, ovário e útero). SÍNDROME DE GARDNER Osteomas, fibromatose, aumento da incidência de carcinoma tireoide e duodeno. SÍNDROME DE TURCOT Rara, possui adenoma de colón e tumores do SNC. Carcinoma colorretal Mais comum em pacientes acima de 50 anos, homens; Originam-se de pólipos e lesões pré-malignas; Patogenia: Fatores dietéticos – baixa ingestão de fibras vegetais e vitaminas A/C/E, alto conteúdo de carne vermelha e carboidratos refinados. Genética: 1. Síndromes poliposas 2. Hereditária Fatores de risco: o Idade superior a 60 anos o Parentes de 1 º grau com câncer de intestino o Síndromes genéticas (PAF e outras) o Doença inflamatória crônica do intestino (colite ulcerativa ou doença de Crohn o Consumo excessivo de bebidas alcoólicas e gordura animal o Tabagismo o Obesidade Fatores de proteção: o Legumes frutas e verduras o Carotenóides e fibras o Atividade física o AINES (COX2). Izabelle Santana Turma XXIV 9 Carcinogênese Colorretal Associação adenoma – adenocarcinoma: o Os adenomas ocorrem em média 5 anos antes dos adenocarcinomas; o 1/3 das ressecções cirúrgicas de carcinoma colorretal incluem pólipos adenomatosos; o Programas de triagem dos adenomas (colonoscopia) reduz o aparecimento do carcinoma colorretal; o Coincidência geográfica/populacional entre a incidência aumentada de adenoma e adenocarcinoma. Carcinogênese molecular o Mutações do gene APC (supressor tumoral) – é a mutação primária, as outras alterações ocorrem após essa mutação e vão se somando; o Metilação do DNA (perda de grupos metil); o Mutação do gene K-RAS; o SMADS sinalizando para o TGF-β; o Perdas em 17p (local do gene p53); o Telomerase expressa em câncer colorretal. Izabelle Santana Turma XXIV 10 Manifestações clínicas do carcinoma colorretal: o Inicialmente assintomáticos; o Fadiga, fraqueza, anemia ferropriva, dor ou desconforto abdominal, obstrução intestinal, alteração de hábitos intestinais e hepatomegalia (metástases hepáticas), entre outros; o Metástases linfonodos regionais, fígado, pulmão e ossos; o Prognóstico depende do estágio da doença (grau de infiltração da parede intestinal, comprometimento linfonodal e metástases à distância). Obs.: o câncer de colón esquerdo dá estenose (provoca cólica) e fecha a luz. O câncer de cólon direito não dá estenose, dá grande tumores e pode ser palpável. Sobrevida de 5 anos: o 100% lesões limitadas à mucosa; o 25% tumores invasivos; o Lesão em mucosa e submucosa – após a retirada, tem grande chance de cura; o Lesão em mucosa, submucosa e serosa – outro prognóstico, mais difícil a cura. Obs.: A maioria dos casos de carcinoma colorretal está no reto e sigmoide. É preciso fazer o toque retal, verificar se tem sangue ou palpar o próprio tumor, 70% dos tumores são tocáveis. Morfologia do carcinoma colorretal ∙ ±55% dos casos – reto e sigmoide ∙ ±25%dos casos – ceco e cólon ascendente ∙ ±11% dos casos – cólon transverso ∙ ±6% dos casos – cólon descendente ∙ ±1% dos casos – multifocais/sincrônicos Macroscopia Tumor polipóides/vegetantes formando “massa” as vezes palpável com clínica de anemia e diarreia, obstrução incomum (ceco e cólon proximal); Tumor anulares/constrictivos “em argola de guardanapo”, clínica de constipação intestinal e fezes “em fita”, quadro obstrutivo (cólon distal). Microscopia Adenocarcinoma bem (forma glândulas), moderadamente ou pouco diferenciado (blocos sólidos). Obs.: Tumor de colón direito – grande massa palpável, cursa com diarreia e anemia (produção de substancias químicas como bloqueadores de eritropoetina que interferem na formação de glóbulos vermelhos). Tumor de colón esquerdo – massa tumoral constritiva, no formato anular (argola de guardanapo), fechamento da luz; na região proximal a esse tumor, há uma dilatação do intestino, por isso é muito comum a presença de magacólon acumulando fezes; pode formar volvos. Izabelle Santana Turma XXIV 11 Estadiamento Estádio 1 – tumor apenas na mucosa; Estádio 2 – tumor presente na mucosa e submucosa; Estádio 3 – tumor presente na mucosa, submucosa, muscular e subserosa; Estádio 4 – metástase para outros órgãos.
Compartilhar