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Izabelle Santana Turma XXIV NEOPLASIAS I CONCEITOS Oncologia – ramo da patologia que estuda as neoplasias (gr."oykos"= volume, tumor). Neoplasia (gr. "neo" + "plasis" = neoformação): Proliferação local de clones celulares atípicos; Sem causa aparente; Crescimento: ∙ Excessivo, progressivo e ilimitado; Incoordenado; ∙ Autônomo (ainda que se nutra às custas do organismo, relação tipicamente parasitária); ∙ Irreversível (persistente mesmo após a cessação dos estímulos que determinaram a alteração); ∙ Tendência a perda de diferenciação celular. HISTÓRICO 1500 a.C. – menção no papiro de EBERS; 1. Hipócrates/teoria humoral da enfermidade – deficiência ou excesso de sangue, bile ou fleuma (muco) localizado. Teoria das secreções; 2. Cornelius Celsus/Galeno (entre 138 e 201 d.C.) batismo do termo ("câncer") na observação de uma neoplasia mamaria que morfologicamente lembrava um caranguejo – câncer maligno; 3. Marco Aurélio Severinus (1580-1656) – primeira diferenciação entre adenoma e adenocarcinoma de mama, e primeira retirada conjunta de linfonodos axilares no tratamento de tumores mamários. 4. Sennert (1572-1637) e Lusitano (1642) – "o câncer é contagioso”. 5. Le Drau (1685-1770) – "se a linfa cancerosa passasse aos linfonodos adjacentes, estaria contaminado todo o sistema". Metástase. 6. Percival Potts (1775, Londres) – observando a grande frequência de carcinoma de células escamosas no escroto de limpadores de chaminé, fez a primeira associação entre uma neoplasia e sua provável causa (foligem carcinogênica). Fuligem tem substâncias cancerígenas = fator ambiental. 7. Rudolph Virchow (1860) – classificação das neoplasias de acordo com a sua estrutura histológica. 8. Novinsky (1876) – tumor venéreo transmissível canino. 9. Julius Conheim (1877, Alemanha) – teoria do desvio embrionário. Tumor vindo de tecido embrionário. 10. Waldeyer – "tumores secundários" = consequências do crescimento contínuo ao longo de vasos sanguíneos e linfáticos, bem como de embolias de oncócitos. 11. Rous (1910) – transmissibilidade do sarcoma aviário através de suspensão livre de células. 12. Clunet (1910) – neoplasias experimentais com raio X. Aventais de chumbo para proteção. 13. Yamamoto (1914) e Ichigawa & Yamagita (1915) – carcinogênese experimental a partir do alcatrão de carvão em orelhas de coelhos. 14. Kennaway (1930) – isolamento do primeiro carcinógeno químico, o dibenzantraceno. Izabelle Santana Turma XXIV CARACTERÍSTICAS Progressividade – crescimento tecidual excessivo e incoordenado, e de intensidade progressiva. Independência – ausência da resposta aos mecanismos de controle, tornam-se autônomos. Irreversibilidade – ausência de dependência da continuidade do estímulo. Ex.: tabagista. CLASSIFICAÇÃO Baseia-se em: 1. Origem (epitelial, mesenquimal ou embrionária); 2. Comportamento (benigno ou maligno); 3. Morfologia da neoplasia. NEOPLASIAS BENIGNAS EPITELIAIS Epitélio de revestimento – PAPILOMAS. Estruturas digitiformes com base larga. Mais comuns no sistema urinário, mucosa oral, laringe e esôfago. Ex. papilomas de bexiga, originados em epitélio urotelial (urotélio). Pólipos – estrutura pediculada, com saliência na extremidade. Mais comuns no TGI. Grande parte benignos. O prognóstico de adenoma é pior que o do pólipo. Epitélio glandular – ADENOMAS. Tumor que cresce formando nódulos de base larga. Tanto para glândulas exócrinas como endócrinas. Certa parte tem tendencia de malignidade. Exemplos: Adenomas tubulares do intestino grosso; Adenoma da supra-renal; Adenoma da tiróide; Cistadenoma do ovário. Nódulo de tireoide, encapsulado, bem delimitado e tecido muito semelhante ao de origem. Todas as características de tumor benigno = adenoma. MESENQUIMAIS – tec. conj. Recebem nome conforme tecido de origem: Leiomioma (mioma) – originado em músculo liso. Ex. útero. Lipoma – originado do tecido adiposo; Fibroma – em tecido conjuntivo/fibroblastos. Ex. derme, ovário. Tumor de ovário. Massa esbranquiçada e estriada, extremamente firme. Fibroma ovariano. Tumor relativamente frequente. Fibroadenoma – componente neoplásico é o tecido fibroso (mesenquimal – fibroma), associado ao tecido glandular proliferado secundariamente (adenoma). ∙ fibroma + adenoma – benigno, extremamente comum, tumor misto da mama. Retirada = cura total. Condroma – em cartilagem, condroblastos; Osteoma – em ossos; Hemangioma – em vasos; Meningioma – na aracnóide. Izabelle Santana Turma XXIV Neoplasia mesenquimal benigna é denominada utilizando-se um termo designativo do tecido afetado acrescido do sufixo "oma". Ex.: fibroma, condroma; ∙ Mesênquima – tudo que não é epitelial, engloba o tecido muscular, tanto estriado quanto liso, tecido vascular (sanguíneo ou linfático), tecido colágeno. Neoplasia epitelial benigna – adenomas ou papilomas; Neoplasia embrionária – sufixo blastoma; NÃO MESENQUIMAIS Originadas em outros tipos de células; Nevo intradérmico (nevos = sinais) – proliferação de melanócitos. Tumores pigmentados. Normalmente na camada basal, dentro da epiderme. Acúmulo de melanócitos fora do seu local habitual. Teratomas – em células totipotentes. Pode ter componentes dos três folhetos embrionários. ∙ Comum em ovários e testículos. ∙ Comum na linha média, durante a embriogênese algumas células podem se perder no caminho. A imagem ao lado é um teratoma ovariano, com muitos pelos originados da ectoderme, dentes, entre outros. Pode haver qualquer estrutura pois é originado de células totipotentes. Exceções – na medicina ainda são utilizados os termos: ∙ "hepatoma" (hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular); ∙ "linfoma" (linfoma maligno); ∙ "melanoma" (melanoma maligno). Como designações correntes para neoplasias malignas, ainda que pelo sufixo empregado possa parecer se tratar de neoplasias benignas. ORIGEM EMBRIONÁRIA As neoplasias de origem embrionária podem ser classificadas em teratomas, mixomas e blastomas. Os teratomas são oriundos dos três folhetos embrionários (endo, meso e ectoderma). ∙ Mistura de dente, cabelo, glândulas, músculos, entre outros, sendo mais frequentes nas gônadas ou em tecidos próximos à linha mediana. Os mixomas são neoplasias oriundas de tecido mixomatoso (totalmente indiferenciados, comparáveis ao tecido germinativo embrionário). Excesso de produção do material primordial do tecido colágeno. Macroscopicamente é semelhante ao tecido mucoide. Os blastomas são mais comuns em crianças, formado a partir de células precursoras, imaturas e indiferenciadas chamadas blastócitos (mais comuns nefroblastoma e retinoblastoma). Muito primitivos, formados intraútero. Izabelle Santana Turma XXIV MALIGNOS Quando a neoplasia epitelial for maligna, utiliza-se o termo "carcinoma". Se a neoplasia maligna for de origem mesenquimal utiliza-se o sufixo "sarcoma". EXEMPLO: condroma x condrossarcoma. Quando a neoplasia apresenta componentes epiteliais e mesenquimais igualmente neoplásicos, recebe a denominação "tumor misto". Ex.: glândula salivar. Termos mais usados: Câncer – qualquer neoplasia maligna, independente da origem ou tipo celular; Adenocarcinoma – neoplasia maligna de epitélio glandular (exócrino ou endócrino); CARACTERÍSTICAS De acordo com o seu grau de diferenciação, a neoplasia pode receber a adjetivação de: 1. Bem diferenciado – grau I; 2. Moderadamente – grau II; 3. Pouco diferenciado – grau III 4. Indiferenciado (anaplásico) – grau IV. Quanto mais diferenciado melhor, mais semelhante = mais benigno. Cada um deles tem um prognóstico diferente, além de diferenças cirúrgicas e de tratamento; Conforme a sua localização, a neoplasia pode ser: Superficial: ∙ Vegetantes – acima do nível da mucosa; ∙ Ulceradas ou úlcero-vegetantes – escavados no centroe elevados na borda. Parenquimatosa: ∙ Submucosa (no endométrio com saliência na cavidade); ∙ Intramural (na parede, miométrio); ∙ Subserosa (saliência externa) – comprime o endométrio, sangramento constante, diagnosticado mais rapidamente. Segundo suas características morfológicas: ∙ Cístico – ovário; ∙ Papilar – papiloma; ∙ Sólido, cirroso, ductular, bem diferenciado ou indiferenciado/anaplásico. ∙ Câncer de mama = esquirroso (carcinoma esquirroso) – duro, resistente. CARCINOMAS - epiteliais Tumor maligno de qualquer epitélio, com exceção do epitélio glandular que é o adenocarcinoma. Principal via de disseminação metastática é linfática. EPITÉLIO DE REVESTIMENTO Carcinoma epidermóide, carcinoma espinocelular ou carcinoma de células escamosas – na pele, alcança o estrato espinhoso. Carcinoma basocelular (CBC) ou epitelioma basocelular – se inicia na camada basal da pele. O mais comum da pele, 99% se retira e apresenta cura total. ∙ Ocorrem em epitélio escamoso estratificado queratinizado ou não. No epitélio cilíndrico pseudoestratificado ciliado (ex. traqueia, brônquios) também pode ocorrer carcinoma epidermóide através de prévia metaplasia para epitélio escamoso. Ex. carcinoma broncogênico epidermóide. Izabelle Santana Turma XXIV EPITÉLIO GLANDULAR ADENOCARCINOMAS, tanto para glândulas exócrinas como endócrinas. Exemplos: TGI entre estômago e reto; Adenocarcinomas do estômago; Adenocarcinomas do IG; Adenocarcinoma da v. biliar. PULMÃO (em brônquios); Adenocarcinoma brônquico. OVÁRIO Cistoadenocarcinomas. ÚTERO Adenocarcinoma do endométrio. SARCOMAS – mesenquimais Recebem nome conforme tecido de origem: Leiomiossarcoma – originado em músculo liso (ex. útero); Fibrossarcoma – em tecido fibroso (ex. partes moles); Cistossarcoma filóide (mama) = variedade maligna do fibroadenoma; Condrossarcoma – em cartilagem; Osteossarcoma – em ossos; Rabdomiossarcoma – em músculos; Hemangiossarcoma – em vasos sanguíneos; Linfangiossacoma – em vasos linfáticos; Lipossarcoma – em lipoblastos; Não há metástase por via linfática – não necessita retirar linfonodos; Metástase via hematogênica. EXCEÇÕES (benignos ou malignos): É comum também encontrar neoplasias denominadas utilizando-se o nome do autor que as estudaram pela primeira vez. Exemplos: Tumor de Brenner (ovário/benigno); Tumor de Wilms (rim/maligno) – nefroblastoma;** Tumor de Codmam (osso/benigno); Tumor de Grawitz (rim/maligno) – carcinoma de células renais; Tumor de Krukenberg – metástase ovariana de tubo digestivo alto – ovários bilaterais aumentados é primeiro sinal;*** Linfoma de Burkitt (linfócitos/maligno) – bem agressivo, desencadeado por EBV;** Linfoma de Hodgkin (linfócitos/maligno) – é curável, sarcomas de baixo grau;** Sarcoma de Ewing (osso/maligno); Sarcoma de Kaposi (pele/maligno) – associado ao HIV; Tumor de Sticker (tumor genitália externa/cães). “Hamartomas" são erros locais do crescimento no qual um tecido se desenvolve mais que o devido, com células maduras e normais, mas com arquitetura tissular anormal. A diferenciação com as neoplasias benignas é muito difícil como: hemangiomas, nevos pigmentados. "Coristomas" são erros locais congênitos do desenvolvimento no qual um tecido aparentemente normal se desenvolve heterotopicamente. São frequentemente confundidos também com neoplasias benignas. Ex.: células pancreáticas param na parede do estômago, se desenvolvendo na região (erro na migração embrionária). Izabelle Santana Turma XXIV FATORES DE INFLUÊNCIA IDADE Neuroblastoma / 0 a 2 anos; Tumor de Wilms (nefroblastoma) / 2 a 4 anos; Osteossarcoma / 4 a 25 anos; Condrossarcoma / >50 anos; Adenocarcinoma de endométrio / pós menopausa; Adenocarcinoma prostático / senilidade. HABITOS e COSTUMES Hepatoma nos bantús africanos (tribo africana) – comem cereais mofado com produção de substância tóxica ao fígado; Não existência de carcinoma peniano em judeus – fazem a circuncisão (postectomia) nos meninos após alguns dias de nascimento, procedimento de remoção cirúrgica do prepúcio. Carcinoma mamário é mais incidente nos países desenvolvidos (mais stress, hormônios, álcool, entre outros); Carcinoma uterino é mais incidente nos países subdesenvolvidos (promiscuidade e falta de higiene); Carcinoma esofagiano é mais incidente nos gaúchos; Carcinomas gástricos mais incidente em orientais. PROFISSÃO – linfoma em radiologista e químicos; carcinoma de escroto em limpadores de chaminé (Percival Potts). NÍVEL SOCIOECONÔMICO – ex. países mais desenvolvidos, mais mulheres com câncer de mama. REGIÃO GEOGRÁFICA – ex. tribos africanas. COMPORTAMENTO Dependendo do comprometimento produzido pela neoplasia, ela é classificada em: Benigna – geralmente pouco agressivas e relativamente inofensivas; Maligna – muito agressivas, representando uma ameaça potencial à vida. Potencialmente malignos, ou de malignidade duvidosa, ou ainda "tumores borderline" – são neoplasias cuja classificação em benigno ou maligno é muito difícil, por se tratar de neoplasias com características benignas e malignas simultaneamente. Ex.: tumor borderline (ou limítrofe) de ovário – 95% têm comportamento benigno. A agressividade/malignidade pode variar, neoplasias malignas se comportando como benignas. Mesmo uma neoplasia benigna pode evoluir negativamente para o êxito letal devido aos seguintes fatores: Localização em órgãos vitais – neoplasias benignas dentro do crânio, no coração ou na aorta, podem determinar complicações vitais (atrofia compressiva de órgãos essenciais, obstrução de fluxos fisiológicos, e predisposição às infecções) que frequentemente levam à morte. Disendocrinias – neoplasia de glândulas endócrinas, mesmo benigna (as neoplasias malignas raramente secretam hormônios) pode acarretar inúmeros problemas, em virtude de hipersecreção. COMPLICAÇÕES ACIDENTAIS Ruptura de tumores (hemangiomas, cistadenomas papilíferos de ovário); Obstrução do lúmen de órgãos tubulares; Ulcerações, hemorragias, infecções secundárias; Neoplasias pedunculadas (lipoma de mesentério, p. ex.) podem estrangular alças intestinais. Izabelle Santana Turma XXIV ORIGEM TUMORAL NEOPLASIA PRODUTO ATIVO SINAIS Tireoide Adenoma Tireoxina Hipertireoidismo Adrenal Feocromocitoma Adrenalina Taquicardia Hipófise Adenoma ACTH Síndrome de Cushing Plasmócitos Plasmocitoma Imunoglobulinas Hemorragias Rim Carcinoma Eritropoietina Policitemia Pâncreas Adenoma de ilhotas Insulina Hipoglicemia CARACTERÍSTICA NEOPLASIAS BENIGNAS NEOPLASIAS MALIGNAS Tipo de crescimento Expansivo/compressivo Infiltrativo/destrutivo Velocidade de crescimento Usualmente lento Geralmente rápido Evolução Pode estacionar ou regredir Progressivo até o êxito letal Limites Nítidos, as vezes com cápsula Imprecisos e não encapsulados Ulcerações Pouco frequentes Constantes CARACTERÍSTICAS NEOPLASIAS BENIGNAS NEOPLASIAS MALIGNAS Metástases Ausentes Frequentes Recidivas Quase sempre ausentes Frequentes Anemia/caquexia Quase sempre ausentes Frequentes Alterações concomitantes Atrofia compressiva Infiltração/destruição Degenerações/necroses/hemorragias Escassas ou ausentes Muito frequentes Função orgânica Normalmente conservada Geralmente abolida Implicações clínicas Depende da localização Prognóstico desfavorável CARACTERÍSTICAS NEOPLASIAS BENIGNAS NEOPLASIAS MALIGNAS Estrutura tecidual Típica do tecido original Atípica, desestruturação celular Vascularização Quase normal Aumentada Frequência de mitoses Raras Numerosas Tipo de mitoses Normais Atípicas (tri, multipolar) Celularidade Normal ou aumentada Aumentada Tamanho e forma celular Regular e isomorfa Pleomorfismo (atipia celular) CARACTERÍSTICAS NEOPLASIAS BENIGNASNEOPLASIAS MALIGNAS Citoplasma Semelhante ao original Escasso e basófilo Núcleo Semelhante ao original Atípico, hipercromático, com mais nucléolos Relação núcleo/citoplasma Semelhante ao original Aumentada Discarioses (alterações cromossômicas) Raras Depende da intensidade da atipia
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