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1 1 1. Dalmo de Abreu Dallari Elementos de Teoria Geral do Estado. 32. Edição, 3. Tiragem. São Paulo; Saraiva, 2014, p.222-243. 2. Norberto Bobbio Dicionário de Política Verbetes: Regime Político e Formas de Governo Conceito de Regime Político (Dicionário de Política) Por Regime Político se entende o conjunto de instituições que regulam a luta pelo poder e o seu exercício, bem como a prática dos valores que animam tais instituições. As instituições constituem, por um lado, a estrutura orgânica do poder político, que escolhe a classe dirigente e atribui a cada um dos indivíduos empenhados na luta política um papel peculiar. Por outro, são normas e procedimentos que garantem a repetição constante de determinados comportamentos e torna, assim, possível, o desenvolvimento regular e ordenado da luta pelo poder, do exercício deste e das atividades sociais e ele vinculadas. O uso de determinados meios para a formação das decisões políticas condiciona os fins buscados: a escolha de um regime implica, em termos gerais, a escolha de determinados valores. FORMAS DE GOVERNO Monarquia e República A organização das instituições que atuam no poder soberano do Estado e nas relações entre essas instituições fornecem as características das formas de governo. A rigor, porém, a expressão forma de governo é mais precisa quando se trata de estudar os órgãos de governo, através de sua estrutura fundamental e da maneira como estão relacionados. A classificação das formas de governo só pode ser feita em termos gerais, dada que são extremamente variáveis e há particularidades em cada Estado. As formas anormais, que são os totalitarismos ou as ditaduras não comportam subclassificações porque são regimes apoiados na força e que impedem a expansão natural das vocações políticas. Classificação de ARISTÓTELES: baseada no número de governante: A. Realeza, quando é só um indivíduo quem governa. B. Aristocracia, que é o governo exercido por um grupo relativamente reduzido. C. Democracia ou República, que é o governo exercido pela multidão no interesse geral. (notar diferença entre o conceito contemporâneo, fundado na soberania popular, em nome do cidadão). 2 2 Classificação de MAQUIAVEL: existência de ciclos de governo: A. Estado anárquico. B. Monarquia eletiva. C. Monarquia hereditária. D. Aristocracia. E. Oligarquia – a oligarquia causaria a revolta popular e o retorno ao estado de anarquia, em razão disso a necessidade de manutenção da Aristocracia. Classificação de MONTESQUIEU: três formas de governo (Bobbio: orientadas pela combinação de dois critérios que ele define como “natureza e princípio” do governo. A natureza é numérica, o número dos detentores do poder; o princípio do governo é o propósito que anima o povo em sua existência concreta: A República na virtude, a monarquia na honra e o despotismo no medo.): A. Republicano: governo no qual o povo, como um todo ou somente uma parcela do povo, possui o poder soberano. B. Monárquico: regime em que um só governa, mas de acordo com leis fixas e estabelecidas. C. Despótico: uma só pessoa, sem obedecer a leis e regras, realiza tudo por sua vontade e mando. (Bobbio: O critério adequado que permite distinguir as características essenciais dos regimes políticos e apontar seus fundamentos está na forma da luta política.) Visão contemporânea: MONARQUIA E REPÚBLICA são as formas fundamentais de governo. MONARQUIA: Forma de governo que já foi adotada, há muitos séculos, por quase todos os Estados do mundo. Monarquias Absolutas: com o nascimento do Estado Moderno, surge à necessidade de governos fortes que favorece o surgimento da monarquia não sujeita às limitações jurídicas. Monarquias Constitucionais: surgem ao final do século XVIII. O Rei continua governando, mas está sujeito às limitações jurídicas, estabelecidas na Constituição. Depois disso, ainda surge outra limitação ao poder do monarca, a adoção do parlamentarismo pelos Estados Monárquicos. (Exemplos Monarquia Britânica, Dinamarquesa e Sueca. Dicionário de Política, Bobbio). Adotado o sistema parlamentar, com a manutenção da monarquia, o monarca não mais governa, mantendo-se apenas como Chefe de Estado, tendo quase apenas atribuições de representação, não de governo, pois esse passa a ser exercido por um Gabinete. Características fundamentais da Monarquia Vitaliciedade: o monarca não governa por um tempo certo e limitado, podendo governar enquanto viver ou tiver condições para continuar governando. Hereditariedade: a escolha do monarca se faz pela linha de sucessão. Irresponsabilidade: o monarca não tem responsabilidade política, isto é, não deve explicações ao povo ou a qualquer órgão sobre os motivos pelos quais adotou certa orientação política. Argumentos a favor da monarquia: 1. O monarca está acima das disputas políticas (exclusão da competição política pela conquista do mais alto cargo do Estado exerce um poder moderador. Bobbio). 2. O monarca é um fator de unidade do Estado; 3. Assegura a estabilidade das instituições. 3 3 4. Não há risco de governantes despreparados, o monarca é criado desde a infância para tal. Argumentos contrários à monarquia: 1. Inútil e dispendiosa. 2. A unidade do Estado não pode defender de um fator pessoal. 3. Se o monarca efetivamente governa será extremante perigoso ligar o destino do povo e do Estado a uma única família ou pessoa. 4. Essencialmente antidemocrática, pois é hereditária, irresponsável e pessoal. REPÚBLICA: Forma de governo que se opõe à monarquia, tem um sentido muito mais próximo do significado da democracia, uma vez que indica a possibilidade de participação do povo no governo. O desenvolvimento da ideia republicana se deu através das lutas contra as monarquias absolutistas e pela afirmação da soberania popular. Atualmente qualquer pretensão monarquista é vista como anacronismo e uma originalidade, não havendo um só movimento significativo no sentido de uma restauração monárquica. Características fundamentais da República Temporariedade: o Chefe do Governo recebe um mandato com o prazo de duração predeterminado. Eletividade: o Chefe do Governo é eleito pelo povo, não se admitindo a sucessão hereditária. Responsabilidade: o Chefe do Governo é politicamente responsável, o quer dizer que ele deve prestas contas de sua orientação política (ou ao povo diretamente ou a um órgão de representação popular). SISTEMA DE GOVERNO: Parlamentarismo e Presidencialismo Dicionário de Política, Bobbio: a análise das Formas de Governo atende à dinâmica das relações entre o poder executivo e o poder legislativo, e respeita, em particular, às demandas de eleição dos dois organismos, ao seu título de legitimidade e à comparação das suas prerrogativas. (Além disso, dada a natureza dos regimes democráticos modernos, assume uma importância fundamental na compreensão e explicação do funcionamento das diversas Formas de Governo, a organização dos sistemas partidários nele presentes e operantes) Parlamentarismo Bobbio: A forma de governo parlamentar é caracterizada pelo fato de as articulações governativas surgirem no seio do Parlamento e de ele ser responsável perante esse mesmo Parlamento que, em caso extremo, pode decretar a sua queda. O Parlamentarismo foi produto de uma longa evolução histórica, não tendo sido previsto pó qualquer teórico, nem se constituído em objeto de um movimento político determinado. 4 4 A Inglaterra pode ter sido considerada o berço do governo representativo. (O modelo britânico é o protótipo. Bobbio). Durante o século XIX foram fixados seus mecanismos. Praxe de escolher para Primeiro Ministro um representante da maioria parlamentar, condicionando sua permanência no cargo à manutenção dessa maioria. (Governo de Gabinete. Bobbio). Características fundamentais do Parlamentarismo.Antes disso é preciso lembrar que apesar de nascido na Inglaterra, onde coexistem a Monarquia e o Sistema Bipartidário, o Parlamentarismo foi implantado também em Estados que têm governo Republicano e Sistema Pluripartidário (Itália e Israel). Distinção entre Chefe de Estado e Chefe de Governo: o Chefe de Estado (Monarca ou Presidente da República) não participa das decisões políticas, exercendo preponderantemente uma função de representação do Estado. o O Chefe de Governo, por sua vez, é a figura central do Parlamentarismo, pois é ele que exerce o poder executivo. o Ele é apontado pelo Chefe de Estado para compor o governo e só se torna o Primeiro Ministro depois de obter a aprovação do Parlamento ou é o líder do partido ou coalizão que forma a maioria no Parlamento. Chefia de Governo com responsabilidade política: é responsável pelos atos do governo e não tem mandato com prazo determinado para exercício da chefia, a limitação temporal é de seu mandato parlamentar. o Há dois fatores que podem determinar a demissão do Primeiro Ministro: perda da maioria parlamentar ou voto de desconfiança aprovado pelo Parlamento. Possibilidade de Dissolução do Parlamento: extinção do mandato antes do prazo normal, que pode ocorrer: o Quando o Primeiro Ministro percebe que a realização de eleições gerais irá resultar em uma ampliação da maioria parlamentar. o Ou quando o voto de desconfiança é aplicado e o Primeiro Ministro entende que o Parlamento se acha em desacordo com a vontade popular. o Nesses casos o Chefe de Estado convoca novas eleições gerais. Presidencialismo Bobbio: A forma de governo presidencial é caracterizada, em seu estado puro, pela acumulação, num único cargo, dos poderes de Chefe do Estado e de Chefe de Governo. O presidente é eleito por sufrágio universal do eleitorado. Nesta forma de governo, o presidente ocupa uma posição plenamente central em relação a todas as instituições políticas. O Presidencialismo, exatamente como ocorreu com o Parlamentarismo, não foi produto de uma criação teórica. Mas diferentemente do Parlamentarismo, o Presidencialismo não resultou de um longo e gradual processo de elaboração. Pode-se afirmar com toda a segurança que o Presidencialismo foi uma criação americana do século XVIII. (O modelo estadunidense é o protótipo Bobbio). Resulta da aplicação das ideias democráticas, concentradas na liberdade e na igualdade dos indivíduos e na soberania popular, conjugadas com o espírito pragmático dos criadores do Estado Norte-Americano. Oposição à Monarquia, com forte influência de Montesquieu. O presidencialismo é apenas típico de um regime republicano (Bobbio) e a forma parlamentar se encontra tanto no âmbito de sistemas monárquicos como nos republicanos. 5 5 Características básicas do Presidencialismo. O Presidente da República é o Chefe do Estado e Chefe do Governo: o mesmo órgão unipessoal acumula as duas atribuições, exercendo o papel de vínculo moral do Estado e desempenhando as funções de representação, ao mesmo tempo em que exerce a chefia do poder executivo. o A chefia do executivo é unipessoal, cabe exclusivamente ao Presidente da República. o Por motivos de ordem prática ele se apoia num corpo de auxiliares diretos – ministros e secretários. O Presidente da República é escolhido pelo povo. o A Constituição brasileira determina que a soberania é exercida em nome do povo. O Presidente da República é escolhido por um prazo determinado e por eleições. O Presidente da República tem poder de veto: orientando-se pelo princípio da separação dos poderes é atribuído ao Congresso o poder legislativo. o Entretanto, para que não houvesse o risco de uma ditadura do legislativo, reduzindo-se o Chefe do Executivo à condição de mero executor automático das leis, lhe foi concedida a possibilidade de interferir no processo legislativo através de veto. o Em muitos Estados o poder de veto foi considerado insuficiente e é permitido ao Presidente da República a possibilidade de enviar Projetos de Leis ao legislativo. Incluir histórico do plebiscito brasileiro sobre formas e regimes de governo. http://www.tse.jus.br/eleicoes/plebiscitos-e-referendos/plebiscito-de-1993 Plebiscito de 1993 Em 21 de abril de 1993, foi realizado plebiscito que demandava escolher monarquia ou república e parlamentarismo ou presidencialismo. Essa consulta consolidou a forma e o sistema de governo atuais. Para mais esclarecimentos, basta enviar e-mail para arquivo@tse.jus.br. Forma de Governo: Monarquia: 10,3% http://www.tse.jus.br/eleicoes/plebiscitos-e-referendos/plebiscito-de-1993 mailto:arquivo@tse.gov.br 6 6 República: 66,3% Sistema de Governo: Parlamentarismo: 24,9% Presidencialismo: 55,6% Plebiscito na CF 88 TÍTULO X ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS Art. 1º. O Presidente da República, o Presidente do Supremo Tribunal Federal e os membros do Congresso Nacional prestarão o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, no ato e na data de sua promulgação. Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. (Vide emenda Constitucional nº 2, de 1992) § 1º - Será assegurada gratuidade na livre divulgação dessas formas e sistemas, através dos meios de comunicação de massa cessionários de serviço público. § 2º - O Tribunal Superior Eleitoral, promulgada a Constituição, expedirá as normas regulamentadoras deste artigo. Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc02.htm
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