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PProblema 03 Metabolismo dos fármacos Fonte: Goodman cap. 06, Golam cap. 04 e Rang & Dale cap. 10. do metabolismo O processo de metabolismo, e eventual excreção, de fármacos – ou xenobióticos – é crucial para a eliminação desses compostos do organismo e da interrupção de suas ações farmacológicas e biológicas. O processo de metabolismo atua transformando o fármaco em um composto mais hidrofílico, polar e inativo, permitindo sua excreção mais facilmente. De uma forma geral, o metabolismo dos fármacos pode alterá-los de 4 formas: 1. Tornar o fármaco ativo em inativo. 2. Tornar o fármaco ativo em um metabólito ativo ou tóxico. 3. Tornar um profármaco em um fármaco ativo. 4. Tornar um fármaco não passível de excreção em um metabolito passível de excreção. Locais de metabolização: todos os tecidos do corpo são capazes de metabolizar os fármacos, em certo grau. Os locais ativos em particular incluem pele, pulmões, trato gastrointestinal, rins e, principalmente, fígado. Obs.: Xenobióticos são substancias químicas estranhas, incluindo carcinogênicos e toxinas presentes em plantas venenosas. Fases O metabolismo dos fármacos é classificado em reações de fase 1 (oxidação, redução e reações hidrolíticas) e reações de fase 2 (enzimas catalisam a conjugação do substrato com uma segunda molécula). Fase I: reações de oxidação que transformam o fármaco em metabólitos mais hidrofílicos pela adição de ou exposição a grupos funcionais polares (hidroxila ou amina). Fase II: modificam os compostos por meio da ligação de grupos hidrofílicos, criando conjugados mais polares. »Reações de oxidação/redução As reações de oxidação envolvem enzimas associadas a membranas, que são expressas no retículo endoplasmático dos hepatócitos majoritariamente. As enzimas que catalisam essas reações são tipicamente oxidases, sendo sua maioria hemeproteínas mono- oxigenases da classe do citocromo P450. Enzimas do citocromo P450 (CYP) = são conhecidas como oxidases microssomais de função mista e são envolvidas no metabolismo de cerca de 75% dos fármacos atualmente utilizados. . + O2 + NADPH + H+ .-OH + H2O + NADP + A reação descrita prossegue quando a substância se liga 3-), formando um complexo que será reduzido em 2 etapas sequencias de oxirredução. De um modo geral, a reação envolve uma série de etapas, no qual a fração da enzima P450, que contém o ferro, atua como transportadora de elétrons para transferir elétrons da NADPH para o oxigênio molecular. Dessa forma, o oxigênio reduzido é transferido para o fármaco e resulto num grupo hidroxila (-OH) adicional sobre o fármaco oxidado. Esse grupo -OH aumenta a hidrofilia do fármaco e sua taxa de excreção. 1. P450 oxidado. 2. NADPH doa um elétron à flavoproteína uz o complexo P450-fármaco. 3. União do oxigênio ao complexo e doação de outro elétron pela NADPH, formando o complexo oxigênio ativado-P450-substrato. 4. Oxidação do ferro com perda de água. 5. oxidado do fármaco. Cada uma das numerosas enzimas do P450 tem uma especificidade diferente para substratos. Cinco enzimas P450 humanas são responsáveis por cerca de 95% do metabolismo oxidativo dos fármacos, sendo elas a 1A2, 2C9, 2C19, 2D6 e 3A4. Além disso, as outras enzimas que participam da 1° fase do metabolismo de no fígado, rins e pulmões) e as EH (epóxio hidrolase). Outra enzima não P450 importante é a MAO (monoamina oxidase), responsável pela oxidação de compostos endógenos que contém amina e de alguns xenobióticos. Obs.: Vale ressaltar que outras vias também podem oxidar as moléculas lipofílicas. »Reações de conjugação/hidrólise As reações de conjugação e hidrólise proporcionam um segundo conjunto de mecanismos que irão modificar a estrutura química dos fármacos, preparando-os para serem excretados. Os substratos – produtos – dessa 2° fase englobam tanto os metabólitos de reações de oxidação quanto compostos que já contém os grupos químicos apropriados para conjugação (hidroxila, amina, carboxila). Tais substratos serão acoplados aos metabólitos endógenos (ácido glicurônico, ácido sulfúrico, ácido acético, aminoácidos e tripeptídeos glutationa) por enzimas de transferências em reações com gastos altos de energia. A adição dos componentes endógenos ao metabólito torna o fármaco mais hidrofílico, aumento sua excreção. Obs.: As reações de fase II ocorrem principalmente no fígado. Conjugação por glutationa: conjuga os fármacos ou seus metabólitos através do seu grupo sulfídrico (ex. desintoxicação do paracetamol). Conjugação por sulfato: resulta na formação de metabólitos quimicamente reativos. Conjugação por glicuronil: formação de um composto de fosfato de alta energia (doador) e um UDPGA (ácido uridinadifosfato glicurônico), na qual o ácido glicurônico é transferido para um átomo rico em elétrons formando uma ligação amina, éster o tiol. Conjugação por acetilo ou metilo: nessas reações, a acetil-CoA e a S-adenosil metionina atuam como grupos doadores. »Inibição e indução O mecanismo primário da indução da enzima P450 é o aumento da expressão da enzima por transcrição aumentada principalmente poluentes, compostos químicos e até mesmo alimentos podem penetrar nos hepatócitos e ligar-se a vários receptores xenobióticos diferentes (ex. receptor de pregnano X, receptor de androstano constitutivamente ativo e receptor de aril-hidrocarboneto - AhR). Quando um composto xenobiótico liga-se ao receptor e ativa-o, e o complexo, portanto, é translocado para o núcleo, ligando-se a promotores de várias enzimas de biotransformação e aumentando a expressão de P450. Consequências da indução das P450: 1. O fármaco pode aumentar seu próprio metabolismo. 2. O fármaco pode aumentar o metabolismo de outro fármaco coadministrado. 3. Pode haver produção de níveis tóxicos dos metabólitos reativos dos fármacos, produzindo lesão tecidual ou outros efeitos adversos. Assim como alguns compostos induzem o P450, existem compostos que são capazes de inibir essas enzimas. Uma consequência importante da inibição de enzimas é a redução do metabolismo dos fármacos metabolizados por essa enzima inibida. Essa inibição pode fazer com que os níveis do fármaco alcancem concentrações tóxicas (diminuição da depuração) e também pode prolongar a presença do fármaco ativo no organismo (diminuição da meia-vida). A inibição das enzimas pode ocorrer de diversas formas. O cetoconazol (agente antifúngico), por exemplo, apresenta um nitrogênio que se liga ao ferro heme no sítio ativo das enzimas P450. Essa ligação impede o metabolismo dos fármacos coadministrado por inibição competitiva. O secobarbital, por exemplo, apresenta uma inibição irreversível. Ou seja, esse barbitúrico alquila e inativa permanentemente o complexo P450. Os transportadores de fármacos também podem ser induzidos ou inibidos por outros fármacos. Assim, os antibióticos macrolídeos são capazes de inibir o MDR1, de forma que essa inibição pode levar a níveis séricos elevados de fármacos, como a digoxina, excretados pelo MDR1 (gene que codifica a glicoproteína-P). Por consequência, os fármacos que induzem a suprarregulação das enzimas P450 pela via do PXR, aumentam concomitantemente a transcrição do transportador MDR1. Alterações do processo de metabolismo e metabolismo do paracetamol Fonte: Golan cap. 04 e cap. 05. Na farmacogenômica, determinadas populações exibem polimorfismos ou mutações em uma ou mais enzimas do metabolismo de fármacos, modificando a velocidade de algumas dessas reações e eliminando outras completamente. Exemplo: Enzima plasmática colinesterase. Um em cada 2.000 caucasianos porta uma alteração genética na enzima colinesterase, que metaboliza um relaxante muscular – a succinilcolina. Dessa forma, a enzima alterada apresenta redução na afinidade pela succinilcolina em 1.000 vezes, causando eliminação mais lenta e circulação prolongadado fármaco ativo. o Caso a concentração plasmática de succinilcolina seja suficientemente alta, podem ocorrer paralisia respiratória e morte, a não ser que o paciente receba suporte com respiração artificial até que a depuração do fármaco ocorra. Alguns aspectos genéticos de raça e/ou etnia afetam o metabolismo dos fármacos. As diferenças observadas nas ações de fármacos entre raças/etnias têm sido atribuídas a polimorfismos em genes específicos. Exemplo: A P450 2D6 (CYP2D6) é uma enzima funcionalmente inativo em 8% dos caucasianos e em 1% dos asiáticos. Nos afro-americanos, há uma frequência alta de um alelo da P450 2D6 que codifica uma enzima com atividade diminuída. A P450 2D6 é responsável pelo metabolismo oxidativo de cerca de 20% dos - adrenérgicos e antidepressivos tricíclicos) pela conversão da codeína em morfina. Muitas reações de biotransformação são mais lentas tanto em crianças de pouca idade quando em indivíduos idosos. Crianças: ao nascerem, os recém-nascidos são capazes de efetuar muitas das reações oxidativas, mas não todas. Entretanto, a maioria dos sistemas enzimáticos envolvidos no metabolismo de fármacos amadurece gradualmente no decorrer das 2 primeiras semanas de vida e durante toda infância. Exemplo: Síndrome cinzenta do recém- nascido. Nesse caso, as infecções por Haemophilus influenzae em lactentes eram antigamente tratadas com o antibiótico cloranfenicol. A excreção desse fármaco exige transformação oxidativa, seguida de conjugação. O metabolito de oxidação do cloranfenicol é toxico, e se esse metabolito não sofrer conjugação, seus níveis poderão aumentar no plasma, alcançando concentrações tóxicas. Consequentemente, a presença de níveis tóxicos do metabolito pode ocasionar um choque e colapso circulatório no recém-nascido, produzindo a palidez e a cianose. Idoso: observa-se uma diminuição geral da sua capacidade metabólica, sendo esse declínio atribuído à redução relacionada com a idade de massa hepática, fluxo sanguíneo e hepático e, possivelmente, atividade das enzimas hepáticas. Além disso, os idosos frequentemente ingerem muitos medicamentos, com consequente aumento do risco de interações medicamentosas. Há algumas evidências de diferenças no metabolismo de fármacos em ambos os sexos, embora os mecanismos envolvidos não estejam bem elucidados, e os dados obtidos de animais de laboratório não sejam particularmente esclarecedores. Ocasionalmente, tem sido relatada diminuição na oxidação de etanol, estrógenos, benzodiazepínicos e salicilatos nas mulheres em comparação aos homens, que pode estar relacionada com os níveis de hormônios androgênicos. Tanto a dieta, quanto o ambiente, podem alterar o metabolismo dos fármacos ao induzir ou inibir as enzimas do sistema P450. Exemplo: Suco de toranja. Os derivados do psoraleno e os flavonoides encontrados no suco de toranja inibem tanto a enzima P450 3A4 (CYP3A4) quanto o gene MDR1 no intestino delgado. A inibição dessa enzima diminui significativamente o metabolismo de primeira passagem de fármacos coadministrados que também são metabolizados por essa enzima, enquanto a inibição do MDR1 aumenta substancialmente a absorção de fármacos coadministrados que são substratos para efluxo por essa enzima. o O efeito do suco de toranja é importante quando esse suco é ingerido com fármacos metabolizados por essas enzimas. Tais fármacos incluem alguns inibidores de protease, antibióticos macrolideos, inibidores da hidroximetil glutaril CoA redutase (estatinas) e bloqueadores dos canais de cálcio. significativos no sistema P450. Exemplo: Erva-de-são-joão. É um fitoterápico popular usado para estabilizar o humor. Muitos estudos observacionais constataram que o hipérico consegue induzir a expressão de P450 e, dessa forma, reduzir a eficácia de outras substâncias. A exposição aos poluentes pode, também, produzir efeitos radicais sobre o metabolismo dos fármacos. Exemplo hidrocarbonetos aromáticos policíclicos presentes na fumaça do cigarro induz as enzimas mediadas por AhR. Os fármacos afetam a biodisponibilidade oral, a ligação às proteínas plasmáticas, o metabolismo hepático e a excreção renal de fármacos coadministrados. Exemplo: Contracepção hormonal. A indução enzimática pelo antibiótico rifampicina faz com que a contracepção hormonal à base de estrógeno seja ineficaz em doses convencionais, já que a rifampicina induz a P450 3A4, que é a principal enzima do -etinilestradiol (componente estrogênico comum). Outro fenômeno associado a indução enzimática é a tolerância, que pode ocorrer quando um fármaco induz seu próprio metabolismo, diminuindo sua eficácia com o decorrer do tempo. A administração concomitante de 2 ou mais fármacos metabolizados pela mesma enzima resultará em níveis séricos mais elevados dos medicamentos. Os mecanismos de interação medicamentosa podem envolver inibição competitiva dos substratos, inibição alostérica ou inativação enzimática irreversível. Em qualquer um dos casos mencionados, pode-se verificar elevação aguda dos níveis de fármacos, induzindo resultados deletérios. Obs.: Vale destacar que assim como há interações medicamentosas maléficas, também há interações benéficas, como a administração de etanol para combater a intoxicação por ingestão de metanol. Muitos estados mórbidos podem afetar a velocidade e a extensão do metabolismo de fármacos no corpo. Várias doenças hepáticas comprometem significativamente o metabolismo dos fármacos, como a hepatite, cirrose, câncer, hemocromatose e esteatose hepática. Tais doenças podem comprometer as enzimas do citocromo P450 e outras enzimas hepáticas cruciais para o metabolismo dos fármacos. Por consequência do metabolismo mais lento, os níveis das formas ativas dos fármacos podem atingir valores ainda mais altos, causando efeitos tóxicos. Doenças cardíacas concomitantes também podem afetar o metabolismo do fármaco, como a lidocaína e a morfina. Além disso, o hipertireoidismo pode aumentar a intensidade do metabolismo de alguns fármacos, enquanto o hipotireoidismo pode ter efeito oposto. Acredita-se também que outras afeções como a doença pulmonar, disfunção endócrina e diabetes afetem o metabolismo dos fármacos, mas seus mecanismos ainda não são completamente elucidados. »Paracetamol O paracetamol é um medicamento utilizado como analgésico e antipirético por milhões de indivíduos diariamente, mas quando em excesso, representa 50% dos casos de insuficiência hepática aguda. Este fármaco é metabolizado por glicuronidação e sulfatação, resultando em metabólito prontamente excretados (uma pequena fração é excretada em sua forma inalterada). O paracetamol também pode ser oxidado por uma espécie reativa potencialmente toxica: N-acetil-p- benzoquinonemina (NAPQ). A glutationa pode conjugar-se com a NAPQI e, dessa forma, detoxificá-la. Entretanto, a superdosagem de paracetamol provoca depleção das reservas de glutationa, deixando esse NAPQI livre para atacar proteínas celulares e mitocondriais, resultando em necrose dos hepatócitos. A administração do antídoto NAC (N- acetilcisteína) no momento apropriado – cerca de 10h após a superdosagem – produz a restauração das reservas de glutationa, podendo impedir a ocorrência de insuficiência hepática e morte. Vias de excreção Fonte: Golam cap. 03, Goodman cap. 02 e Rang & Dale cap. 10. Os fármacos e seus metabólitos são, majoritariamente, eliminados através de excreção renal e biliar. A excreção renal é o mecanismo mais comum de eliminação de fármacos, sendo este baseado na natureza hidrofílica do seu fármaco ou metabolito. Um número relativamente pequeno de fármacos é excretado primariamente na bile ou vias respiratórias/dérmicas. Muitos fármacos administrados oralmente sofrem absorção incompleta no trato gastrointestinal superior, sendo sua fração residual eliminadapor excreção fecal. »Excreção biliar e fecal Alguns fármacos são secretados pelo fígado na bile por intermédio de membros da superfamília de transportadores do conjunto de ligação do ATP (ABC- ATP binding cassette), que inclui 7 famílias de proteínas, como a de resistência a múltiplos fármacos (MDR, multidrug resistance). Como o ducto biliar desemboca no trato gastrointestinal no duodeno, esses fármacos devem passar por toda a extensão do intestino delgado e do intestino grosso antes de serem eliminados. Em muitos casos, esses fármacos sofrem circulação êntero- hepática, que são absorvidos no intestino delgado e subsequentemente retidos na circulação porta e na circulação sistêmica em seguida. digoxina e quimioterápicos para câncer são excretados, majoritariamente, na bile. Os fármacos e metabolitos presentes na bile são liberados no trato gastrointestinal durante o processo digestivo. Dessa forma, há também transportadores na membrana apical dos enterócitos, ocorrendo a secreção de fármacos da circulação sanguínea para o lúmen intestinal que podem ser ou reabsorvidas, como descrito anteriormente, ou eliminadas por via fecal. »Outras vias de excreção A excreção por suor, lágrimas e saliva é quantitativamente desprezível. A concentração de alguns fármacos na saliva é proporcional ao nível plasmático, sendo a saliva utilizada para mensurar as concentrações dos fármacos quando não for conveniente a amostra de sangue. O leite materno é ácido, e, portanto, envolve as reações de pH dos fármacos, sendo assim, a administração de fármacos à mulheres que estão amamentando uma advertência, pois o lactente ficara exposto aos fármacos e/ou seus metabolitos. »Excreção renal A excreção renal de fármacos envolve 3 processos: a filtração glomerular, a secreção tubular ativa e a reabsorção tubular passiva. O fluxo sanguíneo renal gira em torno de 25% do fluxo sanguíneo sistêmico total, expondo continuamente os fármacos presentes no sangue aos rins. (1) Filtração glomerular: A arteríola aferente introduz o fármaco livre e o fármaco ligado à proteínas no glomérulo. Entretanto, apenas os fármacos livres são absorvidos para o interior do lúmen tubular. (2) Secreção tubular: No túbulo contorcido proximal, há carreadores que secretam ativamente os fármacos do sangue para o lúmen do túbulo, aumentando a quantidade de fármaco no liquido tubular. Esses carreadores de soluto são mais seletivos para os fármacos catiônicos orgânicos, secretando, portanto, mais bases orgânicas, e sendo também capazes de secretar fármacos ligados à proteínas (já que são capazes de extrair a fração livre do fármaco). o A concentração dos fármacos no túbulo proximal também aumenta por difusão passiva das moléculas sem carga elétrica e por difusão facilitada das moléculas sem ou com carga. Os mecanismos secretórios do túbulo proximal, portanto, não são tão específicos para os fármacos, de modo que a secreção tira proveito das semelhanças moleculares entre o fármaco e substâncias orgânicas. (3) Reabsorção tubular: Os transportadores de membrana no túbulo contorcido distal são responsáveis pela reabsorção ativa do fármaco no lúmen tubular de volta para a circulação sistêmica, sendo a maior parte dessa reabsorção por difusão não aniônica. Essa reabsorção depende da forma ionizada ou não ionizada dos fármacos e do pH da urina. Como os túbulos são menos permeáveis às formas ionizadas, os fármacos devem reagir com o meio. Assim, fármacos ácidos reagem com a urina de pH alcalino para se tornarem ionizados e fármacos bases reagem com urina de pH ácido para se ionizarem. (4) Urina: Por fim, o fármaco que passou por todo o processo de filtração, secreção e reabsorção, será jogado na urina e então excretado para fora do corpo. Obs.: A mudança na velocidade do fluxo urinário através dos túbulos pode alterar a taxa de reabsorção de fármacos, ou seja, o aumento do debito urinário dente a diluir a concentração do fármaco no túbulo e no tempo durante o qual pode ocorrer difusão facilitada, reduzindo a absorção dos fármacos. »Modulação da excreção Filtração: O aumento do fluxo sanguíneo, da taxa de filtração glomerular, e a diminuição da ligação às proteínas plasmáticas causam excreção mais rápida dos fármacos. Reabsorção e pH: Como as células tubulares distais são menos permeáveis às formas ionizadas dos eletrólitos fracos, a reabsorção passiva dessas substâncias depende do pH. Quando a urina tubular é alcalinizada, os ácidos fracos estão predominantemente em sua forma ionizada e são excretados mais rápida e amplamente; A acidificação da urina reduz a fração ionizada e diminui a excreção dos ácidos fracos. Os efeitos da alteração do pH são contrários no caso de bases fracas. Velocidade do fluxo urinário: A mudança na velocidade do fluxo urinário através dos túbulos também pode alterar a taxa de reabsorção de fármacos. Um aumento do débito urinário tende a diluir a concentração do fármaco no túbulo e o tempo durante o qual pode ocorrer difusão facilitada; ambos os efeitos podem diminuir a reabsorção de fármacos. Idade: Nos recém-nascidos, a função renal é incipiente, em comparação com a massa corporal, mas se desenvolve rapidamente nos primeiros meses depois do nascimento. Na vida adulta, há um declínio lento da função renal (cerca de 1% ao ano), de forma que os pacientes idosos podem ter graus significativos de disfunção renal e frequentemente é necessário efetuar ajustes posológicos Interações medicamentosas: Inibição da secreção tubular: A probenecida foi desenvolvida para inibir a secreção da penicilina e assim prolongar a sua ação. Também inibe a excreção de outros fármacos, incluindo a zidovudina. Outros fármacos apresentam um efeito acidental semelhante à probenecida e podem reforçar as ações de substâncias que dependem da secreção tubular para a sua eliminação. Uma vez que os diuréticos atuam a partir do lúmen tubular, os fármacos que inibem a secreção no fluido tubular desses diuréticos reduzem o seu efeito, como é o caso dos fármacos anti- inflamatórios não esteroidais Alterações do fluxo urinário e do pH: Os diuréticos tendem a aumentar a excreção urinária de outros fármacos e respectivos metabólitos, mas isso raramente é clinicamente importante de imediato. Em contrapartida, os diuréticos de alça e as tiazidas aumentam, de forma indireta, a reabsorção tubular proximal do lítio (que é tratado da mesma forma que o Na+); isso pode provocar toxicidade pelo lítio nos pacientes tratados com carbonato de lítio no caso de perturbações mentais. O efeito do pH urinário na excreção de ácidos e bases fracos é útil no tratamento da intoxicação por salicilatos , mas não é razão para interações acidentais
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