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Doença de Chagas - Parasitologia básica

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Aula 01 – Parasitologia básica 
Doença de Chagas 
• Doença de Chagas 
Durante a construção da via férrea em Minas Gerais, elevou-se o número de mortes na 
região e então Carlos Chagas passou a investigar para entender essas causas, 
descobrindo os aspectos epidemiológicos, vetores etc. A doença de Chagas é uma 
doença tropical frequente em países desenvolvidos e que se caracteriza como 
negligenciada. 
• Classificação 
- Filo: é do tipo Sarcomastigophora, se caracterizando como possuidor de flagelos ou 
pseudópodes, estes são fatores determinantes para essa classificação. 
- Classe: Zoomastigophora, que estes possuem apenas flagelos 
- Ordem: kinetoplastida, em que esses parasitas possuem estruturas ricas em DNA 
chamada cinetoplástico, sendo DNA citoplasmático, não proveniente do núcleo. 
- Família: Trypanosomatidae 
- Gênero: Trypanosoma 
- Espécie: Trypanosoma cruzi (gênero + espécie) 
• Morfologia 
Pode se apresentar com algumas características estruturais distintas, como abaixo. 
 
 
A forma trypomastigota se caracteriza por ser mais alongada, que tem o núcleo central 
e o cinetoplasto (estrutura importante que permite identificar as formas) fica subterminal, 
na região posterior ao núcleo, porque a região onde o flagelo livre está é a região anterior 
e na porção oposta, se tem a porção posterior, então o cinetoplasto está quase caindo. 
No caso do T. cruzi, o cinetoplasto é globoso e abaixo deste, emerge o flagelo que 
percorre todo o corpo do parasito, formando uma membrana ondulante meio estreita e 
pouco pregueada. Essa forma tripomastigota é a forma infectante, não se divide e vive 
circulando, podendo ficar nos fluídos de forma geral, principalmente no sangue e esta 
pode ser metaciclíca ou sanguínea, em que a primeira provém do intestino do inseto e 
se for sanguínea, é encontrada no sangue dos vertebrados. Esta é a forma de infecção. 
 
 
Figura 2: Vê se o trypanosoma na forma trypomastigota, onde se percebe o núcleo mais central, forma 
mais alongada e cinetoplasto na porção terminal, quase externalizado. 
 
 
É importante destacar na figura acima a existência de dois parasitas com a forma 
trypomastigota, contudo, no caso do primeiro à esquerda, se percebe sua estrutura 
como de cinetoplasto pequeno e puntiforme, estando um pouco subterminal porque 
ainda se vê um resto de parasita para frente, com membrana ondulante exuberante e 
muito pregueada, portanto, não se trata de Trypanosoma cruzi, isto porque existe um 
outro trypanosoma que é recorrente mas não é patogênico, não causador de doenças 
e que pode atrapalhar diagnóstico, sendo denominado Trypanosoma rangeli, da 
família trypanosoma atida, circulante no sangue e geralmente está presenta na região 
norte do Brasil, este é transmito mesmo mediante ausência de patogenia, sendo essa 
transmissão realizada através do barbeiro, contudo, neste caso, apenas o barbeiro do 
gênero rhodnius, que é um vetor (barbeiro) que é encontrado no ecótopo caracterizado 
como palmeiras e o açaí. Já na porção direita da figura, se tem a forma trypomastigota 
do Trypanosoma cruzi, onde o cinetoplasto é globoso, compacto e grande, com o 
núcleo na porção central e mais na parte posterior. 
A forma epimastigota também alongada, mas de núcleo mais para região posterior 
levemente, não ficando tanto central e o cinetoplasto se localiza na porção anterior ao 
núcleo, ficando quase colado ao núcleo. Em seguida, o flagelo forma pequena 
membrana ondulante e se exterioriza, sendo forma encontrada no intestino posterior do 
vetor, ou seja, barbeiro. Forma de multiplicação no intestino do inseto, incapaz de 
infectar, até consegue penetrar, mas não infectar a célula, porque o vacúolo acontece 
no parasitófilo, em que sofre fusão com os lisossomos e sofre ação das enzimas 
lisossomais, morrendo. 
 
 
Figura 3: forma alongada, localizada no intestino do barbeiro ou cultura extracelular (em meio lite). Núcleo 
para região posterior e cinetoplasto quase ligado ao núcleo, com pequena membrana ondulante (se 
transforma para flagelo) 
A terceira forma é a amastigota, sendo mais arredondada/ovalada e o núcleo se 
localiza posterior ao cinetoplasto, ficando mais próximo da margem e excêntrico em 
relação ao citoplasma do amastigota e o cinetoplasto, em que próximo a este se sai o 
flagelo, que não se exterioriza e permanece no citoplasma da células parasitária, 
portanto, ele não tem flagelo externo, mas tem flagelo. Esta é a forma de 
multiplicação nos vertebrados e que mediante imunossupressão, podem se multiplicar 
e passar para a forma de trypomastigota. 
 
Figura 4: intracelular Trypanosoma cruzi na forma amastigota 
• Vias de transmissão 
a. Vetorial: mais encontrada na natureza, onde o vetor é o triatomíneo, ou seja, 
barbeiro, que faz o hematofagismo, ou seja, se alimentam de sangue. Como 
resultado dessa alimentação que na maioria das vezes é demorada, como o 
barbeiro possui intestino muito curto, ele defeca rapidamente e ao fazer isto, 
estando satisfeito, ele acaba liberando também os parasitas. Através de suas 
peças bucais, o barbeiro possui uma peça bucal que injeta saliva com anestésico 
e outra que possui anticoagulante capaz de favorecer o fluxo de sangue. Após 
estar satisfeito, ele defeca e vai embora e ao sair, a pessoa sente o ardor que 
faz com que a pessoa passe a mão e acabe arrastando o material fecal e dejetos 
para o local da picada, causando a infecção, porque o tripomastigota presente 
nos dejetos pode penetrar na célula e infectar. 
b. Congênita: é perigosa e possui maiores chances de infecção quando o indivíduo 
está na fase aguda da doença, já na fase crônica, a infecção pode acontecer 
quando se tem baixas na imunidade, como por exemplo, a transplacentária, 
podendo acontecer através do líquido amniótico e no momento do parto, onde o 
sangue da mãe entra em contato com o do bebê, porque o parasita não entra 
na pele íntegra, mas em qualquer mucosa ele entra na ausência de lesão, 
podendo acontecer em qualquer período da gestação, sendo mais comum no 1° 
trimestre. 
c. Oral: no Brasil, esta via está em evidência e acontece mediante ingestão de 
alimentos contaminados, como o leite materno e alguns alimentos como o 
açaí, porque a fruta do açaí deve ser higienizada antes de ser transformada, 
como o açaí pasteurizado, onde o parasita não resiste à temperatura. A 
contaminação também pode acontecer a partir de alimentos contaminados ou 
não tão cozidos, sendo recorrente no manuseio de animais (forma acidental). 
Como é transmissão oral, se caracteriza como aguda e grave, sendo a forma de 
transmissão mais importante no Brasil, onde podem acontecer surtos em 
decorrência de caldo-de-cana e açaí. 
d. Transfusional: sendo recorrente nos países não endêmicos (porque a imigração 
de pessoas de países endêmicos e como nesses países não se faz a triagem 
para Doença de Chagas, a doença se disseminou), em que seus números 
reduziram massivamente. 
e. Acidental: em laboratórios, no manuseio de alimentos contaminados ou animais 
silvestres contaminados e pacientes acometidos pela Doença de Chagas. 
f. Transplantar: em que se tem o risco de desenvolver a fase aguda grave da 
Doença de Chagas 
 
• Doença de Chagas 
- Habitat: 
1. No hospedeiro vertebrado: 
Tripomastigota: como este gosta de fluídos, pode se localizar no sangue periférico, 
liquor e leite materno, sendo forma infectante e que não se multiplica. 
Amastigota: esta é a responsável pela multiplicação, podendo ser encontrada nos 
tecidos, como músculos lisos (TGI), esqueléticos e cardíacos, bem como no sistema 
nervoso e nas células do sistema monocítico fagocitário, sendo encontrado dentro 
dessas células. 
2. Hospedeiro invertebrado: barbeiro 
Epimastigota: encontrada no intestino médio e esta é responsável pela multiplicação. 
Tripomastigota metacíclico: localizada na ampola retal e que é a forma metaciclíca e 
infectante dos invertebrados.É importante salientar que na infecção em triatomíneos, quando se tem a conversão 
para forma epimastigota, esta acontece com uma divisão longitudinal binária, que é a 
forma de multiplicação e quando ele coloniza todo o intestino médio, os epimastigotas 
migram para a porção terminal/retal do intestino do vetor e se diferencia em forma 
tripomastigota metaciclíca, que são as que saem nos excrementos, que se caracterizam 
pela capacidade de infectar e gerar a forma aguda da doença. 
No intestino anterior, se tem as 
mandíbulas, faringe, glândulas salivares e 
esôfago. Já na porção média, se tem o 
intestino médio composto pelo estômago 
e intestino, em que se tem a 
transformação de tripomastigota em 
epimastigota, e este por sua vez inicia a 
sua multiplicação. Por último, se tem a 
ampola retal do inseto, em que após o epi 
se colonizar chega até ele se 
transformando em tripomastigota 
metacíclico. Portanto, ele entra como 
sanguíneo e sai como metacíclico. 
Já no homem, após o hematofagismo, se tem o contato do material fecal do vetor com 
o local da picada, em que se tem as formas tripomastigota metaciclícas, e quando estas 
penetram na célula, elas formam o vacúolo e este se une com os lisossomos, ficando 
no citoplasma do parasito porque elas são degradadas ao se unir com os lisossomos 
pelas enzimas lisossomais. Após estar no citoplasma, ele se diferencia em amastigota, 
que é uma forma de não se destruído, podendo se multiplicar e quando a célula está 
cheia, eles se transformam em tripomastigota, que ao cair na circulação, estes se 
direcionam ao coração e TGI. 
• Formas da Doença de Chagas 
1. Formas clínicas 
a. Fase aguda: Em que de 90 a 98% são assintomáticas e apenas de 2 a 10% são 
sintomáticas, com sintomas característicos de outras doenças. O tratamento na fase 
aguda é eficaz e gera cura, contudo, dura apenas 2 meses. 
→ A forma aguda se caracteriza por alta parasitemia, onde se tem alta 
circulação e invasão efetiva, apresentando alta transitoriedade dos sintomas e 
sinais, podendo não possuir resposta humoral específica o suficiente para 
identificar pelos testes. 
→ O período de incubação pode variar, dependendo das formas de 
contaminação, que vai desde a penetração do parasito até a manifestação dos 
sintomas, caso seja vetorial, pode ser de 7 a 10 dias e no caso da transfusional, 
o período de incubação pode ser 30 a 40 dias. 
→ Sinais de porta de entrada que são característicos, porém só acontecem 
mediante infecção pela via vetorial, sendo variável. Estes são cutâneos 
(Chagoma de inoculação, não vira lesão, mas pode descamar) e ocular 
(Romanã, sendo nas duas pálpebras e unilateral), podendo apresentar inchaço 
nos linfonodos (satélites, também chamados de linfonodos enfartados) 
submandibulares, axilares. Pode apresentar hepatomegalia leve ou moderada, 
esplenomegalia de forma semelhante. Algumas manifestações clínicas e 
cardíacas podem acontecer, como a miocardite difusa e a taquicardia, tal como 
a meningoencefalite, causadora de convulsões generalizadas. Os sinais 
inespecíficos podem ser a febre, astenia, mal-estar, cefaleia, edema no corpo, 
hepatoesplenomegalia (30 a 40%), tal como miocardite difusa e 
meningoencefalite. 
 
b. Fase crônica: Em que esta pode ser assintomática e sintomática, em que a primeira 
representa de 50 a 70% de casos, sendo estas de forma indeterminada, por isso é 
importante que haja a pesquisa e encontrar pessoas infectadas. Na fase crônica 
sintomática, se tem 3 tipos de fases, em que se tem a forma cardíaca (30%), forma 
digestiva (10%) e forma mista (possui ambas as formas citadas anteriormente e 
corresponde a 8%). 
- Fase crônica assintomática: bom prognóstico, podendo variar de 10 a 30 anos, esta 
pode evoluir para a forma crônica sintomática. A forma assintomática também pode ser 
chamada de indeterminada, esta é caracterizada como a ausência de sintomas e/ou 
sinais da doença, positividade de exames sorológicos e/ou parasitológicos (inoculação 
em animais ou sorologia), ECG normal e raio X normal, tanto de coração, esôfago e 
cólon. 
- Fase crônica sintomática: 
Forma cardíaca: é quando os 30% da forma indeterminada acaba se transformando 
em sintomática, ou seja, quando ela evolui para a forma cardíaca, limitando demais o 
paciente, passando a sentir cansaço, falta de ar e com o tempo, atividades rotineiras se 
tornam cansativas, constituindo uma limitação ao doente e é a principal causa de morte, 
onde o paciente pode sentir palpitações, dispneia, dor precordial, tosse, tonturas, 
desmaios etc. É diagnosticada através do raio x de tórax que revela cardiomegalia global 
discreta, moderada ou acentuada. Na cardiopatia chagásica crônica, o coração se 
encontra maior e dilatado, então com isso, se tem diversas lesões e com isso, ele não 
tem força para mandar sangue oxigenado para o organismo, este coração em 
dimensões aumentadas se chama coração de boi. Nestas se tem arritmias e/ou 
distúrbios de condução (ocorre pela destruição dos neurônios formadores e condutores 
de estímulos), insuficiência cardíaca, tromboembolismo e morte súbita (ocorre quando 
acontece bloqueio da condução do estímulo atrioventricular). 
 
 
Figura 1: coração com aneurisma apical, que se define como a dilatação de artérias ou vasos condutores 
 Forma crônica digestiva: responsável por 10% dos casos e se caracteriza como 
alterações do longo do TGI, ou seja, dilatações, sendo o megaesôfago e megacólon, 
em que o segundo se tem o aumento do diâmetro dos segmentos do cólon, causando 
uma denervação autonômica intramural (como sintomas se tem a constipação intestinal 
progressiva, distensão abdominal, dor abdominal e meteorismo – acúmulo de gases no 
intestino) e o primeiro é um distúrbio motor do esôfago com falta de peristaltismo, 
decorrendo da diminuição dos plexos nervosos (com sintomas como disfagia – 
dificuldade para deglutir alimentos sólidos, seguidos de pastosos e líquidos, além disto, 
se tem a odinofagia (dor durante a deglutição), dor retroesternal, regurgitação, pirose 
(azia), tosse, soluço e sialose (salivação excessiva). Como principais complicações 
do megacólon, se tem o fecaloma (50% das pessoas apresentam o acúmulo de fezes 
secas), Volvo (15% dos pacientes que tem megacólon possuem uma torção no 
megacólon, quando a pessoa prende a flatulência, apresentando torção da alça 
intestinal), obstipação e perfuração intestinal. As principais complicações do 
megaesôfago são desnutrição, fraqueza etc. 
• Insetos – doenças de Chagas 
1. Hemípteros ou de ordem Hemíptera: podem ser de vários hábitos alimentares. 
Existem 3 tipos de insetos, como o fitófagos, predadores ou hematófagos, em que o 
primeiro se alimenta de seiva de plantas, os segundo se alimentam de animais 
pequenos e o último de sangue. 
 A identificação dos tipos de hemípteros pode ser realizada através da 
observação da proboscídea, em que esta é reta e possui 4 segmentos e no caso do 
fitófago, eles ultrapassam o primeiro par de patas, não possuindo pescoço e por 
isso, pode ser confundido com o hematófago. No caso do predador, a probóscida é 
curta e curva para facilitar a captura da presa e no caso do barbeiro (hematófago) a 
probóscida é curta porque tem 3 segmentos, sendo reta e possuindo pescoço. 
 
 
Figura 2: Vê-se A como fitófago devido à ausência de pescoço e proboscídea longa, passando o 1° parte 
de patas. B predador proboscídea curta e curva e C hematófago ou barbeiro, proboscídea curta e reta 
- Ciclo biológico: este é incompleto no caso dos triatomíneos, porque eles não 
possuem a fase de pupa, indo de ovo até ninfa-1, ninfa-5 e adulta, em que a duração 
do ciclo dura de 5 meses a 1 ano, dependendo da espécie de triatomíneo, 
temperatura e facilidade de alimentação (a falta desta pode não permitir a passagem 
entre os ciclos). Em laboratório esse ciclo acontece de 4 a 6 meses. 
• Caracterização antropológica 
Agente transmissorFILO ................................. Artrópodes 
CLASSE ........................... Insecta * Na identificação primeiro se diz que 
ORDEM ............................ Hemíptera HEMATÓFAGO 1° e depois gênero 
FAMÍLIA ........................... Reduvidae 
SUBFAMÍLIA ................... Triatominae 
GÊNERO: Panstrogylus, Triatoma e Rhodnius 
ESPÉCIE – P. megistus, P. lutzi e P. geniculatos 
T. infestans (se adaptou aos domicílios, sendo perigosa), T. sórdida, 
T. braziliensis e T. pseudomaculata 
 R. neglectus, R. prolixus e R. nasutus 
Os dois únicos casos de T. infestans se localizam na Bahia e Rio Grande do Sul, já o P. 
megistus (primeira a ser descoberta por CC), T. braziliensis é a principal espécie 
transmissora da Doença de Chagas no Ceará, sendo tanto domiciliada como encontrada 
em matas. O transmissor real é aquele que consegue colonizar no domicílio, no caso do 
braziliensis, este permanece na região peridomicílio, tal como a presença do 
pseudomaculata. O Rhodnius, se tem no Ceará apenas no nasutus. 
 
 
 
 
 
IDENTIFICAÇÃO DO GÊNERO: 
 
 
 
A) Panstrongylus: observando a cabeça e a inserção das antenas e como este é 
maior, os olhos são maiores e as antenas se localizam perto dos olhos 
B) Triatoma: já neste, o par de antenas sai do meio do clipel, que é uma estrutura 
localizada na cabeça, saindo da porção mais central 
C) Rhodnius: as antenas saem do clipel que se localiza na porção mais lateral, ou 
seja, do ápice. 
 
 
• Tipos de Hemípteros 
 
 
B – fitófago (probóscida reta e longa), predador (probóscida curta e curva) e 
hematófago (probóscida reta e curta). 
A – Rhodnius, Triatoma e Panstrongylus. 
 Nomes mais populares do barbeiro: procotó (Iguatu), bicudos, fincões, 
chupança, vunvum, bicho de parede e piolho da piaçaba. 
 
 
Na figura acima se tem as ninfas do barbeiros, e vale destacar que somente a D e E 
se encaixam como as mais perigosas, porque estas são maiores e demoram mais 
para se alimentar, podendo liberar mais excrementos contaminados e além disso, as 
ninfas não voam, estas não possuem nem asas e nem aparelho genital. 
• Reservatórios silvestres 
Marsupiais Gambá 
Desdentados Tatus, tamanduá e preguiça 
Quirópteras Morcegos 
Roedores Ratos, preás, pacas e cotias 
Carnívoros Raposas, onças e coates 
Lagomorfo Coelho 
Primatas Macacos 
 
• Reservatórios domésticos 
Cães, gatos e cobaias, já as aves são refratárias e não são contaminadas. Com 
relação às regiões de distribuição dos Triatomíneos no mundo, se tem ampla 
distribuição de casos de Doença de Chagas, em que cerca de 8 mi de pessoas estão 
infectadas, 70 mi estão em risco e cerca de 7.000 pessoas morrem pela doença 
anualmente nas américas. No Brasil se tem cerca de 2 mi de pessoas infectadas 
com prevalência de 4,2%, já no Ceará, se tem prevalência de cerca de 3,3%. 
Algumas regiões do Ceará são caracterizadas como endêmicas, como Jaguaruana, 
Independência e Miguel Pereira, tal como Russas. 
• Diagnóstico 
- Epidemiológico: identifica-se através da procedência da área endêmica, tal como o 
contato com triatomíneos na infância. Este serva para a fase aguda e para fase crônica. 
- Clínico: partindo desse ponto de vista, se sabe que a maioria dos casos são crônicos 
com baixa parasitemia, sendo necessário escolher um método ideal, em que o 
laboratorial necessita dessa diferencial de fases da doença; Depende da apresentação 
de sintomas e se for em relação à fase aguda, tem-se os sinais de formas de entrada e 
se for crônica, se tem os sintomas da forma cardíaca ou esofágica. 
- Laboratorial: se tem exames parasitológicos (fase aguda, em que se tem alta 
parasitemia) ou sorológicos (só surgem anticorpos após cerca de 10 dias, portanto, este 
é ideal para casos em que se tem alguns dias de incubação). 
 
 
• Xenodiagnóstico 
O barbeiro é criado em um insetário e quando a fêmea colocar ovos e estiver 
contaminada, os ovos postos não são contaminadas e ao surgirem as ninfas, estas são 
alimentadas com sangue de galinha (aves são refratárias), e então se colhem as ninfas 
dos meses 3, 4 e 5, que devem estar com fome (1mês) e ao ter contato com o braço do 
paciente, se colhe as ninfas e analisa-se se os barbeiros após 30 dias, especificamente 
suas fezes e caso positivo, se dá diagnóstico. ] 
• Profilaxia 
1) Controle vetorial – inseticidas: controle de transmissão transfusional, controle 
das transmissões acidentais, transplante de órgãos e contaminação de 
alimentos. 
2) Melhoria habitacional – casas 
3) Educação em saúde sanitária 
4) Tipos de inseticidas: organoclorados (BHC – pouco tempo de ação), Piretróides 
(deltremetrim), organofosforados (Malathion – alta toxicidade) 
 
• Tratamento 
Surgiu em 1962 e surgiram dois medicamentos ativos e empregados na doenças em 
humanos, que são o nifurtimox (Lampti® da Bayer) e o benzonidazol (Rochagan®, 
Roche) 
a. Nifurtimox: comercializado sob forma de comprimidos com 120 mg de princípio 
ativo, sendo capaz de inibir a síntese de proteínas e de RNA das formas 
tripomastigota e amastigotas de T. cruzi, formando radicais livres que 
determinam a produção de compostos de oxigênio tóxicos – reações 
adversas. Este foi retirado do mercado farmacêutico brasileiro em 1980. 
b. Benzonidazol: única droga disponível no mercado brasileiro e em centros de 
referência para pacientes acometidos pela Doença de Chagas. Este é capaz de 
agir inibindo a síntese do RNA e das proteínas do Trypanosoma cruzi. Na forma 
de comprimidos de 100 mg. Não se pode passar de 300 mg com risco de reações 
adversas graves, sendo cerca de 5 mg/kg do paciente.

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