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1 2 TEORIAS DA APRENDIZAGEM Teorias da Aprendizagem para a Prática Pedagó- gica FIQUE ATENTO! O tema que iremos tratar é o da prendiza- gem, haja vista ser a prendizagem, para mim, o fenômeno mais significativo para a prática pedagógica. Embora esse assunto conduza a uma ampla discussão, pois impõe o conhecimento dos fundamentos da própria área de aprendizagem e da Psicologia, enquanto ciência, e considerando que esse é apenas um momento, temos como objetivo contextualizar as teorias da aprendizagem de forma que o estudo contribua para um entendimento mais específico das necessidades dessa temática para a formação de professores. De acordo com Moreira (1999), “uma teoria é uma tentativa humana de sistematizar uma área de conheci- mento, uma maneira particular de ver as coisas, de expli- car e prever observações, de resolver problemas”. E nesse sentido, o mesmo autor define uma teoria de aprendi- zagem como: “uma construção humana para interpretar sistematicamente a área de conhecimento que chama- mos aprendizagem. Representa o ponto de vista de um autor/pesquisador sobre como interpretar o tema apren- dizagem, quais as variáveis independentes, dependentes e intervenientes. Tenta explicar o que é aprendizagem e porque funciona como funciona. Teorias de aprendizagem referem-se a: 1. no sentido mais amplo: conjunto global de marcos, enfoques e perspectivas teóricas que tentam oferecer ex- plicações mais ou menos gerais dos elementos e fatores implicados nos processos de mudança que as pessoas experimentam como resultado de sua experiência e de sua relação com o meio; 2. no sentido mais restrito: designa um subconjunto específico desses marcos teóricos, que são caracteriza- dos porque se inspiram, de maneira mais ou menos dire- ta, na tradição CONDUTISTA em psicologia. Uma “teoria de aprendizagem” oferece uma explica- ção sistemática, coerente e unitária de: como se aprende; quais são os limites da aprendizagem e porque se esque- ce o que foi aprendido. Teorias Conexionistas (Teorias Estímulo – Resposta) As teorias conexionistas estabelecem que a aprendi- zagem se deva a conexões entre estímulos e respostas. 1) algumas teorias conexionistas antigas: 1.1. Teoria de Ivan Pavlov que concebia a aprendiza- gem como substituição de estímulo, ou seja, o estímulo condicionado, depois de ter sido emparelhado um nú- mero suficiente de vezes com o estímulo incondicionado, passa a elucidar a mesma resposta, podendo substituí-lo. Pavlov criou a primeira teoria sobre aprendizagem, que precedeu e inspirou a Pedagogia Tecnicista. 1.2. Teoria behaviorista (comportamental) de Wat- son que afirmava que toda aprendizagem depende do meio externo, que toda atividade humana é condiciona- da e condicionável em decorrência da variação na cons- tituição genética e que não há necessidade alguma de mencionar a vida psíquica ou a consciência. Watson recebeu expressiva influência das pesquisas de Pavlov a respeito do reflexo condicionado. O principal pressuposto da teoria é que a aprendiza- gem em geral é sinônimo de formação de hábitos e seus princípios são: (1) aprendizagem acontece através da re- petição a estímulos, (2) os reforços positivos e negativos têm influência fundamental para a formação dos hábitos desejados, (3) a aprendizagem ocorre melhor se as ativi- dades forem graduadas. 1.3. O conexionismo (associacionismo) de Thorndi- ke que postula ser a aprendizagem resultante de cone- xões nervosas estabelecidas entre impressões sensoriais e impulsos para a ação. Também como aprendizagem por ensaio e erro (trial and error learning). À forma mais característica de aprendizagem, Thorndike chamou de aprendizagem por seleção e conexão. Dessa maneira, um comportamento que tem uma resposta positiva gera uma conexão firme em termos de aprendizagem. Isso é conhecido como a lei do reforço. A Teoria Behaviorista de Skinner A abordagem de Skinner considera o comportamen- to observável e não se preocupa com os processos inter- mediários entre o estímulo (E) e a resposta (R). A aprendizagem seria fruto de condicionamento ope- rante, ou seja, um comportamento é premiado, reforça- do, até que ele seja condicionado de tal forma que ao se retirar o reforço5 o comportamento continue a aconte- cer. A aprendizagem é um comportamento observável, adquirido de forma mecânica e automática através de estímulos e respostas. Skinner apresenta dois tipos de aprendizagem: 1º. Condicionamento Respondente - “reflexo” ou “in- voluntário” que não é tão expressivo no comportamento do ser humano. É controlado por um estímulo preceden- te. 2º. Condicionamento Operante que se relaciona com o comportamento operante e seria “voluntário”. Inclui tudo o que fazemos e que tem efeito no mundo exterior ou opera nele. É controlado por suas consequências - es- tímulos que se seguem à resposta. Para Skinner o comportamento é aquilo que pode ser objetivamente estudado e pode ser modelado através da administração de reforços positivos e negativos, o que implica também numa relação causal entre reforço (cau- sa) e comportamento (efeito). Pelo fato do comportamento ser controlado por suas consequências, o programa de Skinner faz uso da utiliza- ção sistemática de um reforço, privando ou não o sujeito do mesmo conforme um comportamento rigorosamente pretendido. A eficácia do reforço depende da proximi- dade temporal e espacial em relação ao comportamento que se que pretende modelar, sob pena de incidir sobre outro que não esteja em questão. T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 3 A abordagem Skinneriana apresenta dois tipos de re- forço, a saber: 1º. o reforço positivo que fortalece a probabilidade do comportamento pretendido que segue; 2º. o reforço negativo que enfraquece um determina- do comportamento em proveito de outro que faça cessar o desprazer com uma situação. Para Skinner a punição é diferente do reforço nega- tivo. Em termos conceituais, a punição se refere a um desprazer (estímulo) que se faz presente após um deter- minado comportamento não pretendido por aquele que a aplica, enquanto que o reforço negativo se caracteriza pela ausência (retirada) do desprazer após a ocorrência de um comportamento pretendido por aquele que o promove. Skinner ilustra assim o aspecto antipedagógi- co da punição. A teoria da aprendizagem behaviorista forneceu os fundamentos dos primeiros projetos de tecnologia ins- trucional baseada em computador. Aplicação à educação: A eficiência do modelo behaviorista na prática educa- tiva = habilidade, com a qual o professor planeja suas ati- vidades e a de seus alunos >> objetivos bem definidos e os planos eficientes para que as metas sejam alcançadas; - A aprendizagem = garantida pela sua programa- ção cabendo ao professor estabelecer critérios, fixando os comportamentos iniciais de seus alunos e aqueles re- sultados que deverão apresentar durante e no final do processo. - Ensino = o processo por meio do qual se instauram nos alunos as condutas descritas pelos que planejam o currículo. Algumas considerações sobre a abordagem comporta- mental Como essa abordagem focaliza comportamentos ex- teriorizados do indivíduo, comportamentos esses obser- váveis, convencionou-se operacionalizar a aprendizagem em relação ao cumprimento de uma tarefa realizada com êxito, confundindo-se, assim, resposta a uma determina- da ação como se ela fosse sinônimo de aprendizagem. Desconsidera-se, desse modo, que conhecimento aprendido não pode ser mensurado como fato pontual. A crítica mais significativa à abordagem behaviorista diz respeito à abstração que se faz do sujeito e da sua vida pessoal, centralizando o estudo no comportamento exterior expresso. Muitas vezes, o trato com o fenôme- no apresenta-se de forma superficial. Deixa de abordar determinados aspectos da aprendizagem por não serem passíveis de investigação objetiva,como, por exemplo, angústia, alegria, tristeza, amor... A ausência de manifestações exteriores não significa que não houve aprendizagem, porque esta nem sempre é visível, como se lê em vários livros. O silêncio e a apa- tia são também manifestações exteriores, que podem ser observadas pelo educador e, em si mesmas, não signifi- cam necessariamente uma não-aprendizagem, pois po- dem ter outras interpretações em determinados contex- tos. Devido a diversidade das teorias condutistas, fica difícil avaliar de uma maneira global os processos de mudanças educativas – isso contribui para limitar a com- preensão do entendimento dos processos de aprendiza- gem escolar. É uma abordagem importante no que diz respeito a pesquisa de técnicas específicas para possíveis intervenções educativas. Teoria das Hierarquias de Aprendizagem de Gagné Em seu trabalho, Gagné aborda “condições de apren- dizagem”, “tipos de aprendizagem” e princípios de aprendizagem”. Para Moreira (1999), “trata-se de uma teoria na medida em que procura relacionar e/ou unificar princípios de aprendizagem de modo a explicar fatos es- pecíficos observados”. Para Gagné a aprendizagem é um processo (interno) visível de mudança nas capacidades do indivíduo e ocor- re principalmente na interação do sujeito com seu meio (físico, social, psicológico). Se a aprendizagem ocorrer, observa-se uma mudança comportamental persistente. Gagné identifica cinco categorias maiores de aprendiza- gem: - Informação verbal; - Habilidades intelectuais; - Estratégias do cognitivo; - Habilidade motora; - Atitudes. Não basta ver o comportamento do aprendiz e sim analisar o processo de aprendizagem (modelo de apren- dizagem e memória). Para Gagné uma habilidade intelectual pode ser expli- cada como habilidades mais simples e quando combina- das resultam em aprendizagem. As habilidades mais sim- ples enquanto “pré-requisitos imediatos” possibilitam a identificação de outras habilidades muito mais simples das quais são formadas. É isso que Gagné denomina de “hierarquia de aprendizagem” e que significa um “mapa das habilidades subordinadas a alguma habilidade mais complexa que deve ser aprendida”. Nesse sentido, pro- pôs oito fases ou tipos que constituem o ato de apren- dizagem: Tipo 1 - Aprendizagem de sinais: o aprendiz aprende a dar uma resposta geral e difusa a um sinal. Neste tipo de aprendizagem o estímulo condicionado deve prece- der o incondicionado, num intervalo de tempo bastante curto. Tipo 2 - Aprendizagem do tipo estímulo-resposta: o indivíduo aprende uma resposta precisa a um estímulo discriminado, ou seja, uma conexão - segundo Thorndi- ke, ou uma operação discriminada - segundo Skinner. Tipo 3 - Aprendizagem em cadeias: consiste na aqui- sição de duas ou mais conexões estímulo-resposta, e pode começar tanto pelo fim da cadeia (pelo último elo) como pelo início (pelo primeiro elo da cadeia). As con- dições para este tipo de aprendizagem foram descritas principalmente por Skinner. Tipo 4 - Aprendizagem de associações verbais: seme- lhante ao tipo 3, é uma aprendizagem de cadeias verbais. Tipo 5 - Aprendizagem de discriminações múltiplas: neste caso o aprendiz necessita dar respostas diferen- ciadas a diferentes estímulos, estabelecendo um deter- minado número de cadeias que demonstrem a falta de semelhança entre várias coisas. T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 4 Tipo 6 - Aprendizagem de conceitos: este tipo de aprendizagem torna possível ao indivíduo reagir a pes- soas ou fatos como um todo. O indivíduo adquire a capa- cidade de dar respostas iguais a um grupo de estímulos, os quais podem diferir na sua forma física. Tipo 7 - Aprendizagem de princípios: um princípio é uma cadeia de dois ou mais conceitos e representa as relações existentes entre estes conceitos. Tipo 8 - Resolução de problemas: este tipo de apren- dizagem requer operações mentais mais complexas, en- volvendo os outros tipos analisados. O indivíduo adquire uma capacidade ou conhecimento. Aprender = colocar em andamento um conjunto de condições de aprendizagem internas e externas. Teoria da Cognição Social de Bandura Albert Bandura propõe uma abordagem de aprendi- zagem social e o papel das influências sociais na apren- dizagem. Se opõe a Skinner, principalmente por este não considerar os processos mentais e cognitivos na aprendi- zagem humana. Nesse sentido, Bandura oferece uma ou- tra versão do behaviorismo que chamou de sociobeha- viorismo e que mais tarde seria chamada de abordagem cognitiva social. Para Bandura, a aprendizagem por ob- servação é mais segura do que o comportamento ope- rante de Skinner. Princípios da Aprendizagem por Modelagem Para Bandura, a aprendizagem observacional é cons- tituída por quatro etapas: 1ª. Atenção: processo que otimiza a aprendizagem; 2ª. Retenção: um comportamento passa a ser apren- dido, quando for armazenado em nosso sistema cogni- tivo; 3ª. Produção: o conhecimento precisa ser caracteri- zado em ação, diferentes capacidades e habilidades são necessárias para colocar um conhecimento em prática. 4ª. Motivação: uma necessidade ou desejo que im- pulsiona um determinado tipo de comportamento e en- caminha para um objetivo. Para Bandura, a ação humana resulta da interação recíproca entre três classes principais de determinantes: a) o comportamento; b) os fatores pessoais internos = eventos cognitivos, afetivos e biológicos; c) ambiente externo; - Aprendizagem por imitação e observação: O aluno adquire e modifica pautas complexas de ação social, mecanismos cognitivos, regras abstratas, conceitos, estratégias de seleção e processamento de informação, capacidade de elaborar predições ou ex- pectativas, sistemas de autorregularão, autoavaliação e auto recompensa. Teoria do Desenvolvimento e Aprendizagem por Descobrimento de Piaget Embora Piaget não enfatize o conceito de aprendi- zagem em sua teoria cognitiva e sim faça uma teoria de desenvolvimento mental, é possível entender que sua contribuição à aprendizagem ocorra quando ele fala so- bre “aumento do conhecimento” e como isto ocorre: “só há aprendizagem (aumento de conhecimento) quando o esquema de assimilação sofre acomodação”. - Psicogênese do conhecimento = o conhecimento é resultado de interações entre o sujeito e o objeto e pela assimilação dos objetos aos esquemas do indivíduo O conhecimento, além de ser construído pela asso- ciação entre objeto, é também dado pela assimilação dos objetos aos esquemas do indivíduo. O sujeito (que conhece, cognoscente) é ativo. A capacidade do sujeito de conhecer e compreender o mundo é decorrente de esquemas de ASSIMILAÇÃO e ACOMODAÇÃO. Na assimilação o sujeito, por exemplo, se agita, suga, reúne, classifica, estabelece relações, e esses esquemas se alteram como resultado da maturação biológica, de experiências, trocas interpessoais e transmissões cultu- rais. A acomodação seria um mecanismo de ampliação que o sujeito elabora a partir da assimilação. Quando se estabelece a relação do sujeito conhece- dor e do objeto conhecido, articulando-se assimilações e acomodações, conclui-se o processo de adaptação e esse movimento todo é promovido pela equilibração. A equilibração é o conceito central na teoria constru- tivista. A teoria de Piaget analisa o desenvolvimento hu- mano desde a sua gênese – e o desenvolvimento seria uma passagem de um estágio de menor equilíbrio para outro. Para Piaget os estágios e períodos do desenvolvi- mento caracterizam as diferentes maneiras do indivíduo interagir com a realidade, ou seja, de organizar seus conhecimentos visando sua adaptação, constituindo-se na modificação progressiva dos esquemas de assimila- ção. Os estágios evoluem como uma espiral, de modo que cada estágio engloba o anterior e o amplia. Piaget não define idades rígidas para os estágios, mas sim que estes se apresentam em uma sequência constante.Estágio sensóriomotor, mais ou menos de 0 a 2 anos: a atividade intelectual da criança é de natureza sensorial e motora. A principal característica desse período é a au- sência da função semiótica, isto é, a criança não repre- senta mentalmente os objetos. Sua ação é direta sobre eles. Essas atividades serão o fundamento da atividade intelectual futura. A estimulação ambiental interferirá na passagem de um estágio para o outro. Estágio pré-operacional, mais ou menos de 4 a 6 anos: (Biaggio destaca que em algumas obras Piaget engloba o estágio pré-operacional como um subestágio do es- tágio de operações concretas): a criança desenvolve a capacidade simbólica; “já não depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 5 um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (o objeto ausente), o significado”. Para a educação é importante ressaltar o caráter lúdico do pensamento simbólico (conferir em Leitura Complemen- tar). Este período caracteriza-se: pelo egocentrismo: isto é, a criança ainda não se mostra capaz de colocar-se na perspectiva do outro, o pensamento pré-operacional é estático e rígido, a criança capta estados momentâneos, sem juntá-los em um todo; pelo desequilíbrio: há uma predominância de acomodações e não das assimilações; pela irreversibilidade: a criança parece incapaz de com- preender a existência de fenômenos reversíveis, isto é, que se fizermos certas transformações, somos capazes de restaurá-las, fazendo voltar ao estágio original, como por exemplo, a água que se transforma em gelo e aque- cendo-se volta à forma original. Estágio das operações concretas, mais ou menos dos 7 aos 11 anos: a criança já possui uma organização men- tal integrada, os sistemas de ação reúnem-se em todos integrados. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. É capaz de ver a totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida as conservações do número, da substância e do peso. Apesar de ainda trabalhar com objetos, agora representados, sua flexibilidade de pensa- mento permite um sem número de aprendizagens. Estágio das operações formais, mais ou menos dos 12 anos em diante: ocorre o desenvolvimento das operações de raciocínio abstrato. A criança se liberta inteiramente do objeto, inclusive o representado, operando agora com a forma (em contraposição a conteúdo), situando o real em um conjunto de transformações. A grande novidade do nível das operações formais é que o sujeito se torna capaz de raciocinar corretamente sobre proposições em que não acredita, ou que ainda não acredita, que ainda considera puras hipóteses. É capaz de inferir as conse- qüências.Tem início os processos de pensamento hipo- tético-dedutivos. Para Piaget a aprendizagem depende do estágio de desenvolvimento do sujeito e a educação ocorre com base nos pressupostos da equilibração constante. As atividades principais seriam: jogos de pensamen- to para o corpo e sentidos, jogos de pensamento lógico, atividades sociais para o pensamento (teatro, excursões), ler e escrever, aritmética, ciência, arte e ofícios música e educação física. No plano da informática = tem contribuído para mo- delagens computacionais na área de IA em educação, de- senvolvimento de linguagens de programação e outras modalidades de ensino auxiliado por computador com orientação construtivista. Programa mais popular = LOGO caracterizado como ambiente informático embasado no construtivismo = o indivíduo constrói, ele próprio, os mecanismos do pen- samento e os conhecimentos a partir das interações que tem com seu ambiente psíquico e social. A escola deve propor atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a construção do conheci- mento. Conhecimento como resultado de uma intera- ção, na qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que procura ativamente compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as interrogações que esse mundo provoca de forma autônoma. Principais objetivos da educação: formação de ho- mens “criativos, inventivos e descobridores”, de pessoas críticas e ativas, e na busca constante da construção da autonomia. Aprendizagem por Descoberta em Bruner Jerome Seymour Bruner enfatiza que a aprendizagem é um processo que ocorre internamente, e não como um produto do ambiente, das pessoas ou dos fatores exter- nos àquele que aprende. Realça a motivação intrínseca (interesse na matéria), a transferência da aprendizagem e a importância do pensamento intuitivo e que privilegia a curiosidade do aluno e o papel do professor como ins- tigador dessa curiosidade, daí ser chamada de teoria da descoberta. O seu método prevê estruturação das maté- rias de ensino, sequência na apresentação dessas maté- rias, motivação e reforço. Para Bruner, o êxito do ensino disciplinar depende do modo como os alunos entendem, pois, crianças em diferentes etapas de desenvolvimento possuem formas características de ver e explicar o mun- do. Bruner destaca o processo da descoberta, através da exploração de alternativas, e o currículo em espiral. Para Bruner, a aprendizagem mais significativa é a desenvolvida por métodos de descoberta orientada, que implicam proporcionar - aos estudantes - oportunidades de manipulação de objetos em forma ativa para transfor- má-los pela ação direta, assim como por atividades que os animem a procurar, explorar, analisar ou processar, de alguma outra maneira, a informação que recebem, em vez de somente respondê-la. De acordo com Bruner, “é possível ensinar qualquer assunto, de uma maneira honesta, a qualquer criança em qualquer estágio do desenvolvimento” A teoria de Bruner é mais uma teoria de ensino, cujas características são: 1º Predisposições: no apontamento das experiências afetivas para implantar no sujeito a predisposição para a aprendizagem 2º Estrutura e forma de conhecimento: na especifica- ção de como deve ser estruturado um conjunto de co- nhecimentos 3º Sequência e suas aplicações: na citação da sequên- cia mais eficiente para apresentar as matérias a serem estudadas 4º Forma e distribuição do reforço: na ênfase a natu- reza e na aplicação dos prêmios e punições nos proces- sos de aprendizagem e ensino. “A aprendizagem depende do conhecimento dos re- sultados, no momento e no local que ele pode ser utili- zado para correção” “O processo de aprendizagem deve levar o estudante a desenvolver seu autocontrole a fim de que a aprendi- zagem seja reforço de si própria” “A descoberta de um princípio por uma criança, é es- sencialmente idêntica - enquanto processo - à descober- ta que um cientista faz em seu laboratório” Bruner defende a participação ativa do aprendiz no processo de aprendizagem. Teoria Sociocultural de Vigotsky T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 6 Leon S. Vigotsky defende a ideia de que a aprendi- zagem é necessária para o desenvolvimento. De acordo com Moreira (1999:121): Sua teoria é construtivista, no sentido de que os instrumentos, signos e sistemas de signos são construções sóciohistórica e culturais, e a internalização, no indivíduo, dos instrumentos e signos socialmente construídos, é uma reconstrução interna em sua mente. O enfoque dado por Vigotsky destaca a participação em atividades com pessoas mais experientes é o que permite às crianças apropriarem-se dos conteúdos cul- turais e progredirem na elaboração interna das capaci- dades humanas superiores questão central: aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. - A linguagem desempenha papel muito importante na construção do conhecimento e é a ferramenta psico- lógica mais importante. - A aprendizagem precede o desenvolvimento numa relação dialética (Base da teoria Histórico Cultural) e é fundamental para o desenvolvimento. - O desenvolvimento cognitivo é produzido pelopro- cesso de internalização da interação social com materiais fornecidos pela cultura, sendo que o processo se constrói de fora para dentro. - A aprendizagem implica apropriação de conheci- mento, com planejamento e reorganização das experiên- cias para o aluno. - A aprendizagem é fundamental ao desenvolvimento dos processos internos na interação com outras pessoas. - O ensino deve passar do grupo para o indivíduo. - O ambiente influenciaria a internalização das ativi- dades cognitivas no indivíduo, de modo que, o apren- dizado gere o desenvolvimento. Portanto, o desenvol- vimento mental só pode realizar-se por intermédio do aprendizado. Vigotsky distingue duas formas de funcionamento mental: 1ª. os processos mentais elementares: Os processos mentais elementares correspondem ao estágio de inte- ligência sensóriomotora de Piaget e são resultantes do capital genético da espécie, da maturação biológica e da experiência da criança com seu ambiente físico. 2ª. Os processos mentais superiores: são construí- das ao longo da história social do homem. Como? Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, fazendo com que o homem se distinga dos outros animais nas suas formas de agir no e com o mundo. Sustenta a teoria do desenvolvimento dos processos mentais superiores: 1º. Relação entre educação, aprendizagem e desen- volvimento; 2º. O papel da mediação social nas relações entre o indivíduo e seu ambiente (mediado pelas ferramentas) e nas atividades psíquicas intraindividuais (mediadas pelos signos): 3º. A passagem entre o interpsíquico e o intrapsíqui- co nas situações de comunicação social. A escola é o lugar onde a intervenção pedagógica in- tencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem. O professor tem o papel explícito de interferir no pro- cesso, diferentemente de situações informais nas quais a criança aprende por imersão em um ambiente cultu- ral. Portanto, é papel do docente provocar avanços nos alunos e isso se torna possível com sua interferência na zona proximal. Educação: a importância da atuação dos outros mem- bros do grupo social na mediação entre a cultura e o indivíduo, pois uma intervenção deliberada desses mem- bros da cultura, nessa perspectiva, é essencial no pro- cesso de desenvolvimento. Isso nos mostra os processos pedagógicos como intencionais, deliberados, sendo o objeto dessa intervenção: construir conceitos. O aluno não é tão somente o sujeito da aprendiza- gem, mas, aquele que aprende junto ao outro o que o seu grupo social produz, tal como: valores, linguagem e o próprio conhecimento. Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel David Paul Ausubel: - É considerado um dos maiores estudiosos da apren- dizagem e dos procedimentos e métodos de instruções. - Foi influenciado fundamentalmente pela teoria do desenvolvimento de J. Piaget. - E bastante atuante na área da Psicologia Educacio- nal dos anos 50 aos anos 70. - Os estudos de Ausubel partem de clara crítica à aprendizagem por descoberta de Bruner, que em 68 des- creve uma alternativa metodológica de instrução basea- da na orientação da aprendizagem. Para Ausubel, o principal objetivo no processo de en- sino é que a aprendizagem obtida seja significativa. - O material a ser aprendido precisa fazer sentido para o aluno. Isto acontece quando a nova informação “ancora-se” nos conceitos relevantes já existentes na es- trutura cognitiva do aprendiz. - Neste processo a nova informação interage com uma estrutura de conhecimento específica, que Ausubel chama de conceito “subsunçor”. - Quando o material a ser aprendido não consegue ligar-se a algo já conhecido, tem-se o que Ausubel cha- mou de aprendizagem mecânica. Ocorre quando as no- vas informações são aprendidas sem, no entanto, intera- girem com conceitos relevantes já existentes na estrutura cognitiva. Assim, a pessoa “decora” fórmulas, leis, empre- ga “macetes” para realizar as avaliações esquecendo-se logo após. Para haver aprendizagem significativa é preciso duas condições: (a) que o aluno tenha disposição para aprender; (b)que o material a ser aprendido seja potencialmen- te significativo (logicamente e psicologicamente). Psicologia da Educação e os Conceitos de David P. Au- subel O fenômeno da aprendizagem humana estudado pela Psicologia da Educação do ponto de vista de Ausu- bel vai além da simples modificação de conduta como se vê na abordagem comportamental, pois a aprendizagem significativa possibilita uma mudança no significado da experiência. T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 7 Assim, o processo educativo tem, basicamente, três dimensões: (a) os professores e sua maneira de ensinar; (b) a estrutura dos conhecimentos que configuram o currículo e o modo como este se desenvolve e (c) o contexto das relações sociais no qual se desen- volve o processo educativo. Neste sentido, uma “teoria de aprendizagem” oferece uma explicação sistemática, coerente e unitária de: como se aprende; quais são os limites da aprendizagem e por- que se esquece o que foi aprendido. Sobre a aprendizagem significativa - Ausubel defende que a aprendizagem do aluno de- pende da estrutura cognitiva previa que se relaciona com a nova informação. - na orientação da aprendizagem é de vital importân- cia conhecer a estrutura cognitiva do aluno, não apenas para saber a quantidade de informação que o aluno pos- sui, mas para saber quais são os conceitos e proposições que consegue manipular além de seu grau de estabili- dade. - Os princípios da aprendizagem propostos por Au- subel apresentam um marco para o desenvolvimento de ferramentas metacognitivas que permitam conhecer a organização da estrutura cognitiva do aluno, a qual per- mitirá uma melhor orientação das ações educativas. Esta não é uma ação que deva ser vista como ações que de- verão se desenvolver com mentes vazias e que a aprendi- zagem dos alunos começa do “zero”. Os educandos têm uma série de experiências e conhecimentos que afetam suas aprendizagens e podem ser aproveitados a seu fa- vor. - Ausubel resume significativa parte de sua obra da seguinte maneira: “Se tivesse que reduzir toda a psicolo- gia educacional a um só princípio, este teria como enun- ciado que o fator maior importância na aprendizagem é o que o aluno já sabe. Verifique isto e depois ensine”. A aprendizagem significativa e a aprendizagem mecânica Aprendizagem Significativa: quando os conteúdos são relacionados de modo não arbitrário e sequenciado com aquilo que o aluno já sabe. Este processo deverá ob- ter melhores resultados se o aluno tiver em sua estrutura cognitiva conceitos, enquanto ideias ou problemas, de maneira estável e definida, com as quais a nova informa- ção pode interagir. Isto significa que na aprendizagem significativa, cada nova informação é ligada a conceitos na estrutura cognitiva do sujeito. Alguns estudos desenvolvidos em laboratórios indi- cam que é fundamental a orientação da aprendizagem na perspectiva da aprendizagem significativa pois “a in- formação aprendida de maneira mecânica inibe a apren- dizagem subsequente de material adicional similar. E além disso, mesmo esquecida a informação aprendida mecanicamente inibe a aprendizagem de nova informa- ção similar”. Outros estudos indicam que a maioria das informa- ções aprendidas mecanicamente nas escolas é perdida em um período de seis (6) a oito (8) semanas. Enquanto isso, a aprendizagem significativa provoca a ocorrência do desenvolvimento e da elaboração de conceitos “sub- sunçores”. Aprendizagem Mecânica: se dá quando não existem ‘subsunçores” adequados, de tal forma que a nova infor- mação é armazenada arbitrariamente sem, no entanto, interagir (ou integrar-se) com conhecimentos pré-exis- tentes. Conhecimentos estes relevantes e necessários para fazercom que a tarefa do aprendiz seja potencial- mente significativa, independente da quantidade de sig- nificado potencial que esta tarefa tenha. Para Ausubel, não há uma distinção entre aprendiza- gem significativa e mecânica enquanto uma dicotomia, mas como “continuum”. Requisitos para a Aprendizagem Significativa: Ausubel defende que o aluno manifeste uma certa predisposição para relacionar de forma sustentada e não arbitrariamente o novo material com sua estrutura cog- nitiva como se o material empregado no seu ensino fosse potencialmente significativo, para que seja “relacionável” com sua estrutura de conhecimento sobre uma base não arbitrária. Tipos de aprendizagem significativa: Para Ausubel há três tipos de aprendizagem signifi- cativa: de representações de conceitos e de problemas. 1ª. Aprendizagem de representações - É a aprendizagem mais elementar, da qual depen- dem os demais tipos de aprendizagem. - Consiste na atribuição de significados a determi- nado símbolos. Diz Ausubel: este tipo de aprendi- zagem ocorre quando se igualam em significados símbolos arbitrários com seus objetos de referên- cias (objetos, eventos, conceitos etc) e significam para o aluno qualquer significado alusivo aos ob- jetos referenciais. - Este tipo de aprendizagem se apresenta, geral- mente, em crianças. Por exemplo, quando a crian- ça aprende a palavra “bola” quando esta passa a representar-lhe a mesma coisa, o objeto “bola’ e a palavra “bola”. Não se trata de uma simples as- sociação entre o símbolo e o objeto que o ninho relaciona de maneira relativamente subjetiva e não arbitrária, como uma equivalência de representa- ção com os conteúdos relevantes existentes em sua estrutura cognitiva. 2ª. Aprendizagem de Conceitos - Os conceitos se definem como “objetos, eventos, situações ou propriedades que possuem atributos de critérios comuns e que são designados mediante algum símbolo ou signo. Daí podemos afirmar que, de certa for- ma, também é uma aprendizagem de representação. T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 8 #FicaDica Saviani inicia o seguinte texto apresentan- do sua problemática por meio de um ques- tionamento motivador: Como as teorias da educação se posicionam mediante a situ- ação de precariedade e marginalidade na educação? - Para Ausubel, o desenvolvimento do conceito é me- lhor quando os seus elementos mais gerais são introduzidos em primeiro lugar e são, progressi- vamente, diferenciados em termos de detalhes e especificidades. Há conceitos gerais, ordenados e os mais específicos e subordinados. - Para Ausubel, a principal função da escola é pro- piciar a aprendizagem de conceitos. Para tanto é preciso separar os conceitos mais abrangentes e os subordinados. Mapas Conceituais - Criados por Joseph D. Novak em 1960 - Baseia-se na teoria construtivista e na aprendiza- gem significativa de Ausubel - Representam relações significativas entre os concei- tos na forma de proposições - É um recurso de representação esquemática, seme- lhantes a diagramas, através de uma estrutura bi- dimensional de proposições, de significados con- ceptuais. Para Novak o um mapa conceptual pode ser simulta- neamente: - Um recurso de autoaprendizagem para os alunos (e não só) - Um método para encontrar e explicitar significado para os materiais de estudo - Uma estratégia que estimula a organização dos ma- teriais de estudo Passos para a construção de um mapa conceitual: 1. Anotar os principais termos ou conceitos acerta do tópico 2. Identificar os conceitos mais gerais, os intermédios e os específicos 3. Começar a construir o mapa de conceitos: - Os conceitos são contornados com um círculo (oval ou outra forma) - Localizar o conceito mais geral no topo - Colocar os conceitos intermédios abaixo do geral e os específicos abaixo dos intermédios 4. Traçar as linhas de ligação entre os conceitos 5. “Etiquetar” as linhas de ligação com as palavras de ligação para indicar como os conceitos estão rela- cionados - proposições 6. Fazer a revisão do mapa Critérios de classificação dos mapas de conceitos de acordo com Novack: Proposições: A relação de significado entre dois con- ceitos é indicada pela linha que os une e pela palavra de ligação correspondente. A relação é válida? Atribuir um ponto por cada relação válida e significativa que apareça, pode ser um critério. Hierarquia: O mapa revela uma hierarquia? Cada um dos conceitos subordinados é mais específico e menos geral que o conceito escrito acima dele? Cada nível hie- rárquico válido pode valer 5 pontos. Ligações Cruzadas: O mapa revela ligações signifi- cativas entre um segmento da hierarquia conceitual e outro segmento? Essa ligação é significativa e válida? Cada ligação cruzada válida e significativa pode valer por exemplo 10 pontos. Exemplos: Os acontecimentos ou objetos concretos que sejam exemplos válidos do que designam os termos conceptuais podem valer 1 ponto cada um (estes exem- plos não devem ser circundados pela linha curva fecha- da - círculo ou outra - uma vez que não são conceitos). Um mapa de conceitos é sempre pessoal. Mas alguns aspectos devem ser tidos em conta para conseguir um maior aperfeiçoamento, tais como: - Usar palavras simples ou frases simples para infor- mação - Usar fontes (tipo de letra) facilmente legíveis - Usar cores para separar ideias diferentes - Usar símbolos e imagens sugestivas - Usar formas diferentes para diferentes grupos de informação - Usar setas para mostrar relações de causa e efeito Referência: ALMEIDA: A. M. F. P. M. Teorias da Aprendizagem para a Prática Pedagógica. Professora Livre Docente do Departamento de Educação – UNESP – Bauru/SP. TEXTO COMPLEMENTAR Assim, o autor destaca que essas teorias se posicio- nam em dois grupos principais, de acordo com o en- tendimento que elas têm da relação entre educação e sociedade. Um primeiro grupo de teorias, chamado por Savia- ni de teorias não-críticas, seria aquelas que entendem a educação como instrumento de equalização social e de superação da marginalidade, caracterizando assim o problema da marginalidade como resultado da ignorân- cia, um fenômeno acidental que deve ser corrigido. Nes- se grupo de teorias encontram-se a Escola Tradicional, a Escola Nova e a Tecnicista. Já o segundo grupo de teorias, ditas como as crítico- reprodutivistas seriam às que compreendem a educação como um instrumento de discriminação social, um fator de marginalização. Esse grupo entende que a sociedade é essencialmente marcada pela divisão de classes, sendo a marginalidade inerente à própria estrutura da socie- dade, logo, a educação é aqui vista como inteiramente T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 9 dependente da estrutura social, servindo como fator de marginalização. Assim, a função da escola consiste so- mente na reprodução da sociedade em que está inserida. Compondo esse grupo de teorias destacam-se: A teoria do sistema de ensino enquanto violência sim- bólica: considera que toda sociedade se constitui como um sistema de relações de força material entre grupos ou classes. Sobre a base da força material surge um sistema de relações de força simbólica cujo objetivo é reforçar as relações de força materiais. Assim, a dominação econô- mica acaba por determinar a dominação cultural. A ação pedagógica seria assim entendida como uma imposição arbitrária da cultura dos dominantes para os dominados, que se materializaria pelo trabalho pedagógico. Teoria da escola enquanto aparelho ideológico de estado (AIE): Essa teoria entende a escola como o instru- mento mais acabado de reprodução das relações sociais da sociedade capitalista. Nesse contexto os marginaliza- dos são considerados os próprios trabalhadores. Ao in- vés de instrumento de equalizaçãosocial, a escola, cons- tituída pela própria burguesia tem a função de garantir o funcionamento do sistema burguês de produção. Teoria da escola dualista: A escola estaria dividida em duas grandes redes: a burguesa e a proletária, explicada pela divisão da sociedade em duas classes opostas. Nessa perspectiva o papel da escola não é mais o de reforçar a marginalidade, mas sim, impedir o desenvolvi- mento da ideologia dos trabalhadores e a, consequente luta revolucionária. Saviani considera assim, que a escola se assume como duplo fator de marginalização conver- tendo os trabalhadores em marginais, colocando à lado do movimento proletário todos aqueles que ingressam nas escolas. Pode-se concluir com essa teoria que a escola serve como aparelho ideológico apenas à burguesia na luta contra o operariado. Saviani destaca que as teorias críticoreprodutivistas tiveram como ponto positivo evidenciar a ligação da es- cola e os interesses capitalistas, no entanto, não têm uma proposta pedagógica porque se preocupam apenas em explicar o mecanismo da escola atual. Outra teoria abordada nesse texto é a da educação compensatória, que promove uma valorização da pré-es- cola. Essa, segundo Saviani, se configura como uma res- posta não crítica às dificuldades educacionais trazidas à tona pelas teorias críticoreprodutivistas. De acordo com a teoria da educação compensatória, a educação conti- nuaria tendo função de equalização social, porém, para que ela pudesse concretizar tal função, seria necessário compensar suas deficiências. Logo se busca resolver pro- blemas de ordem: de saúde e nutrição, familiares, dentre muitas outras, como se a escola tivesse o poder de re- solver todos esses problemas. Como resultado, tem-se uma pulverização de esforços e recursos que acabam por defasar ainda mais o setor educacional. Ainda sobre essa teoria, Saviani considera que se o objetivo é compensar as deficiências escolares, devem-se atentar-se para as deficiências que são de campo estrita- mente educacional, caracterizando então uma compen- sação educacional. Nesse sentido, ficou claro, mediante análise dos dois grupos de teorias que a escola é materialmente deter- minada pelos interesses da classe dominante. Assim, Saviani levanta a seguinte questão: é possível articular a escola com os interesses dominados? É possível uma teoria da educação que capte criticamente a escola como um instrumento capaz de contribuir para a superação do problema da marginalidade? Esses seriam os questionamentos básicos para a construção de uma teoria crítica. Tal teoria teria de su- perar o poder ilusório posto à escola pelas teorias não- -críticas, bem como superar o ar de impotência dada a essa instituição pelas teorias criticoreprodutivistas. Para a construção de uma teoria denominada crítica seria preci- so, sobretudo, de acordo com o autor, lutar contra a sele- tividade, a discriminação e o rebaixamento do ensino das camadas populares. Lutar contra a marginalidade nessa perspectiva seria garantir aos trabalhadores um ensino da melhor qualidade possível nas condições históricas atuais. Na busca da síntese de uma nova teoria, Saviani, utiliza-se da Teoria da Curvatura da Vara, abordando o conflito histórico travado entre a Pedagogia Tradicional e a Pedagogia Nova. De acordo com essa teoria é preci- so que a vara seja curvada para o lado oposto para que tome uma direção não-tendenciosa. Logo, entendendo que a vara esteja historicamente sendo curvada para a direção da Escola Nova, o autor levanta questionamentos e críticas a essa pedagogia. Posteriormente, Saviani, inicia suas considerações so- bre a formulação de uma nova teoria. Destacando que a historicidade seria uma das principais características de uma pedagogia superadora das discutidas. Uma nova pedagogia não precisaria negar a essên- cia (escola tradicional) para admitir o caráter dinâmico da realidade e também não vê a necessidade de negar o movimento para entender a essência. A pedagogia revolucionária é crítica, entendendo assim a educação como condicionada e não como a redentora da socieda- de como as pedagogias Nova e Tradicional. Logo, Saviani destaca ainda que um método novo não seria a soma da Pedagogia Tradicional e da Pedagogia Nova, porque o método que Saviani preconiza relaciona educação e so- ciedade. Para uma nova pedagogia, a educação relaciona-se dialeticamente com a sociedade, assim ela é sim deter- minada pela sociedade, porém, também influencia a so- ciedade. Uma pedagogia que supere as anteriores teria de es- tar articulada aos interesses populares, sendo assim, es- taria empenhada na valorizaria da escola, para que fun- cione da melhor maneira possível. O primeiro passo para nessa nova pedagogia seria a prática social, sendo essa atividade comum ao professor e ao aluno. O segundo passo seria a problematização. Já o terceiro estaria pautado na apropriação dos instrumen- tos teóricos e práticos para a resolução desse problema. O quarto passo é denominado de catarse e trata-se da efetiva incorporação dos instrumentos culturais, trans- formando-os em elementos ativos de transformação sociais. O quinto e último passo constituiria-se na pró- pria prática social. A compreensão dessa prática social ao longo desses passos passaria por alterações qualitativas. T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 10 EXERCÍCIOS COMENTADOS Em busca da democracia, a educação deveria ter como ponto de partida a desigualdade (realidade so- cial) e ter a igualdade no ponto de chegada (em busca de uma transformação social). O processo educacional constitui-se assim na passagem da desigualdade para a igualdade. Para Saviani a educação não deve ter relações demo- cráticas ou autoritárias, mas sim, deve articular o trabalho desenvolvido nas escolas com o processo de democrati- zação da sociedade. A nova pedagogia apresentada no texto, que supere a Nova e a Tradicional, indica para uma sociedade que tenha superado a divisão do saber, diferentemente de nossa realidade social. Porém, para Saviani, cada professor pode dar sua contribuição para uma transformação estrutural da so- ciedade. Essa contribuição se daria na medida em que o professor enfatiza a transmissão e assimilação de conhe- cimentos, do conteúdo o qual constituí sua especificida- de, sempre apresentando esse conteúdo relacionando-o com a sociedade, com seus determinantes. O professor deve impedir a tendência de dissolução dos conteúdos escolares. No último tópico do livro, que tem como título Onze teses sobre educação e política o autor afirma que se costumou socialmente considerar a educação como sempre sendo um ato político. Tal afirmação, salienta o autor, surge da necessidade de contraposição à educa- ção técnicapedagógica (Escola Tecnicista). Do mesmo modo como deu-se na teoria da curvatura da vara, ten- tou-se curvar a vara para a outra direção e assim, por muitas vezes, a educação foi considerada como sendo sinônimo de política, desconfigurando-se nesse sentido a especificidade da educação. Para o autor, educação e política são práticas distin- tas, porém inseparáveis e com íntima relação. São mo- dalidades especificas da prática social, integrando uma mesma totalidade. Se educação e política forem vistas como iguais, uma vez que a política exerce uma certa superioridade em nossa sociedade de classes, a especi- ficidade e a função educacional desapareceriam. As re- flexões expostas nesse momento por Saviani podem ser ordenadas e sintetizadas nas onze teses que se seguem: Tese 1: Não existe identidade entre educação e po- lítica; Tese 2: Toda prática educativa contém, inevitavelmen- te, uma dimensão política; Tese 3: Toda prática política contém, por sua vez, ine- vitavelmente uma dimensão educativa. Tese 4: A explicitação da dimensão política da prática educativa está condicionada à explicitação da especifici- dade daprática educativa; Tese 5: A explicitação da dimensão educativa da prá- tica política está, por sua vez, condicionada à explicitação da especificidade da prática política. Tese 6: A especificidade da prática educativa define- -se pelo caráter de uma relação que se trava entre con- trários não-antagônicos. Tese 7: A especificidade da prática política define-se pelo caráter de uma relação que se trava em contrários antagônicos. Tese 8: As relações entre educação e política dão-se na forma de autonomia relativa e dependência recíproca; Tese 9: As sociedades de classes caracterizam-se pelo primado da política, o que determina a subordinação real da educação à prática política; Tese 10: Superada a sociedade de classes, cessa o pri- mado da política e, em consequência, a subordinação da educação. Tese 11: A função política da educação cumpre-se na medida em que ela se realiza como prática especifica- mente pedagógica. Fonte BARBIERI, A. F. Bibliografia SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. Campinas-SP: Autores Associados, 2008 01. (IF-SP – Professor – Superior – IF-SP/2017) Em re- lação à obra “Escola e Democracia”, de Dermeval Saviani, é correto afirmar que: A. As teorias críticoreprodutivistas entendem ser a edu- cação um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade. B. As teorias não-críticas compreendem a educação como um instrumento de marginalização social, mas não apresentam uma proposta pedagógica para a or- ganização da escola. C. Para a pedagogia tecnicista, a escola tem como função difundir a instrução e transmitir conhecimentos. D. Saviani denuncia o caráter reacionário da pedagogia tradicional, que proclama a democracia, mas se res- tringe a um grupo privilegiado, legitimando as desi- gualdades. E. Saviani defende o trabalho com os conteúdos culturais como elemento de construção de uma pedagogia ver- dadeiramente revolucionária. A pedagogia revolucionária, proposta do autor, “não nega a essência para admitir o caráter dinâmico da re- alidade como o faz a pedagogia da existência, inspira- da na concepção ‘humanista’ moderna de filosofia da educação”. Conforme já vimos, sabe-se condicionada: A educação é elemento secundário e determinado. O conteúdo vivo é tarefa primordial de processos educa- tivos em geral e da escola em particular. Ele completa: “O cerne dessa novidade radical consiste na superação da crença na autonomia ou na depen- dência absolutas da educação em face das condições sociais vigentes” (id.). E registra que Paulo Freire “colo- cou métodos da Escola Nova a serviço dos interesses populares”, por meio da alfabetização de adultos, por exemplo. T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 11 Em suma, a pedagogia revolucionária “não é outra coisa senão aquela pedagogia empenhada decidida- mente em colocar a educação a serviço da referida transformação das relações de produção.” (http://mi- diacidada.org/dermeval-saviani-a-pedagogia-revolu- cionaria/) RESPOSTA: E 02. (IF-SP – Professor – Superior – IF-SP/2017) Em re- lação à obra “Escola e Democracia”, de Dermeval Saviani, é correto afirmar que: A. As teorias críticoreprodutivistas entendem ser a edu- cação um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade. B. As teorias não-críticas compreendem a educação como um instrumento de marginalização social, mas não apresentam uma proposta pedagógica para a or- ganização da escola. C. Para a pedagogia tecnicista, a escola tem como função difundir a instrução e transmitir conhecimentos. D. Saviani denuncia o caráter reacionário da pedagogia tradicional, que proclama a democracia, mas se res- tringe a um grupo privilegiado, legitimando as desi- gualdades. E. Saviani defende o trabalho com os conteúdos culturais como elemento de construção de uma pedagogia ver- dadeiramente revolucionária. A pedagogia revolucionária, proposta do autor, “não nega a essência para admitir o caráter dinâmico da re- alidade como o faz a pedagogia da existência, inspira- da na concepção ‘humanista’ moderna de filosofia da educação”. Conforme já vimos, sabe-se condicionada: A educação é elemento secundário e determinado. O conteúdo vivo é tarefa primordial de processos educa- tivos em geral e da escola em particular. Ele completa: “O cerne dessa novidade radical consiste na superação da crença na autonomia ou na depen- dência absolutas da educação em face das condições sociais vigentes” (id.). E registra que Paulo Freire “colo- cou métodos da Escola Nova a serviço dos interesses populares”, por meio da alfabetização de adultos, por exemplo. Em suma, a pedagogia revolucionária “não é outra coisa senão aquela pedagogia empenhada decidida- mente em colocar a educação a serviço da referida transformação das relações de produção.” (http://mi- diacidada.org/dermeval-saviani-a-pedagogia-revolu- cionaria/) RESPOSTA: E AVALIAÇÃO O QUE É MESMO O ATO DE AVALIAR A APRENDI- ZAGEM? Cipriano Carlos Luckesi A avaliação da aprendizagem escolar se faz presen- te na vida de todos nós que, de alguma forma, estamos comprometidos com atos e práticas educativas. Pais, educadores, educandos, gestores das atividades educati- vas públicas e particulares, administradores da educação, todos, estamos comprometidos com esse fenômeno que cada vez mais ocupa espaço em nossas preocupações educativas. O que desejamos é uma melhor qualidade de vida. No caso deste texto, compreendo e exponho a avaliação da aprendizagem como um recurso pedagógico útil e necessário para auxiliar cada educador e cada educando na busca e na construção de si mesmo e do seu melhor modo de ser na vida. #FicaDica A avaliação da aprendizagem não é e não pode continuar sendo a tirana da prática educativa, que ameaça e submete a todos. Chega de confundir avaliação da aprendizagem com exames. A avaliação da aprendizagem, por ser avaliação, é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, diversa dos exames, que não são amorosos, são excludentes, não são construtivos, mas classificatórios. A avaliação inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem, marginali- zam. No que se segue, apresento aos leitores alguns en- tendimentos básicos para compreender e praticar a ava- liação da aprendizagem como avaliação e não, equivoca- damente, como exames. Antes de mais nada, uma disposição psicológica ne- cessária ao avaliador O ato de avaliar, devido a estar a serviço da obtenção do melhor resultado possível, antes de mais nada, impli- ca a disposição de acolher. Isso significa a possibilidade de tomar uma situação da forma como se apresenta, seja ela satisfatória ou insatisfatória agradável ou desagra- dável, bonita ou feia. Ela é assim, nada mais. Acolhê-la como está é o ponto de partida para se fazer qualquer coisa que possa ser feita com ela. Avaliar um educando implica, antes de mais nada, acolhe-lo no seu ser e no seu modo de ser, como está, para, a partir daí, decidir o que fazer. A disposição de acolher está no sujeito do avaliador, e não no objeto da avaliação. O avaliador é o adulto da relação de avaliação, por isso ele deve possuir a disposi- ção de acolher. Ele é o detentor dessa disposição. E, sem ela, não há avaliação. Não é possível avaliar um objeto, T E M A S D E E D U C A Ç Ã O http://mi-/ http://mi-/ 12 uma pessoa ou uma ação, caso ela seja recusada ou ex- cluída, desde o início, ou mesmo julgada previamente. Que mais se pode fazer com um objeto, ação ou pessoa que foram recusados, desde o primeiro momento? Nada, com certeza! Imaginemos um médico que não tenha a disposição para acolher o seu cliente, no estado em que está; um empresário que não tenha a disposição para acolher a sua empresa na situação em que está; um paiou uma mãe que não tenha a disposição para acolher um filho ou uma filha em alguma situação embaraçosa em que se encontra. Ou imaginemos cada um de nós, sem dispo- sição para nos acolhermos a nós mesmos no estado em que estamos. As doenças, muitas vezes, não podem mais sofrer qualquer intervenção curativa adequada devido ao fato de que a pessoa, por vergonha, por medo social ou por qualquer outra razão, não pode acolher o seu pró- prio estado pessoal, protelando o momento de procurar ajuda, chegando ao extremo de ‘já não ter muito mais o que fazer!’. A disposição para acolher é, pois, o ponto de partida para qualquer prática de avaliação. É um estado psicoló- gico oposto ao estado de exclusão, que tem na sua base o julgamento prévio. O julgamento prévio está sempre na defesa ou no ataque, nunca no acolhimento. A dispo- sição para julgar previamente não serve a uma prática de avaliação, porque exclui. Para ter essa disposição para acolher, importa estar atento a ela. Não nascemos naturalmente com ela, mas sim a construímos, a desenvolvemos, estando atentos ao modo como recebemos as coisas. Se antes de ouvirmos ou vermos alguma coisa já estamos julgando, positiva ou negativamente, com certeza, não somos capazes de acolher. A avaliação só nos propiciará condições para a obtenção de uma melhor qualidade de vida se estiver assentada sobre a disposição para acolher, pois é a partir daí que podemos construir qualquer coisa que seja. Por uma compreensão do ato de avaliar Assentado no ponto de partida acima estabelecido, o ato de avaliar implica dois processos articulados e in- dissociáveis: diagnosticar e decidir. Não é possível uma decisão sem um diagnóstico, e um diagnóstico, sem uma decisão é um processo abortado. Em primeiro lugar, vem o processo de diagnosticar, que constitui-se de uma constatação e de uma qualifi- cação do objeto da avaliação. Antes de mais nada, por- tanto, é preciso constatar o estado de alguma coisa (um objeto, um espaço, um projeto, uma ação, a aprendiza- gem, uma pessoa...), tendo por base suas propriedades específicas. Por exemplo, constato a existência de uma cadeira e seu estado, a partir de suas propriedades ‘físi- cas’ (suas características): ela é de madeira, com quatro pernas, tem o assento estofado, de cor verde... A cons- tatação sustenta a configuração do ‘objeto’, tendo por base suas propriedades, como estão no momento. O ato de avaliar, como todo e qualquer ato de conhecer, ini- cia-se pela constatação, que nos dá a garantia de que o objeto é como é. Não há possibilidade de avaliação sem a constatação. A constatação oferece a ‘base material’ para a segun- da parte do ato de diagnosticar, que é qualificar, ou seja, atribuir uma qualidade, positiva ou negativa, ao objeto que está sendo avaliado. No exemplo acima, qualifico a cadeira como satisfatória ou insatisfatória, tendo por base as suas propriedades atuais. Só a partir da consta- tação, é que qualificamos o objeto de avaliação. A partir dos dados constatados é que atribuímos-lhe uma quali- dade. Entretanto, essa qualificação não se dá no vazio. Ela é estabelecida a partir de um determinado padrão, de um determinado critério de qualidade que temos, ou que estabelecemos, para este objeto. No caso da cadeira, ela está sendo qualificada de satisfatória ou insatisfatória em função do quê? Ela, no caso, será satisfatória ou insatis- fatória em função da finalidade à qual vai servir. Ou seja, o objeto da avaliação está envolvido em uma tessitura cultural (teórica), compreensiva, que o envolve. Manten- do o exemplo acima, a depender das circunstâncias onde esteja a cadeira, com suas propriedades específicas, ela será qualificada de positiva ou de negativa. Assim sendo, uma mesma cadeira poderá ser qualificada como satisfa- tória para um determinado ambiente, mas insatisfatória para um outro ambiente, possuindo as mesmas proprie- dades específicas. Desde que diagnosticado um objeto de avaliação, ou seja, configurado e qualificado, há algo, obrigatoriamente, a ser feito, uma tomada de decisão so- bre ele. O ato de qualificar, por si, implica uma tomada de posição – positiva ou negativa –, que, por sua vez, conduz a uma tomada de decisão. Caso um objeto seja qualificado como satisfatório, o que fazer com ele? Caso seja qualificado como insatisfatório, o que fazer com ele? O ato de avaliar não é um ato neutro que se encerra na constatação. Ele é um ato dinâmico, que implica na de- cisão de ‘o que fazer’ Sem este ato de decidir, o ato de avaliar não se completa. Ele não se realiza. Chegar ao diagnóstico é uma parte do ato de avaliar. A situação de ‘diagnosticar sem tomar uma decisão’ assemelha-se à si- tuação do náufrago que, após o naufrágio, nada com to- das as suas forças para salvar-se e, chegando às margens, morre, antes de usufruir do seu esforço. Diagnóstico sem tomada de decisão é um curso de ação avaliativa que não se completou. Como a qualificação, a tomada de decisão também não se faz num vazio teórico. Toma-se decisão em função de um objetivo que se tem a alcançar. Um médico toma decisões a respeito da saúde de seu cliente em função de melhorar sua qualidade de vida; um empresário toma decisões a respeito de sua empresa em função de me- lhorar seu desempenho; um cozinheiro toma decisões a respeito do alimento que prepara em função de dar-lhe o melhor sabor possível, e assim por diante. Em síntese, avaliar é um ato pelo qual, através de uma disposição acolhedora, qualificamos alguma coisa (um objeto, ação ou pessoa), tendo em vista, de alguma for- ma, tomar uma decisão sobre ela. Quando atuamos junto a pessoas, a qualificação e a decisão necessitam ser dialogadas. O ato de avaliar não é um ato impositivo, mas sim um ato dialógico, amoroso e construtivo. Desse modo, a avaliação é uma auxiliar de uma vida melhor, mais rica e mais plena, em qualquer de seus setores, desde que constata, qualifica e orienta pos- sibilidades novas e, certamente, mais adequadas, porque assentadas nos dados do presente. T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 13 Avaliação da aprendizagem escolar Vamos transpor esse conceito da avaliação para a compreensão da avaliação da aprendizagem escolar. To- mando as elucidações conceituais anteriores, vamos apli- car, passo a passo, cada um dos elementos à avaliação da aprendizagem escolar. Iniciemos pela disposição de acolher. Para se proces- sar a avaliação da aprendizagem, o educador necessita dispor-se a acolher o que está acontecendo. Certamente o educador poderá ter alguma expectativa em relação a possíveis resultados de sua atividade, mas necessita estar disponível para acolher seja lá o que for que estiver acon- tecendo. Isso não quer dizer que ‘o que está acontecen- do’ seja o melhor estado da situação avaliada. Importa estar disponível para acolhê-la do jeito em que se encon- tra, pois só a partir daí é que se pode fazer alguma coisa. Mais: no caso da aprendizagem, como estamos tra- balhando com uma pessoa – o educando –, importa aco- lhê-lo como ser humano, na sua totalidade e não só na aprendizagem específica que estejamos avaliando, tais como língua portuguesa, matemática, geografia.... Acolher o educando, eis o ponto básico para proce- der atividades de avaliação, assim como para proceder toda e qualquer prática educativa. Sem acolhimento, te- mos a recusa. E a recusa significa a impossibilidade de estabelecer um vínculo de trabalho educativo com quem está sendo recusado. A recusa pode se manifestar de muitos modos, desde os mais explícitos até os mais sutis. A recusa explícita se dá quando deixamos claro que estamos recusando al- guém. Porém, existem modos sutis de recusar, tal como no exemplo seguinte. Só para nós, em nosso interior, sem dizer nada para ninguém, julgamos que um aluno X ‘é do tipo que dá trabalho e que não vai mudar’. Esse juízo, por mais silenciosoque seja em nosso ser, está lá colocando esse educando de fora. E, por mais que pareça que não, estará interferindo em nossa relação com ele. Ele sempre estará fora do nosso círculo de relações. Aco- lhê-lo significa estar aberto para recebê-lo como é. E só vendo a situação como é podemos compreendê-la para, dialogicamente, ajudá-lo. Isso não quer dizer aceitar como certo tudo que vem do educando. Acolher, neste caso, significa a possibilida- de de abrir espaço para a relação, que, por si mesma, terá confrontos, que poderão ser de aceitação, de negocia- ção, de redirecionamento. Por isso, a recusa consequen- temente impede as possibilidades de qualquer relação dialógica, ou seja, as possibilidades da prática educativa. O ato de acolher é um ato amoroso, que traz ‘para den- tro’, para depois (e só depois) verificar as possibilidades do que fazer. Assentados no acolhimento do nosso educando, podemos praticar todos os atos educativos, inclusive a avaliação. E, para avaliar, o primeiro ato básico é o de diagnosticar, que implica, como seu primeiro passo, coletar dados relevantes, que configurem o estado de aprendizagem do educando ou dos educandos. Para tan- to, necessitamos instrumentos. Aqui, temos três pontos básicos a levar em consideração: 1) dados relevantes; 2) instrumentos; 3) utilização dos instrumentos. Cada um desses pontos merece atenção. Os dados coletados para a prática da avaliação da aprendizagem não podem ser quaisquer. Deverão ser coletados os dados essenciais para avaliar aquilo que estamos pretendendo avaliar. São os dados que carac- terizam especificamente o objeto em pauta de avalia- ção. Ou seja, a avaliação não pode assentar-se sobre dados secundários do ensino-aprendizagem, mas, sim, sobre os que efetivamente configuram a conduta ensi- nada e aprendida pelo educando. Caso esteja avaliando aprendizagens específicas de matemática, dados sobre essa aprendizagem devem ser coletados e não outros; e, assim, de qualquer outra área do conhecimento. Dados essenciais são aqueles que estão definidos nos planeja- mentos de ensino, a partir de uma teoria pedagógica, e que foram traduzidos em práticas educativas nas aulas. Isso implica que o planejamento de ensino necessita ser produzido de forma consciente e qualitativamente satisfatória, tanto do ponto de vista científico como do ponto de vista políticopedagógicos. Por outro lado, os instrumentos de avaliação da aprendizagem, também, não podem ser quaisquer ins- trumentos, mas sim os adequados para coletar os da- dos que estamos necessitando para configurar o estado de aprendizagem do nosso educando. Isso implica que os instrumentos: a) sejam adequados ao tipo de con- duta e de habilidade que estamos avaliando (informa- ção, compreensão, análise, síntese, aplicação...); b) sejam adequados aos conteúdos essenciais planejados e, de fato, realizados no processo de ensino (o instrumento necessita cobrir todos os conteúdos que são conside- rados essenciais numa determinada unidade de ensino- -aprendizagem; c) adequados na linguagem, na clareza e na precisão da comunicação (importa que o educando compreenda exatamente o que se está pedindo dele); adequados ao processo de aprendizagem do educando (um instrumento não deve dificultar a aprendizagem do educando, mas, ao contrário, servir-lhe de reforço do que já aprendeu. Responder as questões significativas signifi- ca aprofundar as aprendizagens já realizadas.). Um instrumento de coleta de dados pode ser desas- troso, do ponto de vista da avaliação da aprendizagem, como em qualquer avaliação, na medida em que não co- lete, com qualidade, os dados necessários ao processo de avaliação em curso. Um instrumento inadequado ou defeituoso pode distorcer completamente a realidade e, por isso, oferecer base inadequada para a qualificação do objeto da avaliação e, consequentemente, conduzir a uma decisão também distorcida. Será que nossos instrumentos de avaliação da apren- dizagem, utilizados no cotidiano da escola, são suficien- temente adequados para caracterizar nossos educan- dos? Será que eles coletam os dados que devem ser coletados? Será que eles não distorcem a realidade da conduta de nossos educandos, nos conduzindo a juízos distorcidos? Quaisquer que sejam os instrumentos – prova, tes- te, redação, monografia, dramatização, exposição oral, arguição, etc. – necessitam manifestar qualidade satisfa- tória como instrumento para ser utilizado na avaliação da aprendizagem escolar, sob pena de estarmos quali- T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 14 ficando inadequadamente nossos educandos e, conse- quentemente, praticando injustiças. Muitas vezes, nossos educandos são competentes em suas habilidades, mas nossos instrumentos de coleta de dados são inadequa- dos e, por isso, os julgamos, incorretamente, como in- competentes. Na verdade, o defeito está em nossos instrumentos, e não no seu desempenho. Bons instru- mentos de avaliação da aprendizagem são condições de uma prática satisfatória de avaliação na escola. Ainda uma palavra sobre o uso dos instrumentos. Como nós nos utilizamos dos instrumentos de ava- liação, no caso da avaliação da aprendizagem? Eles são utilizados, verdadeiramente, como recursos de coleta de dados sobre a aprendizagem de nossos educandos, ou são utilizados como recursos de controle disciplinar, de ameaça e submissão de nossos educandos aos nossos desejos? Podemos utilizar um instrumento de avaliação junto aos nossos educandos, simplesmente, como um recurso de coletar dados sobre suas condutas aprendi- das ou podemos utilizar esse mesmo instrumento como recurso de disciplinamento externo e aversivo, através da ameaça da reprovação, da geração do estado de medo, da submissão, e outros. Afinal, aplicamos os instrumen- tos com disposição de acolhimento ou de recusa dos nossos educandos? Ao aplicarmos os instrumentos de avaliação, criamos um clima leve entre nossos educan- dos ou pesaroso e ameaçador? Aplicar instrumentos de avaliação exige muitos cuidados para que não distorçam a realidade, desde que nossos educandos são seres hu- manos e, nessa condição, estão submetidos às múltiplas variáveis intervenientes em nossas experiências de vida. Coletados os dados através dos instrumentos, como nós os utilizamos? Os dados coletados devem retratar o estado de aprendizagem em que o educando se encon- tra. Isto feito, importa saber se este estado é satisfatório ou não. Daí, então, a necessidade que temos de qualificar a aprendizagem, manifestada através dos dados coleta- dos. Para isso, necessitamos utilizar-nos de um padrão de qualificação. O padrão, ao qual vamos comparar o es- tado de aprendizagem do educando, é estabelecido no planejamento de ensino, que, por sua vez, está susten- tado em uma teoria do ensino. Assim, importa, para a prática da qualificação dos dados de aprendizagem dos educandos, tanto a teoria pedagógica que a sustenta, como o planejamento de ensino que fizemos. A teoria pedagógica dá o norte da prática educativa e o planejamento do ensino faz a mediação entre a teoria pedagógica e a prática de ensino na aula. Sem eles, a prática da avaliação escolar não tem sustentação. Deste modo, caso utilizemos uma teoria pedagógica que considera que a retenção da informação basta para o desenvolvimento do educando, os dados serão quali- ficados diante desse entendimento. Porém, caso a teoria pedagógica utilizada tenha em conta que, para o desen- volvimento do educando, importa a formação de suas habilidades de compreender, analisar, sintetizar, aplicar..., os dados coletados serão qualificados, positiva ou nega- tivamente, diante dessa exigência teórica. Assim, para qualificar a aprendizagem de nossos educandos, importa, de um lado, ter clara a teoria que utilizamos como suporte de nossa prática pedagógica, e, de outro, o planejamento de ensino,que estabelece- mos como guia para nossa prática de ensinar no decorrer das unidades de ensino do ano letivo. Sem uma clara e consistente teoria pedagógica e sem um satisfatório pla- nejamento de ensino, com sua consequente execução, os atos avaliativos serão praticados aleatoriamente, de forma mais arbitrária do que o são em sua própria cons- tituição. Serão praticados sem vínculos com a realidade educativa dos educandos. Realizados os passos anteriores, chegamos ao diag- nóstico. Ele é a expressão qualificada da situação, pessoa ou ação que estamos avaliando. Temos, pois, uma situação qualificada, um diagnós- tico. O que fazer com ela? O ato avaliativo, só se com- pletará, como dissemos nos preliminares deste estudo, com a tomada de decisão do que fazer com a situação diagnosticada. Caso a situação de aprendizagem diagnosticada seja satisfatória, que vamos fazer com ela? Caso seja insatis- fatória, que vamos fazer com ela? A situação diagnostica- da, seja ela positiva ou negativa, e o ato de avaliar, para se completar, necessita da tomada de decisão A decisão do que fazer se impõe no ato de avaliar, pois, em si mes- mo, ele contém essa possibilidade e essa necessidade. A avaliação não se encerra com a qualificação do estado em que está o educando ou os educandos ela obriga a decisão, não é neutra. A avaliação só se completa com a possibilidade de indicar caminhos mais adequados e mais satisfatórios para uma ação, que está em curso. O ato de avaliar implica a busca do melhor e mais satisfató- rio estado daquilo que está sendo avaliado. A avaliação da aprendizagem, deste modo, nos pos- sibilita levar à frente uma ação que foi planejada dentro de um arcabouço teórico, assim como político. Não será qualquer resultado que satisfará, mas sim um resultado compatível com a teoria e com a prática pedagógica que estejamos utilizando. Em síntese, avaliar a aprendizagem escolar implica es- tar disponível para acolher nossos educandos no estado em que estejam, para, a partir daí, poder auxiliá-los em sua trajetória de vida. Para tanto, necessitamos de cuida- dos com a teoria que orienta nossas práticas educativas, assim como de cuidados específicos com os atos de ava- liar que, por si, implicam em diagnosticar e renegociar permanentemente o melhor caminho para o desenvolvi- mento, o melhor caminho para a vida. Por conseguinte, a avaliação da aprendizagem escolar não implica apro- vação ou reprovação do educando, mas sim orientação permanente para o seu desenvolvimento, tendo em vista tornar-se o que o seu SER pede. Concluindo A qualidade de vida deve estar sempre posta à nossa frente. Ela é o objetivo. Não vale a pena o uso de tantos atalhos e tantos recursos, caso a vida não seja alimenta- da tendo em vista o seu florescimento livre, espontâneo e criativo. A prática da avaliação da aprendizagem, para manifestar-se como tal, deve apontar para a busca do T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 15 melhor de todos os educandos, por isso é diagnóstica, e não voltada para a seleção de uns poucos, como se com- portam os exames. Por si, a avaliação, como dissemos, é inclusiva e, por isso mesmo, democrática e amorosa. Por ela, por onde quer que se passe, não há exclusão, mas sim diagnóstico e construção. Não há submissão, mas sim liberdade. Não há medo, mas sim espontaneidade e busca. Não há chegada definitiva, mas sim travessia per- manente, em busca do melhor. Sempre! Fonte: Disponível Pátio On-line Pátio. Porto alegre: ARTMED. Ano 3, n. 12 fev./abr. 2006. 01. (ENADE – Pedagogia) Entre os instrumentos utili- zados no processo ensino-aprendizagem, a professora Cida, ao final de cada ciclo avaliativo, realiza uma “roda de conversa” com seus alunos para discutir as aprendi- zagens construídas, levando em consideração o desem- penho individual, a participação e interesse nas aulas, as relações interpessoais vivenciadas e as atitudes conquis- tadas. Os alunos avaliam seu próprio desempenho, ava- liam o professor, e esse, por sua vez, avalia a turma. Essa prática de avaliação está associada a quais concep- ções? I. Democrática, embasada na autoavaliação e no saber- -fazer dos alunos. II. Arbitrária, centrada no exercício de poder e na imposi- ção de ideias da professora sobre o grupo. III. Mediadora, centrada na troca de ideias, pontos de vis- ta e reflexão sobre o percurso da aprendizagem. IV. Conservadora, centrada em momentos pontuais para discussão e classificação de desempenho individual e comportamentos. É correto apenas o que se afirma em A) II. B) IV. C) I e III. D) I e IV. E) II e III. A referida questão aborda a Avaliação da Aprendiza- gem escolar em uma visão democrática, uma vez que possibilita a participação de todos os alunos, não só no que se refere aos conteúdos desenvolvidos como também a autoavaliação e a avaliação da professora, o que justifica a alternativa I como uma das corretas. Também se trata de uma avaliação mediadora, que, conforme Hoffmann “se desenvolve em benefício do educando, [...] das oportunidades que lhes oferece- mos através de diferentes desafios” (1994), justifican- do assim a alternativa III, o que explica o item C como resposta correta. A alternativa II, pela própria palavra arbitrária, a exclui como possibilidade de concepção de avaliação, uma vez que tratamos a avaliação como contrária à arbi- trariedade, avaliação como desencadeadora de uma ação de conhecimento. Quanto à alternativa IV, também é eliminada pela utili- zação da palavra “conservadora”, bem como pelo con- ceito de avaliação, ainda dentro de uma abordagem tradicional de avaliação e de concepção de conheci- mento. GABARITO OFICIAL: C 02. (ENADE – Pedagogia) A avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino que nossa prática educativa escolar passou a ser direcio- nada por uma “pedagogia do exame”. PORQUE No processo de avaliação do ensino e da aprendizagem da maioria das escolas brasileiras, predomina a utilização da avaliação diagnóstica em detrimento da classificató- ria. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa. D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a se- gunda, uma proposição verdadeira. E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são pro- posições falsas. As questões de asserção e razão são formadas por duas afirmações, sendo a segunda a razão ou a jus- tificativa para a primeira. Também podem ser duas afirmativas que se complementam ou não ou também duas proposições falsas ou uma proposição verdadei- ra e outra falsa (VIANNA, 1982). A questão 25 apresenta duas proposições: a primeira é verdadeira, pois só examinamos os alunos com os ob- jetivos de aprovação ou reprovação, ou seja, o ato de examinar está voltado para o passado, na medida em que “[...] se deseja saber do educando somente o que ele já aprendeu; o que ele não aprendeu não traz ne- nhum interesse” (LUCKESI, 2012). Essa é a concepção da maioria dos professores e o que vem sendo utiliza- do nas escolas, ou seja, uma avaliação classificatória. A segunda proposição é falsa, pois a maioria das esco- las ainda vem utilizando o modelo classificatório. Além de falsa a proposição contradiz a primeira. Portanto, a alternativa correta é a C, pois afirma que a primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa. As demais alternativas são erradas porque: a) somente a primeira asserção é verdadeira e a se- gunda não justifica a primeira. EXERCÍCIO COMENTADO T E M A S D E E D U C A Ç Ã O 16 b) somente
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