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Didática

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1 
 
JEZUINA KOHLS SCHWANZ 
 
 
 
DIDÁTICA 
FACULDADE SÃO BRAZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA/PR – 2018 
 
 
2 
 
Sumário 
Introdução ........................................................................................ 03 
Aula 1 – Fundamentos da educação ................................................ 04 
Aula 2 – A aprendizagem e suas diferentes concepções .................. 15 
Aula 3 – A didática na história ........................................................... 28 
Aula 4 – Teorias do conhecimento .................................................... 42 
Aula 5 – Currículo Escolar, Projeto Político Pedagógico e 
Planejamento ................................................................................... 
 
54 
Aula 6 – A importância da didática na articulação de teoria e prática 68 
Aula 7 – A didática na prática ............................................................ 83 
Aula 8 – Avaliação ............................................................................ 97 
Referências 111 
Currículo do Professor-autor 115 
 
 
 
 
3 
 
Introdução 
Educar é uma ação tipicamente humana. Mas para que educar? Por que, 
ao longo do tempo e de maneiras diferenciadas, o ser humano busca pela 
educação? O homem humaniza-se à medida que reflete sobre o mundo no qual 
está inserido e sobre as relações que nele estabelece, para tanto, cria 
mecanismos para transformá-lo e para extrair dele sua sobrevivência. A 
educação é parte fundamental nesse processo de humanização. 
Sendo assim, é fundamental discutirmos como se deu o fenômeno 
educativo ao longo da história. Para tanto, vamos pensar a educação na 
perspectiva da didática, ou seja, na articulação entre a teoria e a prática 
pedagógica. 
Ao longo desse material, estudaremos a Didática a partir de uma 
perspectiva histórica, passando pelos fundamentos da educação, pelas 
diferentes teorias do conhecimento, até chegarmos à aprendizagem e suas 
diferentes concepções. 
Nesse percurso buscaremos compreender a Didática enquanto disciplina, 
que visa o desenvolvimento crítico dos educadores em formação, a fim de que 
possam avaliar de forma clara e objetiva a realidade do ensino na qual estão 
inseridos. Para tanto, é necessário que o educador tenha uma base teórica 
sólida, pois esta influenciará toda a sua prática docente. 
Convido você para que juntos possamos tecer novos caminhos para a 
prática educativa, alicerçada nas teorias da didática! 
Bom estudo! 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Aula 1 – Fundamentos da Educação 
 
Fonte: © Public Domain Vectors (2017) 
 
Olá, estudante! Nesta aula, vamos saber mais a respeito da educação, 
seu conceito, um pouco de sua história ao longo do tempo e as discussões atuais 
relacionadas ao tema. Vamos lá? 
 
Conceito de Educação 
Você sabia que ao pesquisarmos o termo educação no buscador Google 
são devolvidos aproximadamente 8.250.000 resultados em 0,73 segundos? São 
retornos dos mais simples, como o dizer que “a educação equivale ao ato de 
educar-se” (MICHAELIS, 2017), em contraste com outros mais completos como 
o de “a educação é o conjunto de métodos próprios para assegurar a formação 
e o desenvolvimento intelectual e moral de um ser humano” (CONTRERAS, 
2015). 
 
 
5 
 
Desses retornos, alguns estão relacionados também à pedagogia, à 
autonomia (FREIRE, 1996), às competências do indivíduo (PERRENOUD et al, 
2000) e à didática (PIMENTA, 1999) e au saber docente (TARDIF, 2002). Além 
desses, vários outros conceitos são associados. Apesar disso, Ambrosio (2007) 
indica que a educação vem inibindo a construção de novos saberes e, assim, 
priorizando o conhecimento disciplinar concluído. O que leva a crer que talvez a 
educação não esteja acompanhando as atualizações da contemporaneidade, 
quiçá reproduzindo conhecimentos que possam não condizer com a totalidade 
da realidade social dos sujeitos que visa a educar. 
Dentre tantos estudiosos da área, o conceito de Vianna (2006) parece 
bastante adequado e atual por tocar em pontos muito importantes no que tange 
à forma e condução do processo educacional. Para ele: “A educação em sentido 
amplo representa tudo aquilo que pode ser feito para desenvolver o ser humano, 
e no sentido estrito representa a instrução e o desenvolvimento de competências 
e habilidades” (p. 130). 
De acordo com Gadotti (2000), falar de educação exige certa dose de 
cautela, devido às tantas perspectivas criadas em torno do que a crise de 
paradigmas que o novo milênio traria, apoiadas em estudiosos e educadores que 
tentaram apontar algum caminho para o futuro prático da educação. Em meio a 
isso, o autor questiona: 
 
 
Reflita 
 
Qual o papel da educação e quais as perspectivas para a 
educação neste terceiro milênio? 
 
 
 
 
 
6 
 
 
Curiosidade 
Você já ouviu falar de Gadotti? 
É um renomado educador brasileiro, que estuda e 
defende a educação no cenário educacional nacional. Na 
internet, há vários artigos de sua autoria. Aqui, recomenda-
se a leitura de “Perspectivas Atuais da Educação”, 
publicado no ano 2000. Esse artigo foi escolhido, pois foi 
publicado num momento de virada e de reflexão sobre a 
educação, como o próprio autor propõe. O autor palestra 
em eventos e tem outras várias publicações falando sobre 
os desafios da educação. 
 
Marcos da Educação 
 
Fonte: © Pixabay (2017) 
 
Observe que os marcos de tempo sempre são favoráveis à análise de 
práticas que atravessaram anos, pois “para entender o futuro é preciso revisitar 
o passado” (Gadotti, 2000, p. 04). Conforme a ideia, Amado (2007) indica que a 
história da educação permite compreender sua evolução, seus processos e 
etapas, suas acelerações e afrouxamentos. Graças ao passado, afirma, é 
possível descobrir as origens longínquas das tradições educativas, bem como 
 
 
7 
 
analisar o peso da herança do passado sobre a prática educativa. Em primeiro 
lugar, fala do pensamento pedagógico e das ideias em educação ao longo da 
evolução humana como base para as concepções gerais das instituições 
educacionais. 
Para que você consiga se situar na história da educação ao longo dos 
anos, o quadro disponibilizado por Amado (2007) apresenta um panorama geral 
da história da educação. Ele é bem resumido e aponta os grandes marcos. 
Acredito que ele seja útil para que você possa visualizar os percursos da 
educação ao longo dos anos, da mais antiga registrada até o ponto em que se 
inicia a formação para profissionalização. Confira a seguir! 
 
Quadro 1 – Quadro Geral da História da Educação 
Período Localidade Foco da educação 
(Conhecimento) 
IX a.C. Grécia – Esparta Militar 
VII – V a.C. Grécia – Atenas Ginástica e Música 
III a.C. Roma Agrícola, moral e militar 
II a.C. – II d.C. Roma Humanista 
I a IV d.C. Roma Catequística 
XII d.C a XV D.C. Europa Profissional 
Fonte: Adaptado de Amado (2007) 
 
A educação como processo permeou a evolução da humanidade, no ato 
de educar os filhos para a continuidade da sobrevivência. Nas sociedades 
primitivas, o processo educativo era mantido a partir de métodos informais, pelos 
quais os indivíduos eram integrados à convivência em sociedade e lhes eram 
 
 
8 
 
passados os valores e costumes construídos pelas gerações anteriores. Essa 
transmissão limitava-se ao estímulo de memorização (GILES, 1987). 
 Somente com os desenhos nas pedras é que se começou a produzir 
registros dos costumes e vida dos indivíduos a partir do uso da escrita, criando 
um banco de dados primitivo das informações disponíveis às próximas gerações 
da sociedade, demarcando eventos e a evolução da raça humana. 
Sempre voltada para questões econômicas, a educação desde muito 
tempo serviu para concentrar o saber e explorar os menos favorecidos em prol 
da geração de riquezas, como se viu no Egito, na época dos escravos, em que 
os patrões exerciam as melhores práticas para explorar o trabalho servil. EmRoma, na época do Império Romano, não foi tão diferente, a educação no seio 
da família focava-se no ensino do direito e das condições para desempenhar 
atividades políticas típicas da classe dominante. 
À diferença do que se viu no Egito, em Roma, os conhecimentos e 
habilidades eram ensinados em escolas. Assim, cada passo do desenvolvimento 
histórico impôs a necessidade de instruir quem é destinado ao círculo de poder 
e manter na escuridão do conhecimento quem era destinado à produção 
(MEDICE, 2011). 
Os gregos faziam da mesma forma. Os precursores do estudo da filosofia 
objetivavam conhecer a razão de ser das coisas e solucionar problemas típicos 
daquela época, embora reconhecessem que não havia verdade absoluta. Os 
ensinamentos voltavam-se para a arte de falar e de convencer. 
Martins (2004) afirma que a educação não era um direito de todo cidadão 
grego, mas certamente ela já era responsável por tornar os homens mais 
evoluídos e felizes, pois era propagado um sistema educacional capaz de 
assegurar o triunfo a quem a ele aderisse. 
A esta altura, é possível falar de Sócrates e Platão (MARTINS, 2004). 
Enquanto o primeiro disseminava uma nova visão de homem e de universo, 
apostando em uma ciência universalista; o último falava da formação homem 
para uma sociedade ideal, pois educação seria sinônimo de liberdade que liberta 
o indivíduo da ignorância. 
 
 
9 
 
Já a educação formal foi estabelecida dentro de espaços também formais, 
que foram se moldando conforme as necessidades dos indivíduos. A escola 
formal, por sua vez, como instituição de caráter social, foi instituída para 
transmitir o legado cultural da humanidade (UFPB, 2016) de forma reprodutivista, 
destinando-se de forma ampla e tradicional, a uma pequena minoria, 
consentindo a educação como processo de desenvolvimento individual, o que 
muda no final do século XX, quando a educação também passa a ser vista como 
algo socialmente construído (GADOTTI, 2000; RAUBER, 2008). 
Almeida (2004) expõe que ainda há uma pressão no sentido de atender 
às demandas de reproduzir, manter e reforçar privilégios de alguns em 
detrimento da maioria, a qual é perceptível em várias reformas e programas 
oficiais, isso por que, explica UFPB (2016), as mudanças na concepção de 
homem, de educação, de ensino e de sociedade se voltam para um novo modelo 
que exige que homens atendam às demandas emergentes dessa maioria, 
ampliando-se como direito de todos. 
 
 
Importante 
Independentemente da fase, preceito e mesmo que 
se perceba ou não, a educação sempre esteve, está e 
estará relacionada a uma dimensão política, em que o 
caráter educativo assume também caráter político no 
cumprimento de seu papel de formação integral do 
indivíduo para a sociedade e ao considerar os elementos 
complexos da vida contemporânea, registram Stigar e 
Schuck (2017), apoiados nas premissas de Saviani e Morin 
(1999). 
 
Discussões atuais de Educação 
Você pode observar que, de acordo com Nascimento e Hetkowski (2009), 
o espaço de educação não pode ser visto unicamente como uma máquina 
reprodutiva de alfabetização; eles frisam que cada vez mais a sociedade exige 
que foque nessa formação integral, que contempla aspectos intelectuais e, 
 
 
10 
 
também, morais. Por essa razão, o ato de educar abrange mais do que a sala 
de aula, e o contexto interfere no processo educativo com o quanto deve ser 
considerado na execução do ato de educar. Para complementar esse 
pensamento, Almeida (2004) indica que tudo isso somado implica no re-
equacionamento do papel da educação na contemporaneidade. 
Note que, por estar atrelada à educação, a pedagogia trata da mesma 
forma de concepções distintas: a tradicional e a nova, diz Libâneo (2008). 
Enquanto no formato tradicional, enfatiza-se a transmissão do saber de forma 
ativa pelo professor e passiva por parte do estudante; a nova questiona a 
validade da primeira, percebendo o estudante como sujeito livre e ativo, 
extrapolando a aceitação pura do desenvolvimento biológico e respeitando as 
especificidades individuais, tornando os sujeitos do processo (professor; 
estudante) ativos (idem). O estabelecimento desse movimento data do século 
XX. 
De forma mais profunda, seguem considerações a respeito de ambas, a 
partir de algumas literaturas (NOSELLA, 2011; UFPB, 2016; TARDIF, 2014). 
De acordo com o que você estudou no início desta unidade, a pedagogia 
tradicional está centrada na transmissão do conhecimento e na capacidade 
igualitária de aprendizagem. O professor é autônomo em relação ao conteúdo, 
ao método e à avaliação. Em relação às funções psicológicas, prevalece a 
memorização do conteúdo pelo mimetismo e pela aplicação sistemática de 
tarefas. Todos os estudantes são iguais, independentemente de suas idades, 
facilidades e dificuldades. 
Por essa razão devem seguir o mesmo ritmo e obedecer aos mesmos 
modos de aprender (sendo visuais, auditivos ou cinestésicos) e chegarem aos 
mesmos resultados. Os conhecimentos se dão de forma isolada. As aulas 
seguem o método expositivo e o sistema avaliativo somente reconhece a 
avaliação do tipo prova escrita. 
Rey (2003) explica que quando o processo de aprender não tem relação 
com a vida do indivíduo ou como a forma como ele aprende, acaba não fazendo 
sentido para ele. Nisso, atinge-se a não produção de pertencimento em que o 
educador ou a instituição que ele representa conduz a uma aprendizagem 
 
 
11 
 
formal, descritiva, rotineira, mnemônica, que não instiga o sujeito que aprende. 
E entender isso faz considerar a própria função do professor nos processos de 
aprendizagem dos indivíduos, que podem ou não caracterizar o espaço de 
aprendizagem como espaço de subjetividade social. 
 
 
Saiba mais 
Já tentou escutar um audiobook e não entendeu nada? 
Conhece alguém que precisa escrever/praticar para entender algum 
conteúdo? Isso significa que nem todos nós aprendemos da mesma 
forma. Você já fez um teste? 
A internet tem uma infinidade de informações de tudo, 
tTambém é cheia de testes e alguns deles podem contribuir para o 
processo de aprendizagem, gerando informações de como cada um 
de nós aprende. Até porque se a aprendizagem e o desenvolvimento 
é o que nos faz evoluir, temos que nos conhecer. Seguem alguns 
links com testes. 
 http://www.qmagico.com.br/descubra-como-aprender-melhor 
 https://educacao.uol.com.br/quiz/2015/05/01/descubra-qual-e-o-seu-
perfil-de-estudos.htm 
 https://www.terra.com.br/noticias/educacao/teste-descubra-qual-e-o-
seu-estilo-de-
aprendizagem,b4c90861ce9fa4967a060646cd5b79c5687jRCRD.html 
A Pedagogia Nova 
A pedagogia nova fala do estímulo à autonomia dos estudantes, no 
sentido de alcançar suas potencialidades, vivenciar, experimentar e criar seu 
conhecimento de forma particular. O foco centra-se no estudante. Aceita-se que 
o estudante não aprende apenas escutando, vendo ou escrevendo. Segundo 
UFPB (2016), as primeiras experiências desse movimento foram realizadas junto 
a crianças excepcionais. 
Essa pedagogia remonta uma ressignificação da pedagogia, que 
atualmente surgem com várias nomenclaturas, sendo uma das mais comuns a 
de metodologias ativas, as quais envolvem os trabalhos em grupo, os estudos 
 
 
12 
 
de caso, as saídas de campo, os estudos dirigidos, as pesquisas, os princípios 
da autoeducação, da problematização, a sala de aula inversa, todas essas 
atividades que podem ser promovidas e devem ser acompanhadas pelo 
professor. Passam a ser valorizadas as atuações específicas de cada estudante 
no desempenho do grupo. 
Para Xavier (1992, p. 13), 
 
[...] de um lado está a escola tradicional, aquela que dirige, que modela, 
que é “comprometida”; de outro está a escola nova, a verdadeira 
escola, a que não dirige, mas abre ao humano todas as suas 
possibilidades de ser. Portanto, “descompromissada”. É o produzir 
contra o deixar ser; é a escola escravizadora contra a escolalibertadora. 
 
Com o passar do tempo, ao mesmo passo em que o desenvolvimento da 
era atual consagra dificuldades que precisam ser analisadas sob uma 
abordagem macroscópica. Almeida (2004) traz à tona um dos pontos que, 
segundo ela, é um dos possíveis entraves à nova percepção sobre a forma de 
ver e pensar a educação: a forma predominante do conhecimento orientado pela 
disciplinaridade, as disciplinas. 
O ensino através das disciplinas 
 
Figura 1: O ensino disciplinar 
Fonte: © Public Domain Invectors (2017) 
 
 
13 
 
Você já reparou que o ensino em geral, desde o ensino fundamental até 
chegar à universidade, é fragmentado, dividido em disciplinas? Vamos 
aprofundar um pouquinho esse conceito! 
Segundo Morin (1999), a disciplina é uma categoria de organização do 
conhecimento científico baseado na divisão e especialização do trabalho, que 
apesar de pertencer a um conjunto vasto tende a delimitar as fronteiras de 
entendimento e aplicação dos conteúdos que aborda. Essa falsa 
independência dos conteúdos, historicamente reproduzida, continua 
Almeida (2004), fragmenta o conhecimento, anula a visão do todo, anula as 
relações dos conhecimentos com o universo do qual fazem parte. 
 
 
Reflita 
Você sabe a diferença entre o que é multidisciplinar, o 
que é interdisciplinar e o que é transdisciplinar? Essas 
expressões atualmente estão muito em evidência na 
educação. São vistas como possíveis modelos a ser 
seguidos, conforme a orientação da instituição de ensino. 
 
Outro ponto importante a ser considerado são as tecnologias disponíveis 
e que podem (alguns dirão que devem) ser associadas à educação. São as 
riquezas trazidas pela sociedade moderna a algo tão tradicional como a 
educação (MORAN, 2002). Só este ponto já contempla muito material para 
discussão. Seja sempre curioso para saber do que está acontecendo no mundo 
da educação e ativo nas discussões. Em se tratando de educação, é isso que 
vai fazer diferença na sua própria (educação). 
 
Conclusão da aula 
A educação sempre esteve e estará atrelada a uma dimensão política, 
social e cultural. Nesse sentido, o caráter educativo assume também caráter 
político no cumprimento de seu papel de formação integral do indivíduo para a 
 
 
14 
 
sociedade. Entendermos os fundamentos da disciplina de Didática e sua relação 
com a Pedagogia e com a educação, faz com que nos aproximemos mais da 
história da educação, seus caminhos, continuidades e descontinuidades. Todo 
esse processo histórico é de fundamental importância para a formação do futuro 
educador e educadora. 
 
Atividades de Aprendizagem 
Sugestão de pesquisa 
A pedagogia nova versa a respeito do estímulo à autonomia dos 
estudantes, no sentido de alcançar suas potencialidades, vivenciar, 
experimentar e criar seu conhecimento de forma particular. O foco centra-se no 
estudante. Nela, acredita-se que o estudante não aprende apenas escutando, 
vendo ou escrevendo. 
A partir do exposto em nossa aula, procure pesquisar mais a respeito 
dessa pedagogia, desde seu surgimento, os países que a adotaram e as críticas 
que surgiram quando de sua concepção. Será uma boa oportunidade para você 
aprofundar seus conhecimentos a respeito do tema e aguçar seu espírito de 
pesquisador (a). 
 
 
15 
 
Aula 2 – A aprendizagem e suas diferentes concepções 
Agora que já falamos de educação, fica até difícil abordar a aprendizagem 
de forma separada, pois esses conceitos têm uma relação muito estreita. Você 
já deve ter percebido isso, não é mesmo? Lembre-se de que é de fundamental 
importância que você leia os textos com atenção e realize as atividades e leituras 
propostas em cada unidade! 
 
O que é aprendizagem? 
Primeiramente gostaria de observar que, em tempos atuais, há uma 
variedade de concepções de aprendizagem no contexto da educação, cada qual 
decorrente de variadas correntes epistemológicas e psicológicas. 
 Assim como na área de moda, elas vão retomando espaços, vão se 
combinando, vão sendo criticadas, vão retomando espaço novamente, e assim 
sucessivamente, fazendo com que alguns ciclos se fechem e novos sejam 
iniciados. 
Alguns autores as discutem com a cabível orientação de que essas não 
podem ser equiparadas, tendo em vista as diferentes relações entre 
aprendizagem e desenvolvimento que abordam e as experiências pedagógicas 
que as embasam (BAQUERO, 1998; SACRISTÁN e GOMES, 1998, SPINILLO, 
1999). Com isso, é possível acreditar que talvez não haja um consenso sobre os 
mistérios da aprendizagem do humano. 
Antes de qualquer coisa, cabe a definição nua e crua de aprendizagem, 
embora falar desse assunto de forma neutra não seja tarefa simples, tendo em 
vista as crenças pessoais e experiências de quem tentar abordá-la. Enfim, 
vamos tentar! 
De acordo com a definição de Hamze (2015, s/p), temos: “Aprendizagem 
é processo de mudança de comportamento obtido por meio da experiência 
construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais”. Para 
o autor, aprender é o resultado da interação entre diferentes estruturas mentais 
e o meio. 
 
 
16 
 
Note que o conceito trazido por Hamze não quis se comprometer com 
nenhuma das concepções reconhecidas nacionalmente e trouxe em seu 
conceito todos os aspectos relevantes de cada uma delas. Seu conceito é 
importante exatamente por essa razão. Para ele, a aprendizagem é processo 
singular individualizado e realmente vai envolver todos esses aspectos para 
cada um de nós com determinada importância relativa, pois depende do 
momento, depende do conhecimento que está sendo trabalhado, da forma como 
está sendo trabalhado, de onde está sendo trabalhado etc. 
Dada a dificuldade de falar de forma neutra, você está convidado a 
conhecer dois dos estudiosos mais discutidos: Vygotsky e Piaget. Certamente 
eles não são os únicos de quem você ouvirá falar, mas trazem pontos de vistas 
importantes, e há quem diga que eles eram de correntes divergentes. 
Concepções vygotskyana e piagetiana da aprendizagem 
Ambos (Vygotsky e Piaget) foram escolhidos por terem dedicado suas 
trajetórias científicas na União Soviética em uma época em que a psicologia 
pressupunha que os mecanismos humanos se davam mediante relações 
simplistas ou mecânicas. Seguidores dirão que eles revolucionaram a visão 
vigente da psicologia. Além disso, como já foi dito, são dois dos estudiosos mais 
estudados, em nível de mestrado e doutorado, dada a riqueza de suas 
abordagens e o impacto até hoje na psicologia moderna da aprendizagem. 
 
 
Saiba mais 
Para você se inteirar mais desses teóricos, o artigo 
“Relações entre Aprendizagem e Desenvolvimento em 
Piaget e Vygotsky: dicotomia ou compatibilidade?”, de 
autoria de Marcílio Lira de Souza Filho, traz inferências 
interessantes a respeito da convergência e/ou divergência 
dos ideários desses autores. Outros pesquisadores no 
Brasil e no mundo dedicaram-se também a fazer essa 
relação entre os autores. 
 
 
 
17 
 
Vamos ver a seguir algumas de suas concepções de aprendizagem! 
De acordo com Vygotsky (1984, p. 115) 
 
“[...] a aprendizagem não é, em si mesma, desenvolvimento, mas uma correta 
organização da aprendizagem conduz ao desenvolvimento mental, ativa todo um 
grupo de processos de desenvolvimento [...]”. 
 
Para o autor o processo de aprendizagem é um momento necessário e 
universal para que se desenvolvam na criança as características humanas não-
naturais, mas que são formadas historicamente. 
Para esse autor, a aprendizagem infantil é fundamental para a 
compreensão do desenvolvimento humano como um todo, porque durante toda 
a sua vida o ser humano vai estabelecendo relação com os pares com que se 
depara. É assim que o indivíduo vai se apropriando do legado cultural humano. 
Enquanto isso, Piaget fazia menção à aprendizagem por esquemas e 
ação a partir da manipulação de objetos, bem como entendia que a 
aprendizagem dependia do nívelde maturação do indivíduo. Para ele: 
 
Conhecer é atuar, a fonte do ato inteligente é a ação [...]. A ação é o 
principal ingrediente da formação intelectual. É comum as diversas 
repetições ou aplicações, como a (ação) de uma criança que classifica 
figuras geométricas ou as de um científico que aplica lógica 
proposicional para reunir classes complementares. Em todos os casos, 
trate-se da mesma maneira de interagir com a realidade, trata-se de 
um mesmo esquema (PIAGET, 1970, p. 107). 
 
Por fim, de acordo com Piaget, existem evidências de que os efeitos da 
aprendizagem no desenvolvimento cognitivo da criança não são mera 
coincidência. Pois [...] nenhuma dessas perspectivas, se tomadas ao extremo, 
fornece interpretações adequadas acerca das possibilidades de mudanças no 
curso do desenvolvimento a partir da aprendizagem (SPINILLO, 1999, p. 57). 
O autor salienta a importância desse estímulo que faz diferença na vida e 
no desenvolvimento das pessoas, ou seja, aprender é o que nos permite atingir 
nosso potencial como seres humanos racionais e psicologicamente ativos. 
 
 
18 
 
Fato é que, ao longo de sua vida, é possível afirmar que o ser humano 
processa uma quantidade inestimável de informações as quais transformam em 
conhecimento, conceituando o processo de aprendizagem de forma ampla, 
simples e relacionada à condição de vida humana. 
 
Figura 1: Estudante 
Fonte: © Pixabay (2018) 
 
Fischer (2000) fala da capacidade humana de aprender durante a vida, 
inclusive após determinada formação escolar. Para ele, esse talvez seja o 
aspecto central da nova ordem social, pois o futuro depende da informação e do 
conhecimento produzido. 
A aprendizagem torna-se, desse modo, um processo contínuo, ativo e 
progressivo ao longo da vida. Assim como a criança precisa aprender a falar, 
depois a escrever, os adultos precisam trabalhar habilidades físicas e mentais 
que saciem suas necessidades, e, quando a idade vai aumentando, os idosos, 
além de continuar a aprender, talvez precisem reaprender. 
 
 
 
19 
 
 
Curiosidade 
O interessante de tudo isso é ver que, após tantos 
anos de estudo do comportamento humano, ainda há 
espaço para discussões de como o ser humano aprende e 
gera sua aprendizagem. 
 
Como você deve ter observado, cada uma dessas etapas é marcada pela 
aprendizagem (BRUNER, 1991), que pode ser registrada, por exemplo, quando 
muda-se a execução de uma antiga tarefa por ter se aprendido uma forma mais 
interessante, mais fácil ou mais inovadora. Parece que a certeza da vida gira em 
torno de que, ao observar o meio e as pessoas, o ser humano aprende com eles 
o tempo todo e desenvolve-se cognitivamente. 
Contudo, ao elevar o nível da concepção de aprendizagem, deve-se 
agregar elementos importantes que fazem desse processo único para cada ser 
humano, o fato de que o processo (aprendizagem) de cada indivíduo acontece 
em meio a situações, experiências, condições e sob ritmo, predisposição e 
presença de agentes externos diferentes, e estimulando suas capacidades e, 
logo, desenvolvimento. 
No cenário educativo, na aprendizagem que se consideraria formal, 
aquele que ocorre no meio escolar ou acadêmico, além desses fatores, existem 
outros referentes à relação com os pares, ao posicionamento do educador, às 
expectativas de futuro do “aprendente”, pois entende-se que esses condicionam 
o processo de aprendizagem. 
Tudo isso atribui imensurável valor ao processo de aprendizagem, pois 
sob essa concepção acaba respondendo não apenas pela alfabetização, mas 
pela integração do indivíduo na sociedade e compromete-se com a educação 
como instrumento de progresso dos indivíduos dentro da realidade. 
 
E se aprender não é apenas acessar informações e conhecimento, ensinar é 
mais do que transferir conhecimento, mas está na ação de criar possibilidades 
para a produção intelectual alheia (FREIRE, 1996). 
 
 
 
20 
 
Dessa forma, o processo formativo deve extrapolar a formalidade e os 
procedimentos descritivos. Isto é, deve interligar valores, dar atenção às 
competências transversais, às qualidades pessoais, às circunstâncias da vida. 
Tudo isso por que não é possível transformar os modos de pensar e agir dos 
indivíduos sem atender ao envolvimento de uma maneira mais ativa, 
comprometida e inovadora (ALVES, 2012). 
Com isso, é preciso disponibilizar de modo articulado todos os fatores que 
intervêm positivamente nos processos de formação: estudantes, professores, 
currículos, instituições e contextos para que seja verdadeiro o sucesso do 
processo de aprendizagem. Posto isso, é que opta-se por tratar de maneira 
equivalente desses processos, indicando o uso da expressão ensino-
aprendizagem, pois não há um sem o outro, como expôs Alves (2012). 
 
 
Saiba mais 
Dica de leitura: “O Processo de Aprendizagem e seus 
Transtornos”, de Félix Diaz, apresenta informações importantes 
a respeito desse tema. 
A obra está disponível no link a seguir. 
<http://www.repositorio.ufba.br:8080/ri/bitstream/ri/5190/1/O%2
0processo%20de%20aprendizagem-repositorio2.pdf. 
Vale a pena a leitura! 
 
 
 
 
21 
 
Sociedade do Conhecimento e/ou Sociedade da Aprendizagem 
 
Figura 2: Homem em processo de aprendizagem 
Fonte: © Pixabay (2017) 
 
Prosseguimos com o tema aprendizagem, o qual há uma série de autores 
que falam de pontos importantes a esse respeito atualmente. Conheça a seguir 
alguns deles. 
Rauber (2008) e Castells (1999; 2003), por exemplo, falam da sociedade 
da informação (ou do conhecimento mais especificamente, conforme a literatura 
utilizada) e das novas tecnologias que apoiam a disseminação do conhecimento 
operando com base na cultura digital dominante. Para eles, a globalização da 
informação afeta por maneira a importância que o conhecimento tem em todos 
os setores e na vida das pessoas, mesmo reconhecendo as grandes massas 
excluídas dessa evolução. Não obstante, os autores falam da forma de obtenção 
dessa informação e conhecimento. 
A sociedade da informação não é modismo, como já foi pensado na 
década de 80 e 90 (TAKAHASHI, 2000); pelo contrário, significa uma ruptura 
com um passado de falta de acesso e consequentemente uma mudança 
definitiva na forma como a sociedade se organiza, aprende e evolui. As 
 
 
22 
 
tecnologias, afirma o autor, afetam diretamente todas as atividades sociais do 
indivíduo. 
Desse modo, a discussão desse tema na educação envolve a análise 
crítica da estrutura de informações disponíveis porque é a partir delas que os 
indivíduos vão basear sua nova forma de buscá-las e aprender, subsidiando o 
aumento do nível de (in)formação das pessoas. 
 
É interessante imaginar que, embora a internet tenha revolucionado toda a vida 
da sociedade, o que caracteriza a revolução tecnológica não é a centralidade do 
conhecimento ou da informação, mas suas aplicações em ferramentas de 
processamento de informação, as quais ocorrem invariavelmente em 
retroalimentação cumulativa. 
 
A tecnologia amplifica sua força a partir da quantidade de informação que 
consegue disseminar sem qualquer esforço, apenas existindo na vida das 
pessoas (CASTELLS, 2003). 
Para que você possa avançar nessa discussão, importante definirmos 
dado, informação e conhecimento, pois isso vai fazer toda a diferença no 
entendimento de aprendizagem proposto aqui. 
Primeiro vamos ver a relação entre dado e informação, na visão de 
Rezende et al.: 
A informação é todo o dado trabalhado, tratado, com valor significativo 
[...] e com sentido natural e lógico para quem a utiliza. O dado por sua 
vez é entendido como elemento de informação, conjunto de letras, 
números ou dígitos que tomado isoladamente não transmite 
conhecimento, mas ganha significado quando é trabalhada por 
pessoas e recursos computacionais, possibilitando a projeção de 
cenários, simulações e oportunidades, [que] pode definir 
conhecimento. O conceito de conhecimento complementao de 
informação com valor relevante e propósito definido (REZENDE et al, 
2000, p. 60). 
 
 Por sua vez, o conhecimento é feito de informações, embora se deva 
considerar que nem toda a informação é transformada em conhecimento. Vamos 
ver agora a relação entre a informação e conhecimento. 
 
 
23 
 
De acordo com Pellicer (1997, p. 8), as informações são à base do 
conhecimento, porém a obtenção desse conhecimento implica no desencadear 
de diversas operações intelectuais, “[...] que colocam em relação às novas 
informações armazenadas pelo indivíduo [...]”. Portanto o conhecimento é 
alcançado quando essas distintas informações “[...] se relacionam entre si 
mutuamente, criando uma rede de significados que são interiorizados ou 
assimilados” (PELLICER, 1997, p. 08). 
Para Takahashi (2000), uma das características principais da era atual é 
a abundância de informações. Contudo, se por um lado a dinâmica da sociedade 
da informação requer educação continuada ao longo da vida do indivíduo, por 
outro está o fato de que informações não se transformam magicamente em 
conhecimento, ou seja, para que isso ocorra é imprescindível que sejam 
estabelecidos critérios para organizá-las e selecioná-las. Nisso subjaz um novo 
modelo de aprendizagem, que carece de nova postura e novas 
responsabilidades dos indivíduos nele envolvidos. 
Dito isso, de nada adianta um professor com competências tecnológicas 
avançadas, ou com domínio de determinados sistemas, o que cabe ao professor 
é trabalhar pedagogicamente as habilidades com foco na aprendizagem, a fim 
de contribuir para a tal organização e seleção de informações úteis de 
construção de conhecimento. 
 
 
Mídias 
No link a seguir, você poderá assistir à palestra do filósofo 
Mário Sérgio Cortella sobre os “Paradigmas da Tecnologia 
na Educação”. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=1Lvl_pG72Vk 
 
 
 
 
 
24 
 
 
Figura 3: Aprendizado por meio de tecnologia 
Fonte: © Pixabay (2018) 
 
Da mesma forma, compete ao aprendente desvencilhar-se dos modelos 
elementares e alcançar o discernimento crítico de seus pensamentos, seja 
avaliando, analisando ou relacionando (JONASSEN, 1996), pois a sociedade do 
conhecimento é a sociedade da aprendizagem (HARGREAVES, 2001). Para 
Jonassen e Hargreaves, não há diferença entre uma ou outra. 
Veja você que aqui poderíamos estar falando de educação a distância 
(EaD) e de seu conceito universal de educação, que é a modalidade de ensino 
com flexibilidade espaço-temporal em que professores e alunos estão separados 
geograficamente e conectados mediante recursos tecnológicos (LÉVY, 1993; 
PALLOFF e PRATT, 2002; SILVA, 2003; BRASIL, 2005). Contudo, a questão 
não é essa; não se trata de discutirmos a tecnologia em uma metodologia 
específica que depende predominantemente dela. 
A questão é mais profunda do que discutir a aprendizagem mediada pela 
tecnologia; a questão aqui é falar da existência das tecnologias em praticamente 
tudo o que nos rodeia e sermos inteligentes de sabermos que é imprescindível 
aprender a fazê-las trabalhar a nosso favor, seja na posição de aprendente ou 
de educador. 
 
 
25 
 
Como aprendente, buscando efetivamente e selecionando o que é 
relevante; como educador, sabendo que não adianta reclamar que os estudantes 
estão utilizando essas tecnologias em sala, mas pensar em desafios que os 
integrem a esse contexto tecnológico. 
No tipo de sociedade atual, há uma inerente cultura de acessar 
informações e de aprender, que muitas vezes atropela as pessoas. Neste tipo 
de sociedade, registra Jonassen (2007), os indivíduos são avaliados pelas suas 
capacidades de desenvolverem competências que possibilitem o exercício de 
suas funções, de suas criatividades, de suas integralidades. 
Atualmente, não há mais espaço para modelos verticais de 
aprendizagem, em que o professor é um ser superior com conhecimento 
adquirido e os demais são agentes passivos do processo, pois agora todos têm 
voz no sistema de autoformação, pois estão calçados na quantidade de 
informação acessível na rede. 
 
 
Reflita 
Quem nunca sentiu algum sintoma de doença e 
pesquisou na internet qual poderia ser o diagnóstico? Ou 
ouviu pessoas conversando a respeito de algum assunto e 
pesquisou sobre ele na internet? É exatamente disso que 
se trata essa atual discussão de sociedade da informação 
(ou do conhecimento). Hoje em dia tem mais acesso às 
informações, porque estão mais facilmente à disposição 
delas. 
Se isso representa a libertação do conhecimento que 
estava preso com alguns detentores, também representa 
maiores desafios para professores que precisam estar 
preparados e ter respostas para os questionamentos que 
possam surgir. 
 
Para que a cultura aprendente dê conta das necessidades de 
conhecimento dos indivíduos, Coutinho e Lisboa (2011), pautadas em Falabela, 
 
 
26 
 
falam da aprendizagem baseada em elementos que tornam os processos de 
aprendizagem diferentes dos antes das tecnologias. 
 
Desafio Significado Integração Contexto 
relacional 
A aprendizagem 
precisa ser 
baseada em 
situações 
desafiadoras as 
quais se 
impulsiona os 
aprendentes a 
buscarem formas 
diferenciadas de 
aprender. 
A aprendizagem 
precisa vir ao 
encontro dos 
interesses dos 
indivíduos de 
forma que eles 
se sintam 
motivados a 
aprender o 
conceito 
estudado. 
A aprendizagem 
precisa ser ponto 
comum de 
construção, 
estruturando a 
flexível relação 
entre o 
aprendente, a 
ordem e o mundo 
em que ele vive. 
A aprendizagem 
envolve emoções 
causadas pelo 
desconforto da 
dúvida, do novo, 
e, por isso, deve 
acontecer 
mediante 
intervenção 
social. 
 
Não é intenção, mas aqui há uma grande coincidência entre as falas de 
Vygotsky e Piaget. Eles falaram lá no início do século XX desses pontos, de tão 
relevantes que eles são. Contudo, não é sobre essa coincidência que você deve 
saber e, sim, sobre as metodologias que surgem na contemporaneidade e visam 
a dar conta desses elementos: as metodologias ativas de aprendizagem. 
 
Conclusão da aula 
A sociedade da informação e do conhecimento já é uma realidade, 
operando com base na cultura digital dominante. Essa realidade tem trazido a 
nós educadores constantes desafios. A globalização da informação afeta por 
maneira a importância que o conhecimento tem em todos os setores das nossas 
vidas, mesmo reconhecendo que existe um número grande de pessoas que não 
participam dessa revolução. 
 
 
27 
 
A sociedade da informação significa uma ruptura com um passado e 
consequentemente uma mudança definitiva na forma como a sociedade se 
organiza, aprende e evolui. Portanto, trazê-las para o cenário educacional tem 
sido um desafio constante. 
 
Atividades de Aprendizagem 
Lembre-se de algum conteúdo que você já domine e teve dificuldade para 
aprender. Pense em como uma metodologia ativa poderia ter lhe ajudado mais 
facilmente a aprender, alguma que seu professor poderia ter utilizado. Isso vai 
fazer você perceber que o desafio de situações reais traz sentido à 
aprendizagem e auxilia, e muito, na aplicação de determinado conceito e não 
somente na sua assimilação. É importante ter sempre isso em mente. 
 
 
 
 
 
28 
 
Aula 3 – A didática na história 
 
Figura 4: © Estátua em bronze de Aristóteles 
Fonte: © Pixabay 2017 
 
A educação sempre “andou em compasso” com a história, portanto é 
impensável falar de educação, de pedagogia e de didática sem conhecermos 
seus fundamentos históricos. Esses fundamentos foram escritos em um 
tempo/espaço que não o nosso, mas ajudam-nos a compreender a educação tal 
como ela é hoje. Os fundamentos da Didática trazem as diferentes visões que 
existem acerca da produção do conhecimento, portanto, fundamental para a sua 
formação. 
Da mesma forma que o processo de aprendizagem e a educação, a 
didática sempre existiu na história, dado o fato de queo homem sempre ensinou 
e sempre aprendeu, contudo, seu estudo não é uma constante na história da 
educação. 
 
 
29 
 
Em seus primórdios, teve sua fundamentação baseada em contribuições 
da psicologia, filosofia e sociologia, que juntas trazem luz à complexidade do ato 
de ensinar e aprender que dão vida à prática pedagógica. 
Fundamentação histórica da didática 
A didática abrange tanto o ato de ensinar – ou arte de ensinar – quanto 
os métodos empregados. Além disso, a partir da literatura, pode ser conceituada 
sob duas abordagens: como saber e como disciplina. Como saber tem relação 
com o ser e se fazer ciência, um ramo de conhecimento; enquanto disciplina 
cumpre seu papel nos currículos de formação de professores, conectando teoria 
e prática em função do ensino. 
Logo, temos como objetivo da didática, em síntese, a instrumentalização 
entre a teoria e a prática pedagógica, compreendendo o processo de ensino e 
suas múltiplas determinações e redimensionando-a mediante proposta de 
ensino numa perspectiva crítica e reflexão sobre o papel sociopolítico da 
educação (ARANHA, 1996; QUEIROZ e MOITA, 2007; LIBANEO, 2008, 
FREITAS, 2013). 
 
 
Figura 4: Comênio 
Fonte: © Wikimedia Commons 
(2018) 
 
Um dos maiores expoentes do pensamento 
sobre didática é Comênio, também 
conhecido como Pai da Didática, que no 
século XVII elaborou uma proposta 
pedagógica que visava uma reforma do 
ensino em prol das necessidades humanas. 
 
 
 
30 
 
Para o educador, a educação era baseada em uma perspectiva religiosa 
e deveria melhorar a vida social do homem, por isso deveria promover maior 
solidez moral. Para tal, cria que a educação deveria ser dividida em etapas 
adequadas às idades dos aprendentes e ao momento evolutivo: infância, 
puerícia, adolescência e juventude. Ele foi o preconizador da criação das escolas 
maternais, a fim de fornecer às crianças pequenas as noções elementares e os 
primeiros sentidos pelas experiências sensoriais por meio do estímulo ao contato 
com objetos físicos (RODRIGUES, 2017). 
Após ele, Rousseau (1991; 1995), que mais tarde consta neste material 
como um dos vultos das teorias do conhecimento, acredita na superioridade das 
crianças em relação aos adultos. Para ele, o homem nasce bom e a sociedade 
o corrompe ao longo de sua trajetória. O estudioso também acreditava nos 
diferentes períodos de escolaridade para faixas etárias, de forma similar à de 
Comênio em respeito aos níveis de desenvolvimento dos indivíduos, os quais a 
didática do educador e a organização do ensino deveriam respeitar. 
As crianças de um a cinco anos deveriam ser tratadas de forma natural 
nessa primeira fase; na segunda fase, dos cinco aos 12 anos, a criança deveria 
ter seu acompanhamento monitorado, mas ainda de forma informal; a terceira 
fase, dos 12 aos 15 anos, prevê a ocorrência de conhecimento formal e 
desenvolvimento intelectual, condizente com a curiosidade e interesse natural 
do indivíduo; e somente a quarta fase, dos 15 aos 21 anos, priorizaria os 
aspectos práticos e relacionais existentes no mundo e na vida comum com 
outras pessoas. 
Pestalozzi também surge como ícone do estudo da didática, como 
defensor do livre acesso à educação, por todos, independentemente de sua 
classe social (UFPB, 2016). Sua maior contribuição foi a proposta de uma nova 
metodologia (organização) para a prática pedagógica, que consistia na 
apresentação do conteúdo de forma simples, seguido de observação e de 
exercícios de fixação. Baseado em preceitos cristãos, o educador investiu no 
estudo da educação baseada no afeto. 
Para Pestalozzi, é função do educador buscar os melhores métodos 
didáticos e de certo o melhor deles é baseado no dom do amor, pois é por meio 
 
 
31 
 
desse que a natureza do ser humano se manifesta em potencialidades de ser e 
fazer (INCONTRI, 1997). Embora questionável na época, tanto era correto 
associar educação a sentimentos humanos, que Freire também falou sobre 
esperança mais tarde (FREIRE, 1992). 
Herbart, considerando o ideário de Pestalozzi, expandiu-o criando um 
seminário pedagógico para a experimentação universitária, aponta UFPB (2016). 
Pensando a educação como ciência, resgatou a ideia de ensino por meio da 
instrução e da disciplina necessária à formação do caráter e do conhecimento. 
Apostando no rigor metodológico para a análise do comportamento dos 
estudantes, indicava passos necessários para a didática que propunha. Ao 
professor, nesse caso, cabia: preparar a mente dos estudantes, trazendo ideias 
anteriores com relação ao novo conceito a ser estudado; apresentar o conceito 
a ser assimilado; associar as ideias anteriores com o novo conceito; elaborar 
teoricamente o novo conceito; acompanhar a aplicação do conceito em 
atividades (FREITAS, 2013). 
Agora vamos falar de Dewey. As propostas dele de pedagogia e didática 
refletiram numa reformulação na política educacional nos Estados Unidos, 
traduzida em movimentos ao redor do mundo que levaram ao repensar das 
práticas escolares, inclusive no Brasil (UFPB, 2016). Para o estudioso, a 
instrução se dá pela ação dentro de um organismo vivo e cabe à escola estimular 
os estudantes a participarem das atividades típicas desse organismo. O foco da 
didática, sob sua ótica, era a ação ao invés da instrução. 
 
Tendências Pedagógicas da Didática 
No Brasil, a pedagogia está classificada em grupos conforme a didática 
em que se apoiam, as quais englobam visões específicas. Ao longo das outras 
aulas, serão discutidas diferentes visões de aprendizagem que trazem mais 
informações sobre estas (visões). Por essa razão, nesta aula, os temas não 
serão tão aprofundados, mas de qualquer forma é importante entender as 
nomenclaturas e fundamentações de cada teoria. 
 
 
32 
 
A pedagogia tradicional 
 
Fonte: © Wikimedia Commons (2018) 
 
A pedagogia tradicional aceita a didática de ensino baseada na 
transmissão de conteúdos, na centralidade do professor e crê que a capacidade 
de todos, crianças e adultos, se dá da mesma forma, independentemente da 
idade deles. 
Teve início no século XIX e chegou com grande representatividade no 
século XX. Reconhecida, na época, como uma tendência liberal, foi pioneira e 
ainda se percebem algumas de suas diretrizes pelo fato de ter sido a primeira a 
ser aplicada (CLAUSSE, 1976). 
 
 
 
 
33 
 
A pedagogia renovada 
 
Fonte: © Pixabay (2018) 
 
A pedagogia renovada consiste na didática baseada no estímulo dado 
ao aluno de busca por si próprio o conhecimento e as experiências necessárias, 
partindo de seus interesses e necessidades. Aqui, são visadas as atividades 
facilitadoras da aprendizagem. 
A Escola Nova, como também foi chamada, fundou-se a partir de vários 
movimentos e veiculava um ideal liberal-progressista não diretiva, em que o 
aluno toma o centro do processo no lugar do professor, aponta Luckesi (1994). 
Essa surge como contradição da primeira no final do século XIX. 
 
 
 
 
34 
 
A pedagogia tecnicista 
 
Figura 5: Imagem da cena do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin 
Fonte: © Wikimedia Commons (2018) 
 
A pedagogia tecnicista está alicerçada na didática mecânica, na 
racionalidade dos conteúdos e no aporte tecnológico educacional voltado a 
diferentes ofícios. Seus objetivos se estabeleciam em um momento de forte 
desenvolvimento industrial, dessa forma, não interessava o espírito crítico e 
reflexivo dos alunos. 
Segundo Aranha (1996), surgida por volta de 1970 e considerada não 
dialógica, via professores e alunos como receptores de projetos elaborados 
autoritariamente focados no mundo do trabalho sem quaisquer vínculos com o 
contexto social ao qual se destinavam. 
 
 
 
35 
 
 
Mídias 
Para saber um pouco mais da revolução industrial e 
aprofundar seu conhecimento nessa didática tecnicista, 
assista ao filme Tempo modernos, de Charles Chaplin, 
disponível no link a seguir. 
https://www.youtube.com/watch?v=WVK1oHItoWIA pedagogia libertadora e a pedagogia crítico-social 
 
Fonte: © Flickr (2018) 
 
A pedagogia libertadora acredita na didática que propõe o homem como 
agente de mudança e a reflexão crítica do conhecimento a serviço das 
transformações sociais, como forma de superação das desigualdades 
criadas/mantidas pela sociedade. 
De cunho progressista, surgiu dos trabalhos com educação popular, 
tornando-se referência para o processo de reflexão crítica das práticas 
pedagógicas desenvolvidas pela educação formal, registram Queiroz e Moita 
 
 
36 
 
(2007). Foca na ressignificação entre professor e aluno, ressaltando a 
mediatização do ensino-aprendizagem pela realidade que os rodeia. Seu maior 
expoente é Paulo Freire. 
A pedagogia crítico-social dos conteúdos surge em momento de 
descrédito dos modelos anteriores, parciais e fragmentados, ora técnico ora 
humano, consistindo na didática mediada por objetos-conteúdos-métodos que 
faz o encontro de alunos, conteúdos e professores. 
Com isso, a prática dos alunos é considerada e apresentada de forma 
crítica, no sentido de compreender a aplicação do conteúdo em uma prática de 
cunho social. A escola, nesse sentido, complementa Saviani (2001), assume o 
lugar das mudanças sociais, bem como permite ao indivíduo ingressar na vida 
adulta e atuar dentro da comunidade. Seu ensino torna-se mais pluralizado, por 
pressupor que os indivíduos precisam entrar em contato com outras culturas. 
 
Didática e Ensino 
Agora que você já sabe mais da fundamentação histórica da didática, 
cabe começar a refletir sobre o objeto da didática, que é o ensino. Como você já 
viu, a didática relaciona-se com o ensino e com os métodos, ou seja, é o ato de 
instrumentalizar a teoria na prática pedagógica (ARANHA, 1996; QUEIROZ e 
MOITA, 2007; LIBANEO, 2008, FREITAS, 2013). Não suficiente, agora há que 
se falar dos elementos que lhe trazem implicações. 
Um ponto interessante a respeito da didática é que tanto estudantes 
quanto professores têm opiniões a respeito de como ela deve ser, parecer, 
ensinar, fazer aprender. Isso acontece a partir das experiências próprias de 
sucesso ou fracasso em situação escolar frente a algum conteúdo. 
Ao longo da atividade de ensinar e aprender do homem destacam-se três 
concepções de ensino: a de que o ensino é algo que vem de fora para dentro; a 
de que o ensino vem de dentro para fora; a de que o ensino é uma construção 
do conhecimento. 
Atualmente, entende-se que o ensino é prática ou ação social, intencional 
e sistemática, projetada para o alcance de determinados objetivos previamente 
 
 
37 
 
definidos que envolvem conteúdos, intermediação e avaliação, tanto do ensino 
quando da aprendizagem. 
Hoje o ato de ensinar exige do professor um olhar abrangente (holístico) 
de aprendizagem, com fins a compreender o mundo atual, suas demandas, 
relação do seu conhecimento com as demais áreas do conhecimento, o espaço, 
o tempo, a participação dos estudantes e a forma de se ministrar a aula. Por isso, 
a didática está diretamente ligada ao ato de aprender do professor, pois ele 
aprende quando ensina devido à especificidade de seu ofício. 
Ser professor nesse “atualmente” implica entender a amplitude desse 
papel, requer do profissional permanente qualificação e atualização em relação 
não somente aos conteúdos que leciona, mas também em relação ao próprio 
papel docente, diz Coll (1994). Ao pensar o ensino em meio ao processo 
educativo pode-se chegar à conclusão de que ele é o complemento único da 
aprendizagem, não sua antítese, sendo a aprendizagem a única resposta 
aceitável para qualquer trabalho didático-pedagógico. 
A moderna concepção de aprendizagem extrapola a mimetização do 
conhecimento e, por conseguinte, a pura transmissão ou assimilação, envolve 
por outro lado a construção de esquemas que permitam identificar e resolver 
desafios dentro de uma realidade específica, articulando novos saberes e 
práticas (PIMENTA, 1999; TARDIF, 2002). 
A propósito, propondo um esquema: 
 
Ensinar envolve intencionalidade; intencionalidade envolve reflexão; reflexão 
envolve conhecimento prévio dos alunos; esse conhecimento prévio envolve 
tempo; tempo envolve comprometimento com o ensino; comprometimento com 
o ensino envolver compromisso com o futuro da sociedade. 
 
Veja a seguir a representação desse esquema: 
 
 
38 
 
 
 
 
 A principal premissa da didática é a organização do ensino de modo a 
permitir a melhoria da aprendizagem, informa UFPB (2016). A organização do 
ensino como trabalho consciente exige consideração do ano escolar do aluno, 
idade, características de seu desenvolvimento mental, as especificidades dos 
conteúdos, as condições e diretrizes da instituição de ensino, bem como o 
currículo e o sistema de avaliação adequado a tais conteúdos (COLL, 1994; 
PIMENTA, 1999; TARDIF, 2002, LIBÂNEO, 2008). 
A partir disso, várias estratégias podem ser utilizadas, propondo integrar 
os estudantes aos conhecimentos a serem trabalhados e acompanhá-los 
durante sua trajetória. 
 
 
Reflita 
Você já parou para pensar em como as aulas que 
ministra são iniciadas (se for professor) ou como as aulas 
que você assiste se iniciam (se for estudante)? 
Ensino
Intencio-
nalidade
Reflexão
Conheci-
mentoTempo
Comprome-
timento
Futuro da 
sociedade
 
 
39 
 
Se está acompanhando esse material, e já falamos 
de educação e aprendizagem, temas muito importantes e 
complexos, já deve ter capacidade de refletir sobre isso. 
Por que você não começa a fazer suas anotações e 
analisá-las? Vai ser bem interessante criar subsídios sobre 
este conteúdo comparando as teorias às práticas com que 
tem acesso. 
 
Para concluir esta aula, importante tocarmos em dois assuntos que não 
podem faltar: currículo e avaliação. Certamente você os verá com maior 
profundidade durante outras aulas, mas é obrigatório citá-los agora, exatamente 
para expor a relação entre os temas. 
A didática pressupõe um conjunto de conteúdos e conhecimentos a serem 
trabalhados e de competências a serem desenvolvidas, pois é a partir deles que 
ela (didática) elabora os métodos para trabalhá-los. Logo, não existe didática 
sem conteúdos a serem trabalhados (LIBÂNEO, 2008). Esse conjunto de 
conteúdos e competências formam um currículo. Didática não é o currículo em 
si; a didática é a forma como a teoria e a prática imbricadas serão trabalhadas. 
Contudo, o currículo faz parte da didática. 
 
Currículo é uma construção social do conhecimento, pressupondo a 
sistematização dos meios para que essa construção se efetive; a 
transmissão dos conhecimentos e as formas de assimilá-los, portanto, 
[pressupõe] produção, transmissão e assimilação como processos que 
compõem metodologia de construção coletiva do conhecimento 
escolar, [que é] o currículo propriamente dito (VEIGA, 2006, p. 07). 
 
O currículo é a organização dos conteúdos em disciplinas e do tempo 
(VEIGA, 1991; 2006). E como indica Libâneo (2008), o currículo é um campo 
para projeção da didática. Dessa forma, entende-se que a relação entre didática 
e currículo é intrínseca e seus conceitos não podem ser separados. 
 
 
40 
 
A legislação, a sociedade e o meio social constroem os currículos, tendo 
cada qual sua contribuição no currículo vigente nas instituições de ensino. O que 
está no currículo é o que essas instâncias afirmaram ser importante aprender. 
O currículo vem da prática, das necessidades e da evolução dos 
indivíduos na sociedade, visando formação pessoal e integral. Fica evidente, 
para Moreira (1998), que não sendo o currículo um elemento atemporal, é que o 
currículo e a didática subsidiarão a prática docente do profissional reflexivo que 
deseja vê-los como campos a serem explorados, e que essa exploração deve 
ser feita com apoio dos estudantes. Leia-se apoio, pois o ensino-aprendizagem 
é um processo colaborativo, não um jogo de forças. 
É por isso que se falapor maneira sobre as relações de poder existentes 
na educação e nos currículos, pois por toda a história essas relações tiveram 
relevância na formação dos indivíduos. São muitas implicações envolta dessa 
relação. 
 
 
Saiba mais 
O livro “Currículo, Poder e Lutas Educacionais – com 
a palavra, os subalternos”, de Michael Apple e Kristen 
Buras, traz uma reflexão interessante a respeito do tema e 
de como a sociedade os encara ao longo dos tempos. 
 
Em consequência dos conteúdos a serem trabalhados e das 
competências a serem desenvolvidas é que se comenta sobre o estabelecimento 
de um sistema de avaliação condizente com ambos. 
Vários são os conceitos de avaliação. Normalmente eles afunilam no 
conceito de acompanhamento da aprendizagem, não necessariamente 
apoiando-se em provas, mas invariavelmente apoiando-se em desafios. Para o 
autor, a avaliação é uma apreciação qualitativa de dados relevantes do processo 
de ensino e de aprendizagem que apoia o professor nas decisões de sua prática 
docente (LUCKESI, 1994). 
 
 
41 
 
Cabe, logicamente, apontar a esta altura que, conforme as diretrizes e 
bases da educação nacional no Brasil, a avaliação do rendimento escolar deve 
atender a vários critérios, entre eles que “[a] avaliação contínua e cumulativa do 
desempenho do aluno, com prevalência de aspectos qualitativos sobre os 
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas 
finais” (BRASIL, 1996). 
Devido à complexidade do tema avaliação, você terá a oportunidade de 
aprofundar seus conhecimentos na nossa última aula, que será exclusivamente 
dedicada a esse tema! 
 
Conclusão da aula 
Independentemente de como se entende a avaliação e de seu reflexo na 
formação, o sistema avaliativo apropriado ao novo modelo de escola que se 
reconhece atualmente exige uma avaliação significativa, assim como a 
aprendizagem deve ser centrada na aprendizagem qualitativa e não em 
desempenhos quantitativos por si só. A avaliação deve ser diagnóstica e por ser 
assim, capaz de dar subsídios ao professor de como auxiliar os estudantes a 
aprender, pois esse é o objetivo. 
 
Atividades de Aprendizagem 
Em nossa aula, você estudou a respeito dos diferentes tipos de pedagogia, 
para aprofundar seus estudos, pesquise cada uma delas e tente dar um exemplo 
que as caracterize. 
 
 
 
 
42 
 
Aula 4 – Teorias do conhecimento 
Como você já deve ter percebido, a aprendizagem pôde e foi analisada e 
estudada sob diferentes perspectivas. O mesmo acontece, então, com as várias 
teorias criadas em torno do conhecimento, consideradas concepções de 
educação em diferentes tempos e lugares. 
Se você pensar a respeito da construção do conhecimento, verá que não 
podemos limitar suas linhas de pensamento, pois em vários momentos há 
cruzamentos e convergências entre si, podendo mudar inclusive a nomenclatura 
dependendo da literatura. Apesar da importância relativa de cada uma delas na 
história e da evolução dos estudos sobre educação, torna-se crucial a reflexão 
de cada uma delas no cotidiano educativo, pois elas não se esgotam na teoria 
nem são equiparáveis, isto é, não se pode supor que uma é melhor do que a 
outra. 
 
Diferentes concepções de conhecimento 
Existem distintas concepções de conhecimento que foram delineadas ao 
longo dos anos. Cada uma delas apresenta suas próprias especificidades. A 
seguir, para sua melhor compreensão, estudaremos cada uma das principais 
concepções do conhecimento (MIZUKAMI, 1986; BAQUERO, 1998; SANTOS, 
2005), as quais podem ser classificadas em: tradicional, comportamentalista, 
humanista, cognitivista e sociocultural. 
 
 
 
 
43 
 
Concepção tradicional 
 
Figura 6: Ensino de Matemática 
Fonte: © Public Domain Vectors (2018) 
 
A concepção tradicional de conhecimento vê a prática educativa como 
a transmissão de conhecimentos já constituídos do professor para os 
estudantes, independente dos interesses desses. O processo de educação é 
centrado no professor que transmite informações da realidade, abastecendo os 
estudantes de conteúdos atualizados, porém prontos, e prestando-lhes 
prescrições exteriores de como utilizá-los. 
Por ser rígida, exige que os padrões sejam aceitos sem grandes 
questionamentos ou liberdade de criação. O estudante é um mero receptor 
passivo de informações sem direito a grandes questionamentos, bem como suas 
especificidades não são consideradas durante o processo. O conhecimento 
parece referir-se à capacidade de reter informações cumulativamente. 
 
Concepção comportamentalista 
A concepção comportamentalista do conhecimento também centra sua 
prática no objeto de estudo, porém considera, além do conhecimento teórico, a 
experenciação como ferramenta capaz de fazer com que os estudantes criem 
 
 
44 
 
suas próprias descobertas, direcionando-os ao entendimento dos conteúdos, 
que continuam sendo prescritos por autoridades superiores. 
Esse modelo é desenvolvido a partir de processos pelos quais o 
comportamento é modelado e reforçado, visando ao desenvolvimento de 
habilidades. O estudante é visto aqui como um recipiente de informações e 
pode ser levado a um comportamento esperado. O conhecimento é baseado na 
experiência planejada e direcionada para esse fim, transmitindo 
comportamentos éticos e práticas sociais esperados. 
 
Concepção humanista 
A concepção humanista passa a centralidade do processo para o 
estudante, já pressupondo a importância da interação entre sujeito e objeto e 
entre os sujeitos, percebendo o estudante como autor de conhecimento a partir 
da sua própria atuação para qualificar seu conhecimento. 
O professor, sob essa ótica, é um facilitador, criando condições para a 
aprendizagem, respeitando a curiosidade natural dos sujeitos e aceitando que o 
conhecimento é algo inerente à atividade humana. É esperado do professor que 
ele desafie e proponha problematização, cabendo ao aluno analisar, levantar 
hipóteses, argumentar etc. O estudante é considerado uma pessoa situada no 
mundo, com potencialidades e com liberdade para desenvolver seu 
conhecimento e a si próprio. 
 
Concepção interacionista 
A concepção de conhecimento interacionista centra-se na relação entre 
sujeito e objeto, sendo o conhecimento decorrente da assimilação do objeto de 
estudo por parte do sujeito e da qualificação de suas funções mentais. Aqui, o 
aprendente formula novos conhecimentos a partir de uma rede individual criada 
progressivamente a partir das relações estabelecidas de forma orgânica. 
 
 
45 
 
O interacionismo aposta na combinação de influências ambientais, em 
que o indivíduo assume papel ativo, utilizando-se de significações para aprender 
e se desenvolver. Nessa abordagem, a aprendizagem e o desenvolvimento se 
mistura e se complementam, tornando o indivíduo responsável pela sua 
aprendizagem. 
 
Concepção sociocultural 
A concepção sociocultural divulga as relações entre sujeitos como o ponto 
alto da geração de conhecimento e da aprendizagem, pois considera que toda a 
cultura produzida pelos homens foi socialmente constituída e que o 
estabelecimento das relações sociais é o que mantém a evolução e o 
desenvolvimento da mente humana. 
O conhecimento assume um caráter amplo, não restrito à escola formal, 
mas acerca do mundo. A escola existe num contexto histórico da sociedade, e o 
sujeito se apropria da cultura a partir das suas relações e das condições de seu 
contexto de vida. A educação é produto contínuo e inacabada construção de 
conhecimento a partir da consciência crítica. 
 
Principais expoentes no campo do conhecimento 
Agora que você já viu as teorias de conhecimento, é chegada a hora de 
saber mais dos expoentes dessas teorias, que dedicaram seus estudos à criação 
de ideários sobre aprendizagem, desenvolvimento e educação. Obviamente, não 
foram os únicos, mas são dos nomes mais relevantes da área educativa. Você 
vaiperceber o porquê e como auxiliaram na compreensão do homem. 
 
Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) 
Filósofo, Teórico e Escritor suíço, Rousseau ficou conhecido no século 
XVIII, momento histórico em que pais deixavam filhos sob cuidado de outras 
 
 
46 
 
pessoas com a preocupação em transformar crianças em adultos. É possível 
entender, por suas considerações, que o estudioso focava verdadeiramente no 
estudo da condição humana em relação à educação cujo fim era a apropriação 
de sua natureza pelo homem. 
Para Rousseau, as crianças eram seres superiores aos adultos devido a 
sua inocência natural, por essa razão, devem ter sua simplicidade respeitada, 
bem como devem ser estimuladas pelo adulto corporal e sensorialmente 
(ROUSSEAU, 1995). 
Ele afirmava que é crucial a observação por parte do educador da criança 
em condição de aprendizagem, a fim de perceber as diferentes experiências que 
o estão instruindo e formando seu caráter e individualidade. Rousseau (1991) 
também afirmou que a linguagem é um aspecto interessante do processo de 
construção porque ela evolui conforme a criança se desenvolve, iniciando no 
choro, mais primitiva, até o ponto em que atinge o domínio sobre a comunicação 
oral e escrita. 
É de Rousseau (1995) o conceito da educação negativa, em que a 
premissa é da educação pela natureza, em contato com plantas e animais e 
respeito às fases da infância, em detrimento da interferência da sociedade 
comum na vida do homem urbano. 
 
Burrhus Frederic Skinner (1904 — 1990) 
Psicólogo estadunidense, Skinner focou sua atenção nos estudos do 
comportamento humano, na tentativa de sistematizar as relações 
comportamentais do indivíduo com o ambiente mediante o que denominou de 
análise experimental de comportamento (SKINNER, 1938). 
Numa época em que se negava a existência do que não fosse físico, o 
estudioso propôs mudanças no estudo do comportamento humano, 
apresentando consequências que determinavam a probabilidade de ocorrência 
de determinados comportamentos, em especial os reforços positivos que os 
determinavam. 
 
 
47 
 
A relação do autor com a aprendizagem está no fato de que, para ele, 
esse processo é uma resposta possível a determinado estímulo (MOREIRA, 
1995), o que parece impor na relação e no ambiente a responsabilidade de criar 
condições para que a aprendizagem se dê como consequência do 
comportamento. 
 
Jean William Fritz Piaget (1896 – 1980) 
Biólogo, Psicólogo e Epistemólogo suíço, Piaget acreditava que a 
aprendizagem apoia-se no desenvolvimento mental do indivíduo. Para ele, a 
aprendizagem é um processo de assimilação dos conhecimentos, o qual 
ocorre durante toda a vida conforme os níveis de desenvolvimento do 
indivíduo (tais níveis estariam relacionados à faixa etária e estágio da vida). 
O autor discutia as potencialidades genéticas e os processos de 
adaptação, assimilação e acomodação dos indivíduos em relação ao 
conhecimento (PIAGET, 1970). 
O indivíduo reage de forma constante à interação com o ambiente, o que 
resulta em adaptação a esse meio, a qual envolve os processos de assimilação 
e acomodação (PIAGET, 1970; 1976). A assimilação tem foco na apropriação de 
conhecimentos e habilidades por meio do ensino, em que se assimila 
conhecimento devido ao estudo e à relação com os objetos de conhecimento. 
Enquanto isso, a acomodação desse conhecimento refere-se à organização 
mental necessária para aprender o novo e ajustá-lo mentalmente a cada 
experiência de aprendizagem, acomodando-o nas estruturas cognitivas 
existentes. 
É interessante comentar que para, o autor, a inteligência seria uma 
adaptação em sua forma mais elevada, assim, o indivíduo mais inteligente seria 
aquele com maior capacidade de organização progressiva do conhecimento, 
adaptando-se com mais propriedade à realidade. 
 
Lev Semenovitch Vygotsky (1896 – 1934) 
 
 
48 
 
Vygotsky foi um importante teórico e Psicólogo bielo-russo. A seu 
respeito, cabe destacar a sua dedicação ao estudo das relações sociais e seu 
apoio à aprendizagem e ao desenvolvimento. Para Vygostky (2000), as relações 
sociais são a base de toda a natureza humana, pois é nas relações com os 
outros que os indivíduos aprendem, se qualificam e se desenvolvem. Nisso, 
a linguagem é o que faz os indivíduos se conectarem aos mais experientes, 
acionando processos cognitivos. As relações sociais são os gatilhos tanto para 
a mediação quanto para a zona de desenvolvimento proximal, que são os meios 
para que o indivíduo aprenda e se desenvolva. 
A mediação, dizia Vygotsky (1984; 1995), está relacionada à 
internalização necessária para a mente humana aprender. Por meio da relação 
com outras pessoas mais competentes em determinado assunto, o aprendente 
internaliza os conhecimentos e os processa, aprendendo. A internalização 
consiste em um processo de conversão dos conhecimentos de uma esfera social 
para a individual. 
A esse conceito soma-se o uso de instrumentos materiais (objetos) e os 
psicológicos (atividades psíquicas) que podem subsidiar a aprendizagem. 
Respectivamente, são exemplos: os instrumentos para cortar uma árvore; fazer 
comida ou caçar; e as atividades de memorização, comparação, atenção e 
decisão, os quais podem apoiar esse processo. 
Enquanto isso, ele (VYGOTSKY, 1984) apresentava seu conceito de zona 
de desenvolvimento proximal (ZDP), local em que se encontram os 
conhecimentos não amadurecidos, cujo amadurecimento depende do auxílio de 
alguém mais competente, fazendo a mediação. Dizia o autor que “o que a criança 
pode fazer hoje com o auxílio dos adultos poderá fazê-lo amanhã por si só” 
(p. 113). Ele acreditava, fazendo analogias, que o conhecimento não 
amadurecido corresponde a brotos de flores que apresentam potencial de ir 
desabrochando por meio do auxílio externo. 
 
 
 
 
49 
 
Jerome Seymour Bruner (1915 – 2016) 
Professor e Psicólogo estadunidense, Bruner ocupava-se de discutir o 
processamento da informação, a organização mental do conhecimento, o 
raciocínio e a tomada de decisão. Para ele (BRUNER, 1991), a aprendizagem 
está mais para um processo interno e mediado cognitivamente por outrem do 
que um resultado da relação natural com o ambiente. 
Sobre essa mediação, Bruner (1985) por sua vez, comentava que o auxílio 
externo pode ser comparado a um andaime, levando a criança do momento em 
que ela precisa de assistência até o momento em que se torna capaz de realizar 
a atividade sozinha e, posteriormente, à transferência subsequente do que foi 
aprendido. 
Ao mesmo passo que alertava para a valorização do potencial do 
indivíduo por parte do educador (idem), pois de outra forma a interação entre 
educador e aprendente seria referente a uma repetição sem sentido para ambos, 
não dando espaço para a curiosidade e descoberta. Estando os processos de 
aprendizagem individuais apoiados nos momentos de desenvolvimento dos 
indivíduos, é importante registrar que este método não visa a ser estruturado, 
dando espaço a questionamentos e situações particulares. 
 
Jacques Lucien Jean Delors (1925) 
Economista e Político francês Delors trata em suas considerações dos 
pilares de uma educação de qualidade para o século XXI e com o compromisso 
com essa educação, pois a educação só cumprirá sua finalidade quando 
representar fonte de saber, ser efetivamente espaço de aprendizagem e 
constituir-se como lugar de cultura e estudo aberto aos indivíduos (DELORS et 
al, 2000). 
Ele traz à reflexão as quatro aprendizagens que seriam fundamentais: o 
aprender a conhecer indicando o interesse e abertura para o novo conhecimento; 
o aprender a fazer relacionado às dificuldades e encantos de executar e 
enfrentar os desafios da prática; o aprender a conviver com os outros e com suas 
 
 
50 
 
diferenças com respeito; e, por último, o aprender a ser, mais complexo e 
profundo, relacionado ao papel social, cidadão, fraterno que representao 
objetivo primordial da vida, viver. 
 
Principais educadores brasileiros reconhecidos por suas concepções de 
conhecimento 
Como você vai ver a seguir, não só os autores estrangeiros viraram 
referenciais para a área do conhecimento. No Brasil, temos importantes nomes, 
e que, através de seus estudos, deixaram suas marcas na história da educação 
mundial. Veja a seguir alguns deles. 
 
Hugo Assman (1933 – 2008) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: © Wikimedia Commons (2018) 
 
Teólogo Católico brasileiro, 
Assman tratava do ato de reencantar 
a educação. Posto isso, discutia 
técnicas, metodologias e práticas 
criativas capazes de despertar 
curiosidade e motivações positivas 
nos pares do processo (ASSMAN, 
2001), bem como questionou o papel 
do educador como pessoa que 
entusiasma os aprendentes a se 
encantarem pelo processo de 
aprender. 
 
Graças à obrigatoriedade de domínio de determinados assuntos, a 
educação promove mecanicamente de inclusão/exclusão e parece eximir os 
pares da relação que movimenta o processo de aprendizagem em função do 
conhecimento social valoroso. 
 
 
51 
 
Para ele, as experiências sensoriais e a prática da liberdade são capazes 
de dinamizar e torna prazerosos os processos de educar e de aprender, mesmo 
que comprometidos com o que é formal e necessário à educação dos indivíduos. 
 
Paulo Freire (1921 – 1997) 
 
Fonte: © Wikimedia Commons (2018) 
E, por fim, você já deve ter 
ouvido falar de Freire. De todos, talvez 
esse seja o nome mais comum para 
quem inicia seus estudos em 
educação. 
Defensor da educação como 
instrumento para transformação da 
realidade por meio da ação do 
homem, porque Freire (1988) 
acreditava, inclusive, que o homem 
que entende e muda a realidade pode 
continuar transformando-a. 
 
O educador falava de autonomia, prática educativa e visão de mundo, 
além de características, para ele, inerentes ao ensino e à aprendizagem, como 
curiosidade, competência, generosidade e tolerância, entre tantas 
características humanas que se pode exercer na ação de educar. 
Seu “método de alfabetização de adultos”, chamado de “Método Paulo 
Freire”, foi parte de um projeto revolucionário de alfabetização, iniciado no Brasil 
na década de 1960, expandindo-se para outros países da América Latina, o que 
o tornaria conhecido mundialmente. 
Reconhecendo o trabalho do estudioso na área e a importância da 
literatura que ele nos deixou, cabe ressaltar duas de suas obras, as quais 
apresentam um ideário largamente utilizado na contemporaneidade, dada sua 
aplicabilidade: Pedagogia do Oprimido (FREIRE, 1987) e Pedagogia da 
Autonomia (FREIRE, 1996). 
 
 
52 
 
A primeira obra fala da educação como prática de liberdade, da comunhão 
dos homens em prol de libertação, dos reflexos do que se denominou de 
educação bancária – de forma resumida, como se o professor apenas 
depositasse o conteúdo no aprendente, das vantagens da educação 
problematizadora e da aprendizagem colaborativa e mediatizada pelo mundo e 
da ação cultural que pode ser tanto uma ferramenta opressora como um 
compromisso com a libertação do homem. 
A segunda obra diz respeito à relação do docente com o discente, 
engrandecendo a importância da reflexão crítica sobre a prática, retoma a 
necessidade de rever o ensino como mera transferência de conhecimento e o 
reconhecimento da educação como algo ideológico. 
 
Conclusão da aula 
As diferentes teorias do conhecimento acompanharam o fluxo da história 
da educação, seus avanços e tropeços. Ao longo dos séculos pensadores da 
educação desenvolveram teorias que acreditavam ser a melhor para 
determinado grupo de sujeitos. Com o passar dos anos, essas teorias foram 
sendo ressignificadas e repensadas a fim de entender um público cada vez mais 
específico. Hoje, você pôde entender um pouquinho de cada uma delas, bem 
como suas principais contribuições para a educação e, consequentemente, para 
a disciplina de Didática. 
 
Atividades de Aprendizagem 
Paulo Freire, defensor ferrenho da educação como instrumento para 
transformação da realidade por meio da ação do homem, acreditava que o 
homem que entende e muda a realidade pode continuar transformando-a. Suas 
principais bases epistemológicas estavam baseadas na autonomia, na prática 
educativa e na visão de mundo. Toda a sua obra foi dedicada a uma pedagogia 
libertaria, voltada para as classes oprimidas. 
 
 
53 
 
Pesquise a respeito do seu revolucionário “método de alfabetização de 
adultos”, também chamado de “Método Paulo Freire”. A partir de sua pesquisa, 
procure listar algumas das principais características do método que o deixou 
conhecido no mundo inteiro. 
 
 
 
 
54 
 
Aula 5 – Currículo Escolar, Projeto Político Pedagógico e 
Planejamento 
Você já refletiu até agora sobre educação, aprendizagem, conhecimento 
e história da didática. Agora é a hora de falarmos sobre projeto político 
pedagógico, planejamento escolar, currículo e didática. Em seguida, você verá 
que a educação é ainda mais complexa do que conseguimos perceber em sala 
de aula. 
 
Figura 7: Alunos durante atividade em aula 
Fonte: © Flickr (2018) 
 
Projeto político-pedagógico 
Segundo Veiga (2006), a escola é lugar de concepção, realização e 
constante avaliação dos projetos educativos, contudo, seu projeto político-
pedagógico deve assumir suas responsabilidades, contemplando mais do que 
planos de ensino e atividades, mas pressupondo experiências enriquecedoras a 
 
 
55 
 
todos seus envolvidos que objetivem a formação crítica e responsável do 
cidadão para a sociedade. 
 
 
Importante 
Um projeto escolar, nesse sentido, é uma direção 
que norteia um compromisso com a evolução da 
coletividade. Por essa razão, deve estar articulado ao 
compromisso sociopolítico e aos interesses reais da 
população. 
 
O projeto político-pedagógico pode ser entendido como a própria 
organização do trabalho da escola (VEIGA, 1991). Dessa forma, a construção 
do projeto é coalizão de princípios e práticas contraditórias que intenta a 
acomodação de todos os envolvidos na ação pedagógica, indica Martins (2009). 
Sua construção comumente representa instrumento de luta contra os efeitos 
negativos da padronização do trabalho pedagógico que não considera os 
espaços e realidades dos envolvidos. Para a autora, essa construção deve 
entender a finalidade da escola, sua estrutura, seu currículo, o tempo 
escolar, o processo de decisão, as relações de trabalho e a avaliação dos 
processos. 
Por constituir-se em um processo de decisões democráticas, um projeto 
político-pedagógico deve se preocupar em superar conflitos, rompendo com a 
rotina racionalizada da burocracia que permeia as relações internas da escola, 
diminuindo os efeitos da divisão do trabalho que reforça as diferenças sociais, 
registra Veiga (1989). 
Essa preocupação reflete na organização do trabalho pedagógico, não 
somente na organização da escola, mas também da sala de aula, considerando 
suas relações com o contexto social imediato. Isso implica uma mudança 
substancial em que a organização não parta somente de órgãos superiores. 
Você deve perceber que, se os projetos políticos-pedagógicos se 
abastecem da vivência cotidiana, seus membros e órgãos competentes não 
devem trabalhar para definir currículos prontos, mas, pelo contrário, devem 
estimular inovações e coordenar ações organizadas pelas escolas. 
 
 
56 
 
Contudo, para alcançar a nova organização que faça jus às necessidades 
da comunidade escolar, ideia que por si só parece uma ousadia para a área de 
educação, é necessário referencial que dê fundamentação a essa construção. 
Posto isso, você será conduzido agora à discussão sobre planejamento escolar. 
 
Planejamento escolar 
 
Fonte: © Pixabay (2017) 
 
Como o termo planejamento não é oriundo da educação, e sim da 
administração, parece justo ao falarmos de planejamento

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